DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
INSERIR OS NOMES
Lavras
2018
Lavras 2018
Temos de levar adiante as conquistas necessárias para assegurar os
direitos básicos: direito à vida, à dignidade e ao direito de sermos o
que somos. Temos que reconhecer e ensinar que “os índios e os
negros não desapareceram, apesar de todo massacre existente”. Não
desapareceram por causa da cultura e da espiritualidade. Temos de
educar as futuras gerações, para que a gente passe, realmente, a
construir uma sociedade com mais condições de a gente poder ter
essas diferenças e que elas não possam significar separação, ódio
(Terena, Silva & Pereira. 2013 p. 54-55). 1
INTRODUÇÃO
1
TERENA, Marcos. In: SILVA, Joselina & PEREIRA. Amauri M. Olhares sobre a mobilização
brasileira para a III Conferência contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias
Correlatas. Brasília, Fundação Cultural Palmares; Belo horizonte, Nandyala, 2013. P. 54-55.
uma grande conquista para os negros, pois finalmente estavam livres para viver suas
vidas como quisessem. No entanto, o grande problema da lei é que não estabelecia meio
para se integrar os negros a sociedade e por isso muitos continuavam com seus
proprietários para terem como se sustentar.
Mesmo com o fim da escravidão, os negros continuaram sendo vistos como uma
raça inferior pelos brancos e tiveram muita dificuldade para se integrar à sociedade.
Com o passar do tempo, por meio de muitas lutas, foram surgindo leis e estatutos para
assegurar os direitos dos negros e garantir sua igualdade perante as demais raças. Em
1951, o deputado federal Afonso Arinos de Melo Franco, criou a primeira lei para
cuidar especificamente do preconceito e da discriminação racial, a Lei 1.390, de 3 de
julho de 1951. Em seguida foi aprovada a Lei nº 7.716/89, que até hoje está em vigor;
essa lei foi modificada pela Lei nº 9.459 de 13 de maio de 1997, e expandiu
significativamente seu alcance tipificado, já que nela está apontada, expressamente, a
discriminação, acrescentando-se os crimes resultantes de preconceito ou discriminação
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Um dos maiores triunfos com o
aprimoramento da lei contra o racismo foi sua pena. Crime de racismo é inafiançável,
mas especifica a diferença entre atitudes que podem ser consideradas como racismo.
Para entender melhor, qualquer exclusão, distinção, restrição ou preferência
baseada na raça, cor e nacionalidade que tenha intenção de resultar ou anular o
reconhecimento de exercícios é considerado como discriminação racial. Todas as
pessoas, não importa a raça, tem direitos econômicos, sociais e culturais iguais. Mas
infelizmente, ainda existem pessoas que não tem tal compreensão e agem para
discriminar outros baseando-se somente na raça (Szklarowsky, 1997).
Há a mítica ideia de que vivemos em uma democracia racial no Brasil, ideia esta
que é defendida por muitos e que, para as pessoas que creem neste fato, significa dizer
que o critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa
neste país. (Bernardino, 2002).
A partir daí, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, marca
uma mudança profunda das políticas com perspectiva racial. Por meio das lutas
históricas do Movimento Negro brasileiro, no mesmo ano, nasce a Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR,
estabelecida pela Medida Provisória n° 111, de 21de março de 2003.
Na mesma linha, o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR), instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei no 12.288/2010),
representa uma forma de organização e articulação estratégica, que pavimenta a
implementação de um conjunto de políticas e serviços para superar as desigualdades
raciais no Brasil, e, consequentemente, a violência brutal em nossos estados (Lima,
2010).
De acordo com os dados estatísticos sobre a violência contra a juventude no
Brasil, são escandalosos e pioram quando a estatística analisa as mortes de jovens
negros e pobres pelo país. Considerando os dados de 2004 a 2007, percebe-se que o
número de mortes da juventude negra supera o de mortos na guerra do Afeganistão.,
sendo que esse é o número da vergonha, da exclusão e revela o caminho que esses,
outrora jovens, foram compelidos a seguir2.
Portanto, desde 1998, o movimento negro brasileiro vem lutando por seus direitos,
sendo possível perceber um progresso. Dentre os avanços alcançados pelo SEPPIR, no
período de 2003-2015 destacam-se a realização de conferências nacionais de promoção
de igualdade racial em 2005, 2009 e 2013, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial
em 2010 e a articulação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que
levou às cotas em concursos e universidades públicas. Sem contar a criação de
programas de vital importância como o “Saúde da População Negra”, o “Brasil
Quilombola” e o Programa Cultura Afro-Brasileira3.
2
Disponível em http://www.geledes.org.br. Acessado dia 19 de Outubro de 2015
3
Ibidem.
poder, constituem os pilares conceituais que, desde a Antiguidade sustentam os vários
tipos de governos (Arent, 2011, p. 275).
Os acontecimentos históricos e políticos que permearam o século XVIII fundamentaram
os “Direitos do homem” pela defesa, por parte de alguns filósofos, da existência de
direitos inatos à condição humana. Entretanto, alguns elementos desses direitos não
levaram em consideração a liberdade aos “negros”. Nas suas “Reflexões sobre Little
Rock” (2004), voltando-se para a questão dos negros, a pensadora faz menção à
exclusão dos afrodescedentes da vivência da igualdade constitucional. Nessa análise,
Arendt expõe que o governo federal americano não deveria exigir, por imposição legal,
a integração das crianças negras em escolas tradicionalmente frequentadas por crianças
brancas nas instituições de ensino do Sul dos Estados Unidos da América:
Desse modo, a autora salienta que o direito de ter direito ocorre quando somos
julgados por nossas ações, e quando adentramos e participamos de uma comunidade
organizada e quando milhões de pessoas perdem esse direito e não o recuperam.
Querendo ou não vivemos em um mundo único (Arendt, 1989, p. 330). Trilhando essa
linha argumentativa, segundo Arendt (1989):
AÇÕES AFIRMATIVAS
Dois dos senadores militantes e influentes na luta pela democracia racial foram
Benedita da Silva e Abdias do Nascimento. Benedita da Silva acreditava que a cota não
resolveria o problema estrutural, mas que mesmo assim criaria precedentes para
minimizar a injustiça e exclusão. Criou, então o projeto de lei que institui a cota em
instituições de ensino superior tanto públicas quanto privadas.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
________. (1989). Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, Trad:
Roberto Raposo.
Ayres, L. (2014). Breve análise histórica, sociológica e jurídica sobre o preconceito
racial contra o negro à luz da lei nº 7.716/89 - Crimes de racismo. Revista Jus
Navigandi, Teresina, n. 4079.