necessitado? Então cumpristes bem o seu papel. Porventura não é isto me conhecer?
(Jeremias 22:16)
INQUÉRITO POLICIAL nº. 16/2019
JOSÉ CARDOSO DA CRUZ, devidamente qualificado nos autos do
inquérito em epígrafe, vem a este Juízo, por meio de seu advogado, requerer LIBERDADE PROVISÓRIA SEM RECOLHIMENTO DE FIANÇA, com fulcro no art. 325, § 1º, I do Código de Processo Penal, consoante as razões de fato e de direito adiante descritas.
I - DOS FATOS
Consta da decisão proferida pela juíza plantonista do
município de Serrinha, no dia 12 de janeiro de 2019, que houve o reconhecimento da prática de ameaça por parte do acusado e que a sua prisão foi efetuada legalmente e na forma preconizada pelo artigo 302 do Código de Processo Penal.
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Telefone: 75 99957-6860 E-mail: wagnerfrancesco@gmail.com No entanto, de forma louvável, o MM. Juízo reconheceu que a privação de liberdade em caráter cautelar deve ser instituto aplicado com parcimônia, sob pena de sua banalização ou utilização como verdadeira antecipação da pena. Diante disso, concedeu a Liberdade Provisória ao acusado e impôs ao mesmo o cumprimento de Medidas Cautelares e Protetivas.
Pois bem. Não se discute nenhuma das Medidas Cautelares e
Protetivas, mas, tão somente, o arbitramento do pagamento de fiança no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para que o acusado possa gozar de sua liberdade.
II - DO DIREITO
O Código de Processo Penal, quando versa acerca da Fiança,
preconiza o seguinte no artigo 325, § 1º, I:
Se assim recomendar a situação econômica do preso,
a fiança poderá ser dispensada, na forma do art. 350 deste Código.
Olhando então para o artigo 350 do Código de Processo
Penal, este diz que, “ao arbitrar a fiança, o juiz deve verificar a situação econômica do preso”. No mesmo sentido o artigo 326 quando consta que “para determinar o valor da fiança, a autoridade levará em consideração [..] as condições pessoais de fortuna do acusado”. Isso porque o Código de Processo Penal quer privilegiar dois princípios caríssimos em
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Telefone: 75 99957-6860 E-mail: wagnerfrancesco@gmail.com um Estado Democrático de Direito, a saber: a dignidade da pessoa humana e a sua liberdade.
O fato é que o acusado é pobre, tanto na acepção jurídica
da palavra quando na concepção sociológica do termo, isto é: nem tem condição de arcar com as custas de um processo e nem condições para se alimentar ou se vestir com dignidade, posto que está desempregado. E a questão na verdade é bem lógica: continua preso porque não tem condição de pagar R$ 500,00 (quinhentos reais), pois, diante do suplício que é a vida numa cela, se tivesse esta quantia já teria efetuado o pagamento sem pestanejar.
O Requerente não possui carteira de trabalho, nem trabalho
fixo. Atua com o conhecido “bico”, fazendo o que acha pela frente, sempre a um valor irrisório. Isto é: o fato de ter sido arbitrada fiança e não ter sido paga até o momento é indicativo bastante de pobreza - o que pode ser comprovado principalmente com a oitiva do próprio. Em resumo: o acusado precisa “fazer os bicos” para conseguir algum dinheiro e, estando preso, encontrará ainda mais dificuldades para se sustentar ao sair, pois não possui nenhuma reserva financeira para comprar o primeiro pão do dia.
O acusado é tão pobre que este advogado que ora o
representa foi procurado por sua família e, vendo a situação desta, se compadeceu ao ponto de vir perante este MM Juízo sem receber um tostão de honorários.
Desta maneira entende a nossa jurisprudência:
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Ausentes os requisitos da prisão preventiva, o não
pagamento da fiança, por si só, não justifica a preservação da custódia cautelar, sobretudo quando considerada a situação de hipossuficiência do paciente.
(TJ-DF - HBC: 20150020264509. Relator: Jesuino
Rissato. Data de Julgamento: 12/11/2015. 3ª Turma Criminal. Data da Publicação 18/11/2015)
III - DOS PEDIDOS
Diante de tudo quanto exposto, requer a concessão da
liberdade provisória do acusado, sem fiança, com a necessária expedição do alvará de soltura.
Termos em que pede deferimento
Conceição do Coité. 16 de janeiro de 2019
Wagner Francesco
OAB/BA 58.110
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