COMBUSTÍVEIS
Mercado, desafios
e perspectivas
A
realidade da produção de energia, versidade Federal da Bahia e aprovada
principalmente a de matriz fóssil, em um concurso para engenheiro de pro-
tem sido pródiga em novas e re- cessamento júnior, Camila não pode com-
veladoras discussões para os tempos atu- parecer cerimônia de entrega do Prêmio
ais. Há muitos anos que não assistíamos Incentivo porque já estava no Rio de Ja-
a debates tão calorosos como nos últimos neiro e trabalhando na própria Petrobras.
10 anos. Ampliando a sua inserção nas faculdades
O Brasil de hoje, com seus recursos tec- e universidades, estamos retomando a
nológicos e investimentos pesados, quer atuação do Professor ABEQ, um importan-
Prezadas e Prezados leitores,
chegar a extrair diariamente 1 milhão de te elo entre os estudantes de Engenharia
barris desse petróleo, que está entre 5 Química e a nossa associação. Professora
Nestadeedição
mil e 7 mil metros da REBEQ,
profundidade numa apresentamos interessantes
e também gestora artigos
da Faculdade sobre
de Enge-
um dos temas que mais chamam a atenção de nossas Universidades,
longa faixa do oceano Atlântico. nharia Química da Unifesp no campus de
Centros de Pesquisa e Indústria.
Mas enquanto nos debruçamos sobre o Diadema, cidade na Grande São Saulo, a
Os biocombustíveis têm assumido papel relevante na matriz energé-
pré-sal, inclusive com os mais variados doutora em Engenharia Química Patrícia
tica nacional e mundial. São muitas as alternativas desenvolvidas, como
incentivosoàsetanol e o nacionais,
empresas biodiesel, vêm de Fazzioainda
e certamente Martins
há émuito
a maisque
nova
seintegrante a
desenvolver
em relação
outras partes do mundoàs matérias-primas, rotasparte
as notícias das fazer de produção e logística
desse projeto em toda a
da ABEQ.
cadeia de produção.
conquistas inacreditáveis sobre a explora- Na Unifesp- Diadema, a professora Patrí-
Neste
ção do gás de xisto,mesmo
o shalediapasão, apresentamos
gas. Os su- cia relata temas relacionados
que, em tão pouco às questões
tempo de
ambientais e, na sessão Palma da Mão, abordamos a sustentabilidade.
cessos já são visíveis nos Estados Unidos, oferta da carreira de Engenharia Química,
com o produtoNão deixem de aler
já substituindo outros
queima derelevantes
o clima artigos técnicos
é de surpresa e novidades
e descobertas que
para
estão brotando de nossas Universidades. Nossas futuras Engenheiras
carvão para a geração termoelétrica. os alunos matriculados e os professores
e Engenheiros Químicos estão, a cada dia, mostrando sua competência e
comprometimento
Ao lado dos norte-americanos,com maiso qua- contratados.Funcionando
desenvolvimento não apenas dedesde
suas 2007, o
carreiras,
tro paísesmas
estãotambém
definidosdacomo
própria Engenharia
os donos cursoQuímica
teve umanacional.
aceitação tão positiva que
das maiores Apresentamos também
reservas, com China, de 50 vagas
um sumário
Méxi- de uminiciais hoje jámais
dos eventos são marcan-
100 e
co, Áfricates
do na
Sulhistória da nossa
e a vizinha Associação,
Argentina. o XIXturnos,
em dois Sinaferm – Simpósio
diurno Nacional
(10 semestres) e
de Bioprocessos e X Simpósio denoturno
Hidrólise
(12 Enzimática
semestres). de Biomassa em
Ainda faltam muitos avanços nessa ex-
Foz do Iguaçu em 2013.
ploração, mas eles, ao final, se rivalizarão Como poderão ler nesta edição, a carreira
com o petróleo e gás do pré-sal, inclusive de Engenharia Química, de uma forma ou
na questão deUma boaTeremos
preços. leitura. que espe- de outra, do pré-sal às salas da acade-
rar mais novidades para termos uma real mia, das oportunidades na indústria ou
Edson Bouer, diretor presidente da ABEQ
perspectiva desse futuro, claro. nas estratégias dos grandes investidores,
Como o grande tema da REBEQ deste tem estado sempre em evidência e com
período é o petróleo, para nós foi uma interesse renovado, o que já marca even-
feliz coincidência a história da estudante tos estudantis ou o nosso Cobeq 2014,
Camila Ramalho Almeida, uma das ven- que será realizado em Florianópolis.
cedoras do nosso Prêmio Incentivo, ini- Vamos falar mais disso na próxima edi-
ciativa com apoio da Braskem, Henkel, ção, com certeza.
Oxiteno e Petrobras. Formada pela Uni- Agora, boa leitura a todos.
DIRETORIA
Edson Bouer - Diretor Presidente Entrevista��������������������������������������������� 12
Gorete Ribeiro de Macedo - Diretora Vice-Presidente
Denise Mazzaro Naranjo - Diretora Vice-Presidente Prêmio Incentivo à Aprendizagem
Maria Cristina S. Nascimento - Diretora Vice-Presidente reforça autoconfiança pessoal e pro-
Suzana Borschiver - Diretora Secretária
David Carlos Minatelli - Diretor Tesoureiro fissional dos estudantes, diz vence-
REGIONAIS dora da Poli-USP
Bahia
Luciano Sérgio Hocevar - Diretor Presidente
Ricardo de Araújo Kalid - Diretor Vice-Presidente
Artigos������������������������������������������������� 15
Pará Engenharia química na palma da
Pedro Ubiratan O. Sabaa Srur - Diretor Presidente
Fernando Alberto de Souza Jatene - Diretor Vice-Presidente
mão — sustentabilidade
Pernambuco
Maurício A. Motta Sobrinho - Diretor Presidente Plataformas de biorrefinaria:
Laísse C. de A. Maranhão - Diretora Vice-Presidente
a busca incessante pelo
Rio de Janeiro
Ricardo Medronho - Diretor Presidente
desenvolvimento contínuo
Argimiro Resende Secchi - Diretor Vice-Presidente
São Paulo
Maria Elizabeth Brotto - Diretora Presidente
SEQEP: apresentando o mercado
Henrique José Brum da Costa - Diretor Vice-Presidente para estudantes
Diretoria Convidada
Antonio J. G. Cruz - Danniel Luiz Panza - Eric Yuko Minami Taga - Hely de Andrade
Júnior - João Bruno V. Bastos - Mayra C. Matsumoto - Paulo Takakura - Raquel
XIX SINAFERM e X SHEB
Lemos Bouer - Reinaldo Giudici - Ricardo da Silva Seabra
Capa
Shutterstock.com
Produção
Zeppelini Editorial / Instituto Filantropia
Biocombustíveis:
mercado, desafios e perspectivas
Por Silvio Francisco dos Santos1, Suzana Borschiver2, Vanderléa de Souza1
50,00
Mercado de biodiesel
40,00
30,00 Existem atualmente (junho de
20,00 2014) no Brasil 58 usinas produtoras
10,00 de biodiesel, cuja capacidade insta-
0,00
lada, autorizada a operar comercial-
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 mente, ficou em 7.542 mil m3/ano
Fonte: F.O. Licht; Worldwatch (EPI, 2014).
em dezembro de 2013, sendo que
79% dessa capacidade está localiza-
Figura 4. Produção mundial de etanol (1975-2012). da nas regiões Centro-Oeste (44%)
C
riado como forma de apoio em sala de aula. O comunicado é Devido à competitividade cada
e encorajamento aos es- feito pelas universidades partici- vez acirrada no mercado de trabalho,
tudantes de engenharia, o pantes, que possuem seus estu- diversas empresas do ramo têm pa-
Prêmio Incentivo é uma iniciativa da dantes matriculados. Essa relação trocinado a premiação como forma de
Associação Brasileira de Engenharia de universidades e as informações encorajar os futuros engenheiros quí-
Química (ABEQ). O evento, promovido sobre como participar do processo micos a buscarem excelência. Dentre
há 13 anos, homenageia os forman- podem ser acessadas no portal da essas empresas está a Oxiteno, que
dos com melhor desempenho estu- ABEQ (www.abeq.org.br). O prêmio patrocinou a aluna Isabela Rupp
dantil do Brasil. integra uma quantia em dinheiro, Kavanagh, formada na Escola
O aluno vencedor é seleciona- a entrega de um certificado e a Politécnica da Universidade de São
do com base nas notas das provas, primeira anuidade como sócio da Paulo (USP), nossa entrevistada des-
trabalhos realizados e frequência ABEQ quitada. ta edição.
Qual é a importância do
estímulo dado aos jovens capazes de relacionar diretamente os destacaram em cada curso. O contato
universitários? esforços do estudo a um melhor de- foi feito por telefone e e-mail
sempenho profissional. Experiências
O estímulo através de prêmios cria de estágio na área ao longo do cur- O que significa,
nos alunos a expectativa de uma re- so são muito eficazes para produzir pessoalmente, essa
compensa pelos seus esforços. Além este efeito. conquista para você?
disso, a possibilidade de começar a
vida profissional com este diferencial Quais os principais Receber um prêmio como este
no currículo contribui para a menta- obstáculos que você reforça a autoconfiança e a força de
lidade de que a carreira não começa encontrou desde que vontade para que eu continue procu-
no momento da formatura, mas inclui entrou na universidade? rando fazer todas as coisas bem fei-
também todos os anos de estudo que tas, tanto no âmbito profissional como
antecedem o primeiro emprego. O alu- O grande obstáculo do curso de no pessoal.
no percebe que o seu desempenho Engenharia Química é assimilar uma
acadêmico tem influência sobre o seu grande quantidade de conteúdo em Você está atuando
futuro profissional, o que faz com que um intervalo de tempo restrito, o que profissionalmente na área?
os estudos sejam encarados com mais requer organização, disciplina e um
seriedade. O reconhecimento do mérito bom domínio do programa de ciências Estou fazendo Mestrado em
acadêmico também estimula a compe- exatas do ensino médio. Engenharia Química, na Universidade
titividade, preparando os alunos para Federal do Rio de Janeiro.
os desafios da vida profissional. Como foi feito o contato
informando sobre a Quais as suas ambições
Como você acha que esse conquista do prêmio? para o futuro?
tipo de iniciativa pode
auxiliar e estimular ainda Eu soube do prêmio através Consolidar-me profissionalmente e
mais os estudantes? da USP, quando recebi um convite atuar no setor de pesquisa, colocando a
para comparecer à solenidade que a ciência a serviço da tecnologia, seja em
Os alunos se sentem mais es- Escola Politécnica realiza anualmente empresas ou em laboratórios de univer-
timulados a estudar quando são para premiar os alunos que mais se sidades e institutos de pesquisa.
Sustentabilidade limite daquilo que pode ser feito em os processos para geração de ener-
qualquer parte do planeta é o permi- gia, que levam a um aumento inexo-
O nosso planeta Terra é um cor- tido nessa área até que conflite com o rável da entropia. Nesse caso, tudo é
po isolado que circula pelo espaço, o meio externo e com a operação da es- finito, pois serão esgotados os poten-
que o torna em muitos aspectos mo- paçonave. A incompatibilidade pode ciais que permitem realizar as trans-
delo de um sistema isolado, tal como ser encontrada no espaço e no tempo. formações de interesse para a vida
definido nos livros de Engenharia Essa caricatura simplifica as coi- da humanidade. A segunda lei da
Química. Esse ponto de vista é expos- sas, porém salienta o fundamento do Termodinâmica postula que é possí-
to por Buckminster Fuller em seu livro que chamo de sustentabilidade. vel reverter a entropia se for adiciona-
Manual de Operação da Espaçonave da em um sistema fechado entalpia
Terra. A ideia central do livro é que Termodinâmica ou trabalho externo.
todas as atividades humanas devem A "geração" de energia é tão impor-
ser avaliadas pelas consequências Todas as atividades humanas (e tante porque são as transformações
que terão sobre o ambiente terrestre. também as naturais) estão sujeitas às da entalpia que permitem realizar tra-
Para mim, essa é a metáfora de que o leis da Termodinâmica, em especial balho em nosso lugar. Por isso, devem
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ARTIGO
Plataformas de biorrefinaria:
a busca incessante pelo
desenvolvimento contínuo
Por Dr. Petri Vasara1, Katja Salmenkivi2, Fábio Bellotti da Fonseca3
F
elizmente, a palavra “biorrefina- mais um modismo e de ser repetida Guerra Mundial. Tratava-se simples-
ria” ainda não se tornou mais de forma mecânica, simplesmente mente da questão de aproveitar a
um modismo destituído de sen- para fazer algo parecer mais moderno biomassa disponível no local mais
tido. Ainda não chegou à etapa atual e interessante. Quando isso acontecer, próximo para as necessidades ime-
da palavra “sustentabilidade”, vaga a palavra não representará mais ne- diatas por meio da Tecnologia Mais
e difusa, com uma pitada de “verde” e nhuma novidade ou revolução. Avançada Disponível (TAD). A ma-
na qual a “sustentabilidade” propria- Na Pöyry, nós dividimos o ciclo de téria-prima utilizada, naturalmente,
mente dita passa geralmente desper- vida da biorrefinaria em quatro fases variava completamente de um local
cebida. Isso chega a ser uma ofensa a (Figura 1). Essas fases e suas conse- para o outro. Nos países nórdicos
um tema tão importante! No entanto, quências são de grande importância da Europa, por exemplo, cobrir uma
em uma recente análise divulgada na para lançarmos quaisquer previsões pilha de madeira com terra crua e
publicação Nature online, de julho de sobre o futuro da biorrefinaria no acendê-la com fogo (o chamado for-
2013, demonstrou-se que, com base mundo e particularmente no Brasil. no de terra) representou por muito
em 320 mil artigos, alguns cientistas tempo uma TAD. O modo pelo qual
(físicos) estão migrando para esse Primeira fase: a biomassa era processada para
assunto, no qual outros já estão há “biomassa descentralizada” se tornar papel e celulose também
algum tempo. Isso não é exatamente contava com uma TAD. A cadeia de
uma novidade, mas sua confirmação A primeira fase — “Biomassa suprimentos de bioenergia era cons-
é gratificante. A palavra biorrefinaria Descentralizada” — teve duração tituída simplesmente pelas pessoas
também corre o risco de se tornar entre as eras ancestrais e a Segunda recolhendo lenha.
ATUAL
Linha do tempo
Claro que não desejamos passar por uma guerra para promover mais inovações para
a biorrefinaria. No entanto, uma tecnologia criada a partir de uma situação extrema
como uma guerra pode trazer não apenas grandes avanços em determinados ramos da
tecnologia como também benefícios indiretos para outros setores relacionados. No caso
do Brasil, um elemento decisivo para sua competitividade mundial nos próximos anos
será a capacidade de combinar seus vastos recursos naturais, como a cana-de-açúcar,
o papel e a celulose, com os avanços tecnológicos oferecidos pela indústria química.
Naturalmente, a crise daquela época teve um fim, porém alguns de seus efeitos têm aparecido sob diferentes formas. A preocupação so-
bre a evolução dos preços do petróleo e do gás e os limites políticos e naturais para a disponibilidade de combustíveis fósseis permane-
cem. A garantia de abastecimento representa uma importante questão estratégica. Além disso, foi constatado que os recursos naturais
poderiam se tornar tanto uma arma na “guerra comercial por matérias-primas” como para uma guerra política em tempos de paz.
Ao mesmo tempo, a perspectiva do desenvolvimento de tecnologias no longo prazo é crucial para que não haja desperdício de tempo,
esforços e recursos financeiros em lapsos de pesquisas que mais tarde são deixados de lado.
Para o Brasil, essa perspectiva de desenvolvimento de longo prazo gerou frutos. O Pró-Álcool não apenas lançou as bases da indústria
de etanol nacional como também gerou confiança entre os consumidores sobre suas vantagens, além de promover a necessidade de
tecnologia para fabricação de automóveis biocombustíveis no longo prazo. Uma vez constatado que economicamente viável para os
consumidores, o uso do etanol teria continuidade, porém com a garantia de que pudessem abastecer seus respectivos veículos com o
combustível que julgassem mais conveniente a qualquer momento, sendo este de origem renovável ou não.
Quarta fase: “reinvenção assim, muitos desses itens seriam tecnológica, mas principalmente de
da biorrefinaria” completamente inviáveis sem esses uma gestão de alto nível da cadeia
subsídios. No entanto, felizmen- de suprimentos. Algumas aplica-
Chegamos finalmente à quar- te, ainda há exemplos que provam ções em andamento das rotas bio-
ta fase — a “Reinvenção da que nem sempre é assim. O furfu- tecnológicas possibilitam a redução
Biorrefinaria”. Devido parcialmente ral é um bom exemplo de “antigo” do número de etapas da cadeia de
a questões de mudanças climáti- bioquímico, produzido a partir da suprimentos, por meio da disponi-
cas, à escassez de recursos e à se- biomassa há muito tempo, e novos bilidade de novas tecnologias e pro-
gurança política de abastecimento, químicos já estão sendo integrados cessos alternativos de fabricação.
o mundo passou os últimos anos, a essa categoria, sejam eles como Outras soluções utilizam a biomassa
de certa forma, reinventando a pri- químicos drop in ou totalmente como forma de assumir o controle
meira, a segunda e a terceira fases, novos. Naturalmente, a tecnologia sobre a cadeia de suprimento como
muitas vezes ignorando de forma ocupa um importante espaço nisso, um todo, da plantação até o produto
solene todo o trabalho que já ha- e não somente a biotecnologia: os final — na verdade, cadeias de su-
via sido feito. Ao mesmo tempo, um avanços no fracking e no desen- primento mais longas são às vezes
número desconcertante de proje- volvimento da tecnologia do gás necessárias para isso. Se levarmos
tos voltados ao aproveitamento da de xisto contribuem para acelerar em consideração que algumas em-
biomassa foi criado para competir o desenvolvimento de determina- presas líderes mundiais estão pro-
entre si pela atenção mundial. Os dos bioprodutos, como os produ- curando ativamente o controle de
subsídios oferecidos favoreceram tos químicos da plataforma C4 que uma cadeia de “bio-suprimentos”,
alguns segmentos de produtos, en- não podem ser produzidos a partir temos aí um sólido argumento para
quanto outros chegaram quase a da rota do gás de xisto. O que deve entendermos a cadeia de suprimen-
desaparecer, deixando um rastro ser levado em consideração é que tos como uma das peças mais im-
de incerteza nessa ocasião. Ainda não se trata apenas de uma questão portantes em biorrefinarias.
Ainda estamos passando pela quarta fase, então obviamente não podemos chegar a uma conclusão final. Porém, a “reinvenção da roda”
é o que tem acontecido simultaneamente em vários locais; literalmente, algumas ideias dos anos 70 eventualmente recebem recursos
para serem reinventadas. Pelo menos na Europa, a questão da inconsistência de subsídios em um ambiente comercial incerto tem
piorado ainda mais o problema.
A questão da cadeia de suprimentos, seja pelo incentivo de uma empresa, sua tecnologia ou vantagem de matéria-prima, seja pelo
controle da cadeia de “bio suprimentos” a partir da plantação até o produto final, configuram uma vantagem para o Brasil com suas
diversas cadeias de suprimentos, experiência tecnológica e bom relacionamento com empresas globais.
Quinta fase: “extinção total players já anunciaram investimentos associada à sustentabilidade, torna
da tecnologia” e depois? e, na verdade, a maioria das empre- possível o desenvolvimento. Porém,
sas líderes na produção de químicos cancelamentos também podem ocor-
Já que estamos ainda na quarta já anunciou o início das atividades rer. O investimento em plantas de
fase, vamos tentar prever como será tanto na área de biocombustíveis etileno baseadas em gás de xisto ao
a próxima. Simplesmente existem quanto na área de bioquímicos. Tais invés de bioetileno é um exemplo.
diversas tecnologias à nossa volta, anúncios incluem parcerias na utili- Nós, na Pöyry, avaliamos o desenvol-
e o ambiente econômico altamen- zação de matérias-primas renováveis vimento tecnológico em biorrefina-
te cíclico do momento atual torna o (ou bioquímicos) com a finalidade de rias como uma “árvore genealógica
risco financeiro particularmente alto. oferecer maior valor agregado ao pro- de tecnologia”, na qual as tecnolo-
Não há necessariamente uma falta duto de uma das partes e maior mer- gias são classificadas em mais de
de alternativas, mas a implementa- cado para o outro. Nessa situação, a 40 critérios, nos quais tecnologias
ção já é outra questão. Os principais garantia da cadeia de suprimentos, similares formam ramos correlatos.
Venha,
Venha, Inscreva-se ee Participe
Venha, Inscreva-se e Participe
Inscreva-se Participe
do
do Maior Fórum Brasileiro em Adsorção
do Maior Fórum Brasileiro em Adsorção
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ee suas Aplicações!
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C
onforme dados publica- sendo, quase em sua totalidade, re- O volume gerado desse subprodu-
dos (USDA-FAS, 2013), o finadas para atenderem aos padrões to é considerável, sendo algo em torno
Brasil produziu, na safra de mercado e se tornarem comestí- de 3,5% do óleo degomado. Desses
2012/2013, 82 milhões de tonela- veis, gerando como subproduto a 3,5%, a metade (1,75%) é composta
das de soja em grão, que representa- “borra de refino de óleo de soja”, ob- por água e os outros50 % são a per-
ram 30,66% da produção mundial, jeto de estudo deste trabalho. da do óleo refinado, que são os ácidos
sendo o segundo maior produtor, logo A “borra de refino de óleo de soja” graxos e outros produtos arrastados
atrás dos Estados Unidos. Da pro- (Figura 1) é um resíduo oriundo da na neutralização. De acordo com es-
dução nacional, 41 Mton foram ex- neutralização do óleo de soja, após o ses números, estima-se que foram ge-
portadas e 34,84 Mton, esmagadas, processo de extração e degomagem radas por volta de 194 mil toneladas
produzindo 27 Mton de farelo de soja do óleo bruto, sendo constituída pelos de “borra de refino” de óleo de soja”
e 6,69 Mton de óleo de soja dego- sabões gerados na neutralização alca- na safra 2012/2013.
mado. Destas, 5,54 milhões foram lina dos ácidos graxos livres e também Da produção estimada de 194 mil
direcionadas ao consumo doméstico, por óleo arrastado na emulsão. toneladas por ano de borra de refino
Ácido
Água Acidulação
sulfúrico
Água
Decantação
ácida
Óleo ácido
Etanol Ácido
anidro Esterificação sulfúrico
Óleo éster
Tabela 1.Testes com resultados das análises das principais etapas sem o efeito do etanol nas amostras.
CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO EM PROCESSO (resultados sem álcool)
Neutralização Neutralização
Data Óleo de soja Borra Acidulação Esterificação Eficiência
(Esterificação) (Transesterificação)
AGL Fósforo Óleo Umidade AGL Glicerol AGL AGL Glicerol AGL Glicerol Esterificação Transesterificação
nº teste
% ppm % % % % % % % % % % %
2008
1,40 130 19,00 50,00 58,88 5,43 38,27 16,57 9,44 0,88 1,65 35,0 82,5
Teste 01
2008
1,40 130 19,00 50,00 61,43 6,15 18,57 8,23 5,78 1,10 1,46 69,8 74,7
Teste 02
4/28/2009
0,47 159 17,60 57,70 67,59 2,61 12,32 5,86 7,02 0,09 n.a. 81,8 n.a.
Teste 03
6/26/2009
0,89 177 18,50 55,90 54,47 0,09 9,84 7,19 4,93 0,09 1,06 81,9 78,5
Teste 04
7/20/2009
1,08 150 12,33 65,80 77,92 n.a. 17,47 2,17 n.a. n.a. n.a. 77,6 n.a.
Teste 05
8/5/2009
1,05 135 18,77 54,12 75,16 n.a. 12,68 4,51 4,26 5,15 0,30 83,1 93,0
Teste 06
9/12/2009
1,51 114 17,78 54,37 55,23 n.a. 8,99 1,49 n.a. 0,53 n.a. 83,7 n.a.
Teste 07
9/21/2009
1,60 114 18,50 49,80 66,72 3,04 11,22 0,20 0,85 0,50 0,14 83,2 83,8
Teste 08
Média (s/ result.descart.) % 64,68 3,46 16,17 5,78 5,38 1,19 0,92 74,5 82,5
Notas: n.a.: não avaliado.
R$/kg éster
Item Produto kg/h R$/kg kg/kg éster R$/kg éster Receita Custo
Resumo Energias
R$/kg éster
Quantidade R$/kg kg/kg éster R$/kg éster Receita Custo
Vapor (kg/h) 1794 0,067 3,95 0,265 0,265
Água de reposição torre resfr. (kg/h) 1950 0,03 4,29 0,142 0,142
Energia elétrica (kWh) 150 0,26 0,33 0,086 0,086
Demanda
Consumo
Total 0,000 0,493
Mão de obra
R$/kg éster
Quantidade/ R$1732,5/
Total Total Receita Custo
turno pessoa
Man.mecânica 1 3 5197,5
Total 7 21
Lucro 0,129
SEQEP: apresentando o
mercado para estudantes
Por Camila Calafiori Amancio
A
SEQEP é uma semana aca- Química e Farmácia, que participam Abertura: a abertura nada mais
dêmica com diversas ativi- em tempo integral de todas as ativida- é do que uma apresentação do que
dades complementares à for- des oferecidas. A VIII SEQEP, realiza- é a SEQEP por seus organizadores,
mação profissional dos participantes. da em 2013, contou com 230 partici- assim como uma breve palavra do
Realizado anualmente e organizado in- pantes, enquanto a IX SEQEP, ocorrida Departamento de Engenharia Química
teiramente pelos alunos de Engenharia em 2014, teve cerca de 250. e da própria direção da Escola
Química da Escola Politécnica da Em 2014, a nona edição da Politécnica, de quem recebemos total
Universidade de São Paulo (USP), SEQEP abordou o tema “As com- apoio para o evento.
nosso evento proporciona contato en- petências do engenheiro químico Palestra motivacional: para rea-
tre os alunos e as melhores empresas frente aos seus novos desafios”. Por lizar a palestra motivacional, a orga-
da área. meio desse tema, procuramos ex- nização procura escolher uma pessoa
Nosso principal objetivo é inte- por aos participantes habilidades do que os participantes conheçam e cujo
grar o estudante universitário com a engenheiro químico e como elas o tema da palestra os motivará, não
profissão e o mercado de trabalho, auxiliam na resolução dos atuais de- somente para a semana, como para
estabelecendo contato com temas safios da profissão, proporcionando seus futuros. A palestra não precisa
relevantes, indústrias e empresas do melhores condições para seu desen- remeter necessariamente ao tema do
ramo. Para isso, procuramos atrair volvimento profissional. evento, desde que atenda às especifi-
estudantes de Engenharia Química e Nosso cronograma é dividido entre cações acima.
áreas relacionadas, como Engenharia diversas atividades, apresentadas em Almoço: o almoço de todos os par-
de Alimentos, Química Industrial, uma sucinta descrição a seguir: ticipantes é fornecido pelo evento.
N
os dias 30 de julho a 2 de O evento de 2013 contou com
agosto de 2013 foram reali- conferências plenárias, conferências
Além disso, 759
zados, em Foz do Iguaçu, o de área, mesas redondas, sessões trabalhos foram
XIX Simpósio Nacional de Bioproces- orais, sessões de pôsteres e mini-cur- submetidos e somente
sos (SINAFERM) e o X Simpósio de sos. Compareceram ao evento 716 51 foram reprovados —
Hidrólise Enzimática de Biomassas congressistas, sendo 94 graduandos, ou seja, 708 trabalhos
(SHEB), organizados pela Associa- 308 pós-graduandos, 246 professo- foram apresentados.
ção Brasileira de Engenharia Quími- res e pesquisadores e 68 profissio-
A abstenção foi baixa:
ca (ABEQ). nais de empresas. Mais de 50% dos
O SINAFERM acontece a cada participantes era da região sudeste do
100% dos trabalhos
dois anos, desde 1964, e seu obje- país. Os temas abordados nos mini- orais e 92% dos pôsteres
tivo é abordar as áreas dos biopro- cursos foram engenharia metabólica foram apresentados por
cessos, reportando avanços na área utilizando Optflux; Instrumentação e seus autores
de pesquisas e demonstrando dife- Monitoramento de Biorreatores; Imo-
rentes abordagens sobre o tema. bilização e Estabilização de Enzimas;
O SHEB, por sua vez, aborda fon- Caracterização de Biomassa Vegetal; trabalhos foram apresentados. A abs-
tes alternativas para a produção de Planejamento de Experimentos em tenção foi baixa: 100% dos trabalhos
biocombustíveis e é realizado des- Bioprocessos; e Técnicas Avançadas orais e 92% dos pôsteres foram apre-
de 1983. A partir de 2013, o SI- em Downstream. Além disso, 759 tra- sentados porseus autores.
NAFERM e o SHEB passaram a ser balhos foram submetidos e somente
realizados em conjunto. 51 foram reprovados — ou seja, 708 Link: www.sinafermsheb.com.br
Recursos financeiros
para o setor de petróleo e gás
Por Eduardo Barbosa1, Tiara Bicalho2
P
“ romover o fomento a projetos Estudos e Projetos (Finep), com apoio setores estratégicos (MCTI, 2012).
que contemplem pesquisa, de- técnico da Petrobras, na seleção de Nesse contexto, a descoberta dos
senvolvimento, engenharia e/ou Planos de Negócios inovadores de grandes campos de petróleo no pré-
absorção tecnológica, produção e co- empresas brasileiras no setor de pe- sal e a alta dos preços das commo-
mercialização de produtos, processos tróleo e gás (P&G). dities no mercado mundial geraram a
e/ou serviços inovadores, visando o O objetivo do edital veio ao encon- expectativa pelo desenvolvimento de
desenvolvimento de fornecedores bra- tro da Estratégia Nacional de Ciência, novas tecnologias, tendo em vista os
sileiros para a cadeia produtiva da in- Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2012- desafios da extração do petróleo em
dústria de petróleo e gás natural [...]” 2015, divulgada em 2012 pelo águas profundas. Esse fato contri-
(FINEP; BNDES, 2013). Ministério da Ciência, Tecnologia e buiu para aumentar a notoriedade do
Essa foi uma das finalidades do 2º Inovação (MCTI), que aborda a ele- setor de P&G na política de Ciência,
Edital do Programa Inova Petro, lan- vação de recursos financeiros des- Tecnologia e Inovação (CT&I) brasilei-
çado em janeiro deste ano e ainda em tinados a apoiar o desenvolvimento ra, que se voltou a estimular o desen-
andamento. A iniciativa envolve uma tecnológico e a inovação em uma volvimento da cadeia produtiva local.
ação conjunta do Banco Nacional economia do conhecimento, dan- O enfoque no desenvolvimento
de Desenvolvimento Econômico e do enfoque a temas que visam am- da cadeia produtiva local é justifica-
Social (BNDES) e da Financiadora de pliar as competências nacionais em do ao se observar que cerca de 90%
dos serviços e produtos mais intensi- mecanismos indiretos de apoio finan- ganho de qualidade ou produtivida-
vos em tecnologia demandados pela ceiro à inovação, os incentivos fiscais, de, resultando maior competitividade
indústria do petróleo são importados. bem como mecanismos de aporte di- no mercado” (BRASIL, 2005). É im-
Assim, o atual plano estratégico de reto de recursos à inovação por meio portante ressaltar que, para a Lei do
CT&I para o setor de P&G surgiu com de programas dos órgãos de fomento. Bem, a pesquisa e desenvolvimento
o objetivo de desenvolver tecnologias A seguir, serão tratadas as prin- deve ser vista pelo contexto de ino-
e novos negócios na cadeia de produ- cipais oportunidades para o setor de vação na empresa, sem necessida-
ção do petróleo e do gás natural, com P&G por meio da apresentação des- de de ser uma inovação inédita para
ênfase em fornecedores nacionais de ses mecanismos. os contextos nacional ou mundial.
bens e serviços. Normalmente, o incentivo representa-
Nesse setor, a Petrobras ocu- Os incentivos fiscais à rá um retorno financeiro entre 20,4%
pa papel importante, de forma que inovação tecnológica e 27,2% dos dispêndios nos proje-
seu Plano de Negócios para o pe- tos de PD&I, podendo chegar a 34%
ríodo de 2011-2015 prevê investi- Devido à intensa necessidade do (INVENTTA+BGI, 2014).
mentos de U$ 224,7 bilhões, com desenvolvimento de equipamentos e no- Em um cenário nacional, à medida
maior destinação ao segmento de vas tecnologias para serem utilizados no que a exploração de petróleo avançou
exploração e produção, gerando im- contexto do pré-sal, bem como ao risco cada vez mais em direção a águas ul-
pacto em toda a cadeia produtiva tecnológico que envolve os projetos de traprofundas, avanços tecnológicos
nacional (MENDONÇA; OLIVEIRA, inovação nessa área, as empresas per- relacionados a sistemas submarinos
2013). Além disso, os investimen- tencentes à cadeia de P&G podem se be- (cabeças de poço, árvore de natal mo-
tos em Pesquisa, Desenvolvimento neficiar de deduções e exclusões da base lhada e coletores submarinos), linhas
e Inovação (PD&I) nesse setor são de cálculo do lucro líquido para apuração submarinas (linhas flexíveis e umbili-
estimulados pela cláusula 24 dos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica cais), sistemas de controle e alimen-
contratos de concessão, estabeleci- (IRPJ) e Contribuição Social sobre o tação elétrica são aqueles com maior
dos em 1998, que prevê a obrigato- Lucro Líquido (CSLL), decorrente de dis- potencial para utilização dos incentivos
riedade de o concessionário investir pêndios em pesquisa tecnológica e de- fiscais, uma vez que os maiores de-
1% da receita bruta de um campo senvolvimento de inovação tecnológica, safios tecnológicos e incertezas estão
sob o qual incida a participação es- conhecida como Lei do Bem. integralmente relacionados ao desen-
pecial na realização de despesas de A Lei no 11.196/05 conceitua volvimento de soluções aplicadas às
PD&I, sendo que pelo menos 50% inovação como “a concepção de condições mais severas de pressão
desses recursos devem ser aplicados novo produto ou processo de fabrica- e temperatura do meio submarino
na contratação de instituições de ção, bem como a agregação de novas (MENDES; ROMEIRO; COSTA, 2012).
P&D nacionais. funcionalidades ou características Nesse contexto, é importante que
Além dos investimentos privados, ao produto ou processo que impli- empresas de todos os portes que atuam
o setor de P&G é beneficiado por que melhorias incrementais e efetivo no setor de P&G consolidem seus
na qual: Fase
r = resistência específica (cm/g); b
Final
P = pressão de filtração (g/cm.s2).
A = área filtrante (cm2);
μ = viscosidade do filtrado (g/cm.s);
c = massa de sólidos da torta seca por
V
unidade de volume filtrado (g/cm3);
Fonte: Almeida; Gonçalves e Guimarães (1991).
b = valor da tangente no trecho retilí-
neo do gráfico “t/v” (s/cm3) versus “v”
Figura 1. Gráfico típico dos valores de “t/v” em função de “v”, para obtenção de “b” no
(cm3), resultante da equação 2:
cálculo da resistência específica.
t2 t
- 1
V2 V1
b
= tgα = (Equação 2)
V2 - V1
em que:
t = tempo de filtração (s);
v = volume filtrado (cm3).
Resultados e discussões
90 Branco
3.645 mg.L-1 (75% da dosagem de coagulante)
80 7.500 mg.L-1 (50% da dosagem de coagulante)
70
60
Tempo de filtração (s)
50
40
30
20
10
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Volume filtrada (mL)
Figura 3. Volume filtrado em função do tempo de filtração do material sedimentado para os melhores resultados dos ensaios com água
95 UNT (série 1).
dez dias) apresenta desaguamento su- Na Figura 5 observa-se que não com 7.500 mg.L-1 e 50% de sulfato de
perior ao do lodo velho, quando não há houve correlação entre a resistência es- alumínio. Nesse caso, a resistência foi
condicionamento químico. No caso des- pecífica e a concentração de SST nas igual a 6,8x1012 m.kg-1, inferior ao valor
te estudo, o tempo de armazenamento amostras. Segundo Christensen e Dick obtido na amostra sem adição do resí-
do material sedimentado foi superior a (1985) apud Grandin (1992), a resis- duo (8,3x1012 m.kg-1). Nas amostras
dez dias, indicando que o deságue po- tência se torna relativamente indepen- analisadas ao longo do estudo, não foi
deria ser superior se o processo de desi- dente para altas concentrações de SST, verificada correlação entre a resistência
dratação fosse feito com o material mais como é o caso deste estudo. específica e a concentração de SST.
novo, como ocorreria em uma ETA. Recomenda-se a realização de es-
Ainda que não tenha sido realizado Conclusão e Recomendação tudos considerando o condicionamento
condicionamento químico do material químico do material sedimentado para o
sedimentado para o teste de resis- O desaguamento, em escala labo- deságue por meio de filtração, verifican-
tência, sabe-se que a adição de po- ratorial, do material sedimentado em do as vantagens e desvantagens. É im-
lieletrólito, em dosagens específicas, ensaio de Jar Test por meio do teste portante que os estudos sejam realiza-
poderia melhorar substancialmente o de resistência específica ficou preju- dos de tal forma que a água bruta e o
seu desaguamento, já que garantiria dicado com a aplicação do resíduo de material sedimentado sejam analisados
a formação de uma estrutura pouco decantador de ETA, exceto para o en- em menor tempo possível, reduzindo as
compressível e de alta filtrabilidade. saio com água de 95 UNT e resíduo interferências do armazenamento.
180
Tempo de filtração (s)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Volume filtrado (mL)
Figura 4.Volume filtrado em função do tempo de filtração do material sedimentado para os melhores resultados dos ensaios com água
218 UNT (série 2).
Tabela 4. Resistência específica do material sedimentado após realização do ensaio de Jar Test – série 2 (218 UNT).
Turbidez = 218 UNT
SST do resíduo aplicado (mg.L )-1
0 2.678 2.678 8.556 8.556
Coagulante (% da dosagem da ETA) 100 35 40 45 55
SST do material sedimentado (mg.L-1) 9.460 12.540 12.540 18.970 16.630
Parâmetro Resultados
Resistência específica (x1012 m.kg-1) 3,8 6,3 6,1 9,0 6,1
Tabela 5. Resistência específica do material sedimentado após realização do ensaio de Jar Test – série 1 (95 UNT).
Turbidez = 95 UNT
SST do resíduo aplicado (mg.L )
-1
0 3.645 7.500
Coagulante (% da dosagem da ETA) 100 75 50
SST do material sedimentado (mg.L-1) 6.329 9.657 11.743
Parâmetro Resultados
Resistência específica (x1012 m.kg-1) 8,3 9,4 6,8
6,3
7,5
8,6
8,6
9,5
9,7
9,7
11,7
12,5
12,5
12,7
14,3
16,6
19,0
19,1
5,4