RESENHA: A REFORMA DO ENSINO MÉDIO E SUAS IMPLICAÇÕES NO TRABALHO
DOCENTE Aluno: Yuri de Sousa Silva Curso: Especialização em História - IDJ
As reformas educacionais são realidades em várias partes do mundo há anos e partir da
década de 80 intensificou-se voltada para educação profissional. As inovações tecnológicas alteraram as percepções sociais e consequentemente o mundo do trabalho o que implica em novas formas de aprendizado e ensino, impondo novas concepções no trabalho do docente. É certo que desde então as reformas educacionais implantadas ou em curso tem como principal característica a necessidade de adequação ao mundo de trabalho e ao capital, isso incluiu também as reformas administrativas ocorridas em 1990 que traçavam um novo perfil de gerenciamento para órgãos públicos, trazendo terceirização na intenção de desburocratizar o sistema. A educação não fica de fora e é a partir destes percepções que a escola entra nesses processos com as reformas e o capital externo entra como disseminador de projetos educacionais com o intuito de interferir economicamente nos países em desenvolvimento. Partindo do principio que nesses contextos a importante tarefa do professor é formar um profissional capaz de alienar-se a atuação do docente se distancia cada vez mais da atuação pedagógica. No Brasil atualmente a medida provisória MP 746 trouxe novos parâmetros para o Ensino Médio. Ainda sob a gestão da Presidenta Dilma Roussef a proposta seguiu em discussão desde 2012, sem contar com a participação popular e muito menos das comunidades escolares, voltou em 2016 para votação e aprovação em 2017. A nova regra institui a implementação do ensino integral (sem a consulta dos Estados e nem fala sobre a questão das estruturas físicas), aumenta a carga horaria do ensino par 1.400 horas, mas retira obrigatoriedade de disciplinas como Filosofia, Educação Física e Artes, colocando como obrigatórias Matemática e Português. O texto da medida é bem claro: é urgente a qualificação para o mercado de trabalho. A preocupação é voltada para a economia, sem a abordagem, por exemplo, de como fica a nova grade de formação do professor ou da estrutura física das escolas para recebimento das mudanças. A própria medida desvaloriza a atividade de professor quando abre margem para aceitar um docente sem formação nas licenciaturas, exigindo apenas “notório saber”. A medida também desconsidera as necessidades estruturais das escolas quando estabelece ensino integral o que exige estrutura física, tecnológica e alimentação já que o aluno deve permanecer o dia na escola. Disciplinas importantes para a formação do aluno como cidadão critico, atuante e participante são descartadas da grade como justificativa de que não agregam ao mundo de trabalho. A justificativa para reforma são resultados obtidos no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), IDEB ( Índice de desenvolvimento da Educação Básica), dados de pesquisa do INEP em comparação com avaliações internacionais, bem como as necessidades de mercado. Diante do exposto fica clara a limitação de atuação do docente independente da sua área. O professor que já é sobrecarregado, receberia mais trabalho com o aumento de carga horária, já é notório que não existe preocupação em novas contratações, todo o seu processo de formação será descartado em importância com a presença de profissionais de outras áreas lecionando e, por fim, anula a possibilidade de construção do aluno como ser pensante e atuante em sociedade tendo em vista que a proposta é de tecnicismo e mecanização do conteúdo. Pelo exposto, é fato constatar que a preocupação em formar “operários” sobrepõe-se a preocupação com o desenvolvimento e formação do aluno como cidadão, limitando as escolhas, sobrecarregando docentes, desmerecendo profissionais. À medida, caberia debate com a sociedade e o mais importante com a comunidade escolar e docente do país.