ANÁLISE DA COR
NO FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (2010)
NATAL
2015
VALESKA DE LIMA MOURA
ANÁLISE DA COR
NO FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (2010)
NATAL
2015
VALESKA DE LIMA MOURA
ANÁLISE DA COR
NO FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (2010)
BANCA EXAMINADORA
NATAL
2015
DEDICATÓRIA
Primeiramente quero agradecer a Deus por tudo que ele me oferece: saúde,
coragem, e amor, porque se me faltassem isso talvez não fosse possível realizar
este trabalho com mesma vontade de aprender como aconteceu. Gostaria de
agradecer a minha família que sempre me apoiou nas minhas decisões. Agradeço
meu pai, Francisco José Alves de Moura, e minha mãe, Valquiria Rodrigues de Lima
Moura, por tudo que me ensinaram, principalmente a acreditar nos sonhos, pois um
dia se tornaram realidade com esforços diários.
Meus sinceros agradecimentos a minha orientadora, Maria Helena Braga e Vaz
da Costa, que aceitou me orientar e acreditou no meu trabalho. E agradeço pelo
amparo quando surgiram as dúvidas em relação à construção do mesmo. Também,
obrigada a todos os professores que me ensinaram e contribuíram para minha
formação no curso de Licenciatura em Artes Visuais da UFRN. Em especial a
professora Elisabeth Silva de Vieira Moura, que me incentivou a gostar da área de
educação logo no meu primeiro ano do curso; a professora Juliana Donato de
Almeida Cantalice, que sempre me ajudou quando eu mais precisei; e o professor
Rogerio Junior Correia Tavares, que me auxiliou nos projetos.
Agradeço meus colegas do curso de Licenciatura em Artes Visuais por terem
participado dos meus dias e tardes de estudos durante a graduação. Especialmente
aos meus amigos da turma de 2012: Ana Beatriz Amorim da Câmara, Aeverton
Paixão Dantas, Ana Paula Ribeiro Fernandes, Andreza Maria Bezerra de França,
Antonio Samir do Nascimento Costa, Anylan Bezerra da Silva, Fabrícia Luana Dias
de Oliveira, Gilmara Catarine Dantas Costa e Ingrid Caroline Montinegro Mauricio,
pois foram também eles que me apoiaram a realizar esse trabalho e trilharam junto
comigo por quatro anos. Meus agradecimentos a Júlia Maria Rodrigues de Souza,
que sempre esteve de prontidão para me ajudar nesta pesquisa e foi quem fez a
primeira leitura quando estava sendo construída.
Enfim, agradeço a todos aqueles que me incentivaram de certa forma a construir
meu estudo e me “construir” na educação, porque sei que não chegaremos a
nenhum lugar sozinhos.
Muito Obrigada!
Há uma cor que não vem nos dicionários. É
essa indefinível cor que têm todos os retratos,
os figurinos da última estação [...] a cor do
tempo.
(Mario Quintana)
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre a cor, com o foco na análise desse
elemento no filme Alice no País das Maravilhas (Tim Burton, 2010). Tem o objetivo
de analisar a influência, a intensidade e a transmissão de emoções e mensagens da
cor que é significativa para a construção do texto fílmico, pois a cor compõe o
contexto narrativo com informação sobre personagens, objetos em cena, e a mise-
en-scène. Para isto, o trabalho apresenta os estudos sobre cor com intensão de
contextualizá-la, de modo a entender, como a cor é usada nos filmes como recurso
pela direção de arte. Através desses aspectos e apoio na metodologia de Vanoye e
Goliot-Létè (2012) sobre análise fílmica. A análise da cor em Alice busca afirmar a
importância desse elemento no contexto narrativo. O trabalho também apresenta
uma ação pedagógica a respeito desse elemento visual, argumentando a
importância desse estudo no contexto do ensino-aprendizagem em artes visuais.
This work presents a research on the color in films focusing on the analysis of Alice
in Wonderland (Tim Burton, 2010). The objective is to analyse the color and its
influence, intensity and representative of emotion to film and the context of its
significant construction of the color composition. For this, this work presents there
ways in wish color is contextualized and used by the art direction. The
methodological fame work is based on Vanoye and Goliot-Létè’s (2012) on film
analysis. This work claims the great importance of color for the narrative context. The
work also presents a pedagogical practice related to the use of this visual element-
color-, to certify the importance of this study for teaching and learning in visual arts.
INTRODUÇÃO.........................................................................................................12
1 SENSAÇÃO COR.................................................................................................14
1.1 Teoria das Cores..............................................................................................18
1.2 Parâmetros e classificações das cores..........................................................26
1.3 Harmonia das Cores.........................................................................................30
1.4 A cor em seu valor simbólico e de informação.............................................37
2 CONTEXTO DA COR NO CINEMA......................................................................42
2.1 Direção de Arte.................................................................................................51
3 ANÁLISE DA COR NO FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS................56
3.1 Azul....................................................................................................................57
3.2 Vermelho...........................................................................................................61
3.3 Branco...............................................................................................................64
3.4 Cinza..................................................................................................................67
4 A COR NO ENSINO DE ARTES VISUAIS...........................................................71
4.1 Atividade pedagógica em artes visuais sobre cor........................................71
4.1.1 “Plano das Maravilhas”................................................................................72
4.1.2 Realidade.......................................................................................................73
CONCLUSÃO..........................................................................................................75
REFERÊNCIAS........................................................................................................76
APÊNDICES.............................................................................................................81
ANEXO.....................................................................................................................83
12
INTRODUÇÃO
1 SENSAÇÃO COR
Se estiver lendo esse texto em um ambiente iluminado peço que pare por um
instante, dê uma olhada em sua volta, e perceba com mais atenção as cores
transmitidas pelos objetos e pelo próprio ambiente onde você se encontra. É, existe
uma quantidade enorme de cores presentes, com uma paleta inspiradora para criar
e manipular seus efeitos que causam a beleza do colorido sobre os nossos olhos,
melhor, em nossa cabeça (FRASER; BANKS, 2007). Mas, já parou para pensar o
que é Cor? E por que na total escuridão não a enxergamos?
Cor é sensação causada pela ação da luz sobre os olhos, algo intangível
fisicamente, dependente da luz, ou seja, o efeito da luz provoca a sensação de cor
(PEDROSA, 2014). Segundo a Física, cor significa tanto sensação visual quanto
radiação luminosa. Aspectos físicos tratam da propriedade da luz e da visão. Estes
revelam as cores como “luzes coloridas”, e que cada uma delas possui um
comprimento de onda dentro do espectro eletromagnético1.
1
Diz-se a uma área de qualquer fenômeno de que participam campos elétricos e magnéticos
(FERREIRA, Aurélio. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa dicionário. 7 ed. Curitiba:
Positivo, 2008, p. 336).
15
o que acontece diretamente nos nossos olhos que, são reações químicas do nosso
organismo que reagem a partir do estímulo luz e processam internamente a
sensação cor (SILVEIRA, 2011).
Contudo, vale ressaltar que a sensação cor não está apenas limitada a aspectos
físicos ou aspectos fisiológicos, deve se levar em consideração os aspectos culturais
simbólicos e o contexto onde esta está inserida. Para Silveira (2011) os aspectos
fisiológicos e os aspectos culturais, principalmente este último, influenciam na
construção simbólica da cor, atribuindo-lhe uma mensagem cuja cor possui em sua
peculiaridade sobre nossa interpretação das coisas como elas são. Portanto, “deve
considerar a interdependência entre os três aspectos da cor”, físico, fisiológico e
cultural (SILVEIRA, 2011, p. 18).
Segundo Heller (2013, p. 18), “não existe cor destituída de significado. A
impressão causada (cor) individualmente é determinada por seu contexto, ou seja,
pelo entrelaçamento de significados em que a percebemos. A cor num traje será
avaliada de modo diferente do que a cor num ambiente, num alimento, ou na arte”.
Isso permite pensar como o elemento cor dentro de um contexto possibilita
despertar, influenciar sentimentos e transmitir uma mensagem.
De acordo com Silveira (2011, p. 19), “sensação cromática é diferente de
percepção cromática”. Ele indica que o processo de sensação cromática consiste
16
Coerente com essa perspectiva de relacionamento das cores entre si, a artista
Ostrower (2004), em seu livro Universos da arte, declara que quando colocado um
objeto de uma cor clara próximo de um outro objeto com uma cor mais escura, o de
cor clara tende a realçar. Apesar de termos consciência de serem duas cores
diferentes, devemos observá-las no seu conjunto, ou em sua harmonia. Questões
relativas à harmonia da cor serão tratadas mais adiante neste capítulo.
A respeito do poder da cor e sua capacidade de influenciar dentro de
determinado contexto, Bellantoni (2005) aponta que a cor pode determinar a
maneira como nós pensamos e o que nós sentimos. Ela afirma:
2
[...] that color influences our choices, our opinions, and our emotional state. Our feelings of euphoria
or rage, calm or agitation can be intensified or subdued by the colors in our environment. This is
powerful information in the hands of a filmmaker.
18
Como indica Pedrosa (2014), o mais conhecido pintor renascentista, que viveu
durante período de Alberti, Leonardo Da Vinci (1452-1519), foi pivô do nascimento
da Teoria da Cor porque possibilitou revelar inúmeras indagações sobre cor e o
funcionamento fisiológico da visão. Ele apresentou uma teoria que só no século XVII
pôde ser comprovada por Isaac Newton. Alega Pedrosa (2014, p. 69):
Carreira (apud SILVEIRA, 2011, p. 21) também concorda dizendo que, “Leonardo
Da Vinci foi um dos primeiros a reunir dados existentes em direção à criação de uma
Teoria da Cor [...] seus manuscritos são chamados obra vinciana”, a qual contém as
formulações das cores simples, aquelas que não podem ser obtidas por mistura.
Para Da Vinci, seriam as cores da natureza: o amarelo, o verde, o azul e o vermelho.
Além dessas, reconhece que branco não é cor e o preto é ausência de luz. Leonardo
acrescenta o preto e o branco sendo importantes para os trabalhos dos pintores
produzirem efeitos de luz, sombra, e volume, em suas obras (PEDROSA, 2014).
Para Pedrosa (2009) e Silveira (2011), a teoria da perspectiva aérea descrita por
Leonardo Da Vinci procura explicar o distanciamento entre os objetos através das
cores. Mais especificamente, o pintor renascentista destacava a cor azul como
20
Entre as cores iguais, a mais excelente será aquela que esteja mais
próxima da cor que lhe seja contrária: como vermelho ao lado do que
é pálido, o preto com o branco, o amarelo dourado com o azul, o
verde com o vermelho; cada cor parece mais acentuada perto de sua
contrária do que ao lado de um similar [...] Se queres que a cor dê
graça à vizinha que lhe confina, vê os raios solares na formação do
arco-íris (DA VINCI, 1944 apud PEDROSA, 2009, p. 54).
o desvio da direção da cor (PEDROSA, 2009). Pedrosa (2014) declarou que Newton
talvez tenha se inspirado nos escritos de Leonardo Da Vinci sobre sombra e luz para
deduzir os índices de refração dos raios luminosos da natureza. Newton, em um
relatório de 1672 destinado à Royal Society, esclarece sobre o fenômeno dizendo:
No final do século XVIII Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) surge para
refutar a teoria lançada por Isaac Newton, propondo o estudo sobre a percepção das
cores direcionado ao campo da psicologia. Depois de anos de investigação sobre o
universo das cores, realizou o livro Doutrina das Cores, que diverge do que Newton
havia posto sobre os estudos cuja prioridade era a Física (SILVEIRA, 2011).
Para Goethe a cor está relacionada com a natureza, assim como o homem que
também a observa em seus fenômenos naturais. Então, para Goethe o que Newton
afirmou sobre a luz estava incorreto, porque “a luz era o ser mais simples, indivisível
22
e homogêneo conhecido e, sendo assim, ela não poderia ser dividida em luzes
coloridas [...], pois uma luz colorida seria sempre mais escura que a luz incolor”
(SILVEIRA, 2011, p. 31).
Goethe dividiu três estudos investigativos para a cor, de acordo com Pedrosa
(2009): cores fisiológicas, cores físicas e cores químicas. Primeiramente sobre a
fisiologia, Goethe aprimorou o estudo descrito por Da Vinci mostrando o
funcionamento entre a retina e o cérebro no momento da observação do colorido. As
cores físicas são denominadas de cores luz, porque a luz é sua fonte. Já para as
cores químicas seriam as cores pigmentos, aquelas derivadas de substância
química, exemplo da tinta. Apesar de Goethe não dar tanta relevância aos
fenômenos físicos quanto Newton, ele observou e comprovou que as três cores
bases luz são provenientes o azul-violetado, o vermelho, e o verde. E as três cores
bases pigmentos correspondem as colorações azul-ciano, magenta e amarelo
(PEDROSA, 2009).
Existem duas siglas de cores utilizadas no campo digital para o tratamento de
imagem: o RGB (Red, Green e Blue) usado nos visores de tela, pois a fonte é a luz e
se utilizam dessas três cores: vermelho, verde e azul-violetado; e o CMYK (Cyan,
Magenta, Yellow e Black) para impressão gráfica das imagens nestes pigmentos,
ciano, magenta, amarelo e preto, em que o K significa cor chave (Key), pois mesmo
com a mistura das três cores bases pigmentos não se obtém o preto absoluto
(PEDROSA, 2014).
Figura 6 - Paleta de cores bases luz de acordo com Johann Wolfgang von Goethe
(RGB)
Figura 7 - Paleta de cores bases pigmento de acordo com Johann Wolfgang von
Goethe (CMY)
Figura 8 - Círculo cromático das cores luz (primárias: vermelho, verde e azul-
violetado; secundárias: magenta, amarelo e ciano).
A mistura das três cores bases luz da mesma intensidade produz a luz branca
(Figura 8), já a mistura das três cores bases pigmentos forma uma cor próxima do
preto (Figura 9). Todas as três cores principais em cada configuração da cor são
necessárias para criar apoio e equilíbrio completos. Quando uma cor deriva das
duas principais, esta exige a terceira cor principal. Existem duas sínteses para cor
importantíssimas, são elas: aditiva e subtrativa. À síntese aditiva corresponde as
cores luz (vermelho, verde, e azul-violetado), as quais dão origem as demais cores.
Portanto, todas as cores estão contidas na luz. A síntese subtrativa corresponde as
cores pigmento existentes na matéria da natureza, da qual a cor é dada pela luz que
ela reflete (PEDROSA, 2014), como demostra a ilustração abaixo.
25
teórico de cada pesquisa para explicar o que chamamos de cor. A Teoria da Cor no
percurso da história foi tomando proporções maiores por causa das investigações na
física, fisiologia e psicologia, os quais proporcionaram aplicações nas artes visuais
em possibilidades estética da cor, “numa perspectiva que se desdobrará até a
produção de imagens coloridas do cinema [...]” (PEDROSA, 2014, p. 70).
Matiz, tom, croma, valor, luminosidade, brilho, saturação, intensidade são alguns
termos que ouvimos falar em relação a cor. Como indica Guimarães (2004) em um
quadro comparativo mostrando autores e suas nomenclaturas; revela:
sensação cor, isso significa dizer que cores primárias, secundárias e terciárias, todas
são matiz (PEDROSA, 2014). Já o brilho, designa a luminosidade ou obscuridade
incidente em um matiz, ou seja, é a presença ou não de luz (PEDROSA, 2014).
Outra definição para essa variação da cor é o dégradé, comum na linguagem de
quem trabalha com programas digitais, por exemplo. Veja na figura abaixo, um
exemplo da escala cromática do parâmetro de brilho:
A saturação significa a cor em seu estado mais puro, sem adição de branco ou
preto ou cinza, sendo bastante intensa. Também chamam de saturação de “cor
pura” (PEDROSA, 2014). Entretanto, misturando uma cor com a sua complementar
irá surgir o cinza, por isso, saturação também atribuem a quantidade de cinza
presente na cor. O exemplo abaixo segue uma escala com a mesma cor padrão da
ilustração anterior:
Itten (2003) elaborou um esquema visual de como seria a relação das cores nos
três parâmetros. Na horizontal o matiz, na vertical o brilho, e no centro de uma
esfera, a saturação.
28
3
“[…]each individual color is an universe in itself”.
29
A expressão da cor vem à tona quando faz sentido dentro de uma composição,
na qual a mesma participa como elemento causador daquilo percebido, podendo
gerar sensações à área colorida. Como afirma Fraser e Banks (2007, p. 121):
4
O círculo cromático é um instrumento simplificado de cores que possibilita esquemas de
combinações com mais confiança (SILVEIRA, 2011, p.137).
32
“A cor complementar é, grosso modo, a soma das cores que faltam à cor
observada para completar o quadro das três primárias” (BARROS, 2006, p. 89). Isso
fica claro na ilustração acima, que mostra a complementar do magenta o verde, em
que na composição do verde estão contidos amarelo e ciano. Amarelo e ciano são
justamente cores que completam o trio cromático primário junto com o magenta.
Dondis (1997) completa dizendo que a mistura das cores complementares
neutraliza o matiz passando a cinza, uma cor intermediária. Como vimos em
Arnheim (2000) e Itten (2003), no tópico anterior, sobre o eixo de saturação e sua
direção entre as cores, encontrando-se o cinza. Também podemos obter a cor cinza
a partir da mistura das três cores primárias pigmento (ciano, amarelo e magenta)
como também da mistura da pigmentação entre branco e preto.
33
Diante dos esquemas, de acordo com Pedrosa (2014, p. 130), “dois tons que se
complementam formam sempre uma dissonância – daí chama-se dissonante a
harmonização a que eles servem de base”. Ele completa “o tom que harmoniza uma
dupla de tons complementares é capaz de desalinhar todos as demais duplas
complementares”. Pedrosa (2014) propõe harmonia assonante definindo-a para as
relações entre três ou mais cores se equivalendo em nível de saturação. Essa
harmonização, Silveira (2011) organizou em: triádicas assonantes, complementares
divididas, esquemas com quatro cores, e esquemas com seis cores. Logo abaixo
estão alguns dos esquemas que Silveira propôs:
Apesar de existir todos esses esquemas para harmonização entre cores, eles
não são soluções para todos os problemas de combinações. Porque quando uma
cor se sobrepõe à outra, ocorre um fenômeno de mudança cromática, princípio que
Leonardo Da Vinci observou no processo de suas pinturas, o quanto as cores têm
afinidades e contrastes com outras entre si, exibindo alteração de brilho e de tom
(PEDROSA, 2014). A conexão das cores será sempre determinada pelo contexto.
36
Desta forma, podemos afirma que “um fundo branco de modo algum é um fundo
zero” (ARNHEIM, 2000, p. 335).
5
“These suggestion are intended to show that a theory of harmony does not tend to fetter the
imagination, but on the contrary provides a guide to discovery of new and different means of color
expression”.
37
Convém dizer que cada cultura constrói significados simbólicos diferentes para
as cores, equivalente com o contato entre a cor e seu sentido para determinado
povo. É importante ressaltar, pelas palavras de Silveira (2011, p. 132 e 133), que:
Entende-se que a função de informação cultural pela cor serve como recurso de
linguagem nos discursos e nas mídias (GUIMARÃES, 2004). Vejamos um exemplo
de como a cor constrói informação acerca da produção do texto imagem-criativa em
um discurso. O pato Donald, personagem de animação criado pelo Walt Disney em
38
1934, veste uma meia blusa azul e um chapéu azul. De acordo com Nader (2003),
Disney resolveu caracterizar o pato como um marinheiro por ser espécie de animal
que vive na água, elemento que por convenção lembramos logo da cor azul. Isso
acontece porque temos a capacidade de associar ideais a outras ideias pré-
existentes na nossa mente, aquelas aprendidas durante o percurso da nossa
existência.
A cor também exerce efeito psicológico, estudiosos da psicologia e da
antropologia concordam a existência de significados determinados para cores
básicas decorrentes do processo cultural que afeta qualquer pessoa (FARINA;
PEREZ; BASTOS, 2006). Portanto, a escolha da cor por um indivíduo depende de
seu interesse; porém, mesmo esse interesse, sofre impacto do consciente ou do
inconsciente. Fraser e Banks (2007, p. 20), dizem “que muitas cores sejam tratadas
de modo similar por diferentes culturas antigas pode sugerir que tenham algum nível
de significado intrínseco ou coletivo”.
Segundo o psicólogo Carl Jung (1993, p. 75), “como os instintos, os esquemas
de pensamentos coletivos da mente humana também são inatos e herdados. E
agem, quando necessário, mais ou menos da mesma forma em todos nós”. A seguir,
serão colocados em uma tabela os significados atribuídos às cores pelo uso
ocidental e contemporâneo com referência no estudo de Eva Heller (2013) sobre a
psicologia das cores.
A autora, Heller (2013), ainda inclui cores como prata e ouro, e lhes atribui
significados respectivamente, sendo: a cor da velocidade, do dinheiro e da Lua
(prata); dinheiro, sorte luxo (ouro).
Guimarães (2004) aponta que é possível obter um significado mais específico da
cor, por causa da sua relação com outros signos dentro do contexto, nos dando
resultados pela informação cromática, captamos uma linguagem através da cor.
Portanto, “se um indivíduo pensa, consciente ou inconsciente, em uma cor em
relação a determinado uso que irá fazer dela, é evidente que sua reação não é
diante da cor em si mas da cor em função de algo” (FARINA; PEREZ; BASTOS,
2006, p. 87).
Segundo Farina (apud MORAES; DELAMARE; SOUZA, 2012, p. 4),
Nesse contexto, Guimarães (2004, p. 87) afirma que “toda a força que a
informação cromática carrega consigo, e que, se bem utilizada, pode sempre ser
surpreendente”. Ademais, cor é um elemento poderoso como diz Gomes Filho (apud
MORAES; DELAMARE; SOUZA, 2012, p. 6):
6
Diz-se, a qualquer manifestação (decorativa ou outra) que adota elementos inusitados ou populares
considerados de mau gosto pela cultura estabelecida (FERREIRA, Aurélio. Miniaurélio: o
minidicionário da língua portuguesa dicionário. 7 ed. Curitiba: Positivo, 2008, p. 502).
40
Isso exposto, nos leva a afirmar que cor é algo que vai além do símbolo do que
elas simbolizam; cor é também um signo. Conforme Charlies Peirce (1839-1914)
(apud SANTAELLA, 2000, p. 28), “o signo é um veículo que comunica à mente algo
do exterior [...]”. Santaella (2008) define com base os estudos de semiótica de Peirce
que três modalidades descrevem o signo:
estações do ano com seus alunos da escola da Bauhaus7, e por meio dos estudos,
Itten demostrou que o gosto subjetivo não é suficiente.
Contudo, se o leitor compreende que o propósito até aqui foi discutir os aspectos
inerentes à cor, para mais adiante entendermos como funciona esse recurso no
contexto cinematográfico. Entenda que se tratando de cores ou ausência delas
(preto e branco), todas fazem parte da escolha da Direção de Arte para criar uma
paleta que tenda à harmonia, e ao sentido narrativo, alcançando dessa forma efeito
desejado e possibilitando uma leitura/interpretação coerente do filme pelas cores.
Isso corresponde dizer que cor é uma poderosa ferramenta de comunicação, capaz
de transmitir: sensação, simbolismo e mensagem.
7
Foi moderna escola alemã fundada em 1919 por Walter Gropius onde ensinavam design e
arquitetura (BARROS, 2006).
42
Filmes de cinema são capazes de envolver as pessoas de modo que elas não
lembrem de suas obrigações cotidianas nem do tempo cronológico, e,
proporcionam-nas “fazer parte” de uma realidade, que não é real, porém, instiga
sentimentos tão verdadeiros que ultrapassam a experiência visual provocada pela
exibição. Cineastas fazem uso de elementos como a cor para provocar sensações e
percepções no espectador. Entretanto, como se deu a introdução da cor no cinema?
Em 1895 no Grand Café Paris foi exibido publicamente o primeiro filme a partir
da invenção dos irmãos franceses Louis Lumière e Augusto Lumière, que juntos
construíram o cinematógrafo, uma máquina capaz de filmar e projetar para público
imagens que davam ideia de movimento. Esses filmes eram sem cor e sem som, e
exibiam cenas cotidianas como, A Chegada do Trem na Estação de La Ciotat
(1895), que mostrava passageiros à espera do trem na estação ferroviária de La
Ciotat, à chegada do trem acontece o embarque e o desembarque dos passageiros
(COSTA, 2011).
Fonte: <http://i.ytimg.com/vi/RP7OMTA4gOE/hqdefault.jpg>
Segundo Fraser e Banks (2007, p. 92), George Méilès foi o responsável por
apresentar filme com cor “no final do século XIX, o primeiro filme colorido, Le manoir
du diable, pintado a mão quadro por quadro”, técnica por algum tempo adotada.
Entretanto este curta metragem de Méilès exibido em 1896 é apresentado
totalmente em preto-e-branco (Figura 24). Isso indica que os autores Fraser e Banks
43
Fonte: Prata, Rafael Costa. A mansão do diabo (1896): o primeiro filme de terror da história do
cinema. Cinema da história. 25 jan. 2014. Disponível em:
<http://cinemadahistoria.blogspot.com.br/2014/01/a-mansao-do-diabo-1896-o-primeiro-filme.html>
Acesso em 1 out. 2015.
Fonte: <http://i.ytimg.com/vi/FbJw7jh8Bxg/hqdefault.jpg>
8
Pigmento marrom-avermelhado preparado com a siba ou sépia. É um processo químico de
colorização do filme fotográfico (FERREIRA, Aurélio. Miniaurélio: o minidicionário da língua
portuguesa dicionário. 7 ed. Curitiba: Positivo, 2008, p. 734).
44
Martin (1990) afirma que cor tem um propósito de criação além do fator “realista”
para o cinema. Acontece que a maioria dos produtores pensou na cor apenas como
recurso que completava a ideia de impressão de realidade no cinema. Mas, o que
marca a introdução desse recurso efetivamente é sua funcionalidade de “valores
(como o preto-e-branco) e das implicações psicológicas e dramáticas das diversas
tonalidades (cores quentes e cores frias)” (MARTIN, 1990, p. 68).
Outro método utilizado para colorir os filmes consistia em tingir a película de
maneira uniforme no intuito de indicar, através da cor, sentido para o filme. Os
esforços para desenvolver novas tecnologias que implementassem as cores no
cinema, trazendo –as mais próximas à natureza, filtros coloridos foram produzidos
em prol da rapidez de formar cenas coloridas. No entanto, esse processo
necessitava que as cenas fossem gravadas mais de uma vez, pois cada filtro da
câmera deveria ser trocado para fornecer as imagens bicolores (FRASER; BANKS,
2007).
De acordo com Costa (2011), o Kinemacolor foi criado por G. Abert Smith (1864-
1959) no ano de 1906 no Reino Unido. Entretanto, o Kinemacolor durou apenas
nove anos por certas dificuldades, como, durante a exibição do filme, levava a
necessidade de um filtro adicional na hora da projeção, o que requereria uma
iluminação diferenciada do padrão. Isso representou um obstáculo na aderência do
produto Kinemacolor que apesar do curto sucesso demostrou o potencial do
mercado de filmes coloridos, despertando o interesse para a criação de novas
tecnologias da cor para o cinema (COSTA, 2011).
A Kinemacolor abre espaço para a empresa norte-americana Technicolor, criada
por um grupo que obteve vantagem desde o começo com o processo subtrativo
bicolor, que exigia menos procedimentos laboratoriais e mais atenção no tingimento
e matização das cores, problemas que os outros sistemas de cor não haviam
solucionado até o momento. De acordo com Fraser e Banks (2007, p. 92), a câmera
da Technicolor
O primeiro filme a usar essa tecnologia foi The Troll of the Sea (O pedágio do
mar) dirigido por Chester M. Franklin em 1922, o qual “arrecadou mais de 250 mil
dólares, dos quais a Technicolor recebeu 160 mil” (FIELDING, 1967 apud COSTA,
2011, p. 50). Com o sucesso do filme, aumentaram as demandas para a
Technicolor, porém, surgiram problemas com relação a prazos de distribuição e de
exibição, já que as imagens que eram compostas com vermelho e verde na projeção
não ficavam bem acentuadas na tela. Para o diretor membro da Tchnicolor H. T.
Kalmus (1967), a empresa não teria sobrevivido se não fossem as series de curta-
46
Contudo, quando o cinema introduz o som (óptico) no filme O Cantor de Jazz (A.
Crosland, 1927), intensificam-se os experimentos para o uso de cores em filmes, o
que resulta no lançamento da película de três cores: vermelho, verde, azul-violetado
(as três cores primárias luz); sistema tricolor lançado em 1932 pela Technicolor
(FRASER; BANKS, 2007). Para Costa (2011) outro fator que explicam o sucesso da
Technicolor a partir de 1930, foi o interesse da indústria em inovar mais produções
de gêneros específicos como musical, comédia, aventura, épico histórico e desenho
animado, que já usavam o sistema bicolor da Technicolor.
Deve-se notar que a Technicolor tinha por finalidade divulgar o funcionamento
do produto a partir dos desenhos animados de Disney, com o intuito de despertar o
interesse em outros estúdios produtores de filmes e, confirmar a eficácia da
tecnologia aplicada à cor do seu produto (COSTA, 2011). Em 1932, Walt Disney
ganhou o Oscar pelo filme de animação colorido “Flower and Tree (Flores e árvores),
o primeiro da série que ele chamou de Sinfonias tolas, tornou-se o primeiro desenho
animado em cores” (NADER, 2003, p. 72).
9
Diz-se filme com duração máxima de 30 minutos. (FERREIRA, Aurélio. Miniaurélio: o minidicionário
da língua portuguesa dicionário. 7 ed. Curitiba: Positivo, 2008, p. 282).
47
Fonte: Animation begins. Tag archives: silly symphonies. 23 nov. 2011. Disponível em:
<https://animationbegins.wordpress.com/tag/silly-symphonies/> Acesso em 1 out. 2015.
O apoio de Disney fez com que estúdios solicitassem o uso da cor Technicolor.
Porém os estúdios teriam que esperar até 1935 por causa do acordo entre a
empresa Technicolor e Disney, pelo direito exclusivo do sistema tricolor. Por isso,
apenas em 1935 foi lançado o primeiro filme larga de gênero realista em cores
Vaidade e Beleza (de Rouben Mamoulian) em tecnologia tricolor. Até então esse
recurso era mais aplicado a gêneros não-realistas, como desenhos animados.
Fonte: <http://i.ytimg.com/vi/xbx8kZwxnzg/hqdefault.jpg>
Fonte: Muller, Marcos. Os guarda-chuvas do amor. O muno marco. 25 mar. 2015. Disponível em:
<http://omundodemarco.blogspot.com.br/2010/07/eu-bem-pensei-ser-verdade_31.html> Acesso 15
out. 2015.
10
[...] diegese é, com certeza, tudo o que se refere à expressão, o que é próprio do meio; um
conjunto de imagens específicas, de palavras (faladas ou escritas), de ruídos, de música – a
materialidade do filme (VONOYE; GOLIOT-LÉTÉ, 2012, p. 38).
52
11
Linguagem emprestada à nomenclatura inglesa que significa um roteiro de planejamento visual de
cada cena a serem filmadas. Os storyboards são desenhos de cenas do filme que serviram de
referência para a equipe cinematográfica realizar a prática (Associação Brasileira de Cinematografia.
Storyboard. ABCINE. Disponível em: <http://www.abcine.org.br/servicos/?id=158&/storyboard>
Acesso em: 06 out. 2015.
12
“The photographs function if not simply as illustrations, then as the parallel register os na argument
independently sustained”.
53
13
“A expressão francesa mise-en-scène (literalmente, colocação em cena) é um termo holístico útil
para os aspectos da direção que ocorrem durante as filmagens” (RABIGER, 2007, p. 253).
14
“Our own color control department was doing everything possible to consult with and advise
directors, authors, art directors, wardrobe heads, paint departments was being expanded as fast as
practicable. But there was more involved than question of composition and design”.
54
Neste capítulo analisaremos a cor no filme Alice no país das maravilhas (Tim
Burton, 2010). Produzido pela Disney, lançado em março de 2010, com direção de
Tim Burton, tendo como referência as obras literárias “As aventuras de Alice no país
das maravilhas” e “Através do espelho e o que Alice encontrou por lá” escritas por
Lewis Carroll (1832-1898). Diz respeito à história de uma garota curiosa chamada
Alice, que persegue um coelho branco de paletó e relógio encontrando um mundo
fantástico, onde animais falantes e personagens esquisitos convivem com Alice.
Nessa aventura, Alice conforma-se consigo e com o mundo, pois gostaria de crescer
e construir um mundo novo como ela imagina, no País das Maravilhas.
O clássico da literatura infantil, As aventuras de Alice no país das maravilhas,
teve sua primeira adaptação para o cinema em 1903 por Peter Stow e Cecil
Hepworth. E em 1951, em desenho animado pela Disney; e sua mais ressente em
2010, que arrecadou $116.101.023,00 de dólares na primeira semana, de acordo
com o site de bilheteira dos Estados Unidos Box Office Mojo 16, vencendo o Oscar
em 2011 nas categorias de melhor Direção de Arte e melhor Figurino.
De acordo com Ferreira (2010), o diretor Tim Burton introduz características
estéticas marcantes em seus filmes trazendo sempre temas bizarros, sombrios,
melancólicos, e aterrorizantes, porém estes são tratados com um humor infantil. Isso
recai sobre as cores presentes nos filmes de Burton, e Alice não foge dessa
tendência. Com cores por vezes saturadas e outras vezes dessaturadas, cores com
pouco brilho, Burton consegue dramatizar a obscuridade nos filmes. Isso é notório
quando observamos as paletas de cores retiradas de uma imagem do filme Alice
(2010) pela designer gráfica Radulescu (2013), que expõe em seu projeto Movies in
color, paletas de cores retiradas através de imagens de filmes.
16
Site dos EUA que mostra de forma sistemática o orçamento das bilheterias de filmes. Disponível
em: <http://www.boxofficemojo.com/movies/?id=aliceinwonderland10.htm>. Acesso 22 out. 2015.
57
Figura 30 - Paletas de cores retiradas de uma imagem do filme Alice no país das
maravilhas (2010)
Fonte: <http://moviesincolor.com/tagged/alice-in-wonderland>
3.1 Azul
58
Em Alice no país das maravilhas, a cor azul funciona também para compor a
estética e a dramaturgia da personagem Alice em cena. Como por exemplo na
Figura 2, a penúltima noite de Alice no País das Maravilhas, quando Alice conta para
o Chapeleiro Maluco que tudo não passa de um sonho. Essa é uma cena
comovente, porque é uma despedida entre Alice e o seu amigo Chapeleiro. Nessa
cena, os dois terminam a conversa contemplando o céu infinitamente azul. Azul, cor
da saudade e do irreal, “para Klein, o azul era a cor das possibilidades ilimitadas”
(HELLER, 2013, p. 26). Portanto, o azul, foi a escolha “maravilhosa” para esta cena
e para o filme como um todo, porque o azul é a cor do ilimitado, no texto fílmico que
instiga a acreditar no “sonho impossível”.
3.2 Vermelho
3.3 Branco
3.4 Cinza
Outro ponto relevante sobre as cores no filme Alice (2010) é a diferença de tons
claros e escuros, que através do brilho das cores, as próprias, informam sobre o
espaço-tempo de Alice, isto é, se ela está no espaço da realidade ou da fantasia.
Essa é uma mensagem transmitida pela cor utilizada já para dar a diferenciação,
69
17
Comentários sobre o filme no bônus do DVD Alice no País das Maravilhas (2010).
70
Conteúdo:
Cores primárias e secundárias.
Objetivo geral:
Aprender a diferenciar as cores primárias e secundárias.
Objetivos específicos:
Observar como se originam as cores secundárias;
Experimentar a mistura de cores primárias;
Refletir o porquê da diferença entre cores primárias e secundárias;
Identificar e refletir sobre as cores presentes no cotidiano.
Recursos:
Cores de cada grupo: 7 círculos coloridos azul, amarelo, vermelho, laranja, violeta, e
6 círculos verde e azul-violetado; ( qualquer forma ou recurso que dividam os alunos
por cores);
50 cópias da atividade em papel offset 180g; (apêndice B);
2 tintas tempera guache de 250ml (nas cores amarela, ciano, magenta);
50 pincéis chatos;
Recipiente para por água (um recipiente que caibam todos os pincéis ex.: caixa de
sorvete);
73
Método:
Conversar com os alunos sobre cores com a finalidade de saber qual o
conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto, partindo de perguntas como: o
que é cor? Por que no escuro não enxergamos as cores? O que já ouviram falar
sobre cores primárias e secundárias?
Escrever na lousa as respostas dos alunos, e acrescentar oralmente conhecimentos
que some aos dos alunos;
Inserir os alunos de forma lúdica em um laboratório de ciências fictício em sala,
dizendo para eles que são todos cientistas e necessitam das cores laranja, roxo e
verde mas só têm magenta, amarelo e ciano, com a finalidade de prender a atenção
dos alunos e saber se eles conhecem quais as misturas para obterem as
secundárias;
Fazer a mistura de cores para os alunos verem que por meio de duas cores
primárias se origina outra cor, uma cor secundária;
Entregar para cada aluno um círculo com uma determinada cor, de modo que ao
final eles se diferenciam em grupos pelas cores, por exemplo: grupo azul, grupo
vermelho...
Instruir o modo de fazer a atividade e o que eles deverão fazer quando terminarem;
questão de comportamento e organização;
Por último, revisar o que foi aprendido sobre cores.
Avaliação:
O aluno será avaliado pelo comportamento, habilidade, desempenho na atividade
em grupo, e oralidade. Visto isso, a avaliação consiste ser processual, observando a
postura do aluno em sala e em seu processo durante a atividade com a finalidade de
alcançar o ensino-aprendizagem que culmina em abranger o conhecimento sobre
cor. Contudo, a avaliação não se restringirá aos alunos, caberá uma autoavaliação
do professor em sala de aula.
4.1.2 Realidade
também existem cores frias e cores quentes e por último uma aluna citou que existe
cor pigmento.
Tudo foi anotado no quadro para que todos os alunos recapitulassem e
visualizassem o que eles tinham de base sobre cor, e de certa forma serviria de
ponto de partida para a profundar o conhecimento. Portanto, foi feita a seguinte
pergunta: Já que a turma sabe que existem cores primárias, secundárias e
terciárias, então, o que é cor? A turma ficou silenciosa e os alunos ficaram se entre
olhando. Brevemente foi explicado que cor é sensação e que só podem enxergá-la
por causa da luz. Para ficar mais claro, foi dado um exemplo: quando acontece à
falta de luz, especificamente à noite e não conseguimos ver as cores dos objetos.
Entendido isso, foi revelado que existem duas categorias de cores: a cor luz e a
cor pigmento, e principalmente a última é a atividade do dia, ou seja, o foco da aula
são cores pigmento e suas misturas.
Foi por meio de garrafas pets, água e anilina nas cores azul, amarelo, e
vermelha (infelizmente não foi encontrada anilina magenta), que misturadas obtém-
se as cores laranja, verde e violeta, propositalmente para a turma observar as
misturas de cores, e quais são as cores primárias e secundárias. Depois disso, a
turma foi divida em sete grupos, nas sete cores do arco-íris, entregue para cada
aluno um círculo de uma cor para formarem grupos. Em seguida com os grupos
formados, a atividade de pintura foi iniciada.
Apesar de a turma ser numerosa e o espaço são ser o mais adequado, os
alunos foram cooperativos e colaborativos na atividade. Alguns alunos disseram que
não tinham feito trabalho algum com tinta, e talvez por isso que a maioria fez com
muito cuidado e capricho a atividade.
No final da aula, um feedback foi feito com os alunos sobre o que tinham
aprendido na aula. As repostas foram satisfatórias e gratificantes. E, quando chegou
o momento de recolher as atividades. Os alunos gostariam de ficar pra levar para
casa a atividade, mas infelizmente a atividade precisava ser avaliada antes de ser
entregue. Avaliar questão de organização e mistura das cores corretamente (Anexo
B exemplos da atividade feita pelos alunos). Além disso, autoavalição da
metodologia da aula (Anexo A registro fotográfico da aula).
75
CONCLUSÃO
Podemos afirmar que o uso da cor no filme Alice no país das Maravilhas (2010)
tem intenções que ultrapassam a funcionalidade estética, visto que as cores: Azul,
Vermelho, Branco e Cinza formam uma paleta de cores que foi pretensiosamente
articulada com a intenção de influenciar, intensificar e transmitir emoções e
mensagens, as quais são significativas para a construção do texto fílmico, sendo por
meio da análise da cor no filme, possível decifrar as significações desse elemento
para o conteúdo comunicativo.
Para analisar a cor, foi necessário primeiramente compreender o que é cor, o
que representou entrelaçar saberes sobre física, fisiologia e cultura, além de se
mostrar essencial para esta análise, discutir a cor sobre o ponto de vista de aspectos
psicológicos, os quais têm estreita relação com o saber cultural. Além disso, vimos
que o estudo sobre a cor se desenvolve há anos e que cada teoria contribuiu para
construir o que hoje definimos sobre cor, portanto, indispensável compreender o
contexto histórico do estudo sobre esse elemento. Nesse percurso, vale salientar,
que mesmo existindo métodos para combinar as cores, ainda se sobressai o quesito
da sensibilidade de combiná-las harmonicamente.
A partir desses conhecimentos, ficou evidente a importância de discutirmos o
uso da cor no meio cinematográfico com a finalidade de analisar o filme Alice no
País das Maravilhas. O que certamente foi primordial entender como se deu a
introdução da cor no cinema frente alguns obstáculos, que foram superados pelos
desenvolvimentos de recursos que possibilitaram a equipe cinematográfica explorar
criativamente a cor nos filmes. Vale lembrar que cabe à direção de arte pensar como
utilizar a cor para a estética e comunicação, além de escolher uma paleta de cores
significativa para alcançar coesão do início ao fim da história.
Todos os conhecimentos sobre a cor culminaram na análise de Alice no país
das Maravilhas, entendendo sua influência, intensidade e transmissão de emoções e
mensagens significativas para a construção do texto fílmico.
A pesquisa também expandia-se para âmbitos pedagógicos demostrando a
importância de aprender sobre os conhecimentos fundamentais sobre o elemento
visual cor presente em nosso cotidiano.
Esse trabalho, enfim, servirá de base para futuras pesquisas que abordam os
temas aqui tratados.
76
REFERÊNCIAS
ALICE no país das maravilhas. Direção: Tim Burton. Produção: Walt Disney Pictures,
Roth Films, The Zanuck Company, Team Todd, Tim Burton Productions. Intérpretes:
Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway. Roteiro:
Linda Woolverton (Lewis Carroll). Música: Danny Elfman. Estados Unidos: Disney,
2010. DVD (108 mim), longa-metragem, son, color.
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Paulo: Pioneira, 2000.
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<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI105773-15220,00-
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2013. Disponível em: <http://www.papodehomem.com.br/10-filmes-cuja-cor-exerce-
um-papel-fundamental-listas-descaralhantes-12/>. Acesso em: 15 set. 2015.
77
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cinema. Curitiba, PR: CRV, 2011.
FORLANI, Marcelo. Diretor fala sobre o envolvimento com a história, atores, 3-D e
Comic-Com. Alice no país das maravilhas: omelete entrevista Tim Burton. Filmes,
Omelete, 22 abr. 2010. Disponível em:
<http://omelete.uol.com.br/filmes/entrevista/alice-no-pais-das-maravilhas-omelete-
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HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão.
Tradução de Maria Lúcia Lopes da Silva. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
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<https://direcaodeartedesign.wordpress.com/2011/08/21/alice-no-pais-das-
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VANOYE, Francis; GOLIOT- LÉTÈ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. 7 ed.
São Paulo: Papirus, 2012.
81
APÊNDICES
Alice Kingsley é uma garota que mora na Inglaterra por volta do século XIX, que
desde criança tem o mesmo sonho, de que está perseguindo um coelho branco que
veste paletó e tem um relógio. Em busca de alcança-lo, Alice acaba caindo em um
buraco que a leva para um lugar subterrâneo onde abitam seres que falam, como
uma lagarta azul, um pássaro azul dodô, um gato com habilidade de desaparecer,
uma lebre maluca e um chapeleiro maluco que vivem bebendo chá. Passando-se
treze anos em que esses sonhos são constantes, a garota já adolescente não
entende o porquê deles e mal espera para o que irá lhe acontecer.
Com a morte do pai, a empresa da família de Alice é comprada uma parte por
um dos sócios, quem tem a intenção de conseguir a outra parte unindo seu filho a
Alice, a mais nova herdeira da família. A garota é convidada para um baile de
socialites onde sua a mãe acompanha com certo interesse. A mãe de Alice pretende
manter sua posição e imagem diante das pessoas, apesar da infeliz condição da
família, desesperadamente, concorda em casar a jovem filha com um lorde,
justamente filho do sócio ambicioso.
Duas garotas contam a Alice que o lorde pedirá sua mão em casamento, onde
todos ali presentes estão esperando pelo pedido, ou seja, é um noivado no qual
Alice não fazia ideia do destino que a guardava. Isso deixa a garota confusão e
pressionada, principalmente depois da conversa com a mãe do lorde no jardim de
flores brancas, onde Alice ver o mesmo coelho branco de seus sonhos.
O coelho branco reaparece no momento em que o lorde faz o pedido para Alice,
ela subitamente decide correr atrás do coelho como uma forma de escapar daquela
situação. O coelho branco a leva Alice até para um buraco, onde ela acaba caindo e
chegando num mundo subterrâneo ao contrário, este é obscuro e misterioso.
Contudo, Alice encontra uma pequena porta que dá acesso a um lugar surreal, onde
o pássaro azul dodô, os gêmeos Tweedles, o camundongo dormidongo e o coelho
branco, esperam por Alice para lutar contra o dragão Jaguadarte e restaurar a paz,
no chamado País das Maravilhas.
82
ANEXOS