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CONDUTA MEDIÚNICA

(É preciso se educar para poder servir)

Rubens Santini – Abril/1995 – Distribuição gratuita


2

“Todo o homem sem o autoconhecimento, enxerga facilmente os


erros pequenos em seu semelhante, mas não percebe os erros
grandes dele mesmo. Para os erros pequenos dos outros, o
egoísta usa uma lente de aumento; para os erros próprios, ele
inverte a lente de maneira que diminui, em vez de aumentar os
seus próprios defeitos. Tudo isto é conseqüência da sua falta
de autoconhecimento. Quem conhece realmente a si mesmo,
percebe com facilidade até os menores deslizes em si mesmo, e
presta pouca atenção às faltas dos outros; e, no caso que as
perceba, não é para censurar, mas para ver se pode ajudar a
corrigi-las.”
(Huberto Rohden)

“Todo médium que começa a ver defeitos nos outros médiuns


está destruindo a sua própria obra. Passa de construtor
evangélico a carrasco do bem que existe em todos. A verdade
não carece de defesa humana. Por si mesma se liberta. O tempo
é a voz de Deus, que seleciona e executa somente a Sua
magnânima vontade. ”

(Bezerra de Menezes)
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Índice

Prefácio .................................................. 4

Introdução ................................................ 5

Conquistando a mansuetude ................................. 6

O médium deve sempre perdoar .............................. 7

Passividade ............................................... 8

Teoria e prática .......................................... 9

Disciplina e responsabilidade ............................ 10

Reflexão sobre a humildade ............................... 11

O crivo da razão ......................................... 12

Os excessos da autocrítica ............................... 13

Liberdade controlada ..................................... 15

O estudo constante ....................................... 17

Servindo silenciosamente ................................. 18

A posição do médium ...................................... 19

Educação mediúnica ....................................... 20

O hábito da prece ........................................ 22

O médium e o seu Guia Espiritual ......................... 23

Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem ............ 26

Como o médium deve se comportar dentro do Centro Espírita 32

A importância da meditação ............................... 33


4

Prefácio

Este presente trabalho ficaria totalmente invibializado,


se não fosse feito, preliminarmente, os estudos das obras de
Allan Kardec.
5

Introdução

Existem muitos médiuns que acham que é só dentro do


Centro Espírita que eles exercem a sua mediunidade.
Grande engano, meus Irmãos! Somos médiuns durante as 24
horas do dia.
Os Espíritos sofredores são muitos. Somos assediados a
todo o momento por eles: em casa, no trabalho, na rua,...
Muitas vezes, com uma simples oração, mentalmente, pode-
remos aliviá-los o coração.
O médium é um farol no meio de uma noite dentro do
oceano. E é por essa luz, que muitas vezes, os sofredores são
atraídos.
Daí a importância do medianeiro estar sempre atento e
vigilante.
Lembram-se do “orai e vigiai” que tanto Jesus nos
ensinou?
Vocês sabiam que o Plano Maior, em certos casos,
autoriza as Entidades que foram doutrinadas nos trabalhos
práticos, dentro do Centro Espírita, a acompanharem os
médiuns e, ficarem com eles por um determinado tempo, para
observá-los e verificarem se tudo aquilo que falam dentro do
Centro, eles realmente praticam no seu dia-a-dia?
Portanto, é muito importante que busquemos, a todo
instante, o nosso aprimoramento moral e o nosso estudo
constante.

Aquele que não deseja educar-se, não é útil para


servir.

E a Doutrina Espirita é bem clara nesse aspecto:

“Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento;


Instruí-vos, eis o segundo”
E aqui, meus queridos Irmãos, eu apresento um trabalho,
no qual meu único mérito é a sua organização, de onde extraí
textos de livros dos mais diversos autores, com a intenção de
incentivar os Espíritas-Cristãos a continuarem a estudar a
mediunidade e, para que possamos melhor servir ao Plano
Espiritual.

Que Jesus reine em nossos corações!

Rubens Santini
São Paulo, 22 de abril de 1995
6

Conquistando a mansuetude

Se estamos reencarnados no planeta Terra, é porque ainda


temos muitos débitos, muitas correções a serem feitas em
nosso interior e com as pessoas que nos rodeiam.
Para isto, há necessidade de muito esforço próprio e a
vontade consciente para o crescimento espiritual.
Quanto mais vamos subindo nesta escalada de
aprimoramento moral, parece que “provas” são colocadas em
nosso caminho para ver se realmente aprendemos a lição.
Muitas vezes somos “tentados” para ver se queremos realmente
seguir esta vereda.
Nascemos em família, onde muitas vezes, temos problemas
de relacionamento com determinadas pessoas. Em nosso ambiente
de trabalho, há um clima de competição, com a pura intenção
de aumentar a produção da empresa. Na rua, estamos sujeitos
aos imprevistos do trânsito tumultuado e violento.
E muitas vezes, nós entramos em sintonia com essas
vibrações e ficamos totalmente desequilibrados, tendo, a
partir daí, um comportamento nada condizente com tudo aquilo
que estudamos, e que foi pregado pelo Cristo.
Geralmente reclamamos que as pessoas não nos entendem.
Por mais benfeitorias que fazemos, mais reclamamos que somos
maltratados. Aí vai uma palavra de incentivo: pois fiquem
sabendo que o Cristo as colocou em nosso caminho, para que
possamos ensiná-las a viverem em harmonia. Para que possamos
demonstrar na prática, e não só na palavra, tudo aquilo que
Ele nos ensinou.
Não critiquem, não culpem, não revidem!
Incentivem, perdoem, resignem-se, sejam humildes e
caridosos!
Demonstrem como gostariam que fossem tratados.

Meimei, através de Chico Xavier, dizia: “Jesus rendia


graças a Deus, auxiliando o próximo. Cooperando de boa-
vontade com os outros, estaremos servindo a Deus”

Quando alguém lhe desferir alguma injúria, uma ofensa ou


um ato de desamor, reze por ela. Imagine-a envolta em uma luz
azulada, com os Anjos Celestiais em sua volta, a
sensibilizando e a intuindo para a prática de atos de Amor e
Solidariedade.
E daí veremos, através desta prática constante, que uma
Paz interior irá brotar dentro de nós. Sentiremos muito mais
leves e, com certeza, de que estaremos conquistando a nossa
mansuetude.

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O médium deve sempre perdoar(1)

“A mediunidade tem muitas glórias, mas não as glórias


que o mundo costuma oferecer.
O maior contentamento que provém dela, é o de podermos
ser úteis, sem que os outros saibam de nossa utilidade,
procurando perdoar os irmãos, sem vislumbres de humilhação.
Adverte-nos o bom senso de que o silêncio é o melhor
ambiente para o esquecimento do mal.
O médium que for vítima da maledicência não deve remoer
ressentimentos, para não entrar na faixa do perseguidor.
Quando oprimido e perseguido, deve procurar no Evangelho
algo de bom, como nos exemplos:

“Quando alguém bater em tua face, oferece-lhe também a


outra.”

Quando o médium for ferido em sua sensibilidade, deve


preparar-se novamente para outras etapas, pois quando estas
vierem, já estará firme para o esquecimento de todas as
ofensas.
Eis aí o perdão que liberta todas as tentações das
trevas.
Não devemos perder a fé, porque a confiança nos poderes
de Deus nos torna maiores diante de todas as investidas do
mal e nos fortalece para que consigamos, sempre, livrarmo-nos
das emboscadas daqueles que odeiam a Luz. ”

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“Nas edificações espirituais ligadas a área mediúnica, alguns


requisitos são exigidos:

- disciplina e confiança em Deus;


- constância na execução das tarefas;
- aquisição contínua de novos conhecimentos.

Esforço demanda tempo, realização não se improvisa.


O obreiro da mediunidade não deve almejar realizações
superiores de um dia para outro, nem fenômenos que vislumbrem
e encantem.
É fundamental educar a alma, corrigir a mente, para que o
coração se esclareça. “(2)

(1)
"Segurança Mediúnica" - de Miramez, através de João Nunes
Maia - Fonte Viva.
(2)
"Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva - FEB
8

Passividade

Em “Diversidades de Carismas”, Hermínio C. Miranda nos


relata que existem Centros Espíritas que impõem um rígido
padrão de comportamento mediúnico, e muitas vezes, “regras”
inibidoras: o médium tem que ficar imóvel, olhos fechados,
mãos juntas e abandonadas sobre a mesa, manter o tom de voz
sereno (sem elevações), nenhuma forma de movimentação do
corpo, dos membros e da cabeça.
Hermínio C. Miranda acha que deve haver certa
naturalidade e espontaneidade nas manifestações, afinal, o
médium não é nenhum robô, que filtra sentimentos e emoções da
Entidade comunicante. E nos relata ainda:
“... permitindo que o Espírito manifestante pudesse
expressar-se convenientemente, dizer enfim ao que veio e
expor sua situação a fim de que pudesse ser atendido ou, pelo
menos, compreendido nos seus propósitos. Se ele vinha
indignado por alguma razão - e isto é quase que a norma em
trabalhos dessa natureza -, como obrigá-lo a falar
serenamente, com voz educada, em tom frio e controlada? Somos
nós, encarnados, capazes de tal proeza? Não elevamos a voz e
mudamos o tom nos momentos de irritação e impaciência? Como
exigir procedimento diferente do manifestante e do médium?
Afinal de contas, se a manifestação ficar contida na rigidez
de tais parâmetros, acaba inibida e se torna inexpressiva,
quando não inautêntica, de tão deformada. Em tais situações,
é como se o médium ficasse na posição de mero assistente de
uma cena de exaltação e a descrevesse friamente, em voz
monótona e emocionalmente distante dos problemas que lhe são
trazidos. É preciso considerar, no entanto, que ali está uma
pessoa angustiada por pressões íntimas das mais graves e
aflitivas, muitas vezes em real estado de desespero, que vem
em busca de socorro para seus problemas, ainda que não o
admita conscientemente. Não é uma vaga e despersonalizada
Entidade, uma abstração, mas um Espírito que se manifesta. É
um ser humano vivo, sofrido, desarvorado, que está precisando
falar com alguém que o ouça, que sinta seu problema pessoal,
que o ajude a sair da crise, por alguns momentos, o abrigo de
um coração fraterno. O médium frio e com todos os freios
aplicados à manifestação não consegue transmitir a angústia
que vai naquela alma. É um bloco de gelo através do qual não
circulam as emoções do manifestante, a pungência de seu
apelo, a ânsia que ele experimenta em busca de amor e
compreensão. Nenhum problema é maior, naquele instante, para
o manifestante do que o seu, nenhuma dor mais aguda do que a
sua.”
A manifestação deve realmente ser disciplinada, sem
grandes ruídos, sem palavras descontroladas e de baixo calão,
mas deve, além de tudo, ser feita com naturalidade e
espontaneidade, dando oportunidade para a Entidade manifestar
o seu lado psicológico e emocional.

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Teoria e prática(3)

“Tanto os livros da Codificação Espírita, como os demais


autores responsáveis, insistem em algumas constantes que não
podem ser desatendidas, sem grave prejuízo para o trabalho
mediúnico que se programa: a primeira delas é o estudo
teórico constante das questões pertinentes, em paralelo, com
experimentação.
Em seu livro “The Univerty of Spiritualism”, Harry
Boddington, é incisivo neste ponto ao escrever:

“Tais considerações demonstram a insensatez de tentar,


primeiro, desenvolver a mediunidade e, depois, estudar o
ABC do assunto (...). A recusa do estudo prévio do assunto
nasce da tola noção de que a mente muito cultivada é um
empecilho à manifestação dos Espíritos. Essa gente diz
candidamente que jamais lê coisa alguma. É esta teimosa
ignorância que mantém o baixo conceito do espiritismo.”
Ressaltando que o livro se destina ao contexto espiri-
tualista inglês e tem mais de 40 anos de publicação, é
preciso admitir que ele não deixa de ter fortes razões para
assim enfatizar este aspecto. Mesmo porque, como assinala
mais adiante, o trato com os Espíritos demonstra precisamente
o contrário do que pensam os despreparados manipuladores da
mediunidade: quanto melhor o cérebro, melhor o instrumento
mediúnico.
Isto porque os Espíritos manifestantes trabalham de
preferência com o material armazenado no inconsciente do
médium, ou seja, com os recursos que ele possui e que coloca
à disposição do manifestante. Quanto melhor a qualidade e a
variedade dos conhecimentos do médium, mais fácil e de melhor
nível serão as comunicações.
O que leva a complicações e até obsessões graves é
entregar-se cegamente à experimentação sem apoio, sem
orientação e sem estudo.
Muitos afirmam, orgulhosamente, que não precisam estudar
porque aprendem com os próprios Espíritos. Não é bem assim.
Sem dúvida, o prolongado e disciplinado intercâmbio com os
Espíritos de mais elevada condição evolutiva, como no caso do
nosso querido Chico Xavier, contribui de maneira ponderável
para o aprimoramento moral e intelectual do médium
responsável, mas são os Espíritos os primeiros e mais
insistentes em recomendar ao médium que leia, estude,
observe, medite, pergunte a quem saiba, permaneça vigilante e
ore com freqüência para manter o que amigos nossos costumam
chamar de teto espiritual. ”
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"Diversidade dos Carismas" - Hermínio de Miranda -


(3)

Publicações Lachƒtre.
10

Disciplina e responsabilidade(3)

“O principal obstáculo na fase inicial do treinamento


mediúnico está na ânsia prematura de obter mensagens
reveladoras antes de um claro entendimento do processo e de
suas dificuldades.
Há tarefas no aprendizado que competem nitidamente ao
médium realizar e ele não deve sobrecarregar os Espíritos
manifestantes, seus Mentores ou Guias com obrigações e
esforços de sua responsabilidade pessoal; mesmo porque em
geral os primeiros Espíritos que se aproximam de um médium
iniciante são os de mais baixa condição, como assinalou os
textos confiáveis de Kardec e de seus continuadores.
O médium é que terá de esforçar-se por adotar uma
disciplina pessoal que possibilite a aproximação de seus
amigos espirituais. (...)

A tarefa do médium é explorar o universo do pensamento.


O médium precisa manter desobstruídos os canais
psíquicos por onde circulam suas idéias para que por esses
mesmos canais e com esse mesmo material psíquico, utilizando-
se de sua energia mediúnica, possam os Espíritos igualmente
fazer circular suas idéias.
Mediunidade é pois uma transfusão de pensamentos, mesmo
quando se trata de energia destinada à produção de efeitos
físicos, de vez que é o pensamento e a vontade dos Espíritos
que as direcionam.
Por outro lado, o médium é um ser que franqueou o acesso
da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados.
Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e
preguiça, estará chamando para sua convivência Espíritos
semelhantes.
A mediunidade é um instrumento de trabalho, não para uso
e gozo pessoal, mas para servir. (...)
A mediunidade é uma responsabilidade, um compromisso,
uma tarefa a realizar. Longe de ser um ônus insuportável, é
um privilégio concedido para servir ao próximo e,
conseqüentemente, importante fator de aceleramento do nosso
próprio ritmo evolutivo. ”

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"Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda
11

Reflexões sobre a humildade(3)


“Muitas mediunidades promissoras naufragam logo no
inicio, aos primeiros embates, por excesso de confiança ou
temor exagerado, por desânimo ante as dificuldades iniciais,
por falta de perseverança no treinamento ou por desinteresse
em promover certas mudanças íntimas, renunciar a algumas
comodidades e pequenos vícios de comportamento ou de
imaginação.
São muitos, ainda os que julgam que basta sentar-se à
mesa mediúnica para começar a produzir fenômenos notáveis,
receber Espíritos elevados, ter vidências espetaculares ou
curar doenças irredutíveis.
Nada disso! A primeira atitude a adotar-se, seja ou não
este conselho tido como “pregação”, é a de HUMILDADE.
Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou
servir de veículo a revelações sensacionais.
É mais fácil perder-se uma oportunidade de exercício
mediúnico razoável pela vaidade do que por qualquer outro
obstáculo; e mais desastroso, porque em vez de uma
contribuição modesta, porém positiva, optamos pelo desacerto.
(...)

Qualquer que seja o tipo de mediunidade em


desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova
um severo e honesto auto-exame, a fim de identificar em que
aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais
virtudes ou qualidades pessoais devem e podem ser
revigorados. E para isso também uma dosagem de humildade será
de vital importância. (...)

A mediunidade é, por certo, um privilégio, no sentido de


que constitui importante concessão ao Espírito encarnado que
deseja acelerar seu processo evolutivo, servindo ao
semelhante, mas não coroa e cetro a conferir poder sobre os
demais, halo de santidade para ser admirado ou virtude
pessoal para ser louvado - é apenas uma faculdade natural
para ser utilizado como instrumento de trabalho.

Por que iria o telefone sentir-se orgulhoso apenas por


transmitir a voz humana por seu intermédio? Se assim fosse, a
televisão teria direito a uma parcela maior de vaidade,
porque além da voz, transmite também imagem, cor e
movimento.”

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"Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda
12

O crivo da razão(3)

“Claro que o médium não deve (e não pode, senão se


perde) ser crédulo e irresponsável, aceitando como bom tudo
quanto lhe ocorra, ou qualquer texto que produza, ou qualquer
visão que tenha, simplesmente porque provém (ou assim ele
supõe) dos Espíritos. A realidade é bem outra.
Se os fenômenos provêm dos Espíritos, deve examiná-los
com a maior atenção e sendo crítico para evitar envolvimentos
indesejáveis e até obsessões, ainda menos desejáveis. Se são
produtos de sua fantasia e automistificação, então a coisa é
ainda mais grave, pois está sofrendo de distúrbios mentais ou
emocionais. Terá de ter bom senso para identificar a
falsidade e a coragem de rejeitá-la sumariamente, se é que
deseja e pretende preservar sua própria identidade e
integridade. (...)
Não é nada difícil para um Espírito (ou uma equipe
deles) promover fenômenos insólitos em grupamento humanos
despreparados, fazer revelações pessoais, prever
acontecimentos de pequena monta, que acabam por ocorrer
mesmo, e até promover curas. Por meio de tais artifícios
acabam por conquistar a confiança ilimitada dos incautos. Daí
em diante, será simples continuidade, impingindo
tranquilamente instruções, impondo rituais, formulando
doutrinas exóticas, criando até uma nova seita. A habilidade
e a malícia de alguns desses Espíritos só é superada pela
ingenuidade e excesso de confiança dos encarnados que a eles
se submetem. (...)
Cuidado com ‘revelações’ mais ou menos sensacionais, com
informações acerca de vida anteriores dos componentes do
grupo e, principalmente, com elogios que o destinatário quase
sempre considera justos e merecidos, mas que trazem a sutil e
insidioso excitante da vaidade pessoal. ”

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“A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma


finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da
preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade
pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. Os fatos de
mistificação não ocorrem à revelia dos seus Mentores mais
elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa
e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo
subjetivo.”(4)

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda
(4)
"O Consolador" - de Emmanuel, através de Chico Xavier.
13

Os excessos da autocrítica(3)
“É certo que o médium deve ser tão impessoal quanto
possível na avaliação de suas faculdades e do processo do seu
exercício. Precisa examinar-se, ouvir opiniões e conselhos,
procurar informar-se do seu desempenho e observar o que
ocorre consigo mesmo, antes, durante e depois da
manifestação, e coisas dessa natureza, mas não deve bloquear
sumariamente o fenômeno. É preciso deixá-lo ocorrer e
examiná-lo depois, com as lentes de aproximação da observação
desapaixonada, pronto a rejeitar tudo aquilo sobre o que
paire a mais leve suspeita de inautenticidade.
Erasto, em ‘O Livro dos Médiuns’, deixou documentado sua
muito citada recomendação: “É melhor rejeitar nove verdades
do que aceitar uma mentira”.
As verdades rejeitadas, o tempo as confirma, sob outras
condições e através de outros médiuns ou do mesmo, ao passo
que a mentira aceita, veste a toga da verdade e se torna
difícil de ser desvestida e apeada do seu falso pedestal.
Seja como for, o médium bem intencionado, responsável e
esclarecido precisa manter certa dose de confiança em si
mesmo. Do contrário, o melhor que tem a fazer é abandonar a
tarefa. Será preferível recuar de um compromisso assumido - o
que é, usualmente, o da mediunidade - do que perder
lamentavelmente nos meandros da alienação.
Os médiuns demasiadamente críticos de suas faculdades,
acabam por inibi-las ao ponto de inutilizarem-se para o
trabalho a que foram programados.
A predominância de uma atitude hiper-crítica no médium
frustra prontamente a eclosão da mediunidade.
A exagerada e obsessiva atitude crítica do médium, gera
no seu íntimo uma corrente de pensamento negativo que
antagoniza o fenômeno nas suas próprias fontes. O campo de
trabalho do médium, como temos visto, é o pensamento. Se ele
impõe à livre circulação de idéias um sistema de sinais e de
válvulas fechadas, não há espaço interior para que o fenômeno
se produza. É preciso, portanto, que o médium desenvolva suas
faculdades, procure afinar seu instrumento, aperfeiçoe
constantemente seus métodos de trabalho e o faça em constante
regime de vigilância.
A atitude crítica final deve ficar reservada para
avaliar os resultados e não para bloquear o processo em si.
Somente se os resultados forem consistentemente
insatisfatórios, então, sim, é preciso voltar ao mecanismo,
ao sistema, à instrumentação da mediunidade para examiná-los
de ponta a ponta, passo a passo, a fim de identificar e
corrigir desacertos. Não, porém, paralisar todo o sistema
para impedir que o fenômeno ocorra.
Não se joga fora um aparelho de televisão recém-
adquirido somente porque está sem som, a imagem está

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda
14

distorcida ou não se fixa. É preciso revisar todo o circuito


interrompido e reajustá-lo. Ele voltará a funcionar.
Não se pode extinguir a vida num organismo pensando
estudar nele a própria vida em ação.
Isso não quer dizer que não devamos analisar e avaliar
cuidadosamente os programas de TV ou rádio que estão entrando
em nosso lar. Sim, é preciso fazê-lo e é até possível que nos
vejamos ante a contingência de desligar o aparelho para
sempre. Se chegamos a conclusão de que todos os programas que
chegam à nossa casa são indesejáveis; mas para que saibamos
se são ou não indesejáveis é preciso deixá-los vir. Assim
também é na comunicação mediúnica: a crítica é a posteriori e
não apriorística.
Em suma: o exercício da mediunidade responsável e
eficiente deve resultar de um equilíbrio entre crítica
vigilante, de um lado, e confiança, não menos vigilante, do
outro.
Como em tantas outras situações na vida, aqui também o
radicalismo das posições é igualmente desastroso, tanto num
extremo como no outro. Nem confiança exagerada, nem
autocrítica obsessiva. ”

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“O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensa-


mente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria
iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o
desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando
eficazmente com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e
à verdade.”(4)

(4)
"O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier
15

Liberdade controlada(3)
“A questão é delicada e, por isso, tão complexo o
fenômeno da mediunidade, de vez que simultaneamente com o
propósito de deixar fluir em toda a sua pureza a mensagem
mediúnica (vocal, escrita, visual ou auditiva), o médium
precisa precaver-se para que o Espírito manifestante também
se mantenha dentro de um comportamento razoável, sustentando-
se entre ambos uma atitude de mútuo respeito e colaboração.
É, por certo, neste sentido que Paulo recomendou nas
suas instruções aos Coríntios sobre a mediunidade, que o
“Espírito do profeta (médium) está sujeito ao profeta”. Ou
seja, não deve o médium permitir que o manifestante faça e
diga o que bem entenda, da mesma forma que deve abrir-lhe
espaço para que diga ao que veio e expresse, responsavelmente
e com autenticidade, o seu pensamento.
Como, porém, obter esse equilíbrio ideal entre permitir
a livre manifestação do Espírito comunicante e, ao mesmo
tempo, não permitir que ele abuse da sua liberdade de
expressão?
Harry Boddington tem a respeito uma importante
observação na obra “Secrets of Mediumship”:

“Recém-chegados ao mundo espiritual, a visão deles


(Espíritos) nem sempre está suficientemente preparada para
discernir o corpo humano, mas, são capazes de distinguir a
luz da aura e aproximar-se dela. Percebem, a seguir, que
quando se envolvem na aura do médium, seus pensamentos fluem
ao longo dos seus respectivos canais e acabam expressando-se
na palavra falada ou no gesto, através do médium. Mais tarde
compreendem que o mecanismo do corpo do sensitivo também
passa ao seu controle. Assim começa o conhecimento deles
acerca da mediunidade. Os médiuns devem, portanto, guardar-se
contra todo e qualquer distúrbio emocional que os afete na
vida diária, com maior vigor do que empregaria o mais
positivo e frio racionalista que normalmente sopesa todas as
situações com uma equilibrada capacidade de avaliação.”

Em outras palavras, cabe ao médium viver o dia-a-dia em


estado de permanente vigilância, fugindo de situações
equívocas provocadas pelo que Boddington chama de “distúrbio
emocional”. Tem de ser tão disciplinado nesse ponto e tão
positivo, ou mais, do que as pessoas que por natureza
procuram resolver tudo com equilíbrio e cabeça fria. Uma vez
que essa atitude de serena observação e avaliação no trato
com o mundo que o cerca seja desenvolvida e consolidada no
médium em estado normal de vigília, fixa-se nele uma segunda
natureza de equilíbrio que não vai permitir espaços para que
o Espírito manifestante possa fazer dele e através dele tudo
quanto lhe venha à cabeça.

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda.
16

Qualquer pessoa que tenha vivido alguns anos de


experiência com os trabalhos mediúnicos reconhece prontamente
a importância de tais observações.
Os Espíritos em estado de perturbação, encontram com
facilidade, em médiuns dominados por emoções indisciplinadas,
condições propícias para manifestarem sua própria
agressividade. Ali estão, como que à sua disposição, os
elementos que desejam para as explosões emocionais, a
gritaria, os gestos violentos, situação que não encontra no
psiquismo do médium que já cultivou e consolidou atitudes de
paciência, serenidade e equilíbrio emocional.
Há, contudo, uma não menos importante observação
adicional a fazer neste ponto. O médium não deve ser uma
espécie de múmia animada, através da qual se manifeste o
Espírito. Não podemos esperar e nem exigir que um Espírito
indignado com alguém, que a seu ver o prejudicou gravemente
no passado - e ele sempre se considera vítima inocente - ou
irritado com os componentes do grupo que se “metem
indevidamente” na sua vida, venha com palavras doces, gestos
suaves, atitudes cordatas, falar da sua indignação ou
irritação. É preciso deixá-lo falar e, dentro dos limites das
conveniências que o bom médium poderá traçar, como já vimos,
manifestar, com autenticidade e espontaneidade, seu
pensamento em palavras e gestos. Muitos são os dirigentes de
grupos que exigem de seus médiuns uma postura uniforme,
contida, inexpressiva, rígida, sem uma alteração de voz, sem
um gesto de enfado ou de irritação, sob a alegação de que o
médium deve controlar a manifestação. Deve, sim, mas não
inibi-la a ponto de descaracterizá-la. ”

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“O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo.


Freqüentemente, é o personalismo, é a ambição, a ignorância
ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres
à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não
raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão
dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas
pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com
o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho.
(...) sendo indispensável que o missionário do bem e da luz
se resguarde na prece e na vigilância.”(4)

(4)
"O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier
17

O estudo constante(3)

“Muita gente pensa que, por ser médium, a pessoa é


necessariamente Espírita ou tem pleno conhecimento dos
mecanismos da mediunidade. O mais grave é que até médiuns
pensam assim e decidem, por sua conta e risco, que não é
preciso estudar coisa alguma sobre o assunto porque são
médiuns naturais, espontâneos e dotados de amplos e variados
recursos.
Quanto mais ostensivas, contudo, e mais atuantes suas
faculdades, maiores os riscos que correm de se equivocarem no
desenvolvimento e na utilização das diversas formas de
mediunidade de que se acham dotados, se não se preparam
corretamente para isso.
Lamentavelmente, são muitos os que consideram a
mediunidade um privilégio, a marca de uma preferência divina,
um talento especial que os coloca acima e à parte dos demais
seres que são cegos e surdos aos Espíritos desencarnados.
É certo que a mediunidade é um dom, não porém para
exibição ou projeção do sensitivo. (...)
Muitos acham bonito ser médium e vêem os médiuns
envoltos numa auréola de prestígio e energia. Há médiuns que
não apenas gostam disso, mas até estimulam admirações, como
se fossem verdadeiros gurus. É inegável que a mediunidade
exercida com segurança, conhecimento, responsabilidade e
humildade é de fato, coisa admirável de se observar em
operação, seja pela qualidade dos fenômenos, seja pela
limpidez das comunicações escritas e faladas. Não é uma
beleza ler um soneto de Bilac ou um poema de Castro Alves que
acaba de ser recebida pelas mãos de um Chico Xavier? Ou um
livro com “Memórias de um Suicida” pela Yvonne Pereira? Claro
que é. E também emocionante assistir a um atleta bater um
recorde mundial, a um virtuoso do piano ou do violino tocar
uma bela sonata, mas poucos são os que pensam nos anos e anos
de disciplina e renúncia, de estudo e aplicação que estão por
trás de tais desempenhos.
Mediunidade é um dom inato mas, como qualquer outra
faculdade, pode (e precisa) ser desenvolvida e treinada. O
bom corredor nasce com pernas fortes e longas, bom sistema
respiratório, coração resistente, mas não nasce corredor; ele
precisa fazer-se, e só o consegue quando se aplica com
dedicação total ao desenvolvimento de suas metas. O médium em
potencial não pode fazer por menos, se é que deseja chegar a
dominar a sua instrumentação a ponto de cedê-la aos
Espíritos, ao mesmo tempo em que mantém sobre ela atenta
vigilância. Isto se aprende, se cultiva e se exerce. ”

0-0-0-0-0-0

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda
18

Servindo silenciosamente(3)

“O médium precisa aprender também a dominar seus


impulsos emocionais, a fim de que a mensagem que passa por
ele, vinda de alguém no plano espiritual e destinada a alguém
no plano da matéria, não se contamine com as suas próprias
paixões e desacertos íntimos. Ele terá de ser como o lápis
bem apontado, com o grafite na consistência própria, na cor
certa, ou o aparelho de som dotado de dispositivos de alta
fidelidade para que a boa gravação não seja reproduzida com
distorções, zumbidos e estáticas que a tornem irreconhecível.
Deve se esforçar para que a mesma qualidade de som
existente na gravação-fonte seja a que se reproduz nos alto-
falantes, com toda a fidelidade e autenticidade possíveis.
(...)
Na mediunidade, não há disputa de campeonatos, nem
medalhas de ouro ao vencedor, porque não há vencedores, no
sentido de que um médium possa suplantar outros. Na
mediunidade, ganha aquele que serve na obscuridade,
modestamente, com devotamento e honestidade.
Quando ouço falar que alguém é um “grande médium”, fico
logo de pé no freio. Existem grandes médiuns? Mediunidade é
grandeza? Muita gente avalia os médiuns pelos fenômenos
espetaculares que podem produzir ou pela ampla variedade de
faculdades que exibem. Quanto a mim, não é isso que busco num
médium. Ele, ou ela, pode até de dispor de ampla faixa de
sensibilidades - que isto não é defeito - mas prefiro aquele
que, embora dotado de faculdades várias, dedica-se modesta-
mente a uma ou duas, para exercê-las bem e com dedicação.
(...)
Como instrumento de comunicação, o médium tanto pode
veicular mensagens aceitáveis e autênticas, como inaceitáveis
e falsas, dependendo das condições que oferece. Não deve ser
endeusado, no primeiro caso, nem crucificado no segundo.
Seria o mesmo que destruir o telefone porque acabamos de
receber, por ele, uma notícia falsa, ou elogiá-lo porque
acaba de nos trazer uma alegria.
Ao mesmo tempo, não há como perder de vista o fato de
que o médium é um ser humano, que pode falhar por ser
endeusado, e pode embotar-se ou perder-se quando, em vez de
socorrido, for arrasado porque a sua comunicação é
considerado inaceitável.”

0-0-0-0-0-0

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda
19

A posição do médium (1)

“A mediunidade é dom generalizado em todas as criaturas,


a espera de educação e disciplina. Sem certas regras
orientadas pelo Cristo, ela é apenas um instrumento de
satisfação pessoal ou meio de vida na pauta dos negócios.
A posição do sensitivo ante sua mediunidade é que sua
língua deve perder a força de ferir, suas mãos a força de
revidar e suas idéias a força de contrariar as Leis de Deus.
Todos os médiuns são testados por meio variados. Por
onde que não se espera é que o inimigo chega. O defeito que
insistimos em apontar-nos outros é o que temos com mais
saliência. Se tiveres que chorar por alguém que errou, chora
por ti mesmo. Se tiveres que alterar a voz com irmãos que
julgaste incurso em erro, altera a voz contigo mesmo. Se
tiveres de anunciar alguma virtude que não possuis, fala das
qualidades dos companheiros e dos esforços que eles fazem
para melhorar.
A posição do médium, no lugar em que for chamado a
trabalhar, é a de servir de instrumento para o bem em todas
as direções da vida.
Quando vamos trabalhar na caridade, recebemos de Deus
uma cota de luz divina, mas não podemos esquecer que tal cota
é para ser doada, e se ela transforma fielmente no que nós
desejamos que ela seja, torna-se uma carta com endereço
certo.
Eis a posição do médium diante da consciência. ”

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“A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo


antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois,
de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do
personalismo, em detrimento de sua missão.”
(Emmanuel)

"Segurança Mediúnica" - de Miramez através de João Nunes


(1)

Maia
20

Educação Mediúnica(2)
• “Médium algum se perderá nas vielas do desequilíbrio
se estabelecer para si mesmo um programa de renovação.
Exercício e renúncia.
Muita paciência ante as incompreensões que lhe surgem no
caminho.
Capacidade de perdoar, por maior que seja a ofensa. ”

• “O jugo é suave e o fardo é leve para o companheiro da


mediunidade que se apoie no estudo, no trabalho, na oração
constante, na humildade.”

• “Médiuns sérios atraem Espíritos sérios; médiuns


levianos atraem Espíritos levianos. O medianeiro que se não
ajusta aos princípios morais pode ser vitimado pela ação do
mundo espiritual inferior.”

• “A falta de estudo evangélico e doutrinário constitui


sério escolho na prática da mediunidade.
O médium deve ler, estudar, refletir, assimilar e viver
as edificantes lições do Evangelho e do Espiritismo, a fim de
que possa oferecer aos Espíritos comunicantes os elementos
necessários a uma proveitosa comunicação.
O médium estudioso, além disso, é instrumento dócil,
maleável, acessível. Tem sempre uma boa roupagem para vestir
as idéias a ele transmitidas. O que não estuda, nem se
renova, cria dificuldades à transmissão da mensagem,
favorecendo a desconexão.”

“O bom Espírito não é somente aquele que te faz bem, mas,


acima de tudo, o que te ensina a fazer o bem aos outros, para
que seja igualmente um Espírito bom.”
(Emmanuel)

• “A educação mediúnica, por sinônimo de desenvolvimento


mediúnico, deve ser iniciada no devido tempo, na época
apropriada, isto é, ao se verificar a espontânea eclosão da
faculdade. Não devemos “querer” o desenvolvimento mediúnico,
mas “amparar” a faculdade que surge, pelo estudo e pelo
trabalho, pela oração e pela prática do bem. Forçar a eclosão
da mediunidade, ou o seu desenvolvimento, significa abrir as
portas do animismo, com sérios inconvenientes para o
equilíbrio, a segurança e a produtividade do medianeiro. A
educação mediúnica deve ser, em qualquer circunstância,
espontânea, natural, suave, sem qualquer tipo de violência
externa e interna.”

(2)
"Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva
21

“Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes


dela.” (Emmanuel)

• “Educação mediúnica pede tempo e trabalho, estudo e


abnegação. Não acontece de um dia para outro.
Médium inquieto, apressado em transmitir boas
comunicações, antes do necessário preparo, é candidato em
potencial ao desequilíbrio.
O médium disciplinado obterá ótimos frutos em sua
tarefa, levando em consideração o seguinte:

• lugar e hora certos para o trabalho;


• assiduidade e pontualidade;
• respeito à codificação e apreço aos Instrutores
Espirituais.

O médium prudente analisa, examina sugestões dos


companheiros encarnados, aceitando-as se justas e sensatas. O
médium vaidoso comporta-se como dono da verdade. Recusa
sistematicamente advertências e conselhos.
A discrição é fator básico para o êxito mediúnico.
Conhecer problemas pela mediunidade ou por relatos íntimos e
revelá-los, é falta de caridade. ”

• “A ausência de trabalho é grave escolho da


mediunidade, isso porque a ferramenta mediúnica exige
utilização constante, ação contínua, não somente pela
necessidade de aprimoramento das antenas psíquicas, como
também pelo imperativo da conquista do sentimento do amor.
O trabalho assegura a assistência superior, protege o
médium contra o assédio e o domínio de Entidades menos
felizes, constroem preciosas amizades nos planos físicos e
subjetivos.
Harmonia fluídica, amor e confiança, destreza psíquica e
apuro vibracional representam o somatório da atividade
mediúnica exercida na disciplina do trabalho. ”

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22

O hábito da prece

O hábito da prece mantém o médium em estado de


vigilância, imprescindível ao bom êxito de sua tarefa.
Através da oração, isolamo-nos das influências
negativas, sintonizando-nos com as forças espirituais que
iluminam.
A prece não nos isenta das provas, mas dá-nos forças pa-
ra suportá-las.

“Nos momentos de dificuldade e sacrifício, vamos lembrar


de orar para Nosso Pai.
A oração é um santo remédio para os nossos males.
Não é só nas horas de aflição é que devemos recorrer a
esse recurso maravilhoso.
Ela deve ser feita todos os dias. Pela manhã,
agradecendo pelo descanso de nosso corpo físico, e pedir
proteção para mais um dia de trabalho aqui na Terra. Ao
anoitecer, antes de dormir, agradecendo pelo dia que tivemos,
e pedindo para que nosso Espírito possa estar com nossos
Amigos Espirituais, buscando novos esclarecimentos para nosso
aprimoramento espiritual.
Lamentamos que muitas pessoas só recorrem à oração para
pedir a conquista de bens materiais. Conquistas essas que são
perecíveis com o tempo. Devemos pedir, sim, uma boa saúde pa-
ra o nosso corpo físico, para que possamos ter a força e a
energia necessária para cumprir com grande sucesso o que nos
foi planejado pelo Plano Espiritual.
Devemos pedir a proteção, os bons conselhos e as
inspirações de nossos Guias Protetores para a resolução de
nossos problemas em que, por ventura, estejamos atravessando.
Mas, devemos orar não só para pedir, mas também para
agradecer pelas nossas conquistas do dia-a-dia e pelas
dádivas recebidas.
Podemos orar para emitir vibrações positivas para
aqueles entes queridos que estejam doentes ou em
dificuldades.
Devemos orar, também, e isto mostra a nossa grandeza e
elevação de nossa alma, para os nossos inimigos e por todos
aqueles que nos desejam o mal. Vamos perdoar-lhes cada ato
infeliz e impensado que tenha sido desferido contra nós.
Vamos mostrar-lhes o nosso carinho, o nosso Amor, a nossa
tolerância, e pedir à Deus para que façam rever seus gestos,
suas posturas. E que as Entidades Benevolentes possam
iluminá-los para a prática de atos mais elevados.
Lembrem-se: a oração é uma benção Divina. Podemos
recorrê-la a todos os instantes. A oração é um ato de Amor,
um elo entre o Plano Espiritual e o Terreno.
Para orar, não há necessidade de palavras decoradas,
ditas sem nenhum sentimento. Mais valem dez palavras
expressas com amor e devoção...
23

Muitos falam que não sabem rezar. Basta humildemente,


com suas próprias palavras, com uma devoção muito grande,
acreditando naquilo que está sendo pedido, ser concretizado.
Vamos lembrar o que o Nosso Mestre Jesus nos disse:
“Pedi e se vos dará“.
Acima de tudo, devemos orar com muita fé!” (**)

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O médium e o seu Guia Espiritual

“Cada médium tem seu Guia Espiritual. Ele deve afinar-se


com essa Entidade e os meios de ambos se tornarem mais afins
são a conduta reta, a amplitude do dom de amar, e o trabalho
em favor do aperfeiçoamento das qualidades elevadas da vida.
Quando o médium está afinado com a caridade em todos os
seus aspectos, quando ele começa a sentir o amor por todas as
criaturas, quando reconhece o valor do perdão e sempre ajuda
sem o interesse da gratidão, esse médium, mesmo que não tenha
a faculdade de se comunicar diretamente com os Espíritos,
pode sentir a presença deles pela faculdade do amor, que
registra na consciência a presença espiritual.
Não é pela faculdade desenvolvida do medianeiro o nosso
maior interesse. É pelo que ele faz dos dons que possui, de
pensar, de falar, de viver e, ainda mais, é pela sua
compreensão do valor da auto-educação.
Guias Espirituais todos temos, pois isso é uma lei
nascida da misericórdia de Deus. Carece saber se respeitamos
esses companheiros da Espiritualidade Maior, não os
envergonhando com nossos feitos.
É de importância grandiosa que os convidemos para
assistirem o que pensamos e o que falamos e, sentindo as suas
presenças, passemos a falar e a pensar com mais segurança.
Não podemos ignorar as nossas companhias espirituais.
Elas são visíveis. Percebemos os seus pensamentos
permeando os nossos, a nos chamar, como a voz interior, para
trabalharmos a senda da verdade. E o médium espírita não pode
se esquecer dessa realidade.
Guia nenhum se afasta do seu tutelado. O assistido é
quem muda o comportamento, caindo em vibrações diferentes
daqueles que o ajudam. Se o debaixo se esforça para subir, o
de cima se empenha em descer, para se dar o encontro.
Compreendemos, pois, que o movimento do Bem é que surge
a luz do entendimento. A comunicação mediúnica dá-se por
afinidade de valores, pelo caráter dos ideais.

Mensagem recebida nos trabalhos mediúnicos no Centro


(**)

Espírita "Casa do Caminho" - S.P.


24

Se queres comunicar-te com os Espíritos superiores,


eleva as tuas qualidades de forma como ensina o Evangelho de
Jesus e alcançarás as vibrações mais puras daqueles que vivem
e irradiam o amor.”(1)

“Não é, pois, pelo exercício de suas faculdades que o


médium irá ficar ao abrigo de pressões e assédios.
Pode até ocorrer o oposto: precisamente por estar a
exercê-la e incomodando certos Espíritos, que não desejam
abandonar suas paixões, é que o médium ficará mais exposto a
tais pressões, ameaças e intimidações. Não que ele vá sofrer
as conseqüências do seu trabalho bem intencionado, o que
seria equivalente a ser vitimado pelo seu desejo de servir e
de ajudar aos que sofrem. O trabalho feito com critério e bom
senso terão sempre a cobertura necessária dos Mentores
desencarnados do grupo.
Se, porém o grupo se desarmoniza e entra em colapso,
então, salvem-se quem puder, enquanto é tempo, pois caem as
guardas e os amigos espirituais nada mais podem fazer, embora
o lamentem. Isto acontece com freqüência aos médiuns que se
enamoram de suas próprias faculdades e aos dirigentes que se
deixam envolver nessa atmosfera de endeusamento, de
gurunismo, convertendo o médium num oráculo infalível.
Também não é tudo ação dos Espíritos, como pensa muita
gente. Há pessoas que dão uma topada e atribuem logo o
incidente aos Espíritos. Se caem, é porque alguma Entidade as
empurrou; se agridem alguém verbalmente, por pura falta de
educação ou caridade, foram os Espíritos que “atuaram”. Em
suma, tudo é culpa dos obsessores.
Outros vivem a repetir que os “Guias” disseram isto ou
aquilo; mandaram fazer assim ou assado. Ou dão “recados”
incongruentes de Entidades, cujos nomes citam:

- Fulano, mandou dizer isto para você. Faça o que ele


manda.

A verdade é bem outra. Os Espíritos responsáveis e de


boa condição evolutiva raramente mandam fazer alguma coisa,
pois costumam respeitar o nosso livre-arbítrio.
Uma boa regra é desconfiar logo de ‘guias’ e ‘mentores’
que começam com distribuir ordens a cada momento. Ou elogios
fartos e constantes. (...)
E muitas vezes, não há recado nenhum a ser transmitido.
É o próprio médium que procura influenciar ou decidir
situações, investido-se de autoridade presumida deste ou
aquele espírito de confiança do grupo. Pode ocorrer, também,
que Espíritos ardilosos e envolventes estejam usando o nome
de antigos orientadores, que se afastaram por causa dos
desajustes e conflitos surgidos no próprio grupo.

"Segurança Mediúnica" - de Miramez através de João Nunes


(1)

Maia.
25

De mais a mais, as Entidades responsáveis e sérias não


ficam à disposição dos médiuns, ou de quem quer que seja,
para assessorá-los nos mínimos detalhes da vida. Muita gente
se deixa enganar porque assim o quer, aceitando tudo quanto
venha de médiuns fascinados e fascinadores.
Os Espíritos confiáveis, mesmo quando tem de advertir,
fazem-no com respeito ao livre-arbítrio e à condição daqueles
a quem se dirigem. Preferem aconselhar de maneira indireta,
que sirva para todo o grupo, sem agredir, sem proibir, sem
expor ninguém ao ridículo ou à repreensão pública ou
reservada, e são muito sóbrios, quase avaros no elogio. (...)
Os próprios amigos espirituais respeitam com muita
firmeza nosso livre-arbítrio. Eles nos esclarecem e nos
orientam, mas nunca decidem por nós, nem mesmo quando
percebem que estamos caminhando para cair dentro de um poço.
Se é nosso propósito deliberado correr o risco e cair, eles
não o impedem. Mais tarde, vão lá nos estender as mãos, com a
mesma atitude amorosa e compreensiva de sempre, a mesma
dedicação imperturbável. Sem a menor censura. (...)
Os Espíritos amigos não colocam o médium numa redoma
invisível de proteção, simplesmente porque ele está exercendo
suas faculdades, mesmo que com a maior dedicação. Eles
proporcionam certa cobertura, assistem o médium em suas
dificuldades maiores, proporcionam-lhe uma palavra ocasional
de consolo e estímulo, mas, quando, realmente responsáveis e
esclarecidos, nada tem de ‘paparicadores’, como se diz
popularmente.
O médium é uma pessoa como as outras e tem de ter suas
próprias experiências, sujeito a erros e a acertos, como os
demais seres humanos em processo evolutivo.
Não é correto mandar um filho ou uma filha à escola,
fazer-lhes todos os deveres e substituí-los nas provas
avaliadoras do conhecimento adquirido. ”(3)

0-0-0-0-0-0

“Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos por


vossa vez! Sem afabilidade e doçura, sem compreensão
fraternal e sem atitudes edificantes, não podereis entender
os Espíritos afáveis e amigos, elevados e construtivos. Se
não seria razoável encontrar Platão ensinando filosofia
avançada a tribos selvagens e primitivas, nem Francisco de
Assis operando com salteadores, não será admissível a
integração de Espíritos esclarecidos e santificantes com os
alunos rigorosamente agarrados às manifestações mais baixas e
grosseiras da existência carnal.”(6)

(3)
"Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda
(6)
"Missionários da Luz" - André Luiz através de Chico Xavier.
26

Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem(7)

(1) De que dispõe o médium psicofônico consciente para


distinguir seu pensamento do pensamento da Entidade
comunicante?

Divaldo: “O médium consciente dispõe do bom senso. Eis


porque, antes de exercitar a mediunidade deve estudá-la;
antes de entregar-se ao ministério da vivência mediúnica é-
lhe lícito entender o próprio mecanismo do fenômeno
mediúnico. (...) Naturalmente os Espíritos se utilizam do
nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais
expressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente. O
médium, no começo, terá de vencer o constrangimento da
dúvida, em cujo período ele não tem maior certeza se a
ocorrência parte do inconsciente, dos arquivos da memória
anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca.
Através do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal
maneira equilibrado que poderá identificar quando se trata de
si próprio, animismo, ou de interferência espiritual,
mediunismo. Através da lei dos fluidos, pelas sensações que o
médium registra, durante a influência que o envolve passa a
identificar qual Entidade dele se acerca. A partir daí, se
oferece numa entrega tranqüila, e o Espírito que o conduz
inspira-o além da sua própria capacidade, dando leveza às
suas idéias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade de
síntese que não lhe é comum, canalizando idéias às quais não
está acostumado e que ocorrem somente naquele instante de
concentração mediúnica. Só o tempo, porém, pelo exercício
continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para discernir
quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou
da interferência dos Bons Espíritos.”

(2) Pode o médium, em algumas comunicações, não


conseguir evitar, totalmente, as atitudes desequilibradas dos
Espíritos comunicantes?

Divaldo: “À medida que o médium educa a força nervosa,


logra diminuir o impacto do desequilíbrio do comunicante. É
compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos
esperar harmonia por parte da Entidade em sofrimento; alguém
que foi vítima de uma tragédia, sendo arrebatado do corpo sem
o preparo para a vida espiritual, apresentará no médium o
estertor do momento final, na própria comunicação, algumas
convulsões em virtude do quadro emocional em que o Espírito
se encontra. Há, porém, certos cacoetes e viciações que nos

"Diretrizes de Segurança" - Divaldo P. Franco e J. Raul


(7)

Teixeira
27

cumpre disciplinar. Há médiuns que só dão comunicação


psicofônica, se bocejarem bastante. Para dar um toque de
humor: quando eu comecei a freqüentar a Casa Espírita, na
minha terra natal, a primeira parte era um Deus-nos-acuda!
Porque as pessoas bocejavam e choravam, demasiadamente. Eu,
como era um médium principiante, cria que também deveria
bocejar de quebrar o queixo. A “médium principal”, que era
uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre
depois de intermináveis bocejos e tosses que a levavam às
lágrimas. Hoje não bocejo, nem no meu estado normal. Quando
eles vêm, eu cerro os dentes e os evito. É lógico que uma
Entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa,
advindo o desejo de exteriorizar pelo bocejo. É uma forma de
eliminar toxinas. Mas nós podemos eliminá-la pela sudorese,
por outros processos orgânicos, não necessariamente o bocejo.
Há outros médiuns que tem a dependência, de todas as vezes em
que vão comunicar-se os Espíritos, bater na mesa, ou bater os
pés, porque se não baterem, não se comunicam. Lembro de uma
vez em que tivemos uma mesa redonda. O presidente da mesa era
um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia
entendido bem a Doutrina, tendo idéias doutrinárias muito
pessoais. Ele me perguntou quando é que o Espírito incorpora
no médium. Mas logo me respondeu: “A gente chupa,..., chupa,
até engolir! Não é verdade?” São cacoetes, destituídos de
sentido e lógica. Os médiuns têm o dever de coibir o excesso
de distúrbios da Entidade comunicante. Na minha terra, vi
senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros
prestimosos ajudá-las... Graças à Deus eram todas
magrinhas... O médium deve controlar o Espírito que se
comunica, para que este lhe respeite a instrumentalidade,
mesmo porque, o Espírito não entra no médium. A comunicação é
sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao
desencarnado. Todavia, a diretriz é do encarnado.”

(3) Quais são os requisitos necessários aos médiuns que


militam na tarefa mediúnica?

Raul: “(...) Numa colocação feita pelo Espírito Albino


Teixeira, através de Chico Xavier, no livro “Paz e
Renovação”, diz ele que o melhor médium, para o mundo
espiritual, não é o que seja portador de múltiplas
faculdades, mas é aquele que esteja sempre disposto a
aprender e sempre pronto a servir.”

(4) Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem


Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será indício
de grande mediunidade?

Raul: “A mediunidade amadurecida não é identificada pelo


número de desencarnados que se comuniquem por um único
médium, numa mesma sessão, mas será identificado pelo teor
28

das comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará


a maior ou menor afirmação do médium com as responsabilidades
da tarefa. Cada médium, quando é devidamente esclarecido e
maduro para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o
número avultado de comunicações por sessão poderá indicar
descontrole do instrumento encarnado e não a sua pujança
mediúnica. Há médiuns que prosseguem dando passividade a
Entidades durante a prece de encerramento, sem qualquer
disciplina, quando não justificam que tais Entidades estavam
programadas, como se os Emissários do Além, responsáveis por
lides tão graves, tivessem menor bom senso do que nós, os
encarnados. Um número de até duas comunicações, e, em caso de
grande necessidade e carência de outros médiuns, até três,
parece bastante coerente. Todos os médiuns, assim terão
chance de atender aos Irmãos desencarnados, sem desnecessário
desgastes.”

(5) O que deve fazer o médium quando influenciado por


Entidades fora da reunião, no trabalho, no lar? Quais as
causas dessas influências?

Divaldo: “No capitulo XXIII de “O Livro dos Médiuns”, Da


Obsessão, o Codificador reporta-se à invigilância das
criaturas. É natural que o individuo seja médium onde quer
que se encontre. A mediunidade não é uma faculdade que só
funciona nas reuniões especializadas. Onde quer que se
encontre o individuo, aí estão os seus problemas. É
perfeitamente compreensível que não apenas na oficina do
trabalho, como na rua, na vida social, ele experimenta a
presença dos Espíritos; não somente presenças positivas, como
também perniciosas, Entidades infelizes, Espíritos levianos,
ou aqueles que se comprazem em perturbar e aturdir. Cumpre ao
médium manter o equilíbrio que lhe é proposto pela educação
mediúnica. Mediante a educação mediúnica, pode-se evitar a
interferência desses Espíritos perturbadores em nossa vida de
relação normal, para que não venhamos a cair na obsessão
simples, que _ o primeiro passo para a subjugação, etapa
terminal de um processo de três fases. Quando estivermos em
lugar não apropriado ao exercício da mediunidade ou à
exteriorização do fenômeno, disciplinemo-nos, oremos,
volvamos a nossa mente para idéias otimistas, agradáveis,
porque mudando o nosso clichê mental, transferimo-nos de
atividade espiritual.”

(6) É possível ao médium distinguir as alterações


psíquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão
procedendo dos Espíritos desencarnados?

Divaldo: “Um dos comportamentos iniciais do médium deve


ser o de estudar-se. Daí, ser necessário estudar a mediuni-
dade. Eu, por exemplo, quando comecei o exercício da
29

mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o


psiquismo do ambiente, que me tornava a pessoa mais contente
dali. Se ia a um casamento eu ficava mais feliz que o noivo.
Se ia a um enterro, ficava mais choroso que a viúva, porque
me contaminava psiquicamente, e ficava muito difícil saber
como era a minha personalidade. Pois, de acordo com o local,
havia como que um mimetismo, isto é, eu assimilava o efeito
do ambiente. Lentamente, estudando a minha personalidade, as
minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu
perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que
aqueles que vivem comigo saibam como eu sou, e daí possam
avaliar os meus estados mediúnicos. De inicio, o médium terá
algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma
interpolação de personalidades estranhas a sua própria
personalidade. Somando-se velhas dificuldades à sensibilidade
mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas a
reminiscências das vidas pretéritas, não só no caráter da
consciência, mas na somatória das experiências. Recordo-me
que, em determinada época de minha vida, terminada uma
palestra ou reunião mediúnica, eu tinha uma necessidade
imperiosa de caminhar. Caminhar até a exaustão física. Quando
naquele período claro-escuro da mediunidade, sem saber
exatamente como encontrar a paz, os Espíritos me receitavam
trabalho físico, porque tinha dificuldades de dormir. A vida
física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caia no
colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no
dia seguinte pior do que havia deitado. Então, às vezes, eu
preferia não deitar. Com o tempo fui formando meu perfil de
comportamento, de personalidade, aprendendo a assumir
responsabilidade dos insucessos e a transferir para os
Mentores os resultados das ações positivas que são sempre de
Deus, enquanto os erros são sempre nossos. Estaremos sempre
em sintonia com os Espíritos de comportamento muito idêntico
ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas
mágoas, ciúmes, invejas, e irá identificando as reações
positivas, a beleza, o desejo de servir. Por fim, aprende a
selecionar quando é ele e quando são os Espíritos que estão
agindo por seu intermédio. ”

(7) Quais as causas do sono de que muitos companheiros


se queixam quando participam de uma reunião mediúnica? Como
evitá-lo?

Raul: “As causas podem ser várias. Desde o cansaço


físico, quando o individuo que vem de atividades muito
intensas e que, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é
tomado pelo torpor da sonolência. Também, pode ser causado
pela indiferença, pelo desligamento, quando alguém está num
lugar, fisicamente, entretanto, pensando em outro, desejando
não estar onde se acha. O sono pode, ainda, ser provocado por
Entidades Espirituais que nos espreitam e que não tem nenhum
interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e
crescimento. Muitas vezes, os companheiros questionam: “Mas
30

nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido,


e como o sono nos perturba?”. Temos que entender que tais
Entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de
forças vibratórias da Instituição, ficam do lado de fora.
Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião, não
sintonizou-se com o ambiente, continua vinculado aos que se
conservam do lado de fora, e através dessa porta, desse plug
aberto, ou dessa tomada, as Entidades que ficaram lá fora
lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então,
estabelecida a ligação, atuam na intimidade dos centros
neuronais desses incautos, que dormem, que se dizem
desdobrar: “Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu
ouvi tudo”. Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte
da reunião. Foram fazer a viagem com as Entidades que os
narcotizaram. Deparamos aí com distúrbios graves, porque
quando termina a reunião o individuo está fagueiro, ótimo e
sem sono e vai assistir a televisão até altas horas, depois
de haver submetido aos fluidos enfermiços. Por isso
recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que
façam um ligeiro repouso antes da reunião, ainda que seja por
poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do
encontro, para que fiquem mais atentos durante o trabalho
doutrinário. (...) Apelar para a prece, porque sempre que
estamos desejosos de participar do trabalho do bem, contamos
com a eficiente colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a
tua parte que o céu te ajudará. Temos, então, o sono como
esse terrível adversário de nossa participação, de nosso
aprendizado, de nosso crescimento espiritual. Não permitamos
que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos, e
deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons
frutos no bom aprendizado.”

(8) O endeusamento do médium constitui perigo para a


mediunidade? Por que?

Raul: “Evidentemente que tudo aquilo que constitui


motivo de tropeço na estrada de qualquer criatura,
naturalmente poderá levá-lo à queda. Em se tratando de médium
e de mediunidade, todo e qualquer endeusamento é plenamente
dispensável, mesmo porque, entendemos que o médium não fala
de si próprio. O que ele apresenta de positivo, de nobre, de
engrandecedor, deve-se à assistência e à misericórdia dos
Espíritos do Senhor, não havendo motivo, portanto, para que
se vanglorie de uma virtude, de uma grandeza que ainda não
lhe pertence. Por outro lado, se o fenômeno ao qual ele serve
de intermediário não constitui essa grandiosidade, se são
fenômenos modestos, ou se houve algum equívoco ou alguma
fragilidade nas colocações que alguma Entidade apresentou,
também não é motivo para que o médium se atormente, se
entristeça, porque terá sido apenas filtro. Necessita, sim, a
partir de então, de ter o cuidado de estar cada dia mais
vigilante, para que esse empobrecimento não se amplie, para
que não seja co-participante dessa deficiência e para que
31

ele, cada vez mais, se dê conta de que a vaidade poderá ser-


lhe prejudicial. Por isso, qualquer endeusamento é
desnecessário, é improfícuo. Isso não dispensa que os
companheiros, que estejam lidando com o médium, o possam
incentivar para que ele cresça, para que ele se desenvolva
cada vez mais e melhor, para que estude, para que sirva, para
que trabalhe. Assim afirmamos, porque temos visto oculta por
trás desse broquel do não endeusamento uma parte muito
considerável de um personalismo infeliz, de um despeito
atormentante. Muitas vezes, diz-se que não se deve elogiar o
médium, porque não haveria necessidade para tanto. Porém, não
se lhe diz nenhuma palavra que o impulsione para a frente,
determinando uma posição de despeito, ou de indiferença. Se
não precisamos dizer à criatura que ela é médium melhor que
Chico Xavier, e todos saberão que é uma inverdade, poderemos
dizer: “prossiga, meu irmão ou minha irmã, vá adiante...” O
Chico também começou nas lutas das suas experiências
iniciais, claro que estamos deixando de lado aquela
continuidade de tarefas que ele vem fazendo desde
reencarnações anteriores, mas, de qualquer maneira, mesmo em
encarnações anteriores ele iniciou pelo simples, pelas coisas
mais modestas, e se hoje ele é esse filão de grandiosa
mediunidade, é porque esforçou-se nesse anelo da perfeição
espiritual. O endeusamento, então, será sempre dispensável,
mormente para aqueles médiuns que estejam começando, mas não
deveremos deixar de incentivá-los, doutrinariamente, para que
não sejam desanimados pela onda terrível que agride médiuns e
mediunidade, nesses dias, que lança descrédito e tenta jogar
desdouro por sobre a tarefa mediúnica. ”

(9) No desenvolvimento da faculdade em médiuns


principiantes, há alguma utilidade em se lhes aplicar passes
para facilitar, por exemplo, a psicofonia?

Divaldo: “Esse exercício é às vezes positivo, porque o


médium estando com os centros psíquicos ainda não
disciplinados durante a hora da concentração, entra em
conflito, por não saber distinguir as sensações e emoções
suas, daquelas que ele registra e que pertencem ao Espírito
desencarnado. Experimenta taquicardia, há o resfriamento
corporal, colapso periférico, a ansiedade, que são típicos da
presença dos Espíritos que padecem, mas que, muitas vezes,
são da própria expectativa. No caso de aplicação do passe
objetivando ajudar, aumenta no médium a carga vibratória e
isto facilitar-lhe o fenômeno. Mas, por outro lado, não deve
ser habitual, para não lhe criar condicionamentos. Por isto,
deve-se aplicar passes, só esporadicamente.”
32

(10) Quantas comunicações um mesmo médium pode receber


durante a sessão mediúnica de atendimento a Espíritos sofre-
dores?

Divaldo: “Um médium seguro, num trabalho bem organizado,


deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para
que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para
que não tenha um desgaste exagerado. Tenho tido o hábito de
observar, em médiuns seguros, conhecidos nossos, que eles
incorporam, em média, três Entidades sofredoras ou
perturbadoras e o Mentor Espiritual; raramente ocorrem cinco
manifestações pelo mesmo instrumento, principalmente num
grupo.”

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Como o médium deve se comportar no Centro Espírita

O Centro Espírita é o nosso Templo.


Tanto na sala de aula, como na de trabalhos práticos,
vamos nos manter numa posição respeitosa.
Bem sabemos que os trabalhadores do Plano Maior são
muito disciplinados em suas atividades. Devemos, desde já,
nos educar para esse fim.
Ao adentrar no recinto de nosso Templo, vamos procurar
manter a calma, controlando e diluindo a agitação pela qual
tivemos naquele dia.
Vamos fechando os olhos e, lentamente, façamos algumas
respirações profundas, imaginando que estamos eliminando toda
a carga de energia negativa de nosso corpo.
Elevemos os nossos pensamentos ao Mestre Jesus, pedindo
a Ele toda a proteção necessária para as atividades que
iremos desempenhar.
Procuremos ficar, por algum tempo, nessa pequena
meditação. Dessa forma, estaremos dando uma pequena
contribuição para manter a harmonia de nosso ambiente.
Não vamos estragar em segundos, o que o Plano Espiritual
levou horas para preparar.
Nós, também, somos responsáveis pela preparação
vibracional do recinto. Vigie constantemente seus pensamentos
e suas emoções. Lembre-se: “O silêncio é uma prece”.

Vejamos o que o autor espiritual André Luiz, tem a nos


dizer a esse respeito:

“Os benfeitores espirituais de plantão, na obra


assistencial aos irmãos desencarnados sofredores, esperam
sempre que os integrantes da equipe alcancem o recinto de
serviço em posição respeitosa.
33

Nada de vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas.


Lembrem-se os companheiros encarnados de que se
aproximam de enfermos reunidos, como num hospital, credores
de atenção e carinho.
A obra de socorro está prestes a começar.
Necessário inclinar o sentimento ao silêncio e à
compaixão, à bondade e à elevação de vistas, a fim de que o
conjunto possa funcionar em harmonia na construção do bem.
(...)
Se somos impelidos a conversar, durante os momentos que
precedem a atividade assistencial, seja a nossa palestra algo
de bom e edificante que auxilie e pacifique o clima do
recinto, ao invés de conturbá-lo”.(8)

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A importância da meditação(9)
Muito nos tem alertado o Plano Espiritual, que a
comunicação entre os desencarnados e os encarnados é feita
através do plano mental, ou seja, as mensagens são colocadas
sutilmente em nossos pensamentos. Os nossos olhos e ouvidos
espirituais estão em nossa mente. É preciso ter muito cuidado
para diferenciar os nossos pensamentos das palavras que são
enviados pelos nossos Amigos do outro Plano.
Para conseguir isso, é necessário entrar em sintonia com
o Plano Maior. Precisamos criar a afinidade. Um dos recursos
para limpar os nossos pensamentos e as nossas emoções é a
meditação.
A seguir, transcrevemos um resumo baseado no livro do
britânico David Fontana, “Elementos da Meditação”, onde ele
nos dá algumas orientações, de uma forma simples e concisa.

O que é Meditação? - Uma das melhores descrições da meditação


é a usada em certas tradições zen-budistas, isto é,
simplesmente sentar-se. Ou então, se você preferir uma
descrição mais extensa, também extraída de uma das grandes
tradições orientais, sentar-se tranquilamente sem fazer nada.

Benefícios da Meditação - Talvez você tenha ouvido dizer que


a meditação pode torná-lo mais calmo, mais tranqüilo, menos
ansioso. Talvez você tenha ouvido dizer que ela produz
benefícios físicos, como baixar pressão sanguínea, proteger
contra doenças cardíacas ou os males do estresse. Talvez você
(8)
"Desobsessão" - de André Luiz através de Chico Xavier
(9)
"Elementos da Meditação" - de David Fontana
34

tenha ouvido dizer que ela irá ajudá-lo a aumentar o seu


poder de concentração, a desenvolver a sua criatividade, a
aumentar a sua auto-estima ou ainda a torná-lo mais carinhoso
e caridoso com as outras pessoas. Talvez você tenha ouvido
dizer que ela irá ajudá-lo a permanecer jovem, a viver mais
tempo, a eliminar a insônia ou ajudá-lo a controlar a dor.

Vamos praticar - Sente-se confortavelmente num lugar


tranqüilo, onde seja pouco provável que você venha a ser
perturbado. Desligue o celular. Feche agora os olhos e
procure relaxar, eliminando as preocupações. Apenas observe
as tensões, as suas emoções, os seus pensamentos, mas sem
julgá-los. Apenas observe... Deixe sua consciência examinar
lenta e cuidadosamente o seu corpo, começando pelos pés e
pernas. E assim, analise o quadril, as costas, tórax, ombros,
e finalmente maxilares, rosto e têmporas. Após esse relaxa-
mento inicial, vamos iniciar a nossa concentração. É
impossível meditar sem se concentrar. Uma concentração
interior profunda, serena, desprovida de ansiedade, sem
tensão. Assim, na meditação ficamos atentos. Nessa atenção, a
mente se concentra, em vez de se distrair com vários
pensamentos que surgem a cada momento, com diversas sensações
que se apresenta no corpo. A mente permanece num único lugar,
em vez de perseguir loucamente um e outro conjunto de
associações. É verdade que os pensamentos e sensações
continuam a surgir, mas se a mente permanecer num único
lugar, a pessoa que está meditando é capaz de observá-los
surgir e depois partir, como nuvens atravessando o céu, em
vez de permitir que eles assumam o comando e dominem essa
observação. Recuse a julgá-los, e sequer tente bani-los pela
força de vontade. Simplesmente deixe que existam como
deixemos que um rio serpenteie pelo seu leito sem permitir
que nos leve embora. A mente permanece simplesmente num
estado de percepção em que vivência a si mesma em vez dos
pensamentos que se amontoam dentro dela.

Volte a atenção para a respiração - No inicio, tome a


consciência dela apenas como uma sensação global. Observe
como a respiração flui sem esforço, para dentro e para fora.
Repare como ela parece fria quando inspira, e quente quando
expira.
Volte agora mais especificamente a atenção para onde a
respiração está indo. Para a região superior do peito? Para o
meio do tórax? Ou está fluindo bem mais para baixo, para a
região do abdômen? Este é o lugar correto. Respiramos
profundamente na meditação, mas respirar profundamente não
significa inalar enormes golfadas de ar, e sim levar o fôlego
o mais profunda-mente possível para baixo do corpo,
diretamente para o diafragma, o maior músculo do corpo e
responsável pelo ciclo respiratório. Experimente respirar
assim por um momento, mas sem fazer esforço algum para inalar
mais ar do que habitual-mente. Sua meta é uma respiração
natural e relaxada. A respiração possui ao seu redor a leveza
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e a sutileza fundamentais na meditação. Quando relaxamos


durante a meditação, a respiração, como a mente, se torna
mais lenta, mais calma, mais suave, menos perceptível, até se
transformar num mero sussurro.

Conte as respirações - É bem possível que você descubra que


sua concentração precisa de mais ajuda, sobretudo nos
estágios iniciais do seu treinamento de meditação. Isto pode
ser conseguido se você contar suas respirações, além de se
concentrar em cada inalação e expiração. Para fazer isto,
conte a expiração, de um a dez, e depois volte ao começo. Se
em qualquer momento sua atenção divagar e você perder a
contagem, volte para o um. Esse processo pode ser eliminado
com o passar dos dias e das semanas, quando você perceber que
é ca-paz de meditar durante 15 minutos sem perder a contagem,
mas fique preparado para usá-lo novamente nas inevitáveis
ocasiões em que sua mente estiver especialmente ativa e você
te-nha dificuldade de meditar.

Lapso de atenção - No inicio, mesmo com a ajuda da contagem


das respirações, você poderá descobrir que a mente logo
divaga. Surgem os pensamentos que captam sua atenção, e,
antes que você se dê conta do que está acontecendo, sua
contagem, sua consciência da respiração e toda a idéia de
meditação simplesmente desaparecem. Não se preocupe, não
fique impaciente. Não fique zangado, desgostoso ou frustrado
consigo mesmo. Esses lapsos de atenção acontecem com todo
mundo. Quando isto acontecer, continue mantendo a calma e
leve suavemente sua mente de volta ao ponto de concentração.
Se acontecer dez ou cem vezes, o remédio é sempre o mesmo.
Suave, porém, firmemente, faça sua concentração retornar à
respiração.

Uma dica para acabar com a insônia - Se você tem dificuldade


em dormir, concentre-se na respiração ao se deitar, não com a
idéia de permanecer alerta como na meditação, e sim de
mergulhar profundamente no sono a cada respiração. O intenso
tagarelar da mente é que em geral nos mantém acordados.
Ao concentrar a atenção na respiração, em vez de nos
pensamentos, a mente fica livre para seguir o desígnio da
natureza, dormindo então calmamente.

Qual a melhor hora para meditar? - Na meditação, é


aconselhável reservar um período de tempo para a prática
cotidiana. Um curto período por dia é preferível a um longo
período uma vez por semana (ou quando tivermos vontade). A
prática diária é aconselhável para a maioria das tarefas de
aprendizado ou desempenho, quer estejamos aprendendo um
idioma estrangeiro, começando uma dieta ou escrevendo um
livro.
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Quanto a melhor hora para meditar, você é o juiz mais


adequado. Muitas pessoas afirmam que a meditação ideal é
feita pela manhã, logo ao acordar, enquanto outras asseguram
que o momento perfeito é a hora de dormir. Meditar bem cedo,
pela manhã, tem suas vantagens, porque a mente está
(teoricamente) límpida nesta hora, e a meditação, além disso,
transmite a sensação de que o dia está começando bem. Por
outro lado, meditar logo antes de dormir ajuda a acalmar a
mente, favorecendo uma boa e ininterrupta noite de sono.

Quanto tempo de meditação? - O melhor conselho para os


iniciantes é não ficarem excessivamente conscientes do tempo.
Tenham em mente a idéia de mais ou menos cinco minutos, e
quando o tempo acabar, você automaticamente sentirá que está
na hora de parar. Não tem a menor importância no inicio se
você meditou mais ou menos do que cinco minutos. Depois de
alguns dias, você perceberá que sua mente entra em sintonia
com esse período de tempo, não importa quão bem-sucedida sua
meditação possa parecer. Depois de estar praticando a
meditação por algum tempo (podem ser dias ou semanas), você
perceberá que uma coisa estranha está acontecendo. Seu
período de cinco minutos começa a aumentar espontaneamente.
Ele ainda parece ser de cinco minutos, mas quando você olha
no relógio, constata que pouco a pouco ele se estende para
dez minutos, depois quinze minutos, e assim por diante. Por
fim, você dará consigo meditando de vinte minutos a meia hora
por dia, e este período lhe parecerá adequado.

Alcançando a tranqüilidade - Voltemo-nos agora para a


tranqüilidade. O que significa exatamente este termo? Pense
num pequeno lago, e imagine revolvendo seu fundo lamacento
com uma vara. Observe o lodo subir, turvando a água de modo
que você não mais consegue ver as profundezas do lago. Ponha
agora a vara de lado e observe o lodo se assentar. Veja a
água pouco a pouco, ficar clara novamente, até que, mais uma
vez você possa ver o seu centro. Repare como a água fica
imóvel. Nada se mexe. Nada turva a sua transparência tão
intensa que você nem sequer tem certeza de que existe água
até abaixar-se e mergulhar seus dedos na sua limpidez. A
transparência cristalina é uma metáfora adequada para a
tranqüilidade. Às vezes chamada de “calma permanente”, a
tranqüilidade é o estado mental em que nada revolve a lama
dos nossos pensamentos ou emoções irrequietos. Quando você se
senta para meditar, sua mente, é semelhança da imobilidade,
faz com que a agitação dos pensamentos e das emoções se
acalme, permitindo que a clareza se manifeste. Ou melhor,
permitindo que a clareza reapareça, já que ela está sempre
potencialmente presente, do mesmo modo que a transparência
sempre existe potencialmente na água, não importa o quão
enlameado possa estar.
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A meditação na vida diária - A meditação não é uma fuga da


realidade, e sim uma maneira de lidar com ela, de obter um
insight dela. Assim, a meditação não deve ficar restrita
apenas às ocasiões em que você se senta e pratica. Ela deve
ser algo que pode se levado para a vida diária, atingindo o
ponto em que a vida em si se transforma numa meditação. Se
esta afirmação parece impossível ou excessivamente idealista,
ou se dá a impressão de que você deve enfrentar a vida como
um monge, não fique preocupado. Não se trata nada disso.
Significa apenas que você será capaz de trazer parte da
concentração, da atenção concentrada e relaxada que
caracteriza sua prática e meditação, para a questão mais
ampla da existência. O desenvolvimento da atenção consciente
o ajuda a ser mais eficiente e organizado. Ajuda-o a ficar
mais consciente do que é estar vivo.

Não é por acaso que tantas tradições espirituais


enfatizam a atenção consciente, desde as freqüentes
advertências dos evangelhos de “vigiai” ao brado estridente
de “despertai” encontrado em grande parte da literatura
islâmica.

O Dhammapada budista tem uma maneira notável de


apresentar o tema:

“A vigilância é o caminho da imortalidade: a sua ausência é o


caminho da morte. Aqueles que são vigilantes nunca morrem;
aqueles que não são, já estão como mortos.”

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Fontes bibliográficas utilizadas como pesquisa


(1) "Segurança Mediúnica" - de Miramez, através de João Nunes Maia -
Fonte Viva.
(2) "Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva – FEB
(3) "Diversidade dos Carismas" Vol 1 - Hermínio de Miranda -
Publicações Lachƒtre.

(4) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda.

(5) "O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier

(6) "Missionários da Luz" - André Luiz através de Chico Xavier.


(7) "Diretrizes de Segurança" - Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira
(8) "Desobsessão" - de André Luiz através de Chico Xavier
(9) "Elementos da Meditação" - de David Fontana

Rubens Santini (rubens.santini@gmail.com)


Distribuição gratuita. Não é permitida a sua venda. A cópia é permitida para distribuição gratuita.
São Paulo, abril de 1995.

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