RESUMO
Este estudo tem o objetivo de buscar uma forma de gestão cooperativa que seja
adequada aos interesses do grupo de associados.
Isto se deve ao fato da gestão cooperativa estar unicamente voltada aos
profissionais gestores, onde o associado sem conhecimentos na área tem grande
dificuldade no entendimento dos relatórios e plano diretivo, podendo muito
facilmente ser alvo de manobras para aprovação de matérias que não sejam do
interesse dos associados. Este trabalho relata a forma de gestão da Cooperativa
Agropecuária Campoerense (Coopere), em que o associado participa desde a
fundação até na forma de distribuição das sobras no final de cada exercício contábil.
Palavras – Chaves: Cooperativa, Gestão, Legislação jurídico-contábil.
INTRODUÇÃO
Sociedade Cooperativa é um tipo de sociedade de pessoas, sem fins lucrativos
regulada por lei especial e que se destina unicamente à prestação direta de serviços
aos associados, onde o cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário do
“empreendimento”.
Existem modelos de pequenas cooperativas que têm seguido de forma fiel o
princípio do cooperativismo cuja gestão participativa apresenta uma estrutura
funcional enxuta de funcionários e unidade, que valoriza e fortalece o associado e
não a estrutura física, pois na visão destes modelos é importante ter sócios
fortalecidos e sua estrutura deve ser simples e ágil a serviço dos associados.
Hoje, as cooperativas principalmente as de grande porte tem sistema de
funcionamento semelhante ao de uma sociedade comercial, cuja gestão é
centralizada em poucas pessoas (diretoria), não mais exercendo o princípio de
gestão democrática, com uma visão de que a cooperativa deva ser grande, pouco
importando se estão seguindo o princípio de servir aos associados.
METODOLOGIA
A pesquisa ateve-se inicialmente a um estudo teórico, na busca de uma melhor
aproximação com o objeto de investigação. Estudo este que buscou compreender a
dinâmica do funcionamento de uma cooperativa. Buscou-se, também, nessa fase
levantar informações sobre o cooperativismo na região Sudoeste do Paraná e Oeste
de Santa Catarina, bem como um estudo sobre a metodologia de pesquisa.
Tendo em vista as diferenças apresentadas, buscou-se através da pesquisa
bibliográfica, conhecer e estudar a legislação jurídico-contábil, os princípios do
cooperativismo, os aplicativos contábeis. Paralelamente realizou-se um estudo de
1
Acadêmica do curso de Ciências Contábeis do CEFET/PR Unidade de Pato Branco.
2
Professor do curso de Agronomia do CEFET/Pr – Unidade de Pato Branco e membro do CEPAD –
Centro de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Regional.
caso na Cooperativa Agropecuária Campoerense (Coopere), objetivando comparar o
estudo teórico com o modelo de gestão utilizado.
Para isto buscou-se conhecer a legislação do cooperativismo, estudar os
princípios que instituiu o cooperativismo no Brasil e no mundo, estudar diferentes
modelos de gestão, finalidades e de legislação das cooperativas.
No primeiro momento fez-se um estudo da história, a origem e os princípios do
cooperativismo. Num segundo momento pesquisou-se sobre a contabilidade nas
sociedades cooperativas, e a seguir os aspectos tributários e fiscais das mesmas.
Após realizou-se um estudo de caso na Cooperativa Agropecuária Campoerense,
sua forma de funcionamento, seus objetivos e finalidades.
Este estudo nos levou a perceber que, as sociedades cooperativas necessitam
especificações legislativas e de aprimoramento em suas demonstrações fisco-
contábil. Deverão também, buscar formas de gestão e de demonstrações contábeis
simples e claras, para que, nas Assembléias Gerais, não seja somente um repasse
de informações distante do agricultor, para que este decida de maneira consciente
os rumos da cooperativa, podendo o grupo encontrar soluções em conjunto para os
problemas, contribuindo para o desenvolvimento da cooperativa.
1 . ENTENDENDO O PROBLEMA
Hoje temos vários segmentos cooperativos no Brasil como Agropecuário,
Consumo, Crédito, Educacional, Habitacional, Especial, Mineração, Produção,
Serviços ou Infra-estrutura, Trabalho, Saúde e Turismo e Lazer em diferentes
formações societárias, tanto econômicas quanto estruturalmente.
O conceito vigente que se tem do cooperativismo é que ele pode ser exercido
somente por grandes estruturas (física, quadro societário e de funcionários...), mas o
significado de cooperação é bem mais amplo e contempla inclusive as pequenas
iniciativas de grupos de pessoas que vêem nesta forma de organização um meio de
constituir uma empresa de forma que legalize seus negócios, e oportunize que se
institua empresas coletivas para diluir seus custos e encargos fiscais, mesmo que
estas não possuam grande estrutura física, funcional e de funcionários.
Ao focalizar o cooperativismo agropecuário, um importante segmento da
economia, percebemos que este apresenta diferenças de finalidades, de legislação
tributária e no aspecto contábil, pertinente as elas.
A grande cooperativa, aqui caracterizada segundo a Organização das
Cooperativas Brasileiras, por apresentar uma estrutura funcional de matriz e filiais,
também chamados de entrepostos, com grande número de funcionários, ampla
estrutura física constituída, são fruto de políticas de incentivos governamentais ao
setor adotados na década de 60 pelo Governo Federal. Dentre essas políticas,
destacam-se os investimentos públicos em infra-estrutura (estrada, comunicação,
comercialização, etc.), estabelecimentos de projetos especiais e programas
regionais, incentivos aos investimentos privados em reflorestamento e à abertura de
grandes fazendas nas regiões centro-oeste e amazônica, desenvolvimento das
indústrias de insumos, máquinas e equipamentos para a agricultura, reestruturação
da pesquisa agropecuária e da extensão rural, incremento do crédito rural,
geralmente a taxas de juros negativas (isto é, inferiores a taxas de inflação) e
subsídios para aquisição de insumos e máquinas.
Com isso, as cooperativas têm sistema de funcionamento semelhante ao de
uma empresa normal, cuja gestão é centralizada em poucas pessoas (diretoria), não
mais exercendo o princípio de gestão democrática, mas com uma visão de que a
cooperativa deve ser grande, com suas operações voltadas para o mercado
competindo e buscando o lucro como outras empresas do setor.
Temos também modelos de pequenas cooperativas que têm seguido de forma
fiel o princípio do cooperativismo cuja gestão participativa apresenta uma estrutura
funcional enxuta de funcionários e unidade, que valoriza e fortalece o associado e
não a estrutura física, pois na visão destes modelos é importante ter sócios
fortalecidos e sua estrutura deve ser simples e ágil a serviço dos associados.
Baseados nestas diferenças buscou-se através desta pesquisa, estudar a
história, origem do cooperativismo, os princípios que instituíram o cooperativismo no
Brasil e no mundo e conhecer modelos de gerenciamento, aplicativos contábeis e de
legislação tributária para aplicação em pequenas cooperativas.
3 . CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após este estudo, compreendemos que o cooperativismo é um movimento
internacional, e que a sociedade cooperativa é uma associação autônoma de
pessoas que se unem na busca da satisfação de suas necessidades tanto
econômicas, sociais ou culturais, regidas pelos princípios do cooperativismo e com
toda uma simbologia válida para o mundo inteiro.
Como a sociedade cooperativa tem uma forma jurídica “ sui generis”, não se
enquadravam na forma de associações ou outra espécie societária. Hoje, segundo
Waldírio Bulgarelli (1999), “... a sociedade cooperativa é hoje mais que um tipo de
sociedade, com forma jurídica própria, pois tantas foram às modificações,
adaptações e limitações que sofreram as regras oriundas dos outros tipos
societários que se torna impossível confundir a atual sociedade cooperativa com os
demais tipos societários”.
Como o grupo gestor tem por objetivo a melhor forma de administrar o que é
de todos os associados, estes têm a responsabilidade de operacionalizar a
cooperativa, fazendo com que a mesma obtenha êxito e preservando a imagem da
sociedade.
Para que isto aconteça o associado deve ter em mente que, somente através
da educação, comunicação e oportunidade de participar dos eventos cooperativos
virão estes conhecimentos. Assim, nas Assembléias Gerais, não haverá somente um
repasse de informações sem nexo, mas uma tomada de decisão consciente,
podendo o grupo identificar soluções de problemas, participando deles e em
conseqüência disto o desenvolvimento da cooperativa e a profissionalização desta
seja cada vez maior.
5. BIBLIOGRAFIA
Benecke, D. W. Cooperação e Desenvolvimento; o papel das cooperativas no
processo de desenvolvimento econômico nos países do terceiro mundo. Porto
Alegre, 1980.
Polonio, W. A. Manual das sociedades cooperativa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.