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DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (DIREI)

COORDENAÇÃO DE ESTATÍSTICAS ECONÔMICAS

BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA DE MINAS GERAIS

1º Semestre de 2018

ISSN 2447-3294
Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Planejamento e Gestão.

SINAIS CONVENCIONAIS
... Dado numérico não disponível.
.. Não se aplica dado numérico.
- Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.
0,0 Dado numérico igual a zero resultante de arredondamento de um dado numérico
originalmente positivo.

- Disponível também em: <http://www.fjp.mg.gov.br>

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B688 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais. – v. 1, n.1,


(jan./mar.2008). – Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Diretoria
de Estatística e Informações, 2008-

Trimestral (2008-14), quadrimestral (2015-17), semestral (2018-).

ISSN 2447-3294

1. Economia – Minas Gerais – Periódicos. I. Fundação João Pinheiro.


Diretoria de Estatística e Informações.

CDU 33(815.1)
iii
Governador do Estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel

Secretario de Estado de Planejamento e Gestão


Helvécio Miranda Magalhães Júnior

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

Presidente
Roberto do Nascimento Rodrigues

Vice-presidente
Daniel Lisbeni Marra Fonseca

Diretoria de Estatística e Informações


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Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças


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Diretoria de Políticas Públicas


Celeste de Souza Rodrigues

Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho


Maria Isabel Araújo Rodrigues

UNIDADE RESPONSÁVEL
DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (DIREI)
Júnia Santa Rosa (Diretora)

Coordenação de estatísticas econômicas


Raimundo de Sousa Leal Filho

Equipe técnica
Pesquisadores
Carla Cristina Aguilar de Souza
Glauber Flaviano Silveira
Maria Aparecida Sales Souza Santos Produção editorial
Raimundo de Sousa Leal Filho Caio César Soares Gonçalves
Reinaldo Carvalho de Morais João Bosco Assunção
Thiago Rafael Correa de Almeida
Capa
Estagiário
Bárbara Andrade Corrêa da Silva
Augusto Carvalho de Almeida
Pedro Henrique Souza Portugal
Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
SUMÁRIO

CONDICIONANTES EXTERNOS ...................................................................................................... 07

NÍVEL DE ATIVIDADE ECONÔMICA EM MINAS GERAIS ............................................................... 21

COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................................................................ 30

FINANÇAS PÚBLICAS ..................................................................................................................... 41

EMPREGO, DESEMPREGO E RENDIMENTOS DO TRABALHO ........................................................ 53


CONDICIONANTES EXTERNOS

Raimundo de Sousa Leal Filho1

RESUMO:

Este artigo teve como objetivo promover uma avaliação preliminar dos mais recentes indicadores
macroeconômicos da economia mundial e, particularmente, da economia brasileira. Foram utilizadas as
projeções para a variação do PIB consolidadas no relatório de outubro do Panorama Econômico Mundial do
FMI, os resultados das contas nacionais trimestrais, das taxas de desemprego harmonizadas e dos índices de
inflação das bases de dados online da OCDE, as séries temporais da meta para a taxa de juros Selic, da taxa
de câmbio comercial para compra, e dos componentes dos índices de preços do Banco Central do Brasil, e os
resultados do PIB Trimestral do IBGE.

PALAVRAS-CHAVE: Economia Mundial, Economia Brasileira, Indicadores Macroeconômicos.

ABSTRACT:

The purpose of the article was to promote a preliminary evaluation of the most recent macroeconomic
indicators of the global economy and, in particular, of the Brazilian economy. In order to do so, it used (i) the
GDP projections present in the october report of the IMF World Economic Outlook; (ii) the results of the
quarterly national accounts; (iii) the online OECD database harmonized unemployment rates and inflation
index; (iv) time series of Selic’s interest rate target, exchange rate and price index components of the Brazilian
Central Bank, as well as (v) IBGE’s quarterly GDP results.

KEYWORDS: World Economy, Brazilian Economy, Macroeconomy.

1 Pesquisador da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), doutor em economia
(CEDEPLAR/UFMG). E-mail: raimundo.sousa@fjp.mg.gov.br.
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1 INTRODUÇÃO

Em junho, o Fundo Monetário Internacional manteve em 3,9% a projeção para o crescimento da economia
mundial em 2018. Se confirmada essa projeção, a economia mundial terá experimentado um ciclo bianual
de crescimento acima da média de 3,5% do quinquênio anterior (2012-16).

Em relação às previsões de abril, foi mantida a perspectiva de crescimento acima do potencial nos Estados
Unidos e na maioria dos países do grupo “Outras Economias Avançadas”. Por outro lado, se reconhece que
no Reino Unido, no Japão e na Zona do Euro (particularmente Alemanha, França e Itália) a recuperação
econômica será menos expressiva. Na América Latina, foi mantida a projeção de aceleração do ritmo de
crescimento do PIB no México, enquanto que para o Brasil houve revisão para baixo (tab. 1). As previsões
para China, Índia e países do ASEAN-5 foram mantidas praticamente inalteradas.

Tabela 1: Taxas de variação do Produto Interno Bruto e projeções – países e grupos de países selecionados –
2016-2018
(Em %)
Projeções para 2018
Países ou Grupos de Países 2016 2017
Jan. 2018 Abr. 2018 Jun. 2018
África do Sul 0,6 1,3 0,9 1,5 1,5
Alemanha 1,9 1,9 2,3 2,5 2,2
América Latina e Caribe -0,6 1,3 1,9 2,0 1,6
ASEAN-5 (1) 5,0 5,0 5,3 5,3 5,3
Brasil -3,5 1,0 1,9 2,3 1,8
Canadá 1,4 3,0 2,3 2,1 2,1
China 6,7 6,9 6,6 6,6 6,6
Espanha 3,3 3,1 2,4 2,8 2,8
Estados Unidos 1,5 2,3 2,7 2,9 2,9
França 1,2 1,8 1,9 2,1 1,8
Índia (2) 7,1 6,7 7,4 7,4 7,3
Itália 0,9 1,5 1,4 1,5 1,2
Japão 0,9 1,7 1,2 1,2 1,0
México 2,9 2,0 2,3 2,3 2,3
Outras Economias Avançadas (3) 2,3 2,3 2,6 2,7 2,8
Reino Unido 1,9 1,8 1,5 1,6 1,4
Rússia -0,2 1,5 1,7 1,7 1,7
Zona do Euro (4) 1,8 2,3 2,2 2,4 2,2
Economia Mundial 3,2 3,8 3,9 3,9 3,9
Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI) - World Economic Outlook Update: Less Even Expansion, Rising Trade Tensions, Jul.
2018.
(1) Associação das Nações do Sudeste Asiático (The Association of Southeast Asian Nations), formada por Indonésia, Filipinas, Malásia,
Tailândia e Vietnam. (2) Projeções para Índia com base no ano fiscal e não no ano calendário (3) Austrália, Cingapura, Coréia do Sul,
Dinamarca, Hong Kong, Islândia, Israel, Nova Zelândia, Noruega, República Tcheca, San Marino, Suécia, Suíça e Taiwan. (4) A Zona do
Euro foi criada em 01/01/1999, reunindo Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo
e Portugal. Posteriormente, ingressaram Grécia (2001), Eslovênia (2007), Chipre (2008), Malta (2008), Eslováquia (2009) e Estônia
(2011), sempre no primeiro dia de cada ano. Bulgária, Dinamarca, Letônia, Lituânia, Hungria, Polônia, Reino Unido, República Checa,
Romênia e Suécia fazem parte da União Europeia, mas não utilizam a moeda comum.

Nas próximas seções, as perspectivas para o desempenho macroeconômico global são cotejadas com uma
análise sintética da evolução de indicadores conjunturais selecionados, com o objetivo de se identificar as
principais tendências macroeconômicas no cenário internacional e, em particular, na economia brasileira.

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2 ECONOMIA MUNDIAL: INDICADORES MACROECONÔMICOS SELECIONADOS

Em uma amostra das Contas Nacionais Trimestrais de quarenta e um países (selecionados em função da
disponibilidade e confiabilidade dos dados), somente quatro apresentaram variação negativa do PIB em
algum dos dois primeiros trimestres de 2018: África do Sul, Irlanda, Japão e México. Desses, apenas na África
do Sul há evidência de recessão econômica (tab. 2).

Tabela 2: Produto Interno Bruto: taxa de variação – países selecionados – 1º trim. 2017-2º trim. 2018
Em % (base: trimestre anterior na série com ajuste sazonal)
Países 2017:1 2017:2 2017:3 2017:4 2018:1 2018:2
África do Sul -0,1 0,7 0,6 0,8 -0,7 -0,2
Alemanha 1,1 0,5 0,6 0,5 0,4 0,5
Argentina 1,3 0,9 0,7 1,0 1,1 ..
Austrália 0,4 0,7 0,7 0,7 1,1 0,9
Áustria 1,1 0,9 0,7 0,8 0,9 0,5
Bélgica 0,7 0,5 0,2 0,5 0,3 0,4
Brasil 1,0 0,4 0,6 0,0 0,1 0,2
Canadá 1,0 1,1 0,4 0,4 0,4 0,7
Chile -0,5 0,8 2,4 0,7 1,2 0,7
China 1,5 1,9 1,8 1,6 1,4 1,8
Colômbia -0,0 0,7 0,0 1,0 0,9 0,6
Coréia do Sul 1,0 0,6 1,4 -0,2 1,0 0,6
Dinamarca 2,4 -1,1 -0,8 0,9 0,4 0,1
Eslováquia 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 1,1
Eslovênia 1,7 1,4 1,0 2,0 0,5 0,8
Espanha 0,8 0,9 0,7 0,7 0,7 0,6
Estados Unidos 0,4 0,7 0,7 0,6 0,5 1,0
Estônia 1,4 1,2 0,2 1,9 0,2 1,4
Finlândia 1,0 0,6 0,2 0,8 1,2 0,3
França 0,8 0,6 0,7 0,7 0,2 0,2
Grécia 0,4 0,9 0,5 0,2 0,9 0,2
Holanda 0,6 1,0 0,6 0,9 0,6 0,7
Hungria 1,4 1,1 1,1 1,3 1,2 1,0
Índia 1,4 1,5 1,9 1,9 2,0 1,9
Indonésia 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3
Irlanda -4,7 3,1 4,5 2,8 -0,6 ..
Israel 0,2 0,9 1,1 1,2 1,2 0,5
Islândia -2,7 0,3 3,1 0,6 1,1 ..
Itália 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2
Japão 0,7 0,5 0,6 0,2 -0,2 0,7
México 0,3 0,5 -0,1 0,8 1,0 -0,2
Noruega 0,5 0,8 0,7 0,1 0,2 0,4
Nova Zelândia 0,8 0,9 0,6 0,6 0,5 ..
Polônia 1,0 0,9 1,4 1,0 1,6 1,0
Portugal 0,7 0,3 0,6 0,7 0,4 0,5
Reino Unido 0,4 0,2 0,4 0,4 0,2 0,4
República Tcheca 1,3 2,3 0,5 0,7 0,5 0,7
Rússia 0,7 0,5 0,3 0,1 0,4 0,9
Suécia 0,4 1,1 0,7 0,8 0,8 1,0
Suíça 0,2 0,5 0,7 0,6 0,6 ..
Turquia 1,8 2,5 1,3 1,6 1,5 0,9
Fonte: The OECD quarterly national accounts (QNA) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 12 Set. 2018.

Nos quatorze países com taxas médias de variação do PIB trimestral menores ou iguais a 0,5% no ano
passado, houve contração do nível de atividade apenas na África do Sul. Houve continuidade do fraco
crescimento (média menor ou igual a 0,5% nos dois primeiros trimestres de 2018) na Bélgica, no Brasil, na
Dinamarca, na Itália, no Japão, no México, na Noruega e no Reino Unido; aceleração para crescimento

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moderado (média entre 0,5% e 1%) na Colômbia, na Grécia, na Rússia e na Suíça. Na Islândia, houve variação
superior a 1% no primeiro trimestre de 2018 (tab. 2).

Nos dezessete países com taxas médias de variação do PIB superiores a 0,5%, porém menores ou iguais a 1%
no ano passado, houve desaceleração para fraco crescimento na Alemanha, na França, na Nova Zelândia e
em Portugal; manutenção do crescimento moderado na Austrália, na Áustria, no Canadá, no Chile, na Coréia
do Sul, na Espanha, nos Estados Unidos, na Finlândia, na Holanda, em Israel e na Suécia. Na Argentina2 e na
Eslováquia, houve variação média do PIB trimestral superior a 1% (tab. 2).

Dos dez países em que o PIB havia apresentado variação trimestral média superior a 1% no ano passado,
houve contração do nível de atividade apenas na Irlanda, e transição para crescimento moderado na
Eslovênia, na Estônia e na República Tcheca. Em seis países, houve continuidade do crescimento acelerado:
China, Hungria, Índia, Indonésia, Polônia e Turquia (tab. 2).

Portanto, prevalece na economia internacional uma conjuntura mais favorável ao crescimento econômico,
difundida nas diversas regiões do globo pela primeira vez desde a crise financeira de 2008. Entretanto, esse
processo aproximou-se do seu teto, e estabilizou-se a frequência das transições, no curto prazo, de situações
em que o ritmo de crescimento do PIB estava fraco para situações de crescimento moderado ou forte.

Além disso, o fato de que, nos Estados Unidos os estímulos fiscais tenham promovido expansão do PIB no
curto prazo acima do potencial implica que a meta para o intervalo da taxa básica de juros, elevada em 25
pontos-base em junho, deverá continuar aumentando no segundo semestre desse ano e em 2019; também
na Europa, com o sucesso da recuperação econômica, o Banco Central Europeu deverá reduzir suas compras
mensais de títulos financeiros privados de € 30 bilhões para € 15 bilhões em outubro, e encerrar o programa
em 31 de dezembro deste ano.

A normalização das políticas monetárias nos países avançados deve reduzir o diferencial entre os retornos
dos títulos nesses países e nos países em desenvolvimento e, portanto, o fluxo de capitais que estes últimos
absorvem. Este fato, somado à apreciação do dólar, à escalada de tensões comerciais, e à elevação dos preços
globais do petróleo (16% entre fevereiro e junho de 2018), implica uma deterioração de cenário não
desprezível para este grupo de países. Na Turquia e na Argentina, com maior vulnerabilidade externa, já
houve profunda reversão de expectativas com relação ao desempenho econômico no futuro imediato.
Mesmo nos países com menor vulnerabilidade externa, como é o caso do Brasil, este novo cenário se revela
bem mais desafiador, na medida em que a apreciação do dólar e a reversão dos fluxos de capital os afeta
diretamente e de imediato, e uma provável desaceleração do crescimento na economia mundial irá contrair

2 No caso da Argentina, esse foi o resultado do primeiro trimestre, que ainda não captou o efeito do ataque especulativo contra a
sua moeda sobre a política monetária e fiscal do país, nem seu impacto sobre a atividade econômica e o nível de emprego.

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a demanda por suas exportações num contexto em que já não dispõem de espaço fiscal para ativar políticas
anticíclicas.

As repercussões do princípio de reversão do ciclo de expansão global do nível de atividade nos mercados de
trabalho nacionais podem ser avaliadas a partir do exame dos dados apresentados na tabela 3.3 Da amostra
composta por trinta e quatro países da OCDE mais o Brasil e a Colômbia, em doze casos houve aumento da
taxa de desemprego ajustada sazonalmente, entre março e junho de 2018. 4

Houve redução da taxa de desemprego em quatro dos cinco países em que 10% ou mais da força de trabalho
estavam desempregados em março de 2018: no Brasil, de 12,5% para 12,3%; na Espanha, de 16,0% para
15,2%; na Grécia, de 20,0% para 19,5%; e na Itália, de 10,9% para 10,8%. Na Turquia, houve aumento da taxa
de desemprego, de 10,0% para 10,6% (tab. 3).

Nos cinco países com taxa de desemprego igual ou superior a 7% e inferior a 10% em março de 2018, essa
reduziu de 7,0% para 6,8% na Eslováquia; de 7,8% para 7,6% na Finlândia; de 9,2% para 9,1% na França; e de
7,5% para 6,8% em Portugal. Na Colômbia, a taxa de desemprego aumentou de 9,2% para 9,5% (tab. 3).

Nos dez países com taxa de desemprego igual ou superior a 5% e inferior a 7% em março de 2018, houve
redução em quatro casos: na Austrália, de 5,5% para 5,4%; na Áustria, de 5,0% para 4,7%; na Estônia, de 5,6%
para 5,0%; e em Luxemburgo, de 5,2% para 5,1%. Na Bélgica, permaneceu inalterada em 6,0%. Houve
aumento da taxa de desemprego em cinco casos: no Canadá, de 5,8% para 6,0%; no Chile, de 6,8% para 7,0%;
na Eslovênia, de 5,6% para 5,7%; na Irlanda, de 5,8% para 5,9%; e na Suécia, de 6,2% para 6,3% (tab. 3).

Nos dezesseis países com taxa de desemprego inferior a 5% em março de 2018, houve redução em sete
casos: na Alemanha, de 3,5% para 3,4%; na Coréia do Sul, de 4,0% para 3,7%; nos Estados Unidos, de 4,1%
para 4,0%;5 na Hungria, de 3,7% para 3,6%; no Japão, de 2,5% para 2,4%; na Polônia, de 3,9% para 3,6%; e
no Reino Unido, de 4,1% para 4,0%. Na Holanda e na Noruega, permaneceu inalterada em 3,9%; na Islândia,
em 2,8%; e na Suíça, em 4,9%. Nos outros cinco países, houve aumento da taxa de desemprego: na

3 Visto que o objetivo dessa seção é apresentar uma visão panorâmica das modificações mais recentes no cenário macroeconômico
mundial e, em particular, do Brasil, optou-se por restringir a análise conjuntural sobre o mercado de trabalho internacional à
discussão sobre a evolução do indicador sintético da taxa de desemprego. Sempre que necessário, considerações adicionais sobre
a natureza dos postos de trabalho criados (emprego regular versus trabalho precário, desigualdades de qualificações e de
rendimentos, etc.) serão incorporadas à discussão. A respeito do indicador de desemprego utilizado, optou-se pela publicação das
taxas de desemprego harmonizadas pela metodologia da OCDE, o que permite a realização de comparações temporais entre as
trajetórias dos diferentes países tal como acontece com os indicadores de atividade econômica. Como o Brasil ainda não ingressou
formalmente na OCDE, esse procedimento de ajuste não está disponível para os indicadores de desemprego locais, e se adicionou
à base de dados da OCDE uma taxa de desemprego nacional com ajuste sazonal calculada pelo autor para o Brasil. Nesse caso, a
análise comparativa realizada nesse exercício deve ser tomada apenas como uma primeira aproximação, especialmente no que diz
respeito às conclusões sobre a posição relativa do indicador brasileiro no conjunto da amostra de países.
4 Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Eslovênia, Irlanda, Israel, México, Nova Zelândia, República Tcheca, Suécia e Turquia.
5 Mínima histórica dos últimos trinta anos, com 3,9% em julho e em agosto de 2018.

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Dinamarca, de 4,9% para 5,0%; em Israel, de 3,7% para 4,0%; no México, de 3,2% para 3,4%; na Nova
Zelândia, de 4,4% para 4,5%; e na República Tcheca, de 2,2% para 2,4% (tab. 3).

Tabela 3: Taxas de desemprego harmonizadas – países selecionados – mar. 2017-jun. 2018


Em % da Força de Trabalho (séries com ajuste sazonal)
Países Mar. 2017 Jun. 2017 Set. 2017 Dez. 2017 Mar. 2018 Jun. 2018
Alemanha 3,9 3,8 3,7 3,6 3,5 3,4
Austrália 5,8 5,6 5,4 5,5 5,5 5,4
Áustria 5,8 5,4 5,4 5,4 5,0 4,7
Bélgica 7,7 7,3 6,8 6,2 6,0 6,0
Brasil (1) 13,1 12,9 12,5 12,4 12,5 12,3
Canadá 6,6 6,5 6,2 5,8 5,8 6,0
Chile 6,7 6,5 6,7 6,9 6,8 7,0
Colômbia 9,5 9,1 9,7 9,3 9,2 9,5
Coréia do Sul 3,6 3,8 3,7 3,7 4,0 3,7
Dinamarca 6,0 5,7 5,6 5,3 4,9 5,0
Eslováquia 8,6 8,1 7,8 7,4 7,0 6,8
Eslovênia 6,9 6,6 6,4 5,6 5,6 5,7
Espanha 18,0 17,1 16,7 16,5 16,0 15,2
Estados Unidos 4,5 4,3 4,2 4,1 4,1 4,0
Estônia 5,2 6,6 6,1 5,5 5,6 5,0
Finlândia 8,8 8,6 8,4 8,2 7,8 7,6
França 9,5 9,5 9,4 9,1 9,2 9,1
Grécia (2) 22,1 21,3 20,8 20,8 20,0 19,5
Holanda 5,1 4,9 4,7 4,4 3,9 3,9
Hungria 4,4 4,2 4,0 3,8 3,7 3,6
Irlanda 7,1 6,6 6,6 6,2 5,8 5,9
Islândia 2,7 2,7 2,7 2,8 2,8 2,8
Israel 4,4 4,3 4,1 4,1 3,7 4,0
Itália 11,5 11,1 11,1 10,9 10,9 10,8
Japão 2,8 2,8 2,8 2,7 2,5 2,4
Luxemburgo 5,8 5,6 5,5 5,4 5,2 5,1
México 3,5 3,3 3,4 3,4 3,2 3,4
Noruega 4,4 4,3 4,0 4,0 3,9 3,9
Nova Zelândia (3) 4,9 4,8 4,6 4,5 4,4 4,5
Polônia 5,2 5,0 4,7 4,3 3,9 3,6
Portugal 9,7 9,1 8,5 7,9 7,5 6,8
Reino Unido (2) 4,5 4,3 4,2 4,2 4,1 4,0
República Tcheca 3,2 2,9 2,6 2,4 2,2 2,4
Suécia 6,4 6,5 6,7 6,5 6,2 6,3
Suíça (3) 4,9 4,7 4,8 4,8 4,9 4,9
Turquia (2) 11,5 10,9 10,6 9,9 10,0 10,6
Fonte: The OECD key economic indicators (KEI) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 12 Set. 2018.
Notas: As taxas de desemprego selecionadas para comparações internacionais foram ajustadas sazonalmente e harmonizadas pelo
Escritório de Estatísticas da OCDE ao conceito de desemprego adotado pelo Escritório de Estatísticas da Comunidade Europeia
(EUROSTAT). Além do EUROSTAT, os surveys domiciliares sobre a força de trabalho, dos Escritórios de Estatísticas dos
governos nacionais do Canadá, dos Estados Unidos, da Austrália, do Japão, da Coreia do Sul e da Suíça foram desenhados de
modo a permitir a produção destas estatísticas – seguindo as recomendações da 13ª Conferência Internacional dos
Estatísticos do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
(1) Estimativa do autor para série com ajuste sazonal pelo método X-12 ARIMA sobre os dados originais da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua – Mensal (PNADC-Mensal), do IBGE (foi considerado mês de referência o último de cada trimestre
móvel). Software utilizado disponível para download em: http://www.census.gov/srd/www/x12a/x12downv03_pc.html. (2) Última
referência disponível: maio/2018. (3) Dados disponíveis somente em séries trimestrais (foi considerado mês de referência o último
de cada trimestre).

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Em relação aos trimestres anteriores, nessa amostra constata-se uma redução do número de transições
favoráveis nos mercados de trabalho nacionais. Embora o quadro geral ainda seja majoritariamente positivo,
surgem os primeiros sinais de que a atual expansão cíclica se encontra próxima (ou já alcançou) do ponto de
reversão em boa parte dos países para os quais os dados estão disponíveis.

Tabela 4: Índice de preços ao consumidor: Variação acumulada em doze meses – Países selecionados – mar.
2017-jun. 2018
Em % (variação acumulado em doze meses)
Países selecionados Mar. 2017 Jun. 2017 Set. 2017 Dez. 2017 Mar. 2018 Jun. 2018
África do Sul 6,1 5,0 4,9 4,5 3,7 4,4
Alemanha 1,6 1,6 1,8 1,7 1,6 2,1
Argentina .. .. .. 24,8 25,4 29,5
Austrália 2,1 1,9 1,8 1,9 1,9 2,1
Áustria 1,9 1,9 2,4 2,2 1,9 2,0
Bélgica 2,3 1,6 2,0 2,1 1,4 2,1
Brasil 4,6 3,0 2,5 2,9 2,7 4,4
Canadá 1,6 1,0 1,6 1,9 2,3 2,5
Chile 2,7 1,7 1,4 2,3 1,8 2,5
China 0,9 1,5 1,6 1,8 2,1 1,9
Colômbia 4,7 4,0 4,0 4,1 3,1 3,2
Coreia do Sul 2,2 1,9 2,1 1,5 1,3 1,5
Dinamarca 1,0 0,6 1,6 1,0 0,5 1,1
Eslováquia 1,0 1,0 1,7 1,8 2,4 2,8
Eslovênia 1,9 0,9 1,4 1,7 1,2 2,1
Espanha 2,3 1,5 1,8 1,1 1,2 2,3
Estados Unidos 2,4 1,6 2,2 2,1 2,4 2,9
Estônia 2,8 2,9 3,7 3,4 2,8 4,0
Finlândia 0,8 0,7 0,8 0,5 0,8 1,2
França 1,1 0,7 1,0 1,2 1,6 2,0
Grécia 1,7 1,0 1,0 0,7 -0,2 1,0
Holanda 1,1 1,1 1,5 1,3 1,0 1,7
Hungria 2,7 1,9 2,5 2,2 2,0 3,1
Índia 2,6 1,1 2,9 4,0 4,4 3,9
Indonésia 3,6 4,4 3,7 3,6 3,4 3,1
Irlanda 0,7 -0,4 0,2 0,4 0,2 0,4
Islândia 1,6 1,5 1,4 1,9 2,8 2,6
Israel 0,9 -0,2 0,1 0,4 0,2 1,3
Itália 1,4 1,2 1,1 0,9 0,8 1,3
Japão 0,2 0,4 0,7 1,0 1,1 0,7
Luxemburgo 1,7 1,5 1,8 1,4 1,1 1,4
México 5,4 6,3 6,3 6,8 5,0 4,6
Noruega 2,4 1,9 1,6 1,6 2,2 2,6
Nova Zelândia 2,2 1,7 1,9 1,6 1,1 1,5
Polônia 2,1 1,6 2,3 2,2 1,5 2,2
Portugal 1,4 0,9 1,4 1,5 0,7 1,5
Reino Unido 2,3 2,6 2,8 2,7 2,3 2,3
República Tcheca 2,6 2,3 2,7 2,4 1,7 2,6
Rússia 4,2 4,4 3,0 2,5 2,4 2,3
Suécia 1,3 1,7 2,1 1,7 1,9 2,1
Suíça 0,6 0,2 0,7 0,8 0,8 1,1
Turquia 11,3 10,9 11,2 11,9 10,2 15,4
Fonte: The OECD key economic indicators (KEI) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 13 Set. 2018.

A tabela 4 apresenta a taxa de inflação acumulada em doze meses para uma amostra com trinta e quatro
países membros da OCDE e oito não membros. Nesta amostra, o número de países em processo de

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aceleração inflacionária em 2018 aumentou de treze (março) para trinta e quatro (junho), o que corrobora a
evidência de “superaquecimento” apresentada anteriormente. Apenas Argentina e Turquia operam em
desarranjo macroeconômico com inflação acima de dois dígitos.

Nos dezesseis países com taxa de inflação maior ou igual a 2%, porém inferior ou igual a 5% em março de
2018, houve aumento da taxa de inflação em nove: África do Sul, Brasil, Canadá, Colômbia, Eslováquia,
Estados Unidos, Estônia, Hungria e Noruega. No Reino Unido, permaneceu inalterada. Nos demais países,
houve desinflação: China, Índia, Indonésia, Islândia, México e Rússia (tab. 4).

Nos vinte e quatro países com taxa de inflação inferior a 2% em março de 2018, houve aumento da taxa de
inflação em vinte e três casos: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Chile, Coréia do Sul, Dinamarca,
Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Israel, Itália, Luxemburgo, Nova Zelândia,
Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça. Somente no Japão houve redução da taxa de inflação
(tab. 4).

Se desde o final de 2016 houve um processo de convergência em escala global à estabilização


macroeconômica, quando África do Sul, Brasil, Colômbia e Rússia saíram de uma conjuntura com inflação
elevada e/ou moderada, ao mesmo tempo em que Grécia, Irlanda, Israel, Itália, Polônia, Eslováquia e Suíça
saíram de uma situação de deflação, verifica-se em meados de 2018 a generalização de um cenário no qual
se manifestam pressões inflacionárias na maioria dos países (tab. 4). Esta é a senha que os bancos centrais
nos países capitalistas avançados esperavam para, de fato, considerarem a possibilidade de induzir ciclos de
alta nas taxas de juros (ou darem continuidade onde já se iniciou) num futuro cada vez mais próximo.

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16

3 ECONOMIA BRASILEIRA: CONTAS NACIONAIS TRIMESTRAIS E INDICADORES MACROECONÔMICOS


SELECIONADOS

No Brasil, a desinflação iniciada em fevereiro de 2016 já estava consolidada em abril de 2017, quando a
variação do IPCA acumulada em doze meses, de 4,1%, ficou abaixo do centro da meta de inflação definida
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Desde julho de 2017 até maio de 2018, permaneceu abaixo de
3%. Em junho e julho seguintes, houve o repique dos preços causado pelas restrições de oferta durante a
greve dos caminhoneiros, mas já em agosto o efeito desse último evento sobre a inflação acumulada em
doze meses começou a se dissipar (gráf. 1).

Gráfico 1: Taxa de juros – Selic (meta fixada pelo COPOM), taxa de câmbio comercial para compra (média
diária) e IPCA (variação acumulada em 12 meses) – Brasil – 28 nov. 2013-13 set. 2018
15,0 4,35
14,0 4,20
13,0 4,05
12,0 3,90
11,0 3,75
10,0 3,60
9,0 3,45

RS/US$
8,0 3,30
% a.a.

7,0 3,15
6,0 3,00
5,0 2,85
4,0 2,70
3,0 2,55
2,0 2,40
1,0 2,25
0,0 2,10

IPCA Selic Teto - MI Centro - MI Piso - MI R$/US$


Fonte: Banco Central do Brasil, Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pt-
br/#!/n/SERIESTEMPORAIS. Acesso em 13 Set. 2018.

O comportamento recente dos preços na economia brasileira possibilitou uma atuação mais incisiva do
Comitê de Política Monetária (COPOM) na condução do ciclo de queda da meta para a taxa Selic (a taxa de
juros básica no país), e a partir da reunião de 13/04/2017 foram aplicados quatro cortes consecutivos de cem
pontos, um corte de setenta e cinco pontos na reunião de 26/10/2017, um corte de cinquenta pontos na
reunião de 07/12/2017, e dois cortes de vinte e cinco pontos a partir da reunião de 08/02/2018. Desde
22/03/2018, a taxa nominal de juros está fixada em 6,5% (gráf. 1).

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17

A trajetória da taxa de câmbio em 2017 contribuiu para a estabilização do nível de preços. Desde janeiro até
a primeira quinzena de maio, o preço em moeda local do dólar norte-americano vinha apresentando
pequenas oscilações em torno de R$ 3,15. De 18/05/2017 a março de 2018, mesmo com novos episódios de
acirramento da crise política, passou a oscilar em torno de R$ 3,15 a R$ 3,30. Desde então, entretanto, com
a formação de uma nova percepção sobre o cenário internacional e com a aproximação das eleições, iniciou
a trajetória recente de depreciação, tendo superado o valor de R$4,00 em agosto. 6

O repique da inflação acumulada em doze meses, em junho e julho últimos, resultou de uma combinação
dos efeitos de restrição da oferta causada pela greve dos caminhoneiros com a entrada em vigor de bandeiras
tarifárias nos preços da eletricidade. A evolução da taxa de variação dos preços de produtos comercializáveis,
que vinha em deflação desde agosto de 2017, tornou-se positiva em junho e já alcançou quase 2% em agosto
de 2018, enquanto que a dos preços monitorados7 aumentou de 8,1% em maio de 2018 para 11,8% e junho,
arrefecendo posteriormente para 9,6% em agosto (gráf. 2).

Gráfico 2: Grupos de produtos do IPCA (variação acumulada em 12 meses) – Brasil – nov. 2013-ago. 2018
20,0
19,0
18,0
17,0
16,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
% a.a.

9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
-1,0
-2,0

Não Comercializáveis IPCA Comercializáveis Monitorados Serviços

Fonte: Banco Central do Brasil, Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pt-
br/#!/n/SERIESTEMPORAIS. Acesso em 13 Set. 2018.

6 Do início de 2016 a meados do ano passado, o Banco Central desmontou suas posições em swaps cambiais e passou a dispor de
um razoável grau de liberdade para, eventualmente, atuar contra movimentos especulativos no mercado de câmbio. O estoque de
contratos de swap cambial reduziu de mais de US$ 100 bilhões para menos de US$ 28 bilhões em maio de 2017. Em junho de 2018,
foi ampliado para mais de US$ 60 bilhões. Desde 2009, o Banco Central não vende dólar à vista.
7 Para a definição de preços administrados e monitorados, bem com do peso dos diversos itens desse grupo, consulte a publicação
do Banco Central: https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2005-Pre%C3%A7os%20Administrados.pdf. Acesso
em 13/09/2018.

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18

O PIB real atingiu o seu menor nível no 4º trimestre de 2016 (correspondente a 92,5% do observado no último
trimestre de 2016). A recuperação no 1º trimestre de 2017 foi muito dependente do desempenho da oferta
agropecuária, sem correspondência ativação da demanda interna. Na sequência, no 2º e 3º trimestres ainda
no ano passado, houve uma boa resposta do consumo das famílias, parcialmente influenciada pelo evento
once and for all da liberação de saldos inativos das contas do FGTS. Daí em diante, a economia brasileira
entrou em novo estágio de estagnação do nível de atividade, que de 93,4% do observado no último trimestre
de 2016 (3º trimestre de 2017) evoluiu para apenas 93,8% no 2º trimestre de 2018 (gráf. 3).

Gráfico 3: Série encadeada dos componentes da absorção interna de bens e serviços: índices de volume com
ajuste sazonal – Brasil – 4º trim. 2014-2º trim. 2018
Base: 4º trim. 2014 = 100

102 106

100,0
100 99,3
99,1 100
98,8 98,9 98,9
98,6 98,4 98,4
98,3 98,1
98,0 98,1 97,9 98,0
96,6 97,7
98 94
98,4 96,8
Número-índice

96 95,3 88
96,4 94,8
88,6 94,5 94,5 94,5 94,6
85,6 93,6 93,9
94 93,5 93,5 93,7 93,8 82
94,7
81,4 92,8 93,4 93,4
93,8 92,5
80,0 80,6 76,5 79,7
92 78,4 78,0 79,4 78,2 76
92,6
76,6 92,2
75,8
91,6 91,4
91,0 91,1
90 70

88 64

PIB Consumo das Famílias Consumo do Governo FBCF

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados originais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de
Contas Nacionais (CONAC).

Por outro lado, os investimentos produtivos apresentaram o seu menor nível (75,8% do observado no último
trimestre de 2014) no 1º trimestre de 2017, reagiram modestamente para 79,7% no 1º trimestre de 2018, e
já registraram nova variação negativa no 2º trimestre de 2018.

O ajuste no setor externo se aprofundou ao longo de 2017, quando o superávit em transações reais
(exportações menos importações de bens e serviços produtivos) acumulado em quatro trimestres avançou
de 0,6% do PIB no início do ano para 1,0% no último trimestre, mas se revela excessivamente dependente
da fraqueza na atividade econômica interna, pois mesmo uma tímida recuperação como a observada na
economia brasileira no ano passado foi associada à redução desse indicador para 0,8% no 1º trimestre de
2018 e depois para 0,6% no trimestre seguinte (gráf. 4). Essa conclusão não se altera, mesmo quando se

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adiciona a ressalva de que parte da redução do superávit é devida à deterioração dos termos de troca
observada no período (-2,3% entre outubro de 2017 e junho de 2018). 8

Gráfico 4: Série encadeada das exportações e importações internacionais de bens e serviços e saldo das
transações reais: índices trimestrais de volume com ajuste sazonal e proporção do saldo
acumulado em quatro trimestres das transações reais a preços correntes no PIB – Brasil – 4º trim.
2014-2º trim. 2018
Base: 4º trim. 2014 = 100

130 2,4

120,7 121,5 1,8


119,3
120 117,8
114,5 114,3 114,3 115,5 114,9 1,2

110,0 109,8 109,8 109,6 0,9 1,0 1,0 0,6


0,8
110 106,1 0,6 0,6
0,4 0,4
Número-índice

0,0
0,2

% do PIB
100,0
100 -0,3 -0,6
99,2
-1,2
-1,2
90 92,7
-1,8
88,3 89,0
-2,0 86,6 87,1
85,2 -2,4
80 83,8 82,6
-2,4 82,0 81,4
-2,7 -2,7 80,4 79,3 -3,0
76,1
70 -3,6

Exportação Importação Saldo das Transações Reais (% PIB)

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados originais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de
Contas Nacionais (CONAC).

Na análise pela ótica da oferta, o efeito-safra na agricultura, extremamente favorável em 2017, foi
inteiramente capturado na mudança de patamar do índice de volume do valor adicionado bruto do setor
agropecuário logo no primeiro trimestre do ano passado, não se repetindo nos trimestres seguintes. Nos
serviços, há uma evidente perda de fôlego no ritmo da recuperação do nível de atividade a partir do 3º
trimestre do ano passado (gráf. 5). Nos subsetores da indústria, toda melhoria recente no volume produzido
na extração mineral ocorreu até o primeiro trimestre do ano passado, permanecendo relativamente
estagnado desde então, com ligeiras oscilações (negativas até o 4º trimestre, e positivas nos dois primeiros
trimestres de 2018). Na manufatura, a recuperação observada ao longo do ano passado deu lugar a variações
negativas nos dois primeiros trimestres de 2018; nas utilidades públicas, houve recuperação do volume de
produto; na construção ainda não houve recuperação consistente do nível de atividade desde o início da crise
em 2014 (gráf. 6).

8 Série original da razão entre os índices de preço das exportações e os índices de preço das importações, produzida pela Fundação
Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX). Dados obtidos em http://www.ipeadata.gov.br. Acesso em 13/09/2018.

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Gráfico 5: Série encadeada do valor adicionado, por grande setor de atividade: Índices de volume com ajuste
sazonal – Brasil – 4º trim. 2014-2º trim. 2018
Base: 4º trim. 2014=100

115
111,5

110 108,7
108,1 108,1
106,7 106,7

105
102,5
Número-índice

101,2
100,0 99,7 100,0
98,8 99,3
100
97,4 96,9
96,3 95,8 95,7
98,0 95,4
94,9 95,1 95,2 95,3 95,4
94,8 94,6
94,3 94,0
95 93,6
94,9
93,3
90 91,9 91,4 91,9 91,6 91,7
90,6 91,0 91,2
90,4 90,2
89,2

85

Agropecuária Indústria Serviços

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados originais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de
Contas Nacionais (CONAC).

Gráfico 6: Série encadeada do valor adicionado, por setor de atividade industrial: Índices de volume com
ajuste sazonal – Brasil – 4º trim. 2014-2º trim. 2018
Base: 4º trim. 2014=100

115

110,0
108,7 109,3
110
107,3 106,7 106,7 106,7 106,8
106,4
104,6
105 103,1 102,7 102,7
102,6 102,6 102,1 102,1 102,4
101,7 101,6 101,7
100,0 99,9 100,3
Número-índice

100 98,2
100,0 96,7 97,2
96,2
95,3
97,7
95

93,5
93,2 92,5 92,7
90 91,6
90,6 90,9 90,5
90,0 89,7
88,6 88,8 89,2
88,2 88,0 88,1
85 87,0 87,3
85,2
85,7 85,5
83,8 83,8 83,9 83,6 83,0
80

Extração Mineral Transformação Eletricidade Construção

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados originais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de
Contas Nacionais (CONAC).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Disponível em:


http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/seriestemporais. Acesso em 13 set. 2018.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL. World Economic Outlook: Cyclical Upswing, Structural Change, Abr.
2018. Disponível em: http://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2018/03/20/world-economic-
outlook-april-2018. Acesso em 12 set. 2018.

______. World Economic Outlook Database April 2018. Disponível em:


http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2018/01/weodata/index.aspx. Acesso em 12 set. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contas Nacionais Trimestrais. Disponível em:


http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/ defaultcnt.shtm. Acesso em 31 ago. 2018.

OECD. The OECD key economic indicators (KEI) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso
em 13 set. 2018.

______. The OECD quarterly national accounts (QNA) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org.
Acesso em 13 set. 2018.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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NÍVEL DE ATIVIDADE ECONÔMICA EM MINAS GERAIS

Carla Cristina Aguilar de Souza 9


Raimundo de Sousa Leal Filho 10
Thiago Rafael Corrêa de Almeida 11

RESUMO:

Nesta seção do relatório de análise da conjuntura econômica de Minas Gerais, são apresentados e discutidos
os dados referentes aos nove setores de atividade do PIB Trimestral: a agropecuária; a extração mineral; a
indústria de transformação e seus principais ramos de produção; a indústria da construção; as utilidades
públicas de produção e distribuição de eletricidade, água, esgoto, limpeza urbana e saneamento; o comércio;
os transportes e armazenagem; o conjunto de outros serviços do setor privado; e a administração pública.

PALAVRAS CHAVE: PIB, Agropecuária, Indústria, Serviços, Minas Gerais.

ABSTRACT:

This section of the Minas Gerais’s economic outlook presents and discusses data concerning the nine main
activity groups of the Quarterly GDP: agriculture, forestry, fishing, and hunting; mining; manufacturing and
its most important subgroups; construction; public utilities – composed of electricity, water, sewage systems,
urban cleansing and sanitation; wholesale and retail trade; transportation and warehousing; other services,
except government; and government.

KEY-WORDS: GDP, Agriculture and Forestry, Industry, Services, Minas Gerais.

9 Pesquisadora da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), doutora em economia
(CEDEPLAR/UFMG). E-mail: carla.aguilar@fjp.mg.gov.br.
10 Pesquisador da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), doutor em economia
(CEDEPLAR/UFMG). E-mail: raimundo.sousa@fjp.mg.gov.br.
11 Pesquisador da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), mestrando em administração
pública (EG/FJP). E-mail: thiago.almeida@fjp.mg.gov.br.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
23

1 INTRODUÇÃO

O frágil e lento processo de recuperação do nível de atividade que caracteriza o atual momento da economia
brasileira manifesta-se também em Minas Gerais. Em termos reais, o Produto Interno Bruto acumulado nos
doze meses entre julho de 2017 e junho de 2018 foi apenas 1,1% superior ao acumulado entre julho de 2016
e junho de 2017. No Brasil, a taxa de variação acumulada em doze meses, no mesmo período, foi de 1,4%
(Gráfico 1).

Gráfico 1 – Índice de volume do Produto Interno Bruto Trimestral (taxa de variação acumulada em doze
meses) – Minas Gerais e Brasil – 2014-2018
4,0
3,2
3,0
2,1
2,0 1,4
1,2 1,2 1,3
1,0 0,9 1,1
1,0 0,7 0,5 0,6
0,0
0,0
-0,2 -0,2
%

-1,0 -0,4
-0,7 -0,7 -0,8
-1,3 -1,2
-2,0
-1,8
-2,2 -2,2
-3,0 -2,6
-2,9 -3,0
-3,2
-4,0 -3,5 -3,5
-3,8
-4,3 -4,3 -4,2
-5,0 -4,4 -4,6

-6,0

Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais (Conac);
Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI), Coordenação de Estatísticas Econômicas.

O desempenho do setor de serviços, que cresceu 2,2% nessa base de comparação, foi determinante para
esse resultado na economia de Minas Gerais. Na agropecuária e na indústria, houve retração de,
respectivamente, -4,6% e -1,1% (Tabela 1).

Na comparação do primeiro semestre de 2018 com igual período em 2017, também se verifica variação
positiva do índice de volume do PIB, de 1,0% em Minas e de 1,1% no país (Tabela 1). Tanto em Minas quanto
no Brasil, entretanto, esses resultados devem ser examinados com cautela, pois existem indicações de que
essa incipiente recuperação econômica pode se revelar ainda mais frágil do que inicialmente projetado.

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Tabela 1: Produto Interno Bruto e Atividades Econômicas – Taxas de Variação (%) – Minas Gerais e Brasil –
2º trim. 2018
Trimestre/trimestre
AGREGADOS Trimestre/igual trimestre do ano Acumulada em doze
imediatamente anterior (com Acumulada no ano
MACROECONÔMICOS anterior meses
ajuste sazonal)
Minas Gerais
PIB -0,4 0,7 1,0 1,1
VA -0,3 0,7 0,8 0,8
Agropecuária 2,6 1,6 -0,8 -4,6
Indústria 1,9 1,1 -1,0 -1,1
Ind. Extrativa Mineral 10,2 0,8 -8,2 -5,5
Ind. de Transformação -1,1 1,2 2,6 2,8
Construção Civil -0,6 0,5 -0,5 -2,4
Energia e Saneamento 2,3 1,3 -8,5 -9,6
Serviços -0,6 1,3 1,8 2,2
Comércio -0,9 2,2 3,3 4,2
Transportes -1,1 -2,3 -2,8 -0,8
Administração Pública -0,3 -0,4 -0,1 -0,2
Outros Serviços (1) -0,4 1,5 2,1 2,3
Brasil
PIB 0,2 1,0 1,1 1,4
VA 0,1 1,0 0,9 1,3
Agropecuária 0,0 -0,4 -1,6 2,0
Indústria -0,6 1,2 1,4 1,4
Ind. Extrativa Mineral 0,4 0,6 -0,6 0,3
Ind. de Transformação -0,8 1,8 2,8 3,5
Construção Civil -0,8 -1,1 -1,7 -2,4
Energia e Saneamento 0,7 3,1 1,9 1,0
Serviços 0,3 1,2 1,4 1,4
Comércio -0,3 1,9 3,2 3,7
Transportes -1,4 1,1 1,9 2,5
Administração Pública -0,2 0,5 0,5 0,1
Outros Serviços (1) 0,8 1,3 1,1 1,0
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatísticas e Informações (DIREI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.
(1) Outros serviços incluem: serviços de alojamento e alimentação; serviços de informação e comunicação; intermediação financeira,
seguros e previdência complementar; atividades profissionais, científicas, técnicas e administrativas; educação e saúde privada;
serviços domésticos; artes, cultura, esporte, recreação e outras atividades de serviços; e atividades imobiliárias e aluguéis (inserida
ao agrupamento de outros serviços após a incorporação da retropolação e conclusão dos aperfeiçoamentos metodológicos na
referência 2010).

2 COMPARAÇÃO COM O TRIMESTRE ANTERIOR

Em Minas Gerais, o PIB do segundo trimestre de 2018 retraiu-se (-0,4%) em relação ao trimestre anterior na
série com ajuste sazonal, a despeito da contribuição positiva da agropecuária (crescimento de 2,6%) e da
indústria (crescimento de 1,9%). No setor de serviços, em parte como reflexo da paralização causada pela
greve dos caminhoneiros, a variação negativa (-0,6%) no trimestre interrompeu a expansão do nível de
atividade iniciada em princípios do ano passado. Nesse segmento, o retrocesso foi generalizado no período,
com decréscimo de -0,9% no comércio, -1,1% nos transportes, -0,3% na administração pública e -0,4% nos
outros serviços. Além da instabilidade causada diretamente pelo movimento dos caminhoneiros, a incerteza

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amplificada pela regressão institucional vivenciada nos últimos anos parece estar se refletindo numa
insuficiência crônica de demanda no atual ambiente da economia brasileira.

O desempenho da produção na agropecuária, por outro lado, é determinado prioritariamente por fatores
que atuam pelo lado da oferta (clima e características específicas das lavouras e das criações). Considerando
as principais culturas que têm parte significativa da sua colheita realizada no segundo trimestre em Minas
Gerais (Gráfico A1), estimou-se que a previsão de aumento da produção de café arábica (22,8%), de tomate
(10,2%) e da 2ª safra de batata-inglesa (2,2%) teve impacto preponderante sobre a queda da produção de
café canéfora (-12,0%), arroz (-3,3%), 2ª safra de feijão (-2,6%), 1ª safra de milho (-13,4%), banana (-3,9%),
cana-de-açúcar (-1,7%), laranja (-4,1%), mandioca (-2,6%) e uva (-5,0%) (Tab. A1).

Na indústria de extração mineral, o nível de produção foi mantido em cerca de 90% da média de 2012 entre
janeiro e agosto do ano passado, quando teve início uma redução contínua do volume de minério até
alcançar um pouco menos que 70% da média de 2012 em fevereiro último. De março até junho, observou-
se o movimento contrário, com rápida e contínua recuperação dos níveis de produção até cerca de 95% da
média de 2012 em junho.12 Nas Contas Regionais de Minas Gerais, esse movimento se traduziu no
crescimento de 10,2% do índice de volume na série com ajuste sazonal, quando se compara o resultado da
extrativa mineral do 2º trimestre de 2018 com o trimestre imediatamente anterior.

Na indústria de transformação estadual, a variação negativa, de -1,1% do índice de volume do VAB setorial
no 2º trimestre na série com ajuste sazonal deveu-se à redução da produção física na fabricação de produtos
alimentícios, de bebidas, de produtos do fumo, têxteis, de celulose, papel e produtos de papel, da metalurgia
e na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias. Em termos agregados, o impacto da menor
produção nessas atividades não foi compensado pela recuperação na fabricação de produtos derivados do
petróleo e de biocombustíveis, de produtos químicos e de minerais não metálicos, e de máquinas e
equipamentos (Tab. A2).

Na indústria da construção, a variação negativa, de -0,6% do nível de atividade em relação ao trimestre


imediatamente anterior na série com ajuste sazonal, frustrou expectativas de que a crise no setor já tivesse
sido superada. A crise fiscal do setor público tem impedido a retomada de obras públicas, e o ambiente de
forte incerteza com relação ao futuro tem prejudicado a recuperação do setor imobiliário.13

Nos serviços industriais de utilidade pública (energia e saneamento), o consumo de eletricidade e a produção
e distribuição de água e saneamento permanecem em sua tendência histórica de lento crescimento,

12 De acordo com a Cia. Vale do Rio Doce, a produção de minério de ferro em Minas Gerais evoluiu da seguinte forma no 2º
trimestre: ampliou-se 24,4% no sistema sudeste e 20,7% no sul, em comparação com o 1º trimestre de 2018. Cf. VALE. Produção
e vendas da Vale no 2T18, 2018. Disponível em: http://www.vale.com/pt/investors/information-market/press-
releases/releasedocuments/preport2t18_p%20-%20vf.pdf. Acesso em: 24/08/2018.
13 Cf. reportagem do Valor Econômico. “PIB da construção pode recuar pelo 5º ano consecutivo”, edição de 03/09/2018.

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acompanhando o processo de urbanização, enquanto a geração de eletricidade segue condicionada às


especificidades do parque predominantemente hidroelétrico existente em Minas Gerais.

O resultado agregado do setor, com crescimento de 2,3% no volume de VAB trimestral na série com ajuste
sazonal, reflete particularmente o peso da geração elétrica: os principais reservatórios de Furnas Centrais
Elétricas S.A. – Furnas, Mascarenhas de Moraes, Marimbondo e Itumbiara – apresentavam conjuntamente,
em junho de 2018, um volume útil médio de 41,6% contra 14,5% em novembro do ano passado. Essa situação
induziu uma utilização dos reservatórios abaixo do usual no 1º trimestre, com gradual normalização nos
meses de abril, maio e junho.

No comércio, a variação negativa, de -0,9% no índice de volume do VAB trimestral na série com ajuste
sazonal, se deveu predominantemente ao decréscimo das vendas de combustíveis e lubrificantes, dos
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, de tecidos, vestuário e calçados, de
móveis e eletrodomésticos e de outros artigos de uso pessoal e doméstico. Houve também desaceleração do
ritmo de crescimento das vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos, e de veículos, motocicletas, partes e peças. O efeito combinado da evolução das vendas nessas
atividades do comércio se sobrepôs à recuperação das vendas de livros, jornais, revistas e papelaria, de
equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, e de material de construção (Tab. A3).

No conjunto de “outros serviços”, a variação negativa, de -0,4% no índice de volume do VAB trimestral na
série com ajuste sazonal, se deveu à redução do volume de serviços prestados às famílias, dos serviços de
informação e comunicação, e dos serviços profissionais, administrativos e complementares. A evolução
favorável do volume de atividades turísticas não foi suficiente para compensar o desaquecimento das demais
atividades de serviços (Tab. A4).

VALORES CORRENTES

Com a conclusão dos aperfeiçoamentos metodológicos no cálculo do PIB trimestral de Minas Gerais, que se
tornou plenamente integrado ao Sistema de Contas Regionais na referência 2010, tornou-se possível a
divulgação dos valores correntes setoriais do valor adicionado bruto (agropecuária, indústria e serviços) e do
PIB mineiro a partir do novo ano de referência (2010). O PIB mineiro no segundo trimestre de 2018 totalizou
R$ 150,4 bilhões. O valor adicionado da agropecuária registrou R$ 12,9 bilhões, da indústria R$ 31,2 bilhões
e dos serviços R$ 88,6 bilhões; totalizando R$ 132,7 bilhões de VAB em termos nominais (Tab. 2).

Tabela 2 – Produto Interno Bruto e Valor Adicionado das Atividades Econômicas – Valores Corrente (R$
1.000.000) – Minas Gerais e Brasil – 2° Trimestre/2018

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P e rí o do ( 1) A G R O P E C UÁ R IA IN D ÚS T R IA S E R V IÇO S VA P IB

2010.I 3.199 21.442 43.069 67.711 78.220


2010.II 6.367 24.721 45.123 76.211 87.413
2010.III 5.047 27.617 46.898 79.561 91.226
2010.IV 2.473 27.491 51.727 81.691 94.264
2011.I 5.437 25.971 48.728 80.136 92.035
2011.II 10.169 27.946 50.811 88.926 101.250
2011.III 6.321 31.126 52.632 90.078 102.553
2011.IV 1.869 30.907 57.716 90.492 104.287
2012.I 5.077 26.584 56.686 88.346 101.230
2012.II 10.596 29.039 58.383 98.018 111.562
2012.III 8.332 32.226 60.595 101.154 114.949
2012.IV 1.553 32.281 65.744 99.578 114.542
2013.I 4.961 29.196 63.939 98.096 111.926
2013.II 9.839 31.366 66.161 107.367 121.885
2013.III 7.075 35.714 68.751 111.540 126.023
2013.IV 2.189 34.894 74.725 111.808 128.172
2014.I 5.983 31.998 71.188 109.169 124.443
2014.II 9.943 31.214 72.341 113.499 128.615
2014.III 6.542 34.675 74.441 115.658 130.717
2014.IV 3.117 33.011 79.699 115.828 132.859
2015.I 5.714 27.950 74.952 108.617 123.697
2015.II 9.655 28.587 75.824 114.066 129.094
2015.III 6.642 31.941 78.152 116.735 131.861
2015.IV 2.422 30.822 84.776 118.020 134.674
2016.I 6.430 25.751 78.793 110.973 126.836
2016.II 14.086 28.253 80.622 122.961 139.148
2016.III 11.856 31.541 82.897 126.294 142.516
2016.IV 3.158 31.552 89.403 124.114 141.826
2017.I 7.780 29.046 83.833 120.658 137.153
2017.II 13.235 29.227 85.052 127.514 144.314
2017.III 6.927 32.716 87.232 126.874 143.883
2017.IV 1.498 32.317 95.263 129.078 148.335
2018.I 6.066 28.306 87.314 121.686 139.268
2018.II 12.863 31.218 88.572 132.653 150.429
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI), Coordenação de Estatísticas Econômicas.
Nota: (1) Os resultados trimestrais de 2016, 2017 e de 2018 permanecem como preliminares até a divulgação das pesquisas
estruturais do IBGE e sua incorporação pelo Sistema de Contas Regionais (SCR-MG).

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4 ANEXO ESTATÍSTICO

Gráfico A1 – Proporção da safra anual colhida em Minas Gerais, por trimestre – 2017

Fonte: Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias de Minas Gerais (GCEA). Percentual de safra colhido até o
encerramento do quarto trimestre de 2017 conforme o Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA).

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Tabela A1 - Dados da Previsão de Safra anual e variação da safra prevista (2018/2017) (%) de Minas Gerais.
Ano da safra x Brasil e Unidade da Federação
Produto das lavouras Safra 2017 Safra 2018 Taxa de Variação (%)
Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais
1 Cereais, leguminosas e oleaginosas 240.604.746 14.152.165 226.774.847 13.275.391 -5,7 -6,2
1.1 Algodão herbáceo 3.838.785 59.887 4.779.374 78.581 24,5 31,2
1.2 Amendoim (1ª Safra) 531.280 9.376 541.753 7.454 2,0 -20,5
1.4 Arroz 12.452.662 15.301 11.538.069 14.801 -7,3 -3,3
1.5 Aveia 609.130 6.255 752.489 6.255 23,5 0,0
1.8 Feijão (1ª Safra) 1.561.956 192.939 1.593.914 216.212 2,0 12,1
1.9 Feijão (2ª Safra) 1.185.542 170.626 1.167.554 166.264 -1,5 -2,6
1.10 Feijão (3ª Safra) 543.814 190.454 512.315 189.192 -5,8 -0,7
1.11 Girassol 103.338 17.029 144.218 12.993 39,6 -23,7
1.13 Milho (1ª Safra) 31.064.540 5.780.224 26.057.453 5.003.031 -16,1 -13,4
1.14 Milho (2ª Safra) 68.481.488 1.743.780 56.860.356 1.881.411 -17,0 7,9
1.15 Soja 114.982.993 5.047.709 116.405.751 4.896.937 1,2 -3,0
1.16 Sorgo 2.147.706 720.495 2.336.400 594.187 8,8 -17,5
1.17 Trigo 4.241.602 221.250 5.434.240 238.518 28,1 7,8
4 Banana 7.185.903 847.108 6.743.091 813.927 -6,2 -3,9
5 Batata - inglesa (1ª Safra) 1.968.761 572.144 1.787.497 553.471 -9,2 -3,3
6 Batata - inglesa (2ª Safra) 1.233.004 386.423 1.224.479 394.896 -0,7 2,2
7 Batata - inglesa (3ª Safra) 1.078.032 304.341 790.370 294.190 -26,7 -3,3
9 Café arábica 2.095.275 1.483.459 2.587.552 1.822.260 23,5 22,8
10 Café canephora 681.346 22.283 845.145 19.598 24,0 -12,0
11 Cana-de-açúcar 687.809.933 70.965.123 690.521.015 69.771.431 0,4 -1,7
18 Laranja 18.666.928 899.602 17.044.655 862.875 -8,7 -4,1
21 Mandioca 20.606.037 840.897 19.953.363 819.262 -3,2 -2,6
24 Tomate 4.373.047 676.420 4.432.739 745.600 1,4 10,2
25 Uva 1.680.020 13.070 1.386.579 12.423 -17,5 -5,0
Fonte: Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Previsão de
Safra em Junho de 2018. Acesso em: 10/09/2018.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Tabela A2 - Taxas de variação (%) da produção industrial do segundo trimestre e do primeiro semestre (em
relação ao mesmo período do ano anterior) por seções e atividades industriais – Minas Gerais e
Brasil – 2018
Brasil e Unidade da Federação x Mês
Brasil Minas Gerais
Seções e atividades industriais (CNAE 2.0)
2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/ 2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/
2º Trim. 2017 1º Sem. 2017 2º Trim. 2017 1º Sem. 2017
1 Indústria geral 1,6 2,2 -0,8 -1,8
2 Indústrias extrativas 1,4 -0,6 0,8 -8,2
3 Indústrias de transformação 1,7 2,7 -1,3 0,6
3.10 Fabricação de produtos alimentícios -2,9 -0,8 -3,7 -1,7
3.11 Fabricação de bebidas 3,0 2,6 -3,2 -0,8
3.12 Fabricação de produtos do fumo -11,2 -7,6 -7,4 -1,1
3.13 Fabricação de produtos têxteis -4,0 -1,0 -16,7 -7,9
3.17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 0,9 4,0 -7,5 -4,0
3.19 Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis 7,1 0,9 1,3 -3,6
3.20C Fabricação de outros produtos químicos -3,4 -2,7 17,4 11,2
3.23 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos -1,6 -0,9 5,4 4,1
3.24 Metalurgia 3,6 5,9 -1,7 3,5
3.25 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 0,0 0,5 -13,1 -13,2
3.28 Fabricação de máquinas e equipamentos 1,7 4,3 31,0 25,3
3.29 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 16,4 18,3 -1,6 2,7
Fonte: Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acesso em:
10/09/2018.

Tabela A3 - Taxas de variação (%) do volume de vendas do segundo trimestre e do primeiro semestre (em
relação ao mesmo período do ano anterior) por atividades – Minas Gerais e Brasil – 2018
Brasil Minas Gerais
Atividades 2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/ 2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/
2º Trim. 2017 1º Sem. 2017 2º Trim. 2017 1º Sem. 2017
Combustíveis e lubrificantes -6,9 -6,0 -17,9 -13,8
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 4,0 5,4 9,8 9,9
Tecidos, vestuário e calçados -4,9 -3,4 -0,6 1,4
Móveis e eletrodomésticos -0,6 0,6 -14,1 -13,7
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 6,2 5,6 3,5 4,2
Livros, jornais, revistas e papelaria -9,6 -8,8 6,1 -2,5
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação -2,0 -0,5 14,7 13,2
Outros artigos de uso pessoal e doméstico 5,2 7,9 -7,5 -3,6
Veículos, motocicletas, partes e peças 15,1 16,4 21,6 24,3
Material de construção 6,0 4,8 6,4 2,5
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acesso em: 11/09/2018.

Tabela A4 - Taxas de variação (%) do índice de volume de serviços do segundo trimestre e do primeiro
semestre (em relação ao mesmo período do ano anterior) por atividades de serviços – Minas Gerais
e Brasil – 2018
Brasil Minas Gerais
Atividades de serviços 2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/ 2º Trim. 2018/ 1º Sem. 2018/
2º Trim. 2017 1º Sem. 2017 2º Trim. 2017 1º Sem. 2017
Total -0,3 -0,9 -0,6 -1,8
1. Serviços prestados às famílias -1,5 -1,9 -2,4 -3,3
2. Serviços de informação e comunicação -0,4 -2,0 -5,1 -7,2
3. Serviços profissionais, administrativos e complementares -1,6 -2,1 -5,1 -4,6
4. Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio 0,2 0,7 6,7 5,5
5. Outros serviços 3,5 2,7 0,1 -2,1
Atividades turísticas 2,1 0,1 3,9 1,5

Fonte: Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acesso em: 11/09/2018.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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COMÉRCIO INTERNACIONAL

Maria Aparecida Sales Souza Santos14


Augusto Carvalho de Almeida15

RESUMO:

Este capítulo apresenta uma visão geral do desempenho do comércio internacional de Minas Gerais no
primeiro semestre de 2018 a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior
e Serviços (MDIC). As receitas de exportações em Minas caíram 12,4% no primeiro semestre de 2018 em
relação ao mesmo período de 2018, enquanto que para o conjunto nacional, houve crescimento de 5,6%. A
fraca performance de Minas Gerais nesse período deu-se principalmente devido ao arrefecimento da
demanda e dos preços do minério de ferro, principal produto da pauta exportadora do estado. Por outro
lado, o crescimento das exportações de produtos siderúrgicos e de soja contribuiu para atenuar os
decréscimos no resultado geral das receitas estaduais de exportações.

PALAVRAS-CHAVE: Comércio internacional, exportações, minério de ferro, Minas Gerais.

ABSTRACT:

This chapter presents an overview of the international trade performance of Minas Gerais during the first
semester of 2018 based on data from Brazilian Ministry of Industry, Foreign Trade and Services (MDIC). Minas
Gerais exports revenue declined 12,4% in the first semester of 2018 compared to same period of 2017, while
the Brasil’s increased 5,6%. The weak Minas Gerais’ performance was due to the reduced demand and lower
prices of iron ore, main product of the Minas exports. On the other hand, the soy and steel exports growth
has attenuated the global decrease the state exports revenue.

KEYWORDS: International trade, exports, Minas Gerais.

14 Pesquisadora da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), Especialista em Políticas Públicas e
Gestão Governamental (EPPGG), economista pela PUC/MG e mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP).
Email: maria.aparecida.sales@fjp.mg.gov.br.
15 Estudante de graduação em Economia na UFMG e estagiário da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro

(DIREI/FJP). Email: augusto.almeida@fjp.mg.gov.br.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 10 n. 3 p. 1-121 set. 2017
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1 DESEMPENHO DA BALANÇA COMERCIAL DE MINAS GERAIS

A balança comercial de Minas Gerais apresentou superávit de US$ 7,2 bilhões no primeiro semestre de 2018,
o equivalente a 25,3% do superávit nacional. As exportações mineiras nesse período totalizaram US$11,2
bilhões, valor 12,4% inferior ao observado no primeiro semestre de 2017, de US$13,2 bilhões. A participação
de Minas Gerais diminuiu de 12,2% para 10,1% no total das exportações brasileiras, que aumentaram 5,6%,
para US$113,7 bilhões nesse período. No que se referente às importações, Minas Gerais registrou acréscimo
nominal de 19,2%: de US$ 3,6 bilhões para US$ 4,3 bilhões (tab 1 e gráf. 1).

Tabela 1: Balança comercial – Brasil e cinco estados de maior exportação –1º semestre 2018 – (US$ milhões
FOB)

Exportação Importação Saldo


Especificação
Valor (US$ Part. Variação Valor (US$ milhões Part. Variação
Valor (US$ milhões FOB)
milhões FOB) (%) (1) (%) (2) FOB) (%) (1) (%) (2)
Brasil 113.712 100,0 5,6 83.779 100,0 17,2 29.933
São Paulo 25.589 22,5 3,9 29.747 35,5 15,3 -4.158
Rio de Janeiro 11.841 10,4 6,8 8.496 10,1 51,5 3.345
Minas Gerais 11.522 10,1 -12,4 4.277 5,1 19,2 7.245
Rio Grande do Sul 10.659 9,4 28,5 5.047 6,0 14,9 5.612
Paraná 8.934 7,9 -1,4 5.764 6,9 3,7 3.170
Mato Grosso 8.655 7,6 7,6 552 0,7 -30,7 8.103
Demais estados 36.512 32,1 -27,4 29.895 35,7 -56,7 6.617
Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de
Estatística e Informações (DIREI).
Nota: FOB = Free on Board.

(1) Participação no valor total das exportações e das importações do país no período de referência. (2) Variação do valor das
exportações e das importações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Mesmo diante da desvalorização cambial, as vendas externas de Minas Gerais no primeiro semestre de 2018
tiveram decréscimo acentuado, essencialmente devido à contração de 34,1% nas receitas de minério de
ferro, cuja participação na pauta estadual diminuiu de 38% para 28,6%. Tal decréscimo deu-se em função do
declínio combinado dos preços internacionais e da demanda do produto. Além do impacto da baixa da
cotação, o volume da comercialização externa dessa commodity pelo estado caiu 28,5% (de 93,7 milhões
para 67 milhões de toneladas) e atingiu o menor nível para o primeiro semestre desde 2009 (Gráf. 1 e 2).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
33

Gráfico 1: Evolução das exportações – Brasil e Minas Gerais – semestre em relação ao mesmo semestre do
ano anterior – 1º semestre 2010 – 1º semestre 2018 – (US$) – (%)

60,0%
51,6%

40,0% 32,7% 31,0%


36,9%

20,0% 27,5%
19,3%
%

-1,0% -0,4% -3,4%


0,0% -4,3% 5,6%
-2,3% -14,7%
-6,3% -8,7%
-20,0% -13,8% -12,4%
-26,6%
-40,0%
2010-I 2011-I 2012-I 2013-I 2014-I 2015-I 2016-I 2017-I 2018-I

Brasil Minas Gerais

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).


Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

No gráfico 2, observa-se a trajetória de redução do índice relativo do valor das vendas internacionais do
minério de ferro desde o boom dos preços das commodities em 2011, e, consequentemente, do índice do
valor total das exportações estaduais, dada a elevada participação desse produto na pauta. O volume de
vendas do minério, entretanto, apesar das oscilações, seguia descolado em crescimento, atenuando os
efeitos da desvalorização. Essa tendência se reverteu a partir do segundo semestre de 2016 ao qual se
sucederam três quedas semestrais consecutivas.

O gráfico 3 apresenta a evolução do volume das exportações de minério de ferro de Minas Gerais e do Pará,
maiores produtores e exportadores nacionais. O volume exportado em Minas seguiu em vantagem
relativamente ao do estado do Pará até o primeiro semestre de 2015. O volume paraense acentuou o ritmo
de crescimento desde então e a partir do segundo semestre de 2017, supera o volume apurado em Minas
Gerais.

Esse deslocamento espacial da produção integra a estratégia da maior empresa nacional de mineração no
investimento e no aumento progressivo da exploração de minério com teor mais elevado de ferro no norte
do país, em detrimento de Minas Gerais. Assim, as exportações de minério em Minas Gerais, não só foram
afetadas pelo preço e demanda internacionais em queda, mas também pela concorrência interna.

As exportações de café também influenciaram negativamente o desempenho das exportações mineiras. O


produto, que representou 11,9% das receitas de exportação no primeiro semestre de 2018, apresentou
decréscimo 18,6% comparativamente ao primeiro semestre de 2017. Além dos preços internacionais em

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
34

queda, houve redução de 10,6% do volume embarcado: de 585 mil toneladas entre janeiro e junho de 2017
para 523 mil toneladas entre janeiro e junho de 2018 (tab. 2).

Gráfico 2 Série encadeada do valor total exportações e do valor e do volume das exportações do minério de
ferro - Minas Gerais – 1º semestre 2010 – 1º semestre 2018
Base: 1º sem 2010 = 100

260,0
240,0 Exportações totais (US$)
220,0 Exportações minério de ferro (US$)
200,0 Exportações minério de ferro (Kg)
Número-ìndice

180,0
160,0
140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).


Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

Gráfico 3 Série encadeada do volume das exportações do minério de ferro - Minas Gerais e Pará – 1º semestre
20009 – 1º semestre 2018 – em milhões de toneladas

110,0
105,3 105,7
97,4 96,6 93,7 90,3
94,5 93,4
90,0 89,5 84,9
87,1
80,4 84,1
81,0
75,4 75,0 76,3 74,9
milhões t

70,0 77,2 82,3


65,0 73,5
67,8 68,5 67,0
62,1
50,0 58,8 59,2
55,5 56,0
51,4 51,0
45,3 44,8
39,8 41,7 40,2
30,0
Minas Gerais Pará
22,9
10,0

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).


Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

Outros produtos de participação considerável na pauta influenciaram, da mesma forma, a contração das
exportações do estado. As vendas de ouro e bulhão dourado, 5,5% da pauta estadual, diminuíram 2,7%. As

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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receitas referentes a veículos, automóveis, partes e peças reduziram 3,8% e representaram 5,5% das receitas
totais. Grandes decréscimos foram observados nas exportações de açúcares e produtos de confeitaria (-
38,5%) e de carnes (-21,3%), ambos com representação de 2,9% nas receitas estaduais.

Os produtos siderúrgicos, por outro lado, influenciaram positivamente o cômputo das exportações no
primeiro semestre de 2018. As vendas externas desse segmento aumentaram 10,5% em relação ao primeiro
semestre de 2017 e passaram a representar 17,1% do total. As exportações de soja, com recorde histórico,
aumentaram 34,9% em volume e, em valor, 43%. Sua participação variou de 5,2% para 8,5% no período.
Desempenhos favoráveis foram também verificados nas exportações de papel e celulose (participação de
3,4% e crescimento de 36,6%), de máquinas, aparelhos e materiais mecânicos e elétricos (20,9% de
participação e acréscimo de 6,0%) e de produtos químicos, que aumentaram 40,1%, com participação de
2,7%.

Tabela 2: Destaques produtos/setores das exportações (1) – Minas Gerais –1º semestre 2018

Exportações Variação Participação relativa

Especificação (U$ mil FOB) Nominal (%) (2) (%) (3)

1º sem 2018/1º
1º sem 2018 1º sem 2018 1º sem 2017
sem 2017
Minério de ferro (26011100-260011210) 3.296.424 -34,1 28,6 38,0
Siderúrgico (72 +73) 1.968.463 10,5 17,1 13,5
Café (09011110-090190000) 1.376.529 -18,6 11,9 12,9
Soja (12011000 e 12019000) 974.849 43,0 8,5 5,2
Ouro e bulhão dourado (71081210-71081390) 637.924 -2,7 5,5 5,0
Veículos-peças-acessórios (87) 514.037 -3,8 4,5 4,1
Papel-Celulose (47+48) 394.591 36,6 3,4 2,2
Máquinas, equip. instrumentos, materiais mecânicos/elétricos (84+85) 337.128 6,2 2,9 2,4
Açúcares e produtos de confeitaria (17) 330.567 -38,5 2,9 4,1
Carnes (02) 338.809 -21,3 2,9 3,3
Prod. Quím. Orgânicos e Inorgânicos (28+29) 316.601 40,1 2,7 1,7
Resíduos/desperdícios ind. alimentares; alim. para animais (23) 125.632 22,0 1,1 0,8
Farmacêuticos (30) 105.135 -16,8 0,9 1,0
Subtotal 7.420.264 0,6 64,4 56,1
Demais produtos 4.101.716 -29,0 35,6 43,9
Total 11.521.979 -12,4 100,0 100,0
Fontes: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

(1) Classificação Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) (2) Variação nominal do valor das exportações no período de referência
em relação ao mesmo período do ano anterior. (3) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de
referência.

As exportações de Minas Gerais mostram-se bastante concentradas em nível municipal. Os vinte municípios
de maior valor exportado acumularam 71,7%% das receitas do estado no primeiro semestre de 2018.
Destacaram-se, pelo acréscimo nas receitas, os municípios Três Marias (563,3%) e Uberlândia (146,5%),

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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principalmente devido ao desempenho da soja. Belo Oriente também aumentou suas receitas em função das
pastas químicas de madeira, bem como Paracatu, com as exportações de ouro. As exportações de produtos
siderúrgicos também impulsionaram o crescimento em Araxá e Belo Horizonte.

Por outro lado, decréscimos foram observados para todos os principais municípios exportadores de minério
de ferro: Nova Lima (-21,8%), Itabira (-13,8%), Itabirito (-0,6%), Ouro Preto (-41,6%), São Gonçalo do Rio
Abaixo (-26%), Mariana (-38,3%) e Conceição do Mato Dentro (-56,4%). As receitas de Varginha e Guaxupé
foram, da mesma forma, influenciadas negativamente pelas vendas de café. (tab. 3).

Tabela 3: Vinte maiores municípios exportadores – Minas Gerais –1º semestre 2018
Exportações
Participação Variação
Ordem Munícipio (valor em US$ Produtos de maior participação na pauta
(%) (2) (%) (3)
mil FOB) (1)
1º Nova Lima 957.352 8,4 -21,8 Minério de ferro; ouro
2º Araxá 938.387 8,3 31,9 Ferro-ligas
Automóveis e autopeças; Equipamentos Mecânicos-
3º Betim 689.140 6,1 11,3
Material Elétrico
4º Três Marias 489.052 4,3 563,3 Soja; Zinco
5º Uberlândia 437.178 3,8 146,5 Soja
6º Itabira 420.619 3,7 -13,8 Minério de ferro
7º Varginha 416.122 3,7 -26,9 Café
8º Belo Oriente 393.810 3,5 36,8 Pastas químicas de madeira
9º Itabirito 375.704 3,3 -0,6 Minério de ferro
10º Paracatu 337.969 3,0 6,2 Ouro
11º Ouro Preto 335.255 3,0 -41,6 Minério de ferro
12º São Gonçalo do Rio Abaixo 332.865 2,9 -26,0 Minério de ferro
13º Mariana 323.000 2,8 -38,3 Minério de ferro
14º Guaxupé 291.765 2,6 -15,7 Café
Produtos siderúrgicos; Veículos aéreos; Artigos e
15º Belo Horizonte 291.305 2,6 36,9
aparelhos ortopédicos
16º Brumadinho 240.856 2,1 -17,0 Minério de ferro
17º Araguari 236.187 2,1 -21,4 Carne bovina; Resíduos de extração óleo de soja
18º Conceição do Mato Dentro 234.520 2,1 -56,4 Minério de fero
19º Ouro Branco 214.748 1,9 -1,1 Produtos siderúrgicos
Máquinas, equipamentos e materiais mecânicos e
20º Contagem 190.877 1,7 -5,7 elétricos; Produtos siderúrgicos; Obras de pedra, gesso e
cimento; Produtos cerâmicos
Total 20 maiores 8.146.713 71,7 -4,2
Demais municípios 3.210.456 28,3 -20,3
Minas Gerais 11.357.169 100,0 -9,4
Fontes: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP). Diretoria de
Estatística e Informações (DIREI).
Nota: FOB = Free on Board.

(1) Na metodologia de apuração do MDIC, os resultados das exportações estaduais, municipais e dos territórios de desenvolvimento
– cujo registro realizado pelo Ministério considera o domicílio fiscal da empresa exportadora – poderá não corresponder à soma do
total apurado para as exportações estaduais, uma vez que, nesse caso, o registro é feito com base no estado produtor da mercadoria.
(2) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (3) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Com relação ao destino das exportações mineiras no primeiro semestre de 2018, apenas quatro países;
China, Estados Unidos, Argentina, e Holanda, acumularam 49,7% do total. As exportações para a China
(US$3,2 bilhões) diminuíram 21,6% em relação ao primeiro semestre de 2017 e representaram 28,1% do
valor total (graf. 4). Para o minério de ferro, que correspondeu a 60,7% das compras chinesas, houve
decréscimo 36,2% e para a soja, segundo principal produto, houve crescimento de 12,8%.

Gráfico 4: Comportamento das exportações de Minas Gerais, segundo principais países de destino – 1º
semestre 2018 – (%)

201,2
200,0

150,0

100,0

50,0 28,1
(%)

15,5
7,5 7,3 6,9 3,8 4,2 3,5 1,9 3,5 2,9 1,8 1,7
-
-11,3 -5,4 -7,3
-21,6 -28,4
-50,0
-46,6

-100,0
Países
Estados Reino
China Argentina Baixos Japão Alemanha Itália Rússia Malásia
Unidos Unido
(Holanda)
Participação (%) (1) 28,1 7,5 7,3 6,9 4,2 3,5 3,5 2,9 1,8 1,7
Variação (%) (2) -21,6 -11,3 15,5 3,8 -28,4 1,9 -5,4 -7,3 201,2 -46,6

Fontes: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC); Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e
Informações (DIREI).
(1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

As exportações para os Estados Unidos, segundo maior destino das exportações mineiras no primeiro
semestre de 2018, caíram 11,3%. Sua participação na pauta de Minas Gerais permaneceu praticamente
estável (7,5%). No total das vendas para esse país, café e produtos da siderúrgicos representaram,
respectivamente, 30,7% e 29,3%, somando US$1,4 bilhão. As receitas de exportações da Argentina
cresceram 15,5%, com participação de 46,1% do segmento de veículos, partes e acessórios e de 18,4% do
grupo de produtos siderúrgicos. Sua representação nas vendas do estado, terceira maior entre os países,
passou de 5,5% para 7,3%.

Quarto maior destino das exportações de Minas Gerais, a Holanda adquiriu o equivalente a 6,9% da pauta
estadual, com crescimento de 3,8% em relação ao primeiro semestre de 2017. Minério de ferro e ferro-nióbio
destacaram-se, com participações respectivas de 42,7% e 27,4%.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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O Japão, quinto maior mercado para Minas Gerais (participação de 4,2%), registou decréscimo de 28,4% nas
compras do estado, de US$670 milhões para US$480 milhões. O maior impacto veio da retração de 65% das
vendas de minério de ferro, cuja participação na pauta de produtos variou de 49,3% no primeiro semestre
de 2017 para 24,1% no primeiro semestre de 2018. As vendas de café (24,1% do total) caíram 19,6% e as de
produtos siderúrgicos, que equivaleram a 30,6%, aumentaram 26,2%.

O Reino Unido foi o sexto na lista dos maiores destinos das exportações do estado (3,5% do total). As receitas
variaram 1,9% comparativamente ao primeiro semestre de 2017. O ouro em barra (66,3% de participação)
predominou na composição da cesta de produtos.

A receita estadual de vendas para a Alemanha, sétimo maior comprador de Minas Gerais, diminuiu 5,4%, e
sua participação no total aumentou ligeiramente de 3,2% para 3,5%. O café, produto principal (65,8% de
participação), registou decréscimo 21,8 no valor das vendas.

A participação da Itália nas exportações de Minas Gerais correspondeu a 2,9%, oitava maior entre os países
de destino. As exportações em valor para a Itália diminuíram 7,3%. Para o café, que representou 40,1% do
total, houve redução de 11,9%.

O embarque de soja para a Rússia, o equivalente a 360 mil toneladas, elevou o país de 32ª para nono maior
destino das exportações de Minas Gerais e a participação, de 0,5% para 1,8%. Os últimos embarques de soja
mineira para a Rússia em um primeiro semestre haviam sido em 2014 e 2015, de 5,3 mil toneladas e 23,3 mil
toneladas, respectivamente.

A Malásia completou a lista dos dez maiores destinos das exportações de Minas Gerais. As receitas desse
país diminuíram 46,6% e a participação, de 2,8% para 1,7%, essencialmente devido à redução de 48,7% na
demanda de minério de ferro, produto que constituiu 77,2% das suas aquisições.

Relativamente à evolução do valor total das importações mineiras, constatou-se aumento nominal de 19,2%
no primeiro semestre de 2018 comparativamente ao primeiro semestre de 2017. O principal destaque veio
do crescimento de 138,1% de veículos, partes e acessórios. A participação desse segmento cresceu de 7,6%
para 15,2%.

Outros grupos de produtos tiveram também crescimento acentuado e influenciaram diretamente o aumento
das despesas. Os produtos químicos (6,9% do total) aumentaram 55,3%; os produtos siderúrgicos (4,7%)
tiveram acréscimo de 35,4%; os plásticos representaram 3,8% e cresceram 10,4%; aparelhos e instrumentos
científicos (3,7% de participação); aumentaram 16,9%; minérios de zinco (3,6%) tiveram aumento de 65,7%;
alumínio e obras (2,3% e crescimento de 95,8%) e enxofre e magnésia (2,2%) e acréscimo de 80,1%. Entre os

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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itens que tiveram contribuição inferior a 2,0% na pauta destacaram-se os produtos diversos das indústrias
químicas (crescimento de 25,4%), preparações à base de cereais (21,4%) e produtos farmacêuticos (17,6%).

Em contrapartida, o grupo relativo a máquinas, equipamentos, instrumentos e materiais mecânicos e


elétricos (23,7% das importações) apresentou decréscimo nominal de 5,7%. Também registraram contração
(-19,9%) as importações de adubos (fertilizantes), cuja participação variou de 8,2% para 5,5% (tab. 4).

Tabela 4: Destaques produtos/setores das importações (1) – Minas Gerais –1º semestre 2018
Participação
Importações Variação
relativa
Nominal (%)
Especificação (U$ mil FOB) (%) (3)
(2)
1ºsem 2018/1º 1º sem 1º sem
1º sem 2018
sem 2017 2018 2017
Máquinas, equip. instrumentos, materiais mecânicos/elétricos (84+85) 1.012.850 -5,7 23,7 29,9
Veículos, partes e acessórios (87) 649.045 138,1 15,2 7,6
Combustíveis, óleos e cerais minerais; matérias betuminosas (27) 430.099 3,4 10,1 11,6
Produtos químicos (28-29) 292.970 55,3 6,9 5,3
Adubos (fertilizantes) (31) 234.874 -19,9 5,5 8,2
Produtos siderúrgicos (72 +73) 202.884 35,4 4,7 4,2
Plásticos e suas obras (39) 160.450 10,4 3,8 4,1
Inst. e ap. (óptica, fotog., cinemat., medida, contr. precisão); inst/ap. méd.-cirúrg. (90) 158.796 16,9 3,7 3,8
Minerios de zinco (26080010-26080090) 154.837 65,7 3,6 2,6
Alumínio e suas obras (76) 98.950 95,8 2,3 1,4
Enxofre e magnésia (25030010 25199010 25199090) 92.245 80,1 2,2 1,4
Produtos diversos das indústrias químicas (38) 66.273 25,4 1,5 1,5
Cereais (arroz e trigo) (10061092-10064000; 10019900) 58.574 8,1 1,4 1,5
Preparações à base de cereais, farinhas, amidos, féculas ou leite (19) 45.937 21,4 1,1 1,1
Filamentos sintéticos ou artificiais (54) 40.738 8,5 1,0 1,0
Produtos farmacêuticos (30) 40.326 17,6 0,9 1,0
Subtotal 3.739.847 21,1 87,4 86,0
Demais produtos 536.977 7,3 12,6 14,0
Total 4.276.825 19,2 100,0 100,0
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

(1) Classificação Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), capítulos e detalhamento. (2) Variação nominal do valor das exportações
no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (3) Participação no valor total das exportações de Minas
Gerais no período de referência.

Quanto aos mercados de origem, os dez principais países representaram 73,4% das importações mineiras. O
valor relativo às compras desses países aumentou, excetuando-se a Alemanha e Colômbia. O mercado chinês
liderou o suprimento de produtos estrangeiros para Minas Gerais, com 32,4% de aumento e participação de
17,7% no total das importações. Os principais itens nas compras da China foram equipamentos mecânicos,
material elétrico e produtos químicos inorgânicos. A participação chinesa aumentou de 16% para 17,7% (graf.
5).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
40

As importações da Argentina, segundo maior fornecedor, aumentaram 95,1% e corresponderam a 15,1% do


total. As aquisições de veículos automóveis, partes e acessórios foram predominantes (66,7%l) e cresceram
163%. As compras mineiras no mercado americano, terceiro maior fornecedor internacional de produtos
para o estado, aumentaram 10,1%. Entre os produtos adquiridos, destacaram-se máquinas, aparelhos e
instrumentos mecânicos e combustíveis minerais (hulha e coque).

As aquisições de produtos da Itália, Peru, Rússia, México e Índia corresponderam a, respectivamente, 4,6%,
4,6%, 4,0%, 3,5% e 2,4% das importações de Minas Gerais. O grande crescimento observado para o Peru
(48,9%) foi determinado pela aquisição de minério de zinco. As importações da Rússia também tiveram
aumento expressivo (38,6%), principalmente devido às compras de adubos (fertilizantes) e de produtos
siderúrgicos. O maior crescimento (121,5%) foi proveniente das importações do México, associadas às
compras de automóveis e de produtos químicos.

As compras mineiras da Alemanha e Colômbia tiveram redução no período: -34,1% e -10,8%,


respectivamente. Em relação à Alemanha, o decréscimo foi mais fortemente influenciado pelo grupo de
máquinas, equipamentos, instrumentos e materiais mecânicos e elétricos. Já as importações da Colômbia
apresentaram maiores diminuições em hulha e plásticos.

Gráfico 5: Comportamento das importações de Minas Gerais, segundo principais países de origem – 1º
semestre 2018 – (%)

150,0
121,5
125,0
95,1
100,0

75,0
48,9
50,0 38,6
(%)

32,4
25,0 17,7 15,1 14,9 15,4 13,9
10,1
4,8 4,6 4,4 4,0 3,5 2,4 2,1
0,0

-25,0 -10,8

-34,1
-50,0
Estados
China Argentina Alemanha Itália Peru Rússia México Índia Colômbia
Unidos
Participação (%) (1) 17,7 15,1 14,9 4,8 4,6 4,4 4,0 3,5 2,4 2,1
Variação (%) (2) 32,4 95,1 10,1 -34,1 15,4 48,9 38,6 121,5 13,9 -10,8

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).


Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Diretoria de Estatística e Informações (DIREI).

(1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
41

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados da comercialização externa para Minas Gerais no primeiro semestre de 2018 comparativamente
ao mesmo trimestre de 2017 evidenciaram a fragilidade da pauta exportadora concentrada no minério de
ferro. Além da volatilidade dos preços internacionais, o mercado mineiro perdeu a hegemonia da exportação
do produto, dada reconfiguração especial da exploração para o norte do país.

O fôlego observado nos preços do minério no semestre de 2017 não se repetiu no primeiro semestre deste
ano, que, ademais registrou o menor volume do produto embarcado em um primeiro semestre desde 2009.
Na mesma direção, o café perdeu em volume e receitas de comercialização e reforçou os efeitos negativos
sobre os resultados do período. Por outro lado, as receitas de exportações de produtos siderúrgicos, livres
da ameaça de sobretaxação americana, cresceram pelo segundo semestre consecutivo e, juntamente com o
embarque histórico de soja, atenuou as perdas no resultado geral.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Exterior. Secretaria de Comércio Exterior.
Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (AliceWeb). [Brasília, DF, 2018]. Disponível em:
<http://aliceweb.mdic.gov.br/>. Acesso em: ago e set. 2018.

WORLD BANK. World Bank Commodity Price Data. Disponível em


<http://www.worldbank.org/en/research/commodity-markets>. Acesso em: mai. 2018.

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42

FINANÇAS PÚBLICAS

Reinaldo Carvalho de Morais16

RESUMO:

O presente capítulo tem como objetivo traçar o panorama geral das contas públicas do governo de Minas
Gerais, com indicadores de receita, despesa e dívida, levando em consideração os resultados obtidos
principalmente no primeiro semestre de 2018. Através do levantamento das principais estatísticas de
finanças públicas, foi possível constatar que a situação financeira do governo mineiro ainda se encontra
bastante delicada. Pelo lado das receitas os principais tributos (ICMS e IPVA) têm apresentado crescimento
superior ao da atividade econômica, enquanto as transferências intergovernamentais têm apresentado
sucessivas quedas. Pelo lado das despesas, os gastos com a previdência pública e o baixo grau de
discricionariedade têm conduzido a grandes desafios em relação ao equilíbrio financeiro das contas
governamentais.

PALAVRAS-CHAVES: Receita, desequilíbrio fiscal, despesa, dívida pública, lei de responsabilidade fiscal.

ABSTRACT:

The objective of this chapter is to outline the Minas Gerais government's public accounts, with indicators of
revenue, expenditure and debt, taking into account the results obtained in the first half of 2018. Through the
survey of the main indicators of public finances It was possible that the government's financial situation is still
very delicate. On the revenue side, the main taxes (ICMS and IPVA) have been growing faster than economic
revenues, while intergovernmental transfers have seen successive declines. On the expenditures, side on
public pensions, and the low degree of discretion have led to a major challenge to the financing of government
accounts.

KEYWORDS: Revenue, fiscal impairment, expense, public debt, fiscal responsibility law.

16
Pesquisador da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), mestre em Administração Pública
com área de concentração em Gestão Econômica pela Fundação João Pinheiro (FJP). Bacharel em Estatística e em Administração
Pública. Pós-graduado em Gestão Financeira. Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG).

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43

1 INTRODUÇÃO

No primeiro semestre de 2018 as contas públicas do governo mineiro ainda continuavam desequilibradas.
Apesar do desempenho favorável nas receitas tributárias, as transferências governamentais apresentaram
forte queda nominal (7%). Além disso, houve forte aceleração das despesas, puxada pelos dispêndios com a
dívida pública e a previdência pública.

Para a apresentação de estatísticas fiscais do governo de Minas Gerais, este trabalho foi organizado da
seguinte forma: após a presente introdução, a seção dois traz a evolução do resultado orçamentário
anualizado do estado por bimestre entre 2014 e 2018; a seção três apresenta estatísticas de receita com
ênfase no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte de recursos do
governo; a quarta seção contém informações sobre o comportamento da despesa realizada do governo
mineiro, com ênfase nos gastos de pessoal, principalmente no que se refere aos parâmetros da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). Na quinta seção são apresentados dados relativos à dívida pública com
destaque para a evolução da relação entre Dívida Consolidada Líquida (DCL) e Receita Corrente Líquida (RCL).
A última seção apresenta comentários finais sobre o cenário das contas públicas mineiras e as perspectivas
para os próximos semestres.

2 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO

No terceiro bimestre de 2018, o resultado fiscal anualizado do governo de Minas Gerais foi negativo mais
uma vez. A receita arrecadada nos últimos doze meses encerrados em julho somou 89,09 bilhões, enquanto
a despesa empenhada no mesmo período somou R$ 103,66 bilhões, totalizando déficit anualizado de 14,57
bilhões (gráf. 1).

O aumento do déficit foi puxado principalmente pelo acréscimo nominal de 11% na despesa, frente ao
incremento nominal de 0,5% da receita. Nos últimos quatro bimestres a diferença entre receita e despesa
anualizadas tem aumentado, em contraponto ao menor descolamento verificado entre o quinto bimestre de
2016 e o quinto bimestre de 2017 (gráf. 1).

As perspectivas para o ano de 2018 não são as melhores, uma vez que a Lei Orçamentária Anual (LOA) previu
17
déficit de R$ 8,08 bilhões (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS, 2018). Espera-se que ocorram

17 Lei 22943 de 12/01/2018: “Art. 2º – O Orçamento Fiscal do Estado de Minas Gerais para o exercício financeiro de 2018 estima a
receita em R$92.972.534.034,00 (noventa e dois bilhões novecentos e setenta e dois milhões quinhentos e trinta e quatro mil e
trinta e quatro reais) e fixa a despesa em R$101.057.263.378,00 (cento e um bilhões cinquenta e sete milhões duzentos e sessenta
e três mil trezentos e setenta e oito reais)”.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
44

incrementos nominais de 4,9% nas receitas e 2,7% nas despesas. Portanto, o aumento previsto das receitas
ainda tende a ser insuficiente para cobrir as despesas.

Um dos principais desafios para o alcance do equilíbrio fiscal no estado passa pela gestão do déficit
previdenciário, que em 2017 atingiu R$ 16,48 bilhões (gráf. 2).

Gráfico 1: Evolução do resultado fiscal (valores correntes) – Governo de Minas Gerais – 6º bim. 2014–3º bim.
2018
(R$ milhões)
110.000 30.000
103.660
25.000
98.392
100.000
93.814 20.000

90.000 88.129
86.395 15.000
85.119 88.624 89.093
88.608

83.966 10.000
80.000 76.842
75.513
78.588 5.000
75.395 76.155
70.000 73.347
0
-510
-2.165 -1.955 -1.447
-2.587 -5.000
60.000 -4.077 -4.163 -4.224 -3.971
-5.041 -5.511 -5.206
-6.628
-7.461 -7.807 -10.000
-8.964 -8.824 -9.768-10.407
50.000 -11.079 -12.149
-15.000
-14.567

40.000 -20.000
2014-06

2015-01

2015-02

2015-03

2015-04

2015-05

2015-06

2016-01

2016-02

2016-03

2016-04

2016-05

2016-06

2017-01

2017-02

2017-03

2017-04

2017-05

2017-06

2018-01

2018-02

2018-03
RESULTADO ACUMULADO EM 12 MESES RECEITA TOTAL ANUALIZADA DESPESA EMPENHADA ANUALIZADA

Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Gráfico 2: Evolução das Receitas, Despesas e do Resultado do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) –
Minas Gerais – Média mensal de 2010-2018
25.000
22.031
20.291
20.000 18.442

14.718
15.000
12.673 10.587
11.384
R$ Milhões

9.938 9.591
10.000 8.780

5.370 5.430 5.553


5.000 4.623 4.362
2.669 3.121
2.524
0
-509 -568 -563 -693 -779 -738 -1238 -1373 -1344
-5.000
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 até junho
RESULTADO MÉDIO MENSAL RECEITA DESPESA

Fonte: Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais. Anexo 4 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
45

A receita orçamentária do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) estadual apresentou variação nominal
de 108% entre 2010 e 2017, saltando de R$ 2,67 bilhões para R$ 5,55 bilhões. Já a despesa cresceu de R$8,78
bilhões para R$22,03 bilhões (variação nominal de 150,9%). Dessa forma, o déficit previdenciário aumentou
169,7%. Como os recursos arrecadados pelo RPPS são insuficientes, faz-se necessário o aporte de recursos
através do caixa do governo.

No primeiro semestre de 2018 a receita previdenciária apresentou decréscimo nominal de 1,2% na


comparação com o mesmo período de 2017, caindo de R$ 2,55 bilhões para R$ 2,52 bilhões. Por outro lado,
a despesa previdenciária saltou de R$ 9,9 bilhões para R$ 10,6 bilhões, representando incremento nominal
de 7%. Dessa forma, o déficit mensal médio em 2018 foi de 1,34 bilhão. (gráf. 2).

3 RECEITA ARRECADADA

A Receita Arrecadada do governo de Minas Gerais apresentou incremento nominal de 1,1% no primeiro
semestre de 2018, na comparação com o mesmo período de 2017. O valor saltou de R$ 43,35 bilhões para
R$ 43,82 bilhões (tab. 1).

Tabela 1: Receita total (valores correntes) – Minas Gerais – jan-jul 2017/jan-jul 2018
(R$ milhões)
ACUMULADO ACUMULADO PARTICIPAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA Variação
JAN-JUN/2017 JAN-JUN/2018 JAN-JUN/2018

Receita Total (A + B + C) 43.346 43.823 1,1% 100,0%


Receitas Correntes (A) 36.119 37.132 2,8% 84,7%
Tributárias 25.794 28.101 8,9% 64,1%
ICMS 18.066 19.776 9,5% 45,1%
IPVA 3.715 4.240 14,1% 9,7%
IRRF 1.955 1.992 1,9% 4,5%
Taxas 1.786 1.765 -1,2% 4,0%
Outras Receitas Tributárias 272 328 20,6% 0,7%
Receita de Contribuições 1.335 1.374 2,9% 3,1%
Receita Patrimonial 473 438 -7,3% 1,0%
Receita de Serviços 237 332 40,1% 0,8%
Multa e Juros de Mora 575 133 -76,8% 0,3%
Transferências Correntes 6.932 6.450 -7,0% 14,7%
Demais Receitas Correntes 772 304 -60,7% 0,7%
Receitas de Capital (B) 266 145 -45,6% 0,3%
Receitas Intraorçamentárias (C) 6.961 6.546 -6,0% 14,9%
Contribuições 1.807 1.813 0,3% 4,1%
Outras Receitas Correntes 5.154 4.733 -8,2% 10,8%
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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As receitas tributárias apresentaram acréscimo nominal de 8,9% em função do desempenho das receitas de
ICMS e IPVA18 (9,5% e 14,1%, respectivamente). Por outro lado, as quedas de 7% nas Transferências Correntes
e de 76,8% nas Receitas de Multas e Juros de Mora contribuíram de forma decisiva para o fraco desempenho
na geração de recursos para o tesouro estadual.

Mesmo com o baixo crescimento econômico (em torno de 1% ao ano), é possível destacar o esforço do fisco
mineiro na geração de receitas de ICMS. Em 2017 o volume arrecadado com esse imposto apresentou
acréscimo nominal de 10,1%, na comparação com o ano anterior. Segundo a Secretaria de Estado de Fazenda,
o bom resultado foi: “... fruto do aprimoramento da política tributária, do intensivo combate à sonegação
fiscal e da edição de programas de recuperação de créditos tributários, a exemplo do ‘Regularize’” (MINAS
GERAIS, 2018a, pag. 6).

Devido à grande importância que o ICMS representa na composição da receita total do estado torna-se
interessante observar a evolução do índice de volume 19 dele nos últimos bimestres na comparação com as
principais unidades federativas. O resultado de Minas Gerais foi pior do que o do agregado G9 20 durante dez
bimestres consecutivos (entre o primeiro bimestre de 2015 e o quarto bimestre de 2016). Entretanto, no
quinto bimestre de 2016 o estado alcançou melhor desempenho, considerando o acumulado em seis
bimestres dado pela média móvel. No decorrer de 2017 e no primeiro semestre de 2018, o desempenho da
arrecadação de ICMS em Minas Gerais se manteve superior ao do G9 (gráf. 3).

Constata-se no terceiro bimestre de 2018 o índice de volume de arrecadação de ICMS atingiu 1% acima do
nível do ano de 2013 em Minas Gerais (101 pontos). O valor foi sete pontos superior ao do agregado G9.
Dessa forma, há indícios de que o governo tem aumentado seu esforço fiscal, na comparação com os
principais estados.

21
Já a rubrica “transferências correntes” representou 14,7% (tab. 1) da receita total de Minas Gerais no
primeiro semestre de 2018 e apresentou decréscimo nominal de 7% (variação real próxima de -10%). O gráf.
22
4 apresenta a evolução do índice de volume de receitas de transferências correntes no G9 e em Minas

18 Respectivamente, Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.
19 O índice de volume foi construído da seguinte forma: primeiro os dados monetários foram deflacionados pelo IPCA. Em seguida
foram transformados em índice de volume tendo como base a média de 2013. Para suavizar a série, foi calculada a média móvel
de seis bimestres para cada ponto da série. Por exemplo: o índice de volume do terceiro bimestre de 2018 consiste na média do
volume dos últimos seis bimestres (os três últimos de 2017 e os três primeiros de 2018).
20 Em alguns indicadores de Finanças Públicas foram comparados os resultados de Minas Gerais com agregado dos 9 estados de
maior Produto Interno Bruto (PIB) – G9 (na ordem: SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA, PE) no qual os dados estavam disponíveis no
sitio do Secretaria do Tesouro Nacional até o fechamento dessa edição. O estado de Goiás, 9º maior PIB, não havia enviado os
dados ainda.
21 Dotações destinadas a terceiros sem a correspondente prestação de serviços incluindo as subvenções sociais, os juros da dívida,
a contribuição de previdência social, etc. As principais transferências correntes são: o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).
22 O índice de volume das Transferências foi construído de forma análoga ao do ICMS.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Gerais. No terceiro bimestre de 2018, o volume anualizado de recursos para Minas Gerais representou 86%
do volume médio de 2013. Portanto, houve queda real de 14% nos últimos 27 bimestres (quatro anos e
meio). A utilização da média móvel (para seis bimestres) em número índice mostra que as receitas de
transferências têm tido resultados ainda piores do que a atividade econômica no estado.

Gráfico 3: Arrecadação de ICMS: Evolução do índice de volume a preços constantes e média móvel (últimos
12 meses) – Minas Gerais e G9 (SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA e PE) – 1º bim. 2013–3º bim. 2018
– (Média de 2013 = 100)

Ano: Bimestre

Fonte: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

Gráfico 4: Transferências Correntes: Evolução do índice de volume a preços constantes e média móvel
(últimos 12 meses) – Minas Gerais e G9 (SP, MG, RJ, RS, PR, SC, DF, BA e PE) – 1º bim. 2013–3º
bim. 2018 – (Base: Média de 2013 = 100)
150
140
130
103
120
103
110 103 105
103 104 100
99
100 103 92 93
90 96 93 92 95 94 91
80 86
70
60
50
2014-B1

2014-B3
2014-B4

2014-B6
2015-B1

2015-B3
2015-B4

2015-B6
2016-B1

2016-B3
2016-B4

2017-B1

2017-B4

2018-B1
2014-B2

2014-B5

2015-B2

2015-B5

2016-B2

2016-B5
2016-B6

2017-B2
2017-B3

2017-B5
2017-B6

2018-B2
2018-B3

NÚMERO ÍNDICE G-10 NÚMERO ÍNDICE MG


MÉDIA MÓVEL G-10 MÉDIA MÓVEL MG Ano: Bimestre

Fonte: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
48

Outra importante fonte de receita é o Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que
representou 9,7% da receita total do governo do estado no primeiro semestre de 2018. Apesar da forte crise
econômica brasileira e mineira, essa fonte de receita apresentou acréscimo real de 14% nos últimos quatro
anos. A arrecadação desse tributo tem sido melhor em Minas Gerais do que no G9 (gráf. 5).

Gráfico 5: IPVA: Evolução do índice de volume a preços constantes – Minas Gerais e G9 (SP, MG, RJ, RS, PR,
SC, DF, BA e PE) – 1º bim. 2013–3º bim. 2018 – (Base: Média de 2013 = 100)
120

115
109 114
110 109 109
107
106
105
100 104 104
100 101
101 101 101
95

90

85

80
2013-B1
2013-B2

2017-B1
2017-B2
2017-B3
2017-B4
2017-B5
2017-B6
2018-B1
2018-B2
2018-B3
2013-B3
2013-B4
2013-B5
2013-B6
2014-B1
2014-B2
2014-B3
2014-B4
2014-B5
2014-B6
2015-B1
2015-B2
2015-B3
2015-B4
2015-B5
2015-B6
2016-B1
2016-B2
2016-B3
2016-B4
2016-B5
2016-B6
MÉDIA MÓVEL G10 MÉDIA MÓVEL MG Ano: Bimestre
Fonte: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

4 DESPESA RELIZADA

A Despesa realizada do governo de Minas Gerais avançou 11,4%, em termos nominais no primeiro semestre
de 2018, na comparação com o mesmo período de 2017. A cifra subiu de R$ 46,18 bilhões para R$ 51,45
bilhões no período (tab. 2).

Tabela 2 - Despesa realizada por categoria econômica - Minas Gerais – jan-jul 2017/jan-jul 2018
(R$ milhões)
ACUMULADO ACUMULADO PARTICIPAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA VARIAÇÃO
JAN-JUN/2017 JAN-JUN/2018 JAN-JUN/2018

Despesa Realizada (A + B + C) 46.184 51.452 11,4% 100,0%


Despesas Correntes (A) 35.060 40.828 16,5% 79,4%
Pessoal e Encargos Sociais 20.407 21.237 4,1% 41,3%
Juros e Encargos da Dívida 936 2.004 114,1% 3,9%
Outras Despesas Correntes 13.717 17.587 28,2% 34,2%
Despesas de Capital (B) 1.324 2.038 53,9% 4,0%
Investimentos 712 682 -4,3% 1,3%
Inversões Financeiras 42 83 96,2% 0,2%
Amortização da Dívida 570 1.274 123,4% 2,5%
Despesa Intraorçamentária (C) 9.800 8.587 -12,4% 16,7%
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
49

Na abordagem da “Despesa por Categoria Econômica e Grupos de Natureza da Despesa”, 23 os dispêndios


com a rubrica Pessoal e Encargos Sociais saltaram de R$ 20,71 bilhões para R$ 21,24 bilhões, perfazendo
acréscimo nominal de 4,1% (incremento real próximo de 1,1%).

Uma das principais fontes do desequilíbrio financeiro das unidades federativas brasileiras passa pela questão
previdenciária. Nos últimos anos o descompasso entre receitas e despesas tem sido cada vez mais grave,
tanto em Minas Gerais, quanto nos demais entes da federação. No primeiro semestre de 2018 as despesas
com servidores inativos apresentaram acréscimo nominal de 7,9%, enquanto os gastos com ativos
aumentaram 3,5% (tab. 3).

Tabela 3: Despesas com Pessoal e Encargos Sociais (ativos/inativos) – Minas Gerais – jan-jul 2017/jan-jul 2018
(R$ milhões)
ACUMULADO ACUMULADO PARTICIPAÇÃO
Despesa com Pessoal VARIAÇÃO
JAN-ABR/2017 JAN-ABR/2018 EM 2018
Ativo 12.149 12.579 3,5% 53,9%
Inativo 8.225 8.872 7,9% 38,0%
Pensionista 1.649 1.692 2,6% 7,2%
Terceirizado 369 204 -44,5% 0,9%
Total 22.391 23.347 4,3% 100,0%
Fonte: Portal da Transparência do Governo de Minas Gerais

Entre as unidades orçamentárias com maior participação na despesa de pessoal do estado, podem-se
destacar os acréscimos nominais de 9,3%, 3,1% e 2,3% entre o Fundo Financeiro de Previdência, a Polícia
Militar de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Educação, respectivamente. Além disso, chama a atenção
o incremento nominal de 16,6% da Procuradoria Geral de Justiça (tab. 4).

Em relação aos Investimentos, houve decréscimo nominal de 4,3%. A participação desse item na despesa
total no período em análise foi de 1,3% no período em análise.

Já na conta Amortização da Dívida, o volume de gastos apresentou acréscimo de 123,4%, saltando de R$ 570
milhões para R$ 1,27 bilhão, tendo representado 2,5% da despesa total no primeiro semestre de 2018. O
expressivo aumento já era esperado, uma vez que as parcelas da dívida com a união estão voltando aos
patamares anteriores negociados através da Lei Complementar 156/2016. 24

25
No que se refere ao cumprimento da Lei Complementar 101/2000, constata-se que os dispêndios com
pessoal no poder executivo mineiro atingiram 48,12% (MINAS GERAIS, 2018b) da receita corrente líquida
(RCL) no 1º quadrimestre de 2018. No quadrimestre anterior o valor atingira 49,99% (decréscimo de 1,87

23 Conforme classificação funcional definida na Lei 4.320/64.


24 Através da referida lei, durante 18 meses (entre janeiro de 2017 e julho de 2018) as parcelas da dívida dos estados com a união
tiveram abatimentos decrescentes. No primeiro mês o desconto foi de 94,7%. Esse percentual foi decrescendo mensalmente até
atingir 5,3% no último mês. Dessa forma, a parcela ficou bem menor nos primeiros meses.
25 Lei de Responsabilidade Fiscal.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
50

ponto percentual em quatros meses). O gráf. 6 mostra a evolução da relação entre despesa de pessoal e
receita corrente líquida nos últimos 16 quadrimestres.

Tabela 4: Despesa de pessoal por unidade orçamentária – Minas Gerais – jan-jul 2017/jan-jul 2018

(R$ milhões)
Participação
Órgão jan-jun/2017 jan-jun/2018 Variação
em jan-jun/2018
Fundo Financeiro da Previdência 5.372.606.715 5.872.825.342 9,3% 25,2%
Polícia Militar do Estado de Minas Gerais 4.841.253.582 4.989.571.843 3,1% 21,4%
Secretaria de Estato de Educação 3.761.592.777 3.846.480.377 2,3% 16,5%
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais 1.886.560.190 1.951.266.627 3,4% 8,4%
Procuradoria Geral de Justiça 768.962.871 896.609.596 16,6% 3,8%
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais 748.137.969 748.259.707 0,0% 3,2%
Secretaria de Estado de Administração Prisional 705.932.130 684.850.900 -3,0% 2,9%
Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais 635.704.379 641.303.120 0,9% 2,7%
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais 489.718.878 527.618.769 7,7% 2,3%
Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais 505.043.992 474.016.901 -6,1% 2,0%
Secretaria de Estado de Fazenda 446.606.221 442.316.293 -1,0% 1,9%
Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais 401.140.072 412.475.886 2,8% 1,8%
Demais Órgãos 1.828.985.265 1.855.037.801 1,4% 7,9%
Total 22.392.245.041 23.342.633.161 4,2% 100,0%
Fonte: Portal da Transparência do Governo de Minas Gerais.

A situação dos estados que compõem o G9 no indicador em análise também é desafiadora, principalmente
para o Rio de Janeiro, com percentual de 55,53%. Santa Catarina com percentual de 48,99% também se
encontra em situação bastante delicada. Pernambuco e Rio Grande do Sul encontram-se acima do limite
prudencial (46,55%). Paraná, Distrito Federal e Bahia superam o limite de alerta (44,1%) (gráf. 7).

Gráfico 6: Evolução do percentual de gastos com pessoal em relação à receita corrente líquida – Minas Gerais
– 1ºquadrim. 2013–1ºquadrim. 2018
(Porcentagem)
51 49,99
48,71 49,29 49,10 48,38
49
47,91 47,71 47,37 48,12
47

45 43,49 45,82

42,94
43 41,94 42,05
41,17 41,49
41

39

37

35
2013-Q1

2013-Q2

2014-Q1

2015-Q1

2015-Q3

2016-Q3

2017-Q3
2013-Q3

2014-Q2

2014-Q3

2015-Q2

2016-Q1

2016-Q2

2017-Q1

2017-Q2

2018-Q1

LIMITE DE ALERTA LIMITE PRUDENCIAL LIMITE MÁXIMO

Fonte: Relatório de Gestão Fiscal (Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
51

Gráfico 7: Percentual de gastos com pessoal em relação à receita corrente líquida – Minas Gerais e estados
selecionados – 1ºquadrim. 2018
(Porcentagem)
60

55,53
55

50 48,99 48,12
47,40 46,54
46,23
45,45 45,30
45
42,36

40

35
RJ SC MG PE RS PR DF BA SP

LIMITE DE ALERTA LIMITE PRUDENCIAL LIMITE MÁXIMO

Fonte: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

5 DÍVIDA PÚBLICA

26
A dívida consolidada líquida (DCL) do Governo de Minas Gerais atingiu R$ 103,67 bilhões no primeiro
quadrimestre de 2018. O valor foi 0,8% superior ao estoque verificado no ano quadrimestre anterior, quando
a cifra havia atingido R$ 102,81 bilhões.

No que se refere à relação entre dívida consolidada líquida e receita corrente líquida (DCL/RCL), Minas Gerais
apresentou, no primeiro quadrimestre de 2018, o terceiro pior resultado do G9: DCL como 184% da RCL. No
quadrimestre anterior o indicador havia atingido 186%. Portanto houve decréscimo de 2 pontos percentuais
em quatro meses (gráf. 8).

Os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentaram valores ainda maiores no referido indicador:
269% e 227%, respectivamente. Chama a atenção o expressivo aumento de 178% para 269% do Rio de
Janeiro entre o primeiro quadrimestre de 2015 e o primeiro de 2018 (89 pontos percentuais).

É importante destacar que o limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal para a relação DCL/RCL
é de 200%. No momento Minas Gerais encontra-se 16 pontos percentuais abaixo do limite.

26 DCL: Dívida pública consolidada, deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres financeiros.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
52

Gráfico 8: Evolução da relação entre a dívida consolidada líquida (DCL) e a receita corrente líquida (RCL) Minas
Gerais e estados selecionados (G10) – 1º quadrim. 2013–1º quadrim. 2018
(Porcentagem)
300

280 270 269


260
239
240
Relação entre DCL e RCL

228 227
218 219
220 213 208 213 212 213

200 192
182 186 184
178 176
180 171 188
166 178
174 163
160 155 156 171
163 163
143
140 147
137
120

100
2014/Q1

2015/Q2

2015/Q3

2017/Q1
2013/Q1

2013/Q2

2013/Q3

2014/Q2

2014/Q3

2015/Q1

2016/Q1

2016/Q2

2016/Q3

2017/Q2

2017/Q3

2018/Q1
RJ RS MG SP

Fonte: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados do primeiro semestre de 2018 apontam a continuidade do desequilíbrio das contas públicas do
governo de Minas Gerais. O esforço fiscal do governo tem produzido resultados capazes de melhorarem a
performance das receitas próprias. Entretanto, eles não têm sido suficientes para cobrir as despesas. O baixo
grau de discricionariedade tem conduzido o governo mineiro a promover cortes em investimentos. Além
disso, os compromissos com pagamentos de aposentados tem sido fonte de pressão nos dispêndios públicos,
situação também vivida por outros estados.

As perspectivas para a geração de receitas próprias no segundo semestre de 2018 são razoavelmente boas,
uma vez que o governo ainda tem se beneficiado dos resultados do Programa Regularize e do aprimoramento
das ações de fiscalização. Além disso, espera-se que a atividade econômica apresente melhor resultado do
que nos anos anteriores. Entretanto os recursos obtidos através de transferências têm sido cada vez mais
escassos provocando ainda maior incerteza na capacidade de geração consistente de receitas.

Pelo lado das despesas a situação é desafiadora, já que a relação entre o número de servidores inativos e
ativos tem sido cada vez maior, conduzindo o governo a cobrir o déficit previdenciário com aportes
crescentes do tesouro.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
53

REFERÊNCIAS

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG. Lei
Orçamentária Anual – LOA 2018. Belo Horizonte: 2018. Disponível em:
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa-nova-
min.html?tipo=LEI&num=22943&comp=&ano=2018&texto=original
Acesso em Agosto/2018.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Fazenda – SEF. Relatório Contábil – 2017. Belo Horizonte: 2018a.
Disponível em:
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/contadoria_geral/demontracoes_contabeis/relatorios_contabeis/
relatoriocontabil2017.pdf
Acesso em Agosto/2018.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Fazenda – SEF. Belo Horizonte: 2018b. Disponível em:
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/contadoria_geral/gestaofiscal/ano2018/1quadrimestre2018.pdf
Acesso em Agosto/2018

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Fazenda – SEF. Relatório de Gestão Fiscal – RGF. Belo Horizonte:
2018c.
MINISTÉRIO DA FAZENDA. Secretaria do Tesouro Nacional. Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do
Setor Público Brasileiro – SICONFI. Brasília: 2018b

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 1 p. 1-66 abr. 2018
54

EMPREGO, DESEMPREGO E RENDIMENTOS DO TRABALHO

Glauber Flaviano Silveira27

RESUMO:

A compreensão das recentes movimentações do mercado de trabalho permite um melhor entendimento do


atual cenário socioeconômico. O foco dessa seção é destacar os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua Trimestral – PNADC/T, relativos ao emprego, desemprego, rendimento e massa salarial,
e os registros administrativos gerados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED,
referentes ao número de admitidos e desligados de empregos formais, regulamentados pela Consolidação
das Leis do Trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: mercado de trabalho, emprego e desemprego.

ABSTRACT:

Understanding recent labor market movements allows a better grasping of the current socioeconomic
scenario. The focus of this study is to highlight data from Quarterly Continuous National Survey by Household
Sample - PNADC / T, related to employment, unemployment, income and wage bill, as well as administrative
records generated by the Federal Government of Brazil.

KEYWORDS: Labor market, employment and unemployment.

27 Pesquisador da Diretoria de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro (DIREI/FJP), professor no Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais (IBMEC) e na Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho (EG/FJP). Mestre em Economia Aplicada
(UFV) e Especialista em Economia Empresarial (IEC/PUC-MG). E-mail: glauber.silveira@fjp.mg.gov.br.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
55

1 INTRODUÇÃO

Pessoas e empresas interagem em dois tipos de mercados, o de bens/serviços e o de fatores/trabalho. No


mercado de trabalho as pessoas são vendedoras dos seus fatores de produção (insumos usados na produção)
e as empresas compradoras. O entendimento acerca das recentes movimentações desse mercado em âmbito
nacional e estadual possibilita uma melhor compreensão do atual cenário socioeconômico.

Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), publicada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED), disponibilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), possibilitam realizar uma avaliação
conjuntural da atual situação do mercado de trabalho no Brasil e em Minas Gerais.

2 EMPREGO, DESEMPREGO, RENDIMENTOS DO TRABALHO E MASSA SALARIAL

As análises apresentadas a partir da PNAD Contínua têm como objetivo principal traçar o perfil das
populações: em idade de trabalhar, na força de trabalho, ocupado, desocupado e fora da força de
trabalho (fig. 1).

Figura 1: População total, em idade para trabalhar, na força de trabalho (ocupados e desocupados).

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

Em Minas Gerais, no segundo trimestre de 2018, a população em idade para trabalhar (17,6
milhões) representava 83,0% da população total (21,2 milhões). Da população em idade para

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
56

trabalhar,28 11,3 milhões de pessoas estavam na população economicamente ativa (PEA), uma taxa
de participação de 64,1% e 6,3 milhões estavam fora da força de trabalho – a PEA cresceu 0,7%
comparativamente ao trimestre anterior e 1,5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Tem-se ainda que 89,2% da PEA se encontravam ocupados (10,1 milhões de pessoas)29 e 10,8%
desocupados (1,2 milhões de pessoas) (gráf. 1).

Gráfico 1: Pessoas de 14 anos ou mais de idade, por condição em relação à força de trabalho e condição de
ocupação (mil pessoas) – Minas Gerais – 1º trim. 2016–2º trim. 2018.

11.500

11.000

10.500
Pessoas

10.000

9.500

9.000

8.500
2016-1 2016-2 2016-3 2016-4 2017-1 2017-2 2017-3 2017-4 2018-1 2018-2
Força de trabalho (PEA) 10.812 10.978 10.988 10.979 11.018 11.115 11.171 11.197 11.211 11.286
População ocupada 9.607 9.778 9.757 9.760 9.512 9.762 9.799 10.005 9.796 10.068

Força de trabalho (PEA) População ocupada

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

Quando se analisa as pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por
posição na ocupação no trabalho principal verifica-se um aumento do número de “trabalhador
familiar auxiliar” (9,6%), “empregadores” (5,2%) e “empregados” (3,5%) e redução para
“trabalhador por conta própria” (-0,4%) – na comparação desse trimestre com o trimestre
imediatamente anterior em Minas Gerais. Em comparação como o mesmo trimestre do ano anterior
os resultados foram os seguintes: “empregador” 8,9%, “trabalhador por conta própria” 4,9%,
“empregado” 2,2% e “trabalhador familiar auxiliar” 2,0%.

Por grupamento de atividades no trabalho principal, destaca-se, na comparação desse trimestre


com o imediatamente anterior, o aumento do número de pessoas ocupadas em “agricultura,
pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura” (95 mil). Negativamente tem-se o número de
pessoas ocupadas no grupamento “transporte, armazenagem e correio” (-8 mil).

28 As mulheres continuam sendo maioria entre as pessoas em idade de trabalhar, 51,6%.


29 Apesar das mulheres serem maioria na população em idade de trabalhar, entre as pessoas ocupadas, verificou-se a predominância
de homens (56,0%).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
57

Por posição na ocupação e categoria do emprego no trabalho principal, verifica-se em Minas Gerais
na comparação desse trimestre com o anterior um aumento do número de pessoas “com carteira
de trabalho assinada” (2,6%) e “sem carteira de trabalho assinada” (7,0%). Na comparação como o
mesmo período do ano anterior percebe-se elevação de 2,9% e 3,1%, respectivamente.

2.1 Taxa de desemprego

Em Minas Gerais, no segundo trimestre de 2018, a taxa de desemprego foi estimada em 10,8%30
(gráf. 2). Este indicador apresentou variação negativa de -1,8 ponto percentual (p.p.), em relação ao
trimestre anterior e quando comparada com o quarto trimestre de 2017 queda de -1,4 p.p.. No
Brasil a taxa de desemprego ficou em 12,4%.

Gráfico 2: Taxa de desemprego (em percentual da População Economicamente Ativa) – Brasil e Minas Gerais
– 1º trim. 2014–2º trim. 2018.

18,0
16,0 13,7
13,0 12,4 13,1 12,4
14,0 11,8 12,0 11,8
12,0
10,9 11,3
13,7
10,0 8,3 8,9 9,0 12,2 12,3 12,6
7,9 11,1 10,9 11,2 11,1
7,2 6,8 6,8 6,5 10,6 10,8
8,0
8,6 9,3
6,0 8,2 7,8
7,1 6,8 6,8
4,0 6,2
2,0
0,0

Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

O gráf. 3 destaca a taxa de desemprego em Minas Gerais por nível de instrução e grupo de idade.
Na análise por nível de instrução, no segundo trimestre de 2018, as pessoas mais afetadas pelo
desemprego são aquelas que possuem o ensino fundamental completo (16,1%) e as menos afetadas
as que já completaram o nível superior (5,9%).

Quanto ao grupo de idade percebe-se que a taxa de desemprego é menor para o grupo de indivíduos
com mais de 60 anos (4,0%) e maior para os jovens que possuem entre 18 e 24 anos (23,2%) – o que

30 A taxa de desemprego para homens ficou em 9,4% e para as mulheres em 12,5%.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
58

chama atenção é o crescimento da taxa de desemprego para esse grupo, em 2012-1 era de 16,0%,
atingiu o mínimo de 11,6% em 2013-4 e o máximo de 27,2% em 2018-1. A taxa de desemprego foi
maior entre a população que se declarou preta (14,0%), do que entre a população que se declarou
parda (12,4%) ou branca (7,9%).

Gráfico 3: Taxa de desemprego (em percentual da População Economicamente Ativa), por nível de instrução
e grupo de idade – Minas Gerais – 2º trim. 2017–1º trim. 2018–2º trim. 2018.
20,0 17,7 17,7 30,0 27,2
16,1 25,3
25,0 23,2
15,0 13,0 13,3
10,7 11,5 11,2
10,0 20,0
10,0 7,6
6,5 5,9 15,0
10,0 10,7 8,8
5,0 10,0 7,1 7,7 6,8
5,4 5,2 4,0
5,0
0,0
2017-2 2018-1 2018-2 0,0
2017-2 2018-1 2018-2
Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo

Ensino médio completo Ensino superior completo 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

2.2 Rendimentos médios do trabalho

O rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de
14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, no segundo trimestre de 2018 em
Minas Gerais, foi estimado em R$ 1.85031 – uma queda de -0,4% em relação ao trimestre
imediatamente anterior (R$ 1.857) e 3,0% maior do que o mesmo trimestre do ano anterior (R$
1.796) – o resultado estadual é -13,1% menor do que o verificado a âmbito nacional (R$.2.128) (gráf.
4).

Pode-se destacar ainda que o grupo de idade com maior rendimento médio foi “pessoas com mais
de 60 anos” (R$ 2.000) e que o nível de instrução das pessoas com maior rendimento foi “ensino
superior completo” (R$ 3.848). O rendimento médio foi maior entre a população que se declarou
branca (R$ 2.314), do que entre a população que se declarou parda (R$ 1.573) ou preta (R$ 1.353).

Gráfico 4: Rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de
14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento de trabalho (R$
reais) – Brasil e Minas Gerais – 1º trim. 2012–2º trim. 2018.

31 O rendimento médio foi maior para os homens (R$ 2.091) do que para as mulheres (R$ 1.535) em Minas Gerais.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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2.300

2.200

2.100

2.000

1.900

1.800

1.700

Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

Por posição na ocupação no trabalho principal, verifica-se que os maiores rendimentos médios são
dos “empregadores” (R$ 4.387), seguido pelos “empregados” (R$ 1.760) e por fim pelos
“trabalhadores por conta própria” (R$ 1.546). Na análise por grupamento de atividades, os
destaques positivos foram os rendimentos médios reais auferidos na “administração pública,
defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais” (R$ 2.747) e “informação,
comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas” (R$ 2.645). Com
rendimentos médios mais baixos, destaca-se o grupamento “serviço doméstico” (R$ 820). Por
posição na ocupação e categoria do emprego no trabalho principal, o rendimento médio real é
maior para os empregados com carteira de trabalho assinada (R$ 1.748), em relação aos que não
possuem carteira assinada (R$ 1.159).

2.3 Massa salarial

O acompanhamento da massa salarial proporciona conhecer um pouco sobre o impacto da situação


do mercado de trabalho sobre o consumo das famílias. No segundo trimestre de 2018, a massa de
rendimento real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos
ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, foi estimada em R$ 18,1 bilhões de reais em
Minas Gerais, registrando aumento de 2,2% em relação ao trimestre anterior (R$ 17,7 bilhões) e
6,3% na comparação com o mesmo trimestre de 2017 (R$ 17,1 bilhões) (gráf. 5). No Brasil, a massa
de rendimento foi estimada em R$ 189,3 bilhões de reais, o que representa uma elevação em
relação ao trimestre anterior (0,9%) e em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (2,0%).

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Gráfico 5: Massa de rendimento real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas
de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento de trabalho (R$
bilhões de reais) – Brasil e Minas Gerais – 1º trim. 2015–2º trim. 2018.

192,0 18,5
190,0
18,0
188,0
17,5
186,0
184,0 17,0
182,0
16,5
180,0
16,0
178,0
176,0 15,5

Brasil Minas Gerais


Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).

3 TRABALHO FORMAL: ADMISSÕES E DESLIGAMENTOS

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), disponibilizado pelo Ministério do


Trabalho e Emprego (MTE), possui o objetivo de acompanhar o processo de admissão e demissão
dos empregados regidos pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em Minas Gerais,
no segundo trimestre de 2018, verifica-se saldo líquido positivo (55,5 mil postos de trabalho) entre
admissões (457,2 mil) e desligamentos (401,7 mil) (gráf. 6). Em relação ao trimestre imediatamente
anterior observa-se um aumento de 25,8 mil postos de trabalho (86,5%), já em comparação com o
mesmo trimestre do ano anterior a elevação é de 2,3 mil (4,4%).

O saldo de admissões e desligamentos de empregos formais, segundo setores de atividade


selecionados, proporciona uma melhor compreensão da evolução do mercado de trabalho formal.
Em Minas Gerais, no segundo trimestre de 2018, a Agropecuária criou 37,2 mil postos de trabalho,
a Indústria 6,5 mil e o setor de Serviços 11,8 mil (tab. 1). Dentre os quatro subsetores da Indústria
o que mais se destacou no trimestre foi a “construção civil”, criando 7,7 mil empregos – o subsetor
de “serviços industriais de utilidade pública” apresentou saldo positivo (0,2 mil) e “extrativa
mineral” (-0,1 mil) e “transformação” (-1,3 mil) saldos negativos. Na abertura por subsetor dos

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Serviços, temos saldo positivo para “outros serviços32” (12,1 mil), estagnação para “administração
pública” (0,1 mil) e queda para “comércio” (-0,4 mil).

Gráfico 6: Admissões e desligamentos de empregos formais (mil postos de trabalho) – Minas Gerais – 1º trim.
2016–2º trim. 2018.

700,0
600,0
435,6 441,6 445,7 441,7 457,2
500,0 409,8 419,4 414,7 424,9
391,7
400,0
407,8 423,8 401,0 410,5 402,1 395,1 401,7
300,0 388,5
340,7 357,8
200,0
53,2 29,8 55,5
100,0 17,8 8,8 -12,6
-27,7 -44,7 -34,0
0,0 -69,1
-100,0
-200,0

Admitidos Desligados Saldo

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

No Brasil, o saldo de empregos formais total foi de 148,9 mil postos de trabalho, no segundo
trimestre de 2018. Vale destacar que, tal como ocorreu em Minas Gerais, todos os três setores
registraram saldos positivos (mais desligamentos que admissões).

32 Outros serviços compõem: 'instituições de crédito, seguros e capitalização', 'comércio e administração de imóveis, valores
mobiliários e serviço técnico', 'transportes e comunicações', 'serviço de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e
redação' e 'ensino'.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018
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Tabela 1: Saldo de admissões e desligamentos de empregos formais, segundo setores de atividade


selecionados (mil postos de trabalho) – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2017-2º trim. 2018
ESPECIFICAÇÃO 2017-1 2017-2 2017-3 2017-4 2018-1 2018-2
MINAS GERAIS
Total 8,8 53,2 -12,6 -34,0 29,8 55,5
Agropecuária 6,5 41,6 -31,1 -14,8 3,8 37,2
Indústria total 10,0 0,3 10,1 -23,5 20,2 6,5
Ext. mineral 1,1 0,4 0,2 -1,3 0,4 -0,1
Transformação 7,8 0,3 7,3 -12,5 12,8 -1,3
SIUP 0,3 -0,9 -0,1 -0,3 0,4 0,2
Construção Civil 0,8 0,5 2,7 -9,5 6,6 7,7
Serviços total -7,7 11,3 8,4 4,4 5,7 11,8
Administração Pública 1,8 0,4 0,2 -1,5 0,4 0,1
Comércio -14,7 3,6 3,1 12,5 -9,5 -0,4
Outros Serviços (1) 5,2 7,3 5,2 -6,6 14,8 12,1
BRASIL
Total -68,9 103,9 105,7 -264,2 195,2 148,9
Agropecuária 13,4 97,5 -13,7 -69,7 -5,9 71,8
Indústria total -4,6 -8,3 50,0 -193,2 98,7 17,0
Ext. mineral -1,0 -0,4 -0,5 -4,0 0,3 0,9
Transformação 18,0 7,2 51,2 -106,1 77,3 -2,8
SIUP 1,1 -0,4 -2,8 -3,4 2,0 2,3
Construção Civil -22,7 -14,7 2,1 -79,7 19,1 16,6
Serviços total -77,6 14,7 69,5 -1,4 102,4 60,1
Administração Pública 13,5 3,9 -1,2 -19,0 12,4 0,3
Comércio -115,2 -8,7 35,9 112,2 -79,9 -23,6
Outros Serviços (1) 24,0 19,4 34,8 -94,6 169,8 83,4
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
(1) Outros serviços compõem: 'instituições de crédito, seguros e capitalização', 'comércio e administração de imóveis, valores
mobiliários e serviço técnico', 'transportes e comunicações', 'serviço de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação'
e 'ensino'.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FJP – FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Indicadores FJP: Produto Interno Bruto de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2018.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.
Rio de Janeiro, 2018.

MTE – MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Brasília, 2018.

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais (FJP/DIREI) Belo Horizonte Ano 11 n. 2 p. 1-61 set. 2018

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