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1. O documento discute a biotecnologia e o aperfeiçoamento humano, defendendo o direito natural sobre a vida. 2. Apresenta as questões introdutórias sobre biotecnologia e seu papel na evolução humana, e discute a diferença entre terapia e aperfeiçoamento. 3. Argumenta que o uso de ferramentas biotecnológicas está alinhado com a dignidade humana e defende a liberdade tecnológica e morfológica do ser humano em melhorar sua condição biol
Deskripsi Asli:
Artigo - Biotecnologias e o Aperfeiçoamento Humano
1. O documento discute a biotecnologia e o aperfeiçoamento humano, defendendo o direito natural sobre a vida. 2. Apresenta as questões introdutórias sobre biotecnologia e seu papel na evolução humana, e discute a diferença entre terapia e aperfeiçoamento. 3. Argumenta que o uso de ferramentas biotecnológicas está alinhado com a dignidade humana e defende a liberdade tecnológica e morfológica do ser humano em melhorar sua condição biol
1. O documento discute a biotecnologia e o aperfeiçoamento humano, defendendo o direito natural sobre a vida. 2. Apresenta as questões introdutórias sobre biotecnologia e seu papel na evolução humana, e discute a diferença entre terapia e aperfeiçoamento. 3. Argumenta que o uso de ferramentas biotecnológicas está alinhado com a dignidade humana e defende a liberdade tecnológica e morfológica do ser humano em melhorar sua condição biol
A BIOTECNOLOGIA E O APERFEIÇOAMENTO HUMANO: EM DEFESA DO
DIREITO NATURAL SOBRE A VIDA
Yago José do Couto Oliveira
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. O que é biotecnologia?; 3. A evolução da condição
humana: Terapia ou aperfeiçoamento?; 4. O transhumanista e o bioconservador; 5. O direito natural da vida e a utilização das ferramentas biotecnológicas para a evolução da condição humana; 6. Considerações finais; 7. Referências bibliográficas.
RESUMO: Esse ensaio procurará apresentar as questões introdutórias relativas
à biotecnologia e ao aperfeiçoamento humano, buscando dissertar como e com o que o pós-humanismo pode contribuir para a evolução da condição humana. Noutro aspecto, também discutirá sobre a diferença e semelhança entre as terapias e os aperfeiçoamentos apresentados pela biotecnologia e quais são os impactos éticos acerca da construção do pós-humano. Por fim, em defesa da liberdade tecnológica e morfológica, buscar-se-á fundamentar o direito natural do ser humano em se ver biologicamente melhor, demonstrando que, filosoficamente, a utilização das ferramentas biotecnológicas se coloca em defesa da dignidade humana e pós-humana.
1. Introdução
O século XXI surge como a era de ouro da biotecnologia, área das
ciências biológicas que busca entender melhor a biologia humana e o mundo biológico de forma geral. A biotecnologia então se coloca em uma situação de prestígio em relação a algumas áreas da ciência, especialmente pela sua particularidade na possibilidade de impulsionar a evolução da condição humana. Apesar de assustar a ideia de evolução, ainda mais quando ligada a uma ilimitada estrutura tecnológica que o homem tem à sua disposição, o avanço biotecnológico não é, em um primeiro momento, uma irracional e desenfreada afronta à vida natural. A tecnologia e a biologia andam juntas para apresentar à comunidade civil um novo conjunto de ideias, técnicas e produtos que possam ser utilizadas para fins terapêuticos ou de aperfeiçoamento humano, de evolução da condição humana, levando o homem a um novo estágio. O novo estágio, dito pós-humano, é onde se delimita a discussão desse ensaio, que tem o condão de demonstrar, sucintamente, a conceituação da biotecnologia e como hoje ela é utilizada para o aperfeiçoamento humano. Claramente, a biotecnologia não trata só do aperfeiçoamento, mas também é parte de uma estrutura de várias ciências que buscam na terapia o tratamento para algumas das enfermidades humanas. Mas é aí que se encontra um ponto de contato entre os transhumanistas e os bioconservadores, que precisa ser questionado e colocado à análise da bioética, indagando-se até que ponto a terapia é terapia e o aperfeiçoamento humano é aperfeiçoamento humano, quais sãos os seus limites e se há convergência. É por base da bioética que se discutirá se, no aperfeiçoamento humano, há limites a serem impostos à biotecnologia, e se tal limite existir, qual é a sua correlação com o direito natural à vida, quando e como pode-se então limitar o direito do ser humano em se ver melhor, melhorado, aperfeiçoado e pleno. A dúvida paira sobre o poder da biotecnologia e até onde as suas descobertas levarão a atual humanidade, e se esse pleno avanço é um elemento intrinsicamente voltado à defesa da dignidade humana, ou melhor, da construção de uma dignidade pós-humana.
2. O que é biotecnologia?
Recorrentemente pode-se perguntar o que é a biotecnologia, para que é
usada, como é usada, até onde vão as suas descobertas e a quem serve. Tal pergunta pode ser respondida de forma bem simples: a biotecnologia existe para ajudar o ser humano a viver melhor. A biotecnologia é utilizada em campos bem específicos que, em primeira e última análise, refletem diretamente na vida do ser humano. Por exemplo, na agricultura, na energia, na química, no meio ambiente e na saúde, que são campos naturais de atuação da biotecnologia. Todos esses vistos em grau de menor ou maior importância na condução da vida humana. Claramente, ganha-se maior importância a saúde humana, que se coloca, a um olhar bem simplista, como o bem que se busca a plena e duradoura manutenção e aperfeiçoamento. Então, em termos gerais, a biotecnologia é um campo das ciências biológicas que visa o melhoramento da vida, e no caso específico desse trabalho, da vida humana. On Bioethics (2003) definiu a biotecnologia como sendo:
[...] the processes and products (usually of industrial scale)
offering the potential to alter and, to a degree, to control the phenomena of life – in plants, in (non-human) animals, and, increasingly, in human beings (the last, our exclusive focus here). Overarching the processes and products it brings forth, biotechnology i salso a conceptual and ethical outlook, informed by progressive aspirations. In this sense, it appears as a most recente and vibrant expression of the thecnological spirit, a desire and disposition rationally to understand, order, predict, and (ultimately) control the events and workings of nature, all pursued for the sake of human benefit.
Mas a biotecnologia não se finda somente em técnicas (processes) e
produtos (products), ela é, em um campo humanista, um elemento tecno-social que entrega ao ser humano uma possibilidade de controle biológico da vida, seja ela humana ou não. On Bioethics (2003) fala em “its a form of human empowerment”, que de fato é o que a biotecnologia é. Ou seja, a definição da biotecnologia não é um engessamento do que ela é, mas sim um ponto de partida para entender como ela é, como age e para onde vai. Isso é, a grossíssimo modo, a biotecnologia trata-se de um fenômeno vivenciado em um laboratório, porém, tem imenso impacto social, capaz de dar ao homem uma oportunidade de alcançar um novo degrau na evolução. Novamente, On Bioethics (2003) deixa claro que a biotecnologia “empowers us human beings to assume greater control over our lives, diminishing our subjection to disease and misfortune, chance and necessity”. A tecnologia e a biologia unidas são novas armas, novas ferramentas, que levarão o homem a um novo estágio, que transcenderá as estruturas biotecnológicas de técnicas, instrumentos, produtos, experiências laboratoriais e afins, e que aumentará a capacidade do ser humano de continuar existindo, de uma forma melhor. Apesar de haver inúmeros questionamentos sobre a utilização das biotecnologias, é evidente que tais dúvidas não podem frear um avanço que chegará cedo ou tarde às mãos do ser humano. Os questionamentos servem para nos fazer refletir sobre onde e como aplica-las, mas nunca para direcionar o que cada indivíduo, dentro da sua singularidade, deverá fazer com as tecnologias que estarão ao seu alcance. A evolução biotecnológica é ilimitada e constante, impossível e inaceitável de ser limitada, regulamentada ou direcionada. Resumir a biotecnologia às batalhas ideológicas e éticas – ainda que devidamente pertinentes - é desvirtuar a sua capacidade de melhorar, mudar, renovar e criar vidas. Não há como dizer e determinar o que será bom ou ruim para o ser humano sem antes experimentar as novas técnicas e produtos disponíveis e apresentados pela biotecnologia. Seria de extrema deslealdade intelectual e individual impor um discurso de suposição e de defesa da coletividade a serviço da regulamentação da biotecnologia, desconstruindo um poderosíssimo elemento tecnológico que trará benefícios à condição da vida humana, transformando-a e elevando-a a um novo plano na evolução biológica.
3. A evolução da condição humana: Terapia ou aperfeiçoamento?
Esse ensaio busca apresentar o aperfeiçoamento humano como uma
nova ferramenta de evolução e discutir se o direito natural à vida autoriza o ser humano a buscar o seu pleno e ininterrupto melhoramento por meio das novas tecnologias disponíveis ao seu alcance. Entretanto, é evidente que o aperfeiçoamento humano à base da biotecnologia se mostra moral e eticamente questionável, mas, como já anteriormente levantado, os questionamentos morais e éticos são pertinentes até um certo ponto, desde que não levantados para defender uma legenda regulamentária e de supressão de direitos. Para tanto, buscar-se-á raciocinar sobre a viabilidade, a extensão e o limite – se houver – do aperfeiçoamento humano, isso, evidentemente, dentro de uma lealdade intelectual, sem discursos sentimentalista, suposições sociais e ataques diretos àqueles que eventualmente terão acesso às tecnologias. Entender o que é terapia e o que é aperfeiçoamento humano dentro da biotecnologia mostra-se uma necessidade primária, para assim se discutir sobre as suas diferenças, e se de fato, há pontos de isolamento ou de convergência, para assim, questionar-se se o que o bioconservadorismo – em confrontação ao pós-humanismo - defende é uma legenda justa, que persegue a dignidade humana e, no futuro, a dignidade pós-humana. A pergunta inicial que se faz é: será que há diferença entre a terapia e o aperfeiçoamento proposto pela biotecnologia? A resposta não é clarividente, entretanto, pode-se adiantar que há pontos de convergência, que os unem e os colocam em um mesmo contexto biotecnológico de evolução. Não há como fugir que o século XXI é o ano de ouro da biotecnologia, também não se pode esconder que há dúvidas sobre a evolução, essas muitas vezes ideologicamente incongruentes, mas que, de uma forma ou de outra, contribuem para se tirar conclusões positivas sobre a biotecnologia. O On Bioethics (2003) deixa evidente que o entusiasmo sobre a evolução biotecnológica é inevitável, principalmente por conta dos passos retilineamente positivos dados pela ciência biotecnológica ao longo dos últimos anos. Por exemplo, tal exaltação pode partir do término de um importante projeto – do Genoma Humano - para a biotecnologia, aquele que possibilitou o sequenciamento do DNA, e mais além, da “the emergence of stem cell research”, que também impulsionou “to major insights into human development, normal and abnormal, as well as novel and more precisely selected treatments for human diseases”. (ON BIOETICHS, 2003). Não diferente, pode-se ainda falar sobre a evolução na neurociência (produtos inibidores), na medicina desportiva (anabolizantes), na nanotecnologia sensorial, nos implantes intra-corporais, nos estudos sobre o envelhecimento, e nas demais evoluções que mostram que, com base na tecnologia, o corpo humano pode ser tratado – terapeuticamente – ou modificado. Ou seja, os benefícios trazidos pelos estudos biológicos e biotecnológicos são gigantescamente aceitáveis e celebrados, seja para a terapia ou para o aperfeiçoamento. Então, pode-se dizer que o problema moral e ético relativo à utilização dessas ferramentas para se buscar um novo ser humano é fantasioso, ou melhor, de suposições sobre desdobramentos sociais, criminológicos e estatais, por exemplo. A evolução é factível, material e utilizável, a suposição é falaciosa, imaterial e, por excelência, inaplicável. Nesse ponto, a evolução se mostra superior às suposições bioconservadoras, tanto para o campo da terapia – que é até aceitável por eles – quanto para o campo do aperfeiçoamento – que para eles é inegavelmente uma abominação, um desconserto da ordem natural. A ideia da evolução biotecnológica não é simplesmente modificar, recriar ou até mesmo criar a vida humana, é sim buscar o pleno desenvolvimento do ser humano atual, para que ele alce novos degraus dentro do processo de evolução. Não há como negar a história evolutiva, que se mostra crível e retilínea, e além, que ensina que a evolução tecnológica faz parte de todo e qualquer desenvolvimento humano. A priori, On Bioethics (2003) diferencia terapia – manutenção da saúde – e aperfeiçoamento – ir além da terapia – como:
“Theraphy”, on this view as in common understanding, is
the use of biotechnical power to treat individuals with known diseases, disabilities, or impariments, in na attempt to restore them to a normal state of health and fitness. “Enhancement”, by contrast, is the directed use of biotechnical power to alter, by direct intervention, not disease processes but the “normal” workings of the human body na psyche, to augment or improve their native capacities and performances.
A diferença é clara e é apontada objetivamente, entretanto, será que o ato
terapêutico não poderia ser reconhecido como um ato de melhoramento limitado? O objetivo do biomédico não é ir além com aquele tratamento. Mas a certo ponto, a terapia pode ser observável como um ato de melhoramento momentâneo, não continuado. Por exemplo, a utilização de células troncos na reconstrução de determinados tecidos ou ainda a terapia eugênica para a fibrose cística, e ainda os tratamentos medicamentosos que atuam no cérebro a fim de solucionar os problemas dos ansiosos e depressivos. Essas terapias podem ser consideradas como uma forma de melhoramento, que não tem o condão de ir além. Doutro lado, o ir além, por exemplo, pode ser a utilização da nanotecnologia para o melhoramento da capacidade de inteligência e memória ou a injeção de hormônios no corpo de um atleta para que altere significa e permanente a sua atuação de alto nível. E, por outro lado, ir além da simples terapia é naturalmente um ato de melhoramento, de aperfeiçoamento das condições biológicas naturais do ser humano, a fim de lhe proporcionar o pleno desenvolvimento do seu corpo, de forma permanente, superando as suas capacidades e performances naturais. Porém, a terapia em si, não pode ser vista como um ato isolado e limitado dentro do sistema biotecnológico, a terapia e o aperfeiçoamento são entrelaçados e complementares, um atuando momentaneamente e o outro de forma permanente, mas ambos direcionados – direta ou indiretamente – para a evolução humana. O duelo proposto sobre a utilização da terapia e do aperfeiçoamento resume-se ao que é moral e eticamente aceitável e o que é moral e eticamente questionável. Porém, o raciocínio não deve ser feito dessa forma. Eles se cruzam e compõem “overlapping categories: all sucessful therapies are enchancing, even if not all enchancements enhance by being therapeutic”. (ON BIOETHICS, 2003). Ou seja, ambas as atuações, tanto terapêutica, quanto de aperfeiçoamento, contribuem significativamente para um processo contínuo de evolução humana. Um é para “restoring to normal” e o outro para “going beyond the normal”, porém, plenamente em convergência. (ON BIOETHICS, 2003). E por se cruzarem, o questionamento do que é para restaurar o normal e o que é para ir além do normal é uma proposição moral e ética controversa, pois, se toda terapia bem-sucedida é um melhoramento, ainda que todo melhoramento não seja terapêutico, enfrenta-se então um paradoxo ético e moral intransponível. E isso é o que se defende nesse ensaio, há um paradoxo filosófico sobre a utilização de tais instrumentos pela biotecnologia, uma vez que terapia e aperfeiçoamento não são categorias excludentes, e as dúvidas morais e éticas advindas deles não são de ordem suprema e absoluta, capazes de condicionar a utilização das biotecnologias, isso, pois, também são plenamente passíveis de claro e direto questionamento. Um exemplo dado pelo On Bioethics (2003) é que a Organização Mundial da Saúde define o estado de saúde como “a state of complete physical, mental and social well-being”, logo, “almost any intervention aimed at enhancement may be seen as health-promoting, and hence therapeutic, if it serves to promote the enhanced individual’s mental well-being by making him happier”. Isso é, se, com a terapia ou o aperfeiçoamento, evoluiu o estado de saúde de determinado indivíduo, a capacidade de dizer se é bom ou ruim parte exclusivamente do usuário da terapia ou do aperfeiçoamento, pois, de um campo isolado, e puramente teórico, à luz da Organização Mundial de Saúde, conclui- se que, nesse caso, a utilização da biotecnologia contribuiu significativamente para a saúde do indivíduo. Para tanto, o questionamento – moral e ético - é pessoal, intrinsicamente ligado ao indivíduo que faz uso da biotecnologia, restando a ele decidir se, de fato, aquilo foi bom ou ruim, evoluindo-o a um novo patamar de ser humano, ou não. Aqui não se advoga o não enfrentamento moral e ético da questão biotecnológica, muito pelo contrário, pois, a biotecnologia e o ser humano devem ser diuturnamente moral e eticamente testados. Porém, a ideia é que o enfrentamento deva ser feito ponderadamente, à luz da razoabilidade e proporcionalidade, isso no momento do surgimento da terapia ou do aperfeiçoamento. Assim, seja pela terapia ou pelo aperfeiçoamento, a biotecnologia se mostra diretamente necessária para a evolução humana, não havendo possibilidades claras para decidir que a terapia é aceitável e o aperfeiçoamento não, considerando que ambos são convergentes, agem de forma igual e estão inteiramente ligados à evolução humana, para um novo grau na evolução. 4. O transhumanista e o bioconservador