Com a Descoberta do continente americano, no fim do século XV, e com as
deliberações do Tratado de Tordesilhas, a Espanha e Portugal começam um processo colonizador e de conquistas para a América com fundações de núcleos urbanos. Estes paradigmas urbanísticos, diferentes do modelo de cidades da América, não foram adotados nesta colonização, mas sim de experiências urbanísticas anteriores, relacionadas ao processo de conquista do povo ibérico, a partir do século XIII, na península ibérica que possuía territórios desenvolvidos.
A cidade hispano-americana tem princípios ordenadores das cidades
fortemente associados ao conhecimento dos espanhóis ainda no período medieval, com a expulsão dos mouros, no início do século XIII. Tais modelos de traçado eram marcados pela ortogonalidade, mais conhecida como hipodâmico. Se distinguia por predominância de dois elementos como, a linha reta e a ortogonalidade, que demarcava as ruas que se cortavam a 90° transformando numa malha viária em grelha retangular ou quadriculada. Essa malha era definida a partir de dois eixos ortogonais, o cadus e o decumanus, que se deparavam ao centro do espaço urbanos que faziam referência no traçado de todas as ruas, definindo uma retícula.
1.2 - PORTUGAL E A EXPERIÊNCIA URBANISTICA DESENVOLVIDA
COM A EXPANSÃO MARÍTIMA
Os Andaluzes replanejaram o traçado urbanístico inteiro de cidades
como a de Santa Fé de Granada, a hierarquia do traçado viário, definiram plazas mayores e a localização dos edifícios administrativos e religiosos. No processo de reconquista portuguesa a lei sesmarias, foi adotada para aqueles portugueses proprietário das terras, que se comprometessem a fertilização daquelas terras. Outros fatores relevantes para uma política urbanizadora e colonizadora portuguesa na Europa foram: o manifesto da economia capitalista diante do comercio de especiarias e do açúcar; a busca por fontes de riqueza, trabalho braçal, metais preciosos; expansão mercantil e a reiteração do poder da igreja católica.
Portugal possuía um conhecimento e experiência náutico maior que os
outros, pela vantagem de sua localização geográfica, que possibilitou estar sempre à frente de outros países na corrida para expansão do comércio. Por possuir tais conhecimentos, devido as tentativas de descobrir o caminho para as Índias, costeando o litoral africano, foram adquiridos conhecimentos como: a astronomia, cartografia e instrumentos de navegação. A caravela foi desenvolvida como embarcação adequada para o enfrentamento do mar aberto. Com essas embarcações os portugueses foram para o Atlântico e passando pela costa da África, conquistando e povoando núcleos estabelecidos e cidades já existentes. Um dos principais papeis na racionalidade de criar o traçado das cidades, eram a de demonstra a presença militar, política e cultura portuguesa. As plantas das cidades tinham inspiração nos traçados renascentistas.
Por diversos pontos da na costa da África, os portugueses
estabeleceram núcleos povoados, que começavam o processo de ocupação em pontos elevados, caracterizando uma cidade alta e uma cidade baixa, onde possuíam características e funções distintas. A cidade Alta era onde se encontravam o poder civil e religioso, a cidade Baixa era onde as atividades comerciais e marítimas se abrigavam.
A expansão portuguesa pela costa da África e conseguiu contornar o
extremo sul do continente, conseguindo assim adentrar pelo oceano indico, atingindo Calicute, na Índia. Com a descoberta do caminho marítimo da Índia, e com a conquista do monopólio do comércio de especiarias, sedas e pedras, Portugal acabou perdendo o interesse de buscar o caminho para o ocidente. Tal fato fez com que o projeto de colonização do Brasil se adiasse por cinquenta anos, devido a priorização da política portuguesa para o oriente.
2 – A POLÍTICA COLONIZADORA NA AMÉRICA - ORDENAMENTO
JURÍDICO E NORMATIVAS URBANÍSTICAS
O período de colonização da América ficou evidenciado pelas diferentes
políticas de ocupação entre o lado português e espanhol, fatores como o econômico, geográfico, cultural e politico destacam esse fato. Os fatores mais marcantes são: No Brasil, “- zona costeira com topografia plana e abundância de recursos naturais - população nativa vivendo em estágio selvagem - recursos naturais exploráveis – pau-brasil, animais exóticos”.
Na América Espanhola, “diversidade da paisagem natural entre as
áreas do Caribe, meso-américa e Andes – zona costeira andina com clima árido e desértico - condição para estabelecimento humano na região altiplana”.
Entre as diferenças econômicas, culturais e politicas também se
destacam: No Brasil, “não havia um projeto efetivo de colonização do território, pois todos os interesses estavam voltados para o monopólio que Portugal exercia sobre o comércio de especiarias. É importante lembrar que o caminho marítimo para as Índias fora descoberto por Vasco da Gama apenas dois anos antes da chegada de Cabral ao Brasil. - Modelo de feitoria, com interesse comercial focalizado na exploração de pau- brasil. - O governo português deixava o projeto de fundar vilas e cidades sob o encargo dos donatários: escolha de sítios litorâneos, com o objetivo principal de povoar a costa para garantir a sua defesa – proibição de adentrar no continente - submissão dos povos nativos, associados a forte mestiçagem e assimilação cultural - presença marcante da igreja no desenvolvimento das povoações (ordens religiosas) e na difusão da contra-reforma (jesuítas) ”.
Na América Espanhola, “existência de civilizações pré-colombianas
com elevado grau de organização: astecas e incas - presença de cidades que funcionavam como capitais dos impérios asteca (Tenochtitlán) e inca (Cuzco). - Projeto colonizador fortemente definido, através da exploração de minas de ouro, prata e metais preciosos. - Domínio e controle sobre os povos nativos, especialmente as civilizações mais desenvolvidas. – Fundação de cidades sobre o assentamento pré-colombiano. - Estabelecimento de marcos de dominação do território em locais despovoados através da fundação de núcleos de povoação - repartição das terras e da riqueza entre os conquistadores. - Auxílio da igreja, através de bispados e arcebispados, no controle ideológico sobre os novos assentamentos”.
As normativas de Pedrarias D’Ávila de 1512
Foram aplicados os princípios de ordenamento urbanístico e uso do
plano urbano hipodâmico, por Pedrarias D’ Ávila, em 1513, onde possuem grande influência no plano urbano da cidade de Santa Fé de Granada.
2.2 - A POLÍTICA COLONIZADORA PORTUGUESA E A APLICAÇÃO DE
INCIPIENTES DISPOSITIVOS URBANÍSTICOS
Devido a falta de interesse de Portugal em colonizar a costa brasileira,
uma vez que, seu interesse era apenas de comercializar especiarias com as índias e traficar escravos africanos, fez com que a costa fosse ocupada por degredados e corsários. Era também visitada pelos franceses que não concordavam com a divisão estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas em 1494, contrabandeando produtos naturais do brasil como o pau-brasil, animais exóticos, obrigando assim Portugal a aderir a uma política de colonização, onde implanta o sistema das Capitanias Hereditárias.