1.2 A pré-história
Para Chomsky, a ciência da linguagem deve partir de uma teoria forte, da qual deduz
afirmações que devem ser testadas contra os dados, obtidos em experimentos especialmente
desenhados para efetuar tais testes.
O período chamado por Kess de Período Linguístico, em que, de uma grande dispersão
teórica e uma postura operacionalista, a Psicolinguística passa a ter o modelo chomskyano, oriundo
da Linguística, como paradigma teórico central, adotando uma postura metodológica fortemente
racional-dedutiva no design de seus experimentos.
O modelo gerativo propunha, entre outras coisas, que:
a) as sentenças faladas, ou estruturas superficiais, derivar-se-iam de estruturas profundas,
através de regras transformacionais, que se organizam numa gramática, ou sintaxe;
b) este componente sintático, capaz de gerar qualquer (e somente uma) língua, deveria ser inato
aos indivíduos da especie humana.
c) Se distinguisse a competência e a performance.
A teoria linguística teria como seu domínio próprio a competência e não a performance, e
sua missão era construir e descrever uma Gramática universal que permitisse entender como a
linguagem surge e se diferencia, em línguas distintas, na mente humana. Tal distinção permitia
atribuir à Linguística, “ciência hipotético dedutiva, subordinada à Psicologia Cognitiva, a missão de
definir como se organizava a competência e à Psicolinguística a missão de gerar “uma teoria
unificada da performance”, investigando “como os processos mentais transformam o conhecimento
linguístico (competência) em atuação.”
A teoria da Complexidade Derivacional, supunha que a percepção e a compreensão das
sentenças deveria ser isomórfica à derivação da sentença por meio das regras da sintaxe, ou seja, os
passos para derivar uma estrutura superficial de uma estrutura profunda deveriam ser também
efetuados na recepção e compreensão das sentenças. Essa linha de pesquisa acabou sendo
abandonada não apenas por causa das poucas evidências experimentais que a apoiavam, mas
também por causa do próprio refinamento do design dos experimentos, que foi gradativamente
mostrando que não apenas a estrutura sintática é importante no processamento de sentenças, mas
são igualmente fatores de ordem pragmática e semântica.
1.5 O período cognitivo