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BALIEIRO, Ari Pedro Jr.

Psicolinguística in: Introdução a Linguística


Domínios e Fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001

1 Introdução: As raízes e a Evolução do Campo

1.1 O problema da definição da Psicolinguística

Consultem-se fontes diferentes sobre a Psicolinguística e obter-se-ão delimitações às vezes


tão diferentes que é mesmo possível que estejam falando de coisas diferentes. Partindo dessa
constatação é preciso reconhecer que a pretensão de apresentar uma visão panorâmica de qualquer
assunto deve garantir alguma coerência e visibilidade para os critérios adotados em suas construção,
sem desconsiderar a existência de versões diferentes, ou mesmo incompatíveis sobre o tema.
O primeiro critério foi escolher fontes de informação razoavelmente atualizadas e que
parecem expressar o mainstream, a corrente principal de trabalho reconhecidos e auto identificados
como pertencentes ao campo. Como critério adicional, decidimos começar por um levantamento
histórico, que nos permita entender a evolução da Psicolinguística e situá-la em relação a outros
campos, principalmente, em relação à Psicolinguística e à Linguística, com as quais guarda
evidentes relações de filiação.

1.2 A pré-história

O termo Psicolinguística surgiu pela primeira vez provavelmente em um artigo de N.H.


Proncko, e sugere que se trata de um campo interdisciplinar para o qual colaboram a Psicologia e a
Linguística. Psicologia da Linguagem: o relacionamento entre o pensamento (ou o comportamento)
e a linguagem. Podemos dizer que havia, nesta pré história da Psicolinguística, dois movimentos
opostos: um que caminhava da Psicologia para a Linguística e outro que caminhava da Linguística
para a Psicologia.
Os psicólogos queriam o auxilio do entendimento sobre o funcionamento da linguagem para
entender como funcionava a “mente” humana, partindo da hipótese de que a mente se estruturava de
forma análoga à linguagem ou mesmo através dela.
Esse movimento da Psicologia para a Linguística trazia, porém, duas concepções diferentes:
uma, oriunda da tradição norte-americana essencialmente mentalista, que buscava explorar o
pensamento através do estudo da linguagem; e outra, oriunda da tradição norte-americana ,
essencialmente comportamentalista, que buscava entender o comportamento linguístico, reduzindo-
o a uma série de mecanismos de estímulo resposta. Após a devastação causada pela Primeira Guerra
Mundial, a corrente mentalista declinou de importância, e o comportamentalismo norte-americano
ganhou força.
Na Linguística, por outro lado, já havia uma busca anterior pela teoria psicológica,
especialmente por meio dos introdutores do método histórico em Linguística, entre os quais
Hermann Paul, que tentaram apoiar no associacionismo psicológico suas explicações para as
mudanças linguística. Quando W. Wund começou sustentar e demonstrar que a linguagem podia ser
explicada, ao menos em parte, à base de princípios psicológicos, encontrou a linguística “preparada
para trocar sua velha avaliação romântica da linguagem, em termos de princípios culturais e
estéticos, por uma mais moderna abordagem 'cientifica' da linguagem”
Essa tarefa, no entanto, não foi muito bem sucedida, em razão da dificuldade de analises
psicológicas aos fatos contemporâneos a partir de uma perspectiva histórica.
Esse período foi extremamente fecundo, em boa parte graças à emergência do estruturalismo
na linguística e do comportamentalismo na Psicologia.
As próprias características teóricas do estruturalismo e do comportamentalismo, no entanto,
impediram uma colaboração mais estreita, gerando, com raras exceções, um conjunto de
desenvolvimentos paralelos, sem esforço em comum que pudesse demarcar a emergência de um
novo campo. Os comportamentalistas reduziram a linguagem a atos de fala observáveis, enquanto
os estruturalistas, especialmente Bloomfield, acabaram por considerar a semântica como não
acessível à pesquisa linguística.

1.3 O período formativo

A Teoria da Informação, surgida logo após a Segunda Guerra, ofereceu um enquadramento


epistemológico mais consistente para os estudos psicolinguísticos.
Osgood & Sebeok (1954), por exemplo, definiram a Psicolinguística como o estudo dos
“processos de codificação e decodificação no ato da comunicação na medida em que ligam
[relacionam] estados das mensagens e estados dos comunicadores”.
A Psicolinguística desse período era um amplo painel de pesquisas oriundas da Psicologia e
orientadas para a Linguística e de pesquisas oriundas da Linguística e orientadas para a Psicologia.

1.4 O período linguístico

Para Chomsky, a ciência da linguagem deve partir de uma teoria forte, da qual deduz
afirmações que devem ser testadas contra os dados, obtidos em experimentos especialmente
desenhados para efetuar tais testes.
O período chamado por Kess de Período Linguístico, em que, de uma grande dispersão
teórica e uma postura operacionalista, a Psicolinguística passa a ter o modelo chomskyano, oriundo
da Linguística, como paradigma teórico central, adotando uma postura metodológica fortemente
racional-dedutiva no design de seus experimentos.
O modelo gerativo propunha, entre outras coisas, que:
a) as sentenças faladas, ou estruturas superficiais, derivar-se-iam de estruturas profundas,
através de regras transformacionais, que se organizam numa gramática, ou sintaxe;
b) este componente sintático, capaz de gerar qualquer (e somente uma) língua, deveria ser inato
aos indivíduos da especie humana.
c) Se distinguisse a competência e a performance.

A teoria linguística teria como seu domínio próprio a competência e não a performance, e
sua missão era construir e descrever uma Gramática universal que permitisse entender como a
linguagem surge e se diferencia, em línguas distintas, na mente humana. Tal distinção permitia
atribuir à Linguística, “ciência hipotético dedutiva, subordinada à Psicologia Cognitiva, a missão de
definir como se organizava a competência e à Psicolinguística a missão de gerar “uma teoria
unificada da performance”, investigando “como os processos mentais transformam o conhecimento
linguístico (competência) em atuação.”
A teoria da Complexidade Derivacional, supunha que a percepção e a compreensão das
sentenças deveria ser isomórfica à derivação da sentença por meio das regras da sintaxe, ou seja, os
passos para derivar uma estrutura superficial de uma estrutura profunda deveriam ser também
efetuados na recepção e compreensão das sentenças. Essa linha de pesquisa acabou sendo
abandonada não apenas por causa das poucas evidências experimentais que a apoiavam, mas
também por causa do próprio refinamento do design dos experimentos, que foi gradativamente
mostrando que não apenas a estrutura sintática é importante no processamento de sentenças, mas
são igualmente fatores de ordem pragmática e semântica.
1.5 O período cognitivo

As mudanças na teoria linguística, acabaram por desaguar em uma ampliação e


enriquecimento da Psicolinguística, o período cognitivo, no qual os aportes da teoria linguística
continuaram a ser importantes, mas perderam o caráter de exclusividade do período anterior. Os
“cognitivistas” postulavam a “subordinação” da linguagem a fatores cognitivos mais fundamentais,
dos quais ela (a linguagem) seria apenas um favor.
As estruturas linguísticas (ou sintáticas) não são adquiridas separadamente de conceitos
semânticos e funções discursivas, além de estarem submetidas ao governo de princípios cognitivos.
A aquisição da linguagem é explicada como o resultado da interação entre vários fatores, de tal
forma que os sistemas linguísticos são, em última análise, um produto de estruturas cognitivas mais
básicas ou profundas.
Chegou-se mesmo a sugerir que a Gramática Transformacional é apenas uma teoria das
intuições linguísticas tendo, em relação à natureza última da linguagem, o mesmo status de outros
aspectos linguísticos relacionados, como a aprendizagem, a percepção e o desempenhar da fala.
Os cognitivistas, além de ampliarem e tornarem mais eclético o campo de estudos da
Psicolinguística, também acabaram por aproximá-lo das ciências cognitivas, com suas
características marcantes de interdisciplinariedade, e equilibraram a influência exercida pela
Linguística com aquela exercida por outras disciplinas próximas, além de trazerem também para o
campo a influência da Inteligência Artificial e seus modelos computacionais.

1.6 O estado atual

No estado atual da Psicolinguística, denominado por Kess de período da teoria


psicolinguística, realidade psicológica e ciência cognitiva, o campo se apresta em um estado de
transição, com pesquisas oriundas de várias escolas teóricas, como, por sinal, é também o caso da
Psicologia e da Linguística. Outra característica importante é o grande numero de trabalhos
interdisciplinares, atestando o reconhecimento de que problemas científicos em um campo afetam
vários campos relacionados.
A influência do paradigma chomskyano, segundo Kess, continua presente, menos em função
de sua apresentação da Linguística como uma Psicologia Cognitiva do que em função da natureza
mesma das descrições chomskyanas da competência linguística do falante, que supõem, ou exigem,
o entendimento dos processos cognitivos que lhe são subjacentes. Esta influência aparece, inclusive,
na incorporação de termos originários da gramática ou da semântica às investigações sobre os
problemas de representação conceitual e da estrutura de sistemas cognitivos humanos.
Como essa integração tem sido tentada sob a égide das ciências cognitivas com seus
modelos computacionais, com sua interdisciplinaridade e com sua capacidade de atração de
financiamentos, a parceria entre a Psicologia e a Linguística está experimentando um
recrudescimento, após um período de relativo esfriamento.
O enfoque modularista sugere que a mente é um sistema composto por modulos que
processam informação de forma independente, cabendo sua integração aos mecanismos de interface
entre os módulos ou a um módulo integrador. O enfoque não-modularista, por outro lado, assume
que não há limites definidos entre os níveis de conhecimentos lingüísticos, com uma troca ativa de
informações entre esses níveis.
Em virtude do fato de as pesquisas psicolingüísticas estarem, tanto sob a abordagem
gerativista, quanto sob a cognitivista ou a computacional, concernidas ao estudo da estrutura do
conhecimento possuído pelo falante/ouvinte, essas podem ser descritas como apoiadas em
paradigmas cognitivos. A questão da realidade psicológica das teorias sobre a linguagem natural,
como apresentada, tem sido atualmente uma meta clara da Psicolinguística. Dessa forma, as
questões da definição do objeto e do método de estudo, necessárias para que possamos falar em
uma disciplina autônoma, parecem estar se encaminhado para uma solução.

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