INTRODUÇÃO
1.Urbanismo e política urbanística
2.A evolução histórica do Direito do Urbanismo
3.Noção de Direito do Urbanismo
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Direito do Urbanismo enquanto ciência autónoma
- Final do séc. XIX: Período pós Revolução Industrial, onde se assiste à multiplicação do número
de centros urbanos e ao aumento da área edificada nas cidades preexistentes a um ritmo
acelerado.
INTRODUÇÃO
Génese do Direito do Urbanismo
Direito Romano:
Embora não se encontre no Direito Romano um diploma unitário de normas respeitantes ao
Direito do Urbanismo, existiram várias normas jurídicas cujo objetivo era a tutela de interesses
públicos relacionados com o urbanismo
- Normas que definiam a altura máxima dos edifícios: Imperadores Augusto (70 pés = 20,74m)
eTrajano (60 pés = 17,77m)
- Imperador Cláudio: proibição da demolição de edifícios com o intuito de comercializar os
materiais (de aedificiis non diruendis)
- Normas respeitantes à distância entre construções (limitatio)
- Imperador Augusto: regulamentos impeditivos da construção de saliências ou relevos que
tirassem área a luz às habitações
Idade Média
Após a queda do Império Romano - A ideia romana de urbanização entra em declínio
Fuga da população urbana para o mundo rural – Dando origem a pequenos centros feudais
Características DU Medieval
Sécs. X e XI: começam a progredir as cidades medievais
Cidades com origem à volta de um mosteiro ou de um castelo
Provocadas pelas deslocações dos camponeses para a cidade
Normas jurídicas urbanísticas de natureza essencialmente municipal
Autonomia dos municípios medievais
Renascimento
Surgiu na Europa no séc. XVI
- Constituiu sobretudo um movimento intelectual Perfiguração da cidade ideal
- Contribuição sobre tudo teórica para o Urbanismo
Objetivo : criar uma cidade como obra de arte de perceção visual imediata
Em Portugal
Em Portugal a evolução do DU foi lenta e ocorreu durante vários séculos - Séc. XX, após a 2ª
Guerra Mundial
Fenómeno de expansão da urbanização, surgindo um conjunto de normas e princípios jurídicos
que tem como objeto específico a resolução de problemas urbanísticos, abrangendo apenas
determinadas áreas
Urbanismo
Pombalino
Estado Liberal
A determinação dos princípios liberais deixou marcas significativas no Direito do Urbanismo:
- Catálogo de direitos fundamentais numa Constituição
- Direito de propriedade com o direito fundamental inviolável
- Não intervenção do Estado na vida social
Estado Social
- Superação do conceito de direito de propriedade como direito absoluto
- Abandono do urbanismo de salvaguarda, de polícia e de regulamentação e surgimento de um
urbanismo ativo ou operacional
-Surgimento do urbanismo de concertação (entre Estado, autarquias locais e outros entes
públicos, com participação dos particulares)
- Plano como instituto fundamental do DU e passa a realizar uma multiplicidade de fins ligados
à ocupação, uso e transformação do solo
- Novo institutos jurídico-urbanísticos: cedências à AP, realização de obras de urbanização por
particulares, direito de preferência da AP na alienação de imóveis, sistemas de perequação de
benefícios e encargos.
NOÇÃO
Urbanismo - Natureza polissémica –vários sentidos
- Facto social
- Técnica
- Ciência
- Política
1. Facto social
- Fenómeno (secular) de crescimento da cidade
- Atração das cidades sobre a população rural
- Progressão regular da taxa de urbanização (% de população de um país que vive nas cidades)
30 Megametrópoles
2. Técnica
Técnica de criação, desenvolvimento e reforma das cidades
- Urbanismo = Técnica Urbanística
- Técnicas diversas ao longo da história
Técnicas Urbanísticas
Séc. XIX - Alinhamento - Fixação de uma linhaque delimita zonas edificáveis e não edificáveis
1870 - Zonamento - Demarcação do solo em zonas afetas a destinos ou fins determinados
1898 - Cidade-jardim - (EbenezerHoward) Novos núcleos urbanos afastados das grandes
cidades com casas próprias rodeadas de grandes jardins
1900 – Cidade Linear: (Soryay Mata) Estrutura urbana ligada a uma via rápida de comunicação
(primeiro comboio e depois estrada)
Sec. XVIII – Pano Urbanístico: Técnica capital do urbanismo (Planning/PlanningLaw).
Documento onde a cidade é vista como unidade funcional (LeCorbusier)
1940 – Nova Cidade: (Plano Abercrombieda Grande Londres, 1944 e Comissão Reith, 1946)
Criação artificial de cidades para descongestionar as zonas urbanas
3. Ciência
- Ciência que tem como objeto a investigação e o ordenamento dos aglomerados urbanos
> Inventário de instrumentos empírico-científicos destinados a proporcionar uma síntese
propositivo-operativa da evolução e transformação da cidade (Paolo Sica,1982)
- Surge na Europa entre o final do séc. XIX e a 1ª GG
Ciência eminentemente interdisciplinar
Atualmente
O Urbanismo, enquanto ciência, deixa de aplicar-se apenas à urbe e passa a aplicar-se a todo o
território, urbano e rural
4. Política
Conjunto articulado de objetivos e meios de natureza pública, com vista à ocupação, uso e
transformação racional do solo
> Objetivos e meios definidos pelo legislador
Art. 165º, nº 1, z) CRP –Bases do ordenamento do território e urbanismo como reserva relativa
da AR
Ramo do direito público constituído pelo sistema aberto de princípios e regras que regula as
atividades de ocupação, uso e transformação dos solos urbanos, a organização administrativa
pertinente e o respetivo controlo, com vista a contribuir para uma sociedade bem ordenada no
território nacional.
Definição perfilhada: AMPLA
As noções restrita e intermédia já não se adequam à realidade urbanística atual, cada vez mais
complexa, e que não se resume ao espaço urbano, devendo antes ter em conta todo o
território globalmente considerado.
O DU é hoje um instrumento de atenuação de assimetrias regionais, contribuindo para uma
maior igualdade de oportunidades e uma divisão equitativa do território nacional,
considerando-se como um espaço onde confluem e se harmonizam interesses estaduais,
regionais e locais
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1.O direito do urbanismo como direito administrativo especial: conceito, objeto, natureza e
importância.
2.Delimitação de ramos do Direito afins: o Direito do ordenamento do território e o Direito do
ambiente. Critérios de distinção.
3.Fontes do Direito do Urbanismo.
Normas que determinam os tipos ou modalidades de utilização dos solos e que podem ter como
fonte:
- A Lei e os Planos Territoriais
5. Contencioso do Urbanismo
Área com relevo crescente devido à maior consciencialização dos particulares face às questões
jurídico-urbanísticas
- Grande fatia do trabalho dos Tribunais Administrativos e Fiscais
Natureza
- Há autores que o consideram um ramo autónomo do Direito
- A maioria da doutrina entende-o como uma área especial do Direito Administrativo
O DU tem uma substantividade própria que se traduz no facto de matizar, adaptar e por vezes
mesmo retificar os princípios e categorias gerais do direito administrativo (Alves Correia,
Manual de Direito do Urbanismo, Vol.I,p.69)
Traços distintivos do DU
1. Complexidade das fontes: O DU conjuga normas jurídicas de âmbito geral e regras
jurídicas de âmbito local, assumindo estas últimas (nas quais se incluem os Planos)
particular relevo
Autonomia Didática
Importância teórica - (interesse científico do estudo do impacto dos planos no direito de
propriedade)
Importância prática do DU: Utilidade e necessidade do estudo das matérias que integram o DU
na formação dos juristas
- Voluntarista e intervencionista
- Natureza incitadora
- Caráter descentralizado
- Dimensão nacional e europeia
- Seletivo
- Flexível
- Investigação aberta
Urbanismo/Ordenamento do Território em Portugal
Critérios de distinção
1. Critério do âmbito territorial de aplicação
2. Critério da contraposição direito-política (art. 2º LBPSOTU)
3. Critério dos instrumentos jurídicos
4. Critério da eficácia jurídica das normas
Alves Correia: Todos os critérios anteriores são aceitáveis porque traduzem características
recorrentes de ambos
Não é possível reduzir a um critério de distinção entre DU e DOT mas antes sistematizar
características predominantes de um e outro
Critério perfilhado por Freitas do Amaral (1994), Alves Correia (2012), Manuel Porto (1999) e
Raquel Carvalho (2017)
“Ordenamento do Território é a ação desenvolvida pela AP no sentido de assegurar, no quadro
geográfico de um certo país, a melhor estrutura das implantações humanas em função dos
recursos naturais e das exigências económicas, com vista ao desenvolvimento harmónico das
diferentes regiões que o compõem” (Freitas do Amaral, 1994, p.30)
2. Direito do Ambiente
Há quem entenda que o DA é parte do DU
- É excessivo, embora a planificação urbanística contenha objetivos ambientais
- Há uma diferença estrutural nos objetivos e interesses públicos associados a cada um
Princípios constitucionais de DU
1. Princípio da colaboração entre os sujeitos envolvidos
2. Princípio da participação dos interessados
3. Princípio da justa ponderação e superação de conflitos
4. Garantia do direito de propriedade privada
5. Princípio da indemnização
Princípio da caducidade da reserva do solo - Resolveu o problema das reservas de solo não
utilizadas para os fins enunciado na reserva – art 18
1. Distinção entre programas e planos - Um dos princípios da Lei de Bases – Art 38:
Título III - As soluções constantes deste título foram alvo de críticas públicas: