Aceitar que o Evangelho de Cristo dê sentido à vida não é algo que o ser humano possa por
si mesmo. A fé é confiança em Deus mais que em si próprio.
2.2 NOVO NASCIMENTO PARA UMA VIDA NOVA, NUMA NOVA CRIAÇÃO
A visão mais divulgada do sentido do batismo, enquanto sacramento “para a remissão dos
pecados” é a de ter como efeito tirar o pecado original. À primeira vista, o acento proviria da
predominância do batismo de crianças. Mas é preciso dizer mais. O pecado original é realidade
também na vida do adulto, pois também ele é incapaz de Deus, enquanto não ouve a Palavra do
Evangelho. A dinâmica do batismo inclui o ouvir e aceitar a Palavra. O batismo sempre tem a ver
com o pecado original.
A comunidade celebra a graça de Deus neste novo membro que, pela fé dos pais, padrinhos
e da própria comunidade, recebe como graça a chance de educar-se como ouvinte Palavra. O
compromisso dos pais, dos padrinhos e da comunidade em educar a criança na vida e doutrina
cristãs já representa o ouvir a Palavra do Evangelho e assim o penhor da remissão.
“Apagado” o pecado original por meio do batismo, tanto em adultos como em crianças
permanece a concupiscência, a tensão entre natureza e pessoa, própria à realização humana. A
concupiscência não é o pecado original, porque a aceitação da fé por si ou por seus pais, e o batismo
subseqüente já o destruíram. Mas provém do pecado original, porque permite a permanência da
dinâmica de morte, da tendência a buscar em si e não em Deus, o fundamento da vida, ou seja, a
permanência da tendência a autodivinizar-se e autojustificar-se. Ela é superada pela boa nova de que
em cisto nos é dada a vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10).
3 FÉ NO EVANGELHO DO REINO