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RESGATE À MEMÓRIA DA MÍDIA IMPRESSA

FORMIGUENSE

Eliane Grazielle Estevão

Resgatar a história e contribuir para a preservação da

memória midiática não são tarefas simples, mas são

fundamentais para se criar um registro do surgimento e

expansão da imprensa no Brasil. Existe um acervo

considerável sobre a história da mídia no âmbito nacional,

porém, quando se fala do campo regional esta bibliografia fica

muito restrita e, às vezes, até escassa.

A iniciativa da Rede Alcar, para o seu terceiro encontro, ao

propor a temática ‘a história da mídia regional’ abre um fórum

de suma importância para a apresentação de trabalhos que

muito vão contribuir para enriquecer o arquivo já existente

sobre a mídia e para construir o acervo sobre a história da

imprensa regional no Brasil.


Este artigo propõe a resgatar a memória da mídia

impressa em Formiga (MG) e, ao mesmo tempo, registrar a

história dos periódicos formiguenses, avaliando a importância

dessa história para a memória da imprensa no Brasil. Para

tanto foi preciso fazer um estudo sobre o conceito e as

características da memória, enquanto instituição, e sua relação

com a mídia, bem como conceituar o jornalismo regional e,

dentro dele, a mídia impressa, mais especificamente.

Esta pesquisa é muito importante para o campo da

comunicação social, uma vez que sem um levantamento dessa

memória não é possível resgatar a história da mídia impressa.

Assim, para o âmbito geral da imprensa escrita ela constitui

uma contribuição para a construção da memória midiática, não

somente dos grandes jornais, mas também dos veículos de

comunicação do interior. Para a imprensa formiguense, a

relevância deste trabalho é ainda maior, pois registrar a história

desta mídia vai contribuir muito com as gerações futuras e para

a construção de uma bibliografia, ou seja, uma fonte de


pesquisa no qual se possa conhecer a trajetória dos jornais

locais e ter um relato sobre sua origem e atuação.

O QUE É A MEMÓRIA?

A memória, como propõe Ecléa Bosi em seu livro “O tempo vivo da

memória”, se enraíza no concreto, no espaço, gesto, imagem e objeto. Opera

com grande liberdade selecionando acontecimentos no espaço e no tempo de

forma não arbitrária porque eles se relacionam através de indícios comuns.

Assim, a autora acredita que a memória é a consagração que o espírito faz de

si mesmo, sendo a coletividade o fator determinante para o suporte da

memória.

No livro “Memória e Sociedade”, Ecléa Bosi fundamenta que a memória

permite a relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo,

interfere no processo “atual” das representações. “Pela memória, o passado

não só vem à tona das águas presentes, misturando-se com as percepções

imediatas, como também empurra, ‘desloca’ estas últimas, ocupando o

espaço todo da consciência. A memória aparece como força subjetiva ao

mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta e invasora”.

Desta forma, a memória seria o “lado subjetivo de nosso conhecimento das

coisas”.

Para a autora, esta capacidade que o ser humano tem de guardar as

experiências e conhecimentos que adquiriu teria uma função prática de

limitar a indeterminação (do pensamento e da ação) e deve levar o sujeito a

reproduzir formas de comportamento que já deram certo. Bosi divide a

memória em dois tipos: a memória-hábito, na qual o corpo guarda esquemas

de comportamento de que se vale muitas vezes automaticamente na sua

ação sobre as coisas (ou seja, faz parte de todo nosso adestramento cultural)
e a imagem-lembrança, cujas lembranças são independentes de quaisquer

hábitos, são isoladas, singulares e constituiriam autênticas ressurreições do

passado. Esta traz à tona um momento único, não repetido e irreversível.

Para Aristóteles, a memória é uma fruição da imagem. Fruição que,

segundo ele, é ampliada pela reflexão e leva ao acontecimento passado como

tal, processo esse que constitui a recordação. “Logicamente que é

propriedade exclusiva do homem. Portanto, a matéria da redordação é algo

que deriva e implica a inteligência, uma vez que auxilia o reconhecimento de

algo que é pretérito”.

A memória nas palavras de Le GOFF (História e Memória, 1996, p.476)

“é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual

ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e

das sociedades de hoje...”.

MEMÓRIA E MÍDIA

Maria Cecília Trannin, em seu artigo “Memória e Mídia”, descreve que a

palavra memória vem do latim "memoria" e significa a faculdade de reter as

idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente. Ela descreve

que, segundo Freud, "memória e esquecimento estão indissolúvel e

mutuamente ligados; e o esquecimento é uma forma de memória escondida".

Para ela, quanto mais pessoal, menos socializada for a memória, mais

distante e de difícil acesso será a sua atualização pela consciência. Maria

Cecília afirma que o instrumento mais socializador da memória é a

linguagem, pois, através dela, nos identificamos dentro da sociedade em que

vivemos. “Usando símbolos e meios pelos quais estes símbolos são

transmitidos relacionamo-nos com o outro e nos transformamos, modificando

consequentemente a sociedade em que vivemos”.


Segundo a autora, em um país tão grande como o Brasil, o modo como

se organiza nossa percepção de espaço e tempo é influenciado diretamente

pela mídia. Isto, como argumenta, para não falarmos em globalização e

mídia globalizada. Maria Cecília mostra como a vida através da "telinha"

recorta a sociedade e gera novas gírias, costumes e valores.

A mídia, hoje, tem a liberdade de denunciar e derrubar ministros,

candidatos, presidentes, enfim políticos cujos interesses não se voltam para

os assuntos do país. As práticas midiáticas não se limitam em apenas

transmitir a vida gravada ou “ao vivo e a cores”. "Sabemos que a mídia não

transporta a memória pública inocentemente; ela a condiciona na sua própria

estrutura e forma", diz Andreas Huyssen em “Seduzidos pela Memória”.

O jornalismo se apresenta como um órgão formador de opinião, como

um cristalizador de visões acerca do real. Assim, vários autores têm

procurado demonstrar como os meios de comunicação de massa e, mais

especificamente, os jornais ocupam um lugar privilegiado enquanto

formadores e armazenadores da memória social. Neste sentido, os jornais

poderiam ser pensados como “lugares de memória”. Portanto, não há como

não assinalar, nas sociedades contemporâneas, a intrínseca relação entre os

discursos midiáticos e a produção da memória.

Villas Bôas Corrêa, no livro “Conversa com a memória”, conta um pouco

da história rememorada da mídia, com ênfase no campo da política. Ele

mostra que a imprensa escrita abafava o rádio e que as sucursais dos

grandes jornais e revistas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife

ocupavam largo espaço com equipes completas de profissionais experientes.

Isso pode ser justificado pelo fato de a mídia ser uma forma de se fazer

história, de atuar como fonte de memória para a sociedade.


Villas Bôas deixa claro como a política ficou “arquivada” em nosso país,

por meio das páginas de jornais. Segundo ele, nem o rádio nem os noticiários

de televisão conseguiram firmar um padrão de cobertura rotineira da

atividade política. “São raros os exemplos de programas jornalísticos no rádio

e na TV com espaço e liberdade para a crítica política. A longa ditadura

amordaçou a crítica, fiscalizou a notícia, intimidou os privilegiados com as

concessões de canais de televisão e rádio”.

A concorrência dos programas noticiosos e investigativos da televisão,

a concorrência no vale-tudo pela disputa do leitor das grandes revistas – Veja,

Época e Isto É – a natural reação do brio profissional humilhado estão

forçando a mudança que acena com a volta da moda de velhos tempos, com

instrumentos sofisticados de trabalho. O computador aposentando a máquina

de escrever, o telégrafo, o fax e o telefone de uma só tacada. Desta forma, a

memória da mídia foi sendo construída e, com ela, a memória da sociedade. É

através da memória que o jornalismo tem suas raízes, uma vez que este

campo contribui para rememorar fatos e acontecimentos que marcaram a

história do país.

Portanto, como prescreve Mônica Rebecca Nunes, em seu livro “A

memória na mídia: a evolução dos memes de afeto”, a memória, por sua vez,

é um fenômeno material e corpóreo, psíquico e cultural; enquanto categoria

constitui um modo especial de presentificar a vida em muitos atos e formas

específicas do lembrar.

É bastante comum acionar os nexos entre mídia e memória

considerando a mídia como malha de suportes tecnológicos, cuja

conformação permite a seus registros gozarem do “deslumbramento

arquivístico da abrangência e da inalterabilidade” (COLOMBO, 1991: 100).


JORNALISMO REGIONAL E MÍDIA IMPRESSA

Entende-se por jornalismo regional aquele que assume a identidade de

um determinado grupo, isto é, a produção jornalística voltada para uma

comunidade, para um grupo que tem um local em comum. Não se resume

simplesmente ao jornalismo feito em regiões específicas. É possível identificá-

lo em grandes veículos de comunicação, que circulam no país inteiro e em

publicações internacionais direcionadas a grupos de imigrantes.

No entanto, encontra-se majoritariamente em pequenas empresas,

geralmente distantes de grandes metrópoles. Um outro conceito a ser

atribuído é o de um jornalismo voltado para um público específico, com

características comuns, ligado ou não por um espaço geográfico, em que os

integrantes desse público possam ter acesso a informações que os conectem

ou os remetam ao local de origem ou a elementos específicos dos contextos

que constituíram suas identidades, bem como de suas bases sociais e

culturais. Por isso, a mídia interiorana precisa resgatar, com o auxílio das

novas tecnologias e boa organização, documentos que registrem os fatos que

constituem as matérias.

Mônica Rebecca Ferrari Nunes (2001: 28) conta em sua obra que, em

meados do século XVII, os jornais impressos já apareciam diariamente;

entretanto, os agentes comerciais continuavam a ocultar a totalidade das

informações sobre seus negócios, mantendo, ainda, o sistema de cartas

privadas. Assim, dos noticiários filtrados pelas administrações, chegam à

publicações novidades do estrangeiro, da corte, notícias menos importantes

do comércio e, conforme Habermas (1984: 35), “o rebotalho do material

noticioso em si disponível”, qual seja: “curas miraculosas e os dilúvios, os

assassinatos, epidemias e incêndios”.


A MÍDIA IMPRESSA EM FORMIGA

A cidade de Formiga, no interior de Minas Gerais, está situada a 197

quilômetros de Belo Horizonte. É uma cidade histórica que tem 146 anos de

emancipação político – administrativa e, hoje, conta com uma população de

aproximadamente 65.000 habitantes.

De acordo com um capítulo apresentado no livro “Achegas à Historia do

Oeste de Minas”, escrito pelo formiguense Leopoldo Corrêa, a cidade teve

vários informativos e jornais que circularam na cidade, alguns deles de

caráter institucionais. O primeiro periódico da cidade foi um manuscrito

intitulado “A Idéia”, escrito em 1881 por Olímpio Avelar. No entanto, o

primeiro jornal impresso foi “O Democrata”, que surgiu em maio de 1883.

Depois disso, vários outros apareceram, alguns de vida efêmera. Ainda em

1983, surgiram O Futuro e O Oeste. Em 1886, A Formiga; A Formiguinha

(1987) e O Parasita, em 1899.

Na década de 90 surgiram Cidade da Formiga (1901); Correio de

Formiga (1903); O Dia (1905); A Formiga (1906); O Formiguense e Correio da

Semana, ambos em 1907; O Berimbau (1908); O Tempo (1915); O Ideal

(1916); O Martelo (1917); em 1918 O Movimento, O Momento, O Guri e O

Clarim; A Lanterna (1919); O Esporte, Correio de Formiga; O Leque (1922); A

voz Operária, O Metralhador e O Arco - Íris, em 1927.

Em meados de 1931 surgiram A Vassoura; A Sentinela, A Vanguarda, O

Município, A Notícia, A Cama, O Binóculo, O Rebate, A Rosa, O Papagaio, O

Comércio, A Imprensa Livre, O Beija – Flor, O Tango, A tesoura, O Diabinho, O

Trombone e O Bisturi. Depois fora criados A Razão (1935); A Formiga e A

Gazeta de Formiga (1936) O Estado Novo (1938); O Ginasiano; (1939) O

Estudante (1946); A Verdade (1949); Jornal de Formiga, A Tribuna Mineira e

Momento Literário, em 1951; O Colégio Antônio Vieira (1952).


Já na década de 1960 apareceram os jornais O Estudante (1963)

Gazeta Estudantil (1965); Jornal de Formiga (1967) e Centr’Oeste (1969). A

partir dos anos 70 circularam o Jornal de Formiga (1970) Gazeta de Formiga

(1973); Tribuna Formiguense (1979); Der-ramando, veículo de divulgação da

Assederf (1983); O Imortal; Boletim de Patologia (1985); Informativo Médico

da Região do Oeste Minas Gerais; Folha de Formiga (1985); Formiga – O

Jornal (1986); Coisa Nossa; Clarinete; O Pergaminho (1991); FAFI Comunica;

Informal, Informativo da Prefeitura; Infomativo São Vicente Paroquial,

Mensagem e Gazeta do Oeste (1997). Atualmente, existem três jornais na

cidade, dois semanais (Tribuna Formiguense e Nova Imprensa) e um diário (

O Pergaminho).

‘TRIBUNA FORMIGUENSE’

O jornal ‘Tribuna Formiguense’ é o mais antigo jornal em circulação de

Formiga; vem sendo publicado há mais de 25 anos, ininterruptamente. Foi

fundado em agosto de 1979 pelo formiguense Jesus Ferreira da Silva. Quando

começou a circular, tinha periodicidade quinzenal e uma tiragem de 1.000

exemplares.

Jésus da Silva fazia o jornal todo sozinho, saia diariamente com seu

caderninho de anotações debaixo do braço à procura de informações e

notícias da cidade, ao voltar para casa sentava-se em sua “velha” máquina

de escrever para redigir as matérias. Ele fazia as correções e se encarregava

de encaminhar o jornal para a gráfica, onde era feita a diagramação.

O jornal já foi impresso em outras cidades do interior de Minas Gerais:

Arcos, Passos, Divinópolis e até na capital do Estado: Belo Horizonte. Na

época, Jésus tinha cerca de 300 assinantes e o jornal só circulava em

Formiga.
Com o falecimento de seu fundador, o ‘Tribuna Formiguense’ foi

mantido por cerca de dois anos pela filha de Jésus, Glayds Silva, que possui,

em acervo, toda a coleção do jornal desde sua primeira edição. Em 1997, o

veículo passou a ser de propriedade de José Amâncio Garcia e foi herdado

pelo filho Danilo Garcia, que atualmente é o diretor responsável. A partir daí,

o jornal se tornou semanal e a tiragem aumentou para 2.500 exemplares. O

‘Tribuna’ passou também a circular regionalmente e tem páginas específicas

para as cidades vizinhas Pains, Pimenta e Iguatama.

A média de assinantes, hoje, ultrapassa a casa de 1.000. Desenvolve

uma linha editorial mais voltada para a política e para o social e é o único

impresso formiguense que tem uma coluna sobre turismo, devido ao fato de

seu atual diretor ser formado nesta área; também inova por possuir uma

coluna sobre “Atividade física e saúde”, escrita pela personal trainer Karla

Lourenço. Atualmente o jornal é veiculado com cerca de 12 páginas,

chegando a exibir até 16, bem diferente de quando foi fundado, quando

geralmente variava entre 4 e 8 páginas.

O ‘Tribuna Formiguense’ atualmente tem uma estética bem diferente

da época de fundação, pois passou por todo um replanejamento desde a

mudança da direção. Hoje, é elaborado por uma equipe composta por cinco

funcionários e já publicou mais de 660 edições. O jornal está também

disponível na internet no site www.netfor.com.br/tribunaformiguense.

‘O PERGAMINHO’

A primeira edição de ‘O Pergaminho’ circulou no dia três de agosto de

1991, como Edição Experimental. O jornal foi fundado pelo jornalista Manoel

Gandra Fonseca. Segundo Fonseca, o periódico foi criado pelo fato de ele

escrever artigos para vários jornais que os descartavam devido ao caráter


crítico de seus textos. Então, ele sentiu a necessidade de criar um jornal

próprio, no qual poderia expressar suas opiniões.

Quando o jornal surgiu, sua periodicidade era mensal; assim

permaneceu por cerca de um ano e meio. Em 1993, passou a ser quinzenal,

circulando desta forma durante dois anos. Depois tornou-se semanal e, em 28

de agosto de 2000, começou a circular diariamente. Com 13 anos de

existência, ‘O Pergaminho’ publicou mais de 1.500 edições. Tem uma tiragem

de 3.500 exemplares que chegam, de terça a sábado, à casa de

aproximadamente 2.500 assinantes, espalhados em mais de 100 cidades

brasileiras.

Quando chegou em sua edição de número 1000, um marco histórico

para um jornal de interior que circula em uma cidade com as características

bem peculiares, foi publicada uma edição especial sobre o jornal. Na época

(2000), com nove anos de fundação, o jornal já tinha respondido a mais de 20

ações, representações e processos, sem que tivesse sido condenado em

nenhuma instância. Também foi responsável por mais de 50 procedimentos

movidos pela Promotoria de Justiça, todos tendo como base matérias e

denúncias envolvendo políticos da cidade.

Tem uma linha editorial voltada para o campo da política, uma vez que

um dos objetivos para o qual foi pensado é fiscalizar o homem público. O

jornal já foi tema de pelo menos seis teses de mestrado. ‘O Pergaminho’

conta com um seleto grupo de articulistas, com figuras renomadas e de

expressão nacional como Frei Beto, Murilo Badaró, Rubem Alves, Gilberto

Dimenstein, Silviano Santiago, Roberto Macedo, Milú Vilela, Maria Clara

Lucchetti, Frederico Mendonça de Oliveira (o Fredera), Luciano Firmino, Wilson

Liberato e João Rafael Picardi.


Dos 852 municípios do interior de Minas Gerais, apenas 28 jornais

diários conseguiram sobreviver. A Associação dos Diários do Interior (ADI-MG),

fundada em 11 de setembro de 1993, tem como filiados 20 dos principais

jornais diários interioranos do Estado, entre eles ‘O Pergaminho’. Estes jornais

editam conjuntamente mais de 160.000 exemplares por dia, número superior

aos jornais da capital

“Uma das funções de um jornal transcende sua época: registrar a

história. A vida útil de uma edição é de um dia, mas, com o passar do tempo,

aquilo que foi publicado se transforma em material de pesquisa em

bibliotecas e, muitas vezes, acaba sendo a única fonte a registrar

determinado momento na vida de uma comunidade”. (fragmento extraído do

editorial publicado na edição número 1000 do jornal ‘ O Pergaminho’).

O diário ‘O Pergaminho’ é um produto produzido pela Empresa

Jornalística Laudares e Fonseca Ltda, que tem gráfica própria e lançou, em

maio de 2004 a revista ‘A par’, que aborda assuntos de caráter social, como

cultura e comportamento. A revista é de circulação mensal e tem uma

tiragem de 1.000 exemplares, com 55 a 60 páginas. No total, a empresa

jornalística tem 46 funcionários.

‘O Pergaminho’ foi o terceiro jornal do Brasil a ter a figura do

ombudsmam, aquele profissional da mídia que atua como ouvidor, crítico

interno, colunista e analista. Esta função foi criada no dia quatro de novembro

de 1993, sendo o único jornal mineiro a contar com suas críticas. No Brasil,

apenas outros quatro jornais têm ombudsmam. A publicação de seus artigos

é feita na primeira edição de cada mês, o profissional exerce mandato de um

ano, podendo ser prorrogado para mais um. Nove personalidades

formiguenses já ocuparam este cargo.

‘NOVA IMPRENSA’
O jornal ‘Nova Imprensa’ foi fundado em janeiro de 1997 pelo jornalista

Paulo Coelho Roberto Rocha, que é vice-presidente da Federação Brasileira de

Jornais do Interior e Secretário do SINDIJOR (Sindicato dos Jornalistas). A

primeira edição circulou em 21 de fevereiro de 1997 já revelando a

preocupação com as causas ambientais. Circulou até 31 de março de 2000

com o nome de ‘Gazeta do Oeste’, quando já na 163ª edição passou a ser

denominado ‘Nova Imprensa’, devido a uma mudança no contrato social.

Desde o início, a periodicidade é semanal, com circulação às sextas-

feiras. Começou a ser veiculado com 12 páginas e, hoje, publica de 20 a 24

páginas semanais. Com uma tiragem de 2500 exemplares e cerca de 1500

assinantes, o jornal já publicou mais de 410 edições ininterruptamente. Além

de circular em Formiga, o ‘Nova Imprensa’ tem leitores em diversas cidades

da região, inclusive na capital mineira.

Caracteriza-se por ser um jornal de opinião e desenvolve um trabalho

de jornalismo investigativo, que por várias vezes levantou denúncias de

degradação e/ou poluição ambiental ocorridas no município. Além dos

assuntos locais e regionais se abre também para publicação de assuntos a

nível estadual e nacional, relacionados à política e economia brasileira.

Como a maioria dos jornais de interior, vive de assinaturas e

publicidade. Devido ao sei caráter investigativo, o jornal tem contribuído com

a formação da consciência ecológica da população formiguense. A partir das

denúncias, mobilizou os moradores e tornou possível a construção da

Fundação Educacional, Assistencial e de Proteção ao Meio Ambiente (Feama)

e o Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio

Ambiente (Codema).

O ‘Nova Imprensa’ foi o segundo jornal do estado de Minas Gerais a ter

a edição completa na versão on-line. Recebe cerca de 4000 visitas semanais


em sua página na internet, que existe há aproximadamente quatro anos no

endereço eletrônico www.novaimprensa.inf.br. A equipe é composta por 10

funcionários e cerca de 15 colaboradores, entre articulistas e cronistas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a memória faz variar o ponto de vista, distende conceitos duros,

solta o corpo ajustado, faz viver os mortos e, além disso, inspira, recupera a

graça do tempo, devolve o entusiasmo pelo que era caro e se perdeu, redime

o sagrado e devolve não simplesmente o passado, mas o que o passado

prometia, o que ele vislumbrou e o presente esqueceu, como José Moura

Gonçalves Filho escreveu na apresentação do livro “O tempo vivo da

memória”, de Ecléia Bosi. É possível então certificar as turbulências que tal

entidade pode causar na vida dos seres humanos.

A memória é algo que veio para possibilitar que alguma coisa seja

guardada e jamais esquecida, que possa ser vista e/ou estar disponível

àqueles que transcendem seus antepassados, ou seja, é uma forma de

arquivar a história de um povo, de uma nação, de um lugar comum. Não se

pode mais se dar ao luxo de contar apenas com a capacidade das mentes de

registrar esta história, fazendo com que ela seja passada adiante de forma

oral, pois tal memória tende a se tornar cada vez mais falha, devido ao

acúmulo de informações que se recebe nesta era globalizada e informacional.

A memória escrita é fundamental para que os acontecimentos sejam

notificados e possam ser passados às gerações futuras. Transforma-se pois

em uma fonte de pesquisa indispensável e contribui para registrar a história

da humanidade, além de viabilizar a consolidação e construção de uma

memória “imortal”. Portanto, resgatar a memória da mídia brasileira é uma


missão de suma importância para a sociedade, tamanha a necessidade da

imprensa para a sociedade.

Não basta apenas documentar a história da grande imprensa, é preciso

criar a memória da imprensa regional, ou seja, a origem dos veículos de

comunicação do interior, que tem se fortalecido cada vez mais. Apesar dos

avanços tecnológicos, a mídia impressa é a mais remota e aquela que está

mais presente nas pequenas cidades. Por isso, levantar a história da mídia

impressa formiguense é algo que vai contribuir para sua consolidação.

Poucas são as pessoas que sabem quais jornais já existiram em sua

cidade, a quanto tempo a imprensa escrita surgiu em Formiga, quando foram

fundados os jornais que estão, hoje, em circulação e pouco se conhece sobre

a origem de cada um deles. Este artigo pretende contribuir para a criação de

um acervo sobre a mídia formiguense e com o trabalho dos futuros

profissionais dessa região.

A partir de tal levantamento, foi possível notificar que a história da

imprensa escrita formiguense é secular; teve início em 1881, ou seja, para

uma cidade de 146 anos, ter o registro de uma história midiática de 123 anos

é algo não muito comum. Ao longo destes anos, mais de 80 jornais circularam

pela cidade.

É interessante ressaltar que nem mesmo os próprios jornais possuem

um histórico em seus arquivos, o relato anteriormente apresentado sobre os

impressos que existem no município foi elaborado por meio de entrevistas ao

percorrer os três maiores jornais de Formiga; apenas o diário ‘O Pergaminho’

apresentou material escrito sobre a história do veículo, a edição especial de

número 1.000. Um dossiê desenvolvido pela Associação dos Diários do

Interior, do qual o periódico faz parte, que também descreve a fundação de


cada publicação associada. A forma utilizada para registrar a memória dos

veículos de comunicação é a própria encadernação das edições do jornal.

Dessa maneira, espera-se que esse artigo seja importante para a

construção da memória local e para a história da imprensa regional, uma vez

que quase nada se sabe sobre o jornalismo mineiro, pois a bibliografia

relativa a tal fato é bastante escassa, principalmente no interior do Estado.

“Neste sentido o resgate histórico é fundamental para o desenvolvimento das

comunidades, tanto em aspectos econômicos quanto culturais”. De alguma

forma, espera-se contribuir também para a memória da imprensa brasileira,

fazendo com que os pequenos jornais possam ocupar suas páginas na história

da mídia nacional, que está próxima de completar 200 anos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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