Anda di halaman 1dari 4

“Em Salvador há um povo que parece estar sempre de bem com a vida, exorcizando o

stress, cantando, dançando, e curtindo as coisas boas de cada dia, uma de cada vez, como todo
mundo deveria fazer. Imagine um lugar alegre: Assim é Salvador”, ou “Na terra da Bahia não há
tristeza, meu rei, lá não há stress, pois o povo de lá só vive na rede.” Triste falácia, enquanto turistas
visitantes, nacionais e internacionais visitam e se divertem, nesta que é a “Cidade da Alegria”, outro
tipo de turista encontra outro modo de se relacionar com este povo, de forma exploratória e
desumana, são as grandes organizações empresariais, nacionais e internacionais, e que vem causando
gradativamente um grande mal, que a longo prazo, pode ser fatal: O Assédio moral no ambiente de
trabalho, principalmente dentre os trabalhadores comerciários de Salvador.
Este fato vem sendo observado e estudado, gradativamente através das pesquisas
científicas da doutora Petilda Serva Vazquez, junto ao proletariado das industrias calçadistas que se
instalaram pelo interior da Bahia e recentemente, com os trabalhadores comerciários de Salvador,
onde preliminarmente, com a colaboração de estudantes do curso de direito da Unijorje, foi realizado
a aplicação de um questionário aos funcionários de empresas mercantis, do segmento de
supermercados, pois muitos destes são hoje, administrados por grandes grupos nacionais e
internacionais, em que possuem como política de expansão, econômica e física, a obtenção de poder,
e que para isso adota métodos agressivos e pouco éticos, seja contra seus concorrentes ou para a
satisfação de seus clientes, mas tudo isso sobre o “punho” da opressão e maus tratos de seus
funcionários, principalmente os funcionários da base da pirâmide organizacional destas empresas,
evidenciando-se assim o que se entende por assédio moral nos ambientes de trabalho, acarretando
sérios problemas de saúde para estes empregados.
O homem, em sua concepção ampla de ser humano, necessita de referências para
construção de sua identidade e o trabalho é percebido como umas das mais importantes em sua vida.
Nessa relação, não estão em jogo tão somente aspectos econômicos e materiais, mas um sentido de
existência, de utilidade, de satisfação ao ideal de ego. O crescimento e o desenvolvimento psíquico e
social do homem são atribuídos à sua atividade laboral.
Atualmente o trabalho deixa de servir de suporte à cidadania e vice-versa, conforme
Boaventura de Silva Santos em sua obra “Poderá o Direito ser emancipatório?”, num contexto em
que a estabilidade, que se refere o senso neoliberal é sempre a estabilidade das expectativas do
mercado e dos investimentos, nunca a das expectativas do povo, de acordo com trecho:
“...cada vez mais o trabalho vai deixando de servir de suporte à cidadania, e vice-versa, ou
seja, cada vez mais a cidadania vai deixando se servir de suporte ao trabalho. Ao perder o
estatuto político que detinha enquanto produto e produtor de cidadania, o trabalho fica
reduzido à dor da existência, que quando há – sob a forma de trabalho desgastante -, quer
quando o não há – sob a forma de desemprego, e não menos desgastante. É por isso que o
trabalho, apesar de dominar cada vez mais as vidas das pessoas, está a desaparecer das
referências éticas que dão suporte à autonomia e à auto-estima dos sujeitos.”
Nas organizações que têm a prática de assédio moral nos seus quadros funcionais, não se
concretiza a idéia cultuada de que a empresa está vinculada a uma organização de trabalho mais
humana, na boa convivência entre os seus elementos e mais bem-sucedida relação empregado-
empregador, melhor qualidade de vida, maior produtividade e rentabilidade, os traços típicos e
característicos da cultura brasileira não estão distantes do cotidiano organizacional: o estilo
paternalista e autoritário de administrar foi gerado no engenho, na casa-grande e na senzala,
fortalecido pelo coronelismo e solidificado pela gerência empresarial, conforme André Luiz Souza
Aguiar[1].
Cito alguns trechos extraídos dos relatórios elaborados pelos alunos do curso de direito da
Unijorge, referente aos questionários aplicados por eles aos funcionários de certas empresas
mercantis de Salvador, para evidenciar o abuso destas empresas para com seus empregados:
“...na área dos funcionários até a parte interna e procuramos o setor de RH, do qual a
denominação neste local é ‘CAPITAL HUMANO’. Ao ouvirmos este nome ficamos
indignados, pois, consideramos que o que o funcionário lá é chamado de Capital Humano, e
com certeza deveria ser tratado dessa forma também...” Wall Mart - Hiper Iguatemi (não
citarei nem o autor deste trecho, nem o nome do funcionário que respondeu o questionário,
por motivos éticos).
“O local onde eles descansam é na rampa que dá acesso ao estacionamento, ou no próprio
estacionamento, um local insalubre, completamente sujo, abafado e escuro. Tudo recoberto
por uma fuligem e teias de aranha, cabendo ressaltar que somente por este curto espaço de
tempo que lá passei, conseguí uma crise de rinite e faringite que me deixou afônica por seis
dias. O que me leva a pensar a situação que se encontra a saúde daqueles trabalhadores”. (não
citarei nem o autor deste trecho, nem o nome do funcionário que respondeu o questionário,
por motivos éticos)
Em outro trecho, observa-se o descaso destas empresas até com as leis positivadas do
nosso Estado Democrático de Direito, deixando clara a efetivação de suas próprias normas, em
detrimento à lei maior de nosso ordenamento jurídico, a Constituição:
“’Tem muita coisa errada aqui” (palavras de Sheila). É feito descontos no salário sem
justificativa, com códigos que o trabalhador não entende e nem o setor responsável não tem
explicações para dar. E quando o trabalhador vai reclamar não tem direito.” Wall Mart -
Hiper Iguatemi (não citarei nem o autor deste trecho, nem o nome do funcionário que
respondeu o questionário, por motivos éticos).
Para se entender o quanto é perigoso este tipo de tratamento sofrido por estes
trabalhadores em seus ambientes de trabalho, se faz necessário neste momento uma pequena
explicação sobre o que vem a ser Assédio Moral. Primeiramente entendam que a violência nos locais
de trabalho se mostra de diversas formas. De acidentes físicos à sofrimentos psíquicos, passando por
agressões verbais ou físicas, pressão por produção, downsizing[2], terceirização e outros, o que pode-
se observar é que a violência está cada vez mais sutil. Dentre estas diversas formas de violências no
trabalho, o assédio moral é uma que vem merecendo especial atenção das organizações, dos
funcionários e da sociedade como um todo.
O pesquisador Hádassa Dolores Bonilha Ferreira em sua obra, Assédio Moral nas
Relações de Trabalho utiliza vários termos para definir assédio e moral:
Assediar – 1. Por assédio ou cerco a (praça ou lugar fortificado). 2. Perseguir com
insistência. 3. Importunar, molestar com perguntas ou pretensões insistentes; assaltar.
Assédio – 1. Cerco posto a um reduto para tomá-lo; sítio. 2. Insistência importuna, junto
de alguém com perguntas, propostas, pretensões etc. De acordo com o significado da
palavra, assédio, portanto se caracteriza pela repetição de comportamentos que visa
atingir outra pessoa.
Moral - (do lado morale “relativo aos costumes”). 1. Filos. Conjunto de regras de
conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar,
quer para grupo ou pessoa determinada. 2. Conclusão moral que se tira de uma obra, de
um fato etc. 3. O conjunto de nossas faculdades morais. 4. O há de moralidade em
qualquer coisa. 5. Relativo à moral. 6. Que em bons costumes. 7. Relativo ao domínio
espiritual (em oposição a físico ou material).
O termo moral, por sua vez está associado a aspectos psicológicos por se relacionar com
fenômenos psíquicos, como o sofrimento mental e suas conseqüências, e éticos, por utilizar conceitos
de bem e mal, do que é aceito ou não pela sociedade. Logo o assédio moral[3], vem a ser a
exposição dos trabalhadores e trabalhadoras, às situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas
e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em
relações hierárquicas autoritárias, onde predomina condutas negativas, relações desumanas e aéticas
de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um subordinado, desestabilizando a relação da
vítima com o ambiente de trabalho e a organização. O assédio moral é sem dúvida o principal
problema que acomete aos trabalhadores, em diversos segmentos de trabalho, no estado da Bahia,
mas em especial na cidade de Salvador, por ser uma cidade muito desenvolvida e com vários
problemas sociais complexos, principalmente na área das empresas do ramo mercantil (comercial):
em supermercados, em mercados atacadistas e outras lojas comerciárias. Necessitando, urgentemente,
que vários segmentos da sociedade (universidades, poder judiciário, terceiros setores, imprensa e
outras), se mobilizem no sentido de realizar pesquisas nesta área, como a que tem sido pioneiramente
realizada pela Dra. Petilda, pois o assunto é grave e invisível e necessita de atenção por parte da
sociedade e autoridades.
Em uma palestra[4] no Sindicato dos Comerciários de Salvador, a Professora e Dr.
Petilda Vasquez da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pesquisadora na área de meio ambiente
de trabalho, promovendo debate com o tema “Caminhos para evitar o assédio moral e construir um
ambiente de trabalho mais saudável”, em agosto de 2009. Ela falou que as entidades precisam
desenvolver ações multidisciplinares (vários departamentos atuando), colher denúncias e entrar com
ações coletivas contra as empresas que praticam assédio moral, além de instar os legislativos a
aprovarem leis que ajudem a coibir o assédio moral. “Quanto mais leis nos estados e municípios,
além da promoção de debates constantes que ajudem a tipificar melhor as práticas de assédio, melhor
iremos coibir o problema”, finalizou.

Referências Bibliográficas:

AGUIAR, André Luiz Souza. Assédio Moral - O Direito A Indenização Pelos Maus-tratos e
Humilhações Sofridos no Ambiente do Trabalho. São Paulo: LTR, 2005.

SANTOS, Boaventura e Souza. Poderá o direito ser emancipatório? Revista Crítica de Ciências
Sociais. [S.i.:s.n.], 2003, p. 03-76.

FERREIRA, Hádassa Dolores Bonilha. Assédio Moral nas Relações de Trabalho. 2. ed. Campinas:
Russel Editores, 2004.

Notas:

[1] Disponível em:< http://www.anicleide.com.br/art4assediomoral >. Acesso em: 23 mai. 2010.

[2] Downsizing (em português: achatamento) é uma das técnicas da Administração


contemporânea, que tem por objetivo a eliminação da burocracia corporativa desnecessária, pois
ela é focada no centro da pirâmide hierárquica, isto é, na área de recursos humanos (RH). Trata-se
de um projeto de racionalização planejado em todas as suas etapas, que deve estar consistente
com o Planejamento estratégico do negócio e cuja meta global é construir uma organização o mais
eficiente e capaz possível, privilegiando práticas que mantenham a organização mais enxuta
possível. Ao curto prazo envolve demissões, achatamento da estrutura organizacional,
reestruturação, redução de custos, e racionalização. Ao longo prazo revitaliza a empresa com a
expansão do seu mercado, desenvolvem melhores produtos e serviços, melhora a moral dos
funcionários, moderniza a empresa e principalmente, a mantêm enxuta, de forma que a burocracia
não venha a se instalar novamente, uma vez amenizadas as pressões. Disponível
em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Downsizing>. Acesso em: 23 mai. 2010.

[3] Disponível em:<http:// www.assedio moral.org.br>.Acesso em: 23 mai. 2010.

[4] Disponível em:< http://comerciariosempauta.wordpress.com/2009/08/24/comerciarios-de-salvador-


debatem-assedio-moral-e-ambiente-de-trabalho/>.Acesso em: 23 mai. 2010.

Anda mungkin juga menyukai