784/1999*
Introdução
O artigo procura abordar a Lei 9.784/99 no que concerne ao desenvolvimento das fases do PAD.
Tal lei pauta o PAD na seara da Adm. Pública Federal e dispõe a respeito de regras básicas para a
instauração do PAD no âmbito da Administração Pública Federal direta e indireta.
A Lei é federal e não nacional, não obriga os estados, municípios e ou o DF. Aplicação subsidiária,
→art. 69, "Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria,
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei."
O poder disciplinar →fundamento para a aplicação das penalidades aos servidores públicos, a lei
9784/99 está pautada neste poder intrínseco e irrenunciável do Estado.
1 Administração Pública.
Cabe ao Estado exercer os serviços em favor da coletividade, agindo em nome desta, sendo
assim, para que o Estado alcance seus fins, deve obedecer a um regime diferente do particular,
pois como visto, o Estado irá representar o interesse público.
"Tais poderes são verdadeiros instrumentos de trabalho, adequado à realização das tarefas
administrativas" (Meirelles, p.99, 1999).
Poder Hierárquico: este poder representa a forma de organização da administração pública, esta,
portanto, é pautada na hierarquia de seus agentes, a partir deste conceito podemos obter dois
desdobramentos, o primeiro em relação ao próprio servidor, que baseado na hierarquia vai poder
saber a ordem de quem ele deve cumprir, e o segundo é em relação ao administrado, pois este
através da hierarquia dos servidores saberá exatamente contra quem deve impetrar os remédios
constitucionais assecuratórios de seus direitos. Inerente a este princípio é o dever de
obediência dos servidores aos seus superiores hierárquicos, sempre respeitando o princípio da
legalidade e da moralidade, pois caso uma autoridade exija que determinado servidor faça uma
atividade ilegal ou imoral este deve se recusar a fazê-la.
Poder Normativo: O poder normativo está diretamente ligado com a possibilidade de os chefes
do executivo elaborar normas regulamentares para os servidores e para os administrados
cumprirem, estas normas em sua maioria são decretos que visam apenas esclarecer ou
pormenorizar uma legislação, em algumas hipóteses, pode o chefe do poder executivo elaborar
um decreto autônomo para cobrir a ausência da legislação.
Poder Vinculado: este poder caracteriza-se pela ausência de faculdade do servidor para agir em
determinados atos, cabe ao servidor apenas cumpri-lo sem emitir nenhum juízo de valor em
relação ao mesmo, pois a lei já determina exatamente seus nuances.
Poder Discricionário: É o extremo oposto do poder vinculado, enquanto naquele o servidor não
tem o poder de escolha, aqui o servidor tem a faculdade de determinar o que será mais
conveniente e oportuno para administração pública, desta forma o servidor ao agir pautado no
poder discricionário emiti um juízo de valor, pois a lei não determina de forma pormenorizada
todos os atos administrativos e desta forma faculta alguns atos ao discernimento do servidor.
→direito,
→interesse ou liberdade,
→regula a prática de ato ou a abstenção de fato,
→em razão de interesse público concernente à segurança,
→à higiene,
→à ordem,
→aos costumes,
→à disciplina da produção e do mercado,
→ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público,
→à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Desta forma, cabe a polícia administrativa a função de regular as atividades dos particulares,
sempre que estas possam intervir no direito da coletividade.
Poder Disciplinar: Tal poder está diretamente ligado com força que a administração pública
possui de punir seus servidores que atuem de forma contrária às previstas, é o poder disciplinar
que fundamenta a possibilidade de os servidores serem punidos quando transgredirem alguma
norma. Por ser o Estado responsável pela execução dos serviços públicos em prol da coletividade,
qualquer desvio de conduta por parte dos servidores deve ser punido da forma devida, sendo
assim, não há uma discrição em relação à punição, pois a autoridade administrativa competente é
obrigada a realizar a apuração do fato com o intuito de punir o agente, apesar de se mostrar de
forma vinculada, há uma parcela de discricionariedade em relação à aplicação da pena, pois cabe à
autoridade competente determina qual pena deve ser aplicada no caso concreto.
→CF, Art. 37 § 4° "os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível". Essas são as penas
previstas na CF, porém, outras penas podem ser impostas aos servidores por leis ordinárias.
A lei 8112/90 lei do servidor público civil federal →Art. 126: "A responsabilidade administrativa
do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria".
Para que a penalidade seja aplicada, a administração deve seguir os ditames constitucionais do
devido processo legal.
A sindicância serve para apurar eventuais transgressões de pequeno porte, transgressões essas
que possam receber penas pequenas como a advertência e a suspensão de no máximo 30 dias.
A lei 8112/90 nos mostra apenas 3 possíveis seguimentos para a sindicância, dela pode resultar o:
1°→ arquivamento caso a autoridade não entenda que o servidor transgrediu alguma norma, a
partir da sindicância pode ocorrer a aplicação da pena de advertência ou de suspensão por até 30
dias;
2°→comissão ao investigar o caso, aplique suspensão superior a 30 dias ou;
3°→demissão, não pode ser aplicada através da sindicância, os autos da sindicância servirão como
base para o processo administrativo que será instaurado para que o servidor receber sua punição.
O PAD Mais complexo e mais demorado que sindicância, se dá na ocasião de faltas graves, que possam
gerar dano à administração.
2 Processo e Procedimento
Processo é função indispensável para o registro e exercício dos atos da Administração Pública,
assim como também, o controle dos administrados e de seus servidores, como por exemplo,
executar uma obra, tomar uma decisão ou mesmo contratar, tudo fica documentado em um
processo. Nele, todos os atos finalísticos são antecedidos de atos materiais ou jurídicos
fundamentados em pareceres, laudos e tudo que instrua o objetivo da Administração.
Di Pietro: Conjunto de formalidades que devem ser observadas para a prática de certos atos
administrativos, equivalendo a rito, a uma forma de proceder e se desenvolve dentro de um
processo administrativo. (Di Pietro, p. 530).
Celso Antonio Bandeira de Mello, que procedimento é uma sucessão itinerária e encadeada de
atos administrativos tendendo todos a um resultado final e conclusivo
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais
ou no exercício do direito de representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser
afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativos, no tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses
difusos.
Caráter Geral→art. 10, a própria lei considera capaz para atuar no processo administrativo os
maiores de 18 anos.
Pode-se arguir suspeição de autoridade ou servidor amigo íntimo ou inimizade explícita com algum
interessado ou cônjuges, companheiros, parentes e os afins até terceiro grau.
Impedimento, Exigência Obrigatória, pois a falta dela, mais tarde PODERÁ irá incidir falta
grave e talvez demissão.
O servidor público estável só perderá o cargo: →II - mediante PAD assegurada ampla defesa;
Temas que são objetos do PAD:
→investigar um fato,
→encerrar uma denúncia,
→apuração de fatos denunciados,
→indicação dos autores até
→aplicação de uma pena.
4.1 Instauração É a primeira fase do processo, - tem início pela própria administração:
O início dá-se com despacho de autoridade competente que, assim que tiver ciência de
irregularidade age ex ofício, embasado no princípio da oficialidade.
Se →irregularidade constituir ilícito penal, a comissão processante é obrigada a comunicar às
autoridades competentes e fornecer o material que tiver a sua disposição
Princípio da ampla defesa = processado pode acompanhar o processo com ou sem advogado,
apreciando e contestando a tudo o que for apresentado contra ele.
4.2 Inquérito Administrativo - Tem início após a instauração, divide-se em: → Instrução,
→Defesa e
→Relatório.
4.2.1 Instrução
→determinando diligências,
→produzindo provas,
→requerendo depoimento da parte,
→oitiva de testemunhas,
→inspeções e perícias. Além de
→determinar produção provas (até o momento do julgamento), através de laudos ou pareceres,
objetivando fundar a decisão que será tomada.
Na instrução devem ser tomadas todas as providências necessárias ao esclarecimento dos fatos
que integram o processo, não podem ser utilizadas provas adquiridas ilicitamente, →art. 30, da l.
Verifica-se aí a implementação do princípio da economia processual.
4.2.2 Defesa
São assegurados todos os meios legais para que o acusado exerça seu direito à ampla defesa no
PAD, CF no art. 5°, LV "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recurso a ela inerentes".
4.3.3 Relatório.
É uma apreciação célere e sucinta de tudo que foi informado, colocado, como: provas, fatos, etc.
É peça apenas opinativa, não vinculando a autoridade julgadora. Geralmente apresenta uma
proposta de aplicação de pena, indicando os fundamentos →conclusão, ou, uma proposta de
absolvição.
→Aparece relatório se o órgão responsável pela instrução não for competente para o julgamento.
→se tendo o órgão competente, VAI diretamente da instrução para a decisão, →SEM relatório.
Fase do PAD que se inicia com o término do Relatório ou da Instrução, dá-se início a fase
processual de Julgamento, também chamada de Decisão.
O prazo que a Administração tem para prolatar a decisão é 30 dias, prorrogáveis POR + 30
devidamente fundamentada, sendo obrigatória a sua divulgação em função do princípio da
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Quando existir o relatório a decisão o seguirá,, como já foi ponderado, a decisão não se vincula
ao relatório podendo ser diferente, desde que com a devida fundamentação.
É importante aplicar a pena que a Lei define e possibilita independente de rancores pessoais ou
facilitações decorrentes do relacionamento entre o denunciado e a autoridade julgadora.
Em uma visão superficial do PAD, pode nos parecer que é algo simples e sem importância se
comparado ao processo judicial, não obstante, tem grande importância para a Administração
Pública, sendo imperativo que se atente aos princípios e a norma reguladora, para que não sejam
empreendidos abusos de poder com relação aos servidores passivos de ação.
Conclusão.
Administração Pública tem o poder-dever de punir seus agentes quando estes cometerem alguma
ilegalidade no exercício do cargo ou em razão dele, isto configura uma prerrogativa inerente e
indissociável dos órgãos públicos.
A lei 9784/99 foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro com o intuito de organizar o
processo administrativo e sendo assim, esta deve ser seguida no âmbito federal e respeitada na
seara das Administrações Públicas estaduais e municipais, isto porque esta lei não é de aplicação
obrigatória para estes entes, podendo cada um elaborar sua própria legislação, porém sempre
com o subsídio da lei federal.