Essa consideração do senhor relator nos leva, no entanto, a colocar questões a respeito da
importância do ensino de filosofia e sociologia para adolescentes. Afinal, devem nossos
adolescentes aprender filosofia e sociologia? Pois é claro que a proposta de reduzi-las a
“conteúdos transversais” é apenas uma maneira um pouco mais cínica de retirá-las. Um
professor de história, embora possa e deva conhecer questões de filosofia e sociologia
que são pertinentes a seu objeto de estudo, não teria condições de tratar de tais conteúdos
com a profundidade devida à docência.
Na verdade, o que procura se colocar é que filosofia e sociologia não são tão relevantes
assim e poderiam muito bem ser eliminadas como disciplinas. Seus filhos poderiam muito
bem viver sem elas. Mas coloquemos a questão implícita neste debate na sua forma
correta, a saber: por que há setores da sociedade brasileira que se incomodam tanto com
seus filhos aprendendo filosofia e sociologia?
No entanto, tais argumentos não se sustentam. Limitar nossos alunos ao básico não é o
melhor caminho para levá-los a lidar com realidades complexas e em mutação, como são
nossas sociedades contemporâneas. Eles não conseguirão tomar melhores decisões com
uma formação mais limitada. Por outro lado, se seus conhecimentos de línguas e
matemática são deficitários, não é por alguma forma de “excesso” de disciplinas, mas
pela péssima qualidade de nossas escolas, pela precarização de nossos professores (só o
Estado de São Paulo perdeu 44.500 professores apenas nos últimos dois anos) e pela
ausência de cultura literária de muitas famílias.
Bem, é isto que alguns querem que seus filhos não aprendam. Eles sabem muito bem por
que querem isso. Temo que o verdadeiro objetivo não tenha relação alguma com o futuro
profissional de seus filhos. Temo que, no fundo, queira-se calar, de uma vez por todas, o
projeto de alguns de nossos maiores filósofos, como Condorcet, quem dizia: “A função
da educação pública é tornar o povo indócil e difícil de governar”.
QUESTÃO 1 (Tese)
QUESTÃO 2 (Argumentação)
A. “... mesmo que seus filhos escolham seguir uma concentração em ciências
humanas, tais conteúdos não seriam mais oferecidos como disciplinas autônomas,
o que vai contra todo o discurso a respeito de oferecer mais condições para os
alunos aprofundarem seus interesses efetivos.”
B. “Na verdade, o que procura se colocar é que filosofia e sociologia não são tão
relevantes assim e poderiam muito bem ser eliminadas como disciplinas. Seus
filhos poderiam muito bem viver sem elas.”
C. “A prioridade na formação seria garantir a empregabilidade e a qualificação
técnica. Nesse sentido, há de se cortar o que é supérfluo.”
D. “Por outro lado, os estudantes brasileiros são sempre mal avaliados em disciplinas
básicas, como línguas e matemática. Melhor então focar o essencial.”
E. “Limitar nossos alunos ao básico não é o melhor caminho para levá-los a lidar
com realidades complexas e em mutação, como são nossas sociedades
contemporâneas. Eles não conseguirão tomar melhores decisões com uma
formação mais limitada.”
Questão 5
A charge, como esta criada pelo brasileiro Duke, é uma espécie de anedota gráfica sobre
o comportamento humano. Uma das características desse gênero textual é abordar de
forma crítica as ideias veiculadas no mundo. Sendo assim, as informações verbais e não
verbais abaixo explicitam a crítica presente no texto. Veja.
Disponível em: <dukechargista.com.br>, 2013-11-24. Acesso em: 23 fev. 2017.
A fala irônica do pai, especialmente no fim, exibe a finalidade do que está sendo dito.
Considerando-se a situação e aquilo que é dito, é correto afirmar que, nessa fala, destaca-
se
A) uma narração.
B) uma descrição.
C) um desejo velado.
D) uma argumentação.
E) uma exposição errada.
Questão 6
Leia o seguinte trecho de um e-mail enviado por uma associação classista a seus
associados.
A) O verbo “viemos” está empregado corretamente, pois expressa uma ação que
ocorre no presente, o que demonstra a urgência do pedido feito pela
Associação ao associado.
B) A expressão “a quitação dos pagamentos das mensalidades” é usada para
reforçar a necessidade de o associado fazer o pagamento, não constituindo
uma redundância.
C) A substituição dos termos “aprazadas” e “destarte” por “indicadas” e “dessa
forma”, respectivamente, evitaria o uso de uma linguagem erudita, o que
tornaria o texto mais adequado a seu enunciatário e objetivo.
D) No segmento “a mesma não tem como prestar adequadamente esses serviços”,
o termo “a mesma” é usado para substituir corretamente a palavra
“Associação”.
E) A repetição de expressões no texto, como em “adequada prestação de
serviços” e “prestar adequadamente esses serviços”, é aceitável, uma vez que
tem a função de enfatizar, para o associado a sua inadimplência.