Araraquara
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS
CAMPUS DE ARARAQUARA
Araraquara
2009
ELDES MARANGONI JUNIOR
Banca Examinadora
_____________________________________
_____________________________________
Araraquara
2009
Aos meus afilhados,
Fernando e Júlia.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
The paper presents an analysis of the Efficiency Principle application in Public Management
and its use as an instrument to guide administrative State activity , whose actions must be
implemented promptly, with perfection and functional performance, with the aim of the
Public Administration’s primary purpose , in other words, the full and effective care
of collective needs. The Efficiency Principle gained a prominent position in the context of
Administrative Reform that resulted in the Constitutional Amendment No. 19 of June 4th,
1998, whose essence is the user satisfaction, in particular through the universal of quality
service, by popular participation, the right to complaint and the right to information.
Efficiency Principle includes its effective implementation from the service to other
constitutional principles of Public Administration, that in most part is standardized, explicitly
or implied in our Constitution, as well as the means of control.
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................10
2 ORGANIZAÇÕES........................................................................................................13
2.1 Origem...........................................................................................................................13
2.2 Organização e Sociedade..............................................................................................13
2.3 Organização Formal, Informal e Burocrática............................................................14
2.4 Administração na Organização...................................................................................16
3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................................................................18
3.1 Conceito.........................................................................................................................18
3.2 Reforma Administrativa Brasileira.............................................................................19
3.3 Reforma do Aparelho do Estado no Governo Fernando Henrique Cardoso..........21
8 CONCLUSÃO...............................................................................................................53
REFERÊNCIAS............................................................................................................55
1 INTRODUÇÃO
1
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser´. Da administração pública burocrática à gerencial. Revista do Serviço
Público, v. 120, n. 1, p. 7, jan./abr. Brasília: ENAP, 1996.
A Emenda Constitucional nº 19/98 buscou ampliar a desestatização, ou seja, que
as atividades reservadas constitucionalmente à iniciativa privada (princípio da livre
iniciativa), ou dos setores em que ela possa atuar com maior eficiência (princípio da
economicidade), não sejam mais realizadas pelo Estado.
Deste modo, atuar com eficiência é incumbência de todo gestor público, pois não
se trata de mero princípio agregado ao texto constitucional através da Emenda Constitucional
nº 19/98. Em um país como o Brasil, onde há escassez de recursos econômicos para
investimento em diversos setores e necessidades sociais prementes, reduzir, eficientemente, os
custos (evitando desperdícios), é questão de justiça social.
2.1 Origem
Quando Deus disse: ‘Faça-se a luz’; Faça-se o firmamento (céu)’ e assim por diante,
estava ‘organizando’ o Universo. Quando se olha para as estrela, observa-se que lá
reina a organização espacial, soberana, silenciosa, matemática, cada planeta girando
em sua própria órbita, em tempo certo, em seqüência e ritmos definidos. Pelas leis
do Universo, portanto, as coisas e ações ocorrem de modo organizado, querendo isso
dizer que são previsíveis, matematicamente ou fisicamente. 2
Pode-se dizer que o ser humano, desde a sua existência, se utiliza de sistemas de
organização, pois, para enfrentar problemas das necessidades materiais, criou sistemas
organizados de vida comunitária, estabelecendo divisão de tarefas entre os membros da
comunidade, usando do princípio da especialização, anunciado por Henri Fayol apenas no
limiar do século XX.3
2
SANTOS, Alvacir Correa dos. Princípio da eficiência da administração pública. São Paulo: LTR, 2003, p.
22.
3
TEORIA clássica da administração segundo Henri Fayol. Administradores.com.br: o portal da administração,
7 fev. 2007. Disponível em:
http://www.administradores.com.br/artigos/teoria_classica_da_administracao_segundo_henri_fayol/13239/
Acesso em: 08 jan. 2009.
As organizações possuem finalidades específicas, definidas por suas tarefas, sendo
sempre especializadas. Contrariamente, a sociedade é definida por um elo que mantém os
seres humanos unidos a finalidade de atingir objetivos específicos, como o idioma, a cultura e
a história.
b) princípio da eficiência.
Max Weber4 definiu que a análise teórica acerca dos princípios da burocracia
constituiu o trabalho mais importante a respeitos de organizações formais, por ele analisadas
como parte de sua teoria de estruturas de autoridade ou de sistemas de controle social
legítimo.
3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3.1 Conceito
Etimologicamente, o vocábulo:
administração (manus, mandare, cuja raiz é man), é-lhe natural a idéia de comando,
orientação, direção e chefia, ao lado de subordinação, obediência e servidão, se
entender sua origem ligada a minor, munus cuja raiz é min. De qualquer forma a
palavra encerra a idéia geral de relação de hierárquica e de um comportamento
eminentemente dinâmico. 8
A Administração Pública pode ser direta, quando composta pelos seus entes
estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), que não possuem personalidade
jurídica própria, ou indireta quando composta por entidades autárquicas, fundacionais e
paraestatais.
8
GASPARINI, Diogines. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 44.
11
9
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998, p. 49.
12
Estado que se tornou grande demais para poder ser gerido nos termos da dominação racional-
legal analisada por Weber”10
Para Bresser Pereira, o Estado é ineficiente por sua natureza, sendo que boa parte
da ineficiência estatal decorre da crise fiscal. “Um Estado numa situação financeiramente
insustentável, altamente endividado e sem crédito, é um Estado sem capacidade de promover
o desenvolvimento, sem capacidade de realizar política econômica. É um Estado imobilizado
ineficiente”. 11
Nesta linha, Bresser Pereira aduz que a superação da crise econômica no Brasil
será atingida se forem adotadas determinadas estratégias, tais como:
Entendia-se que, antes de tudo, para se pensar em uma administração voltada aos
resultados, deveria se implementar o ajuste fiscal, ou seja, se o Estado enfrentava um
10
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Da administração pública burocrática à gerencial. Revista do Serviço
Público, Brasília, DF, v. 120, n. 1, p. 7, jan./abr. 1996.
11
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A crise do Estado: ensaios sobre a economia brasileira. São Paulo: Nobel
1992, p. 128.
12
Ibid., p. 141.
15
problema de governança, uma vez que sua capacidade de implementar políticas públicas é
limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa, o ajuste fiscal possibilitaria
resgatar aquela capacidade.
13
BULOS, Uadi Lammêgo. Reforma administrativa (primeiras impressões). BDA: Boletim de Direito
Administrativo, São Paulo, v. 4, n. 11, p. 704, nov. 1998.
16
Destaca-se que a Lei nº 8.987/95, em seu artigo 6º, § 1º, anterior à Emenda
Constitucional nº 19/98, já fazia referência ao mencionado princípio:
analfabetismo no Brasil, mas pode estar fazendo isso com mais recursos do que necessitaria.
Na eficiência, por sua vez, há clara preocupação com os mecanismos que foram usados para a
obtenção do êxito na atividade do Estado. Assim, procura-se buscar os meios mais
econômicos e viáveis, para maximizar os resultados e minimizar os custos. Em síntese: é
atingir o objetivo com o menor custo e os melhores resultados possíveis.
[...]
Juares Freitas16 sustenta que “[...] o administrador público está obrigado a obrar
tendo como parâmetro o ótimo [...]”. Cabe a ele procurar encontrar a solução que seja a
melhor possível sob o ponto de vista econômico.
15
GROTTI, Dinorá Adelaide Musetti. O Serviço público e a constituição brasileira de 1988. São Paulo:
Malheiros, 2003. p. 298-299.
16
FREITAS, Juarez. O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais. 2. ed. São Paulo:
Malheiros, 1999. p. 85
18
Nos casos em que o gestor público tenha certa margem de discricionariedade (atos
discricionários), é sua obrigação constitucional buscar aplicar a melhor solução possível para
que o interesse público seja devidamente atendido.
17
MOREIRA, Egon Bockmann. O Princípio da eficiência e a Lei 9.784/99. Revista da Procuradoria Geral do
INSS, Brasília, DF, v. 7. n. 3, p. 49-51, out./dez. 2000.
19
relação mais harmoniosa com a sociedade civil. Para Marcelo Torres 18, o núcleo estratégico
do Estado tomaria decisões mais adequadas e ofereceria serviços públicos que operassem com
maior eficiência. Nesta linha de pensamento, foram idealizados os contratos de gestão,
agências autônomas e organizações sociais, com a finalidade de conferirem efetividade à
reforma do Estado. Além disso, foi desencadeado um programa de “desestatização”, através
do qual houve a venda de várias empresas estatais e sua submissão as regras de mercado,
passando o Estado a exercer a função de agente regulador desses mercados.
18
TORRES, Marcelo Douglas de Figueiredo. Estado, democracia e administração pública no Brasil. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2004, p. 172-174.
19
GABARDO, Émerson. Princípio constitucional da eficiência administrativa. São Paulo: Dialética, 2002, p.
86-88.
20
ZYLBERSZTYANJN, Décio (Org.); SZTAJN, Raquel (Org.). Direito & Economia: análise econômica do
direito e das organizações. Rio de Janeiro: Campos; Elsevier, 2005, p. 74.
21
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito econômico. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 36.
20
Os instrumentos de que se serve nessa avaliação são as noções de preço, custo, custo
das oportunidades, de gravitação dos recursos em direção a um uso mais vantajoso.
Para Posner, a eficiência é a utilização dos recursos econômicos de modo que o
valor, ou seja, a satisfação humana, em confronto com a vontade de pagar por
produtos ou serviços, alcance o nível máximo, através da maximização entre os
custos e as vantagens.
a) aquele em que ele próprio exerce atividade econômica definida pela CF;
22
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito econômico. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 35.
21
situação diferente que se prefira unanimemente, o que implica que devem rejeitar todas as
situações que todos declaram unanimemente como piores.”23
Para referido autor, o princípio da eficiência não passa de: “princípio retórico
imaginado e ousado legislativamente pelo constituinte reformador, sem qualquer critério e
sem nenhuma relevância jurídica no apêndice do elenco dos princípios constitucionais já
consagrados sobre Administração Pública.”27
26
LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Comentários à reforma administrativa. São Paulo: RT, 1998, p 108.
27
Ibid., p. 109.
28
VITTA, Heraldo Garcia. O princípio da eficiência e a discrição administrativa. Gazeta do Povo, Curitiba, 25
out. 1999.
29
MUKAI, Toshio. Uma nova administração Pública. In: SANTOS, Alvacir Correa dos. Princípio da eficiência
da administração pública. São Paulo: LTR, 2003, p. 202.
25
30
FERRAZ, Sérgio. Uma nova administração pública. In: SANTOS, Alvacir Correa dos. Princípio da eficiência
da administração pública. São Paulo: LTR, 2003, p. 202.
26
A Gestão Pública está submetida ao controle por parte dos Poderes Legislativo e
Judiciário. Por outro lado, ela exerce o controle de seus próprios atos. Assim sendo, podemos
dizer que ela está submetida ao controle administrativo, legislativo e judiciário.
A este respeito, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 473, com a seguinte
redação:
A Administração Pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitando os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Todavia, cabe indagar de que forma deve ser exercido o controle da eficiência no
âmbito da gestão pública?
31
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 548.
27
Art. 3o O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por
ato unilateral da Administração pública nas seguintes hipóteses:
[..]
IV – insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem
pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado
em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para
continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com
as peculiaridades das atividades exercidas.”
Art. 26. Para fins de progressão e promoção na carreira, os ocupantes dos cargos
referidos no art. 1o serão submetidos anualmente à avaliação de desempenho
funcional, obedecendo ao disposto nesta Lei, na forma do regulamento. (Redação
dada pela Lei nº 11.292, de 2006)
28
IV - disciplina.
Destaca-se que o controle popular é o tipo de controle mais barato, sem custos e
sem burocracia. É o controle exercido pela sociedade, sendo esta a própria consumidora dos
produtos públicos.
32
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 478.
29
[...]
[...]
[...]
bens e serviços da indústria do petróleo serão públicas, permitida a sua gravação por
meios eletrônicos o assegurado aos interessados o direito de delas obter transcrições.
Deste modo, deve surgir uma nova mentalidade do consumidor dos serviços
públicos, para que este tenha consciência de seu efetivo papel de controlador social destes
serviços.
O controle por resultados requer cuidados, para que não ocorram equívocos
conforme aconteceu com o caso SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
33
FREITAS, Juarez. O controle social e o consumidor de serviços públicos. BDA: Boletim de Direito
Administrativo, São Paulo, v.15, n. 2, p. 104, fev. 1999.
32
34
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Entidades integrantes do sistema “S”. Gestão de recursos públicos.
Observância dos princípios norteadores da administração pública – Obrigatoriedade. BDA: Boletim de Direito
Administrativo, v. 15, n. 8, p. 543, ago. 1999.
33
Cabe ressaltar que se trata de um tema polemico, o qual não será tratado com a
profundidade que se esperaria, pois há grandes mistérios e desafios dos doutrinadores a este
respeito, chegando ao ponto de brilhante jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, considerá-
lo inválido ou impossível do ponto de vista jurídico.35
[..] 8. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, Decide:
8.1. reconhecer que estão em consonância com a legislação aplicável os
procedimentos adotados quanto à execução do Contrato de Gestão da Companhia
Vale do Rio Doce – CVRD, no exercício de 1992, bem como os termos dos
contratos de gestão assinados pela referida empresa com as suas controladoras Rio
doce Geologia e Mineração S.A – DOCE-GEO, Vale do rio Doce Alumínio S.A –
Aluvale, Florestas Rio Doce S.A. e Vale do Rio Doce Navegação S.A. – Docenave;
8.2. corroborar o entendimento e a orientação normativa desta Corte (c.f. Decisão nº
020/94 – Plenário Ata nº 3/94), no sentido de que as Empresas Públicas e as
Sociedades de Economia Mista, mesmo aquelas que visem a objetivos estritamente
econômicos, em condição de competitividade com a iniciativa privada, ainda que
sob o regime de Contrato de Gestão, estão sujeitas a todas as exigências
constitucionais e legais, da mesma forma que as demais entidades integrantes da
Administração Pública Federal, tais como: 8.2.1 – obrigatoriedade de concurso
público para a seleção e admissão de pessoal (art. 37, II); 8.2.2 – observância do
limite máximo de remuneração de dirigentes e servidores (art. 37, XI); e 8.2.3 –
35
Conforme conferência intitulada “Figuras jurídicas introduzidas pela reforma administrativa”, proferida no
XIII Congresso Brasileiro de Direito Administrativo, realizado em Florianópolis (SC), de 29 de setembro à 1º de
outubro de 1999.
34
Art. 37 [...]
36
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Decisão nº 345/95, Rel. Ministro Homero Santos. Revista de Direito
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 201, p. 318-319, 1995.
35
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social,
com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.”
[...] o instrumento jurídico básico dessa forma de parceria entre o setor público e o
privado. Embora a lei denomine este instrumento de contrato, na verdade trata-se de
um acordo operacional entre a Administração e a entidade privada37
[...] pelas barbas da baleia branca, que diabo disso é aquilo? Alguém entende alguma
coisa? Tratar-se-ia do Poder Público contratando o Poder Público? Um governador
contataria a Secretaria de Estado que ele próprio administra superiormente, para um
trabalho de gestão da saúde? A Administração direta do Estado contrataria a
Administração direta do Estado? Um prefeito contrataria um departamento da
própria prefeitura, para a gestão da educação do município? A cabeça contrataria o
braço? A parte da frente contrataria a parte de trás, ou a de cima contrataria a de
baixo, no mesmo corpo organizacional? Onde qualquer remoto sentido nessa idéia?38
Aludido autor assevera que nas leis que dispõem do contrato de gestão este poderá
efetuar-se entre o Poder Público e entes de direito privado. Por outro lado, na Constituição,
pelo que nela está escrito, o contrato deverá ser entre os administradores do Poder Público e o
próprio Poder Público, o que é alvo de severas criticas.
37
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 366.
38
RIGOLIN, Ivan Barbosa. O contrato de gestão e seus mistérios. Revista Consulex, Brasília, DF, v. 3, nº 27,
p. 60, mar. 1999.
37
[...]
[...] qual a razão pela qual a Constituição estabeleceu normas sobre licitação,
concurso público, controle, contabilidade pública, orçamento e as impôs para todas
as entidades da Administração Pública? Será que as impôs porque se entendeu que
elas são essenciais para proteger a coisa pública ou foi apenas por amor ao
formalismo? E se elas são essenciais, como se pode conceber que, para escapar às
mesmas, se criem institutos paralelos que vão administrar a mesma coisa pública por
normas de direito privado, inteiramente à margem das normas constitucionais?.39
39
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p.
164.
38
com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades
relativas às áreas relacionadas no art. 1º”.
Contrato de gestão é o ajuste celebrado pelo Poder Público com órgão e entidades da
Administração direta, indireta e entidades privadas qualificadas como organizações
sociais, para lhes ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira ou para
lhes prestar variados auxílios e lhes fixar metas de desempenho na consecução de
seus objetivos..40
Celso Antonio Bandeira de Mello, por sua vez, defende que os contratos de
gestão:
40
GASPARINI, Diogines. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 727.
41
MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de direito administrativo. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.
218.
39
7.1 Abrangência
Guido Landi, Guisepe Potenza e Vittorio Itália, em suas ponderações afirmam que
o bom andamento é representado pela imposição de controles à Administração (o interno,
para a avaliação orgânica e o externo, enfocado na gestão e nos resultados, ligados à idéia de
eficiência).43 A eficiência, portanto, ainda que um conceito indeterminado, representaria um
universo contido no princípio do bom andamento, que, por ser mais amplo, compreenderia
também o próprio bom senso na definição de objetivos e na programação, além da busca pela
maior responsabilização, coordenação e especialização funcionais (questão estrutural).
A boa administração, por sua vez, teria seu conceito muito mais focado na busca
de resultados positivos (questão funcional), sendo mais restrita (pelo menos de acordo com
esta perspectiva de análise que de certa forma caminha em sentido inverso à impressão
terminológica).
Para outros autores, como Luigi Galanteria e Massimo Stipo, não há interesse
nesta distinção, restando o “tradicional” princípio da boa administração positivado na
Constituição italiana como o princípio do bom andamento, a fim de exigir que a ação da
42
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 1990, p. 59.
43
LANDI, Guido; POTENZA, Giuseppe; ITALIA, Vittorio. Manuale di diritto amministrativo. 11. ed., Milão:
Giuffrè, 1999.
42
este deber de adecuación de los médios a los fines supone, por outra parte, La
exigência de conseguir un determinado standard de calidad em La acción y que ésta
se porduzca dentro de um tiempo determinado (deber de puntualidade), com
elementos integrantes de La acción adminstrativa, convirtiendo a eficácia en un
resquisto del acto administrativo y de La actividad en general. 45
44
GALATERIA, Luigi; STIPO, Massimo. Manuale di diritto amministrativo. 2. ed., Torino: Utet, 1995, p.
230 (tradução livre).
45
RICO, Manuel Alvarez. Princípios constitucionales de organización de lãs administraciones públicas. 2.
ed. Madri: Dykinson, 1997, p.160.
46
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 297.
43
47
MODESTO, Paulo. Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Revista Interesse Público, São
Paulo, v. 7, p. 69, jul./set. 2000.
48
HARRIS, Joseph P. Dinâmica della pubblica amministrazione nello Estato contemporâneo. Bolonha:
Zanichelli, 1957, p. 33.
44
8 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BLAU, Peter M.; SCOTT, W. Richard. Organizações formais. Tradução de Maria Ângela e
Lobo de Freitas Levy. São Paulo: Atlas, 1970.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1997.
FERRAZ, Sérgio. Uma nova administração pública. In: SANTOS, Alvacir Correa dos.
Princípio da eficiência da administração pública. São Paulo: LTR, 2003.
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito econômico. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1998.
GALDINO, FLÁVIO. Introdução à teoria dos custos dos direitos: direitos não nascem em
árvores. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
GASPARINI, Diogines. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Comentários à reforma administrativa. São Paulo: RT,
1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 21. ed. São Paulo: Malheiros,
1990.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros,
1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros,
2001.
MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de direito administrativo. 15. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003.
MODESTO, Paulo. Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Revista Interesse
Público, São Paulo, v. 7, jul./set., 2000, p. 69.
MUKAI, Toshio. Uma nova administração Pública. In: SANTOS, Alvacir Correa dos.
Princípio da eficiência da administração pública. São Paulo: LTR, 2003.
49
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A crise do Estado: ensaios sobre a economia brasileira. São
Paulo: Nobel 1992.
RIGOLIN, Ivan Barbosa. O contrato de gestão e seus mistérios. Revista Consulex, Brasília,
DF, v. 3, n. 27, p. 60, mar. 1999.
ZYLBERSZTYANJN, Décio (Org.); SZTAJN, Raquel (Org.). Direito & Economia: análise
econômica do direito e das organizações. Rio de Janeiro: Campos; Elsevier, 2005.