O filme “O último selvagem” de 1992, dirigido por Harry Hook, narra o encontro
de Ishi, o último descendente da tribo norte-americana Yahi, com a sociedade
civilizada da Califórnia no início do século XX. A obra é baseada no livro Ishi –
Between Two Worlds (“Ishi – Entre dois mundos”, em tradução livre), que conta a
história verídica do índio e mostra as transformações que ele sofre ao longo do
processo de integração e assimilação dos modos e costumes da sociedade moderna.
O filme ilustra esse processo através da narrativa centralizada na relação de Ishi com
o antropólogo Alfred Kroeber.
O filme, no entanto, acaba por trazer uma reflexão acerca do processo histórico
que culmina com a sociedade moderna. A problemática territorial, cultural e,
novamente, da própria memória dos povos que antecederam as dominações que
moldaram a sociedade atual. A discussão que o filme suscita mesmo com seus
defeitos, portanto, tem a sua relevância explícita neste ponto. Ishi representa um
passado que, uma vez que não tem mais volta, precisa permanecer na memória para
que a história não se repita.