As precauções universais publicadas inicialmente pelo Centers for Disease Control recomendam o uso de
medidas de barreira, todas as vezes que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções e/ou
fluidos corpóreos, independente do conhecimento do diagnóstico ou status sorológico do paciente.
A segunda etapa de precauções é para pacientes com infecção conhecida ou suspeita, que exijam mais que
o padrão, para prevenir disseminação exógena da infecção. Três precauções baseadas na transmissão são
propostas: precauções contra aerossóis, gotículas e contato.
As precauções contra aerossóis são previstas para reduzir o risco de exposição e infecção pela rota de
transmissão aérea, por meio de microgotículas aerodispersas, inferiores a 5 micra, provenientes de
gotículas desidratadas que podem permanecer em suspensão no ar por longos períodos de tempo,
contendo agente infeccioso viável.
Os microorganismos transportados desta forma podem ser dispersos para longe, pelas correntes de ar
podendo ser inalados por um hospedeiro susceptível, dentro do mesmo quarto ou em locais situados a
longa distância do paciente-fonte (dependendo dos fatores ambientais), podendo alcançar até os alvéolos
do hospedeiro. Por este motivo, indica-se circulação do ar e ventilação especial para prevenir esta forma de
transmissão.
Dentro desta categoria incluem-se os agentes etiológicos da: tuberculose, varicela (catapora) e do sarampo.
Nas precauções para aerossóis deve-se utilizar proteção respiratória do tipo respirador.
As precauções contra gotículas reduzem a disseminação de patógenos maiores que 5 micra, a partir de
um indivíduo infectado, podendo alcançar as membranas mucosas do nariz, boca ou conjuntiva de um
hospedeiro susceptível. As gotículas originam-se de um indivíduo fonte, sobretudo durante a tosse, o
espirro, a conversação, e em certos procedimentos, tais como a aspiração ou a broncoscopia.
A transmissão de gotículas (maiores que 5 micra), requerem um contato próximo, entre o indivíduo e o
receptor, visto que, tais gotículas não permanecem suspensas no ar e geralmente se depositam em
superfícies a uma curta distância. Daí a importância de ressaltarmos a necessidade da limpeza concorrente
e terminal.
Uma vez que as gotículas não permanecem em suspensão, não é necessário promover a circulação do ar
ou ter ventilação especial para prevenir a sua transmissão. Esse tipo de precaução aplica-se a qualquer
paciente com suspeita de infecção por patógenos como: Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis.
As precauções contra contato representam o modo mais importante e freqüente de evitar a transmissão
de infecções hospitalares e estão divididas em dois subgrupos: contato direto e contato indireto.
Contato direto: esse tipo de transmissão envolve o contato pele a pele e a transferência física, proveniente
de indivíduo infectado ou colonizado por microorganismos para um hospedeiro suscetível.
Esta transmissão pode ocorrer quando o profissional da saúde realiza a mudança de decúbito, a
higienização ou ao executar procedimentos que exijam contato físico, como também, entre dois pacientes,
por exemplo, pelo contato com as mãos.
Contato indireto: envolve a transmissão para um hospedeiro susceptível intermediado por objetos
contaminados, usualmente inanimados, tais como: instrumentos contaminados, agulhas, roupas ou mãos
contaminadas, ou ainda, luvas que não são trocadas entre os procedimentos.
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos
pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de
uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com
objetos e superfícies contaminados.
• Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais.
• Após ir ao banheiro.
Indicação: Higienizar as mãos com preparação alcoólica quando estas não estiverem visivelmente sujas, em
todas as situações descritas a seguir:
- Após contato com o paciente: Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente
próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente.
- Após risco de exposição a fluidos corporais: Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos
imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros
profissionais ou pacientes.
USO DE ANTI-SÉPTICOS
Estes produtos associam detergentes com anti-sépticos e se destinam à higienização anti-séptica das mãos
e degermação da pele.
• No pré-operatório, antes de qualquer procedimento cirúrgico (indicado para toda equipe cirúrgica).
- Sabonete: Nos serviços de saúde, recomenda-se o uso de sabão líquido, tipo refil, devido ao menor risco
de contaminação do produto. Este insumo está regulamentado pela resolução ANVS n. 481, de 23 de
setembro de 1999.
- Agentes Anti-sépticos: São substâncias aplicadas à pele para reduzir o número de agentes da microbiota
transitória e residente. Entre os principais anti-sépticos utilizados para a higienização das mãos, destacam-
se: Álcoois, Clorexidina, Compostos de iodo, Iodóforos e Triclosan.
- Papel Toalha: O papel-toalha deve ser suave, possuir boa propriedade de secagem, ser esteticamente
aceitável e não liberar partículas. Na utilização do papel-toalha, deve-se dar preferência aos papéis em
bloco, que possibilitam o uso individual, folha a folha. No processo de higienização das mãos, não é
indicado o uso de secadores elétricos, uma vez que raramente o tempo necessário para a secagem é
obedecido, além de haver dificuldade no seu acionamento. Eles podem, ainda, carrear microrganismos. O
acionamento manual de certos modelos de aparelho também pode permitir a recontaminação das mãos.
- Lavatórios ou pias: devem possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das mãos quando do
fechamento da água. No lavabo cirúrgico, o acionamento e o fechamento devem ocorrer com cotovelo, pé,
joelho ou célula fotoelétrica.
- Lixeira: junto aos lavatórios e às pias, deve sempre existir recipiente para o acondicionamento do material
utilizado na secagem das mãos. Este recipiente deve ser de fácil limpeza, não sendo necessária a
existência de tampa. No caso de se optar por mantê-lo tampado, o recipiente deverá ter tampa articulada
com acionamento de abertura sem utilização das mãos.
- Anti-séptico: para os ambientes que executem procedimentos invasivos, cuidados a pacientes críticos ou
que a equipe de assistência tenha contato direto com feridas, deve existir, além do sabão já citado, provisão
de anti-séptico junto às torneiras de higienização das mãos.
Estão expostos a riscos biológicos todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de
serviços de saúde, além de visitantes e outros profissionais que estejam ocasionalmente nestes serviços.
Contato de mucosas, pele não íntegra ou acidente percutâneo com sangue ou qualquer outro material
biológico potencialmente infectante.
O risco de exposição varia de acordo com a categoria profissional, a atividade realizada ou o setor de
atuação nos serviços de saúde. São considerados de alto risco: profissionais de área cirúrgica, de
emergência, odontólogos, estudantes, estagiários ou pessoal da limpeza.
A exposição a material biológico (sangue ou outros líquidos orgânicos potencialmente contaminados), pode
resultar em infecção por patógenos como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os vírus das hepatites
B e C e, este capítulo pretende abordar medidas profiláticas relacionadas à prevenção destes patógenos.
Os acidentes ocorrem habitualmente através de picadas com agulhas, ferimentos com material ou
instrumentos cortantes (acidentes percutâneos), contato direto da mucosa ocular, nasal, oral e pele não
íntegra com sangue ou materiais orgânicos contaminados.
O risco desses acidentes resultarem em infecção é variável, e está associado ao tipo de acidente, ao
tamanho da lesão, à presença e ao volume de sangue envolvido no acidente, à quantidade de vírus no
sangue do paciente fonte (carga viral) e à utilização de profilaxia específica (para o HIV com medicamentos
anti-retrovirais e para a hepatite B com vacinação pré- exposição ou administração de imunoglobulina
específica pós-exposição).
As exposições que podem trazer riscos de transmissão ocupacional do HIV e dos vírus das hepatites B
(HBV) e C (HCV) são definidas como:
· Exposições em mucosas – p.ex. quando há respingos na face envolvendo olho, nariz, boca ou
genitália;
· Exposições cutâneas (pele não-íntegra) – p.ex. contato com pele com dermatite ou feridas abertas;
Precauções básicas ou precauções padrão são normatizações que visam reduzir a exposição aos
materiais biológicos. Essas medidas devem ser utilizadas na manipulação de artigos médico-hospitalares e
na assistência a todos os pacientes, independente do diagnóstico definido ou presumido de doença
infecciosa (HIV/aids, hepatites B e C):
• Luvas – possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções com mucosas ou pele não íntegra
• Máscaras, Gorros e Óculos de proteção – possibilidade de respingo de sangue ou outros fluidos corpóreos
nas mucosas da boca, nariz e olhos
• Botas – proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante.
– Manipulação e descarte de material pérfurocortante
A vacinação adequada de profissionais da saúde diminui o risco de aquisição destas doenças, por diminuir o
número de susceptíveis a doenças imunopreveníveis e deveria ser realizada previamente ao ingresso
destes profissionais em sua prática.
1. Vacinas contra-indicadas para os imunodeprimidos: todas as vacinas vivas (contra a poliomielite oral, a
varicela, o sarampo, a rubéola, a caxumba e a febre amarela, e a vacina BCG); estas vacinas poderão ser
indicadas a critério medico, em imunodeprimidos, quando, após avaliação do estado imunológico X risco de
adoecimento.
4. A partir do 140 dias após a última dose é preciso verificar títulos de anticorpos para avaliar eventual
necessidade de dose adicional. Profissionais que permanecem em risco devem fazer acompanhamento
sorológico a cada 6 meses ou 1 ano e receber dose de reforço quando estes forem menores que 0,5 UI/ml.
2. Se possível, identificar o paciente-fonte. Se este for identificado, providenciar sua autorização para a
coleta de sangue e testagem anti-HIV, Hepatite B e Hepatite C.
3. Com ou sem identificação do paciente-fonte, comunicar à chefia imediata, que preencherá a Ficha de
Notificação de Acidentes Biológicos com Profissionais da Saúde e, encaminhar o trabalhador acidentado,
com a Ficha de notificação, para a unidade de referência ou para o atendimento na própria unidade, quando
esta dispuser de condições para tais cuidados.
4. Atendimento Médico em Unidade DST/AIDS ou HSPM onde será completado o preenchimento da Ficha
de Notificação de Acidentes Biológicos e adotadas medidas quimioprofiláticas adequadas.
5. Nos períodos noturnos, feriados e finais de semana, o primeiro atendimento será prestado nos Hospitais
e Prontos-Socorros da região.
b- O tempo ideal de início da administração de drogas anti-retrovirais é de até 2 horas, devendo ser iniciado
no máximo até 72 horas após o acidente.
d- Os Prontos-Socorros deverão fornecer as medicações em quantidades suficientes para suprir até o 1º dia
útil subseqüente ao acidente, quando o acidentado deverá comparecer a uma Unidade de DST/AIDS para
fornecimento dos medicamentos de acompanhamento.