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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

LICENCIATURA EM ENGENHARIA FLORESTAL

PROJECTO FINAL

VIABILIDADE FINANCEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA


PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Tocota, Paixão Miguel Francisco Pedro

Maputo, Maio de 2018


VIABILIDADE FINANCEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA
PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Elaborado por:

Tocota, Paixão Miguel Francisco Pedro

Supervisionado por:

Doutor. Engo. Mário Paulo P. da S. Falcão

Engo. Jaime Viano Nhamire


RESUMO

O presente trabalho tem o objectivo de estudar a viabilidade financeira de implantação de uma


floresta (com Eucalyptus camaldulensis Dehnh.), com fim de produzir o carvão vegetal no
distrito de Mabalane. Este distrito situa-se na província de Gaza, região sul de Moçambique a
onde previu-se alocar a plantação florestal, com vista a atender a grande demanda do produto
oriunda do maior centro urbano do País. Para se alcançar os objectivos recolheu-se dados nos
mercados, em conjunto com as pesquisas de literatura e entrevistas, e posteriormente
processados para permitir gerar o fluxo de caixa do projecto, que garantiu o cálculo dos
indicadores financeiros, o Valor Actual Liquido (VAL) que atingiu o valor de - 1.073,62
USD/ha e a Taxa Interna de Retorno (TIR) estimada em 2,29%, também complementados com
a análise de sensibilidade que mostrou as flutuações das variáveis críticas atingindo sempre
valores que apontam para a inviabilidade do projecto, assim como a análise de cenário, embora
haver aumentado o VAL em 4,63% (para -1.023,92 USD/ha). Os resultados alcançados neste
estudo permitiram chegar a conclusão, que fazer investimento neste projecto é inviável, isto é,
plantar árvores de Eucalyptus camaldulensis no distrito de Mabalane para produzir carvão e
comercializar na capital do País não garante ao empreendedor granjear benefícios financeiros,
sendo assim, não se deve optar em implementar este projecto. Assim, recomendam-se estudos
técnicos que proporcionem o desenvolvimento de tecnologias modernas abaixo custo, para
melhoria da eficiência de fornos utilizados a nível nacional, estudos que possam possibilitar a
redução dos custos de produção sem se negligenciar o rendimento e o alcance de estratégias
que visam a concessão entre as instituições que fornecem créditos e os investidores florestais
no âmbito de se aplicar taxas de descontos mais, para garantia de sucessos a estes géneros de
empreendimento.

Palavra-chave: Viabilidade financeira, indicadores financeiros, análise de sensibilidade,


análise de cenário, plantação florestal, Eucalyptus camaldulensis, Mabalane, carvão vegetal.

ii
AGRADECIMENTOS

Ao meu criador, graças rendo ao Pai, Filho e ao Espirito Santo, por me ter concedido a
existência e todas condições necessárias, que por conseguinte este trabalho e título vieram a
existência.

A minha família, vai meu cochucuro, pelo apoio constante que me têm brindado, especialmente
para o alcance deste objectivo e de obtenção a uma formação superior.

Aos meus professores, meu obrigado dou, a todos os docentes que contribuíram pelo
incremento dos meus pré-conhecimentos, principalmente aos meus supervisores e claramente,
àqueles que não por questões meramente salariais abdicaram-se do seu tempo em função da
minha intelectualidade, que se observa nesta pesquisa.

As instituições, destino gratulações, a todas as instituições que cooperaram para o alcance do


presente trabalho, singularmente a DINAS (Direcção Nacional de Silvicultura) e DNTF
(Direcção Nacional de Terras e Florestas).

Aos meus irmãos em Cristo Jesus, colegas e amigos, dedico a minha gratidão pelo auxilio que
me concederam na composição desta obra quer por: suas atenções espirituais, emocionais e
materiais.

Por fim e não menos importante, a todos que “directa e indirectamente” contribuíram para
realização do presente estudo tributo meus agradecimentos.

iii
ÍNDICE
RESUMO ...................................................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ iii

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. vi

LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................vii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ..................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 Contextualização ......................................................................................................... 1

1.2 Problema e justificação do estudo ............................................................................... 2

1.3 Objectivos: .................................................................................................................. 3

1.3.1 Gerais: .................................................................................................................. 3

1.3.2 Específicos: .......................................................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4

2.1 Plantações Florestais ................................................................................................... 4

2.1.1 Breve historial do caso Moçambicano de plantações com fins energéticos ........ 4

2.1.2 Aspectos técnicos para estabelecimento de floresta energética ........................... 5

2.2 Carvão Vegetal .......................................................................................................... 12

2.2.1 Produção e consumo de combustíveis lenhosos em Moçambique .................... 12

2.2.2 Mercado e transporte de combustíveis lenhosos ................................................ 13

2.3 Estudo de viabilidade financeira de Projectos........................................................... 14

2.3.1 Indicadores de viabilidade ................................................................................. 15

2.3.2 Análise de Sensibilidade .................................................................................... 19

2.3.3 Análise de Cenários ........................................................................................... 19

3 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................ 21

3.1 Área de estudo ........................................................................................................... 21

3.1.1 Superfície e população de Mabalane ................................................................. 21

3.1.2 O clima e relevo de Mabalane ........................................................................... 21

i
3.2 Colecta de Dados ....................................................................................................... 22

3.3 Processamento de dados ............................................................................................ 23

3.3.1 Elaboração do fluxo de caixa para a floresta de produção de carvão vegetal a ser
implantada no distrito de Mabalane ..................................................................................... 24

3.4 Análise de dados........................................................................................................ 24

3.4.1 Determinação dos indicadores de viabilidade ....................................................... 24

3.4.2 Análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade ......... 25

4 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................................ 27

4.1 O fluxo de caixa da floresta de produção de carvão vegetal a ser implantada no distrito
de Mabalane ......................................................................................................................... 27

4.2 Indicadores de viabilidade ......................................................................................... 29

4.2.1 Valor Actual Líquido (VAL) ............................................................................. 29

4.2.2 Taxa de Retorno Interno (TIR) .......................................................................... 30

4.3 Análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade ............. 32

4.5.1 Análise de Sensibilidade .................................................................................... 32

4.5.2 Análise de Cenários ........................................................................................... 33

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 34

6 RECOMENDAÇÃO ........................................................................................................ 35

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS ................................................................................ 36

ANEXO.................................................................................................................................... 41

ii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies alternativas que podem ser utilizadas para a produção de carvão no sul do
País ............................................................................................................................................. 9
Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens do VAL ....................................................................... 17
Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens da TIR ......................................................................... 17
Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens do Payback´s ............................................................... 18
Tabela 5 - Vantagens e Desvantagens da ACB ....................................................................... 18
Tabela 6 - Cenários propostos para análise de cenários .......................................................... 26
Tabela 7 - Fluxo de caixa da implantação de floresta para produção de carvão vegetal em
Mabalane .................................................................................................................................. 27
Tabela 8 - Valor Actual Líquido .............................................................................................. 30
Tabela 9 - Análise de Sensibilidade ......................................................................................... 32
Tabela 10 - Análise de Cenário ................................................................................................ 33
Tabela 11 - Tabela dos principais custos ................................................................................. 41

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Descrição Botânica................................................................................................... 7


Figura 2 - Esboço dos locais na África plantados e naturalizada .............................................. 7
Figura 3 - Fluxo de comercialização dos combustíveis lenhosos ............................................ 14
Figura 4 - Fluxo de caixa. ........................................................................................................ 15
Figura 5 - Localização da área de estudo. ................................................................................ 21
Figura 6 - Custos das Actividades. .......................................................................................... 29
Figura 7 - A TIR, a partir do gráfico do VAL. ........................................................................ 31

vii
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

% Percentagem
ACB Análise Custo-benefício
BCI Banco Comercial e de Investimentos
CE Comissão Europeia
DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
et al. E outros
FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
ha Hectare
INE Instituto Nacional de Estatística
MAE Mistério da Administração Estatal
ME Ministério da Energia
MINAG Ministério da Agricultura.
TIR Taxa Interna de Rendibilidade
URA-DG-PRCE Unidade responsável pela avaliação DG Política Regional Comissão
Europeia
USD United States Dolar
VAL/VPL Valor Actual Líquido/Valor Presente Líquido

viii
VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Em Moçambique o sector florestal desempenha um papel importante no crescimento da
economia nacional (Falcão, 2005). Sendo cerca de 70% da área do País é coberta por formações
florestais, onde 67% (26,9 milhões de hectares) do total das florestas foram classificadas como
florestas produtivas (Marzoli, 2007). E os recursos oriundos dessas florestas constituem a fonte
principal da energia de biomassa para uso doméstico (Chitará, 2003).

Estimativas sugerem que a energia lenhosa chega a atingir cerca de 80% da energia utilizada
no País. Tem-se como alarmantes as explorações florestais com fins energéticos, que assumem
uma taxa de 61 mil hectares (ha) ou 90 mil toneladas por ano particularmente em zonas
próximas dos centros urbanos (MINAG, 2006). Com uma procura anual estimada em 16
milhões de metros cúbicos (MINAG, 2006; DNTF, 2009).

Visto que os principais consumidores de lenha e carvão são maioritariamente famílias


desprovidas de possibilidades em utilizar energia eléctrica ou combustíveis fósseis no
aquecimento e confeição de alimentos. É desafio nacional, o fornecimento de lenha e carvão
aos centros urbanos, a preços acessível e de forma sustentável (DNTF, 2009).

Desta forma, a biomassa será por muitos anos, o principal combustível doméstico para a
maioria dos moçambicanos, tornando-se conveniente o estabelecimento de negócios
direccionados a lenha e carvão no país, articulado em cadeia de valor, baseado em plantações
florestais, com benefícios para todos intervenientes, as comunidades locais, sector privado,
Estado e para a conservação e protecção da floresta nativa (DNTF, 2009).

Segundo o mesmo autor, o desenvolvimento de plantações florestais com espécies de rápido


crescimento para o abastecimento de lenha e carvão, visando reduzir a pressão que já
começava-se fazer sentir sobre a floresta nativa ao redor dos grandes centros urbanos, foi
marcado no período pós-independência nacional, sendo neste contexto que foram criados os
projectos FO ́s (de plantações florestais).

Todavia, Sitoe et al. (2003), afirmam que passados vários anos do início destes projectos, os
problemas de energia lenhosa não foram solucionados.

Já a níveis locais, concretamente no distrito de Mabalane a exploração florestal dá-se de forma


não sustentável, em especial para a exploração de combustível lenhoso (lenha e carvão) e
madeiras (MAE, 2005). Assim, o distrito mostra-se oportuno para o estabelecimento de
plantações florestais para o sustento da cadeia de produção de carvão vegetal (Chavana, 2014).

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 1


VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

E estas plantações se orientadas ao lucro podem ser classificadas como projecto de


investimento. Conforme Cruz (1994), elas são consideradas com retornos de longo prazo,
submetendo-se a encargos económicos até a exploração.

De modo genérico, em todo investimento (negócio) deve-se analisar a viabilidade financeira,


através da realização de uma previsão dos recursos necessários para implantação da empresa
(Silva et al., 2014). E recorre-se a indicadores de viabilidade de forma a sustentar a decisão de
investir ou não num determinado projecto, ou seleccionar entre várias alternativas de
investimento (Gomes, 2011).

1.2 Problema e justificação do estudo

Há actualmente registos de uma enorme pressão sobre as florestas nativas, especialmente na


região sul de Moçambique, devido a crescente procura do carvão vegetal nas grandes cidades
(a capital e cidade de Matola), e concretamente na província de Gaza a produção deste produto
é mais acentuada, estima-se 80% do consumido a nível nacional (Tchambule, 2017).

Entretanto, nota-se do último inventário nacional publicado que a zona sul mostra-se com
menores volumes lenhosos em relação as zonas centro e norte do país, com 16%, 51% e 33%
de volumes por unidade de área respectivamente (Marzoli, 2007). Ironicamente, nesta região
do País observar-se uma fraca existência de fontes alternativas deste tipo de produto, isto é,
investimentos orientados a produção de carvão vegetal, oriundos do estabelecimento de
plantações florestais que atendam a esta demanda populacional do carvão vegetal.

Assim, a referente situação vivenciada no sul do País (a crescente procura de carvão, baixa
disponibilidade e exploração insustentável de recursos florestais), favorece um ambiente que
possibilita a instalação de projectos de plantações florestais com vista a atender a elevada
demanda de satisfação energética.

Contudo, há uma escassez em informações técnicas e credíveis de que é viável estabelecer uma
plantação florestal com fins energéticos, especialmente para a produção de carvão vegetal.

Com o presente estudo pretende-se elucidar aos empreendedores florestais a existência ou não
da viabilidade financeira dos investimentos florestais com fins energéticos no distrito de
Mabalane, como intento de incentivo, trazendo-lhes mais certeza e segurança às suas decisões.
Além disso, trazer um acréscimo literário nas matérias do género e informações para se ter
ideia a respeito do capital a ser investido na implantação de projectos desta categoria, assim
como o rendimento esperado.

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

1.3 Objectivos:

1.3.1 Geral:
 Analisar a viabilidade financeira de implantação de floresta (com Eucalyptus
camaldulensis Dehnh.) para produção de carvão vegetal em Mabalane.
1.3.2 Específicos:
 Elaborar fluxo de caixa para a implantação de floresta de produção de carvão vegetal em
Mabalane;
 Determinar os indicadores de viabilidade financeira da implantação de floresta de
produção de carvão vegetal em Mabalane e
 Efectuar análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade
financeira da implantação de floresta de produção de carvão vegetal em Mabalane.

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Plantações Florestais

Plantações florestais referem-se a talhões criados pelo acto de plantar e/ou semear, no processo
de florestamento ou reflorestamento. Estes podem ser formados por espécies introduzidas, ou
por espécies nativas submetidas a controle intensivo, com uma faixa etária equiana e
espaçamento regular (FAO, 1998).

Neste capítulo pretende-se trazer um breve historial do caso moçambicano, e aspectos técnicos
decorrentes do processo do estabelecimento de floresta para a produção de energia (carvão
vegetal).

2.1.1 Breve historial do caso Moçambicano de plantações com fins energéticos

As primeiras plantações no país, datam do século XIX com o plantio de árvores na então cidade
de Lourenço Marques (actual Maputo), predominantemente com espécies do género
Eucalyptus, com o objectivo de secar os pântanos existentes na parte baixa da cidade. Na
década 20, foram estabelecidos plantações em Namaacha, Marracuene, Matola, Mocuba e
Ribáue onde foram introduzidas mais de duzentas espécies florestais exóticas com o objectivo
de testar espécies e proveniências mais adequadas ao País. Devido discussões contra a
introdução massiva de espécies exóticas no país, alegando-se fraca qualidade da madeira
produzida por elas, estabeleceram-se os primeiros ensaios de espécies nativas na década 50,
com as espécies de Pterocarpus angolensis (Umbila), Afzelia quanzensis (Chanfuta), Millettia
stuhlmannii (Jambirre), Androstachys johnsonii (Mecrusse), Clorophora excelsa (Tule), Khaya
nyasica (Umbaua) entre outras, que infelizmente não surtiram os resultados desejados, pelo
facto de serem espécies de lento crescimento. Durante o período colonial foram estabelecidas
cerca de 20 mil hectares de plantações florestais com espécies exótica (MINAG, 2006; DNTF,
2009).
Já no período pós-independência nacional as plantações destacaram-se pelo desenvolvimento
com espécies de rápido crescimento para o abastecimento de lenha e carvão às populações dos
três maiores centros urbanos: Maputo, Beira e Nampula e seus arredores, visando reduzir a
pressão que já se começava a sentir sobre a floresta nativa ao redor dos grandes centros urbanos
(MINAG, 2006; DNTF, 2009).
É neste contexto que foram criados no fim da década 70 e início da década 80 os projectos FO-
2 em Marracuene, província de Maputo (região sul do país), FO-4 em Dondo, província de
Sofala (região centro do país), FO-5 na província de Nampula (região Norte do país). Estes

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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

projectos plantaram milhares de hectares com espécies do género Eucalyptus (saligna,


tereticornis, citriodora, camaldulensis, etc), com o apoio do Programa MONAP (Programa
Nórdico de Apoio a Agricultura em Moçambique) (Cruz, 1994; MINAG, 2006; DNTF, 2009).

Entre os anos de 1995 à 2005 foram empreendidos esforços, visando atrair o sector privado
para o desenvolvimento do reflorestamento que não surtiram o efeito desejado. A última
metade da década passada (2010), como resultado da campanha de promoção e atracção de
investidores, registou-se iniciativas encorajadoras do sector privado, particularmente na região
centro e norte, para o desenvolvimento de plantações industriais (DNTF, 2009).

E acredita-se que o estabelecimento das plantações florestais em Moçambique pode contribuir


para redução da pressão da população local, que causam impactos negativos sobre as florestas
naturais, além de fornecer matéria-prima para diferentes usos, podendo ainda contribuir para a
provisão de diversos serviços ambientais e sociais (Nube, 2013).

2.1.2 Aspectos técnicos para estabelecimento de floresta energética


Ao estabelecer uma plantação florestal a prévia preocupação que deve-se ter é com a origem
dos matériais genéticos, sementes ou mudas, que estão sendo utilizados, porquanto a qualidade
do matérial pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso da floresta plantada (Silva e
Angeli, 2006).
Ainda com os mesmos autores, é dito que outros factores que estão directamente relacionados
com o sucesso da plantação são os procedimentos técnicos utilizados para implantação e o
sistema de maneio da floresta, sendo assim importante realizá-las de acordo com as
características locais e com a finalidade, preferencialmente, com a orientação de profissional
habilitado.

2.1.2.1 Escolha de Espécie


Como visto no paragrafo anterior e em concordância com Cruz (1994), sabe-se de antemão que
o êxito da plantação é dependente da escolha certa da espécie a plantar, por sua vez esta
depende dos objectivos a que se destina a plantação. Esta escolha deve concordar com a
adaptabilidade edafo-climática em relação ao local de plantio, sem negligenciar o factor de
seleccionar espécie com menor exigência técnica, mas de um alto rendimento volumétrico.

A experiencia vivida neste país com espécies para fins de energia lenhosa é do género de
Eucalyptus (Cruz, 1994). Sendo que dentre as espécies conhecidas, introduzidas em
Moçambique a Eucalyptus camaldulensis, é a que amplamente é utilizada em plantações para
fins energéticos e outros usos no sul do país (Sitoe et al., 2003).

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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Género Eucalyptus
O género Eucalyptus é pertencente a família Myrtaceae, subfamília Leptospermoideae, e conta
com mais de 740 espécies (Rejmánek e David, 2011).

Segundo a EMBRAPA (2000):


 Etimologicamente o nome Eucalyptus deriva de duas palavras gregas: eu e calyptus,
que significam bem coberto, protegido, e se referem ao opérculo do botão floral. O
Eucalyptus é originário da Austrália e de algumas ilhas da Oceania. Na Austrália eles
são popularmente chamados de “gumtrees”.

 O género Eucalyptus apresenta uma larga variedade de espécies em relação à adaptação


a diferentes condições edafo-climáticas com uma variedade de usos tanto na floresta
natural como em plantações.

A sua ocorrência natural é restrita ao hemisfério sul, com a única excepção de Eucalyptus
deglupta, que se estende até a 11º de latitude norte em Mindanao, que se prolonga até a latitude
3º S, em Filipinas. Actualmente o Eucalyptus está presente em mais de 90 países, a maioria
deles em zonas tropicais e subtropicais. Hoje em dia, o Eucalyptus se espalha por mais de 22
milhões de hectares em todo o mundo (para o qual mais de 11 milhões de florestas de
Eucalyptus nativas encontram-se na Austrália), representando 12% das plantações florestais do
mundo. Entretanto, estima-se que não mais de 13 milhões de hectares dessas plantações
realmente tenham produtividade de interesse industrial (ENCE, 2009).

O género se encontra em grande variedade de clima e solos, desde as condições áridas (quase
deserto) até em condições de clima frio e húmido. Não existe um género que foi tão largamente
plantado em todo mundo como o Eucalyptus, devido ao facto de apresentarem tamanha
capacidade de adaptação, rápido crescimento e produtividade com diferentes utilidades
(EMBRAPA, 2000).

Eucalyptus camaldulensis
A espécie Eucalyptus camaldulensis Dehnh. tem como sinonimo Eucalyptus rostrata Schltdl.,
e nome vernacular River redgum, Murray redgum, Redgum (En); Eucalyptus rouge, Gommier
rouge (Fr); Eucalipto vermelho (Pt); Mkaratusi (Sw) (Doran e Wongkaew, 1997).

a) Descrição Botânica
A sua altura variar dos 12 metros de altura até altas árvores florestais de 50 metros de altura
(PF OLSEN (AUS) PTY LTD. e OEH, 2011), com casca lisa, branca, cinza, verde-amarelada,
cinza-verde ou cinza rosada; folhas de cinza-azul, alternadas de 8 a 22 cm de comprimento e

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

1-2 cm de largura, em geral curvadas ou em foice, de ponta curta na base; inflorescência axilar,
solitária; frutos de cápsulas muito pequenas de 5-8 mm, com 4 válvulas contendo pequenas
sementes (Orwa et al. 2009).

Figura 1 - Descrição Botânica: Árvore -1; Ramo florido - 2; Ramo de frutificado – 3; Toretes
– 4 e Plantação – 5. (Doran e Wongkaew, 1997).

b) Origem e Distribuição Geográfica


A sua distribuição natural abrange a maior parte do continente australiano, plantada em muitos
países tropicais e subtropicais, possivelmente é a árvore mais plantada no mundo em terras
áridas e semi-áridas, e naturalizou-se em muitas áreas (Doran e Wongkaew, 1997).

Figura 2 - Esboço dos locais na África plantados e naturalizada (Doran e Wongkaew, 1997).

c) Ecologia

De acordo com Orwa et al. (2009), Em condições naturais, ocorre normalmente ao longo dos
cursos de água e nas planícies de inundação. As árvores plantadas crescem sob uma ampla
gama de condições climáticas, de temperado a quente e de húmido a árido, suportando

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

anualmente uma precipitação até de 150 mm, mas em condições naturais variando de 250-2500
mm por ano.
No entanto, na África a precipitação média anual que confere o melhor crescimento vária entre
700-1200 mm (Staiss, 1999). A sua altitude vária de 0-1500 m, 3-40 °C de temperatura, e cresce
melhor em solos profundos, limpos com base de argila e lençóis freáticos acessíveis, tolera a
inundações, assim como, os solos ácidos (Orwa et al., 2009).

d) Maneio
A propagação geralmente é dada por sementes, mais também por estacas (tem a capacidade de
rebrotação). O peso de 1000 semente é de 0,3-5 g, e para produção de lenha, são utilizados
espaçamentos de até 2 m × 2 m. A aplicação de 100 g de fertilizante NP ou NPK é de 3: 2: 1.
A remoção frequente de ervas daninhas, até 3 vezes por ano, é necessária até o dossel se fechar
3-5 anos após o plantio. O controlo inadequado de ervas daninhas pode levar a uma completa
falha na plantação. Geralmente é cultivada em uma rotação, é possível
obter uma produtividade muito alta em condições favoráveis: IMA de 70 m³/ha de árvores
(registado em 4 anos, com espaçamento de 3 m × 2 m em um local fértil com alta
disponibilidade de água em Israel), no entanto, tais condições raramente são encontradas
(Doran e Wongkaew, 1997).

e) Usos
A Eucalyptus camaldulensis Dehnh. é principalmente usada para lenha, carvão vegetal, postes,
pasta de papel, painéis, pavimentos, travessas ferroviárias, móveis, embalagem, óleo essencial,
fins medicinais, entre outros. Também são muitas vezes plantadas para a obtenção de serviços
como: sombra, como quebra-vento, para ornamentação, como fonte de néctar para produzir
mel de alta qualidade e também é plantada para reabilitar terras salinas, podendo usar água
subterrânea salina (Doran e Wongkaew, 1997).

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Tabela 1 - Espécies alternativas que podem ser utilizadas para a produção de carvão no sul do
País (Fonte: WL, 2005; Abiodes, 2009 citado por Martins et al., 2016).

Nome Cientifico Nome Local/Comercial Outras Aplicações


Acacia gerardii Caia Néctar, lenha
Acacia nilótica Shangwa, Changua Néctar, lenha
Acacia polyacantha Guevo Néctar, lenha
Acacia Senegal Munga Néctar, suplemento alimentar
Acacia xanthophloea Lhonpfunga, Chicacaugua Lenha, produtos medicinais
Azadirachta indica Neem Produtos medicinais
Cacia abbreviata Numanhama, Molua1 Lenha
Casuarina equisetifolia Casuarina Lenha, protecção
Lenha, postes, produtos
Diplorhynchus condylocarpon M'toa1, Rocochi1
medicinais
Eucalyptus camaldulensis Eucalipto Lenha
Eucalyptus globulus Eucalipto Lenha e Néctar
Eucalyptus grandis Eucalipto Lenha, e postes
Lenha, fruta, produtos
Lanneas chweinfurthia Muganicomo, Ganicoma
medicinais
Lonchocarpus bussei Napitche1 Lenha
Olax dissitiflora N'ssiro1 Lenha
Polys phaeriasp Norilo1 Lenha
Pterocarpus lucensis Tsandzadlovo Lenha, Néctar
Sphenostylis stenocarpa Ntuco1 Fruto, Néctar
Tamarindus indica Tamarinho, Wepa Fruto
Nota: 1- Nome local em Cabo Delgado.

2.1.2.2 Viveiro Florestal


Viveiro é um sítio onde germinam e crescem todo tipo de planta. É nele que as mudas são
cuidadas até alcançar a idade e tamanho suficientes para serem levadas ao local definitivo, onde
serão plantadas (Oliveira et al., 2016; Sardinha, 2008).
Processo de Produção de Plantas no Viveiro
De acordo com Cruz (1994), para que a época do plantio das mudas no campo definitivo
coincida com o período chuvoso, a actividade de produção de mudas no viveiro pode ser feita
a partir do quarto ou quinto mês, e consiste nos seguintes passos:

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VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

i. Preparação do local para instalação do viveiro, que envolve a limpeza, nivelamento do


terreno e alocação dos canteiros para arrumação das embalagens na posição este-oeste.

ii. Enchimento das embalagens com uma combinação previamente crivada de argila, areia
e estrume na proporção 1:2:1 respectivamente.

iii. A sementeira é realizada em alfobres em solo peneirado, lançando-se 10g de sementes


por metro quadrado e posteriormente coberto por uma camada fina de areia. A
germinação dá-se entre 7-10 dias após a sementeira, dependendo da qualidade da
sementeira.

iv. A retirada das plántulas do alfobre para a embalagem (repicagem) é feita após as plantas
apresentarem cerca de quatro folhas.

v. Depois de repicar, efectua-se a rega e monda constantes para além do controlo de


sombreamento.

vi. Período do endurecimento, para conceder as mudas resistência ao sol intenso e a falta
de água quando se encontrarem no local definitivo de plantação. Dentro deste período
as plantas são podadas as raízes de forma a criar um sistema radicular robusto.

vii. Selecção de mudas de boa qualidade para plantio (segundo a forma, tamanho robustez
e estado fitossanitário, normalmente com uma altura variando entre 35-40cm), com
vista alcançar árvores de boa qualidade.

2.1.2.3 Preparo do Terreno


Após a selecção do local de plantio, prossegue-se com a preparação do terreno de forma a
proporcionar melhores condições de crescimento das árvores, com o objectivo de maximizar a
produção a um custo baixo. As árvores necessitam das tais condições óptimas, que dificultada
pela vegetação existente, especialmente nos primeiros anos de estabelecimento, visto que são
mais críticos e determinístico para o bom desenvolvimento do povoamento (Staiss, 1999).

Esta actividade consiste no corte do material lenhoso, capina e queima. Depois da queima
executa-se a demarcação de aceiros e caminhos florestai (Cruz, 1994).

Se devidamente efectuada, algumas actividades dependentes desta como o alinhamento,


coveamento, limpeza e a adubação se farão com maior faculdade e consequentemente a custos
baixos (Staiss, 1999).

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2.1.2.4 Plantio no local definitivo

O plantio é uma das operações mais relevante para o sucesso da plantação de povoamentos
florestais. Deve-se na medida do possível ser efectuado com maior cuidado (Ferreira e Silva,
2008).

Época do plantio
É de suma importância evitar a plantação em momentos anteriores a precipitação, neste sentido,
a época de plantio importa concordar geralmente com o período chuvoso, normalmente após a
queda suficiente de chuva, quando a humidade do solo atingir pelo menos 20 cm de
profundidade, para garantia do desenvolvimento radicular antes do período seco e a
sobrevivência (Staiss, 1999).

2.1.2.5 Manutenção da Plantação


A manutenção é vista como o conjunto de todas actividades direccionadas ao cuidado e
proporcionalmente de um bom desenvolvimento duma determinada plantação até a exploração.
Havendo execução de actividades como a limpeza de quebra-fogo e vigilância permanentes e
de frequência maiores (no período juvenil e de secas), no combate do maior inimigo das
plantações, fogo (Cruz, 1994).

2.1.2.6 Exploração Florestal


Ela pode ser entendida como conjunto de actividades realizadas no povoamento florestal, com
o objectivo de preparo e extracção de madeira ao local de transporte (Machado, 2006). E ela é
composta das seguintes fases: o corte, a extracção, o Carregamento -Descarregamento e
transporte (Ferreiram, 2010).

i. Corte
Segundo Ferreiram (2010), esta actividade é constituída por operações como a de abate,
desrame, traçagem e preparo da madeira para o arraste e empilhamento.

ii. Extracção
A operação de extracção refere-se à movimentação da madeira, desde o local de corte até a
estrada, o carreador ou pátio intermediário. Existem vários sinónimos para esta operação,
muitas vezes dependendo do modo como ela é realizada ou do tipo de equipamento utilizado
(Castro, 2011).

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iii. Carregamento-Descarregamento

O carregamento é a colocação da madeira no veículo com o objectivo de realizar o transporte


principal ou a extracção (baldeio). Descarregamento refere-se a retirada da madeira do veículo
de transporte, ao local de uso final ou intermediário (Minetti et al., 2006).

iv. Transporte
O transporte pode ser compreendido como a actividade que permite a deslocação da madeira
da área do talhão para o pátio das empresas (Ferreiram, 2010).

2.2 Carvão Vegetal

Para melhor percepção a respeito da produção do carvão vegetal, importa partir inicialmente
da noção deste produto. De acordo com Sardinha (2008) o carvão vegetal:
“É o resíduo sólido resultante da carbonização ou pirólise da madeira sob condições
controladas num espaço fechado, geralmente designado forno. O controlo do forno durante a
carbonização é exercido sobre a entrada de ar, de forma que a madeira não arda completamente
transformando-se em cinza, tal como sucede num fogo convencional, mas sim que se
decomponha quimicamente para formar o carvão”.

2.2.1 Produção e consumo de combustíveis lenhosos em Moçambique

Moçambique assim como certos países em via de desenvolvimento apresentam uma extensa
área de cobertura de floresta nativa, contudo ameaçada por factores de grande proeminência
como a elevada procura de madeira no mercado interno, necessidade de satisfazer a demanda
de energia lenhosa (Nhantumbo, 2012 citado por Deus, 2014).

Estimativas apontam um consumo de lenha e carvão de 9,3 milhões de toneladas por ano nas
zonas rurais, e 5,5 milhões de toneladas por ano nas zonas urbanas. De igual modo apontam
que os maiores consumidores da lenha são as populações rurais, porem fundamentalmente o
mesmo ocorre com as populações das zonas urbanas com baixo rendimento e as de rendimento
médio basicamente carvão vegetal. O que permite inferir a tendência é de se usar relativamente
mais carvão vegetal que lenha nas cidades e em zonas rurais, têm a lenha como combustível
exclusivo, para a satisfação das necessidades domésticas em energia (Matsinhe e Soto, 2011).

Ainda continuando com os autores acima, em várias partes das regiões de Moçambique, as
florestas são utilizadas para providenciar lenha e carvão para o consumo familiar, para indústria
de panificação e restaurantes, entre outros.

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Conforme o Ministério de Energia (2013), “a maior parte do carvão vegetal consumido no país
é produzida através de métodos tradicionais, caracterizados por rendimentos muito baixos,
apesar da promoção de fornos melhorados”.

Correntemente, os produtores de carvão vegetal usam toda a árvore, e as espécies que são
utilizadas dependem da disponibilidade na região, da qualidade do carvão produzido e a
preferência dos compradores (Matsinhe e Soto, 2011). Onde, o principal tipo vegetal usado
pelas famílias para a produção de carvão são as florestas de Miombo nas regiões centro e norte
e do tipo Mopane na região sul do país (Fernandes, 2014).

2.2.2 Mercado e transporte de combustíveis lenhosos

Segundo Matsinhe e Soto (2011), o combustível lenhoso é geralmente vendido pelos próprios
produtores nos locais de produção ou a margem da estrada. Estes produtores de carvão, habitam
em áreas remotas, em acampamentos temporários de condições precárias perto dos recursos e
em muitos casos evidência-se uma tendência crescente de produtores de uma região migrarem
de um local para outro, a procura de disponibilidade de recursos, devido a escassez de recursos
nas proximidades das grandes cidades.

Também é afirmado pelos mesmos autores, uma existência tendêncial crescente em contratos
de trabalhadores de outros locais para produtores a tempo inteiro, pagos por terceiros que detêm
as licenças de transporte de carvão. E quanto aos consumidores finais tanto podem adquirir o
produto directamente dos produtores, assim como dos retalhistas.

O preço para o caso de carvão vegetal é bastante variado, sendo elevado na província de
Maputo e com uma tendência decrescente no sentido sul ao norte do País, em termos
comparativos, comummente o preço da lenha é mais baixo relativamente ao preço de carvão
vegetal (ME, 2013). Tendo em Maputo, o maior mercado do País de carvão vegetal (Puná,
2008 citado por Matsinhe e Soto, 2011).

O transporte de combustível lenhoso em Moçambique, de forma ordinária é efectuada desde o


local de produção à estrada mais próxima ou em algumas situações à estação de caminho-de-
ferro, para a venda e de seguida escoar aos principais centros urbanos. No entanto o transporte
do carvão vegetal é efectuado pelos operadores licenciados provenientes das vilas ou cidades,
por meio de camiões, carrinhas de mão, bicicletas, carroças, entre outros (ME, 2013).
Neste quadro circunstancial, a maior parte dos produtores do sector familiar preferem
comercializar os produtos localmente ou recorrer a intermediários oriundos dos vários centros

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urbanos, devido aos altos custos de transporte que os penalizam na geração da renda (ME,
2013).

Figura 3 - Fluxo de comercialização dos combustíveis lenhosos (ME, 2013).

2.3 Estudo de viabilidade financeira de Projectos

É considerado um projecto as actividades de investimento na qual são aplicados recursos com


vista a produzir benefícios durante um período de tempo. Um projecto constitui, portanto, uma
actividade definida, com um ponto de partida e um ponto de chegada específicos, destinada a
atingir um objectivo preciso (URA-DG-PRCE, 2003).

Segundo SEBRAE (2011), grade parte dos empreendedores quando decidem investir,
geralmente ficam com medo do negócio proposto não dar certo, não avaliam as possibilidades
de terem sucesso, enxergando apenas as dificuldades que terão à frente, ou ficam ansiosos,
acabando em fazer investimentos sem o controlo de retorno, visando somente ao lucro, porém
esquecendo-se que podem sofrer problemas futuros devido à falta de uma análise (citado por
Rosa et al., 2011).

Por isso, quando se pretende instalar um novo projecto ou uma expansão dum projecto antes
da sua aprovação é imperioso fazer análise de viabilidade económica (financeira)
antecipadamente e o resultado desta análise é obtido através de indicadores de viabilidade
(MXM, 2017).

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2.3.1 Indicadores de viabilidade

Consoante Ende e Reisdorfer (2015), para a realização da análise de viabilidade são usados
indicadores de viabilidade, alguns destes indicadores são determinados baseando-se no fluxo
de caixa (cash flow) do projecto.

Segundo Gomes (2011), o “Fluxo de Caixa corresponde ao fluxo de pagamentos e


recebimentos efectuados pela empresa num determinado período de tempo.”

Muitas vezes os projectos de investimento apresentam um fluxo de caixa típico (fluxo de caixa
convencional), caracterizado pelas seguintes condições e como também é demonstrado pela
figura (Álvares et al., Sd.):
1. Saídas liquidas de caixa que acontecem nos primeiros anos, e as entradas liquidas de
caixa, nos anos subsequentes e
2. O somatório das entradas supera o somatório das saídas.

Figura 4 - Fluxo de caixa (Álvares et al., Sd.)

2.3.1.1 Valor Actual Líquido

De acordo com Zunido et al. (2006), ao pretender falar do Valor Actual Líquido, melhor será
primeiramente adquirir uma ideia do que venha ser o conceito de actualização, pois este está
directamente relacionado com a aplicação de capitais num dado momento, com o objectivo de
obter um rendimento futuro.

No entanto, pode-se afirmar que o valor do dinheiro é temporal, dado que o poder de compra
de uma unidade monetária varia ao longo do tempo (Cesar, 2007). Por isso, no cálculo
financeiro tem uma regra em que os agentes económicos preferem a posse do capital no
presente face à alternativa da posse ser no futuro, isto pelo facto da existência de risco nas
operações financeiras no decorrer do tempo. Dai que se pode inferir que uma unidade monetária
no presente não tem o mesmo valor que a mesma unidade monetária num momento futuro, pois
trata-se de bens economicamente diferentes, que não se podem comparar ou adicionar
directamente (Porto Editora, 2017).

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Ainda pelo mesmo autor se é dito que a taxa de juro é o que vai permitir proceder à comparação
inter-temporal de capitais, que reflecte o valor do dinheiro no tempo, permitindo por essa via
a comparação entre duas unidades monetárias em períodos do tempo diferentes.
Neste âmbito, a actualização é o método que permite a um determinado agente económico
saber quanto vale hoje um determinado valor futuro.

Referir que, a actualização de capitais é utilizada em muitas áreas da economia e da gestão,


designadamente na análise de investimentos e na avaliação de empresas. Na análise de
investimentos, o método de actualização é fundamental devido a um agente económico, depois
de ter efectuado previsões sobre rendimentos futuros líquidos que vão provir de um
investimento, querer saber se a soma dos referidos rendimentos líquidos justifica ou não
avançar para o projecto. A propósito, um dos principais critérios de avaliação de projectos de
investimento é o VAL (Porto Editora, 2017).

Neste caso, o VAL indica em valores actualizados no presente momento, o valor que um
determinado projecto pode obter, após pagar o capital investido à devida taxa de juro (Gaspar
et al., 2014). Ou melhor, refere-se a diferença existente entre o valor actual das receitas futuras
e o valor actual das despesas correntes e de investimento (Saraive, 2011).

A expressão matemática do VAL, de acordo com Oliveira (2008), é:


𝑛
𝐹𝐶𝑗
𝑉𝐴𝐿 = ∑ − 𝐹𝐶0 (1)
(1 + 𝑖)𝑗
𝑗=1

Em que: i – taxa de desconto (ou actualização); n – período de tempo; FC0 – fluxo de caixa
verificado no momento zero e FCj – valor de entrada ou saída de caixa previsto para cada
intervalo de tempo.

Segundo Oliveira (2012), à decisão de aceitar ou recusar um determinado projecto, baseiam-se


nas seguintes situações:
 Se o VAL for > 0: Aceita-se a realização do projecto, pois valores acima de zero
permitem cobrir o investimento, ainda gerar um excedente financeiro. Quanto maior for
o VAL, maior será a contribuição do projecto para o valor da empresa;
 Se o VAL for = 0: O projecto remunera o investimento sem exceder, sendo assim,
indiferente realizar ou não o projecto;
 Se o VAL for < 0: O projecto não produz fundos suficientes para pagar investimento, e
portanto seria de se recusar.

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Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens do VAL


Vantagens (Treasy, 2018) Desvantagens (Gomes, 2011)
 Considera o valor temporal do  Dá-se em valor absoluto, seja qual for o
dinheiro valor, tanto pode resultar de um elevado
 Considera quando o projecto investimento, como de um investimento
começará a render. com montante insignificativo em termos
 Revela em quanto tempo um projecto absolutos.
produzirá renda e qual o valor da  Perante dois projectos com vida útil
mesma. diferente, o seu resultado pode determinar
indiferença.

2.3.1.2 Taxa interna de Retorno

A Taxa interna de Retorno é a taxa de actualização que torna o VAL igual a zero (Gaspar et
al., 2014; Oliveira, 2012; Araújo, 2010), em outras palavras pode se entender a TIR como
sendo a taxa mais alta a que o investidor é capaz de contrair um empréstimo para financiar um
investimento, sem perder dinheiro (Freire, 2011; Rosário, 2014).

A TIR é calculada através da seguinte fórmula (Harzer, 2013):


𝑡
𝐹𝐶𝑛
0=∑ − 𝐹𝐶0 (2)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛
𝑛=0

Em que: TIR – taxa interna de retorno; FC0 – fluxo de caixa verificado no momento zero; FCn
– fluxo de caixa líquido no período n e n – período considerado 0, 1, 2, … t.

É visto um projecto como viável sob ponto de vista financeiro, projectos que apresentarem uma
TIR de percentagens elevadas que o custo de capital (Ribeiro et al., 2016). Quanto mais elevado
a TIR, o projecto torna-se mais rentável (Saraive, 2011).

Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens da TIR


Vantagens (Treasy, 2018) Desvantagens
 É de fácil interpretação, porque é  Limita-se quando ocorrem mudanças no
apresentado em taxa. sinal do fluxo de caixa, geralmente é
 Torna mais simples a comparação com gerada múltiplas TIR (Treasy, 2018)
taxas definidas para custo de capital.  Pressupõe que o custo de capital se
mantém constante ao longo do tempo
(Gomes, 2011).

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2.3.1.3 Outros indicadores usados na análise de projectos

Payback
É um indicador utilizado para mostrar o prazo necessário para a recuperação do capital
investido, pode ser simples (sem considerar o valor do dinheiro no tempo) ou descontado
(considerando o valor do dinheiro no tempo) (Bruni et al., 1998).

Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens do Payback´s


Vantagens (Bruni et al., 1998) Desvantagens (Bruni et al., 1998)
Simples  Serve como parâmetro de  Não considera o valor do dinheiro
liquidez (quanto curto, maior a no tempo.
liquidez do projecto) e de risco  Não contempla todos os fluxos de
(quanto curto, menor o risco do caixa.
projecto).

Descontado  Considera o custo de capital,  Não contempla todos os fluxos de


valor do dinheiro no tempo. caixa do projecto.

Análise Custo-benefício (ACB)

A análise custo-benefício é uma análise que consiste em comparar todos benefícios e todos
custos de um determinado projecto, que são expressos em unidades monetárias (Miyabukuro,
2014). De seguida agrega os resultados em benefícios líquidos, para tomada de decisão sobre
se o projecto é desejável e vale a pena ser executado (CE, 2006).

Tabela 5 - Vantagens e Desvantagens da ACB


Vantagem (CE, 2006) Desvantagem (Portal Gestão, 2018)
 Incorpora na sua avaliação vários  Quando correctamente efectuada precisa
impactos: financeiros, económicos, considerar não só os custos e benefícios
sociais, ambientais, etc. tangíveis, porém também os intangíveis, tais
como os custos sociais e ambientais.

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2.3.2 Análise de Sensibilidade

Visto que, ao se obter um VAL positivo de um projecto, o impulso é prosseguir com ele.
Todavia na prática a empresa poderá sofrer prejuízo. Em vista disso, antecipadamente a
decisão, é recomendável realizar as análises de sensibilidade e de cenários para apurar o
impacto de diferentes suposições na expectativa dos projectos (Agnol, 2010).

A análise de sensibilidade permite saber em quanto as alterações das variáveis estimadas sobre
o fluxo de caixa afectarão o resultado económico (financeiro) do investimento (Schedler,
2015). Esta análise pode ser feita partindo de uma ou várias variações de uma ou duas variáveis,
originando uma variação no VAL ou na TIR, consoante o alvo da análise (Rosário, 2014). O
objectivo é determinar o impacto que tal variação tem sobre a rentabilidade do investimento,
medida pela TIR e o VAL (Oliveira, 2012).

Não obstante, esta ferramenta não é suficientemente exacta porque as análises são muito
limitadas uma vez que considera apenas variações individuais de variáveis individuais
ignorando a possibilidade de haver correlação entre elas (Neves, 2002 citado por Rosário,
2014).

2.3.3 Análise de Cenários

De acordo com Rosário (2014), a análise de cenários permite avaliar o impacto conjunto das
variáveis críticas partindo da simulação de três cenários, sugeridos por Neves (2002):

 Cenário Pessimista: cenário composto pelas estimativas mais pessimistas que as


variáveis críticas podem assumir. Este cenário dará origem ao pior resultado que o
projecto pode obter em termos expectáveis.

 Cenário Optimista: as variáveis críticas assumem valores segundo uma expectativa


optimista, originando os resultados máximos do projecto, acima do que está previsto.

 Cenário mais provável: este cenário conjuga os valores mais prováveis que as variáveis
críticas podem assumir, permitindo obter o resultado mais provável do projecto.

A análise de cenário é uma abordagem comportamental similar a análise de sensibilidade, mas


de escopo mais amplo, usada para avaliar o impacto de várias circunstâncias ao retorno da
empresa. Ao invés de isolar o efeito da mudança em uma única variável, a análise de cenário é
usada para avaliar o impacto, no retorno da empresa, de mudanças simultâneas em inúmeras
variáveis, tais como entradas de caixa, saídas de caixa e custo de capital, resultantes de
diferentes suposições acerca das condições económicas e competitivas (Nascimento, 2003).

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Segundo Botteon (2009), a utilidade deste método é muito importante em casos de cenários
propostos oferecerem insegurança ao avaliador. Pois, o objectivo desse tipo de análise é
verificar o que acontece com o VPL quando ocorrem cenários alternativos. Dessa forma, pode-
se ter mais segurança quanto à análise realizada (Neves, 2010).

Entretanto, segundo Anacleto (2013), uma das limitações encontradas nesta análise é a
subjectividade envolvida no processo de determinação dos cenários e dos valores instituídos
para as variáveis independentes.

Ao fim se obtém o VAL para a tomada de decisão, a partir da ponderação por probabilidades
de ocorrência aos diferentes valores actuais líquidos (VAL), encontrados com os cenários
propostos (Botteon, 2009).

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3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Área de estudo
O distrito de Mabalane, situa-se na província de Gaza, e tem como limites ao norte os distritos
de Chicualacuala e Chigubo, ao sul Guijá e Chokwé, ao este Guijá e Chigub e ao oeste
Chicualacuala e Massingire (INE, 2012).

Figura 5 - Localização da área de estudo (editado pelo autor)

3.1.1 Superfície e população de Mabalane


Mabalane possui uma superfície de 9,107 km2 e uma população recenseada em 2005 cerca de
31,718 habitantes, e por conseguinte 3.5 habitantes/km2 de densidade populacional (MAE,
2005).

3.1.2 O clima e relevo de Mabalane


O clima do distrito é dominado por zonas do tipo árido, apresenta uma imensa irregularidade
da quantidade de precipitação ao longo da estação chuvosa, e a média anual de precipitação
está abaixo de 500mm, temperatura média anual de 24oC e a humidade relativa média anual
variando entre 60% á 65% (MAE, 2005).
O relevo do distrito é tenuemente acidentado, com altitudes inferiores a 200m, favorecendo o
percurso de vários cursos de água não permanente e com solos delgados, arenosos e aluvionares
(MAE, 2005).

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3.2 Colecta de Dados


A colecta consistiu em levantamentos de dados nos mercados localizados no município de
Maputo, conjuntamente com pesquisas de literatura e entrevistas.

Levantamentos de dados nos mercados


Dado que a venda do carvão vegetal (produzido no distrito de Mabalane) está prevista ocorrer
na Cidade de Maputo, foi necessário colher dados de preço fazendo uma avaliação de mercado,
para determinar o preço do produto (carvão vegetal) que é praticado nos mercados locais. Desse
modo foram colectados os preços por sacos e por massa (tida com recurso a uma balança) nos
mercados de Xipamanine (no bairro de Chamanculo) e Metical, mercado localizado no bairro
da Polana Caniço A, rua Carlos Cardoso, para o alcance da receita.

É consenso entre Cruz (1994) e Sitoe et al. (2003), que os preços de produtos energéticos
provenientes de florestas exóticas são mais baixos quando relacionados aos provenientes das
nativas, pois são mais preferidos pelas comunidades. Nesta análise, o preço de carvão aplicado
foi menor em 12,5% (baseado em Sitoe et al., 2003) do preço utilizado a nível dos mercados
acima indicados.

Levantamentos de dados a partir de pesquisas de literatura


As pesquisas de literatura auxiliaram no alcance de dados como produtividade da plantação
(em volume), densidade da madeira (para conversão do volume da madeira para unidades de
massa), e os custos relacionados as actividades que constam no fluxo de caixa que não foi
possível adquirir nos mercados como o estabelecimento da floresta, manutenção da floresta,
exploração florestal.

Salientar que os custos de estabelecimento compreendem o processo de produção de mudas no


viveiro, preparo do terreno e o seu plantio no local definitivo. Quanto aos custos de
manutenção, são os custos de remoção de ervas daninhas até os três primeiros anos da plantação
e de protecção à queimadas até a exploração.

Em particular a exploração florestal, por não se ter conseguido encontrar o seu custo tanto na
literatura nem em consultas, o seu custo foi obtido de forma indirecta, isto é, foi obtida
observando-se a sua porção na produção florestal, que é de 50% (percentagem usada neste
estudo para o cálculo do custo de exploração florestal), em certos casos, mais de 50% do custo
total da madeira que chega a indústria conforme Machado (2006).
Contudo, o termo “exploração florestal” neste estudo apenas abrange as fases de abate e arraste
e não inclui as de carregamento-descarregamento e transporte final da madeira, que em

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contrapartida acham-se contidos nos 50% do custo de exploração florestal, a fim de apurar-se
valores mais acurados nas análises, foram utilizados os 50%, do que negligência-los.

Levantamentos de dados a partir de entrevista


As entrevistas serviram de apoio para o avanço das limitações encontradas no levantamento de
dados efectuados nos mercados e em pesquisas de literatura. Os dados levantados foram os
custos necessáriso no processo de produção do carvão (como por exemplo os custos para a
montagem do forno tipo Rabo-quente para queima do carvão, mão-de-obra), no transporte do
carvão e no comércio do carvão.

Em suma, está disponibilizada uma tabela dos principais custos no ANEXO (última página do
documento).

3.3 Processamento de dados

Os dados colectados, foram organizados e processados em planilhas electrónicas de cálculos


do Microsoft Office Excel, finalizado com um rol de despesas e a receita do projecto, o que
convencionalmente é chamado de fluxo de caixa, para posterior cálculos dos indicadores e
análise de sensibilidade e de cenários.

Haja vista os parágrafos anteriores (do ponto 3.2), os dados foram subdivididos em duas
categorias, a fim de satisfazer o preenchimento do fluxo de caixa (o fundamento para as
análises): primeira categoria constituída por custos (das actividades) e a segunda constituída
por receita (resultante da venda do produto final).

A receita (R) foi obtida através do produto, entre a quantidade de carvão vegetal produzida (Q)
e o preço de carvão vegetal (P). E por conseguinte a receita líquida (Rl) ou lucro resulta da
retirada dos custos (C) do valor arrecadado com a receita, conforme as seguintes equações
matemáticas (Bornatto, 2011):

𝑅 = 𝑃×𝑄 (3)
𝑅𝑙 = 𝑅 − 𝐶 (4)

Salientar que a massa do saco de carvão de E. camaldulensis (que levou ao número total de
sacos a se produzir) obteve-se pela relação existente entre a massa média dos sacos de carvão
de E. camaldulensis e a massa média dos sacos de espécies nativas (vendidos localmente), que
para o mesmo tamanho de saco é de 20kg/30kg (Cruz, 1994), para tal foram mensurados sacos
de espécies nativas (vendidos nos mercados de Xipamanine e Metical) com o auxílio de uma

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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

balança, por conseguinte achou-se o peso ou massa média dos sacos de carvão para a espécie
de Eucalyptus camaldulensis.

Neste estudo foram utilizados como base para cálculos, os seguintes pressupostos:
 Tamanho da área: um hectare (1ha);
 Espécie de Eucalyptus camaldulensis – espécie apreciada como energética e com
elevado poder calorífico e um potencial já comprovado na região de estudo, com
espaçamento entre mudas de 2,5 x 2,5 metros e com uma produtividade média da
plantação de 155 m3/ha aos 10 anos (Sitoe et al., 2003);
 Densidade básica de 0.689 g/cm3 aos 10.5 anos (Sturion et al., 1987);
 Eficiência do forno utilizada: 30,2% (forno tipo Rabo-Quente);
 Taxa de desconto: 24%1;
 Câmbio utilizado (12/04/2018): 1 USD = 60,16 MZN (Banco de Moçambique, 2018);
 Preço de carvão vegetal: 18.91 USD (12,5% reduzido do praticado nos mercados).

3.3.1 Elaboração do fluxo de caixa para a floresta de produção de carvão vegetal a ser
implantada no distrito de Mabalane

O fluxo de caixa, foi elaborado de acordo com o apontado no segundo parágrafo (do ponto
3.3), e foi organizada em formato de tabela, contendo colunas dos anos da vida do projecto,
dos custos das actividades (implantação da floresta, manutenção da floresta, exploração
florestal, produção, transporte e comercio do carvão), receitas brutas e líquidas do
empreendimento.

3.4 Análise de dados

3.4.1 Determinação dos indicadores de viabilidade


Segundo Ende e Reisdorfer (2015) Os principais métodos de análise de viabilidade empregados
sobre o fluxo de caixa do projecto são Pay-Back ou Tempo de Retorno, Valor Presente Líquido
(VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Neste trabalho para a determinação da viabilidade
financeira foram utilizados os seguintes indicadores:

 Valor Presente Líquido (VPL) ou Valor Actual Líquido (VAL)


 Taxa Interna de Retorno (TIR)

1
Taxa de juros aplicada pelo BCI, neste estudo foi utilizada como o custo do capital referencial para comparação
do dinheiro ao logo do tempo.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 24


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

3.4.1.1 Valor Actual Líquido (VAL)


Este indicador (VAL) foi calculado a partir do uso da fórmula patente a seguir, disponibilizada
por Oliveira (2008):
𝑛
𝐹𝐶𝑗
𝑉𝐴𝐿 = ∑ − 𝐹𝐶0 (1)
(1 + 𝑖)𝑗
𝑗=1

De acordo com Ribeiro et al. (2016), o projecto será aceito se o VPL for maior que zero
(positivo), sendo o oposto rejeitado.

3.4.1.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)


Conforme dito, foi utilizada a TIR como o indicador auxiliador desta análise financeira, que
segundo Botteon (2009), é a taxa de desconto pela qual o VAL é igualado a zero. Foi calculada
aplicando-se a fórmula que se segui (Harzer, 2013):
𝑡
𝐹𝐶𝑛
0=∑ − 𝐹𝐶0 (2)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛
𝑛=0

A regra para determinar a conveniência de um projecto é que sua TIR seja maior do que a
taxa de desconto, facto este que determina a conveniência da sua execução.

3.4.2 Análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade

3.4.2.1 Análise de Sensibilidade


Devidas as contingências existenciais mediu-se a variabilidade do lucro ou receita líquida do
investimento quando se alteram alguns pressupostos do projecto face ao que inicialmente foi
previsto.

Nesse sentido, a análise de sensibilidade foi feita para verificar o que aconteceria ao lucro
prognosticado com a implementação da floresta para produção de carvão no distrito de
Mabalane, caso houve-se uma variação nos valores esperados da produtividade utilizada na
análise, variações ao preço do produto e também para verificar o efeito da variação na taxa de
desconto.
Para tal foram criadas seis (6) possibilidades: o aumento da produtividade (metros cúbicos da
madeira) em 15% e a redução da produtividade em 15%; o aumento do preço do produto em
20% e a redução da produtividade em 20%, e a diminuição da taxa de desconto em 10% e
aumento da taxa de desconto em 10%. Para cada caso em conformidade com o método
assumiu-se a condição de se manter o resto constante e calculou-se o valor financeiro.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 25


VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

3.4.2.2 Análise de Cenários


Também efectuou-se a análise de cenários, para avaliar o impacto conjunto das variáveis,
diferindo-se assim do método de análise de sensibilidade que sugere a variação de apenas uma
variável, mantendo as outras constantes o que nem sempre acontece pelo motivo de existir
relações entre as viráveis.

Propôs-se três cenários para avaliação: um optimista, um esperado (a situação original) e outro
pessimista. Estes cenários foram feitos a partir das mesmas variáveis utilizadas na análise de
sensibilidade (o preço do produto, produtividade e a taxa de desconto), e o resultado desta
análise foi a combinação dessas variáveis, com o fim de se ter o lucro que abrange os
imprevistos.

Tabela 6 - Cenários propostos para análise de cenários


Probabilidade Preço do Taxa de
Cenários Produtividade
de combinação produto desconto
Optimista 25% 20% 15% 10%
Esperado 35% 0% 0% 0%
Pessimista 30 % 20% 15% 10%

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 26


VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

4 RESULTADO E DISCUSSÃO
No presente campo dos resultados e discussão está apresentada a análise financeira (dos
indicadores), principiando-se com o fluxo de caixa. Contudo é de mera importância ressaltar
que estas análises foram realizadas tendo-se como base a utilização dos pressupostos que
antecipadamente foram expostos no capítulo anterior deste trabalho.

4.1 O fluxo de caixa da floresta de produção de carvão vegetal a ser implantada no distrito
de Mabalane

O fluxo de caixa será o ponto de partida pelo qual se baseará este estudo de análise de
viabilidade financeira, pois sobre ele incidirão os indicadores a serem calculados e os custos
aqui apresentados estão em unidades de área correspondente a um hectare.

Como se pode observar da tabela que se segue (tabela 7), estão apresentadas entradas (receita
bruta) e saídas (custos) de caixa no período devida útil do projecto, lado a lado e sua diferença
resulta na quantidade de dinheiro que obtém-se anualmente (receita líquida).

Tabela 7 - Fluxo de caixa da implantação de floresta para produção de carvão vegetal em


Mabalane
Receita
Custos Receita
Ano Actividades/Fases Líquida
(USD/ha) (USD/ha)
(USD/ha)

0 Custo de Estabelecimento 700,00 0,00 -700,00


1 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00
2 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00
3 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00
4 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
5 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
6 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
7 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
8 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
9 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00
10 Ea + Pb + Tc + Cd 7.042,78 9.705,35 2.662,57
Total 387,57
Nota: a – Custo de exploração florestal; b – Custo de produção de carvão vegetal; c – Custo de
transpor de carvão vegetal e d – Custo de comércio de carvão vegetal.

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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

O fluxo de caixa caracterizou-se como um fluxo convencional, devido a verificação de uma


entrada líquida ao final (no decimo ano) do período explorativo do empreendimento, e saídas
líquidas ao logo do empreendimento com excepção do último ano.
O custo por unidade de área (1ha) encontrado na fase de estabelecimento da floresta (de 700
USD/ha) mostrou-se inferior ao alcançado pelo estudo conduzido por Sitoe et al. (2003) de
664,83 USD/há (considerando o custo do capital no tempo), nos distritos do vale do Limpopo
(que incluiu o distrito de Mabalane), estudo que também estava orientado na implantação de
floresta com fins energéticos e com semelhanças do tempo de duração (10 anos), espaçamento
entre plantas (2,5 m x 2,5 m) e do fluxo de caixa (como descrito no paragrafo anterior), porém
com emprego de duas espécies (E. calmadulencis e Acacia nilotica). Possivelmente aspectos
como sobretudo a estrutura do mercado (concernente a disponibilidade e facilitação na
aquisição de insumos) e as observadas inflações ocorridas no decorrer do tempo, eventualmente
sejam esses que tenham levado a esta disparidade nos valores achados.

Do mesmo estudo introduzido no último parágrafo, também pode-se perceber que os custos
intermediários (entre estabelecimento e exploração) variavam em torno de uma média de
471,64 USD/ha, no tocante a este enfoque o observado no presente estudo foi o de 175,00
USD/ha, o que pode-se explicar pela intensidade de maneio.

Ora, quanto a entrada líquida, foi observada no último ano um total de 12.241,18 USD/ha, que
se contrasta com a entrada líquida alcançada neste estudo (de 2.662,57 USD/ha), embora ambos
projectos florestais tivessem um fim energético, o produto final pretendido diferem entre-se,
sendo que o projecto em destaque apresentara como produto final a produção de lenha e uma
pequena porção (25%) de estacas e este apenas limita-se em carvão vegetal, este facto mostra-
se como a causa principal da desigualdade nas entradas líquidas, pois produtos mais
trabalhados evidenciam maior aplicação de factores de produção.

Não se esquecendo do custo de exploração florestal, que ocupou a segunda posição em toda
cadeia do projecto (desde a produção florestal até a comercialização da matéria-prima
carbonizada, o carvão vegetal) em 24% e 50% que equivale a primeira posição em toda a cadeia
de produção florestal (desde a implantação da floresta a exploração florestal), o que na
realidade ocuparia uma percentagem menor em ambos casos (podendo até passar a segunda
posição para o caso da cadeia de produção florestal), devido a inclusão de descarregamento-
carregamento e transporte final no custo de exploração florestal que não foram abrangidos neste
projecto. O custo de produção de carvão vegetal foi o maior em toda cadeia do projecto, como
se pode observar de forma simplificada a partir do posterior diagrama.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 28


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Transporte de Carvão Produção de Carvão


14% 28%

Colheita Florestal
24% Comércio de
Carvão
9%

Custo de Manutenção Custo de


17% Estabelecimento
8%

Figura 6 - Custos das Actividades.

4.2 Indicadores de viabilidade

4.2.1 Valor Actual Líquido (VAL)

A Tabela 8, apresenta o resultado do VAL da cadeia toda de implantação da floresta à


comercialização do produto, aplicado a uma taxa de desconto de 24% ao ano, que resultou o
seu somatório em um valor negativo (de -1.073,62 USD/ha), o que permite dizer que o
investimento é inviável, não podendo remunerar todas as suas obrigações.

Para o mesmo indicador, achou-se uma situação interessante (com o VAL de 1.991,73 USD/ha)
no estudo realizado por Sitoe et al. (2003), isto porque nesse estudo a taxa de desconto aplicada
foi bastante reduzida (de 9,7% ao ano) em comparação a taxa aplicada neste estudo (de 24%
ao ano) e também sob o ponto de vista dos produtos ponderados de 75% de lenha e uma
pequena porção de 25% em estacas ao hectare serem de baixo custo de produção em relação
ao carvão vegetal sugerido neste estudo.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 29


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

Tabela 8 - Valor Actual Líquido


Fluxo de caixa
Receita VAL
Custos Receita
Ano Actividades/Fases Líquida (USD/ha)
(USD/ha) (USD/ha)
(USD/ha)

0 Custo de Estabelecimento 700,00 0,00 -700,00 -700,00


1 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00 -181,45
2 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00 -146,33
3 Custo de manutenção 225,00 0,00 -225,00 -118,01
4 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -63,45
5 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -51,17
6 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -41,26
7 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -33,28
8 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -26,84
9 Custo de manutenção 150,00 0,00 -150,00 -21,64
10 Ea + Pb + Tc + Cd 7.042,78 9.705,35 2.662,57 309,80
Total 387,57 -1.073,62
Nota: a – Custo de exploração florestal; b – Custo de produção de carvão vegetal; c – Custo de
transpor de carvão vegetal e d – Custo de comércio de carvão vegetal.

4.2.2 Taxa de Retorno Interno (TIR)

Com base na utilização dos recursos referidos nesta análise, a taxa interna de retorno apurada
foi de 2,29%, o que significa que o investimento só poderá alcançar resultados satisfatórios se
a taxa de pagamento do crédito à investir nesta actividade for menor a 2,29% (algo quase
impossível). Portanto, como a taxa interna de retorno (TIR) encontra-se abaixo da taxa do custo
de oportunidade do capital (de 24% ao ano), o projecto torna-se inviável. Pois conforme Zunido
et al. (2006) a TIR é a taxa mais elevada a que o investidor pode contrair um empréstimo para
financiar um investimento, sem perder dinheiro.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 30


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

TIR = 2,29%

VAL
USD 600.00
Valor Líquido Actual (VAL)

USD 300.00

USD 0.00

18.00%

23.00%
10.00%
11.00%
12.00%
13.00%
14.00%
15.00%
16.00%
17.00%

19.00%
20.00%
21.00%
22.00%

24.00%
25.00%
0.00%
1.00%
2.00%
3.00%
4.00%
5.00%
6.00%
7.00%
8.00%
9.00%
-USD 300.00

-USD 600.00

-USD 900.00

-USD 1,200.00
Taxa de Desconto
Figura 7 - A TIR, a partir do gráfico do VAL.

A taxa encontrada da TIR (2,29%) é baixa que a encontrada por Cruz (1994), que foi de
13,95%, projecto de especificidades semelhantes a este em estudo, porém o projecto de
investimento em plantações florestais propunha-se na produção de carvão vegetal e lenha,
possuía três rotações consecutivas e um período de vida do projecto mais longo de 14 anos.
Não obstante a sua TIR também revelou o projecto ser inviável, pois o custo de capital usado
era maior (de 46% ao ano). Isto de certa forma mostra uma tendência não sustentável na
aplicação de propostas de investimento orientadas a comercialização do carvão vegetal
proveniente de plantação florestal ao longo do tempo na região sul do País.

Importa ressaltar que o VAL, mesmo na ausência da aplicação do custo de exploração florestal
(equivalido a 50%, como proposto na metodologia), ele mantêm-se negativo (-808,91
USD/ha), isto é, o projecto ainda contínua sendo inviável e a TIR eleva-se à 11,21%.

Um dos grandes factores se não o principal, que torna o projecto financeiramente inviável é
sem sobra de dúvida a eficiência média do forno, advinda do forno melhorado utilizado tipo
Rabo-Quente de 30,2%. Conforme diz Martins (2016)2, essa eficiência muito se eleva a do
forno tradicional de terra (de 13,8%). Equivalendo a dizer que 69,8% de toda madeira utilizada
é perdida durante a carbonização, o processo de transformação da madeira para o carvão
vegetal.

2
Informação citada de Gmünder et al. 2014; Joaquim, 2001, 2002; Joaquim & Brouwer 2009; Kammen & Lew,
2005; KRFI, 2006; Morgan-Brown & Samweli, 2016; Schenkel et al., 1998.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 31


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

4.3 Análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade

Em virtude de possíveis eventualidades decorrentes de ambientes internos tanto externos, neste


capítulo estão analisadas as questões ligadas as análise de sensibilidade e de cenários, com vista
a prever presumíveis alterações e as suas consequências na viabilidade do projecto.

4.5.1 Análise de Sensibilidade

Para esta análise, considerou-se uma variação de 20% no preço do produto (carvão vegetal)
praticado no mercado, 15% na produtividade e 10% na taxa de desconto. Tendo-se obtido os
seguintes resultados:

Tabela 9 - Análise de sensibilidade


Variáveis VAL (USD/ha) TIR

+20% -20% +20% -20%


Preço do produto
-847,77 -1.299,47 10,20% -17,77%
+15% -15% +15% -15%
Produtividade
-970,16 -1.177,08 6,46% -3,67%
+10% -10% +10% -10%
Taxa de desconto
-1.086,85 -1.052,42 2,29% 2,29%

Como se pode verificar, caso existam flutuações no mercado que conduzam a um aumento de
20% no preço do produto o VAL aumentará em 21.04% (de -1.073,62 USD/ha para -847,77
USD/ha) e a próprio TIR sofre um aumento de 2,29% para 10,20%. Por outro lado, se existirem
reduções de 20% no preço do produto, o VAL reduzira em 21.04% (de -1.073,62 USD/ha para
-1.299,47 USD/ha) e a própria TIR reduzirá de 2,29% para -17,77%.
Apesar da variação do VAL ser igual, tanto no aumento como na redução dos 20% no preço
do produto, a TIR sofre uma maior variação na diminuição do que no aumento, facto similar
observado por Oliveira (2012), no seu estudo de Análise e avaliação de projectos de
investimento aplicado a indústria hoteleira.

Dando continuidade com a análise da tabela anterior, verifica-se que um aumento em 15% na
produtividade leva a um acréscimo do VAL em 9,64% (de -1.025,56 USD/ha para -970,16
USD/ha). Por sua vez, uma redução deste parâmetro em 15% leva a uma diminuição do VAL
na mesma proporção de 9,64% (de -1.073,62 USD/ha para -1.177,08 USD/ha). Em relação a

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 32


VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

TIR, o aumento na produtividade em 15% leva a uma variação menos significativa desta taxa
do que a sua diminuição em 15%: de 2,29% para 6,46% e 2,29% para -3,67% respectivamente.

Finalizando a análise da tabela, constata-se que um aumento em 10% da taxa de desconto leva
a um decréscimo do VAL em 1,23% (de -1.073,62 USD/ha para -1.086,85 USD/ha). Por sua
vez, uma redução deste parâmetro em 10% leva a um acréscimo do VAL em 1,97% (de -
1.073,62 USD/ha para -1.052,42 USD/ha). A variação do VAL ocorreu de maneira assimétrica
e a TIR não sofre nenhuma variação (permanecendo em 2,29%) na diminuição como também
no aumento, pois ela não é afectada com a taxa de desconto.
Para todas as flutuações das variáveis críticas, nota-se que os valores actuais líquidos (VAL)
obtidos nesta análise de sensibilidade atingem sempre valores que apontam para a não-
aceitação do projecto, mostrando-se desta forma que o projecto é inviável financeiramente.

4.5.2 Análise de Cenários

Dada a limitação encontrada na Análise de Sensibilidade em não conjugar as variáveis, para


esta superação está apresentada abaixo (Tabela 10) a combinação das mesmas variáveis críticas
utilizadas na Análise de Sensibilidade (produtividade, preço do produto e taxa de desconto).

Tabela 10 - Análise de Cenário

Probabilidade de Preço do Taxa de VAL


Cenários Produtividade
ocorrência Produto desconto (USD/ha)
Optimista 25% 20% 15% 10% -610,83
Original 45% 0% 0% 0% -1.073,62
Pessimista 30% 20% 15% 10% -1.293,61
Resultado
-1.023,92
(USD/ha)

A alteração conjunta das três variáveis tem um reflexo maior num cenário optimista, cujo VAL
foi incrementado em 43,11% (de -1.073,62 USD/ha para -610,83 USD/ha), e portanto em um
cenário pessimista há uma menor variação do VAL, reduzindo-o em 20,49% (de -1.073,62
USD/ha para -1.293,61 USD/ha).

Com o recurso as probabilidade de ocorrência a análise de Cenário aumenta o VAL em 4,63%


(de -1.073,62 USD/ha para -1.023,92 USD/ha).

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 33


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5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados alcançados neste estudo de viabilidade financeira de implantação de


floresta para produção de carvão vegetal em Mabalane, pode-se concluir que:

 O fluxo de caixa para a floresta de produção de carvão vegetal a ser implantada no


distrito de Mabalane, resultou em fluxo de caixa convencional, tendo apenas uma
entrada líquida observada no ultimo ano da vida útil do empreendimento, que chegou a
superar as saídas líquidas ao logo do empreendimento, permitindo um rendimento
líquido positivo ao empreendimento (sem a consideração do valor no tempo), que
chegou de atingir um valor de 387,57 USD/ha.

 Embora o valor líquido do empreendimento ser positivo, constatou-se com o uso dos
indicadores que o empreendimento sob ponto de vista económico não é interessante,
pois o Valor Actual Líquido (VAL) determinado foi negativo, mostrando assim a
inviabilidade do empreendimento de implantação de floresta para a produção de carvão
vegetal no distrito de Mabalane, facto causado fundamentalmente pela eficiência do
forno. Todavia para o alcance do rendimento líquido positivo do empreendimento será
necessário que a taxa de actualização seja inferior a 2,29%, que representa a Taxa
Interna de Retorno (TIR).

 Das variáveis críticas seleccionadas as que apresentaram impactos de grande magnitude


aos indicadores foram especialmente o preço do carvão seguido da produtividade. E
quando as variáveis críticas são combinadas, o cenário optimista mostra-se como sendo
o que traz grande variação ao VAL. Mesmo com recurso a análise de cenário o VAL
do projecto foi inviável, porém aumentou em 4,63% para -1.023,92 USD/ha, sendo este
um valor esperado mais seguro por abranger os imprevistos.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 34


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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

6 RECOMENDAÇÃO

 Devido ao constatado problema da conversão da madeira ao carvão que inviabiliza o


projecto, recomenda-se estudos técnicos que proporcionem o desenvolvimento de
tecnologias modernas abaixo custo, para melhoria da eficiência de fornos utilizados a
nível nacional (tradicionais e melhorados), visto que reduzem de forma drástica a
quantidade do produto final, consecutivamente declinam o lucro;

 Recomenda-se que se façam estudos técnicos que possam possibilitar a redução dos
custos de produção sem se negligenciar o rendimento, isto é, aumento de produtividade
para consecução de VAL positivos. Por exemplo a aplicação do regime de maneio de
talhadia simples;

 E também recomenda-se que se alcancem estratégias que visam a concessão entre as


instituições que fornecem créditos (Bancos comerciais) e os investidores florestais no
âmbito de se aplicar taxas de descontos mais baixas (dado que as actuais são tão
elevadas e contribuem bastante à inviabilidade), para garantia de sucessos a estes
géneros de empreendimento que levam longos períodos de vida útil.

Por: TOCOTA, PAIXÃO MIGUEL FRANCISCO PEDRO Pág. 35


VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

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CARVÃO VEGETAL EM MABALANE

ANEXO

Tabela 11 - Tabela dos principais custos


Itens Custo (USD/ha)
Custo de Estabelecimento1 700
Custo de manutenção1 75
Exploração Plantação 2200.00
Produção de Carvão Vegetal2 1932.50
Transporte de Carvão Vegetal 1266.98
Comércio de Carvão Vegetal 1287.94
1 – Custo unitário (MINAG, 2017); 2 – 513 sacos de carvão vegetal a produzir, com preço de
19,25 USD.

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