PROJECTO FINAL
Elaborado por:
Supervisionado por:
ii
AGRADECIMENTOS
Ao meu criador, graças rendo ao Pai, Filho e ao Espirito Santo, por me ter concedido a
existência e todas condições necessárias, que por conseguinte este trabalho e título vieram a
existência.
A minha família, vai meu cochucuro, pelo apoio constante que me têm brindado, especialmente
para o alcance deste objectivo e de obtenção a uma formação superior.
Aos meus professores, meu obrigado dou, a todos os docentes que contribuíram pelo
incremento dos meus pré-conhecimentos, principalmente aos meus supervisores e claramente,
àqueles que não por questões meramente salariais abdicaram-se do seu tempo em função da
minha intelectualidade, que se observa nesta pesquisa.
Aos meus irmãos em Cristo Jesus, colegas e amigos, dedico a minha gratidão pelo auxilio que
me concederam na composição desta obra quer por: suas atenções espirituais, emocionais e
materiais.
Por fim e não menos importante, a todos que “directa e indirectamente” contribuíram para
realização do presente estudo tributo meus agradecimentos.
iii
ÍNDICE
RESUMO ...................................................................................................................................ii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2.1.1 Breve historial do caso Moçambicano de plantações com fins energéticos ........ 4
i
3.2 Colecta de Dados ....................................................................................................... 22
3.3.1 Elaboração do fluxo de caixa para a floresta de produção de carvão vegetal a ser
implantada no distrito de Mabalane ..................................................................................... 24
4.1 O fluxo de caixa da floresta de produção de carvão vegetal a ser implantada no distrito
de Mabalane ......................................................................................................................... 27
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 34
6 RECOMENDAÇÃO ........................................................................................................ 35
ANEXO.................................................................................................................................... 41
ii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Espécies alternativas que podem ser utilizadas para a produção de carvão no sul do
País ............................................................................................................................................. 9
Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens do VAL ....................................................................... 17
Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens da TIR ......................................................................... 17
Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens do Payback´s ............................................................... 18
Tabela 5 - Vantagens e Desvantagens da ACB ....................................................................... 18
Tabela 6 - Cenários propostos para análise de cenários .......................................................... 26
Tabela 7 - Fluxo de caixa da implantação de floresta para produção de carvão vegetal em
Mabalane .................................................................................................................................. 27
Tabela 8 - Valor Actual Líquido .............................................................................................. 30
Tabela 9 - Análise de Sensibilidade ......................................................................................... 32
Tabela 10 - Análise de Cenário ................................................................................................ 33
Tabela 11 - Tabela dos principais custos ................................................................................. 41
vi
LISTA DE FIGURAS
vii
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
% Percentagem
ACB Análise Custo-benefício
BCI Banco Comercial e de Investimentos
CE Comissão Europeia
DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
et al. E outros
FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
ha Hectare
INE Instituto Nacional de Estatística
MAE Mistério da Administração Estatal
ME Ministério da Energia
MINAG Ministério da Agricultura.
TIR Taxa Interna de Rendibilidade
URA-DG-PRCE Unidade responsável pela avaliação DG Política Regional Comissão
Europeia
USD United States Dolar
VAL/VPL Valor Actual Líquido/Valor Presente Líquido
viii
VIABILIDADE FINACEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE FLORESTA PARA PRODUÇÃO DE
CARVÃO VEGETAL EM MABALANE
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Em Moçambique o sector florestal desempenha um papel importante no crescimento da
economia nacional (Falcão, 2005). Sendo cerca de 70% da área do País é coberta por formações
florestais, onde 67% (26,9 milhões de hectares) do total das florestas foram classificadas como
florestas produtivas (Marzoli, 2007). E os recursos oriundos dessas florestas constituem a fonte
principal da energia de biomassa para uso doméstico (Chitará, 2003).
Estimativas sugerem que a energia lenhosa chega a atingir cerca de 80% da energia utilizada
no País. Tem-se como alarmantes as explorações florestais com fins energéticos, que assumem
uma taxa de 61 mil hectares (ha) ou 90 mil toneladas por ano particularmente em zonas
próximas dos centros urbanos (MINAG, 2006). Com uma procura anual estimada em 16
milhões de metros cúbicos (MINAG, 2006; DNTF, 2009).
Desta forma, a biomassa será por muitos anos, o principal combustível doméstico para a
maioria dos moçambicanos, tornando-se conveniente o estabelecimento de negócios
direccionados a lenha e carvão no país, articulado em cadeia de valor, baseado em plantações
florestais, com benefícios para todos intervenientes, as comunidades locais, sector privado,
Estado e para a conservação e protecção da floresta nativa (DNTF, 2009).
Todavia, Sitoe et al. (2003), afirmam que passados vários anos do início destes projectos, os
problemas de energia lenhosa não foram solucionados.
Entretanto, nota-se do último inventário nacional publicado que a zona sul mostra-se com
menores volumes lenhosos em relação as zonas centro e norte do país, com 16%, 51% e 33%
de volumes por unidade de área respectivamente (Marzoli, 2007). Ironicamente, nesta região
do País observar-se uma fraca existência de fontes alternativas deste tipo de produto, isto é,
investimentos orientados a produção de carvão vegetal, oriundos do estabelecimento de
plantações florestais que atendam a esta demanda populacional do carvão vegetal.
Assim, a referente situação vivenciada no sul do País (a crescente procura de carvão, baixa
disponibilidade e exploração insustentável de recursos florestais), favorece um ambiente que
possibilita a instalação de projectos de plantações florestais com vista a atender a elevada
demanda de satisfação energética.
Contudo, há uma escassez em informações técnicas e credíveis de que é viável estabelecer uma
plantação florestal com fins energéticos, especialmente para a produção de carvão vegetal.
Com o presente estudo pretende-se elucidar aos empreendedores florestais a existência ou não
da viabilidade financeira dos investimentos florestais com fins energéticos no distrito de
Mabalane, como intento de incentivo, trazendo-lhes mais certeza e segurança às suas decisões.
Além disso, trazer um acréscimo literário nas matérias do género e informações para se ter
ideia a respeito do capital a ser investido na implantação de projectos desta categoria, assim
como o rendimento esperado.
1.3 Objectivos:
1.3.1 Geral:
Analisar a viabilidade financeira de implantação de floresta (com Eucalyptus
camaldulensis Dehnh.) para produção de carvão vegetal em Mabalane.
1.3.2 Específicos:
Elaborar fluxo de caixa para a implantação de floresta de produção de carvão vegetal em
Mabalane;
Determinar os indicadores de viabilidade financeira da implantação de floresta de
produção de carvão vegetal em Mabalane e
Efectuar análise de sensibilidade e de cenários sobre os indicadores de viabilidade
financeira da implantação de floresta de produção de carvão vegetal em Mabalane.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Plantações Florestais
Plantações florestais referem-se a talhões criados pelo acto de plantar e/ou semear, no processo
de florestamento ou reflorestamento. Estes podem ser formados por espécies introduzidas, ou
por espécies nativas submetidas a controle intensivo, com uma faixa etária equiana e
espaçamento regular (FAO, 1998).
Neste capítulo pretende-se trazer um breve historial do caso moçambicano, e aspectos técnicos
decorrentes do processo do estabelecimento de floresta para a produção de energia (carvão
vegetal).
As primeiras plantações no país, datam do século XIX com o plantio de árvores na então cidade
de Lourenço Marques (actual Maputo), predominantemente com espécies do género
Eucalyptus, com o objectivo de secar os pântanos existentes na parte baixa da cidade. Na
década 20, foram estabelecidos plantações em Namaacha, Marracuene, Matola, Mocuba e
Ribáue onde foram introduzidas mais de duzentas espécies florestais exóticas com o objectivo
de testar espécies e proveniências mais adequadas ao País. Devido discussões contra a
introdução massiva de espécies exóticas no país, alegando-se fraca qualidade da madeira
produzida por elas, estabeleceram-se os primeiros ensaios de espécies nativas na década 50,
com as espécies de Pterocarpus angolensis (Umbila), Afzelia quanzensis (Chanfuta), Millettia
stuhlmannii (Jambirre), Androstachys johnsonii (Mecrusse), Clorophora excelsa (Tule), Khaya
nyasica (Umbaua) entre outras, que infelizmente não surtiram os resultados desejados, pelo
facto de serem espécies de lento crescimento. Durante o período colonial foram estabelecidas
cerca de 20 mil hectares de plantações florestais com espécies exótica (MINAG, 2006; DNTF,
2009).
Já no período pós-independência nacional as plantações destacaram-se pelo desenvolvimento
com espécies de rápido crescimento para o abastecimento de lenha e carvão às populações dos
três maiores centros urbanos: Maputo, Beira e Nampula e seus arredores, visando reduzir a
pressão que já se começava a sentir sobre a floresta nativa ao redor dos grandes centros urbanos
(MINAG, 2006; DNTF, 2009).
É neste contexto que foram criados no fim da década 70 e início da década 80 os projectos FO-
2 em Marracuene, província de Maputo (região sul do país), FO-4 em Dondo, província de
Sofala (região centro do país), FO-5 na província de Nampula (região Norte do país). Estes
Entre os anos de 1995 à 2005 foram empreendidos esforços, visando atrair o sector privado
para o desenvolvimento do reflorestamento que não surtiram o efeito desejado. A última
metade da década passada (2010), como resultado da campanha de promoção e atracção de
investidores, registou-se iniciativas encorajadoras do sector privado, particularmente na região
centro e norte, para o desenvolvimento de plantações industriais (DNTF, 2009).
A experiencia vivida neste país com espécies para fins de energia lenhosa é do género de
Eucalyptus (Cruz, 1994). Sendo que dentre as espécies conhecidas, introduzidas em
Moçambique a Eucalyptus camaldulensis, é a que amplamente é utilizada em plantações para
fins energéticos e outros usos no sul do país (Sitoe et al., 2003).
Género Eucalyptus
O género Eucalyptus é pertencente a família Myrtaceae, subfamília Leptospermoideae, e conta
com mais de 740 espécies (Rejmánek e David, 2011).
A sua ocorrência natural é restrita ao hemisfério sul, com a única excepção de Eucalyptus
deglupta, que se estende até a 11º de latitude norte em Mindanao, que se prolonga até a latitude
3º S, em Filipinas. Actualmente o Eucalyptus está presente em mais de 90 países, a maioria
deles em zonas tropicais e subtropicais. Hoje em dia, o Eucalyptus se espalha por mais de 22
milhões de hectares em todo o mundo (para o qual mais de 11 milhões de florestas de
Eucalyptus nativas encontram-se na Austrália), representando 12% das plantações florestais do
mundo. Entretanto, estima-se que não mais de 13 milhões de hectares dessas plantações
realmente tenham produtividade de interesse industrial (ENCE, 2009).
O género se encontra em grande variedade de clima e solos, desde as condições áridas (quase
deserto) até em condições de clima frio e húmido. Não existe um género que foi tão largamente
plantado em todo mundo como o Eucalyptus, devido ao facto de apresentarem tamanha
capacidade de adaptação, rápido crescimento e produtividade com diferentes utilidades
(EMBRAPA, 2000).
Eucalyptus camaldulensis
A espécie Eucalyptus camaldulensis Dehnh. tem como sinonimo Eucalyptus rostrata Schltdl.,
e nome vernacular River redgum, Murray redgum, Redgum (En); Eucalyptus rouge, Gommier
rouge (Fr); Eucalipto vermelho (Pt); Mkaratusi (Sw) (Doran e Wongkaew, 1997).
a) Descrição Botânica
A sua altura variar dos 12 metros de altura até altas árvores florestais de 50 metros de altura
(PF OLSEN (AUS) PTY LTD. e OEH, 2011), com casca lisa, branca, cinza, verde-amarelada,
cinza-verde ou cinza rosada; folhas de cinza-azul, alternadas de 8 a 22 cm de comprimento e
1-2 cm de largura, em geral curvadas ou em foice, de ponta curta na base; inflorescência axilar,
solitária; frutos de cápsulas muito pequenas de 5-8 mm, com 4 válvulas contendo pequenas
sementes (Orwa et al. 2009).
Figura 1 - Descrição Botânica: Árvore -1; Ramo florido - 2; Ramo de frutificado – 3; Toretes
– 4 e Plantação – 5. (Doran e Wongkaew, 1997).
Figura 2 - Esboço dos locais na África plantados e naturalizada (Doran e Wongkaew, 1997).
c) Ecologia
De acordo com Orwa et al. (2009), Em condições naturais, ocorre normalmente ao longo dos
cursos de água e nas planícies de inundação. As árvores plantadas crescem sob uma ampla
gama de condições climáticas, de temperado a quente e de húmido a árido, suportando
anualmente uma precipitação até de 150 mm, mas em condições naturais variando de 250-2500
mm por ano.
No entanto, na África a precipitação média anual que confere o melhor crescimento vária entre
700-1200 mm (Staiss, 1999). A sua altitude vária de 0-1500 m, 3-40 °C de temperatura, e cresce
melhor em solos profundos, limpos com base de argila e lençóis freáticos acessíveis, tolera a
inundações, assim como, os solos ácidos (Orwa et al., 2009).
d) Maneio
A propagação geralmente é dada por sementes, mais também por estacas (tem a capacidade de
rebrotação). O peso de 1000 semente é de 0,3-5 g, e para produção de lenha, são utilizados
espaçamentos de até 2 m × 2 m. A aplicação de 100 g de fertilizante NP ou NPK é de 3: 2: 1.
A remoção frequente de ervas daninhas, até 3 vezes por ano, é necessária até o dossel se fechar
3-5 anos após o plantio. O controlo inadequado de ervas daninhas pode levar a uma completa
falha na plantação. Geralmente é cultivada em uma rotação, é possível
obter uma produtividade muito alta em condições favoráveis: IMA de 70 m³/ha de árvores
(registado em 4 anos, com espaçamento de 3 m × 2 m em um local fértil com alta
disponibilidade de água em Israel), no entanto, tais condições raramente são encontradas
(Doran e Wongkaew, 1997).
e) Usos
A Eucalyptus camaldulensis Dehnh. é principalmente usada para lenha, carvão vegetal, postes,
pasta de papel, painéis, pavimentos, travessas ferroviárias, móveis, embalagem, óleo essencial,
fins medicinais, entre outros. Também são muitas vezes plantadas para a obtenção de serviços
como: sombra, como quebra-vento, para ornamentação, como fonte de néctar para produzir
mel de alta qualidade e também é plantada para reabilitar terras salinas, podendo usar água
subterrânea salina (Doran e Wongkaew, 1997).
Tabela 1 - Espécies alternativas que podem ser utilizadas para a produção de carvão no sul do
País (Fonte: WL, 2005; Abiodes, 2009 citado por Martins et al., 2016).
ii. Enchimento das embalagens com uma combinação previamente crivada de argila, areia
e estrume na proporção 1:2:1 respectivamente.
iv. A retirada das plántulas do alfobre para a embalagem (repicagem) é feita após as plantas
apresentarem cerca de quatro folhas.
vi. Período do endurecimento, para conceder as mudas resistência ao sol intenso e a falta
de água quando se encontrarem no local definitivo de plantação. Dentro deste período
as plantas são podadas as raízes de forma a criar um sistema radicular robusto.
vii. Selecção de mudas de boa qualidade para plantio (segundo a forma, tamanho robustez
e estado fitossanitário, normalmente com uma altura variando entre 35-40cm), com
vista alcançar árvores de boa qualidade.
Esta actividade consiste no corte do material lenhoso, capina e queima. Depois da queima
executa-se a demarcação de aceiros e caminhos florestai (Cruz, 1994).
O plantio é uma das operações mais relevante para o sucesso da plantação de povoamentos
florestais. Deve-se na medida do possível ser efectuado com maior cuidado (Ferreira e Silva,
2008).
Época do plantio
É de suma importância evitar a plantação em momentos anteriores a precipitação, neste sentido,
a época de plantio importa concordar geralmente com o período chuvoso, normalmente após a
queda suficiente de chuva, quando a humidade do solo atingir pelo menos 20 cm de
profundidade, para garantia do desenvolvimento radicular antes do período seco e a
sobrevivência (Staiss, 1999).
i. Corte
Segundo Ferreiram (2010), esta actividade é constituída por operações como a de abate,
desrame, traçagem e preparo da madeira para o arraste e empilhamento.
ii. Extracção
A operação de extracção refere-se à movimentação da madeira, desde o local de corte até a
estrada, o carreador ou pátio intermediário. Existem vários sinónimos para esta operação,
muitas vezes dependendo do modo como ela é realizada ou do tipo de equipamento utilizado
(Castro, 2011).
iii. Carregamento-Descarregamento
iv. Transporte
O transporte pode ser compreendido como a actividade que permite a deslocação da madeira
da área do talhão para o pátio das empresas (Ferreiram, 2010).
Para melhor percepção a respeito da produção do carvão vegetal, importa partir inicialmente
da noção deste produto. De acordo com Sardinha (2008) o carvão vegetal:
“É o resíduo sólido resultante da carbonização ou pirólise da madeira sob condições
controladas num espaço fechado, geralmente designado forno. O controlo do forno durante a
carbonização é exercido sobre a entrada de ar, de forma que a madeira não arda completamente
transformando-se em cinza, tal como sucede num fogo convencional, mas sim que se
decomponha quimicamente para formar o carvão”.
Moçambique assim como certos países em via de desenvolvimento apresentam uma extensa
área de cobertura de floresta nativa, contudo ameaçada por factores de grande proeminência
como a elevada procura de madeira no mercado interno, necessidade de satisfazer a demanda
de energia lenhosa (Nhantumbo, 2012 citado por Deus, 2014).
Estimativas apontam um consumo de lenha e carvão de 9,3 milhões de toneladas por ano nas
zonas rurais, e 5,5 milhões de toneladas por ano nas zonas urbanas. De igual modo apontam
que os maiores consumidores da lenha são as populações rurais, porem fundamentalmente o
mesmo ocorre com as populações das zonas urbanas com baixo rendimento e as de rendimento
médio basicamente carvão vegetal. O que permite inferir a tendência é de se usar relativamente
mais carvão vegetal que lenha nas cidades e em zonas rurais, têm a lenha como combustível
exclusivo, para a satisfação das necessidades domésticas em energia (Matsinhe e Soto, 2011).
Ainda continuando com os autores acima, em várias partes das regiões de Moçambique, as
florestas são utilizadas para providenciar lenha e carvão para o consumo familiar, para indústria
de panificação e restaurantes, entre outros.
Conforme o Ministério de Energia (2013), “a maior parte do carvão vegetal consumido no país
é produzida através de métodos tradicionais, caracterizados por rendimentos muito baixos,
apesar da promoção de fornos melhorados”.
Correntemente, os produtores de carvão vegetal usam toda a árvore, e as espécies que são
utilizadas dependem da disponibilidade na região, da qualidade do carvão produzido e a
preferência dos compradores (Matsinhe e Soto, 2011). Onde, o principal tipo vegetal usado
pelas famílias para a produção de carvão são as florestas de Miombo nas regiões centro e norte
e do tipo Mopane na região sul do país (Fernandes, 2014).
Segundo Matsinhe e Soto (2011), o combustível lenhoso é geralmente vendido pelos próprios
produtores nos locais de produção ou a margem da estrada. Estes produtores de carvão, habitam
em áreas remotas, em acampamentos temporários de condições precárias perto dos recursos e
em muitos casos evidência-se uma tendência crescente de produtores de uma região migrarem
de um local para outro, a procura de disponibilidade de recursos, devido a escassez de recursos
nas proximidades das grandes cidades.
Também é afirmado pelos mesmos autores, uma existência tendêncial crescente em contratos
de trabalhadores de outros locais para produtores a tempo inteiro, pagos por terceiros que detêm
as licenças de transporte de carvão. E quanto aos consumidores finais tanto podem adquirir o
produto directamente dos produtores, assim como dos retalhistas.
O preço para o caso de carvão vegetal é bastante variado, sendo elevado na província de
Maputo e com uma tendência decrescente no sentido sul ao norte do País, em termos
comparativos, comummente o preço da lenha é mais baixo relativamente ao preço de carvão
vegetal (ME, 2013). Tendo em Maputo, o maior mercado do País de carvão vegetal (Puná,
2008 citado por Matsinhe e Soto, 2011).
urbanos, devido aos altos custos de transporte que os penalizam na geração da renda (ME,
2013).
Segundo SEBRAE (2011), grade parte dos empreendedores quando decidem investir,
geralmente ficam com medo do negócio proposto não dar certo, não avaliam as possibilidades
de terem sucesso, enxergando apenas as dificuldades que terão à frente, ou ficam ansiosos,
acabando em fazer investimentos sem o controlo de retorno, visando somente ao lucro, porém
esquecendo-se que podem sofrer problemas futuros devido à falta de uma análise (citado por
Rosa et al., 2011).
Por isso, quando se pretende instalar um novo projecto ou uma expansão dum projecto antes
da sua aprovação é imperioso fazer análise de viabilidade económica (financeira)
antecipadamente e o resultado desta análise é obtido através de indicadores de viabilidade
(MXM, 2017).
Consoante Ende e Reisdorfer (2015), para a realização da análise de viabilidade são usados
indicadores de viabilidade, alguns destes indicadores são determinados baseando-se no fluxo
de caixa (cash flow) do projecto.
Muitas vezes os projectos de investimento apresentam um fluxo de caixa típico (fluxo de caixa
convencional), caracterizado pelas seguintes condições e como também é demonstrado pela
figura (Álvares et al., Sd.):
1. Saídas liquidas de caixa que acontecem nos primeiros anos, e as entradas liquidas de
caixa, nos anos subsequentes e
2. O somatório das entradas supera o somatório das saídas.
De acordo com Zunido et al. (2006), ao pretender falar do Valor Actual Líquido, melhor será
primeiramente adquirir uma ideia do que venha ser o conceito de actualização, pois este está
directamente relacionado com a aplicação de capitais num dado momento, com o objectivo de
obter um rendimento futuro.
No entanto, pode-se afirmar que o valor do dinheiro é temporal, dado que o poder de compra
de uma unidade monetária varia ao longo do tempo (Cesar, 2007). Por isso, no cálculo
financeiro tem uma regra em que os agentes económicos preferem a posse do capital no
presente face à alternativa da posse ser no futuro, isto pelo facto da existência de risco nas
operações financeiras no decorrer do tempo. Dai que se pode inferir que uma unidade monetária
no presente não tem o mesmo valor que a mesma unidade monetária num momento futuro, pois
trata-se de bens economicamente diferentes, que não se podem comparar ou adicionar
directamente (Porto Editora, 2017).
Ainda pelo mesmo autor se é dito que a taxa de juro é o que vai permitir proceder à comparação
inter-temporal de capitais, que reflecte o valor do dinheiro no tempo, permitindo por essa via
a comparação entre duas unidades monetárias em períodos do tempo diferentes.
Neste âmbito, a actualização é o método que permite a um determinado agente económico
saber quanto vale hoje um determinado valor futuro.
Neste caso, o VAL indica em valores actualizados no presente momento, o valor que um
determinado projecto pode obter, após pagar o capital investido à devida taxa de juro (Gaspar
et al., 2014). Ou melhor, refere-se a diferença existente entre o valor actual das receitas futuras
e o valor actual das despesas correntes e de investimento (Saraive, 2011).
Em que: i – taxa de desconto (ou actualização); n – período de tempo; FC0 – fluxo de caixa
verificado no momento zero e FCj – valor de entrada ou saída de caixa previsto para cada
intervalo de tempo.
A Taxa interna de Retorno é a taxa de actualização que torna o VAL igual a zero (Gaspar et
al., 2014; Oliveira, 2012; Araújo, 2010), em outras palavras pode se entender a TIR como
sendo a taxa mais alta a que o investidor é capaz de contrair um empréstimo para financiar um
investimento, sem perder dinheiro (Freire, 2011; Rosário, 2014).
Em que: TIR – taxa interna de retorno; FC0 – fluxo de caixa verificado no momento zero; FCn
– fluxo de caixa líquido no período n e n – período considerado 0, 1, 2, … t.
É visto um projecto como viável sob ponto de vista financeiro, projectos que apresentarem uma
TIR de percentagens elevadas que o custo de capital (Ribeiro et al., 2016). Quanto mais elevado
a TIR, o projecto torna-se mais rentável (Saraive, 2011).
Payback
É um indicador utilizado para mostrar o prazo necessário para a recuperação do capital
investido, pode ser simples (sem considerar o valor do dinheiro no tempo) ou descontado
(considerando o valor do dinheiro no tempo) (Bruni et al., 1998).
A análise custo-benefício é uma análise que consiste em comparar todos benefícios e todos
custos de um determinado projecto, que são expressos em unidades monetárias (Miyabukuro,
2014). De seguida agrega os resultados em benefícios líquidos, para tomada de decisão sobre
se o projecto é desejável e vale a pena ser executado (CE, 2006).
Visto que, ao se obter um VAL positivo de um projecto, o impulso é prosseguir com ele.
Todavia na prática a empresa poderá sofrer prejuízo. Em vista disso, antecipadamente a
decisão, é recomendável realizar as análises de sensibilidade e de cenários para apurar o
impacto de diferentes suposições na expectativa dos projectos (Agnol, 2010).
A análise de sensibilidade permite saber em quanto as alterações das variáveis estimadas sobre
o fluxo de caixa afectarão o resultado económico (financeiro) do investimento (Schedler,
2015). Esta análise pode ser feita partindo de uma ou várias variações de uma ou duas variáveis,
originando uma variação no VAL ou na TIR, consoante o alvo da análise (Rosário, 2014). O
objectivo é determinar o impacto que tal variação tem sobre a rentabilidade do investimento,
medida pela TIR e o VAL (Oliveira, 2012).
Não obstante, esta ferramenta não é suficientemente exacta porque as análises são muito
limitadas uma vez que considera apenas variações individuais de variáveis individuais
ignorando a possibilidade de haver correlação entre elas (Neves, 2002 citado por Rosário,
2014).
De acordo com Rosário (2014), a análise de cenários permite avaliar o impacto conjunto das
variáveis críticas partindo da simulação de três cenários, sugeridos por Neves (2002):
Cenário mais provável: este cenário conjuga os valores mais prováveis que as variáveis
críticas podem assumir, permitindo obter o resultado mais provável do projecto.
Segundo Botteon (2009), a utilidade deste método é muito importante em casos de cenários
propostos oferecerem insegurança ao avaliador. Pois, o objectivo desse tipo de análise é
verificar o que acontece com o VPL quando ocorrem cenários alternativos. Dessa forma, pode-
se ter mais segurança quanto à análise realizada (Neves, 2010).
Entretanto, segundo Anacleto (2013), uma das limitações encontradas nesta análise é a
subjectividade envolvida no processo de determinação dos cenários e dos valores instituídos
para as variáveis independentes.
Ao fim se obtém o VAL para a tomada de decisão, a partir da ponderação por probabilidades
de ocorrência aos diferentes valores actuais líquidos (VAL), encontrados com os cenários
propostos (Botteon, 2009).
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Área de estudo
O distrito de Mabalane, situa-se na província de Gaza, e tem como limites ao norte os distritos
de Chicualacuala e Chigubo, ao sul Guijá e Chokwé, ao este Guijá e Chigub e ao oeste
Chicualacuala e Massingire (INE, 2012).
É consenso entre Cruz (1994) e Sitoe et al. (2003), que os preços de produtos energéticos
provenientes de florestas exóticas são mais baixos quando relacionados aos provenientes das
nativas, pois são mais preferidos pelas comunidades. Nesta análise, o preço de carvão aplicado
foi menor em 12,5% (baseado em Sitoe et al., 2003) do preço utilizado a nível dos mercados
acima indicados.
Em particular a exploração florestal, por não se ter conseguido encontrar o seu custo tanto na
literatura nem em consultas, o seu custo foi obtido de forma indirecta, isto é, foi obtida
observando-se a sua porção na produção florestal, que é de 50% (percentagem usada neste
estudo para o cálculo do custo de exploração florestal), em certos casos, mais de 50% do custo
total da madeira que chega a indústria conforme Machado (2006).
Contudo, o termo “exploração florestal” neste estudo apenas abrange as fases de abate e arraste
e não inclui as de carregamento-descarregamento e transporte final da madeira, que em
contrapartida acham-se contidos nos 50% do custo de exploração florestal, a fim de apurar-se
valores mais acurados nas análises, foram utilizados os 50%, do que negligência-los.
Em suma, está disponibilizada uma tabela dos principais custos no ANEXO (última página do
documento).
Haja vista os parágrafos anteriores (do ponto 3.2), os dados foram subdivididos em duas
categorias, a fim de satisfazer o preenchimento do fluxo de caixa (o fundamento para as
análises): primeira categoria constituída por custos (das actividades) e a segunda constituída
por receita (resultante da venda do produto final).
A receita (R) foi obtida através do produto, entre a quantidade de carvão vegetal produzida (Q)
e o preço de carvão vegetal (P). E por conseguinte a receita líquida (Rl) ou lucro resulta da
retirada dos custos (C) do valor arrecadado com a receita, conforme as seguintes equações
matemáticas (Bornatto, 2011):
𝑅 = 𝑃×𝑄 (3)
𝑅𝑙 = 𝑅 − 𝐶 (4)
Salientar que a massa do saco de carvão de E. camaldulensis (que levou ao número total de
sacos a se produzir) obteve-se pela relação existente entre a massa média dos sacos de carvão
de E. camaldulensis e a massa média dos sacos de espécies nativas (vendidos localmente), que
para o mesmo tamanho de saco é de 20kg/30kg (Cruz, 1994), para tal foram mensurados sacos
de espécies nativas (vendidos nos mercados de Xipamanine e Metical) com o auxílio de uma
balança, por conseguinte achou-se o peso ou massa média dos sacos de carvão para a espécie
de Eucalyptus camaldulensis.
Neste estudo foram utilizados como base para cálculos, os seguintes pressupostos:
Tamanho da área: um hectare (1ha);
Espécie de Eucalyptus camaldulensis – espécie apreciada como energética e com
elevado poder calorífico e um potencial já comprovado na região de estudo, com
espaçamento entre mudas de 2,5 x 2,5 metros e com uma produtividade média da
plantação de 155 m3/ha aos 10 anos (Sitoe et al., 2003);
Densidade básica de 0.689 g/cm3 aos 10.5 anos (Sturion et al., 1987);
Eficiência do forno utilizada: 30,2% (forno tipo Rabo-Quente);
Taxa de desconto: 24%1;
Câmbio utilizado (12/04/2018): 1 USD = 60,16 MZN (Banco de Moçambique, 2018);
Preço de carvão vegetal: 18.91 USD (12,5% reduzido do praticado nos mercados).
3.3.1 Elaboração do fluxo de caixa para a floresta de produção de carvão vegetal a ser
implantada no distrito de Mabalane
O fluxo de caixa, foi elaborado de acordo com o apontado no segundo parágrafo (do ponto
3.3), e foi organizada em formato de tabela, contendo colunas dos anos da vida do projecto,
dos custos das actividades (implantação da floresta, manutenção da floresta, exploração
florestal, produção, transporte e comercio do carvão), receitas brutas e líquidas do
empreendimento.
1
Taxa de juros aplicada pelo BCI, neste estudo foi utilizada como o custo do capital referencial para comparação
do dinheiro ao logo do tempo.
De acordo com Ribeiro et al. (2016), o projecto será aceito se o VPL for maior que zero
(positivo), sendo o oposto rejeitado.
A regra para determinar a conveniência de um projecto é que sua TIR seja maior do que a
taxa de desconto, facto este que determina a conveniência da sua execução.
Nesse sentido, a análise de sensibilidade foi feita para verificar o que aconteceria ao lucro
prognosticado com a implementação da floresta para produção de carvão no distrito de
Mabalane, caso houve-se uma variação nos valores esperados da produtividade utilizada na
análise, variações ao preço do produto e também para verificar o efeito da variação na taxa de
desconto.
Para tal foram criadas seis (6) possibilidades: o aumento da produtividade (metros cúbicos da
madeira) em 15% e a redução da produtividade em 15%; o aumento do preço do produto em
20% e a redução da produtividade em 20%, e a diminuição da taxa de desconto em 10% e
aumento da taxa de desconto em 10%. Para cada caso em conformidade com o método
assumiu-se a condição de se manter o resto constante e calculou-se o valor financeiro.
Propôs-se três cenários para avaliação: um optimista, um esperado (a situação original) e outro
pessimista. Estes cenários foram feitos a partir das mesmas variáveis utilizadas na análise de
sensibilidade (o preço do produto, produtividade e a taxa de desconto), e o resultado desta
análise foi a combinação dessas variáveis, com o fim de se ter o lucro que abrange os
imprevistos.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
No presente campo dos resultados e discussão está apresentada a análise financeira (dos
indicadores), principiando-se com o fluxo de caixa. Contudo é de mera importância ressaltar
que estas análises foram realizadas tendo-se como base a utilização dos pressupostos que
antecipadamente foram expostos no capítulo anterior deste trabalho.
4.1 O fluxo de caixa da floresta de produção de carvão vegetal a ser implantada no distrito
de Mabalane
O fluxo de caixa será o ponto de partida pelo qual se baseará este estudo de análise de
viabilidade financeira, pois sobre ele incidirão os indicadores a serem calculados e os custos
aqui apresentados estão em unidades de área correspondente a um hectare.
Como se pode observar da tabela que se segue (tabela 7), estão apresentadas entradas (receita
bruta) e saídas (custos) de caixa no período devida útil do projecto, lado a lado e sua diferença
resulta na quantidade de dinheiro que obtém-se anualmente (receita líquida).
Do mesmo estudo introduzido no último parágrafo, também pode-se perceber que os custos
intermediários (entre estabelecimento e exploração) variavam em torno de uma média de
471,64 USD/ha, no tocante a este enfoque o observado no presente estudo foi o de 175,00
USD/ha, o que pode-se explicar pela intensidade de maneio.
Ora, quanto a entrada líquida, foi observada no último ano um total de 12.241,18 USD/ha, que
se contrasta com a entrada líquida alcançada neste estudo (de 2.662,57 USD/ha), embora ambos
projectos florestais tivessem um fim energético, o produto final pretendido diferem entre-se,
sendo que o projecto em destaque apresentara como produto final a produção de lenha e uma
pequena porção (25%) de estacas e este apenas limita-se em carvão vegetal, este facto mostra-
se como a causa principal da desigualdade nas entradas líquidas, pois produtos mais
trabalhados evidenciam maior aplicação de factores de produção.
Não se esquecendo do custo de exploração florestal, que ocupou a segunda posição em toda
cadeia do projecto (desde a produção florestal até a comercialização da matéria-prima
carbonizada, o carvão vegetal) em 24% e 50% que equivale a primeira posição em toda a cadeia
de produção florestal (desde a implantação da floresta a exploração florestal), o que na
realidade ocuparia uma percentagem menor em ambos casos (podendo até passar a segunda
posição para o caso da cadeia de produção florestal), devido a inclusão de descarregamento-
carregamento e transporte final no custo de exploração florestal que não foram abrangidos neste
projecto. O custo de produção de carvão vegetal foi o maior em toda cadeia do projecto, como
se pode observar de forma simplificada a partir do posterior diagrama.
Colheita Florestal
24% Comércio de
Carvão
9%
Para o mesmo indicador, achou-se uma situação interessante (com o VAL de 1.991,73 USD/ha)
no estudo realizado por Sitoe et al. (2003), isto porque nesse estudo a taxa de desconto aplicada
foi bastante reduzida (de 9,7% ao ano) em comparação a taxa aplicada neste estudo (de 24%
ao ano) e também sob o ponto de vista dos produtos ponderados de 75% de lenha e uma
pequena porção de 25% em estacas ao hectare serem de baixo custo de produção em relação
ao carvão vegetal sugerido neste estudo.
Com base na utilização dos recursos referidos nesta análise, a taxa interna de retorno apurada
foi de 2,29%, o que significa que o investimento só poderá alcançar resultados satisfatórios se
a taxa de pagamento do crédito à investir nesta actividade for menor a 2,29% (algo quase
impossível). Portanto, como a taxa interna de retorno (TIR) encontra-se abaixo da taxa do custo
de oportunidade do capital (de 24% ao ano), o projecto torna-se inviável. Pois conforme Zunido
et al. (2006) a TIR é a taxa mais elevada a que o investidor pode contrair um empréstimo para
financiar um investimento, sem perder dinheiro.
TIR = 2,29%
VAL
USD 600.00
Valor Líquido Actual (VAL)
USD 300.00
USD 0.00
18.00%
23.00%
10.00%
11.00%
12.00%
13.00%
14.00%
15.00%
16.00%
17.00%
19.00%
20.00%
21.00%
22.00%
24.00%
25.00%
0.00%
1.00%
2.00%
3.00%
4.00%
5.00%
6.00%
7.00%
8.00%
9.00%
-USD 300.00
-USD 600.00
-USD 900.00
-USD 1,200.00
Taxa de Desconto
Figura 7 - A TIR, a partir do gráfico do VAL.
A taxa encontrada da TIR (2,29%) é baixa que a encontrada por Cruz (1994), que foi de
13,95%, projecto de especificidades semelhantes a este em estudo, porém o projecto de
investimento em plantações florestais propunha-se na produção de carvão vegetal e lenha,
possuía três rotações consecutivas e um período de vida do projecto mais longo de 14 anos.
Não obstante a sua TIR também revelou o projecto ser inviável, pois o custo de capital usado
era maior (de 46% ao ano). Isto de certa forma mostra uma tendência não sustentável na
aplicação de propostas de investimento orientadas a comercialização do carvão vegetal
proveniente de plantação florestal ao longo do tempo na região sul do País.
Importa ressaltar que o VAL, mesmo na ausência da aplicação do custo de exploração florestal
(equivalido a 50%, como proposto na metodologia), ele mantêm-se negativo (-808,91
USD/ha), isto é, o projecto ainda contínua sendo inviável e a TIR eleva-se à 11,21%.
Um dos grandes factores se não o principal, que torna o projecto financeiramente inviável é
sem sobra de dúvida a eficiência média do forno, advinda do forno melhorado utilizado tipo
Rabo-Quente de 30,2%. Conforme diz Martins (2016)2, essa eficiência muito se eleva a do
forno tradicional de terra (de 13,8%). Equivalendo a dizer que 69,8% de toda madeira utilizada
é perdida durante a carbonização, o processo de transformação da madeira para o carvão
vegetal.
2
Informação citada de Gmünder et al. 2014; Joaquim, 2001, 2002; Joaquim & Brouwer 2009; Kammen & Lew,
2005; KRFI, 2006; Morgan-Brown & Samweli, 2016; Schenkel et al., 1998.
Para esta análise, considerou-se uma variação de 20% no preço do produto (carvão vegetal)
praticado no mercado, 15% na produtividade e 10% na taxa de desconto. Tendo-se obtido os
seguintes resultados:
Como se pode verificar, caso existam flutuações no mercado que conduzam a um aumento de
20% no preço do produto o VAL aumentará em 21.04% (de -1.073,62 USD/ha para -847,77
USD/ha) e a próprio TIR sofre um aumento de 2,29% para 10,20%. Por outro lado, se existirem
reduções de 20% no preço do produto, o VAL reduzira em 21.04% (de -1.073,62 USD/ha para
-1.299,47 USD/ha) e a própria TIR reduzirá de 2,29% para -17,77%.
Apesar da variação do VAL ser igual, tanto no aumento como na redução dos 20% no preço
do produto, a TIR sofre uma maior variação na diminuição do que no aumento, facto similar
observado por Oliveira (2012), no seu estudo de Análise e avaliação de projectos de
investimento aplicado a indústria hoteleira.
Dando continuidade com a análise da tabela anterior, verifica-se que um aumento em 15% na
produtividade leva a um acréscimo do VAL em 9,64% (de -1.025,56 USD/ha para -970,16
USD/ha). Por sua vez, uma redução deste parâmetro em 15% leva a uma diminuição do VAL
na mesma proporção de 9,64% (de -1.073,62 USD/ha para -1.177,08 USD/ha). Em relação a
TIR, o aumento na produtividade em 15% leva a uma variação menos significativa desta taxa
do que a sua diminuição em 15%: de 2,29% para 6,46% e 2,29% para -3,67% respectivamente.
Finalizando a análise da tabela, constata-se que um aumento em 10% da taxa de desconto leva
a um decréscimo do VAL em 1,23% (de -1.073,62 USD/ha para -1.086,85 USD/ha). Por sua
vez, uma redução deste parâmetro em 10% leva a um acréscimo do VAL em 1,97% (de -
1.073,62 USD/ha para -1.052,42 USD/ha). A variação do VAL ocorreu de maneira assimétrica
e a TIR não sofre nenhuma variação (permanecendo em 2,29%) na diminuição como também
no aumento, pois ela não é afectada com a taxa de desconto.
Para todas as flutuações das variáveis críticas, nota-se que os valores actuais líquidos (VAL)
obtidos nesta análise de sensibilidade atingem sempre valores que apontam para a não-
aceitação do projecto, mostrando-se desta forma que o projecto é inviável financeiramente.
A alteração conjunta das três variáveis tem um reflexo maior num cenário optimista, cujo VAL
foi incrementado em 43,11% (de -1.073,62 USD/ha para -610,83 USD/ha), e portanto em um
cenário pessimista há uma menor variação do VAL, reduzindo-o em 20,49% (de -1.073,62
USD/ha para -1.293,61 USD/ha).
5 CONCLUSÃO
Embora o valor líquido do empreendimento ser positivo, constatou-se com o uso dos
indicadores que o empreendimento sob ponto de vista económico não é interessante,
pois o Valor Actual Líquido (VAL) determinado foi negativo, mostrando assim a
inviabilidade do empreendimento de implantação de floresta para a produção de carvão
vegetal no distrito de Mabalane, facto causado fundamentalmente pela eficiência do
forno. Todavia para o alcance do rendimento líquido positivo do empreendimento será
necessário que a taxa de actualização seja inferior a 2,29%, que representa a Taxa
Interna de Retorno (TIR).
6 RECOMENDAÇÃO
Recomenda-se que se façam estudos técnicos que possam possibilitar a redução dos
custos de produção sem se negligenciar o rendimento, isto é, aumento de produtividade
para consecução de VAL positivos. Por exemplo a aplicação do regime de maneio de
talhadia simples;
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https://www.treasy.com.br/blog/taxa-interna-de-retorno-tir/
ANEXO