Aula 00 – Demonstrativa
Sandro Monteiro
https://www.facebook.com/MScSandroMonteiro
SUMÁRIO
Dentro do Estado
•Agências Executivas
•Agências Reguladoras
Fora do Estado
•Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIP)
•Organizações Sociais (OS)
•Contratos de Gestão
•Termos de Parceria
•Conselhos Gestores
•Redes de Políticas Públicas
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BÖRZEL, Tanja. “Qué tienen de especial los policy networks? Explorando el concepto y su
utilidad para el estudio de la gobernación europea”, 1997. Disponível em: http://seneca.uab.es/
antropologia/redes/redes.htm.
Governança
•Conjunto das “condições
financeiras e administrativas
de um governo para Institucionalização; Meio
transformar em realidade as
decisões que toma” (Bresser de ganhar de
Pereira) estabilidade
•“Capacidade técnica,
financeira e gerencial de
implementar transformações”
(Caio Marini)
Relação dentro
Foco é no plano
Intraestatais do próprio
"micro"
Estado
Relacionamentos
Foco é no plano
Interestatais entre Estados
"macro"
distintos
Recursos escassos
Problemas complexos
Múltiplos atores envolvidos
Arenas onde interagem agentes públicos e privados
Exista uma crescente demanda por benefícios e participação cidadão
Pluralidade de atores
Democratizaçao do processo
decisório
Articulação menos
estruturada
Cooperação e Parceria
Redes
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Veremos mais sobre esse termo no nosso curso.
2. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
2.1. (VUNESP TJ-SP Assistente Social Judiciário/2017) Entre os diversos
estudiosos de redes de políticas, é consenso que, diante dos novos desafios
impostos ao Estado, as formas tradicionais de organização estatal
fundamentadas no paradigma burocrático são consideradas insuficientes e
inadequadas para a gestão de suas funções. Embora considerem que a gestão
de redes seja uma grande lacuna nos estudos atuais desse campo, afirmam
ser possível essa forma de gestão. Na busca por um novo paradigma,
consideram como elementos-chave, para a análise e a gestão das redes, os
atores, os recursos, as percepções e
a) as regras.
b) o planejamento.
c) os fluxos.
d) a dinâmica.
e) as situações.
Comentários:
Vimos que estabelecimento de regras formais e informais é um importante instrumento
para a gestão das redes, pois trazem a posição dos atores na rede, a distribuição de
poder, as barreiras para ingresso. Sem regras, teríamos o caos, nenhuma orientação.
As regras trazem o papel de cada um, os limites, as entregas de cada um, inclusive
formas de avaliação e de remuneração. Sem regras não temos Redes de Políticas,
seriam as comunidades mais simples, não verdadeiramente capazes de atingir uma
finalidade maior, isto é, de substituir o Poder Público no provimento de certos serviços.
Gabarito: A
2.2. (VUNESP Prefeitura de São Paulo – SP Auditor Municipal de Controle
Interno / 2015) A análise de redes de políticas públicas, do ponto de vista do
neoinstitucionalismo sociológico, para o qual a variável cultural não é
exógena ao sistema político, deve:
a) considerar contextos relacionais e esquemas cognitivos e morais para processos de
implementação de governança interativa.
b) considerar modelos morais e cognitivos que levam os indivíduos a estabelecer redes
de confiança e cooperação para atingir objetivos úteis.
c) apreender práticas culturais, papéis e relações entre posições dentro de estruturas
políticas locais.
d) compreender particularidades do processo político local em sua dinâmica específica,
considerando a presença de representantes de interesses econômicos, a grande
pluralidade de interesses e a força invariável das elites econômicas.
e) ser qualitativa, visando a negociação concreta em situações de conflito de interesses
e o acordo voluntário de cooperação.
Comentários:
Procuramos o estranho no ninho, ou seja, a errada, a variável cultural endógena.
Falaremos mais sobre o neoinstitucionalismo nas próximas aulas. Em resumo, ele
afirma que as instituições têm papel fundamental na vida social e econômica, e elas
afetam as estratégias e decisões dos indivíduos, bem como os resultados das políticas
públicas. Os problemas, os interesses, as relações, as posições dos atores, os acordos
etc. moldam-se às instituições, são conformados por elas.
Além disso:
Variáveis endógenas: valores cujos comportamentos dependem de fatores
considerados e explicados dentro do modelo.
Variáveis exógenas: valores cujos comportamentos não podem ser explicados pelo
modelo. Em geral, interesses diversos, cultura, a confiança entre pessoas e a
economia não podem ser explicadas dentro dos modelos de gestão, pois são fatores
externos, flexíveis. Condicionam o modelo, assume-se como verdade.
A única assertiva que traz uma característica endógena é a Letra A, quando fala de
“governança interativa”. A governança é construída, é explicada pelo modelo, é que se
quer atingir. Ocorre dentro da Rede, não é fator cultural externo.
Esta foi uma questão média para difícil.
Gabarito: A
2.3. (FGV TCM-SP Agente de Fiscalização – Administração / 2015) Analise o
trecho a seguir:
“Neste novo cenário as redes de políticas públicas se auto-organizam. Trocando em
miúdos, auto-organização quer dizer que as redes são autônomas e autogovernáveis,
elas se desvinculam da liderança governamental, desenvolvem suas próprias políticas e
moldam seus ambientes” R. A. W. Rhodes (1997:52)
O autor está abordando a transição de um modelo de gestão das políticas públicas para
aquele centrado no conceito de:
a) Gerencialismo;
b) Accountability;
c) Responsabilização;
d) Privatização;
e) Governança.
Comentários:
A assertiva fala claramente da estrutura de organização das Redes.
A estrutura relaciona-se com a gestão e coordenação. Somente a Letra A) e E) tratam
de modelos de gestão, as demais devem ser descartadas. Porém, o Gerencialismo é
uma abordagem metodológica da Ciência da Administração Pública, uma verdadeira
escola do pensamento da gestão pública – algo bem mais amplo. A afirmação de
Rhodes, na assertiva, é mais direcionada ao microcosmo das redes, não da gestão
pública como um todo. Além disso, a assertiva alinha-se com o conceito de Governança
que vimos nesta aula.
Gabarito: E
2.4. (ESAF – ENAP – ANALISTA - 2006) Assinale a opção que exprime
corretamente características de uma estrutura organizacional em rede.
Gabarito: C
2.5. (ESAF – MPOG – EPPGG - 2009) Comportando a interação de estruturas
descentralizadas e modalidades inovadoras de parcerias entre estatais e
organizações sociais ou empresariais, a abordagem de redes de políticas
públicas se constitui em uma recente tendência da administração pública em
nosso país. Sua proliferação, porém, acarreta vantagens e desvantagens à sua
gestão. Como desvantagem, podemos citar o fato de que as redes:
a) propiciam o desenvolvimento de uma gestão adaptativa.
b) garantem a presença pública sem a necessidade de criação ou aumento de uma
estrutura burocrática.
c) possibilitam a definição de prioridades de uma maneira mais democrática.
d) dificultam a prestação de contas dos recursos públicos envolvidos, por envolver
numerosos atores governamentais e privados.
e) garantem a diversidade de opiniões sobre o problema em questão, por envolverem
mais atores.
Comentários:
Esta questão abordou as vantagens e desvantagens das redes de políticas públicas
apresentadas pela Sonia Teixeira.
De acordo com a autora, as redes trazem os seguintes benefícios:
“Dada a pluralidade de atores envolvidos nas redes é possível a maior
mobilização de recursos e garante-se a diversidade de opiniões sobre o
problema;
Devido à capilaridade apresentada pelas redes, a definição de prioridades é feita
de forma mais democrática, envolvendo organizações de pequeno porte e mais
próximas dos da origem dos problemas;
Por envolver, conjuntamente, governo e organizações não-governamentais,
pode-se criar uma presença pública sem criar uma estrutura burocrática;
Devido à flexibilidade inerente à dinâmica das redes elas seriam mais aptas a
desenvolver uma gestão adaptativa que está conectada a uma realidade social
volátil, tendo que articular as ações de planejamento, execução,
retroalimentação e redesenho, adotando o monitoramento como instrumento de
gestão, e não de controle (1997).
Por serem estruturas horizontalizadas em que os participantes preservam sua
autonomia, os objetivos e estratégias estabelecidos pela rede são fruto dos
consensos obtidos através de processos de negociação entre seus participantes,
o que geraria maior compromisso e responsabilidade destes com as metas
compartilhadas e maior sustentabilidade.“
Vejam que quase todas as alternativas descrevem pontos positivos das redes de
políticas públicas. A única alternativa que nos apresenta um problema é a letra D. Com
a presença de diversos atores e sem existir um comando central, a prestação de contas
se vê dificultada.
Gabarito: D
2.6. (ESAF – ANA – ANALISTA - 2009) Como instrumento gerencial
contemporâneo, é correto afirmar sobre os mecanismos de rede:
e) preconiza a existência de uma gerência social adaptativa para elevar a eficácia das
políticas públicas que lidam com problemas de grande complexidade em contextos
de instabilidade institucional e turbulência política.
Comentários:
Esta questão foi baseada no texto de Sonia Teixeira.
A letra A está incorreta, pois a gestão de redes públicas é mais complexa do que a
atuação tradicional. Existem diversos atores diferentes atuando e o gestor não tem
poder de comando ou hierárquico sobre eles. Deste modo, não é mais facilmente
gerenciável, pelo contrário.
Do mesmo modo, a letra B também está errada. De acordo com a autora,
“Os critérios para participação na rede não são explícitos e universais e podem
provocar marginalização de grupos, instituições, pessoas e mesmo regiões,
podendo deixar a política apenas nas mãos de uma elite.”
A letra C também está errada. Como as responsabilidades são compartilhadas e
diluídas (não fica claro quem é responsável por o quê), muitas metas não são
cumpridas. De acordo com Teixeira,
“as metas compartilhadas não garantem a eficácia no cumprimento dos
objetivos já que as responsabilidades são muito diluídas”
A letra D é tranquila. Naturalmente, estas organizações são ainda recentes e não
existem muitos estudos empíricos sobre elas. Estes instrumentos de coordenação ainda
estão sendo desenvolvidos. A alternativa é incorreta.
Finalmente, a letra E está correta. De acordo com Teixeira,
“É necessário a introdução de uma gerência social adaptativa para tornar
eficazes políticas que enfrentam problemas de elevada complexidade e que se
desenvolvem em contexto de alta turbulência política e instabilidade
institucional. “
Assim sendo, o gabarito da questão é mesmo a letra E.
Gabarito: E
Comentários:
A - Errado. Podem sim ser utilizadas como ferramentas de análise sobre as relações
entre os atores que interagem num determinado setor das Políticas Públicas.
B - Certo. São metáforas, uma figura de linguagem (não existem redes, existem
relações de pessoas e entidades), buscando semelhança de algo abstrato com algo
concreto.
C - Errado. Estão diretamente ligadas à soberania nacional, ou seja, há participação
popular e que as Políticas Públicas estão vinculadas a acordos internacionais. Por
exemplo: acordos climáticos, no combate dos trafico de drogas, armas nucleares etc.
D - Errado. Podem e são considerados como alternativas ao modelo hierárquico de
mercado. São cada vez mais considerados.
E - Errado. São um conjunto de relações consideradas instáveis, de natureza horizontal
e dependentes.
Veja mais em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5114/1/2008_CeciliaMDeSEscobar.pdf
Gabarito: B
3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
3.1 (TJ-PR TJ-PR Analista Judiciário - Serviço Social / 2017) A intervenção em
rede nas políticas sociais exige a interação, a cooperação, a interconexão, o
engajamento e a articulação público/privado. Favorece a eficiência, a eficácia
e a efetividade no alcance de objetivos, a utilização de recursos e a geração
de impactos nos resultados projetados. Sobre o tema, analise as afirmações a
seguir e marque a INCORRETA.
a) A atuação em rede significa a existência de uma gama de instituições públicas e
privadas que, pela variedade de recursos disponíveis, garante o atendimento de
necessidades sociais e a redução da desigualdade social.
b) A atuação em rede é um mecanismo de legitimação de uma nova modalidade de
proteção social que emerge e se desenvolve com o avanço das reformas neoliberais, o
pluralismo de bem-estar social em substituição ao Estado de Bem-Estar Social.
c) A atuação em rede divide a responsabilidade pelo bem-estar social entre três
setores: o mercado, para os que podem pagar pelos serviços; as organizações não
governamentais, família e comunidade; e o Estado, com intervenção focalizada nos
mais pobres.
d) É uma modalidade de intervenção social que envolve o mix público/privado e tem
por fundamento uma nova visão de Estado, não mais como gestor, administrador e
executor dos serviços; ao contrário, parte de uma visão liberal do Estado como
normatizador, regulador e coordenador de uma rede de serviços executada e ofertada
pela sociedade.
e) Trata-se de um ataque ao Estado Social intervencionista com políticas
universalistas, redistributivistas e garantidoras de direitos de cidadania; lógica essa
que desresponsabiliza o Estado pelo atendimento das refrações da questão social,
constituindo um processo de reprivatização desse atendimento.