SUPERIOR RHEMA
PROFETAS MENORES
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2008
Indice
Indice.........................................................................................................................................2
Introdução ao Profetismo..................................................................................................................5
COMPREENDENDO A TERMINOLOGIA............................................................................5
Capitulo 1..........................................................................................................................................7
Joel ,Amós e Obadias............................................................................................................7
JOEL..........................................................................................................................................7
O Profeta e a Sua Época................................................................................................................7
A Ocasião da Profecia...................................................................................................................7
O Tema da Profecia.......................................................................................................................7
Os versículos chaves......................................................................................................................7
A Estrutura do Livro......................................................................................................................7
O esboço do seu conteúdo.........................................................................................................8
O PROFETA AMÓS..................................................................................................................9
O Homem......................................................................................................................................9
O Livro........................................................................................................................................10
O PROFETA OBADIAS.........................................................................................................12
O Homem....................................................................................................................................12
O Livro........................................................................................................................................13
Aspectos do Texto........................................................................................................................15
A Natureza Literária do Livro.....................................................................................................16
A Sua Relevância.........................................................................................................................16
Capítulo 2........................................................................................................................................17
Oséias, Jonas e Miquéias.....................................................................................................17
OSÉIAS...................................................................................................................................17
O Homem e o Local do seu Ministério Profético........................................................................17
O Tempo do seu Ministério.........................................................................................................18
A Vida Familiar de Oséias...........................................................................................................19
O Tema do Livro é o Imutável Amor Redentor de Deus.............................................................19
O Livro de Oséias........................................................................................................................20
JONAS.....................................................................................................................................21
O Homem....................................................................................................................................21
O Livro........................................................................................................................................22
MIQUÉIAS..............................................................................................................................25
O Homem e o Local do seu Ministério.......................................................................................25
A Época do Seu Ministério..........................................................................................................25
O Livro........................................................................................................................................27
A Mensagem do Profeta..............................................................................................................28
Capítulo 3........................................................................................................................................29
Naum, Habacuque e Sofonias..............................................................................................29
NAUM.....................................................................................................................................29
Nome...........................................................................................................................................29
HABACUQUE........................................................................................................................31
Quem era Habacuque?.................................................................................................................31
1. Opressão e violência................................................................................................................32
2. Não há a quem recorrer............................................................................................................32
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Introdução ao Profetismo
COMPREENDENDO A TERMINOLOGIA
Compreender o significado das palavras é base fundamental para que o
processo de ensino-aprendizagem se realize. Nesta etapa da pesquisa
empreenderemos esforços neste sentido e por isso o desafio a não depender
somente das informações esboçadas aqui. Busque uma ampliação de seus
conhecimentos e lembre-se o aprendizado está disponível e as fontes primárias ou
não são diversas.
Profeta = aquele que não fala a sua própria mensagem, ele age
conscientemente, tem liberdade dentro de certos limites de apresentar a mensagem
conforme lhe convém. "O profeta é para Deus o que Arão era para Moisés, quer
dizer, o seu porta-voz ou mensageiro aos terceiros"(1).
Navi = é a palavra hebraica mais usada para designar a pessoa do profeta ou
sua função e significa profetizar, chamar ou proclamar(ativo). Ser profeta e ser
chamado para proclamar(passivo). É bom lembrar que várias figuras na história de
Israel receberam o título de navi como por exemplo: Abraão(Gn 20.7); Moisés(Dt
34.10) e Arão(Ex 7.1).
Roeh = vidente. O profeta é também conhecido como aquele que vê aquilo que
outras pessoas não vêem. Em 1 Samuel 9.9 encontra-se um auxílio para que seja
feita uma distinção entre Navi e Roeh ou Rozeh. " O vidente tem a capacidade de
revelar segredos ocultos e eventos futuros. No caso dele, ressaltam-se as visões, ao
passo que no caso do profeta, enfatizam-se as palavras(Isaías 30:10)(2).
Isha Elohim = "homem de Deus". Este título expressa a estreita associação da
pessoa com Deus. Esta "estreita relação dos profetas com Deus é expressa
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igualmente pelo nome ‘homem de Deus’, que quase só aparece nas narrativas sobre
Samuel, Elias e Eliseu( ver I Samuel 2:27; 9:6; II Reis 17:18; 4:9)"(3).
Podemos resumir esta etapa usando as palavras de Brown: "O profeta do
Antigo Testamento é um proclamador da Palavra, a quem Deus vocacionou para
advertir, para exortar, para consolar, para ensinar e para aconselhar; tendo
vinculações exclusivamente com Deus, desfrutando, portanto, de uma liberdade que
não tem igual"(4).
Profecia = Qual é o significado ou a definição de profecia? Tem se dado pelo
menos três significados ou definições como por exemplo:
a) Um tipo de literatura ou estilo literário encontrado na Bíblia. No caso, do
Antigo Testamento é a segunda parte do Cânon hebraico. Quatro profetas maiores e
os doze profetas menores escritos no Israel antigo entre 760 e 460 antes de Cristo,
contém uma vasta coletânea de mensagens de Deus(5). Os termos menores e
maiores relacionam-se com o tamanho dos escritos e não com a sua importância.
Este tipo de literatura deve ser lido com entendimento e na opinião do autor citado
anteriormente a grande dificuldade dos leitores da profecia é compreender
corretamente a função e a forma da profecia(6). Na visão deste autor indicado três
coisas devem ser destacadas: 1) Os profetas eram mediadores para fazer cumprir a
aliança. 2) A mensagem dos profetas não era deles, mas, sim, de Deus. 3) A
mensagem do profeta não é original.
b) Uma maneira de compreender a história. As vezes o profeta volta ao
passado para tirar alguma lição, para comprovar alguma situação no
presente(insigth), a capacidade de ver, analisar, expor(capacidade tanto no passado
como no presente e futuro).
c) Um movimento histórico. As nossas experiências proféticas vêm como uma
orientação do Espírito Santo para da Bíblia tirar as mensagens para os nossos dias.
Escolas de Profetas = Esta é uma nomenclatura usada para distinguir os
nevi’im que surgiram antes dos profetas escritores. Estas formas anteriores de
profetas se acham no Antigo Testamento e são pelo menos três grupos distintos(7):
a) Grupos Extáticos - estes nevi’im andavam livremente pelo país afora, eram
músicos que buscavam no êxtase um estado de transe para assim proferirem suas
mensagens. Observa-se nesta categoria a presença de Saul(I Sm 10: 5), dos
profetas de Baal(I Reis 18:19-40). Segundo o Dr. Harbin à luz de I Samuel 9:9
"parecem ter sido grupos religioso-patriotas de moços os quais Samuel procurasse
transformar numa força religioso-moral, purificadora e unificadora em relação às
tribos ferozmente independentes de Israel, as quais eram ameaçadas pelas práticas
religiosas pagãs e pelos filisteus(Jz 2:16-17; I Sm 9:16; 7:3; 10:11) (8).
b) Grupos Monásticos - é uma outra forma primitiva que se formava em
derredor duma figura de destaque(Eliseu, Elias) a quem chamavam de mestre ou
pai, a cujos pés assentavam e aprendiam, e com quem moravam em habitações
comunitárias(II Rs 2:1).
c) Profetas Rituais - os profetas rituais tinham seu lugar lado a lado com o
sacerdote no culto e influenciavam também a corte real.
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Capitulo 1
JOEL
O Profeta e a Sua Época.
O seu nome significa "Iah é Deus", quer dizer que é uma abreviação de "Iaweh
é Deus". Nada se sabe do homem senão o que está no seu livro. O único fato dado é
que era filho de um certo Petuel. Ele morava em Jerusalém ou em suas
imediações(3.1-2; 2.9,15; 1.14; 1.6,10,18). É possível que fosse um
sacerdote(1.9,13,14; 2.12,16,17; 3.17,21). Não há indicações definitivas quanto à
data do seu ministério. Os estudiosos atuais do AT, na sua maioria, indicam uma
data pós-exílica(430-400 a.C.). O livro não menciona os assírios e os babilônios,
nem os reis de Judá, nem o Reino do Norte.
A palavra "Israel" no livro refere-se a Judá. Os sacerdotes são os líderes do
único santuário em Jerusalém. O livro ressalta os aspectos exteriores da religião
como, por exemplo, nos livros pós-exílicos de Esdras, Neemias, e Ageu. A doutrina
do Dia do Senhor se encontra bem desenvolvida em comparação aos livros de datas
anteriores como, por exemplo, Amós, Oséias, Obadias e Sofonias. Joel 3.1-5 parece
indicar que o exílio babilônico já tinha terminado. Estudiosos antigos geralmente
apontavam para à época do menino rei Joás quando o sumo sacerdote Joiada dirigia
a nação(835-800 a.C.), cf. 2 Reis 11.4-21; 12.1-21.
A Ocasião da Profecia.
A maior praga devastadora de gafanhotos da história do povo(1.4,6; 2.3). Foi
acompanhada por uma seca severa(1.12,17,19,20). Tudo isso foi um luminoso sinal
da aproximação do Dia do Senhor(1.15; 2.1-2).
O Tema da Profecia.
Chamada ao arrependimento(2.12-13), isto porque o Dia do Senhor está
perto(1.15).
Os versículos chaves.
"Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor
vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e
grande em benignidade, e se arrepende do mal"(2.13). "E acontecerá depois que
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões"(2.28). "E
acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no
monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como o Senhor
prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar"(2.32).
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A Estrutura do Livro.
1) O livro divide-se naturalmente em duas secções maiores.
a) Em 1.1-2.17 o profeta fala a mensagem ao povo de Deus.
b) Em 2.18-3.21 ele apresenta Deus como falando.
O PROFETA AMÓS
O Homem
O seu nome significa "carregador(de um peso)" ou "sustentado", sendo forma
abreviada de Amazias(2 Crônicas 17.16). Deve ser distinguido de Amoz, pai de
Isaías(Isaías 1.1), pois a soletragem no original é diferente. O primeiro sentido
possível do nome caberia bem com o ministério exercido. Ele era pregador de
mensagens "pesadas", não havendo ênfase no livro sobre ele sendo sustentado por
Iaweh em meio dos contratempos sofridos. Foi cidadão de Judá(reino do Sul),
morando na aldeia de tendas de pastores chamada Tecoa(1.1 e 7.12). Tecoa ficava
uns 19 quilômetros ao sudeste de Jerusalém. Era um lugar deserto, no sentido de
lugar sertanejo, fechado por altos montes exceto pelo leste, onde havia uma descida
de uns 30 quilômetros ao Mar Morto. A aldeia ficava uns 35 quilômetros de Betel e
uns 78 quilômetros de Samaria, as duas cidades principais do reino do Norte.
Engajava-se na criação de naqad (termo árabe congnato a raiz da palavra
hebraica noqed traduzida "pastor" em 1.1), uma classe de ovelhas pequenas
estimadas pela sua lã abundante e excelente. Também, era cultivador(literalmente
"pungidor") de sicômoros(7.1), cujo fruto é parecido ao figo, porém comestível
somente depois de ser pungido antes de amadurecer na árvore. Tais árvores não
crescem à altitude de Tecoa, alguns 900 metros, e, sim, em lugares abaixo de 400
metros. Amós teria, portanto, as cultivado talvez na região semi-deserta que descia
à planície marítima ao oeste ou na região ao leste que descia ao Mar Morto.
O seu ministério deu início na base de uma chamada clara da parte de Iaweh
que veio-lhe ao prosseguir a sua vida descrita acima em 1.3. As palavras traduzidas
"boieiro" e "gado" nos versos 14 e 15 do relato desta chamada(7.14-17) são
capazes de levar o sentido referido em 1.3, de um pastor de naqad. É bem provável
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que, ao levar a lã e os sicômoros aos mercados em Betel(e possivelmente em
Samaria, embora não haja certeza de que ele visitava Samaria) e levar em conta as
grosseiras iniquidades e injustiças praticadas lá, surgisse a sua chamada no coração
ao mesmo tempo que sentia constrangimento para contrariar o mal na vida do povo.
Amós certificou-se que não tinha sido profeta profissional nem membro de uma
associação de profetas: "Eu não profeta(navi), nem filho de profeta(os verbos no
hebraico têm de ser inseridos porque são subentendidos no texto original), mas
pastor, e cultivador de sicômoros. Mas Iaweh me tirou após o naqad, e Iaweh me
disse: Vai, profetiza contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque(Judá)"(7.14-
16).
O seu ministério registrado no livro se dava somente no reino do
Norte(1.1;7.16), principalmente em Betel(7.13), e possivelmente em Samaria(4.1 e
6.1). É possível que posteriormente tenha pregado em Jerusalém(6.1; 3.1; 2.4-5),
porém disto não se tem certeza. O que é certo é que as suas mensagens foram
escritas e preservadas em Judá(1.1). O tempo de sua atividade registrada no livro
foi durante o reinado de Uzias sobre Judá e o reinado de Jeroboão II sobre Israel,
"dois anos antes do terremoto"(1.1). Ao compararmos Amós 6.14 e 2 Reis 14.25 é
possível chegar à conclusão de que ministrava depois das vitórias de Jeroboão e nos
dias quando a prosperidade do reinado dele tinha se transformado em injustiça
social grave. Não se sabe exatamente quando se deu o terremoto, mas, inferindo de
Zacarias 14.5 e Amós 5.8 e 8.9, parece que foi ele que expandiu "o vale dos
montes" e que foi acompanhado de um eclipse total do sol. Tal eclipse houve no dia
15 de Junho de 763 a.C. Todos esses fatos concordam com a data nos anos de 765-
760 a.C. para a sua chamada e subsequente ministério. A sua atividade profética
não teria se prolongado além da morte de Jeroboão II(7.7-11). Portanto, a maioria
prefere dizer que o seu ministério ocorreu em cerca de 760 a.C.
Ele foi um homem dos campos, acostumado com a solidão das montanhas e do
deserto, experimentado na vida simples e nos riscos ligados ao cuidado das ovelhas,
conhecedor de Iaweh, da lei mosaica, da história tanto do seu povo como dos outros
do crescente fértil, das constelações das estrelas, e do hebraico clássico e de estilo
elevado. As suas mensagens estão cheias de figuras e alusões tiradas do seu meio
ambiente: por exemplo, ao anunciar o juízo divino de castigo sobre as nações e
Israel, ele apresenta Iaweh sob a figura de um leão bramando ao começar a caçar a
sua presa(1.2), e descreve a sorte dos pecadores no dia de Iaweh como semelhante
a um homem que, ao fugir do leão, encontra-se com o urso, ou se refugiando numa
casa e encostando a mão à parede é mordido por uma cobra(5.19). Ele tinha
verificado tanto a indiferença e a injustiça ativa dos ricos líderes para com os seus
pobres irmãos israelitas até que cada vez que via um palácio bufava(1.7,10,12,14;
2.2,5; 3.9,11,15). Era homem de Deus que, por conhecer a Deus tão bem e fazer
parte da vida simples, via tudo em preto e branco, nunca em cinza.
O Livro
Mostra-se como sendo composto com bom estilo e arranjo lógico. De um modo
geral é fácil detectar as unidades das quais se compõe. É principalmente composto
de sermões ou pregações de Amós, contendo uma só secção de narrativa
biográfica(7.10-17) que mostra o resultado climático da sua pregação em Betel. Os
capítulos 1-6 contêm quatro pregações do profeta, enquanto os capítulos 7-9 se
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compõem de uma série de cinco visões dadas a ele por Iaweh, cada uma levando
um interlúdio de aplicação a Israel.
O tema das mensagens do livro é justiça social, sendo 5.24 o versículo chave. É
justiça social fundamentada no caráter e na lei de Iaweh(3.1-3; 5.4-8,10-12, 15;
7.7-9). O resumo das ênfases principais pode ser o seguinte: A busca de Iaweh, o
Deus vivo da história deste povo(5.4-9; 2.9-13) e a prática da Sua justiça(5.18-27)
constam do único meio para preservar a nação(5.4,6,14; 5.27; 3.11; 5.12,15; 9.1-
4). Outros ensinos importantes do livro:
I - A responsabilidade moral dos povos sem a Lei de Deus.
a) O sermão de 1.3-2.2.
b) Os povos condenados por práticas cruéis e desumanas contra o povo de
Deus e contra os outros.
c) Implica-se numa elementar consciência universal iluminada de princípios
rudimentares dos padrões divinos de retidão e justiça.
d) Todos os homens são responsáveis a Iaweh perante a luz que têm; a
responsabilidade de Israel e Judá é maior do que aquela dos vizinhos pagãos(3.1-2).
II - O Senhorio universal de Iaweh.
a) Implica-se no ponto acima.
b) Visto no Êxodo e na posse da terra(2.10).
c) Indicado pelo título dele em tais trechos como 3.7: "Iaweh Adonai", quer
dizer, Senhor Iaweh.
d) Exercido por intervenções no ramo da natureza(4.6-10,13; 5.8) e no da
história(4.11; 7.9; 5.9; 9.7-8; cf. 3.11; 6.14).
III - O Juiz divino é Redentor(9.9-15).
IV - Religião ritual sem conhecimento de Deus, moralidade, e justiça social é
inaceitável a Deus(5.21-24).
a) De fato, é transgressão(literalmente rebelião; 4.4).
b) Religião aceitável a Deus não deve se basear simplesmente no gosto
religioso dos homens(4.5).
V - O pecado proposital e obstinado é rebelião contra Deus: a palavra usada
repetidas vezes por Amós é peshá = rebelião.
VI - Crueldade desumana, injustiça social, opressão e violência praticadas
contra o pobre e o próximo constam de rebelião contra o próprio Deus, perante os
olhos divinos.
VII - O perigo da riqueza e da cobiça(8.4-6).
VIII - O perigo da bebida forte(4.1-2).
IX - O pecado leva os seus efeitos desastrosos(3.10-12).
X - Deus não quer profetas meramente profissionais(7.14-15).
XI - É necessário convicção, integridade, fé e coragem para exercer o ministério
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profético.
XII - O profeta enfrenta oposição por parte dos malfeitores, injustos, e
religiosos tradicionais.
XIII - Deus está cumprindo o Seu plano para o Seu povo verdadeiro(9.9-12).
4) O esboço do seu conteúdo:
Introdução Editorial(1.1).
I - Os pecados característicos de Israel e das nações vizinhas(1.2-2.16).
a) O lema do profeta(1.2)
b) Pecados dos pagãos: atrocidades contra a humanidade; rebelião contra a
consciência elementar humana universal(1.3-2.3).
1) Damasco dos Sírios: crueldade em guerra(1.3-5).
2) Gaza dos Filisteus: tráfico de escravos(1.6-8).
3) Tiro dos Fenícios: transgressão do pacto(1.9-10).
4) Edom de Esaú: ira imoderada(1.11-12).
5) Amom de Ló: desinteresse para com os desamparados e ganância(1.13-15).
6) Moabe de Ló: profanação de sentimentos humanos(2.1-3).
c) Pecados de Judá: rebelião contra a lei de Deus(2.4-5).
d) Pecados de Israel: rebelião contra o amor redentivo de Deus(2.9-12).
1) Rebeliões características de Israel(2.6-8): Nos tribunais(2.6). Na vida
diária(2.7 a). Nos cultos(2.7b-8).
2) Essas rebeliões vistas em face da providência de Deus(2.9-12): Em
eventos(2.9-10). Em pessoas(2.11-12).
3) A resposta de Deus(2.13-16).
II - Os pecados e a destruição de Israel: três discursos descritivos(3.1-6.14) -
cada um introduzido pela chamada "ouvi esta palavra"(3.1; 4.1; 5.1).
a) Destruição da civilização de Israel(3.1-4.3).
b) Destruição da religião falsa de Israel(4.4-5.27).
c) Destruição da confiança política falsa de Israel(6.1-14).
III - A palavra progressiva de Deus contra Israel: cinco visões com
interlúdios( 7.1-9.15).
a) Os castigos naturais não produtivos(7.1-6).
b) A certeza da destruição nacional(7.7-17).
c) A iminência da calamidade nacional(8.1-14).
d) A natureza decisiva do Juízo(9.1-10).
e) A restauração do reino davídico(9.11-15).
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O PROFETA OBADIAS
O Homem.
Pouco se sabe a respeito de Obadias. O seu nome significa "Servo de Iaweh",
mas não traz sentido especial em relação à mensagem do livro. Que ele foi
considerado profeta genuíno de Iaweh pelos editores judaicos que colecionaram e
escolheram os livros proféticos para incluir no rolo dos doze é evidente pelo fato da
sua inclusão. É também indicado pela descrição editorial com que inicia-se o livro:
"Visão de Obadias", sendo que esta fórmula se encontra também em Isaías 1.1 e
Naum 1.1 e tem a sua explicação em Números 12.6: "se entre vós houver profeta,
eu, Iaweh, a ele me farei conhecer em visão, em sonhos falarei com ele".
Que ele foi estimado pelo povo fiel, especialmente pelos profetas, se infere do
fato de que existem paralelos entre a sua mensagem e aquelas de Jeremias(49.7-
22), Joel, Isaías(34; 63.1-6), Ezequiel(25.12-14; 35), Amós(1.11-12), e
Malaquias(1.2-5). Parece que foi cidadão de Jerusalém, pois teria experimentado
uma das suas calamidades principais(v.13) quando estrangeiros invadiram-na(v.11)
e a arruinaram, e desterraram cativos(v.12). Ele mostra conhecimentos geográficos
de Jerusalém("pelas portas"[v.11]; "nas encruzilhadas"[v.14]; "no monte
Sião"[v.17]; do Neguebe[a região sul de Judá olhando para o Monte Sinai]; do
Sefalá[a planície entre a região montanhosa de Jerusalém e o litoral filisteu]; dos
campos de Efraim e Samaria; de Gileade[na transjordânia central v.19]; e de
Edom[v. 3,4,9 e 19]; além de outras regiões mais além[v.20]. Parece que o profeta
tem a perspectiva de quem fala destes lugares da sua moradia em Jerusalém.
O Livro.
Faz parte do rolo dos doze no cânon hebraico e dos profetas menores no cânon
cristão. É o menor de todos os livros do Antigo Testamento, contando somente de
21 versículos. O seu tema é: A destruição de Edom(v. 18: "Ninguém mais restará da
casa de Esaú"). Pelo profeta Deus condena o povo de Edom por causa da violência
feita a Judá no dia da sua calamidade. Edom será totalmente destruído, enquanto
que o restante de Judá será salvo, no dia de Iaweh. Os paralelos existentes entre
este livro e Jeremias 49.7-22 tanto quanto Joel levantam a questão da relação de
Obadias com os dois. Alguns estudiosos acham que Obadias é original, enquanto o
trecho de Jeremias é secundário, quer dizer, depende de Obadias ou ambos
dependem de uma fonte mais antiga e desconhecida(13). É razoável pensar em
Obadias como a fonte original na qual Jeremias se baseou uma vez que o livro de
Obadias foi incluído no cânon como livro separado mesmo que quase todo o seu
conteúdo exista no trecho indicado de Jeremias(um profeta de renome comparado a
Obadias). Os paralelos em Joel, por outro lado, não são tão nítidos e parecem mais
indiretos. A tese mais razoável parece ser que Obadias seja a fonte destes também.
Joel tanto quanto Jeremias teriam, tido Obadias como livro dos seus estudos, como
no caso de Jeremias que tinha conhecimento da mensagem de Oséias. LaSor,
Hubbard e Bush (14) proporcionam o seguinte diagrama dos paralelos:
v. 1 v. 14 v. 10 3.19
14
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v. 2 v. 15 v. 11 3.3
v. 3a v. 16a v. 15 3.4,7
1.5 ; 2.1 ;
v. 4 v. 16b v. 15 3.14
v. 6 v. 9 v. 17 2.32
v. 6 v. 10a v. 17 3.17
v. 8 v. 7 v. 18 3.18,19
Aspectos do Texto.
"A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas do
penhasco, na tua alta morada, que dizes no teu coração: Quem me derrubará em
terra?"(v.3). os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão gêmeo de Jacó, e o
primogênito(Gênesis 25.24-26), de quem Jacó conseguiu tirar o direito de
primogenitura(Gênesis 25.30-34; 27.30-36), partiu da terra de Canaã para
estabelecer-se no monte Seir, ao sudeste do Mar Morto, numa terra montanhosa
chamada Edom("região vermelha"; Gênesis 36.1,6,8,11,31,43). O seu território
ficou ao sul de Moabe e se estendeu ao sul para o Golfo de Áqaba. Foi uma região
rica em cobre e ferro cujas fronteiras todas foram protegidas por uma série de
fortalezas. A altitude de Edom varia entre 1500 a 1600 metros acima do nível do
mar ao norte e entre 1600 a 1735 metros ao sul. Bozra era uma das suas principais
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cidades-fortalezas no norte, enquanto Temã era a principal no sul(cf. Amós 1.12),
ficando ao leste de Petra(ou "penhasco" no verso 3). Obadias parece fazer referência
principalmente a Petra(v.3) e Temã(v.9). No caso de Petra, os edomitas moravam
na montanha ao redor das fortalezas esculpidas na rocha viva. Havia uma única
entrada, chanfrada na montanha, que terminava numa garganta que permitia a
passagem de somente dois cavalos lado a lado. Assim, o povo pensava estar seguro
em sua "alta morada"(v.3).
"Os seus tesouros ocultos"(v.6) constavam das grandes riquezas procedentes
de minas de cobre e ferro, mais os lucros de comércio realizado em conexão com a
via caravaneira que ia do norte ao Mar Vermelho, a qual foi denominada de "a
estrada real"(Números 20.19). "Os de Neguebe"(v.19) são os judeus que habitavam
a região sul de Judá. "Benjamim possuirá Gileade"(v.19) aponta para a tribo de
benjamim, cujo território constava de uma pequena região chegando ao norte de
Jerusalém e descendo até o rio Jordão nas imediações de Jericó, como herdando a
região frutífera na Transjordânia central a qual era famosa pelos seus pastos e gado.
"Zarefate"(v.20) era uma cidade fenícia entre Sidom e Tiro. "Sefarade"(v.20) é
nome de lugar incerto. Tem sido tomado para fazer referência a Espanha, ou a
Sarde no oeste da Ásia Menor, ou a Saparda no sudoeste da Média(cf. 2 Reis 18.11).
A Sua Relevância.
Alguns têm chamado Obadias de "Hino à Ira"; outros de uma mera mensagem
nacionalista que não tem nenhum valor como palavra de Deus para a época
moderna. Obadias fala a respeito dos inimigos do povo de Deus e do seu
procedimento cruel e desumano. Tal procedimento será retribuído sempre pelo
próprio juiz do Universo. O juízo, entretanto, começa na casa de Deus. A sabedoria
de Edom era proverbial(Jeremias 48.7). A mensagem contra Edom foi em parte uma
condenação da sua sabedoria(v.8) e do seu orgulho(v.3). A mensagem profética
sempre traz um julgamento sobre a sabedoria puramente humana, pois a sabedoria
deste mundo é loucura diante de Deus( 1 Coríntios 3.19). Obadias, portanto, tem
uma relevância especial para esta idade de humanismo secular. Há muito esforço
para solucionar as injustiças deste mundo, como deve ser perante as orientações da
Bíblia. Entretanto, esforços humanos nunca podem constar da última solução para
elas. Deus promete que o seu dia chegará no qual ele corrigirá as injustiças,
restaurará as posses devidas(vv.19-20), e estabelecerá o seu domínio perfeito sobre
a terra.
7. As Suas Principais Lições.
1) O pecador há de encarar o juízo de Deus(v.4).
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Capítulo 2
OSÉIAS
O Homem e o Local do seu Ministério Profético.
O seu nome significa "salvação" ou "livramento" e é aproximadamente
equivalente a "Josué" no AT e "Jesus" no NT. "Oséias" é substantivo quanto ao seu
uso, formado do infinitivo absoluto do hifil do verbo "salvar", "livrar", "ajudar".
"Josué" é nome formado do mesmo verbo com o nome "Yah" acrescentado, sendo
"Yah" a forma abreviada de Iaweh, o nome pessoal de Deus. É dito em Números
13.16 que Moisés mudou o nome de Josué de Oséias para Josué, significando "Iaweh
salva" ou "salvação de Iaweh". "Jesus" é a mesma palavra através do aramaico,
para o grego, para o latim, para o português. Foi filho de um certo Beeri, cujo nome
significa "meu poço" mas não leva nenhum significado especial para o livro do
profeta(1.1).
Foi cidadão de Israel, reino do norte(1.1,6-7: "... não tornarei mais a
compadecer-me da casa de Israel.... Mas da casa de Judá me compadecerei...";
7.1,5: "... ao querer eu sarar a Israel... E no dia do nosso rei..."). Que a cena do seu
ministério foi o reino do norte se entende também nos lugares e circunstâncias
referidos no livro. É de se notar que o nome predileto dele para designar Israel é
Efraim, originalmente nome de um dos filhos de José, depois do nome de uma das
meia-tribos, e finalmente nome poético do reino do norte em face da predominância
da sua influência entre as outras tribos tanto como da sua localização central: "...ao
querer eu sarar a Israel, descobrem-se a corrupção de Efraim..."(7.1).
A sua profissão poderia ter sido: a) Sacerdote( 4.4,6-10; 5.1,6; 6.6,9; 8.1-12;
9.3; 10.5), julgando da magnitude do seu interesse nos sacerdotes, sua prática, e
seus pecados como líderes. b) Profeta oficial de um dos santuários principais o qual
teria sido chamado por Iaweh para denunciar a religião popular ofensiva. É a opinião
de alguns estudiosos que apontam à sua preocupação com os santuários e os
profetas além dos sacerdotes(4.5; 9.7-8) e ao dito popular pejorativo em 9.7: "O
profeta é um insensato". Mas é difícil entender o texto de Oséias como falando de
profetas oficiais(cúlticos), embora seja possível entender assim tais textos como
Jeremias 23.9-40 e 1 Reis 18.19; 22.10,22 e especialmente Jeremias 26.2,8. c)
Padeiro(7.4-8). d) Agricultor(2.3,9,12,22-23; 4.16; 6.3,11; 8.7; 10.11,12). e)
Embora seja possível que exercesse uma das profissões acima, conclui-se que fosse
um agricultor que também exercesse, por algum tempo, a profissão de padeiro. Era
homem da terra que Iaweh levantou para ser profeta ao seu povo.
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É instrutivo notar que em contraste com outro profetas Oséias foi chamado em
conexão com o seu casamento: "quando Iaweh começou a falar por(ou "com")
Oséias, disse Iaweh a ele: Vai, toma por esposa uma mulher de
prostituições..."(1.2). O seu casamento seria símbolo da relação de Iaweh com
Israel, Sua esposa desde a aliança feita através de Moisés no Sinai: "...porque a
terra se prostituiu, apartando-se de Iaweh"(1.2). Isto se comprova também por
notar o simbolismo dos nomes os três filhos e das circunstâncias do seu
nascimento(1.3-6). É importante para interpretação das mensagens de Oséias levar
em conta que Iaweh a esta altura apontou ao paralelismo entre o caso dEle e Sua
esposa e o caso de Oséias e sua esposa, Gômer.
Foi profeta de coração quebrantado(1.8-9; 2.2; 11.8-9). É proveitoso
reconhecer os sentimentos e pensamentos do profeta em relação a Gômer como
sendo a base das colocações que descrevem a atitude e o trato de Iaweh com Israel,
ao ler o livro. Foi a situação matrimonial do profeta que o fez capaz de se tornar o
primeiro profeta da graça e o primeiro evangelista de Israel(1).
O Livro de Oséias.
É quase impossível esboçá-lo satisfatoriamente. Há uma falta de lógica e
conexão entre as diversas partes, especialmente na segunda divisão maior das
pregações do profeta. O texto hebraico é dos mais confusos do AT. É possível que
isto ocorreu por causa das tensas emoções do profeta perante à sua tragédia
familiar. Por outro lado, é possível que também seja conseqüência dos fatores
ligados à preservação e edição do livro ou nos tempos de Oséias ou nos tempos da
destruição de Jerusalém pelos babilônios. Por exemplo, na época do rei Josias
mesmo a lei de Moisés ficou perdida no templo que o seu antecessor, Manassés, o
pior rei de Judá, tinha desamparado. Talvez, algo parecido teria acontecido ao livro
de Oséias de maneira que seja impossível restaurá-lo a sua forma original. Teria
sido impossível preservar em perfeitas condições todos os documentos guardados
em Jerusalém à altura da sua destruição pelos babilônios em 587/6 a.C. A sua
estrutura geral é clara, entretanto:
I - A trágica história familiar do profeta e a sua moral(1-3).
II - Pregações do profeta ao povo: a contenda de Iaweh com Israel(4-14).
a) Os muitos pecados do povo(4.1-6.3).
b) O castigo futuro da nação(6.4-11.12).
c) O oferecimento da salvação(12.1-14.8).
d) Epílogo(14.9).
6. Ensinos Chaves do Profeta.
1) O conhecimento de Deus(2.16,18-20,23; 3.1,5; 4.5-6; 6.6; 11.1; 12.6;
14.1-2).
2) A natureza do pecado: é iniquidade(8.13; 9.7; 12.11), errar o alvo(4.8;
8.13; 9.9; 10.8; 13.12); rebelião(traduzido por transgressão em 13.6; 14.9);
transgressão da lei, ou seja da aliança(6.7; 8.1), incluindo quebrar os dez
mandamentos por idolatria(8.4; 10.5), prostituição(4.12,14; 5.4), falso testemunho,
assassinato e furto(4.2); é espírito ou inclinação da natureza humana(5.4; 11.7); o
ato do pecado torna o pecador abominável como aquilo que pratica(9.10). Mas o
conceito de pecado dominante no livro de Oséias e o de infidelidade: "e indo atrás
dos seus amantes se esquecia de mim, diz Iaweh"(2.13), a qual é chamada de
prostituição(9.1; 2,5) em sentido espiritual, e apostasia(14.4). É infidelidade à sua
relação com Deus, a qual se expressava na transgressão dos princípios de
relacionamento, quer dizer, os dez mandamentos. Portanto, o pecado é pessoal,
contra uma pessoa, seja Deus ou seja o próximo.
3) A necessidade do arrependimento genuíno(11.10-11; 5.15; 14.1,2; 3.5).
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JONAS
O Homem.
A única referência a ele fora do seu livro se encontra em 2 reis 14.25 onde se
dão alguns dados pessoais. Era de Gate-Hefer, cidade da baixa Galiléia(Josué
19.13), localizada a uns cinco quilômetros ao nordeste de Nazaré. O túmulo
tradicional dele fica a pouca distância ao norte do local numa vila chamada
Mesed(25). Ele profetizou os sucessos de Jeroboão II(793-753 a.C.) em restabelecer
as fronteiras de Israel ao extremo norte e ao sul na Transjordânia. Parece que esta
fase do seu ministério teria acontecido durante a primeira metade do reinado de
Jeroboão em cerca de 780 a.C. Era filho de um profeta chamado Amitai.
O seu nome significa "pomba", uma ave sagrada entre os antigos semitas, e de
uma variedade de simbolismos no AT: de insensatez(Oséias 7.11); dos exilados
voltando temerosamente(Oséias 11.11); dos moabitas fugitivos fazendo esconderijo
em cavernas(Jeremias 48.28); dos gemidos de lamentação(Naum 2.8); e de beleza
e carícia(Cânticos 1.15; 2.14). É possível que o seu nome tenha valor simbólico uma
vez optando pela interpretação alegórica ou mesmo pela parabólica, segundo as
correntes que se seguem abaixo.
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É de se notar que o seu ministério retratado em seu livro faz certo contraste
com aquele referido em 2 Reis 14.25, quanto aos recipientes da sua mensagem e
aos objetivos dela. Há, entretanto, um complemento que se pode observar. Os
assírios, cuja capital era Nínive, constituíam a maior ameaça ao Israel do período de
Onri e Acabe(876-869 e 869-850 a.C.) como também na última parte do reinado de
Jeroboão II até a destruição de Samaria(750-722 a.C.). Qualquer destes períodos
tomado como ponto histórico de referência para a narrativa de Jonas certamente
faria jus às exigências históricas da colocação do livro(26). Além disso não se sabe
mais a respeito dele senão aquilo referente ao episódio do ministério em Nínive
descrito no livro que leva o seu nome.
O Livro.
No cânon hebraico o livro se encontra no rolo dos doze entre os profetas
posteriores, enquanto que no cânon cristão se acha entre os profetas menores. É
único entre os livros dos profetas posteriores no sentido de que consta de um relato
do que houve com o profeta em ver de ser um registro de sua mensagem. Relatar o
que houve com Jonas representa a maneira do autor em apresentar a mensagem do
livro(27). A interpretação do livro tem sido um dos problemas mais agudos do AT na
época da alta crítica.
A abordagem histórica, ou seja literal, tem sido a mais popular. Insiste-se em
que o livro seja uma autêntica experiência de Jonas, tiradas de documentos
contemporâneos. É de se notar que há uma perspectiva popular de que todas as
narrativas bíblicas são de história literal, sem, muitas vezes, levar em conta o
propósito do livro e os tipos de literatura variados encontrados na Bíblia. Que seja
literal deveria ser determinado o quanto possível pelas evidências bíblicas como um
todo. E a favor desta abordagem apresenta-se:
A referência de Jesus às experiências de Jonas(Mateus 12.39-41; 16.4; Lucas
11.29-30). A forma do livro apresenta-se como história autêntica. Nenhuma alegoria
do Antigo Testamento apresenta um personagem histórico. Tal interpretação
alegórica faria grave injustiça ao profeta de Deus. O elemento miraculoso, muitas
vezes a base da rejeição dessa abordagem literal, não constitui dificuldade para
quem tem fé no Deus da Bíblia.
A interpretação alegórica(28) afirma que o livro é uma alegoria incomparável,
e, portanto, não deve ser tomado como história real do profeta. É antes uma história
simbólica das experiências de Israel(Judá), segundo a qual Jonas simboliza Israel
com sua missão ao mundo gentílico(cf. Êxodo 19.5-6). Sendo rebelde e
desobediente à essa missão, o povo sofreu o castigo corretivo do exílio babilônico,
simbolizado pelo grande peixe. A volta do exílio é simbolizada pelo vomito de Jonas
em terra seca pelo peixe. Israel de volta a sua terra tem uma segunda chance para
levar a mensagem divina ao mundo gentílico, simbolizado por Nínive. Embora haja
fortes argumentos contra ela, esta interpretação tem alguma base bíblica na
linguagem figurada de Jeremias 51.34, 44-45, onde se encontra algo do mesmo
simbolismo sugerido acima:
Nabucodonozor, rei de Babilônia, devorou-me, esmagou-me, fez de mim um
vaso vazio, qual monstro tragou-me, encheu o seu ventre do que eu tinha de
delicioso; lançou-me fora[Israel fala aqui].
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E castigarei a Bel em Babilônia, e tirarei da sua boca o que ele tragou; e nunca
mais concorrerão a ele as nações; o muro de babilônia está caído. Saí do meio dela,
ó povo meu, e salve cada um a sua vida do ardor da ira de Iaweh[Iaweh fala aqui].
Deve-se lembrar da possibilidade do sentido simbólico do nome Jonas ligado
com a colocação em Oséias 11.11 dos exilados voltando sob a figura de uma pomba.
Outro ligam com a abordagem parabólica do livro, segundo a qual se livra de alguns
protestos contra a alegórica. Assim, a história seria uma espécie de parábola,
baseada ou não em um experiência de Jonas, semelhante a parábola do bom
samaritano confeccionada por Jesus(Lucas 10.30-35). A parábola é uma história
desenvolvida para ensinar uma lição principal(29).
Há um grupo de estudiosos que acham que o livro apresenta o seu ensino
numa forma básica de mito, o que seria a abordagem mitológica. O conteúdo da
forma mítica se apresenta como se fosse história. Fala da luta entre homens e
aspectos da natureza personificados como seres divinos. Havia nesta linguagem um
monstro marinho, o Leviatã, vestígios deste espelhados em trechos como Jó 41.1 e
Isaías 27.1, o qual representa uma força hostil. Todavia, embora seja possível
associar elementos da história de Jonas, com linguagem mitológica daquela época
antiga, não há enredo mitológico reconhecível que se encontra no livro(30).
Ainda outros olham para o livro como sendo uma novela histórica, semelhante
a Rute e Ester(31). Em face de uma tendência de levar longe demais os ensinos
particularistas de Esdras e Neemias(Esdras 9-10 e Neemias 13.23-31), o livro teria
sido composto por um profeta no período 450-400 a.C., na base de autênticos
registros a respeito do profeta anterior, Jonas, a fim de chamar Israel de volta para
a postura missionária(universalista) em prol dos povos gentílicos, até mesmo
inimigos, ao seu redor(inclusive as esposas estrangeiras e seus filhos mandados
embora no esforço pela purificação de Israel). Isto não significa uma condenação da
ênfase de Esdras e Neemias, e, sim, uma correção do espírito legalista e pouco
compassivo com o qual muitos homens teriam estavam cumprindo a orientação
desses líderes. A favor desta abordagem há pelo menos os seguintes argumentos:
Preserva o aspecto histórico autêntico da essência da narrativa a respeito de
Jonas. Leva em conta numerosas dicas textuais de sua composição posterior na
época do AT. Mantém o livro como obra de profeta inspirado por Deus. Assegura
uma aplicação missionária tanto para os judeus pós-exílicos como para o povo de
Deus de todas as épocas. Não requer uma aplicação forçada e artificial de aspectos
difíceis do livro tais como: O que parece ser um salmo com citações de outros no
livro de Salmos(cf. Jonas 2.2-9 com Salmos 3, 18, 69, 107 e 124).
O estilo marcado por aramaísmos(a linguagem popular dos judeus pós-
exílicos). A declaração em 3.3 de que "Nínive era uma grande cidade"(tradução certa
do hebraico; ela foi destruída em 612 a.C., longos séculos depois do ministério de
Jonas; o autor olhava para trás, para uma época distante dele). O nome do rei
assírio não foi especificado, como bem provavelmente teria sido se tivesse sido
escrito nos dias de Jonas. Os bem avançados ensinos como o amor de Iaweh para os
inimigos de Israel(4.11 e 4.2), e a descrição de Iaweh como "o Deus do céu que fez
o mar e a terra seca"(2.9; cf. Daniel 2.37).
Jonas é sempre mencionado na terceira pessoa e como agindo bem no
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passado, dando a impressão de que o autor vivesse muitos anos depois dos eventos
narrados no livro. O tema do livro se vê na pergunta climáxica do último verso: E
não hei de eu ter compaixão de tão grande cidade de Nínive em que há mais de
cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a
esquerda, e também muito gado? Portanto, o tema do livro é o amor todo inclusivo
de Deus pelo mundo(no sentido de amor redentor).
1) O esboço do livro.
I - A chamada de Jonas e a sua inútil tentativa de fugir da presença do dever;
ou Jonas o pervertedor = o capítulo 1.
II - O salmo de libertação, seguido do ato divino que jogou Jonas na praia; ou
Jonas o suplicador = o capítulo 2.
III - O sucesso fenomenal da pregação de Jonas; ou Jonas o pregador = o
capítulo 3.
IV - Iaweh repreende Jonas por sua rebelião renovada; ou Jonas o zangado = o
capítulo 4.
2) Ensinos principais do livro.
a) Todos os povos tanto como os indivíduos são responsáveis perante Iaweh, o
Deus de Israel(1.1-2, 12).
b) Iaweh é capaz de usar elementos da natureza para corrigir o seu povo
eleito(1.4,17; 2.10).
c) A iniquidade dos povos traz a ira de Deus sobre eles(1.2; 3.4).
d) Deus não busca a perdição, e, sim, a salvação dos pecadores(3.10; 4.2,11).
e) O arrependimento é o caminho para escapar do juízo de Deus(3.5,10).
f) O dever do profeta é obedecer a Deus e pregar o arrependimento(3.1-2).
g) O preconceito nacional e religiosos não agrada a Deus(4.1-2,4).
h) O povo de Deus tem um dever missionário em relação até o pior povo
pecador(3.2;4.11).
i) O mais pecaminoso dos indivíduos é capaz de se arrepender e ser
perdoado(1.2; 3.5,10).
h) Até um profeta de Deus deve crescer na graça e no conhecimento de
Deus(4.1-2,4,9-11).
3. Alguns Desafios(32) Extraídos do Livro de Jonas.
O desafio da obediência = normalmente a obediência àquilo de que nós
gostamos é fácil. Mas quando somos chamados a obedecer a coisas das quais não
gostamos, torna-se mais difícil. Deus se alegra com a obediência. Aprender a
obedecer pode ser difícil e até mesmo doloroso, mas é algo que regozija o coração
de Deus e que disciplina grandemente para viver de maneira correta. Este é o
primeiro desafio que Deus nos faz através da experiência traumática de Jonas. Ele
nos chama à obediência. Na obediência há segurança. O desafio do amor aos gentios
= Jonas não nutriu o mínimo amor pelos gentios. Deus lhe mostrou que amava os
gentios e tentou fazer o seu profeta entender isso. Parece que não conseguiu. Deus
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nos desafia a amar os gentios. Deus nos desafia a amar os de fora da igreja e os
estrangeiros, os de mais longe. Esse é um desafio urgente de missões.
O desafio de melhorar os nossos padrões = Jonas, assim como Israel, se
escudou na sua eleição. No livro de Jonas, Deus é mais honrado pelos gentios do
que pelo seu profeta. Deus espera de nós padrões elevados. Padrões compatíveis
com a compreensão que nutrimos de quem ele é. Jonas nutria excelente conceito
teológico acerca de Deus, mas não os concretizou na sua conduta. Sua ética era
desalmada e perversa. Nossos padrões devem ser padrões de pessoas que
conhecem a Deus e o amam. O desafio de aprender = Parece que a experiência tão
dolorosa de Jonas, no ventre do peixe, não o levou a aprender muita coisa.
Continuou sendo um homem duro, desprovido de misericórdia.
MIQUÉIAS
O Homem e o Local do seu Ministério.
O nome dele quer dizer "quem é como?" e em face da sua soletragem em
Jeremias 26.18 deve ser uma abreviação de Micaías, "quem é como Iah?", como em
1 Reis 22.8. A colocação em 7.18 do seu livro, "Quem é Deus semelhante a ti...?"
reflete uma aplicação do significado do nome. Da sua vida particular e profética
sabe-se pouco. O seu livro não oferece detalhes biográficos, como se encontra no
caso de Amós, Oséias, Isaías e outros. A respeito da sua vocação profética é dito
unicamente que "a palavra de Iaweh... veio a Miquéias"(1.1). A sua procedência foi
a aldeia de Moresete-Gate(1.14; cf. Js 11.22) que não ficava muito distante da
antiga cidade filistéia de Gate. Moresete-Gate quer dizer "Moresete pertencente a
Gate". Por esta razão o profeta é chamado de morastita em 1.1. O seu lar, portanto,
ficava numa vila obscura da região de colinas, chamada o sefalá em hebraico, na
parte sudoeste de Judá. Ficava a uns 45 quilômetros ao sudoeste de Jerusalém, não
muito distante de Tecoa, ao leste, onde morava Amós.
Assim Miquéias era profeta procedente de um meio rural. As suas condenações
contra os pecados e vícios do povo das grandes cidades de Samaria e
Jerusalém(1.5-7; 3.1-12; 5.10; 6.9-12) tanto como certas metáforas e imagens
tomadas da vida agrícola(6.15; 7.1) confirmam a sua associação com o campo.
Jeremias 28.18 fornece dados adicionais no sentido de que chegou a profetizar em
Jerusalém algum tempo durante o reinado de Ezequias(715-687/6 a.C.) e que
causou um certo impacto. A referência quanto à mensagem pregada lá corresponde
a Miquéias 3.12. É bem provável, então, que outros trechos do seu livro referentes à
Jerusalém representem mensagens pregadas mesmo na capital. É duvidoso,
entretanto, que viajasse a Samaria ao norte para pregara ali, sendo melhor pensar
que ele se referia a Samaria enquanto pregava no sul.
Semelhante ao caso de Amós, também um profeta do campo, Miquéias foi
profeta de grande habilidade literária, especialmente poética. A sua "profecia é um
lindo exemplo e comovente da clássica poesia hebraica"(3). È de se entender,
portanto, que o fato do profeta ser dos campos não significa ignorância e
provincianismo quanto a ele. Note-se o contraste feito entre Miquéias e Isaías por
Unger a fim de ganhar uma visão melhor do homem e profeta Miquéias: "Enquanto
Isaías era um poeta da corte real, Miquéias era um rústico de uma aldeia obscura.
Isaías era estadista; Miquéias, evangelista e reformador social. Isaías era uma voz a
reis; Miquéias, um arauto de Deus ao povo comum. Isaías se dirigia a questões
26
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políticas; Miquéias tratava quase inteiramente de religião pessoal e moralidade
social"(4).
O Livro.
O texto hebraico que conhecemos tem chegado num péssimo estado de
conservação. Faz parte do rolo dos doze no cânon hebraico e dos profetas menores
no cânon cristão. O seu tema pode ser entendido em termos da sua passagem
chave, a qual parece resumir os temas dos outros três profetas do século oitavo
a.C., a dizer, Amós, Oséias e Isaías: as exigências verdadeiras de Deus(6.6-8): "Ele
te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que Iaweh requer de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a lealdade da aliança(hesed), e andes humildemente
com o teu Deus?" A opinião generalizada da alta crítica é que o livro é de vários
autores. Só os capítulos 1-3 são universalmente atribuídos à autoria de Miquéias,
enquanto os capítulos 4-7, com a única exceção de 5.5-6, parecem provenientes do
"exílio babilônico no sexto século, ou possivelmente até depois dele"(5). Tal opinião,
seja certa ou errada, não traz descrédito à inspiração dos capítulos em questão. Os
mesmos estudiosos que desprezam a inspiração divina desses capítulos são os que
não acreditam na inspiração do restante da Bíblia. Para nós, crentes na divina
inspiração da Bíblia toda, deve ser de pouca importância a questão de quem Deus
inspirava para escrever ou editar porções quaisquer dos livros bíblicos, pois "quem
guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou? Com quem tomou
ele conselho, para que lhe desse entendimento...?"(Isaías 40.13,14). O que
realmente importa em nosso caso é: quais as evidências do próprio texto inspirado
da Bíblia em foco quanto a quem teria sido o seu autor humano? e quando teria sido
escrito?
Embora seja possível entendê-los diferentemente, a conclusão mais natural é
de pensar que tais trechos como 4.6-7; 4.8; e 5.1-3 suponham a queda de
Jerusalém como já acontecida. Se for assim, será lógico olhar ao exílio para
encontrar profeta "da escola de Miquéias", profeta anônimo, que teria sido o autor
inspirado. Todavia, o professor é de opinião que neste caso seja bem possível que o
próprio Miquéias, ao oferecer certas predições concernentes as fortunas dos reis e
de Jerusalém, teria escrito mesmo estes capítulos questionados. É notável uma
característica especial do livro. Cada vez que vem um trecho de predição de castigo
ou juízo, este trecho é seguido por outro que prediz esperança para os últimos dias.
Estes contrastes existem por todo o livro, dando a entender que o autor está
seguindo um plano. Por exemplo, trechos de esperança são: 2.12-13; 4.1-5.15; 7.7-
20. Talvez seja que a razão principal de negar o trechos a Miquéias esta ligada à
tendência dos estudiosos liberais do século passado a pensarem nos profetas como
trazendo mensagens de juízo, sem habilitação em predições. Todavia, nenhum outro
profeta canônico teve maior capacidade para ver o futuro do que Miquéias, julgando
28
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na base do seu livro, pois encontram-se predições de juízo e de salvação. Entre as
suas predições se acham as seguintes: a) A queda de Samaria e do reino do
norte(1.6), a qual teve cumprimento em 722/1 a.C. b) A destruição de
Jerusalém(3.12), a qual se deu em 587/6 a.C. c) O cativeiro babilônico de Judá e a
volta do exílio(4.10), os quais se deram respectivamente em 587/6 e 537 a.C. d) O
nascimento do Messias em Belém de Judá(5.2), o que deu no nascimento de Jesus.
A Mensagem do Profeta.
A sua mensagem é semelhante a de Amós e, de certa maneira, à de Isaías e
Oséias. Como Amós condenava os males sociais e econômicos de Israel, da mesma
maneira Miquéias denunciava em anos subsequentes os mesmos em Judá. Há algo
da mesma denúncia achada em Isaías. Juntamente com Amós(5.21-27),
Oséias(6.6), e Isaías(1.10-17) Miquéias fez lembrar que a mera elaboração de ritos
e sacrifícios pode suscitar religiosidade, mas não pode agradar a Deus. Contrário aos
outros três Miquéias tratava quase inteiramente de religião pessoal e moralidade
social.
Para todos os quatro Deus era único e de caráter ético ou moral. Todos levaram
em conta o fato de Israel e Judá estarem numa relação de aliança com Iaweh,
embora alguns focalizaram mais nele do que outros. Todos apresentaram esperança
messiânica em termos de uma restauração do povo punido para a terra, o
levantamento por Deus de um descendente de Davi, e a salvação de um
remanescente fiel de Israel.
5. O Esboço do Livro.
Título Editorial(1.1).
I - Juízo Divino sobre Israel e Judá e Promessa de Restauração(1.2-5.14).
a) Juízo contra Samaria e Jerusalém(1.2-16).
b) Juízo contra as injustiças sociais de Judá(2.1-13).
c) Juízo contra as classes dirigentes de Judá(3.1-12).
d) Promessas a Sião(nome religioso de Jerusalém)(4.1-5.14).
1) Será o centro religioso da era messiânica(4.1-5).
2) Haverá retorno da dispersão vindoura(4.6-8).
3) Vistoria dos povos inimigos(4.9-14).
4) O reino pacífico do Messias, filho de Davi(5.1-5 a).
5) A supremacia futura de Israel(5.5b-9).
6) O fim das guerras e da idolatria(5.10-15).
II - O Processo Judicial Contra Judá e Anúncio da Restauração(6.1-7.20).
a) O processo judicial(6.1-7.7).
1) A contenda de Iaweh com Judá(6.1-5).
2) A resposta do povo(6.6-7).
3) O aviso do profeta(6.8).
4) O pecado e o seu castigo(6.9-16).
5) Uma lamentação sobre a corrupção geral(7.1-7).
29
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b) O anúncio da restauração(7.8-20).
1) Ressurgimento(7.8-10).
2) Repatriação e reconstrução(7.11-13).
3) Oração contra as nações(7.14-17).
4) Chamada ao perdão de Deus(7.18-20).
Capítulo 3
NAUM
Nome
1) O seu nome significa "o Consolador".
2. Origem
1) Ele é identificado como "o elcosita"(1.1).
2) O sentido parece ser que indique o lugar onde morava.
3) Quatro lugares têm sido apontados.
a) Elcoshe, uma vila a uns 40 quilômetros ao norte de Nínive.
b) El Couze na Galiléia(apontada por Jerônimo).
c) Cafarnaum, que significa "Vila de Naum", na costa noroeste do Mar da
Galiléia.
d) Elcos no sul de Judá perto de Moresete-Gate, a vila de Miquéias. Esta é a
opção da maioria dos estudiosos atuais.
3. A Data do Seu Ministério.
1) Tem que ser estabelecida na base das evidências textuais, principalmente as
de 3.7-11.
2) Foi depois do saque de Tebas, a dizer, "Nô-Amom", mencionado em 3.8.
a) Tebas era a cidade principal do Egito ao sul.
b) Foi saqueada pelo rei Assírio Asurbanipal em 663 a.C.(669-633 a.C.).
c) Foi um evento vivo na recordação de Naum.
3) Alguns acham que ocorreu no período de 630-612 a.C. durante o reinado de
Josias.
4) Provavelmente foi durante o reinado de Manassés(2 Crônicas 33.1-2,10-18),
depois do rei ser levado cativo por algum tempo para a Assíria em cerca de 647 a.C.
e antes da sua morte em cerca de 642 a.C.
5) Portanto, provavelmente foi em cerca de 645 a.C.
6) Esta data acomoda-se melhor com a recordação viva do saque de Tebas
revelada no livro e com a atitude para com a Assíria tomada no livro.
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4. O Livro.
1) É composto de três capítulos.
2) É da mais exaltada poesia.
3) Naum é dos que mais se aproximam de Isaías na sua habilidade poética.
4) Segundo a introdução editorial em 1.1 o livro é "oráculo acerca de Nínive.
Livro da visão de Naum...". Oráculo é uma curta e pesada mensagem profética de
julgamento anunciado.
5. A Mensagem.
1) O tema é a destruição vindoura de Nínive(1.1; 2.1,13; 3.7,11,19).
2) Nínive foi feita a capital permanente do império assírio por Senaqueribe em
algum tempo durante o seu reinado de 705 a 681 a.C., embora tivesse sido cidade
importantes desde o período de 5000-4000 a.C.
3) Foi símbolo da traição e opressão dos cruéis assírios(2.11; 3.1,4,19).
4) Tinha 12,5 quilômetros de muralhas ao redor, sobre as quais podiam correr
paralelamente três carros de guerra.
5) Foi totalmente destruída em 612 a.C. pelas forças dos babilônios e dos
medos.
6) As duas enormes ruínas deixadas forma identificadas posteriormente em
1842 d.C. e desde estão tem sido investigadas e avaliadas.
7) Alguns estudiosos são muito críticos ao livro, até negando-o o direito de
fazer parte do cânone do AT, por causa do que eles consideram ser o seu estreito e
superficial espírito vingativo. Tal criticismo, entretanto, é destituído de imaginação e
simpatia. Naum expressa muito mais do que paixão pessoal, pois dá expressão a
dois princípios eternos:
a) O universo é constituído de leis tais, que qualquer reino edificado sobre força
e fraude virá a cair, mais cedo ou mais tarde.
b) O reino de Deus, alimentado pela verdade e pela justiça, terá de triunfar
gloriosamente.
8) Com a destruição de Nínive vindicou-se o governo moral do Universo.
6. O Esboço do Conteúdo.
I - A natureza de Deus assegura a destruição de Nínive(1.2-15).
a) Iaweh e sua natureza pessoal(1.2-3 a)
b) Sua relação com o mundo material(1.3b-6).
c) Sua relação com os homens(1.7-8).
d) A conseqüente destruição dos assírios, pela opressão do seu povo(1.9-15).
II - Vívida descrição do cerco e captura de Nínive(cap. 2).
III - Causas da destruição de Nínive(cap.3).
a) Guerra e violência constantes(3.1-7).
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b) Nínive não é melhor do que Tebas, que foi levada em cativeiro. Do mesmo
modo, também esta cidade sofrerá, porque as suas fortalezas são fracas, seu povo é
como mulheres, e os seus reis estão adormecidos(3.8-19).
HABACUQUE
1. Opressão e violência.
O estilo do livro é o de um salmo de lamento. Habacuque não rodeia a situação,
vai direto ao problema; "Por que me fazer ver o crime e contemplar a injustiça?
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1. Olhai os povos.
Iaweh ordena que o profeta olhe ao redor, veja a situação internacional. Não
basta olhar para dentro do país, é importante entender o que está acontecendo no
mundo. "Olhai entre os povos e contemplai, espantai-vos, admirai-vos"(1.5).
1. Um profeta boquiaberto.
Habacuque não entende. Como um Deus justo e bom levanta uma nação
sanguinária e ímpia para fazer justiça sobre o povo escolhido? "Teus olhos são puros
demais para ver o mal, tu não podes contemplar a injustiça. Então por que ficas
olhando os traidores e te calas quando um ímpio devora alguém que é mais justo do
que ele?"(1.13). O profeta-levita inova em matéria de profecia. Tem a ousadia de
pedir contas a Deus por seu governo sobre o mundo. Por que faz que o mau seja
punido por alguém pior do que ele? Por que Deus parece colaborar com o triunfo da
injustiça e da violência?
Capítulo 2.1-4
1. O profeta espera.
Diante do beco sem saída da situação nacional e internacional, Habacuque
espera uma resposta de Deus. "Vou ficar de pé no meu posto(...) e esperar para ver
o que ele me dirá e como responderá o meu questionamento"(2.1).
2. E Deus responde.
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De forma clara, aberta e pública. É uma resposta que une vida e história.
"Escreve esta visão, grava com clareza em tabuinhas, para que se possa ler
facilmente. É uma visão sobre um tempo determinado, está para se realizar e não
vai decepcionar. Se demorar, espere-a, pois certamente ela virá e não falhará"(2.2-
3). A resposta de Deus é para ser vista, pode ser descrita e, acima de tudo, é
acessível a todo mundo.
3. Julgamento e salvação.
A resposta de Deus(2.4) começa com um julgamento, "quem é incorreto(quem
não tem coração reto) vai morrer". Na primeira parte condena o injusto, tanto
nacional como internacional, que acreditava poder dirigir os rumos da História
segundo seus caprichos e interesses, determinar o que era certo e errado, dando às
costas para a vontade de Deus.
Depois, na segunda parte afirma que "quem é justo viverá por sua fidelidade".
A primeira pergunta que devemos fazer é: quem é justo? Para nós cristãos, justo é
todo aquele que foi justificado pelo sacrifício de Cristo na cruz e leva esse
conhecimento em conta em todas as coisas de sua vida. O justo sabe que conhecer
a Deus é uma tarefa que exige empenho. É um compromisso que afeta todas as
áreas de sua vida. Vamos criar um provérbio: Justo é aquele que ajusta sua vida de
acordo com o projeto de Deus.
O projeto de Deus não é uma coisa misteriosa ou secreta. Revela-se na igreja,
enquanto comunidade de salvos e regenerados em Cristo, e na vida de cada cristão.
Será um anseio de espaços de vida e liberdade em Cristo.
Assim, o justo viverá por sua fidelidade(em hebraico emun, emuná, que pode
ser traduzido por firmeza, constância, lealdade, honestidade, segurança, cargo,
função), ou como aparece em grego na Septuaginta e utilizado pelo apóstolo
Paulo(Romanos 1.17; Gálatas 3.11) e pelo autor de Hebreus(Hb 10.38) por sua
"fé"(pistéo, que pode ser traduzido por ter confiança, confiar, crer). Tanto no
hebraico, como no grego, as expressão transmitem a idéia de compromisso e
obediência. Viver por sua fidelidade é, em última instância, um comprometimento
com o projeto de Deus, que se traduz numa relação de vida e liberdade com o
próximo.
Segunda parte: Punindo a injustiça
Capítulo 2.5-20
O que é o mal?
É tudo aquilo que é nocivo, que prejudica, fere, que se opõe ao bem, é um
estado mórbido, a doença, enfermidade, epidemia, calamidade, angústia, tormento,
sofrimento, desgraça e infelicidade.
Existem dois tipos de mal: o mal moral(que é contrário ao caráter de Deus e é
feito por agentes morais) e o mal natural(que acontece por anormalidades da
natureza, terremotos, doenças, ataques de animais). Às vezes, os dois andam
juntos. Exemplo: imoralidade e AIDS.
Deus não é o autor do mal. Ele é tão justo e bom, quanto onipotente:
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______________________________________________________________________________
Habacuque 1.13; Tiago 1.13; 1 João 1.5. A possibilidade do mal tem origem no
exercício do livre arbítrio. Quando Deus cria seres pessoais o mal passa a ser uma
probabilidade. Antes de existir, o mal é sempre uma possibilidade, porque é uma
escolha, que começa com a opção de não se fazer aquilo que Deus quer. Ezequiel
28.12-17; João 8.44; Apocalipse 12.9; Gênesis 3.1-20; Romanos 5.12-19. A
soberba e a ganância estavam presentes na origem do mal, tanto em Lúcifer, como
em Eva e Adão(1 João 2.16). "Sua boca se escancara como o sepulcro e como a
morte não se farta"(Habacuque 2.5). A soberba e a ganância levam Habacuque a
proferir cinco maldições.
1. O ai da retribuição(6-8).
O saque, o roubo e a extorsão geram violência. Cedo ou tarde o agressor será
agredido.
2. O ai da altivez(9-11).
Graças ao saque, ao roubo e à extorsão, o injusto enriquece e constrói para si
um mundo que lhe parece seguro. Mas a própria riqueza injustamente acumulada
clamará contra eles.
3. O ai do poder(12-14).
Uma civilização construída com sangue e crime longe da vontade de Deus está
destinada ao fogo.
4. O ai da desumanidade(15-17).
A imoralidade, os vícios e a violência serão retribuídos com a mesma moeda.
5. O ai da idolatria(17-20).
Idolatria é tudo o que o homem coloca no lugar de deus e, por isso, gera
loucura, destruição e morte. Mas Deus reina acima da insensatez do ímpio.
Assim, diante da opção pela desobediência, que se traduz em soberba,
ganância, idolatria, violência e destruição, o homem justificado em Cristo escolhe a
vontade de Deus e à essa vontade é leal, fiel e obediente.
Terceira parte: Celebrando a vitória
Capítulo 3.1-19
2. A memória do Êxodo(3.3-7).
A região de Temã e o monte Farã ficam no sudeste de Canaã, por onde passou
Moisés e o povo hebreu quando saíram do Egito. O profeta lembra aquele momento
glorioso, em que Deus saiu a frente de seu povo, para libertá-lo da opressão do
faraó.
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3. A transformação de toda a terra(3.8-15).
Numa linguagem poética, cheia de lindas imagens fortes, que os teólogos
chamam de teofania(até a natureza participa da nova realidade construída por Deus)
Habacuque mostra que Deus é o Senhor de toda a terra e que vem com todo o seu
poder em defesa do seu povo.
SOFONIAS
O Homem.
O seu nome significa "Iaweh esconde", o qual sugere que o profeta nasceu
durante o reinado do ruim Manassés, quando muitos servos de Iaweh foram mortos
pela sua fé(2 Reis 21.16) e alguns foram escondidos dos desígnios do rei(cf. 1Reis
18.4). Parece ter sido da linhagem real, de uma família descendente do rei Ezequias,
pois não se menciona um rei desta maneira sem ter o profeta uma conexão com
ele(1.1). Profetizava durante o reinado de Josias(640-609 a.C.). Os trechos de 1.3-
5,8,9,12 implicam nos males descritos que precederam a Josias. Para quem ler com
atenção e percepção tais trechos como 1.2-4, 10-18; 2.2, 4-7,9,12-15; 3.6,8,12 e
19 permitem entender que foi a época quando um invasor andava solto lá fora,
devorando e destruindo tudo em seu caminho. Talvez fossem os citas que em cerca
de 626 a.C. vinham descendo das campinas que hoje é o sul da Rússia, e criando
medo e perplexidade no povos da Palestina. A data de sua profecia é cerca de 630-
622 a.C.
Como Joel viu a praga de gafanhotos como sinal da aproximação do Dia de
Iaweh, Sofonias viu o avanço dos citas como prelúdio ao juízo divino final. Era
pregador duro, severo, e anunciou o juízo universal(1.2,14,18). A severidade de sua
mensagem se deve a pelo menos três fatores: a) O seu conhecimento da natureza
de Deus como justo, puro e ativo(3.5). b) A sua extrema juventude, sendo ele o
trineto de Ezequias enquanto o jovem rei Josias foi somente bisneto de Ezequias(cf.
1.1 e 2 Reis 20-22). c) A situação da época em que os reis sucessores de Ezequias
tinham se desviado muito do caminho fiel dele. Mas a família de Sofonias não era
assim, sendo que o nome de todos com a exceção do pai de Sofonias é um
composto formado com o nome Iaweh, e assim implicando na fidelidade religiosa
dessa família. Os protestos retidos de quatro gerações irromperam, como se fosse,
da boca do profeta jovem.
O Livro.
É composto de três capítulos. É composto de diversos oráculos curtos,
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pregados antes e durante o início das preparações para as reformas do rei Josias(cf.
2 Reis 22-23). O profeta percebia a terrível destruição vinda sobre o mundo inteiro.
O grande império da Assíria que tinha destruído o Reino do Norte(Israel) estava
prestes a perecer. A Babilônia estava iniciando a sua ascendência como potência
internacional. O pior rei de Judá, Manassés, tinha deixado uma herança de idolatria,
sincretismo religioso, injustiça, decadência e fraqueza entre seu povo. Os citas
andavam soltos ao norte. Essa terrível destruição vinda sobre o mundo inteiro para
Sofonias representava o julgamento de Deus que viria na época final da história.
Portanto, o seu livro é uma interpretação do Dia do Senhor, sob as imagens da
época de Sofonias. No capítulo 1 ele apresenta o aspecto negativo e temível do Dia,
enquanto nos capítulos 2 e 3 ele fala dos aspectos positivos para aqueles
"escondidos no dia da ira do Senhor"(2.3).
Trechos especiais do livro: a) O trecho mais belo é 3.11-13. b) Os trechos mais
valiosos são provavelmente 1.2-2.3 e 3.1-13. c) Os trechos contra as nações
estrangeiras em 2.4-15 revelam um estreito espírito nacionalista que não representa
o melhor na Bíblia. Tudo na Bíblia deve ser comparado com Jesus Cristo, a suprema
revelação de Deus.
3. O Esboço do Conteúdo.
Título editorial(1.1).
I - Texto da mensagem divina(1.2-6). O Dia de Iaweh significa destruição de
tudo, especialmente da idolatria de Judá.
II - Judá será punido severamente(1.7-2.3).
a) Todas as classes de pecadores serão punidas(1.7-13).
b) Quão terrível será o Dia da Ira de Iaweh(1.14-18).
c) Portanto, os mansos da terra devem procurar a Iaweh, para que os esconda
naquele terrível dia(2.1-3).
III - Os pagãos também serão punidos(2.4-15).
a) Os filisteus(2.4-7).
b) Moabe e Amom(2.8-11).
c) Etiópia e Assíria(2.12-15).
IV - Ainda que todos realmente mereçam a destruição, um remanescente de
Judá e dos gentios será salvo(3.1-20).
a) Descrição da obstinação de Judá no seu pecado, e de Iaweh na sua
justiça(3.1-7).
b) Por causa da persistência de Judá em pecar, os gentios serão purificados
pela punição, e, finalmente, convertidos a Deus(3.8-10).
c) Sião também será cirandado e purificado, e então será honrado em toda a
terra. O povo, redimido, louvará a Deus, que habita no meio dele(3.11-20).
4. Lições Importantes de Sofonias.
1) Haverá um dia de universal juízo final(1.7,14,18; 3.6,8).
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___________________________________________________________________
2) O arrependimento é o meio de escapar da ira divina(2.1-3).
3) Haverá um remanescente salvo dentre todas as nações(2.7; 3.9,12,13).
4) Salvação virá para a terra(3.8-12).
5) Deus é o rei que, a despeito do pensamento agnóstico dos homens, sempre
está julgando o mundo. A força e a violência são passageiras, mas a verdade e a
justiça permanecem como provas do fato.
Capítulo 4
AGEU
O Autor.
A profecia foi cuidadosamente datada(520 a.C.) e sem dúvida foi obra de Ageu,
conforme o livro é conhecido, e que é mencionado em associação com Zacarias em
Esdras 5.1 e 6.14. Além da participação que teve na reedificação do Templo, nada
sabemos sobre a sua vida ou caráter. Seu estilo direto e franco é admiravelmente
apropriado para sua missão prática de repreensão e encorajamento. Segundo Jonas
Celestino Ribeiro "estamos diante de um dos profetas do Antigo Testamento que
teve os resultados mais imediatos de sua pregação. Ageu foi um homem de palavras
simples e direta, mas com uma profundidade tocante, pois tinha uma paixão pela
causa de Deus que o transformou em um grande profeta"(16).
A partir de Ageu 2.3, é possível deduzir que o profeta era idoso e tinha visto o
Templo de Jerusalém antes de sua destruição, ordenada por Nabucodonozor. Antes
de morrer, ele foi comissionado por Deus para proclamar que a solução da crise pela
qual seu povo passava, estava na reconstrução do Templo. Ageu surge como um
novo Elias, ao desafiar a sua geração - os que voltaram do exílio babilônico - a se
voltar para o Senhor e demonstrar sua obediência na reconstrução do Templo(17).
O Contexto e a Data.
O ano de 539 a.C. foi notável para os judeus, e uma nova página da sua
história começa: a restauração. Esta é a data em que o rei Ciro chega ao poder,
depois de subjugar o povo babilônio, e publica um edital permitindo aos Judeus
retornarem à sua terra e reconstruírem o Templo(Esdras 1.2). Ciro permitiu que
todos os utensílios sagrados usados no templo, e que haviam sido levados para a
Babilônia por Nabucodonozor, voltassem com o povo(Esdras 1.5-11). A lista dos que
voltaram e daquilo que levaram consigo mostra que nem todos os judeus
retornaram a Jerusalém(Esdras 2.1-67). Quando chegaram a Jerusalém, as
primeiras ofertas para a reconstrução do Templo foram entregues, e tudo estava
pronto para o início da sua reconstrução(Esdras 2.68-70).
O período inicial foi marcado por grande euforia. O templo para reconstruir, as
casas para serem habitadas, os campos para serem semeados, a vida civil e política
para ser organizada. E Deus usa Ageu e Zacarias especialmente para exortarem o
povo a fim de que este leve a sério a reocupação da terra. A data da profecia de
Ageu é portanto 520 a.C. Uns dezoito anos depois do povo ter retornado da
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______________________________________________________________________________
Análise do Livro.
A profecia de Ageu, que pertence ao período pós exílico, consiste de um pós-
exílico apelo aos governantes e ao povo para que reiniciem a reconstrução do
templo, depois de dezesseis anos de interrupção e adiamento(18). O profeta
desmascara violentamente o falso ponto de vista, mas prevalecente, de que a obra
de Deus é secundária e deve esperar até que sejam solucionados os problemas
econômicos. Há basicamente quatro mensagens no livro: Em 1.1. e seguintes
dirigiu-se a Zorobabel para que este exortasse o povo e reconstruísse o templo. Em
2.1 e seguintes dirigiu-se a Zorobabel e ao povo dizendo que o templo que eles
estavam construindo era menor que o anterior, e encorajando-os. Pois a glória deste
seria maior do que a do primeiro(2.9), paralelo com a profecia de Ezequiel(a volta
da glória de Deus). Em 2.10 e seguintes dirigiu-se ao povo exortando-o ao
arrependimento e a fidelidade ao trabalho. Em 2.2o e seguintes dirigiu-se a
Zorobabel com o objetivo de fortalecer a autoridade de Zorobabel, como líder
escolhido por Deus. Pois naqueles dias havia uma crise de liderança.
A profecia de Ageu mostra antes que estes problemas são um julgamento
contra a negligência sobre a obra de Deus, encoraja-os em face das tremendas
comparações, e promete melhoria das circunstâncias materiais agora que a vontade
e a obra de Deus estavam sendo efetuadas. Ageu conclui sua mensagem
confirmando a escolha divina do governador Zorobabel, e indicando a sua
significação messiânica.
4. Esboço do Livro.
I - O povo acha que não era hora de trabalhar na casa de Deus(1.2).
II - Deus manda Ageu desafiar o povo(1.3-11).
III - O povo reage e volta à reconstrução(1.12-15).
IV - Deus manda Ageu garantir o êxito da obra(2.1-9).
a) A glória do templo seria maior do que a do anterior.
b) Ele abrigaria o "Desejado das nações".
c) Dele sairia a paz universal.
V - Deus propõe um diálogo imaginário entre Ageu e os sacerdotes(2.10-19).
VI - Deus promete a vitória final e Zorobabel é tomado como tipo do
Messias(2.20-23).
ZACARIAS
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O Autor.
No apêndice da Bíblia Vida Nova encontramos a seguinte narrativa: " Zacarias,
contemporâneo mais jovem do profeta Ageu. Atirou-se À mesma tarefa que ocupava
o profeta Ageu, a de induzir o povo a reconstruir o templo. Sua mensagem escrita
forma um significativo elo entre os profetas anteriores, a cujo ministério ele se
refere(1.6) e as fases posteriores da obra redentora de Deus, sobre a qual o seu
livro presta eloqüente testemunho. Dessa maneira, ele nos ajuda a olhar para o dia
futuro, quando o completo Reino de Deus será estabelecido e a preencher nossa
exultante expectativa a respeito daquele dia de tão rico conteúdo bíblico"(20).
Zacarias pode ter nascido ainda no exílio, e era jovem quando os
acontecimentos com os quais está relacionado aconteceram. Era de família
sacerdotal(1.1), daí seu interesse profundo pelo templo. Zacarias participou da
primeira leva de repatriados sob a liderança de Zorobabel(Esdras 2; 5.1; 6.14),
apelou para a conversão do povo ao Deus único e verdadeiro e mostrou quais são os
planos de Deus para Jerusalém e Judá. O profeta entendeu o exílio como o resultado
da ira de Deus e o povo deveria aprender com a sua própria história.
O Contexto e a Data.
A época em que viveu, por volta de 520 a.C., não foi fácil porque trouxe muitos
questionamentos, principalmente porque a terra para onde retornaram estava toda
destruída. Além disso, o Templo, símbolo da presença de Deus entre seu povo,
estava em ruínas. "Era preciso um programa arrojado de reconstrução, que envolvia
mais do que simples pedreiros, carpinteiros, ourives, etc. A nação tinha sua história,
tinha um pacto que havia sido celebrado com os antepassados, e estava ma terra
que havia sido dada como cumprimento de uma promessa. O momento exigia muita
seriedade no relacionamento com Deus"(21).
Apesar de que os oito primeiros capítulos do livro sejam atribuídos à Zacarias,
em 520 a.C., a data dos capítulos 9-14 é largamente disputada, e muitos chegam a
negar que Zacarias tenha sido seu autor. Encontramos aqueles que defendem como
os que negam tal autoria e diante desta tensão reconhecemos que não é fácil se
obter uma certeza absoluta.
Cito um trecho que reflete um tentativa de dirimir esta questão: "Embora se
devam reconhecer diferenças, a similaridade de atitude entre as duas partes do livro
parece indicar a unidade de sua origem. Atribuir a segunda porção a tempos
macedônicos por causa da referência à Grécia, em 9.13, é supor que Zacarias, como
um verdadeiro profeta de Deus, quem as coisas futuras eram reveladas, não poderia
ter previsto a futura proeminência da Grécia. Além disso, Zacarias, que iniciou o seu
ministério em 520 a.C., bem poderia ter vivido o bastante para testemunhar as
importantes vitórias dos gregos sobre os persas, em 490 e 480 a.C. Tais vitórias
poderiam ter mostrado o futuro domínio grego"(22).
Uma outra possibilidade de explicar a menção aos gregos em 9.13 é que a
cultura grega já existia e possível que o intercâmbio cultural fosse uma realidade
como ocorreu com o comércio com o Oriente Médio Antigo. Isto ajuda a explicar e a
fortalecer os argumentos a favor de uma unidade do livro.
Análise do Livro.
Toda nação precisava ser reconstruída. Dos escombros precisava emergir um
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remanescente fiel e justo. Só com mensagens que fizessem o povo voltar-se para
Deus, a nação poderia recuperar a sua verdadeira missão e identidade. Zacarias é o
homem usado por Deus para proclamar a necessidade de renovação do pacto com
Iaweh e aquela geração uma vez comprometida com o seu Deus então deveria olhar
para o futuro e ver o que Deus ainda realizaria.
A linguagem de Zacarias é mais "apocalíptica", e se parece muito com o
Apocalipse de João e com o livro de Daniel(23). Zacarias em sua proclamação está
mais interessado que o povo retome a sua missão de ser uma bênção para todas as
nações. Este aspecto visionário da mensagem de Zacarias permite-nos observar que
os capítulos 1-8 tratam da: purificação de pecados; reconstrução do templo;
liderança; além de possuírem muitas visões. Já a segunda parte(9-14), que não
menciona o profeta, possui similaridades com o livro de Malaquias. Destaque para as
oito visões do profeta(1.7-6.15):
Primeira Visão: Uma patrulha da terra presta relatório(1.7-17) = um homem
num cavalo vermelho, liderando outro cavaleiros, apresentam um relatório sobre a
condição do mundo. As notícias da tranqüilidade mundial não trouxeram
tranqüilidade ao anjo uma vez que esta era fruto da injustiça. E apesar de tudo Deus
zelará pela sua cidade e seu templo( é provável que tenha sido proclamada após a
quarta mensagem de Ageu).
Segunda Visão: As nações são castigadas(1.18-21) = aqui o profeta descreve
as nações que lutaram contra Judá e os quatro agentes de Deus que vão julgar os
quatro poderes do mundo. Esta visão tem a finalidade de trazer esperança ao povo
de Israel.
Terceira Visão: Jerusalém tem um protetor divino(2.1-13) = o próprio
Deus(2.5) será o muro de fogo em redor da cidade e esta é uma visão de esperança
e encorajamento.
Quarta Visão: Reinvestidura do Sumo Sacerdote(3.1-10) = Josué foi o sumo
sacerdote. As vestes sujas indicam impunidade; indicam que o sacerdote não é
aceitável, pois ele é impuro, não tem condições. Esta mudança de roupa indica o
reconhecimento e a autorização de Deus, tirando-lhe as iniquidades e dando-lhe
autoridade para agir como sumo sacerdote.
Quinta Visão: Recursos divinos para o Sumo Sacerdote e o Príncipe(4.1-14) =
esta visão do castiçal de ouro e das sete lâmpadas tratam de Josué e Zorobabel e a
"crise de liderança". As duas oliveiras são os oficiais. As lâmpadas indicam o Espírito
de Deus. E a pedra(v.10) representa a chegada do Reino de Deus.
Sexta Visão: O mal é castigado(5.1-4) = esta visão(do rolo voador) tem
objetivo de falar da maldição para os que furtaram e juraram falsamente. Ela é uma
visão de purificação.
Sétima Visão: Jerusalém é purificada(5.5-11) = ao falar da mulher e da efa o
profeta indica a necessidade de purificação para se continuar a obra. Trata da
condição da sociedade da época: a iniquidade.
Oitava Visão: As patrulhas de Deus medem a terra(6.1-15) = na visão dos
quatro carros o profeta declara que tudo está nas mãos de Deus e nada acontece
fora do controle de Deus que é Onipresente e Soberano.
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4. Esboço do Livro.
I - Chamada à conversão(1.1-6).
II - Desvendamento em visão dos propósitos de Deus(1.7-6.15).
a) Visão primeira: as aparências enganam(1.7-17).
b) Visão segunda: os destruidores serão destruídos(1.8-21).
c) Visão terceira: segurança perfeita de uma cidade aberta(2.1-13).
d) Visão quarta: satanás é silenciado(3.1-10).
e) Visão quinta: o templo é reedificado só pelo Espírito(4.1-14).
f) Visão sexta: a maldição que destrói o pecado(5.1-4).
g) Visão sétima: o pecado personificado banido da terra(5.5-11).
h) Visão oitava: quatro carros(6.1-8).
i) Cena de Coroação(6.9-15).
III - Uma mensagem profética ao povo(7.1-8.23).
IV - O reino vindouro(9.1-14.21).
a) O rei e seu reino(9.1-11.3).
b) Dois pastores(1.4-17).
c) Jerusalém atacada e libertada(12.1-9).
d) Bênção íntima prometida(12.10-14).
e) Tríplice purificação(13.1-6).
f) A morte do pastor(13.7-9).
g) O Dia do Senhor(14.1-21).
também pelos de todo o mundo"( 1 João 2.2). Nossas vidas são radicalmente
transformadas quando colocadas nas mãos dele, que foi capaz de se entregar por
nós. Devo dar provas de que sou transformado pelo seu sacrifício: o teste de que
Jesus não morreu em vão é a nossa própria vida transformada.
Em Zacarias 6.9-13 e 12.8-10 podemos observar e aprender acerca do futuro
rei de Israel que: Deus é fiel no cumprimento de suas promessas: Zacarias não viu o
cumprimento de sua palavra em seus dias. O cumprimento veio através de Jesus
Cristo. Através do Novo Testamento, vemos que Deus não deixa de cumprir
nenhuma de suas palavras. Ele é fiel, e isso nos dá confiança de que ele cumprirá as
promessas que dizem respeito à igreja. Deus olha para além da limitação do tempo:
os contemporâneos de Zacarias estavam tendo dificuldades porque viviam olhando
unicamente para o presente. Deus estava olhando o templo e vendo a glória futura
que viria sobre a vida humana, quando sua presença seria em pessoa, e não haveria
mais necessidade de um templo. Se quisermos resgatar a dimensão da esperança,
precisamos aprender a olhar com os olhos de Deus, pois ele vê além do conflito, e
nos assegura a vitória. Nem tudo se cumpriu ainda: essa é uma verdade
incontestável. Em Cristo se cumpre o Antigo Testamento, mas nem tudo ainda
aconteceu. Jesus ainda virá pela segunda vez para cumprir plenamente todas as
Escrituras. Somos ainda um povo escatológico, que aguarda o cumprimento das
promessas do Senhor. Não importa quando elas se cumprirão, mas temos a certeza
de que as promessas da ressurreição, da segunda vinda de Jesus, do juízo final, do
novo céu e nova terra, serão cabalmente cumpridas.
Em Zacarias 7.1-14 podemos observar e aprender que a religião que agrada a
Deus: É aquela que é vivida, e não apenas lembrada em calendário: há pessoas que
vão à igreja só em eventos importantes: seu aniversário, Natal, Dia das Mães, dos
Pais, etc. O pior é que ficam satisfeitas só com isso! Deus quer que vivamos a fé no
dia-a-dia, todas as horas e minutos do dia. Religião é vida em Deus! É aquela que
tem a motivação certa: vivemos porque é o Senhor a causa de tudo isso. Ele é o
nosso Criador e Sustentador, e é por ele que vivemos nossa vida cristã. É o amor de
Deus derramado em nossos corações que torna a nossa vida significativa e cheia de
esperanças.
É aquela que tem um equilíbrio entre fé e prática: o caráter de Deus deve ser
refletido em nossa ação. Não podemos viver compactuando com a injustiça social, e
exploração dos mais fracos, a violência aos direitos mais elementares do ser
humano, e ainda dizer que somos cristãos. É aquela que pronuncia um juízo severo
contra os que cometem injustiças e pervertem o direito: Deus está atento, e a sua
ira paira sobre a humanidade. Que se cuidem aqueles que se aproveitam das
fraquezas humanas para se beneficiarem. A ganância, a exploração, a violência, têm
o seu limite: a ira de Deus.
Em Zacarias 8.1-23 podemos observar e aprender que: Em Cristo celebrou-se a
alegria! A era da plena alegria prevista pelos profetas já foi celebrada em Cristo. Ele
nos trouxe a plena revelação de Deus, e garantiu a vitória sobre todos os nossos
inimigos. Ele nos dá a vida significativa(João 10.10), e nos permite viver já na
expectativa da grande alegria do banquete do final da História e do início da
eternidade. Em Cristo Deus mostra sua fidelidade: quando as promessas e profecias
se cumprem em Cristo, Deus mostra sua fidelidade em cumprir suas palavras ditas
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através dos profetas nas Escrituras. Deus não se esquece de nenhuma de suas
promessas e, por isso, não podemos desanimar diante daquelas promessas que
ainda não se cumpriram.
Não há barreiras no povo de Deus: em Cristo, um novo povo se formou. Não
mais um povo com cores nacionais, mas com cores espirituais. Nele, todos nós
somos um só povo. As promessas pertencem a todos nós: As promessas de Deus
foram dadas a Israel e, posteriormente, por causa da sua rejeição, foram dadas a
nós, os que cremos em Cristo Jesus. A nós pertence também a responsabilidade de
sermos um povo santo, que proclama e que vive as verdades da fé. Não recebemos
só privilégios, mas responsabilidades também. Na igreja se cumprirão as profecias:
Todas as profecias do Antigo e Novo Testamentos que ainda não tiveram seu
cumprimento, serão cumpridas no âmbito da igreja. O Senhor virá para a Igreja e a
levará para a vida eterna.
Em Zacarias 8.13-23 podemos observar e aprender sobre a ação missionária:
Deus tem missões no seu coração: mal o homem tinha acabado de cair no pecado,
Deus já tinha o plano de salvação. É o seu amor que o leva a buscar o homem
perdido. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira(..)"(João 3.16). Ele é amor e
tudo o que faz, o faz motivado pelo amor. Foi por amor que escolheu Abraão, o povo
de Israel; foi amor que longânimo para com os erros de Israel. Por amor, ele
manteve um remanescente fiel, e por amor o seu Filho veio até nós. Deus não falha
em seus planos: Deus foi fiel em seus planos. Todas as suas promessas ou foram
ainda serão cumpridas. Nada do que ele disse ficará sem ter o seu cumprimento
entre nós. Ele prometeu o Salvador ainda no Éden, e esta promessa se cumpriu em
Jesus, "descendência da mulher". Ele disse que os povos se dirigiam a Jerusalém
para buscar salvação, e foi em Jerusalém que seu Filho morreu para nos trazer
salvação. Foi também em Jerusalém que as nações estavam representadas quando
se formou o novo povo de Deus, a igreja.
Nós somos os herdeiros da missão de Israel: a proclamação ainda continua
sendo missão, só que não mais de Israel, mas da igreja. Agora, proclamamos
promessas que foram cumpridas em Jesus e a promessa de que ele voltará para
consumar os planos de Deus. Aguardamos o Senhor "até a consumação dos
séculos". Não esqueçamos de nossa responsabilidade como enviados de Deus a uma
geração perdida. Não sejamos como Israel que, pelo preconceito e orgulho por ser
uma nação santa e sacerdotal, esqueceu da missão, perdendo também os
privilégios.
Em Zacarias 13.2-14.9 observar e aprender que o juízo final: É um
ensinamento claro das Escrituras: ninguém deve duvidar disso. O Senhor virá para
juízo contra o mal e trará bênçãos aos que lhe foram fiéis. Não devemos viver como
se o Senhor não viesse outra vez. Ele vem, e vem como Juiz. O sofrimento ainda nos
aguarda: a igreja do Senhor não deve esperar comodidade. Ela deve fazer a sua
parte na missão de proclamar o evangelho integral, e suportar com paciência os
sofrimentos que vêm sobre ela. Jesus mesmo nos avisou que teríamos tribulações e
que deveríamos ter ânimo para suportá-las. A presença do Espírito Santo em nossas
vidas é a garantia de que estamos selados para dia da salvação. O Dia do Senhor
será a nossa plena salvação: quando o Senhor voltar, experimentaremos a completa
salvação, a qual nos trará a libertação de todas as limitações da dor, da separação,
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da morte, do pecado, do mal, etc. Viveremos a vida eterna, o que significa viver a
qualidade de vida do Senhor. É viver o padrão de vida escolhido por Deus para nós.
É conquistar todo o potencial para o qual fomos criados.
MALAQUIAS
O Autor
Malaquias, como indicado em 1.1. Nada sabemos de sua vida, senão que foi o
último profeta de Israel, sendo a sua, a última profecia do Antigo Testamento. É
motivo de disputa se Malaquias é realmente o nome de um indivíduo ou se significa
antes "meu mensageiro" ou "meu missionário".
O Contexto e a Data.
Malaquias, provavelmente, foi escrito algum tempo no quarto século depois de
450 a.C., visto que reflete condições existentes nos dias da segunda chegada de
Neemias em Jerusalém, em 432 a.C. Malaquias, em sua mensagem, reflete um
momento posterior às reformas de Neemias, quando o povo volta a cometer os
mesmos erros. Talvez isso tenha ocorrido depois de Neemias ter partido para o seu
trabalho na corte persa(33). Não era uma época fácil para ser profeta, pois as
pessoas estavam agindo com muito cinismo em relação à vida religiosa. Apesar de
difícil, a tarefa de Malaquias era necessária.
Análise do Livro.
Malaquias foi um profeta que atuou no período final do Antigo Testamento. A
sua mensagem, usando o método de perguntas e respostas - onde Deus mesmo faz
e responde as perguntas, num diálogo com um inquiridor imaginário, é tocante e
tem aplicação notável para cada um de nós hoje. "O livro de Malaquias é mais usado
em nosso meio(haverá culto que não o tenha utilizado assim?) para o momento do
culto em que os dízimos e as ofertas são entregues, no texto de 3.10. Mas, que o
conteúdo, que riqueza e que contemporaneidade seu livro possui!"(34).
Da Bíblia Vida Nova citamos: "Falando por Deus, Malaquias estava colocado
num dos mais significativos pontos divisórios da História. Profetas tinham vindo e
ido, mas a cultura em torno de Malaquias não parece refletir qualquer impressão
deixada pelos seus labores. Os sacerdotes eram corruptos(1.6-2.9), e o povo, com
algumas exceções, não era melhor(2.10-4.3). Mas Deus continua no trono -
soberano. Deus era o pai(1.6), o Senhor(1.6), um grande rei(1.14), o governador
celestial(subentendido em 1.8), o doador das alianças e mandamentos(2.5; 4.4). Na
qualidade de Deus do juízo, Ele produziria condenação a Edom(1.3,4). Sua maldição
repousava sobre os sacerdotes infiéis(1.14; 2.2,3,9) e sobre aqueles que o haviam
furtado(3.9). Ele extirparia aqueles que se haviam casado com os pagãos(2.12).
Haveria súbito julgamento(2.17-3.5). O Dia do Senhor consumiria os ímpios(4.1,3).
Não obstante, na qualidade de Deus da graça, Ele abençoaria o remanescente fiel,
pois uma história graciosa estava por detrás de Seu amor a Jacó(1.2), de Sua
aliança com Levi(2.4,5), de Sua paciência com os filhos de Jacó(3.6), de Sua oferta
àqueles que haviam sido mordomos infiéis(3.10), do livro da memória(3.16), do
surgimento do sol da justiça(4.2) e da prometida vinda de Elias(4.5,6). O Dia do
Senhor aproximava-se, dizia Malaquias. Seria um dia glorioso para os
justos(3.16,17; 4.2,3), mas seria um dia destrutivo para os ímpios(4.1,3)"(35).
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Esboço do Livro
I - 1.1-5 = Deus afirma o seu amor, mas o povo diz: em que me amaste?
Deus escolhe falar aos seus servos através de um mensageiro. Ele tem seus
critérios e hoje nos fala através de sua Palavra: A Bíblia Sagrada. Um dos propósitos
da Palavra de Deus é revelar-nos o amor de Deus. Deus decidiu nos amar com amor
sobrenatural e eterno. As ações de Deus em favor dos seus amados revelam
aspectos do seu caráter e de sua justiça. Os que são cercados pelo amor de Deus
jamais serão destruídos ou arruinados(Romanos 8).O Deus que nos ama espera que
o engrandeçamos pelos seus feitos em nosso favor.
II - 1.6 = Deus exige respeito, mas o povo diz: em que te desprezamos?
O respeito que devemos a Deus envolve entre outras coisas: a) Honrar ao Pai
Celestial. b) Temer ao Senhor Todo-Poderoso. c) Valorizar o Nome de Deus.
III - 1.7- 2.9 = Deus exige pureza no culto, mas o povo diz: em que te
profanamos?
A qualidade de nossas ofertas é uma importante maneira de conhecer as
motivações de nossos corações. As coisas que são importantes para Deus devem ser
para nós também. As ofertas feitas de modo indevido(profanado) impedem que Ele
nos aceite. A falta de pureza entristece a Deus e o impede de aceitar as ofertas, o
culto, a adoração, as orações, etc. O nome do Senhor, que é grande, tem sido
louvado e engrandecido em diversos lugares por pessoas puras. Os líderes religiosos
em Israel profanavam o culto a Deus. E hoje?
Apresentavam animais: roubados e defeituosos e isto consistia numa
desvalorização, desrespeito e desobediência expressa ao que prescrevia a Lei
Cerimonial. Deus amaldiçoa aqueles que profanam seu Nome e o culto que a Ele é
devido. Deus tem uma palavra específica aos líderes espirituais do seu
povo(sacerdotes e pastores) embora que segundo à ótica do Novo Testamento todos
os cristãos são sacerdotes(sacerdócio universal dos crentes).
Honrar a Deus = este deve ser o alvo de nossos corações em todos os atos de
culto. Deus prometeu amaldiçoar os servos desobedientes assim como a sua
posteridade. Esta punição seria didática: para que relembrassem da pacto( a
aliança) e seus compromissos. Um pacto que produziria o temor de Deus no homem.
Um compromisso de vida e paz. A responsabilidade do homem neste pacto é: a)
manter a palavra de Deus na boca. b) livrar os lábios da impiedade. c) andar com
Deus em paz e retidão. d) ensinar a vontade de Deus a outros.
O ofício sacerdotal envolve: a) guardar o conhecimento de Deus. b) transmitir a
instrução do Senhor aos homens. c) ser o mensageiro de Deus. Os sacerdotes não
foram fiéis as expectativas divinas. Corromperam o compromisso e fizeram outros
tropeçarem. Deus despreza os que agem com indignidade; os que não guardam os
seus caminhos; os que fazem acepção de pessoas.
IV - 2.10-17 = Deus exige fidelidade conjugal, mas o povo diz: por que?
O povo foi acusado de quebrar o pacto dos seus antepassados no aspecto de
agir de modo indigno nas questões ligadas à família. Por casarem-se com mulheres
de outras nações muitos homens em Israel tornaram-se idólatras(abominação para
o Senhor). Deus revela sua indignação e promete extirpar das tendas do seu povo:
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Conclusão:
Um bom mordomo do amor a Deus revela em seu comportamento diário: um
reconhecimento do amor divino dispensado em seu favor; atitudes de
engrandecimento e exaltação do nome de Deus; postura respeitosa e reverente a
Deus por suas ações amorosas; um amor prioritário ao Deus que é amor. Você tem
sido um bom mordomo do amor a Deus? Saiba que esta é uma importante área da
mordomia e que você não pode neglicenciá-la. Este amor que devemos manifestar a
Deus tem suas aplicações e implicações ao nosso próximo, aos nossos irmãos, à
obra de Deus e tudo aquilo que é alvo do amor do Senhor. Um bom mordomo do
amor a Deus ama tudo aquilo que Deus também ama. Daí a necessidade de crermos
que o amor é a nossa identificação com Deus, de que Ele é a fonte do amor, e de
que este conhecimento sobre o amor deve tornar-se uma prática do amor.
Conclusão:
Como bons mordomos do culto a Deus: devemos apresentar a Ele um culto
verdadeiro e santo; devemos ter sobre nós líderes espirituais dignos; e devemos
honrar a Deus e servir aos homens. O culto verdadeiro requer amor de todo
coração. Participar de todo e qualquer culto requer primeiramente uma melhor
aproximação dEle em amor genuíno. O culto verdadeiro requer amor integral da
mente. A adoração deve ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e
consciência do homem. O culto verdadeiro requer todo o nosso esforço. Enquanto
coração e entendimento apontam para a vontade e sentimentos internos e íntimos,
"força" comunica o desafio de gastar energias físicas em atos de amor por Deus.
Implica que a adoração não é um ato separado do corpo de uma pessoa. Indica
gastar a vida e a energia unicamente em expressões de lealdade e afeição a Deus.
Para oferecer um culto verdadeiro, todo o ser precisa se envolver. A palavra chave
do mandamento é "todo". Todo o coração, toda a alma, todo o entendimento, Deus
nos quer por completo, Ele não deseja adoradores divididos, fraturados; espera o
Senhor que nos apresentemos inteiros diante da sua face. Ele quer ser louvado
através de nossas vidas.
Introdução:
povo de Israel foi acusado de quebrar o pacto dos seus antepassados no
aspecto de agir de modo indigno nas questões ligadas à família. Hoje a família
brasileira e também a evangélica sofre sérios problemas por falta de uma mordomia
adequada. Em nossa declaração doutrinária está posto que "a família, criada por
Deus para o bem do homem, é a primeira instituição da sociedade. Sua base é o
casamento monogâmico e duradouro, por toda a vida, só podendo ser desfeito pela
morte ou pela infidelidade conjugal. O propósito imediato da família é glorificar a
Deus e prover a satisfação das necessidades humanas de comunhão, educação,
companheirismo, segurança, preservação da espécie e bem assim o perfeito
ajustamento da pessoa humana em todas as suas dimensões. Caída em virtude do
pecado, Deus provê para ela, mediante a fé em Cristo, a bênção da salvação
temporal e eterna, e quando salva poderá cumprir seus fins temporais e promover a
glória de Deus". Em primeiro lugar a mordomia da vida familiar...
sobre qual é a sua motivação para o casamento. O motivo correto para que as
pessoas se casem é o amor. Outro aspecto importante é se há comunhão entre as
pessoas daí a importância de ambas servirem a Jesus Cristo. Os que são casados
devem continuar trabalhando duro a fim de que a comunhão seja
mantida(Colossenses 3:12-14).
Deus criou a família para a vida em santidade. A palavra santo tem o sentido
de separado. A vida da família cristã deve ser separada dos valores e práticas
pecaminosas da sociedade(I Tessalonicenses 4:3). As pessoas que aceitam os
padrões de imoralidade do mundo atual, e não procuram separar e santificar seu
namoro, noivado e casamento para Deus, estão desagradando o Senhor. Os cristãos
devem reconhecer o valor da família e procurar desenvolver seus lares de acordo
com os princípios bíblicos. Alguns cristãos passarão por este processo de santificação
até se casarem. Outros, por já estarem casados, poderão aplicar no seu viver diário
o que aprenderam na Bíblia sobre a família. Em quarto lugar a mordomia da vida
familiar...
Conclusão:
seu compromisso como mordomo de Deus deve levá-lo a reconhecer a
importância da família. Em nossa sociedade é comum o desrespeito à vida familiar.
Há inúmeros conflitos entre pais e filhos, infidelidade entre marido e mulher,
confronto entre irmãos, e todo tipo de egoísmo que contribui para a destruição dos
laços familiares. A televisão e outros meios de comunicação divulgam uma visão
distorcida da família, procurando mostrar que o importante é que cada um defenda
seus próprios interesses. Com muita freqüência ouvimos que o casamento é algo
ultrapassado e sem razão de ser. O ensino bíblico é contrário a esse pensamento e a
mordomia da vida familiar nos ajuda a termos uma vida familiar mais saudável.
III - IMPLICA QUE DEVEMOS TER UMA BOA MORDOMIA NO DÍZIMO E NAS
OFERTAS ALÇADAS.
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Conclusão:
Um mordomo da lealdade a Deus entende que a motivação para o serviço
cristão deve ser o espírito de servo, e não o de assalariado. Nós não devemos
buscar a Deus com o simples desejo de prosperidade, mas sim de serviço leal,
motivado pelo amor que nos foi manifestado em Cristo. Quem busca apenas
prosperidade, esquecendo-se de sua vida espiritual, não a encontrará em Cristo. Um
mordomo da lealdade a Deus entende que não deve buscar recompensa só para esta
vida. Não deve ser esta a intenção de quem serve a Cristo. O valor e a recompensa
do serviço cristão ultrapassam a eternidade.
Prova
Pelo fato de haver muitas repetições nos livros profetas menores, não faremos
um questionários com perguntas, propomos o seguinte:
Esta apostila faz parte dos Cursos de Teologia ministrados por essa instituição de ensino
teológico. Ela não pode ser comercializada, por se tratar de obra cujos textos foram escritos
por diversos autores e disponibilizados gratuitamente para cópias e usos acadêmicos.
Cópia dessa apostila não pode ser feita.