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Voluntariado em contextos de exclusão social

como lugar de (re)descoberta do Reino de Deus


Uma proposta mistagógico-cristã de inserção eclesial-social desde à cristologia e
à espiritualidade de Jon Sobrino

Área de concentração: Teologia da práxis cristã


Linha de pesquisa 1: Espiritualidade cristã e pluralismo cultural e religioso
Projeto de pesquisa: (3) A prática eclesial e a reflexão teológica

Candidato: Eduardo Roberto Severino

Orientador: Francisco das Chagas de Albuquerque

Ano 2019
II – Breve sumário da tese

Desenhado pelo Programa Magis da Companhia de Jesus no Brasil, a proposta de


inserção social em contextos de exclusão social, “Voluntariado Jovem” , poderia ser um dos
1

lugares onde os participantes exprimissem tanto a (re)descoberta inesperada de Jesus Cristo e


do Reino de Deus e surpreendente de Deus-Pai quanto o desejo viver diferentemente o
seguimento de Jesus e inserir-se destarte em Igreja e na sociedade? À luz das acepções
histórico-pastoral e histórico-teologal com as quais a Igreja, pela Constituição pastoral sobre a
Igreja no mundo Gaudium et spes, explicita sua tarefa pastoral de perscrutar os sinais dos
tempos e interpretá-los à luz do Evangelho (GS 4), de discernir os sinais da presença ou do
desígnio de Deus e de orientar o espírito para soluções plenamente humanas (GS 11),
objetiva-se desenhar uma proposta mistagógico-inaciana de voluntariado cristão em contextos
de exclusão social desde à cristologia e à espiritualidade de Jon Sobrino, pois tal fenômeno de
inserção social figura lugar de revelação sacramental de Deus e lugar eclesial-social de
seguimento de Jesus Cristo.

III – Objetivos

Geral

Construir uma proposta mistagógico-cristã de inserção social (voluntariado) em contextos de


exclusão social, abordando a operatividade social do dom desde à cristologia e à
espiritualidade de Jon Sobrino.


1
CAIXETA, Davi Mendes; CORREIA, Vanessa Araújo (Orgs). Reflexões e subsídios para o trabalho
com jovens. São Paulo: Loyola, 2018; MAGIS BRASIL. Disponível em: https://magisbrasil.com
Acesso em: 27 dez. 2018. O programa Magis-Brasil apresenta-se como uma ação apostólica da
Província dos Jesuítas do Brasil (BRA) destinada a jovens de 17/32 anos. Trata-se de uma ação
articulada em redes internas (Rede Inaciana de Jovens) e externas (congregações religiosas, grupos
eclesiais e civis), para lhes oferecer experiências, formações e acompanhamentos, em função do
serviço da fé e da promoção da justiça. O programa se organiza a partir de eixos transversais:
Exercícios Espirituais de Santo Inácio, Voluntariado jovem e inserção sociocultural, Pedagogia e
metodologia de trabalho, socioambiental, vocações jesuítas.
Específicos

Explicitar aspectos históricos, sócio-políticos, jurídicos e culturais da configuração


contemporânea do voluntariado em contextos de exclusão social, desde obras de Joaquín
García Roca, como fenômeno da atual cultura da cidadania, de participação e de
solidariedade sociais;

correlacionar o fenômeno social de voluntariado em contextos de exclusão social com a


categoria teológica o mundo dos pobres, desde à cristologia de Jon Sobrino, como lugar
de revelação sacramental de Deus em Jesus Cristo e como lugar eclesial e social-teologal
de seguimento;

constituir uma proposta de metodologia mistagógico-cristã de inserção social desde os


Exercícios Espirituais de Santo Inácio (EE 1 e 21), na qual concorram engajamento
pessoal-eclesial, reflexão teológica e engajamento social.

IV – Justificativa e relevância

O presente projeto de pesquisa tem por objeto formal as acepções histórico-pastoral e


histórico-teologal com as quais a Igreja, pela Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo
Gaudium et spes, explicita sua tarefa pastoral de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-
los à luz do Evangelho (GS 4), de discernir os sinais da presença ou do desígnio de Deus e de
orientar o espírito para soluções plenamente humanas (GS 11). Intitulado “Voluntariado em
contextos de exclusão social como lugar de (re)descoberta do Reino de Deus”, inscreve-se no
ingente desafio de repensar, mistagógica e inacianamente, propostas pastorais de inserção
social para jovens em situações de exclusão social, nas quais se interligam
concomitantemente engajamento eclesial, reflexão teológica e ação social solidária cristãos. 2


2
JOÃO PAULO II. Carta encíclica Centesimus Annus no centenário da Rerum Novarum. São Paulo:
Loyola, 1991, n. 5e, Coleção Documentos Pontifícios; CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS
DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas,
2007, Documentos da CNBB 85, p. 35, 92-95, 99-100, 113, 116 (respectivamente os nn. 48, 174-182,
193, 229, 238); Id.. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário.
Brasília: CNBB, 2013, Estudos da CNBB 102, p. 39-40, 43-44 (respectivamente os nn. 61-63); Id..
Pastoral juvenil no Brasil: identidade e horizontes. Brasília: CNBB, 2013, Estudos da CNBB 103, p.
52; Id.. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2.ed. Brasília: CNBB,
2017, Documentos da CNBB 107, p. 87 (respectivamente n. 208); SÍNODO DOS BISPOS. Os jovens,

3
O voluntariado em contextos de exclusão social é um fenômeno social, que faz
referência a instituições historicamente vinculadas à ação social e a pessoas que atuam como
impulsoras de iniciativas sociais, desde uma consciência solidária a uma transformação do
tecido social. No Brasil , as atividades voluntárias ganharam maiores organização e expressão
3 4

no século XX: no início do século, são exemplares os trabalhos da Cruz Vermelha


(1910/1912) e do Escotismo (1910) ; em 1935, com a promulgação da Lei n. 91, de
5 o

Declaração de Utilidade Pública, regulamentou-se a relação do Estado com as instituições


filantrópicas ; entre 1940 e 1985, destacaram-se a Legião Brasileira de Assistência – LBA
6

(1942), a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE (1954), o Projeto Rondon
(1967) e a Pastoral da Criança (1983) ; a partir dos anos 80, relacionado às mudanças sociais
7

e à participação política, incorporam-se à ideia da caridade e do assistencialismo, ligada


sobretudo a princípios religiosos, novos elementos, tais como regulamentação legislativa,
emergência do chamado terceiro setor com sua nova função social de intervenção, parcerias
entre instituições. Em 1985, pela Lei n. 7.352, definiu-se 28 de agosto o Dia Nacional do
o

voluntariado. Os anos 90 consideram-se a grande década do voluntariado no Brasil, pois, no


8


a fé e o discernimento vocacional: documento preparatório com questionário anexo com carta do papa
Francisco aos jovens. São Paulo: Paulinas, 2017, Documentos da Igreja 45, p. 43-53.
3
GARCÍA ROCA, Joaquín. En tránsito hacia los últimos. Crítica política del voluntariado. Bilbao: Sal
Terrae, 2001; Id., Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004; RENES
AYALA, Victor. El voluntariado: solidariedade y participación en la sociedad actual, Sal Terrae:
Revista de Teología Pastoral, Bilbao, v. 77, n. 6, p. 435-448, junio 1989.
4
MARTELLI, Carla Giani. Voluntariado. In. GIOVANNI, Geraldo Di; NOGUEIRA, Marco Aurélio
(Orgs). Dicionário de políticas públicas. 2.ed. São Paulo: Editora da Unesp; Fundap, 2015, p. 1022-
1024.
5
CRUZ VERMELHA BRASILEIRA. Disponível em: https://www.cruzvermelha.org.br/pb/ Acesso
em 07 dez. 2018; ESCOTEIROS DO BRASIL. Disponível em: https://www.escoteiros.org.br Acesso
em: 07 dez. 2018.
6
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei n. 91, de 28.08.1935, que determina regras pelas quais as
o

sociedades declaradas de utilidade pública. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L0091.htm Acesso em 07 dez. 2018. Tal lei foi
sucessivamente alterada, conforme lei n. 13.204, de 14.12.2015. Disponível em: o

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13204.htm#art9 Acesso em: 07 dez.


2018.
7
Legião Brasileira de Assistência – LBA. In. ACERVO ARQUIVÍSTICO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA MARIA. Disponível em: http://fonte.ufsm.br/index.php/legiao-brasileira-de-
assistencia-lba Acesso em 07 dez. 2018; APAE. Disponível em: https://apae.com.br Acesso em: 07
dez. 2018; PROJETO RONDON. Disponível em: https://projetorondon.defesa.gov.br/portal/ Acesso
em: 07 dez. 2018; PASTORAL DA CRIANÇA. Disponível em: https://www.pastoraldacrianca.org.br
Acesso em: 07 dez. 2018.
8
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei n. 7.352, de 28.08.1985, que institui o Dia Nacional do
o

voluntariado. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7352.htm Acesso


em: 07 dez. 2018.

4
contexto de globalização econômica e acirramento da concorrência em nível global, passou-se
a exigir novos posicionamentos no mundo empresarial. Muitas empresas assumiram posturas
distintas de gestão de negócios, colocando em pauta a questão do voluntariado empresarial e a
da responsabilidade social, num novo compromisso com a ética e o desenvolvimento
sustentável, e, com o debate sobre a crise e sobre a reforma do Estado, valorizou-se
sobremaneira a sociedade civil como locus de formas associativas capazes de colaborar no
desempenho de certas atribuições governamentais. Doações privadas para atividades com fim
público, trabalho voluntário e a atuação social das empresas deveriam ser transformados em
insumos para o desenvolvimento; em 1995, criou-se o Programa Comunidade Solidária , que 9

é expressão da importância que a ideia de solidariedade e de trabalho voluntario assumiria a


partir de então. O Conselho da Comunidade Solidária incentiva a participação da sociedade
civil em projetos sociais; a partir de 1997, criaram-se centros de voluntariado e ONGs , 10

importantes na consolidação da cultura do voluntariado; em 1998, promulga-se a Lei n.


9.608/98 , que dispõe sobre as condições do exercício do serviço voluntário, estabelecendo
11

para isso um termo de adesão; no ano seguinte, em 1999, promulga-se a Lei n. 9.790 , com a 12

qual dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
de instituir parcerias. Com a construção jurídica do voluntariado social, consagrou-se o
entendimento de que o voluntariado, para além do caráter assistencialista, passa a ser
fortemente incentivado como importante parceiro do Estado no atendimento das necessidades


9
Id.. Decreto n. 1.366, de 12.01.1995, que dispõe sobre o Programa Comunidade Solidária.
o

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/D1366.htm Acesso em: 07 dez.


2018.
10
CENTRO DE VOLUNTARIADO DE SÃO PAULO (1997). Disponível em:
http://voluntariado.org.br/LP/ Acesso em 07 dez. 2018; CENTRO DE AÇÃO VOLUNTÁRIA DE
CURITIBA (1998). Disponível em: https://www.acaovoluntaria.org.br Acesso em: 07 dez. 2018;
ONGs BRASIL. Disponível em: http://www.ongsbrasil.com.br Acesso em: 07 dez. 2018;
PARCEIROS VOLUNTÁRIOS. Disponível em: http://www.parceirosvoluntarios.org.br/quem-somos/
Acesso em: 07 dez. 2018; ONUBR – Nações Unidas no Brasil. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/vagas/voluntariado/ Acesso em: 12 dez. 2018; PROGRAMA NACIONAL
DE VOLUNTARIADO. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/vivavoluntario/assuntos/sobre-o-
programa Acesso em 12 dez. 2018; Voluntariado na representação de Unesco no Brasil.
REPRESENTAÇÃO DA UNESCO NO BRASIL. Disponível em:
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/vacancies/voluntary-service/ Acesso em: 12
dez. 2018.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei n. 9.608, de 18.02.1998, dispõe sobre o serviço voluntário e
11 o

dá outras providencias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/L9608.htm Acesso


em 07 dez. 2018.
Id.. Lei n. 9.790, de 23.03.1999, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado,
12 o

sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o
Termo de Parceria, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9790.htm Acesso em 07 dez. 2018.

5
da população e no desenvolvimento sustentável do país; em 2001, a ONU cria o Ano
Internacional do voluntariado ; em 2011, a Pastoral da Criança foi indicada ao Prêmio Nobel
13

da Paz , pelo trabalho realizado com seus 150 mil voluntários. No entanto, somente com a Lei
14

n. 13.297 , que dispõe sobre o serviço voluntário (1998/2016), incluiu-se a assistência à


o 15

pessoa como objetivo de atividade não remunerada reconhecida como serviço voluntário.
Tal fenômeno social resultou de processos histórico-políticos, construções jurídicas e
aspectos culturais, que se desdobram em práticas individuais, em organizações de
solidariedade e em movimentos sociais e se domiciliam em cenários do Estado, do mercado e
dos mundos vitais , nos quais pessoas se dedicam tempo e trabalho sem remuneração, com
16

motivações pessoais de caráter religioso, cultural, filosófico, político, ético-moral. Se, de um


lado, processos histórico-políticos, construções jurídicas e aspectos culturais fizeram do
voluntariado no Brasil uma realidade heterogênea e plural, de outro lado, a insuficiência da
política, do direito e da economia para a constituição do bem comum, de garantia de direitos e
de participação social inclusiva reclamam a constituição de espaços sociais de relações
pessoais e solidárias, que sobrepuje a logica administradora do poder político, a lógica
reguladora da lei e a lógica mercantil do dinheiro.
A criação desses espaços são da origem mesmo da ação voluntária, que contribui para
o bem-estar da comunidade e para qualidade de vida dos demais, que se empenha para
modificar e erradicar as causas da necessidade e da marginalização sociais , que se envida
17

para reduzir a fragilidade das pessoas, para amortizar a vulnerabilidade dos contextos de
exclusão e para promover uma sociedade convivencial e humana, uma cultura da cidadania,
da participação e da solidariedade , um modo de ação guiada pela operatividade social do
18

dom , enfim. Tal ação, que cria estruturas solidárias, remove causas de sofrimento e
19


13
ONGS BRASIL. Disponível em: http://www.ongsbrasil.com.br Acesso em: 12 dez. 2018.
14
PASTORAL DA CRIANÇA. Disponível em: https://www.pastoraldacrianca.org.br/noticias2/1041-
pastoral-da-crianca-e-indicada-ao-premio-nobel-de-2011 Acesso em: 07 dez. 2018.
15
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei n. 13.297, de 16.06.2016, sobre o incluir a assistência à
o

pessoa como objetivo de atividade não remunerada reconhecida como serviço voluntário. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4519.htm Acesso em: 07 dez. 2018.
16
GARCÍA ROCA, Joaquín. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994, Colección
Presencia Social 12. (Passim)
17
RENES AYALA, Victor. El voluntariado: solidariedade y participación en la sociedad actual, Sal
Terrae: Revista de Teología Pastoral, Bilbao, v. 77, n. 6, p. 435-448, junio 1989.
18
GARCÍA ROCA, Joaquín. Solidaridad y voluntariado, p. 25-86; Id.. Políticas y programas de
participación social. Madrid: Síntesis, 2011, p. 171-199.
19
DOMINGO MORATALLA, Agustín. Democracia y caridade. Horizontes éticos para la donación e
la responsabilidad. Miliaño: Sal Terrae, 2014, p. 129-159. Intitula-se operatividade social do dom o
potencial para reanimar, vitalizar e vigorar as relações sociais, que, segundo o autor, para entender a
radicalidade do voluntariado, não bastam as perspectivas sociológicas, políticas ou jurídicas. É

6
transforma mecanismos estruturais que produzem marginalizações, constitui-se num sujeito
social capaz de ser interlocutor de políticas sociais ante uma constante reinvenção de
exclusões sociais.

Desde o teólogo Jon Sobrino, esses contextos de exclusão social nos quais se
insertariam os cristãos sãos aqueles dos pobres desse mundo, que são lugar teológico . Nele 20

engendram-se dialeticamente a realidade de Cristo expressa em fontes do passado e a


realidade de Jesus Cristo , confessadas e professadas individual e eclesialmente, no presente.
21

Distinguindo fonte e lugar teológico , defende-se que o lugar ideal da cristologia será aquele
22

em que melhor se possam compreender as fontes do passado e em que melhor se captem a


presença de Cristo e a realidade da fé nele no presente. Esse lugar, que é um quid, é uma
realidade na qual o seguidor de Jesus Cristo deixa-se dar, afetar, questionar e iluminar, pois
ele, o seguidor de Jesus, “não inventa o conteúdo, mas [e] fora desse lugar será difícil
encontrá-lo e ler adequadamente os textos sobre ele [Jesus Cristo].” Não é simplesmente um 23

lugar geográfico-espacial, de modo que “ir a esse lugar, permanecer nele e deixar-se afetar
por ele é essencial” , afirma. À vista disso, os contextos de exclusão sociais, onde se
24

encontram os pobres desse mundo, são sinais histórico-pastorais e histórico-teologais.


As acepções de sinais histórico-pastorais e de sinais histórico-teologais feitas pelo
Concílio Vaticano II permitem-lhe atestar que Cristo está presente na realidade das minorias
25


importante contar com a categoria donación como presente nas motivações das pessoas. Trata-se de
atos de compaixão, entrega e generosidade como modo de cuidar dos demais e como cuidado de si
mesmo; Id.. El arte de cuidar: atender, dialogar y responder. Madrid: Rialp, 2013; GARCÍA ROCA,
Joaquín. Solidaridad y voluntariado, p. 17; Id.. Exclusión social y contracultura de la solidaridad:
prácticas, discursos y narraciones. Madrid: HOAC, 1998; MADRID, Antonio. La institución del
voluntariado. Madrid: Trotta, 2001.
20
SOBRINO, Jon. Jesucristo liberador: lectura historico-teologica de Jesus de Nazaret. San Salvador:
UCA, 1991, p. 423-451; Id.. La fe en Jesucristo: ensayo desde las victimas. San Salvador: UCA, 1999,
Teologia latino-americana 24, p. 21; Id.. Resurrección del la verdadera Iglesia: los pobres, lugar
teológico de la eclesiologia. 2.ed. Santander: Sal Terrae, 1984, Presencia teologica 8; Id..
Espiritualidad y seguimento de Jesus. In. ELLACURIA, Ignacio; SOBRINO, Jon. Mysterium
liberationis: conceptos fundamentales de la teologia de la liberación. 2.ed. Madrid: Trotta, 1994, v. 2,
p. 449-476; Id.. Cristologia sistemática: Jesus Cristo, el mediador absoluto del Reino de Deus. In.
ELLACURIA, Ignacio; SOBRINO, Jon. Mysterium liberationis: conceptos fundamentales de la
teologia de la liberación. 2.ed. Madrid: Trotta, 1994, v.1, p. 575-599.
21
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 64-72; Id., La fe en Jesucristo, p. 9-11.
22
Id., Jesucristo liberador; p. 43: “Há lugares em que se descobrem importantes realidades que estão
nas ‘fontes’ da revelação, mas que estiveram como que sepultadas.”
23
Id., Ibid., p. 59.
24
Loc. cit., p. 59.
25
Id., Ibid., p. 54-55: “No Concílio a expressão sinais dos tempos tem duas acepções. Por um lado, os
sinais dos tempos tem um significado histórico-pastoral, pois são ‘acontecimentos que caracterizam

7
oprimidas latino-americanas (o mundo dos pobres: sinal histórico-pastoral) como o servo
sofredor de Javé, o divino transpassado, como crucificado (sinal histórico-teologal) . Assim, 26

a reflexão cristológica tem suas fontes específicas na revelação de Deus em Cristo presente na
realidade atual, que, em conformidade com o Concílio Vaticano II, há de discernir à luz da
Revelação. Cristo é o Senhor da história, esteve presente e atuante na origem da fé, torna-se
27

presente na história através de um corpo e por sinais dos tempos. Fundamentam-se, assim, as 28

relações entre fontes de Revelação e sinais dos tempos (= lugar teológico).


A importância de analisar os textos sobre Cristo, de levar em conta sua presença atual
na história e de captar e analisar a fé real em Cristo é pressuposta pela relação entre fidae
quae, o conteúdo do que se crê, quer dizer, a realidade de Jesus Cristo, e a fides qua, o ato
mesmo de crer nesse conteúdo, de modo que uma coisa remeta à outra. Assim, os conteúdos 29

da fonte da Revelação iluminam o seguimento de Jesus desde o mundo dos pobres


(voluntariado em contextos de inserção social), a fé vivida em Cristo desde aí aclara e
enriquece a compreensão dos conteúdos da Revelação. O mundo dos pobres é, portanto, lugar
de revelação sacramental de Deus, lugar eclesial e lugar social-teologal.

uma época’ (GS 4) e que oferecem uma novidade em relação a outras do passado. São, portanto,
realidades históricas concretas, e a finalidade de conhecê-las – investigando-as – é diretamente
pastoral: a Igreja precisa determiná-los para que sua missão – ‘salvar e não condenar, servir e não ser
servida’, como aparece na última linha de GS 3 – possa ser levada a cabo de forma relevante. Por
outro lado, sinais dos tempos tem um significado histórico-teologal, são ‘acontecimentos, exigências,
anseios... sinais verdadeiros da presença ou dos desígnios de Deus’ (GS 11). Esta afirmação tem em
comum com a anterior o fato de mencionar realidades históricas, mas acrescenta – e nisto está sua
importância decisiva – que nelas se deve discernir a presença de Deus e de seus planos. A história não
é vista mais aqui somente em sua novidade mutável e densa, mas em sua dimensão sacramental, em
sua capacidade de manifestar Deus no presente.”
26
Id. Ibid., p. 423-451.
27
Id. Ibid., p. 57; PALACIO, Carlos. A Igreja da América Latina, a Teologia da Libertação e a
Instrução do Vaticano: um discernimento. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, n. 43, v. 17, p. 293-
323, setembro/dezembro 1985; Id.. La “salvacion en Jesucristo” en la reflexión teológica latino-
americana, Revista Latinoamericana de Teologia, El Salvador, n. 53, p. 125-152, mayo/agosto 2001.
28
Cf. SUESS, Paulo. Sinais dos tempos. In. PASSOS, João Décio; SANCHEZ, Wagner Lopes
(Coords). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas; Paulus, 2015, p. 895-900, a
menção aos sinais dos tempos fez-se explicitamente presente nos documentos conciliares Constituição
Sacrosanctum Concilium n. 43, Decreto Unitatis Redintegratio n. 4a, Decreto Presbyterorum Ordinis
nn. 9b, 18b, Decreto Apostolicam Actuositatem n. 14c, Dignatatis Humanae n. 15c, e em documentos
pós-conciliares como, por exemplo, em Populorum progresio nn. 4 e 13, como em documentos de
Medellín (1968), Juventude Doc. 5, III/13, pastoral de elites Doc. 7, II/13, Catequese Doc. 8, III/12,
Movimentos de leigos Doc. 10, III/13, Sacerdotes Doc. 11, IV/28, Formação do clero Doc. 13, III/26,
Pastoral de conjunto Doc. 15, II/11b, como em documentos de Puebla (1979) 12, 15, 420, 473, 653,
847, 1115 e 1128, como em documentos de Santo Domingo (1992), DSD 147a – 209, cujos sinais dos
tempos são direitos humanos (164-168), ecologia (169s), terra (171-177), empobrecimento e
solidariedade (178-181), trabalho (182-185), mobilidade humana (186-189), ordem democrática (190-
193), nova ordem econômica (194-203), integração latino-americana (204-209), como em Aparecida,
DAp 366.
29
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 57.

8
Segundo Jon Sobrino, “em todo lugar da realidade de Jesus se manifesta algo de
Deus” . É de índole sacramental. Desde o princípio do Evangelho, Deus aparece em Jesus
30 31

como Deus conosco, ao longo do Evangelho mostrando-se um Deus para nós, na cruz como
um Deus a mercê de nós e, sobretudo, como um Deus como nós. Isso significa considerar a
32

vida inteira de Jesus, a centralidade do Reino de Deus e do Deus do Reino para ele, sua vida
de fidelidade e de obediência até o fim, até sua morte , onde o Deus crucificado é o Deus
33

solidário. As vítimas, os crucificados, coincidem teologicamente com a figura do servo


34

sofredor de Javé e são o lugar da presença de Jesus Cristo (Mt 25, 31-46) e de Deus Pai. Eles
estão presentes nos povos crucificados. Jon Sobrino explicita o que sãos os povos crucificados
em quatro níveis: fático-real, histórico-ético, religioso e cristológico. No nível fático-real,
35

povos crucificados significa pobreza e morte, lenta e real, por conta da pobreza, rápida e
violenta, por conta de repressão e das guerras, indireta e eficaz, por conta da privação cultural.
No nível histórico-ético, povos crucificados significa que a cruz expressa um tipo de morte
ativamente infligida por estruturas injustas. Há vítimas porque há verdugos. No nível
religioso, povos crucificados são o tipo de morte que padeceu Jesus, que, para o crente, tem a
força de evocar o fundamental da fé, do pecado e da graça, da condenação e da salvação.
Nesse sentido, os povos crucificados são os que completam em sua carne o que falta à paixão
de Cristo (1 Col 1, 24-28). Eles são a atual presença de Cristo na história, como o servo
sofredor de Javé e presença do corpo de Cristo crucificado na história, como povo mártir . O 36

mundo dos pobres é, pois, lugar de revelação sacramental de Deus. Eis o nível cristológico.
O mundo dos pobres é lugar eclesial , porque é o lugar da primeira e da segunda
37

eclesialidade. Entende-se por primeira eclesialidade o lugar onde se realiza o seguimento



Id., Ibid., p. 408.
30

Id.. El principio-misericordia. Bajar de la cruz a los pueblos crucificados. Santander: Sal Terrae,
31

1992, Colección Presencia Teologica 67, p. 83-95; Id.. El seguimento de Jesús pobre y humilde. Como
bajar de la cruz a los pueblos crucificados. In: GARCÍA-LOMAS, Juan Manuel (Ed.). Ejercicios
Espirituales y mundo de hoy. Congreso Internacional de Ejercicios Loyola, 20-26 septiembre de 1991.
Bilbao: Mensajero; Santander: Sal Terrae, [199-], p. 81.
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 410.
32

Id. Ibid., p. 419.


33

Id. Ibid., p. 410; ELLACURÍA, Ignacio. El pueblo crucificado, ensayo de soteriología histórica.
34

Revista Latinoamericana de Teologia, El Salvador, n. 18, ano VI, p. 305-333, septiembre/diciembre


1989.
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 424-425.
35

Id. Ibid., p. 425-451; Id., El principio-misericordia, p. 83-95.


36

Id., Jesucristo liberador, p. 60-64; Id.. Los documentos de Puebla serena a afirmación de Medellin.
37

ECA - Revista de Extension cultural de la Universidad Centroamericana Jose Simeon Cañas, El


Salvador, n. 365, p. 125-138, marzo 1979; Id.. Os fiéis também ensinam na Igreja. Concilium,
Petrópolis, n. 4, p. 60 – 68 [430-438], 1985; Id.. El Vaticano II desde América Latina. Selecciones de
Teología, Barcelona, n. 98, v. 25, p. 140-144, abril/junio 1986; Id.. Iglesias ricas y pobres y el

9
individual e comunitário/eclesial de Jesus e se historicizam a realidade e a ação de Jesus
Cristo como corporeidade histórica de uma comunidade-em-processo, “que vai
reinterpretando sua fé, aprendendo a expressá-la e formulá-la”. A realização da fé e da 38

corporização de Cristo são comunitárias. Concebe-se que, na Igreja (e na história), se vive a


realização do seguimento de Jesus. Entende-se por segunda eclesialidade a configuração da
Igreja como instituição, como guarda do depósito da fé, como transmissora dos textos sobre
Cristo, como intérprete normativa e salvaguarda de fato e de direito, como garantia última da
verdade. Na Igreja, mantêm-se e transmitem-se os textos sobre Cristo, os textos interpretam-
se e, na Igreja, salvaguarda-se sua verdade fundamental. Assim sendo, quando essa fé real e
comunitária, que são realidades eclesiais primárias (primeira eclesialidade), é posta em
relação com os pobres, surge a Igreja dos pobres (segunda eclesialidade), que, por serem os
pobres destinatários privilegiados da missão de Jesus, levantam perguntas fundamentais para
a fé, comovem e põem em movimento toda uma comunidade no processo de aprender a
aprender . Na Igreja dos pobres, o Cristo faz-se presente (Mt 25, 31-46 ) e essa Igreja,
39 40

realidade configurada pelos pobres, é seu corpo na história.


principio misericórdia. Una Iglesia “pobre” es una Iglesia “rica” en misericórdia. Revista
Latinoamericana de Teologia, El Salvador, n. 21, p. 307-323, 1990; Id.. La Iglesia samaritana y el
Principio-Misericordia. Sal Terrae, Santander, n. 10, tomo 78, p. 665-678, octubre 1990; Id..
Comunion, conflito y solidariedad eclesial. In. ELLACURIA, Ignacio; SOBRINO, Jon. Mysterium
liberationis: conceptos fundamentales de la teologia de la liberación. 2.ed. Madrid: Trotta, 1994, v. 2,
p. 217-243; Id.. La opción por los pobres: dar y recibir. “Humanizar la humanidad”. Revista
Latinoamericana de Teologia, El Salvador, n. 60, p. 283-307, septiembre/diciembre 2003; Id.. Os
mártires: interpelação à Igreja. Concilium, Petrópolis, n. 299, p. 142-152, 2003.
38
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 62.
39
Id.. Humanizar uma civilização enferma. Concilium, Petrópolis, n. 329, p. 70-80, 2009; Id.. O
fundamental de todo ministério. Serviço aos pobres e vítimas num mundo Norte-Sul. Concilium,
Petrópolis, n. 334, p. 11-23, 2010.
40
AGBANOU, Victor Kossi. Les discours eschatologique de Matthieu 24-25: tradition et rédaction.
Paris: Lecoffre, 1983, p. 171-198; Mateus. In: BÍBLIA de Jerusalém. Nova ed. rev. e ampl. 4. impr.
São Paulo: Paulus, 2006, p. 1750. Cf. nota “a”; GARGABLIO, Giuseppe; FABRIS, Rinaldo;
MAGGIONI, Bruno. Os evangelhos (I). 2.ed. São Paulo: Loyola, 2002, Coleção Bíblica Loyola 1, p.
369-372; BONNARD, Pierre. L’évangile selon saint Matthieu. 2e.ed. Neuchâtel: Delachaux et Niestlé,
1970, p. 365-370; DUPONT, Jacques. A Igreja e a pobreza. In. BARAÚNA, Guilherme (Ed.). A
Igreja do Vaticano II: estudos em torno da Constituição Conciliar sobre a Igreja. Petrópolis: Vozes,
1965, p. 420-452; FARAHIAN, Edmond, Relire Matthew 25, 31-46. Gregorianum, Roma, v. 3, n. 72,
p. 437-457, 1991; FEUILLET, André, Le caractère universel du jugement et la charité sans fronteires
en Mt 25, 31-46. Nouvelle révue théologique, Namur, t. 102, n. 2, p. 180-186, mars-avril 1980, p. 179-
196, mars-avril 1980; KONINGS, Johan, Quem é quem na “parábola do último juízo” (Mt 25, 31-
46)?. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, n. 22, p. 367-402, 1978; McMAHON, Christopher.
Christology, The Poor, and Surpassing Rightousness: Reading Matthew 25, 31-46 with 26, 6-13.
Révue biblique, Louvain-Paris, v. 123, n. 4, p. 554-566, octobre 2016.

10
O mundo dos pobres é lugar social-teologal, porque é donde se vê como está a criação
de Deus e onde Jesus Cristo faz-se presente como crucificado e como ressuscitado. Esse 41

lugar configura o modo de pensar do seguidor de Jesus, ao mesmo tempo crente e pensador, e
exige e facilita a ruptura epistemológica, ou seja, “pensar o Cristo a partir da situação da vida
e da morte reais, relacioná-lo com as necessidades primárias dos pobres, apresentar Cristo
como a palavra de vida diante da anti-vida, como quem veio trazer vida e vida em
abundância.” O mundo dos pobres é lugar de anúncio do Reino de vida contra o anti-reino de
42

morte; o mundo dos pobres ilumina os conteúdos cristológicos ; o mundo dos pobres ensina a
43

pensar teologicamente e possibilita à teologia a compreender-se como intellectus amoris,


intellectus misericordiae, intellectus justitiae, intellectus liberationis e, à cristologia, como
cristopráxis. Enfim, o mundo dos pobres faz a inteligência teológica refletir sobre si mesma,
44

sobre seu próprio funcionamento, sobre sua dimensão noética, ética e práxica. 45

O voluntariado em situação de exclusão social torna-se, assim, lugar onde se


exprimiriam tanto a inesperada (re)descoberta de Jesus Cristo e do Reino de Deus-Pai quanto
o querer viver com os demais de outra maneira, onde, diante das vítimas desse mundo, se
perguntaria, nas gráficas palavras de Ignacio Ellacuría, o que tenho feito para crucificá-lo? O
que faço para tirá-los da cruz? O que devo fazer para que esse povo ressuscite? Tal 46

experiência, cuja reflexão epistemológico-teológica se nos impõe, torna-se relevante


teológico-eclesial-socialmente, porque, para usar a terminologia do jesuíta filósofo Henrique
Vaz, se realizaria nela a passagem do descritivo/empírico (inserção em contextos de exclusão


SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 64-66; Id., El principio-misericordia, p. 83-95; Id., La fe en
41

Jesucristo, p. 9-11.
Id., Jesucristo liberador, p. 67; Id., El principio-misericordia, p. 31-45; Id., Resurrección de la
42

verdadera Iglesia, p. 40-50.


Id., Jesucristo liberador, p. 66-67.
43

Id. Ibid., p. 70-71.


44

Id.. ¿Cómo hacer teología? La teología como “intellectus amoris”. Sal Terrea, Santander, n. 5, v. 77,
45

p. 397-417, mayo 1989; Id.. Jesucristo liberador; Id.. Cristologia sistemática: Jesus Cristo, el mediador
absoluto del Reino de Deus. In. ELLACURIA, Ignacio; SOBRINO, Jon, p. 575-599; SOBRINO, Jon.
Hacer teología en nuestro tiempo y en nuestro lugar. Revista Latinoamericana de Teología, El
Salvador, n. 87, p. 259-298, diciembre 2012.
ELLACURÍA, Ignacio. Las Iglesias latino-americanas interpelan a la Iglesia española. Sal Terrae,
46

Santander, n. 3, p. 219-230, 1982; Id.. Lectura latino-americana de los Ejercicios Espirituales de San
Ignacio. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 23, p. 111-147, 1991.

11
social) ao valorativo/teológico (dialética entre fonte e lugar) e à cotidianidade da vida cristã
47

(o cristão do voluntariado ). 48

O central do voluntariado em contextos de exclusão social para o cristão é a realidade


de Jesus e do Reino de Deus e de seu seguimento. Como propor, pois, mistagógica e
inacianamente, uma metodologia de voluntariado cristão para jovens em contextos de
exclusão social onde se incorporam tanto (re)descoberta de Jesus Cristo e do Reino de Deus
quanto reflexão teológica, engajamento pessoal-eclesial e engajamento social?
Entende-se por mistagogia inaciana a maneira como Deus, na pessoa de Jesus Cristo,
foi conduzindo a Inácio de Loyola a processo contínuo de crescimento interior e de
transformação radical de sua vida, para dizer com Javier Melloni, à atração de Jesus Cristo e à
progressiva configuração à sua vida , cujos Exercícios Espirituais (EE) atestam-no. Trata-se
49 50

de um caminho de seguimento de Jesus, de configuração a Ele, de conformação a seu


Espírito. Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio são mistagógicos, porque mergulham
aquele que os recebe no mistério de Cristo Jesus e, através dele, no mistério de si mesmo, no
mistério do outro, no mistério do mundo, no mistério de Jesus Cristo e do Reino de Deus e do
Deus do Reino. Experiência cristológica da vontade de Deus (EE 1 e 21 ), de contemplação
51 52

de mistérios da vida de Jesus (EE 114-116 ), de seu seguimento (EE 91-98), de discernimento
53


47
VAZ, Henrique Claudio de Lima. Sinais dos tempos: lugar teológico ou lugar comum? Revista
Eclesiástica Brasileira, Petrópolis, v. 32, fasc. 125, p. 101-124, março 1972.
48
Evidencia-se, assim, o que é o propriamente cristão do voluntariado em contextos de exclusão social,
haja vista especificações de voluntariado: ambiental, corporativo, empresarial, educativo, esportivo,
serviço civil voluntário, trabalho voluntário, voluntário sadio/normal. Cf. Voluntário. In. INSTITUTO
BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECONOLOGIA. Biblioteca Digital Brasileira
de Teses e Dissertações. Brasília: IBICT, 2003. Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acesso em:
19 dez. 2018.
49
MELLONI, Javier. La mistagogía de los Ejercicios. Bilbao: Mensajero; Santander: Sal Terrae, 2001,
p. 19-23, 31-69; Id.. Mistagogía. In. CASTRO, José García de (Dir.). Diccionario de Espiritualidad
Ignaciana (G-Z). Bilbao: Mensajero; Santander: Sal Terrae, 2007, p. 1246-1250.
50
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA. São Paulo: Loyola, 2000, p. 9-
10: “Entende-se por exercícios espirituais qualquer modo de examinar a consciência, de meditar, de
contemplar, de orar vocal e mentalmente, e outras operações espirituais, de que adiante falaremos.
Assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais, chamam-se exercícios espirituais
diversos modos de a pessoa se preparar e dispor para tirar de si todas as afeiçoes desordenadas. E,
depois de tirar estas, buscar e encontrar a vontade divina na disposição de sua vida para sua salvação.”
51
MELLONI, La mistagogía de los Ejercicios, p. 19-23, 31-69; SOBRINO, Jon. La centralidad del
reino de Dios anunciado por Jesús, Revista Latinoamericana de Teologia, El Salvador, n. 68, p. 135-
160, mayo/agosto 2006.
52
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA, p. 9-10, 21.
53
Ibid., p. 56: “114 1. ponto Ver as pessoas (...) em seguida, refletir sobre mim mesmo para tirar
o

proveito. 2. ponto 115 Observar, prestar atenção e contemplar o que falar. Refletir em mim mesmo
o

para tirar algum proveito. 116 3. ponto Olhar e considerar o que fazem (...) Em seguida, refletir em
o

12
(EE 313-336), de serviço (EE 23, 230-231) e de sentir-se Igreja são alguns elementos que
poderiam, com EE leves (EE 18 e 19 ), configurar a dinâmica mistagógico-inaciana em
54

referidos contextos. Acredita-se que tal proposta figura a factibilidade de nossa pesquisa.

Nosso enfoque será, a princípio, o dom como manifestação do princípio de


reciprocidade social presente em principais obras de Joaquín García Roca sobre a
configuração contemporânea do voluntariado em contextos de exclusão social. Segundo o
sociólogo e teólogo espanhol, a solidariedade presente na experiência de voluntariado é uma
construção moral edificada sobre três dinamismos: “o sentimento compassivo, que nos leva a
ser uns para os outros; a atitude de reconhecimento, que nos convoca a viver uns pelos outros,
dando e recebendo uns dos outros; o valor da universalização, que nos impele a fazer uns
pelos outros”. 55

A ação voluntária inscreve-se, assim, na constituição do cidadão e coaduna-se com a


inserção do cristão no mundo, em sua busca de uma comunidade de iguais e entre iguais –
conforme figura a Igreja a serviço do mundo (GS), a opção de Medellín pela libertação, a
opção pelos pobres de Puebla, a opção pela defesa da fé e da promoção da justiça. Ora, se a 56

experiência cristã de inserção social tem a ver com a experiência do Espírito de Jesus Cristo,
ou seja, viver segundo o seu Espírito , (re)pensar, afinal, teológica e mistagogicamente o
57

mundo dos pobres desde à cristologia e à espiritualidade presentes em principais obras de Jon

mim mesmo para tirar algum proveito espiritual.”; GUILLÉN, Antonio T.. Contemplación. In.
CASTRO, José García de. Diccionario de Espiritualidad Ignaciana (A-F). Bilbao: Mensajero;
Santander: Sal Terrae, 2007, p. 445-452.
54
As anotações são destinadas a dar os EE, adaptando-os, aos diversos tipos de pessoas, segundo sua
capacidade, disposição e possibilidades, cf.: EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE
LOYOLA, p. 18-19; ARZUBIALDE, Santiago. Ejercicios Espirituales: historia y analises. 2.ed.
Bilbao: Mensajero; Santander: Sal Terrae, 2009, v. 1, p. 74. Lê-se na página 82: “Em resumo, deve
adaptar sempre a experiência, meios e atividades às moções-agitações e às possibilidades do
indivíduo, de tal modo que seja algo que este compreenda, resulte-o fácil e apetecível e o possa
descansadamente levar [18]”; LOP SEBASTIÀ, Miguel. Los directorios de ejercicios 1540-1599.
Bilbao: Mensajero; Maliaño: Sal Terrae, 2000, p. 625-629.
55
GARCÍA ROCA, Exclusión social y contracultura de la solidaridad, p. 27.
56
SOBRINO, Jon. La significación actual del reino de Deus anunciado por Jesús. Iglesia Viva –
Revista de pensamento cristiano, Valencia, n. 105-106, p. 365, mayo/agosto 1983.
57
AQUINO JUNIOR, Francisco. Viver segundo o espírito de Jesus Cristo: espiritualidade como
seguimento. São Paulo: Paulinas, 2014, p. 36-37: “A experiência cristã tem a ver com a experiência do
Espírito de Jesus Cristo: viver segundo o seu Espírito, o que significa viver como ele viveu e do que
ele viveu. Trata-se, portanto, de um modo concreto de viver e dinamizar a própria vida, conformando-
a ou configurando-a a Jesus de Nazaré. É nesse sentido que se deve falar da espiritualidade cristã
como seguimento de Jesus Cristo: seguir seus passos, prosseguir sua missão, atualizar seu modo de
vida (...) Se o Espírito de Jesus se manifesta no modo concreto como ele viveu, só na medida em que o
seguimos, isto é, em que vivemos como ele viveu, em que reproduzimos/atualizamos seu modo de
vida (seguimento) podemos afirmar que vivemos segundo seu Espírito (espiritualidade).”

13
Sobrino e modos de jovens de inserir-se em voluntariado em contextos de exclusão social
enquanto lugar de experiência teologal e de experiência eclesial-social é dom e tarefa
(segundo e terceiro momentos). Para propor uma mistagogia inaciana do já e do ainda não do
Reino de Deus como um advir, um tornar-se nunca acabado, uma aventura sempre proposta,
uma chance assumida, uma resposta sempre a dar, uma graça sempre a pedir para o outro,
para nós e para mim, faz-se necessário auscultar a correlação entre Jesus e os pobres,
ratificada evangélica, eclesial e socialmente, a fim de se articularem elementos teológicos
(trinitários, antropológicos, eclesiológicos e sociológicos).

V – Metodologia

Três perguntas preceituam, mormente, nosso itinerário de pesquisa bibliográfica: o que


é voluntariado em contexto de exclusão social e qual sua atual configuração? (1) Ademais, o
voluntariado em contexto de exclusão social seria lugar teológico, ou seja, lugar de revelação
sacramental de Deus, lugar eclesial e lugar social-teologal? (2) Como propor uma
metodologia de voluntariado para jovens na qual estejam presentes engajamento pessoal-
eclesial, reflexão teológica e engajamento social cristãos ou, como se lê em recentes
documentos magisteriais, onde se articulam espiritualidade, reflexão e ação social? (3)58

Num primeiro momento, pretende-se explicitar desde Joaquín García Roca aspectos 59

históricos, sócio-políticos, jurídicos e culturais da configuração contemporânea do


voluntariado em contextos de exclusão social. Esses aspectos são cenários onde se
concretizam a participação social, a solidariedade e o dom de si/do outro. Não se refere nem
do estudo da gênese e de seu desenvolvimento semântico-histórico nem de análises de
conjuntura do sistema social econômico, cultural. Trata-se do estudo do fenômeno social do
voluntariado em contextos de exclusão social em obras do referido autor, enquanto um modo

Ver nota n. 2.
58

O sacerdote e sociólogo Joaquín García Roca nasceu em 25 de fevereiro de 1943, em Barxeta


59

(Valência, Espanha). É licenciado em Filosofia pela Universidade Autônoma de Barcelona, licenciado


em Teologia pela Universidade de Salamanca, doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de
Roma e doutor em Filosofia social pela Universidade Santo Tomás de Roma. Fui professor convidado
na Universidade Centroamericana José Simeón Cañas (UCA), em El Salvador, para lecionar Teologia
da Esperança, sociologia e políticas contra a pobreza (desde 1992) e convidado na Universidade de El
Salvador (UES), em Cooperação ao desenvolvimento e projetos de cooperação internacional (desde
1992). Ver ELIZALDE, Antonio. Joaquín García Roca, Doctor Honoris Causa de la Universidad
Bolivariana de Chile, investido el 27 de noviembre de 2007, Polis – Revista de la Universidad
Bolivariana, Santiago, n. 18, 2007. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30501811
Acesso em: 13 dez. 2018.

14
de participação social, exercício da cidadã ia e ação solidária, por meio do qual se propõem
políticas sociais efetivas. Para esse fim, considera-se entre 6/12 meses em pesquisas/leituras.
Espera-se, ao final desse período, ter configurada a parte histórico-pastoral da pesquisa, a
condição samaritana da participação social, do exercício da cidadania e da ação solidária (Lc
10, 25-37).
Num segundo momento, pretende-se correlacionar desde à cristologia de Jon Sobrino
o voluntariado em contextos de exclusão social como lugar de revelação sacramental de Deus
e como lugar eclesial e social-teologal (lugar teológico). Nossa hipótese capitular é de que a
configuração contemporânea do voluntariado em contextos de exclusão social como
fenômeno de participação e de solidariedade sociais é uma realidade histórica, na qual se crê
que Deus e Cristo continuam fazendo-se presentes e na qual se convergem e se remetem
mutuamente pobres e Jesus de Nazaré e o seguimento eclesial-social d’Ele. Nela engendram-
se dialeticamente a realidade de Cristo expressa em fontes do passado e a realidade de Jesus
Cristo no mundo dos pobres como lugar de revelação sacramental de Deus (Cristologia),
confessadas e professadas eclesial-socialmente, no presente (Soteriologia cristológica). Ainda
que se façam às vezes alusões, não diz respeito a estudos nem comparativo entre cristologias e
eclesiologias, nem da história da cristologia ou de cristologias sistemáticas atuais, nem da
teologia da libertação, nem do estudo histórico da acepção de lugar teológico. Tange-se
estudar o modo como Jon Sobrinho, desde sua cristologia, entende o mundo dos pobres como
lugar teológico e como lugar eclesial-social desde à leitura histórico-teológica de Jesus de
Nazaré e da fé em Cristo. às vítimas/os crucificados/os pobres deste mundo a partir social, a
fim de legitimar nossa intuição de que o voluntariado em contextos de exclusão social é lugar
teológico e lugar eclesial-social. Para tal, prevê-se entre 6/12 meses em pesquisas/leituras.
Espera-se, ao final desse período, ter configurada a parte histórico-teológica da pesquisa, a
dimensão pública do projeto de vida inspirada no Evangelho de Jesus de Nazaré, o Cristo.
Num terceiro momento, investigar-se-á quais Exercícios Espirituais leves (EE 18 e 19)
constituiriam a trama na qual se inscreve a história espiritual de quem quer buscar e encontrar
a vontade de Deus para o seu cotidiano (EE 1), de quem quer situar-se existencialmente diante
dela e respondê-la pessoal e eclesialmente, e, mediante isso, interagir de outra maneira em
suas vidas (EE 23, 114-116, 230-231, 313-336), onde as experiências pessoais, as relações
uns com os outros, seus engajamentos sociais, políticos, culturais, eclesiais, professionais são
tecidos (EE 5, 15, 91, 180). Não diz respeito nem ao estudo estrito dos Exercícios Espirituais
de Santo Inácio ad intra, nas diversas modalidades de proposição da experiência completa,
nem da pesquisa do processo de gênese e desenvolvimento histórico do texto dos Exercícios

15
Espirituais leves (18 e 19), nem da análise acurada da teologia/cristologia dos EE, ainda que
se lhes façam alusões. Trata-se de descobrir quais EE, no quadro do voluntariado para jovens
a ser proposto pelo Programa Magis em contextos de exclusão social, configuram a adaptação
sugerida por Inácio, a fim de que os participantes sejam capazes de auferir os frutos próprios
dos EE (EE 1 e 21). Para tanto, presume-se entre 6/12 meses em pesquisas/leituras. Espera-se,
ao final desse período, ter configurada a proposta mistagógico-inaciana de inserção social em
contextos de exclusão social.

VI – Estado da questão

Concernente ao voluntariado social em contextos de exclusão social, é difícil nomear


voluntariado (ação benéfica, terceiro setor, voluntário, cidadão ativo ), pois recobre vasto
60

terreno (estado, mercado, mundos vitais), está submetido ao princípio de diversificação


contínua , impregnado de motivações distintas (instrumentais, expressivas, altruístas),
61

presente em esferas do Estado, da economia e dos mundos vitais. “Não existe o voluntariado
– escreveu Joaquín García Roca –, senão os voluntariados com uma ampla rede plural
associativa; tanto sua identidade como suas tarefas e funções estão vinculadas às
transformações de participação social”. No interior da realidade dos voluntariados coexistem
62

“um valor pessoal que nasce do exercício da bondade pessoal e da liberdade individual, um
movimento de cidadania que se organiza em torno a causas solidárias e uma instituição social
que se destina a benefícios e serviços.” 63

Concernente ao fenômeno social do voluntariado social em contextos de exclusão


social ser lugar teológico, o emprego na literatura teológica da categoria lugar teológico,


GARCÍA ROCA, Joaquín. Políticas y programas de participación social, p. 173-176.
60

Id. Ibid., p. 171.


61

Loc. cit..
62

63
Id. Ibid., p. 178; Id.. Solidaridad y voluntariado. Presencia social. Bilbao: Sal Terrae, 1994,
Colección Presencia Social 12, p. 17, 36; DOMINGO MORATALLA, Agustín. Democracia y
caridade, p. 129-159. Intitula-se operatividade social do dom o potencial para reanimar, vitalizar e
vigorar as relações sociais, que, segundo o autor, para entender a radicalidade do voluntariado, não
bastam as perspectivas sociológicas, políticas ou jurídicas. É importante contar com a categoria
donación presente nas motivações das pessoas. Trata-se de atos de compaixão, entrega e generosidade
como modo de cuidar dos demais e como cuidado de si mesmo. Ver também: Id.. El arte de cuidar:
atender, dialogar y responder. Madrid: Rialp, 2013; GARCÍA ROCA, Joaquín. Exclusión social y
contracultura de la solidaridad: prácticas, discursos y narraciones. Madrid: HOAC, 1998; MADRID,
Antonio. La institución del voluntariado.

16
ainda que seja usada para indicar a revelação de Deus, é epistemologicamente problemático e 64

diverso ; no entanto, o que parece de suma importância é a clara visão do subjacente ao uso
65

dessa expressão na linguagem teológica, a saber, a proposição cristã fundamental de que


Deus, tendo falado através de seu Filho no passado (Hb 1,1-2), continua comunicando-se por
Ele no presente e que, escutá-Lo e fazer sua vontade, é o decisivo. Para algumas
66 67


64
AQUINO JUNIOR, Francisco de. Sobre o conceito “lugar teológico”. Revista Eclesiástica Brasileira,
Petrópolis, fasc. 278, p. 451-452, abril 2010; COSTADOAT, Jorge. La historia como “lugar
teológico” en la teología latino-americana de la liberación. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, v.
47, n. 132, p. 179-202, maio/agosto 2015.
65
MICHON, Cyrille; NARCISSE, Gilbert. Lugares teológicos. In. LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário
crítico de Teologia. São Paulo: Loyola, Paulinas, 2004, p. 1055 [1055-1059]. Os autores nomeiam
“lugares teológicos aos diversos domínios a partir dos quais o conhecimento teológico pode elaborar
65

seu saber ou às diversas fontes nas quais se inspira: a Escritura, a tradição, os Padres, o magistério, a
liturgia etc.”; RAHNER, Karl. Teologia. In: ______. Sacramenti Mundi. Barcelona: Helder, 1977, vol.
VI, p. 546. Para o autor, loci theologici são fontes de conhecimento da teologia. Ele explicita
magistério eclesiástico, revelação, Sagrada Escritura, tradição, padres da Igreja, teólogos, liturgia, o
direito canônico como fontes; SCANNONE, Juan Carlos. Cuestiones actuales de epistemologia
teológica. Aportes de la teología de la liberación. Stromata, San Miguel, n. 3, p. 293-336, julio-
diciembre 1999. Para explicitar a auto-compreensão que a teologia da libertação tem e dá de si mesma
e sua própria originalidade como intellectus amoris e como intellectus misericordiae, Juan Carlos
Scannone propõe a distinção entre lugar teológico e lugar hermenêutico. Para ele, lugar teológico é seu
tópoi (em sentido aristotélico), ou seja, fontes (constitutivas ou declarativas) do conhecimento
teológico. Já lugar hermenêutico é o desde aonde se faz uma interpretação. É a partir daí que ele pode
afirmar que a Igreja e sua opção preferencial (não exclusiva) pelos pobres devem ser reconhecidas
como lugar teológico, pois manifestam conteúdos da Revelação, ou seja, são fontes e sinais históricos
da manifestação do amor de Deus, de Cristo, da Igreja na história, cuja tarefa da teologia é contemplar
(intellectus amoris), discernir à luz da Palavra de Deus sua atual manifestação de amor na presente
situação histórica e explicitar as exigências de amor misericordioso tanto pastorais como culturais,
sociais e políticas (intellectus misericordiae).
66
ANDINO ACOSTA, Carlos Andrés. Aproximación al VIH/sida como locus theologicus. Propuesta
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Ejercicios Espirituales como “lugar teológico”. In. GARCÍA-LOMAS, Juan Manuel (Ed.). Ejercicios

17
cristologias, o lugar teológico são os textos, embora tenham de ser lidos num lugar físico e
consideram-se as novas exigências da realidade. São sinais dos tempos em sentido histórico-
pastoral. Para a cristologia latino-americana, o lugar teológico é determinada realidade
histórica na qual se crê que Deus e Cristo continuam fazendo-se presentes. Ele é, por isso,
lugar teologal mais do que lugar teológico e de onde se podem reler mais adequadamente os
textos do passado. Segundo Jon Sobrino, se o lugar é importante para que a cristologia possa
ler suas fontes, ele o é mais ainda, por definição, se for levada a sério a (possível) presença de
Cristo na atualidade. São sinais dos tempos em sentido histórico-pastoral e em sentido
68

histórico-teologal.

Concernente a uma proposta mistagógica de inserção social em situações de exclusão


social, nas quais se interligam concomitantemente engajamento eclesial, reflexão teológica e
ação social solidária cristãs, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) , à esteira 69

de Centesimus Annus, na qual João Paulo II afirma que Leão XIII conferiu à Igreja quase um
estatuto de cidadania , acenou, em recentes documentos, para a urgência de repensar a ação
70

evangelizadora da Igreja, propondo o voluntariado como uma das pistas de ação de integração
do eixo pastoral espiritualidade, reflexão e ação social solidária ou socioeducacional. Sabe-se 71

do desafio de trabalhar a dimensão social da fé como elemento constitutivo da vocação cristã,


ainda que – como grafou Ramón Echarren, bispo de Canarias e presidente da Comissão
Episcopal de Pastoral Social – “todo cristão há de ser, pelo fato de ser discípulo de Jesus, ‘um
voluntário’ no campo social”. 72

Concernente aos EE leves, as anotações 18 e 19 estão destinadas a dar os Exercícios às


diversas classes de pessoas, segundo sua capacidade, disposição e possibilidades. Trata-se de


Espirituales y mundo de hoy. Congreso Internacional de Ejercicios. Loyola, 20-26 septiembre de
1991. Bilbao: Mensajero; Santander: Sal Terrae, [199-], v. 8, p. 323-337; SOBRINO, Jesucristo
liberador, p. 423-451; Id., La fe en Jesucristo, p. 9-11.
67
DOCUMENTO DE APARECIDA. Texto conclusivo da V Conferência geral do Episcopado Latino-
Americano e do Caribe. Brasília: CNBB; São Paulo: Paulus, Paulinas, 2007, p. 13, § 12.
68
SOBRINO, Jesucristo liberador, p. 54.
69
Cf. nota n. 2.
70
Cf. nota n. 2.
71
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação
evangelizadora no âmbito universitário, p. 40: “um justo engajamento no campo social implica tanto
num trabalho prático com aqueles que sofrem e enfrentam dificuldades quanto no aprofundamento
conceitual da doutrina social da Igreja.”
72
ECHARREN, Ramon. El voluntariado social: avisos para creyentes, Sal Terrae: Revista de Teología
Pastoral, Bilbao, v. 77, n. 6, p. 464, junio 1989.

18
modos possíveis de adaptação dos EE, dando, por exemplo, instruções com relação ao exame
geral cotidiano, com relação a práticas de orar (modos de meditar e/ou contemplar). Tais
adaptações ocorrem ad intra e ad extra experiência completa dos EE. A revista Manresa
Espiritulidad Ignaciana publicou uma série de modalidades de EE leves, dentre elas
experiências entre indígenas, com universitários, para membros de Comunidade Eclesial de
Base, EE vespertinos, dentre outras. Por ocasião do Congresso Internacional de Exercícios,
73

em 1991, em Loyola, Cardeal Carlo Maria Martini ilustrou o uso pastoral dos Exercícios
Espirituais implementado por ele, segundo a letra e o espírito da anotação 18: as semanas dos
EE abertos, na catedral ou em paróquias, inclusive para um grupo numeroso; durante o
encontro mensal de 1h ½ na Escola da Palavra para jovens; os EE fechados dados para grupos
de 200-300 pessoas; os EE adaptados à Igreja local; na Cátedra dos não-crentes. 74

Concernente à pesquisa, nenhum registro sobre “voluntariado cristão” ou


“voluntariado e Reino de Deus” foi encontrado na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (BDTD) , que integra e dissemina textos completos de teses e de dissertações
75

defendidas em instituições brasileiras de ensino e pesquisa. Num registro de 560.111


documentos, 151.837 são teses e 408.274 são dissertações. Ligados ao assunto, catalogam-se
161 documentos, dentre os quais 134 são dissertações e 27 são teses, referentes a
“voluntariado” (40 registros), a “trabalho voluntario” (27 registros), a “voluntários” (9
registros), a “terceiro setor” (10 registros), a “solidariedade” (5 registros). Esses arrolam-se,
maiormente, em áreas de conhecimento de psicologia e de educação (ciências humanas), de
administração (ciências aplicadas), de medicina veterinária (ciências agrárias), de direito
(ciências jurídicas). Os 161 documentos inscrevem-se em 34 instituições de ensino e pesquisa,
dentre as quais 8 estão no estado de São Paulo e onde se concentram 60 registros dos 161
documentos. Esses registros demonstram que, do ponto de vista da reflexão teológico-cristã,
se, de um lado, estendem-se os sujeitos históricos tidos como sinais dos tempos e como


Dossier Modalidades de Ejercicios “leves” [18], Manresa Espiritualidad Ignaciana, Madrid, v. 70, p.
73

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http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acesso em: 19 dez. 2018.

19
lugares teológicos ; de outro lado, não obstante, o voluntariado cristão em contextos de
76

exclusão social é um tema para a ciência teológica estudar.

VII - Plano (provisório) da tese

Ainda que novos elementos, tais como regulamentação legislativa, emergência do


chamado terceiro setor, parcerias entre instituições, incorporaram-se à ideia de caridade e de
assistencialismo, esses elementos estão em constante conflito no modo cristão de inserir-se
em cenários de exclusão social. A caridade e o assistencialismo não são nem uma categoria de
mercado nem categoria estatal, como igualmente sem o caráter emancipador e transformador
não é uma categoria cristã. O voluntariado tem uma essencial afinidade com os mundos vitais;
contudo, não deveria nem reduzir-se a eles nem regir-se exclusivamente por sua lógica. Como
resignificar as ideias de caridade e de assistencialismo e integrá-las à cultura da cidadania, da
participação e da solidariedade sociais, à luz do seguimento de Jesus Cristo e da centralidade
do Reino de Deus?

Dado o percurso experiencial-intelectual de Joaquín García Roca, suas obras refletem


elementos sociológicos, culturais e políticos para a atual cultura do voluntariado,
reivindicando uma cultura mais solidária e uma participação cidadã diferente e
transformadora, contrárias às misérias de um sistema social-econômico sem fronteiras. Desde
à cristologia de Jon Sobrino, tal realidade poderá ser iluminada por sua concepção de que o
mundo dos pobres é lugar teológico. Para Jon Sobrino, desde os pobres deste mundo, as
vítimas, os crucificados, a reflexão cristológica se faz mais práxica, mistagógica e existencial.
Os pobres e as vítimas dão à reflexão teológica algo mais importante que conteúdos, a saber,
luz para que os conteúdos possam ser visto adequadamente, ajudam a ler os textos
cristológicos e a conhecer melhor a Jesus Cristo, que ajuda a conhecer melhor as vítimas e,
sobretudo, a trabalhar em sua defesa. Desde à espiritualidade de Jon Sobrino, os EE podem
historicizar-se devidamente e podem converter-se em meio eficaz para baixar da cruz os
pobres. Os EE pertencem à primeira eclesialidade: misericórdia (EE 102-109), práxis (EE 53)
e lucidez (EE 136-147) são realidades e atitudes fundamentais que os EE vividos podem


76
Cf respectivamente notas 28 e 66.

20
gerar, pessoal e como Igreja samaritana , no quadro do voluntariado em contextos de
77

exclusão social. Para tal, aventa-se o esquema da tese a seguir.

Introdução

Capítulo 1: O voluntariado em contextos de exclusão social


Introdução
1. Aspectos etimológicos-históricos do Voluntariado como fenômeno social
2. Aspectos sócio-políticos, jurídicos, e culturais do voluntariado: configuração
contemporânea do voluntariado
3. O dom [e a solidariedade] como manifestação do princípio de reciprocidade social
4. À guisa de conclusão capitular: a dialética entre a lógica da equivalência e da lógica da
superabundância

Capítulo 2: Voluntariado em contextos de exclusão social: uma abordagem


desde à cristologia de Jon Sobrino
Introdução
1. Voluntariado em contextos de exclusão social desde à cristologia de Jon Sobrino
2. Os pobres deste mundo/ as vítimas/os crucificados como lugar teológico/teologal
2.1. O mundo dos pobres como lugar de revelação de Deus
2.2. O mundo dos pobres como lugar de reflexão teológica
3. Os pobres deste mundo/ as vítimas/os crucificados como lugar de seguimento
3.1. A inseparabilidade de tornar-se filho e tornar-se irmão
3.2. A inseparabilidade do lugar eclesial e do lugar social
4. À guisa de conclusão capitular: o voluntariado em contextos de exclusão social como
lugar teológico e como lugar eclesial-social

Capítulo 3: Voluntariado em contextos de inserção social: uma abordagem


desde à espiritualidade de inaciana
Introdução
1. Voluntariado em contextos de exclusão social desde à espiritualidade de Jon Sobrino
2. Exercícios Espirituais leves de Santo Inácio no contexto de inserção social
3. A proximidade do Reino de Deus: uma experiência que dá a pensar e a agir
4. À guisa de conclusão capitular: mistagogia inaciana

Conclusão da tese
Voluntariado em contextos de exclusão social como lugar de (re) descoberta do Reino de
Deus. Uma proposta mistagógico-cristã desde à cristologia e à espiritualidade de Jon Sobrino

Referencias


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SÍNODO DOS BISPOS. Os jovens, a fé e o discernimento vocacional: documento
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XV ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS. Os jovens, a fé e o


discernimento vocacional: documento preparatório com questionário anexo com carta do papa
Francisco aos jovens. São Paulo: Paulinas, 2017, Documentos da Igreja 45.

IX – Cronograma

Projeto de tese doutorado: de 1.2019 a 2.2022

Ano Semestres Procedimentos


Inscrição em disciplinas (1/3 das permitidas), conforme regulamento da pós-
Tempo graduação de teologia, a serem convalidadas posteriormente ao processo
2018 preparatório seletivo 1.2019; preparação para exame de proficiência em francês e em
inglês; pesquisa básica, escrita do projeto de tese, submetida à crítica dos
professor-orientador.
Inscrição em disciplinas na pós-graduação (1/3 = 4 cr); pedido de
1/2019 1/8 convalidação de créditos de mestrado em teologia (30 cr) e de 1/3 de
disciplinas cursadas 1.2018 (4 cr).
Inscrição em disciplinas na pós-graduação (1/3 = 4 cr), na Universidade de
2/2019 2 e 3/8 Comillas; estudos referentes ao primeiro capítulo da tese, redação da
1/2020 primeira versão do primeiro capítulo da tese, submetida à crítica do
professor-orientador; reescrita da segunda versão do primeiro capítulo.
Estudos referentes ao segundo capítulo da tese, redação da primeira versão
2/2020 4/8 do segundo capítulo da tese, seguida de leitura crítica do professor-
orientador; preparação para qualificação (5/8).
1/2021 5/8 Reescrita da segunda versão do segundo capítulo; exame de qualificação.

28
Estudos referentes ao terceiro capítulo da tese e redação da primeira versão
2/2021 6/8 do terceiro capítulo da tese, seguida de leitura crítica do professor-
orientador.
Reescrita da segunda versão do terceiro capítulo, redação introdutória e
1/2022 7/8 conclusiva, seguida de leitura crítica do professor-orientador.
Releituras, revisão teológica, revisão bibliográfica, correções de ortografia e
2/2022 8/8 de redação final, seguida de leitura crítica do professor-orientador, de defesa
pública de tese doutoral e de entrega, na secretaria, dos exemplares
impressos e do arquivo PDF do texto definitivo.

____________________________ ____________________________
Aprovação do orientador Eduardo Roberto Severino

Belo Horizonte, janeiro de 2019.

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