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O futuro da INFORPRESS

– Agência Cabo-verdiana de Notícias -


Que cenários?

Março 2017
O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?
O futuro da INFORPRESS – que cenários?

Ficha Técnica

Projeto: ESTUDO DE VIABILIDADE DE MODELOS DE


SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA DA
INFORPRESS

Cliente: DIREÇÃO GERAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Gestor do Projeto: Paulino Dias


Email: Paulino.Dias@pdconsult.cv

Equipa Técnica: o Paulino Dias (Consultor)


o Yuri Queita (Assistente)
o Anderlina Lima (Assistente)

Data: • Versão preliminar ……… 09/03/2017


• Versão final …………….. 14/03/2017

Realizado por: PD CONSULT


Endereço: Praia, Santiago CP 784
Tel.: +238 2629902 Fax: +238 2629903
Website: www.pdconsult.cv
E-mail: info@pdconsult.cv

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Índice geral
1. ENQUADRAMENTO, OBJETIVOS E METODOLOGIA..........................................................14
1.1. Enquadramento geral ...............................................................................................14
1.2. Objetivos e resultados esperados ..............................................................................15
1.3. Metodologia.............................................................................................................15
2. A INFORPRESS HOJE… ...................................................................................................17
2.1. Breve caracterização do setor ...................................................................................17
2.2. Organização geral e funcionamento da Inforpress ......................................................19
2.3. Recursos humanos....................................................................................................19
2.4. Infraestruturas e recursos logísticos...........................................................................20
2.5. Origem e aplicação de recursos .................................................................................21
2.6. Resultados e impacto................................................................................................23
3. O FUTURO DA INFORPRESS – QUE CENÁRIOS? ...............................................................31
3.1. Variáveis relevantes e tendências de evolução ...........................................................31
3.2. Expetativas, Oportunidades e Ameaças......................................................................35
3.3. Possíveis cenários.....................................................................................................37
3.3.1. Cenário 1 – Manter como está (business as usual) ..................................................37
3.3.2. Cenário 2 – Encerramento da Inforpress.................................................................38
3.3.3. Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar.................................................................40
3.4. Qual o melhor Cenário? ............................................................................................43
3.4.1. Avaliação do Cenário 1 – Manter como está ...........................................................44
3.4.2. Avaliação do Cenário 2 – Extinguir a Inforpress .......................................................48
3.4.3. Avaliação do Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar a Inforpress ..........................50
3.4.4. Análise comparativa..............................................................................................59
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................63
4.1. Conclusões...............................................................................................................63
4.2. Recomendações .......................................................................................................65
5. ANEXOS .......................................................................................................................67
5.1. Balanço Inforpress 2012-2015 ...................................................................................67
5.2. Demonstração de Resultados Inforpress 2012 – 2015 .................................................68
5.3. Mapa previsional de investimentos (Cenário 3) ..........................................................69
5.4. Projeção de receitas por fontes (Cenário 3) ................................................................70
5.5. Evolução da produção mensal de notícias (2013-15) ...................................................71

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Índice de tabelas e figuras

Tabela 1: Posição de Cabo Verde no Ranking de Liberdade de Imprensa .....................................17


Tabela 2: Indicadores financeiros 2012-2015.............................................................................21
Tabela 3: Impacto da fusão com a RTC sobre a estrutura de custos da Inforpress ........................23
Tabela 4: Dívidas acumuladas total ...........................................................................................24
Tabela 5: Caracterização do Cenário 1 ......................................................................................37
Tabela 6: Caracterização do Cenário 2 ......................................................................................39
Tabela 7: Caracterização do Cenário 3 ......................................................................................42
Tabela 8: Plano indicativo de amortização das dívidas ...............................................................44
Tabela 9: Cenário 1 - Projeção de despesas...............................................................................45
Tabela 10: Cenário 1 - Projeção de resultados ...........................................................................45
Tabela 11: Cenário 1 - Rácios Receitas/Despesas .......................................................................46
Tabela 12: Cenário 2 - Projeção de resultados ...........................................................................48
Tabela 13: Cenário 2 - Projeção de fluxos de caixa.....................................................................49
Tabela 14: Cenário 3 - Investimento estimado...........................................................................51
Tabela 15: Cenário 3 - Projeção de receitas...............................................................................52
Tabela 16: Cenário 3 - Projeção de custos .................................................................................53
Tabela 17: Cenário 3 - Projeção de resultados ...........................................................................54
Tabela 18: Cenário 3 - Projeção de fluxos de caixa.....................................................................54
Tabela 19: Cenário 3 com financiamento bancário - Projeção de resultados................................55
Tabela 20: Cenário 3 com financiamento bancário - Projeção de fluxos de caixa .........................55
Tabela 21: Propostas de metas de gestão .................................................................................65

Figura 1: Distribuição % de colaboradores por idade e por tempo de serviço ..............................20


Figura 2: Evolução de receitas e despesas por natureza .............................................................22
Figura 3: Evolução de rácios relevantes.....................................................................................22
Figura 4: Evolução de resultados líquidos ..................................................................................23
Figura 5: Evolução da produção média diária de peças noticiosas...............................................24
Figura 6: Visitas e page views a sites comparáveis .....................................................................25
Figura 7: Seguidores Facebook de páginas comparáveis.............................................................25
Figura 8: Perceção de desempenho atual ..................................................................................26
Figura 9: Perceção de desempenho global ................................................................................27
Figura 10: Fatores determinantes do desempenho ....................................................................27
Figura 11: Perceção de desempenho pessoal ............................................................................28
Figura 12: Perceção de desempenho dos colaboradores ............................................................28
Figura 13: Perceção dos trabalhadores sobre futuro da Inforpress .............................................29
Figura 14: Perceção dos trabalhadores sobre prioridades de investimento .................................29

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Siglas e abreviaturas

ADECO - Associação para a Defesa dos Consumidores


EBITDA - Earnings Before Interest, Tax, Depreciation and Amotization
(Resultados antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações)
INCV - Imprensa Nacional de Cabo Verde
INPS - Instituto Nacional de Previsência Social
NOSi - Núcleo Operacional para a Sociedade da Informação, EPE
PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PCCS - Plano de Cargos Carreiras e Salários
PRI - Período de Recuperação do Investimento
RTCi - Rádio e Televisão Cabo Verdeana
TIR - Taxa Interna de Retorno
VAL - Valor Atualizado Líquido

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SUMÁRIO EXECUTIVO

No quadro do processo de reestruturação do setor de comunicação social em Cabo Verde – e,


particularmente, do processo de separação da Inforpress da RTCi ( Decreto-lei 38/2016) – a Direção
Geral das Comunicações contratualizou à PD Consult um Estudo de viabilidade de modelos de
sustentabilidade económica e financeira da INFORPRESS, para identificar e avaliar cenários
possíveis de decisão e permitir que o Governo se posicione em relação ao futuro da empresa com
base em dados objetivos e mensuráveis.
Para a realização do estudo nos termos solicitados, a PD Consult adotou uma abordagem
metodológica que combinou (i) a recolha, sistematização e análise de dados, documentos,
estatísticas e legislação; (ii) entrevistas a entidades e personalidades relevantes; (iii) aplicação de
inquérito interno a trabalhadores da Inforpress. Desta recolha de informações, destacam-se os
seguintes finding´s relevantes:

➢ O quadro de recursos humanos da Inforpress integra, atualmente, 42


colaboradores, sendo 30 efetivos, 05 em regime de licença sem vencimento, 01 em
comissão de serviço, e 06 prestadores de serviços. A agência conta com 26
jornalistas (5 em regime de licença sem vencimento e 4 com contrato a prazo), 12
dos quais na redação central, tendo um a desempenhar a função de diretor/chefe
de informação.
➢ Em termos de perfil, constata-se que a idade média dos quadros efetivos (incluindo
os de licença sem vencimento e em comissão de serviço) é de 48 anos. Cerca de
44% tem mais de 50 anos, 19% tem entre 40 e 50 anos, e apenas 37% tem menos
de 40 anos. Mais de metade (63%) tem mais de 10 anos de trabalho na empresa e
22% tem entre 05 e 10 anos.
➢ As receitas totais caíram de 43,8 mil contos em 2012 para pouco mais de 35,5 mil
contos em 2015 (-18,9%), devido quer à redução substancial das receitas próprias
(de 3,7 mil contos para apenas 579 contos), quer à diminuição do montante do
subsídio do Estado (de 40 mil contos para 35 mil contos). No mesmo período,
porém, as despesas totais de funcionamento caíram de 49,6 mil contos para 37,7
mil contos (-24,0%), destacando-se a redução das despesas com pessoal em -10,5%.
➢ Em termos de composição das receitas, os subsídios do Estado representaram, no
período, a principal componente das receitas totais, tendo crescido de 91,4% em
2012 para 98,4% em 2015. Em sentido contrário a contribuição das receitas próprias
para as receitas totais caiu de 8,6% para apenas 1,6% no mesmo período. Em 2012
as receitas próprias cobriam apenas 7,6% das despesas totais de funcionamento,
caindo este rácio abruptamente até meros 1,5% em 2015.
➢ A fusão com a RTC significou um aumento relevante na estrutura de custos da
empresa, especialmente devido ao alinhamento da política salarial com o PCCS

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

daquela empresa, nos termos da Lei. As despesas mensais médias de


funcionamento aumentaram de 2.825 contos antes da fusão para 3.787 contos
(+34%) depois, sem que o valor do subsídio do Estado (2.916 contos) tivesse sofrido
qualquer ajuste em conformidade, contribuindo para o agravamento do quadro
financeiro da empresa.
➢ A empresa acumula dívidas elevadas, cujo montante ascende aos 119,9 mil contos
em 31/12/2016. Inclui dívidas para com o INPS (58.438 contos), o Fisco (46.982
contos), o NOSi (estimados 5.291 contos), a Unitel T+ (1.945 contos) e a Imprensa
Nacional de Cabo Verde (7.279 contos). Este montante não inclui eventuais juros
de mora que podem vir a ser cobrados à Inforpress.
➢ No que diz respeito à produtividade (para efeitos do presente estudo, medida em
termos de quantidade de peças noticiosas produzidas), a análise dos dados
fornecidos pela empresa evidencia uma certa deterioração nos últimos anos. Em
2013 a produção média diária foi de 27 peças noticiosas, baixou para 25 em 2014,
aumentou para 26 em 2015 e baixou para 24 em 2016 (quando excluídos os meses
atípicos das 03 campanhas eleitorais). Embora as causas desta queda de
produtividade precisem ser melhor apuradas, não deixa de ser relevante a
constatação desta quebra de produtividade da Inforpress precisamente no ano em
que esteve fundida com a RTC.
➢ No que se refere à análise de impacto da Inforpress, refere-se que nas duas
semanas entre 06 e 19 de fevereiro do corrente ano, a Inforpress foi citada como
fonte apenas 01 única vez pelos 02 principais jornais impressos do país (A Nação e
Expresso das Ilhas) 1. Também estatísticas recolhidas no site www.similarweb.com
referentes a total de visitas, page views e duração de visitas mostram que entre os
06 principais sites de notícias em Cabo Verde a Inforpress foi a menos visitada no
período entre 17/01 e 14/02/2017, com apenas 23 mil visitas (contra as 398,9 mil
da Sapo.cv e as 130 mil da RTC, por exemplo). Na mesma linha, a nível das redes
sociais, constata-se que a relevância da Inforpress é baixa, quando comparada com
as páginas de outros órgãos de comunicação social. A Inforpress tinha no dia
14/02/2017 um total de 2.331 seguidores (apenas acima do A Semana, com 1.340
seguidores), muito abaixo do total de seguidores da Sapo.cv (209,6 mil), do A Nação
(100,9 mil), da RTC (69 mil) e da Notícias do Norte (16 mil).
Procurou-se, de seguida, identificar um leque de variáveis-chave com potencial impacto
sobre o setor da comunicação social em Cabo Verde, particularmente, sobre a Inforpress,
e analisar as suas tendências de evolução futura. De igual forma, procedeu-se ao
mapeamento das expetativas e necessidades de um leque de atores relevantes (Governo,

1De notar, contudo, que não se fez o levantamento de citações por parte de outros órgãos de comunicação
social (rádios, televisões, revistas, etc.), por dificuldades de ordem metodológica, pelo que as conclusões
devem ser extraídas com a necessária cautela.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

órgãos de comunicação social, entidade reguladora, trabalhadores da Inforpress e


“consumidores finais” de notícias), de modo a se compreender o pano de fundo a partir do
qual devem emergir os possíveis cenários de decisão.
Na análise aos dados recolhidos, os consultores identificaram 03 possíveis cenários para o
futuro da Inforpress:

• Cenário 1 – “Manter como está” (business as usual). Neste cenário o Governo


basicamente não toma nenhuma decisão. Não investe na empresa, mantém o
mesmo valor do subsídio anual (35 mil contos) e, consequentemente, não se
registam alterações substanciais no modus operandi da empresa. Como resultado,
assume-se que a empresa irá manter a mesma performance, mas o deficit
financeiro continuará a alargar

• Cenário 2 – “Extinguir a Inforpress”. Neste cenário, o Governo encerra as atividades


da empresa, procede à venda dos ativos - cujo valor se estima em 69 mil contos,
incluindo o edifício (64 mil contos), viaturas, mobiliário e equipamentos (5 mil
contos) – indemniza os trabalhadores (num total estimado em 129.249 contos),
liquida a totalidade das dívidas acumuladas (119.935 contos) e procede com a
extinção formal da Inforpress. Os resultados mostram que as receitas arrecadadas
com a venda dos ativos, combinadas com as poupanças decorrentes do não
funcionamento da Inforpress, permitiram recuperar o investimento feito (em
indemnização e pagamento de dívidas), num período de 05 anos.

• Cenário 3 – “Reestruturar e Reposicionar a Inforpress”. Neste cenário, o Governo


decide (i) investir na Inforpress um montante estimado em 45,5 mil contos
(destinados à modernização tecnológica, ao alargamento da cobertura territorial
com a abertura de mais 08 delegações e a aquisição de outros ativos) e (ii) aumentar
o valor do subsídio mensal para 4.475 contos, para acomodar o aumento dos custos
de funcionamento com o alargamento da cobertura territorial. Uma variação deste
cenário é a possibilidade de, em vez de injetar capital, decidir-se por recorrer a
crédito bancário para financiar o investimento, aumentando, em contrapartida, o
valor do subsídio mensal para 5.000 contos para que a Inforpress possa arcar com
as despesas com o financiamento.
Para a avaliação desses cenários, os consultores definiram 03 critérios-chave:
o CRITÉRIO 1 – Sustentabilidade e viabilidade financeira;
o CRITÉRIO 2 - Nível de coerência com o Programa de Governo desta Legislatura; e
o CRITÉRIO 3 – Grau de satisfação das expetativas dos stakeholders relevantes.

O quadro abaixo sintetiza os resultados da avaliação de cada cenário, em cada critério.

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Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar
Critério Cenário 1 – Manter como está Cenário 2 - Extinguir
(1) Com financiamento do (2) Com financiamento
Estado bancário

C1 – • Prejuízos acumulados de - • Necessidade de • Estado deverá investir 45,5 • Inforpress financiará o


Sustentabilidade e 57.972 contos em 05 anos; investimentos iniciais na mil contos na empresa e investimento de 45,5 mil
viabilidade ordem dos 249.169 contos; aumentar o valor do contos através de
• Receitas cobrem no máximo
financeira subsídio mensal para 4.475 empréstimo bancário;
77% das despesas, tendendo-se • As poupanças decorrentes
contos em 2018;
a agravar para no máximo 73% da extinção ascendem aos • Estado deverá aumentar o
em 2022; 232.9 mil contos no período • Os resultados líquidos subsídio mensal para 5.000
de 05 anos; totalizam 1.586 contos ao contos em 2018 (60.000
• Incapacidade de liquidar as
longo do período; contos/ano);
dívidas acumuladas (total • Investimento inicial seria
119.935 contos até recuperado em 05 anos; • Indicadores de viabilidade • Os resultados líquidos
31/12/2016); desfavoráveis: totalizam 16.115 contos)
• Indicadores de viabilidade
• Indicadores de viabilidade favoráveis: o VAL – (20.945) contos • Indicadores de viabilidade
negativos. o TIR – (20%) favoráveis:
o VAL – 59 contos
o VAL – 3.493 contos
o TIR – 10% o PRI – 06 anos
o TIR – 15%
o PRI – 05 anos
o PRI – 04 anos

C2 – Coerência Manutenção do status quo em Inforpress extinta. Não é Caso os investimentos sejam acompanhados de medidas
com Programa de termos organizacionais e expectável que a de melhoria de gestão interna (orientada para objetivos, a
Governo tecnológicos, de produtividade e inexistência de uma agência todos os níveis), a contribuição da Inforpress para os
de cobertura territorial. de notícias isenta, objetiva, objetivos expressos no Programa de Governo deverá ser
O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar


Critério Cenário 1 – Manter como está Cenário 2 - Extinguir
(1) Com financiamento do (2) Com financiamento
Estado bancário

confiável e independente mais elevada, assumindo o seu papel de agência de


contribua para os objetivos notícias isenta, objetiva, confiável e independente, que
preconizados pelo Governo alimenta e suporta o crescimento e consolidação dos
para a área de comunicação órgãos de comunicação social no país, além de outras
social. De igual forma, entidades “consumidoras” de notícias.
contradiz o posicionamento
público do Governo a este
respeito.

C3 – Impacto sobre Manutenção do status quo em Inforpress extinta. Este Este cenário vai ao encontro do essencial das expetativas
expetativas dos termos organizacionais e cenário contraria as dos principais stakeholders, excetuando-se,
principais tecnológicos, de produtividade e expetativas do próprio eventualmente, no ponto que se refere ao custo de acesso
stakeholders de cobertura territorial. Produtos
Governo, dos órgãos de à notícia (sobretudo por parte dos órgãos de comunicação
e serviços deverão manter-se
comunicação social, da social, em que a sua exptativa tende, como é natura, para
inalterados ou piorar, em termos
entidade reguladora, dos uma redução substancial – ou eliminação – desses custos).
quantitativos, qualitativos, de
formato e de canais de
trabalhadores e da
distribuição. população em geral.

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Assim, conclui-se que:
1. Na perspetiva unicamente de sustentabilidade financeira, a melhor opção é a
extinção da Inforpress (Cenário 2). Este cenário exigiria um investimento global de
249,1 mil contos, para indemnização de trabalhadores (129,2 mil contos) e para
liquidação de todas as dívidas acumuladas até a data (119,9 mil contos). Pa rte dos
recursos para o efeito poderia ser mobilizada através da venda dos ativos da
Inforpress, nomeadamente o edifício-sede (estimado em 64 mil contos) e viaturas,
mobiliário e equipamentos (estimados em 5 mil contos). O investimento seria
recuperado em 05 anos, por via das poupanças geradas no período, pelo não
funcionamento da empresa, estimadas em 232,9 mil contos).
2. Numa perspetiva, porém, mais abrangente, que considere as prioridades definidas
pelo próprio Governo no seu Programa, no que tange ao setor da comunicação
social, e as expetativas e necessidades dos diversos atores relevantes (Critérios 2 e
3), as opções 1 (Manter como está) e 2 (Extinguir) não são opções viáveis. O
primeiro, porque além de não responder ao critério de sustentabilidade (levando,
pelo contrário, a um agravamento crescente do seu quadro financeiro), não
responde satisfatoriamente aos critérios 2 e 3. E o segundo, porque apesar dos
números apelativos que apresenta na perspetiva financeira, vai na contramão do
estabelecido no Programa do Governo e dos posicionamentos públicos deste sobre
o futuro da Inforpress, através do Ministro que tutela a empresa.

3. Assim, é nosso entendimento que o melhor cenário é o Cenário 3 (Reestruturar e


Reposicionar a Inforpress), que pressupõe um investimento inicial de 45,5 mil
contos na modernização tecnológica da empresa e no alargamento da sua
cobertura territorial (com mais 05 delegações no país e 03 no exterior), e um
aumento do valor do subsídio do Estado para a acomodar o impacto na nova
estrutura.
4. Dentro deste cenário, a melhor opção de financiamento do investimento inicial de
45,5 mil contos é através de crédito bancário garantido por hipoteca do imóvel da
Inforpress, desde que se assegure que o valor do subsídio mensal é aumentado para
5.000 contos/mês a partir do OE de 2018, reduzindo-se gradualmente até os 4.785
contos no OE de 2022. Esta opção de financiamento encerra 03 vantagens
relevantes: (i) não exigiria uma operação de aumento de capital da Inforpress e
correspondente mobilização de recursos do Orçamento do Estado; (ii) uma vez que
o valor de mercado estimado do edifício-sede da Inforpress (64.000 contos) é
superior ao valor do investimento necessário (45.500 contos), não haveria
necessidade sequer de aval do Estado para a contratualização do crédito, bastando
a hipoteca do imóvel como garantia, não tendo assim qualquer impacto no nível de
passivo contingente do Estado; e (iii) o impacto financeiro desta reestruturação e
modernização da Inforpress seria diluída ao longo do tempo (via o aumento do
subsídio mensal), em vez de uma mobilização substancial de recursos no imediato.
O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5. Apesar de o escopo do presente estudo não prever uma análise sistémica de todas
as empresas do Estado no setor de comunicações (nomeadamente a RTCi e a
Inforpress), conclui-se igualmente: (i) que a transformação da Inforpress numa
agência de notícias tecnologicamente moderna e com ampla cobertura territorial
pode tornar redundante as estruturas descentralizadas da RTCi, de captura e
processamento de notícias; e (ii) que uma reforma conjunta do “modelo de
negócios” das duas empresas, com a Inforpress a especializar-se na captura,
processamento e distribuição de notícias e a RTCi (Rádio e Televisão) a focalizar-se
mais na produção de conteúdos especializados e difusão, poderia permitir uma
maior racionalização global de custos que compensaria, pelo menos parcialmente,
os encargos com o aumento do valor do subsídio do Estado à Inforpress 2.
6. Os resultados projetados e impacto estimado da implementação deste cenário de
reestruturação e reposicionamento da Inforpress vão depender, todavia, de pelo
menos dois fatores críticos: (i) do grau de comprometimento dos órgãos de gestão
da Inforpress na materialização das projeções assumidas, particularmente no que
diz respeito a receitas próprias, controlo de custos, amortização das dívidas e
encargos financeiros como previsto, e cumprimento atempado das obrigações
legais (Fisco, INPS, etc.); e (ii) da competitividade e atratividade dos produtos e
serviços da Inforpress, em termos de quantidade, qualidade (rigor, objetividade,
isenção, confiabilidade), tempestividade, flexibilidade e diversidade de formatos e
canais, cobertura territorial, entre outros.

E recomenda-se, por fim:

a) Considerando o atrás exposto, que o Governo decida em prol da reestruturação e


reposicionamento do modelo de negócios da Inforpress, autorizando a contratação
de um crédito bancário no valor de 45.500 contos, a ser garantido por hipoteca do
imóvel-sede da Inforpress;
b) Que o subsídio transferido à Inforpress seja aumentado para 5.000 contos/mês a
partir do Orçamento de Estado de 2018, estabelecendo-se, porém, um
compromisso com a equipa de gestão da empresa para a sua redução gradual de -
1,1% ao ano, até atingir os 4.785 contos/mês no OE de 2022;
c) Que seja assinado com a equipa de gestão da Inforpress um contrato de gestão por
objetivos, que inclua, no mínimo, as seguintes metas:

2 Um estudo mais detalhado seria necessário para: (i) analisar os “modelos de negócio” das duas empresas (a
RTCi atual e a “nova” Inforpress, após os investimentos) e identificar possíveis áreas de sobreposição e
redundâncias; (ii) calcular os custos associados aos processos redundantes; e (iii) propor medidas de
reestruturação visando maximizar as sinergias e complementaridade e optmizar os custos globais das duas
empresas do Estado; e (iv) propor ajustes e rebalanceamento dos subsídios atribuídos pelo Estado às duas
empresas.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Objetivos de gestão 2018 2019 2020 2021 2022


1) Receitas próprias mínimas (contos) 20 400 21 420 22 491 23 616 24 796
2) Despesas máximas de funcionamento (contos) (1) 53 209 54 246 55 305 56 386 57 488
3) Rácio mínimo de Receitas próprias / Despesas de funcionam. (1) 0,38 0,39 0,41 0,42 0,43
4) Montante mínimo abatido das dívidas (contos) 13 445 13 445 13 445 13 445 13 445
5) Resultados líquidos mínimos (contos) 2 899 2 860 2 886 3 650 3 820
(1) Exceptuam-se as despesas com depreciação e pagamento das dívidas acumualdas

d) Que o Governo apoie institucionalmente a equipa de Gestão (particularmente nos


processos de decisão cuja competência é do acionista Estado em sede da assembl -
eia-geral), no processo de adequação dos instrumentos de gestão interna visando
promover uma cultura interna concomitante de gestão por objetivos. Em especial,
na adequação dos procedimentos e regulamentos internos, do sistema de
informação de gestão (SIG), do sistema de definição de objetivos individuais e
avaliação de desempenho, e dos mecanismos de premiação e penalização.
e) Que seja realizado um estudo complementar, numa perspetiva mais abrangente
cobrindo as empresas do Estado do setor de comunicações, visando: (i) analisar os
“modelos de negócio” das duas empresas (a RTCi atual e a “nova” Inforpress após
os investimentos) e identificar possíveis áreas de sobreposição e redundâncias; (ii)
calcular os custos associados aos processos redundantes; e (iii) propor medidas de
reestruturação visando maximizar as sinergias e complementaridade e optmizar os
custos globais das duas empresas do Estado; e (iv) propor ajustes e
rebalanceamento dos subsídios atribuídos pelo Estado às duas empresas. De notar
que tal estudo poderá revelar ainda oportunidades de sinergias adicionais, por
exemplo a nível de partilha de (parte) de estruturas e de recursos, conseguindo-se
assim ainda maior eficiência global.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

1. ENQUADRAMENTO, OBJETIVOS E METODOLOGIA

1.1. Enquadramento geral


No quadro da reestruturação do setor das comunicações em Cabo Verde, o Governo,
através do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, que tutela o setor, contratualizou à
PD Consult – gabinete de estudos e consultoria sedeada na Praia -, na sequência de
processo concursal, um Estudo de viabilidade de modelos de sustentabilidade económica
e financeira da INFORPRESS, para permitir que o Governo se posicione em relação ao
futuro da empresa com base em dados objetivos e mensuráveis.
O presente documento constitui o relatório do referido estudo, realizado por uma equipa
de consultores da PD Consult ao longo do mês de fevereiro de 2017, com base nos termos
de referência fornecidos. O documento expressa uma opinião isenta, objetiva,
tecnicamente sustentada e baseada em factos e evidências, sobre as questões colocadas à
consultoria. Porquanto o escopo da análise solicitada tenha sido limitado à
sustentabilidade económica e financeira da Inforpress, não se abarcando, portanto,
questões mais abrangentes de políticas para o setor, a equipa de consultores entendeu ser
necessário contextualizar tal análise no quadro geral do setor da comunicação social em
Cabo Verde, com suas dinâmicas, expetativas e necessidades.
O relatório está estruturado em 04 capítulos. Neste primeiro capítulo, são apresentados os
objetivos e resultados esperados e a abordagem metodológica adotada. Num segundo
capítulo é apresentada uma breve caracterização da Inforpress, em termos de estrutura
interna, origem e aplicação de recursos e evolução do seu desempenho (em termos
financeiros, de produtividade e de impacto). Apresenta-se igualmente, neste capítulo, as
principais conclusões de um inquérito interno feito aos trabalhadores da empresa, sobre
uma série de questões relevantes para o presente estudo.
No terceiro capítulo procede-se, primeiro, à laia de pano de fundo, ao mapeamento de um
conjunto de variáveis-chave e análise das tendências da sua evolução, para se apreender
as expetativas de diferentes atores, as oportunidades e ameaças – que devem ser
consideradas na identificação dos cenários possíveis para o futuro da Inforpress. Procede-
se, de seguida, à descrição e avaliação comparada dos cenários identificados, com base em
critérios previamente definidos.
No quarto capítulo apresentam-se as principais conclusões e recomendações do estudo,
resultantes das análises efetuadas.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

1.2. Objetivos e resultados esperados


O referido estudo devia integrar 04 componentes centrais, como abaixo explicitados:
1. COMPONENTE 1 – Diagnóstico organizacional da Inforpress, abarcando as seguintes
áreas: (i) instrumentos de gestão; (ii) estrutura funcional; (iii) recursos humanos; (iv)
processos críticos; (iv) origem/aplicação de recursos; (v) resultados e impacto.
Adicionalmente, complementar-se-á esta componente com uma análise situacional
(envolvente externa, incluindo tendências de evolução);
2. COMPONENTE 2 – Mapeamento/identificação de cenários possíveis para a
sustentabilidade da empresa – a partir do diagnóstico realizado na componente
anterior, identificar-se-ão variáveis relevantes (internas e do contexto), analisar-se-
á a tendência de evolução de cada variável, bem como a probabilidade de
ocorrência e o impacto sobre a sustentabilidade da Inforpress. Seguidamente serão
modelados os cenários possíveis, identificando-se as vantagens, desvantagens e
fatores críticos associados a cada cenário.
3. COMPONENTE 3 – Avaliação da sustentabilidade financeira e viabilidade económica
de cada cenário possível descrito na componente anterior, com base em
indicadores comummente aceites para o efeito.
4. COMPONENTE 4 – Elaboração de parecer quanto ao melhor cenário, resultante das
análises anteriores. O parecer deverá incluir, igualmente, recomendações
relevantes e uma proposta de plano de ações indicativas para a sua implementação.

Como resultado, a equipa de consultores devia apresentar os seguintes produtos:


(i) Um relatório detalhado, com a seguinte estrutura indicativa;
1. Enquadramento da assistência técnica, objetivos, metodologia e resultados
esperados
2. Diagnóstico organizacional da Inforpress e contexto relevante
3. O futuro da Inforpress – que cenários?
4. Avaliação de sustentabilidade e viabilidade dos cenários
5. Conclusões e recomendações
(ii) Uma apresentação resumida em Power Point.

1.3. Metodologia
Para responder aos objetivos pretendidos com o estudo, a equipa de consultores da PD
Consult recorreu à seguinte abordagem metodológica:

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

(i) Recolha, sistematização e análise de relatórios, dados, documentos internos,


legislação relevante, tanto na Inforpress quanto em outras fontes;
(ii) Entrevistas abertas a uma amostra de entidades e personalidades relevantes,
incluindo Gestores da Inforpress (atuais e anteriores), Gestores da RTCi,
Gestores de órgãos de comunicação social privados, Presidente da Agência
Reguladora para a Comunicação Social (ARC), Jornalistas (de órgãos públicos e
privados), Presidente da ADECO, Professores Universitários e Pesquisadores,
Ativistas Sociais. As entrevistas foram conduzidas ao longo do mês de fevereiro,
presencialmente, via e-mail e via chat privado em rede social;
(iii) Aplicação de um inquérito interno aos trabalhadores da Inforpress, através da
plataforma Monkey Survey de questionários online. O inquérito, realizado entre
os dias 13 e 16 de fevereiro do corrente, foi respondido por 75% do quadro de
pessoal, o que confere um bom nível de representatividade. O questionário
utilizado consta como Anexo ao presente relatório e as principais conclusões
estão apresentadas no Quadro 1 (Capítulo 2);
(iv) Pesquisas na internet (dados, estatísticas, estudos comparados, documentos
relevantes);
(v) Desenvolvimento de simulador de análise em Excel para avaliar a
sustentabilidade e viabilidade financeira de cada cenário. Os parâmetros e
assunções utilizados nas simulações foram posteriormente discutidos e
validados com o ponto focal do Cliente (Inforpress).
Outros aspetos metodológicos mais específicos são detalhados ao longo do documento,
quando necessários para a compreensão das análises efetuadas, das conclusões e das
recomendações.
Os dados referentes às contas da Inforpress (balanço e demonstração de resultados), à
estrutura de custos, aos recursos humanos, às dívidas acumuladas para com fornecedores
e à produção mensal de peças noticiosas, foram fornecidos por esta e são, portanto, da sua
inteira responsabilidade, não constituindo objeto do presente estudo a
verificação/auditoria de tais informações. A equipa da PD Consult limitou-se a sistematizar
os dados consoante as necessidades de análise.
Realçamos a excelente colaboração da Inforpress na disponibilização de informações à
equipa de consultores da PD Consult, o que permitiu uma boa profundidade de análise,
dentro do tempo previsto. De destacar, entretanto, que não foi possível obter dados
financeiros objetivos referentes a 2016, uma vez que neste ano a Inforpress tinha sido
fundida com a RTC e os relatos financeiros foram feitos em conjunto.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

2. A INFORPRESS HOJE…

2.1. Breve caracterização do setor


Apesar dos desafios crescentes no setor, segundo a Freedom House, Cabo Verde faz parte
dos países livres em matéria de Liberdade de Imprensa (posição 32º no ranking), liderando
mesmo o ranking comparativo com os demais países dos PALOP. Para o efeito foram
considerados quatro itens analíticos com os seguintes resultados para o país: 1) Ambiente
legal; 2) Ambiente político; 3) Ambiente económico; e 4) Performance na liberdade de
imprensa, tendo Cabo Verde obtido as pontuações descritas na tabela abaixo.
Tabela 1: Posição de Cabo Verde no Ranking de Liberdade de Imprensa

Pontuações de
Critérios do Ranking de Liberdade de Imprensa
Cabo Verde

Ambiente legal (0-melhor/30-pior) 6

Ambiente político (0-melhor/40-pior) 9

Ambiente económico (0-melhor/30-pior) 12

Performance em liberdade de Imprensa (0- 27


melhor/100-pior).
Fonte: www.freedomhouse.org/report/fr eedom-press/2016/cape-verde

Em Cabo Verde operam vários órgãos de comunicação social, a saber:


a) Jornais Impressos (5) – Expresso das Ilhas (semanário); A Nação (semanário);
Artiletra (jornal-revista temático sobre a cultura); Terra Nova e A Semana
(semanário, mas suspenso neste momento no formato impresso);
b) Jornais Online (5) – Expresso das ilhas (www.expressodasilhas.sapo.cv); A Nação
(www.anacao.cv); A Semana (www.asemana.publ.cv); Notícias do Norte
(www.noticiasdonorte.publ.cv); Sapo CV (www.sapo.cv);
c) Jornais online regionais (3) – Notícias de São Nicolau (www.noticiasn.net); Jornal
de São Nicolau (www.jsn.com.cv); Brava News (www.bravanews.com/en);
d) Agências de Notícia (2): Inforpress – Agência Cabo-verdiana de Notícias
(www.inforpress.publ.cv); e Lusa – Agência de Noticias de Portugal (www.lusa.pt);
e) Televisões (4) – TCV (www.rtc.cv); TV Record Cabo Verde; RTP; e TIVER;
f) Rádios (10) – RCV e RCV+ (www.rtc.cv); Rádio Educativa; Rádio Comercial; Rádio
Nova; Praia FM; Rádio Cidade FM; Rádio Dia; RDP África; Rádio Morabeza;
g) Outras Rádios comunitárias (12) – Rádio Voz de Ponta d’Água; Rádio Comunitária
Ribeira Grande de Santiago; Rádio Comunitária Voz di Santa Cruz; Rádio

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Comunitária Voz di Djarmai; Alternativa FM; Rádio Comunitária de Espargos, Rádio


Comunitária de Santa Maria; Rádio Comunitária da Boa Vista; Rádio Comunitária da
Ribeira Brava; Sodade FM (Rádio Comunitária do Tarrafal de São Nicolau); RCM
(Rádio Comunitária para o Desenvolvimento da Mulher); Rádio Rural de Santo
Antão.
O setor atravessa, no entanto, uma importante crise em termos de sustentabilidade. Os
órgãos públicos sobrevivem sobretudo de recursos do Orçamento do Estado e, no caso da
RTCi, também de taxa paga pelos consumidores, incluída na fatura de eletricidade. Os do
setor privado enfrentam problemas financeiros sérios, quer por causa da pequenez do
mercado consumidor, quer pela relativamente pouca dimensão do mercado publicitário,
quer ainda pelos elevados custos de contexto (que afetam tanto a produção como a
distribuição). Como resultado, por exemplo, o Jornal A Semana deixou de ter a sua versão
impressa e encerrou quase todas as suas delegações nas ilhas, a TIVER enfrenta problemas
financeiros com alguma gravidade, projetos editoriais (como por exemplo do jornal “A
Voz”) tiveram vida efêmera, entre outros.
Considerando as fragilidades estruturais do país, foi aprovada em 1997 uma lei que regula
o Sistema de Incentivos do Estado às Pessoas Singulares ou Colectivas que editam
Publicações Periódicas (Lei de Incentivos – DL nº106/97 de 31 de Dezembro, alterada pelo
DL nº8/2005, de 31 de Janeiro). No quadro desta lei, por exemplo, foram apresentadas,
para 2017, candidaturas cujo valor global ascendeu aos 113 mil contos, tendo o Estado
distribuído, no entanto, apenas cerca de 11 mil contos, a 06 jornais impressos, a saber: A
Semana 1.758.700$00, A Nação 2.299.988$00, Expresso das Ilhas 2.429.717$00, Alfa
Comunicações 2.086.566$00, Terra Nova 1.029.200$00 e Artiletra 1.401.219$00.
O setor é regulado pela Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC), que tem
como principais objectivos da regulação “promover e garantir o pluralismo cultural e a
diversidade de expressão de várias correntes de pensamento; assegurar a livre circulação
de conteúdos pelas entidades que prosseguem actividades de comunicação social e o livre
acesso aos conteúdos por parte dos seus destinatários; assegurar que a informação
fornecida pelos serviços de natureza editorial se paute por critérios de exigência,
imparcialidade, isenção e rigor jornalísticos; e assegurar a protecção dos direitos individuais
de personalidade sempre que os mesmos estejam em causa”.3

3 Fonte: site institucional da ARC (www.arc.cv)

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

2.2. Organização geral e funcionamento da Inforpress


A história recente da Inforpress é marcada pela sua fusão com a RTC, da qual resultou na
RTCI (decreto-lei 53/2015). Esta decisão foi, entretanto, revogada pelo novo Governo, que
decidiu por nova separação das duas empresas (Decreto-lei 38/2016), processo que,
contudo, ainda não está de todo consolidado, faltando ainda concluir alguns aspetos desta
separação, como os registos legais e a separação patrimonial, administrativa e financeira.
Organizacionalmente a Inforpress continua sem a necessária autonomia organizacional
para a sua auto-organização.
Com base nos Estatutos da Inforpress, esta deveria estar organizada em três órgãos,
nomeadamente: 1) Assembleia Geral; 2) Conselho Fiscal; e 3) Conselho de Administração.
Contudo os dois primeiros – Assembleia Geral e Conselho Fiscal – não têm funcionado, e o
Conselho de Administração foi reconvertido na figura de Gestor Executivo (Resolução nº
12/2014, de 21 de Fevereiro – Regime especial de gestão da INFORPRESS, SA).
A orgânica atual da empresa está estruturada, basicamente, em duas seções:
1- Gestor Executivo
2- Departamento de Informação – Diretor de Informação
Em matéria de horário de funcionamento da Inforpress, esta subdivide-se em dois grupos:
1) o pessoal administrativo tem o horário normal da função pública (08h às 16h); enquanto,
2) os jornalistas e correspondentes tem um horário de maior flexibilidade, marcada por
dois turnos (na sede) – primeiro turno das 08h às 14h e segundo turno das 14h ás 20h.

2.3. Recursos humanos


O quadro de recursos humanos da Inforpress integra, atualmente, 42 colaboradores, sendo
30 efetivos, 05 em regime de licença sem vencimento, 01 em comissão de serviço, e 06
prestadores de serviços. A agência conta com 26 jornalistas (5 em regime de licença sem
vencimento e 4 com contrato a prazo), 12 dos quais na redação central, tendo um a
desempenhar a função de diretor/chefe de informação. Apenas 14 jornalistas têm grau de
licenciatura, sendo que nenhum está dotado de especialização temática ou sub-temática.
No que toca as demais categorias profissionais, destaca-se a lacuna ao nível de repórter
fotográfico, pois o único que faz parte do quadro da instituição está prestes a passar para
a aposentadoria. Destaca-se ainda em regime de prestação de serviço, duas tradutoras que
traduzem os conteúdos noticiosos mais importantes para francês e inglês, mas também os
dois técnicos informáticos, um para a manutenção do parque informático e outro para a
manutenção da plataforma online.
Em termos de perfil, constata-se que a idade média dos quadros efetivos (incluindo de
licença sem vencimento e em comissão de serviço) é de 48 anos. Cerca de 44% tem mais

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

de 50 anos, 19% tem entre 40 e 50 anos, e apenas 37% tem menos de 40 anos. Mais de
metade (63%) tem mais de 10 anos de trabalho na empresa e 22% tem entre 05 e 10 anos.

- Distribuição de colaboradores por idade - - Distribuição de colaboradores por anos na empresa -


Igual ou mais de Menos de 02 anos Igual ou mais de
20 anos e menos 8% 02 anos e menos
de 30 anos
de 05 anos
7%
7%
Igual ou mais de
Igual ou mais de
30 anos e menos
50 anos
de 40 anos
44%
30%
Igual ou mais de
05 anos e menos
de 10 anos
Igual ou mais de 22%
10 anos
63%

Igual ou mais de
40 anos e menos
de 50 anos
19%

Figura 1: Distribuição % de colaboradores por idade e por tempo de serviço

Outro dado assinalável no presente item diz respeito à deficiência estrutural da instituição
em matéria dos instrumentos de gestão dos recursos humanos, particularmente ao nível
dos instrumentos de gestão por objetivos/resultados, instrumentos avaliação de
desempenho dos colaboradores da instituição, ferramentais motivacionais, sistemas de
recompensa, assim como, instrumentos de planeamento das necessidades formativas dos
colaboradores e da Inforpress no seu todo.

2.4. Infraestruturas e recursos logísticos


A Inforpress, S.A. tem a sua sede na Achada de Santo António – Cidade da Praia, num
edifício com dois (2) pisos que abarcam:
✓ 1 sala de reunião;
✓ 1 sala grande de redação (incluindo 2 pequenas salas – 1 para entrevistas
telefónicas e 1 que alberga o servidor);
✓ 1 sala/gabinete do gestor;
✓ 1 sala de arquivo;
✓ 1 sala/gabinete da agência LUSA;
✓ 1 sala dos condutores
✓ 4 salas atualmente sem uso

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Entretanto é de salientar o mau estado (pelo menos parcial) das instalações, em que
algumas salas estão sem uso a tempo considerável com impacto na deterioração das
instalações, assim como o mau estado do teto do edifício.
No que diz respeito as infraestruturas afetas aos correspondentes, a Inforpress faz uso de
delegações próprias (Porto Novo, São Vicente e Sal) e delegações partilhadas com a RTC
(Assomada e São Filipe) para albergar os serviços do seu correspondente. Enquanto que
em outros municípios (Ribeira Grande de Santo Antão e Maio) são as próprias residências
dos correspondentes a albergar os serviços da Inforpress.
No que toca aos recursos logísticos, destaca-se a fixação do servidor web da instituição nas
instalações da sede na Cidade da Praia, assim como 4 viaturas do parque automóvel da
empresa, dos quais três se encontram na ilha de Santiago e um na ilha de Santo Antão 4.

2.5. Origem e aplicação de recursos


A Inforpress beneficia de um subsídio do Estado no valor de aproximadamente 35 mil
contos ECV/ano, atribuído em regime de duodécimos. Esta é, atualmente, a única receita
efetiva da empresa. As outras duas fontes que se registavam antigamente (publicidade e
acesso pago à plataforma) foram perdidas, a primeira por via de legislação que proíbe a
Inforpress como agência noticiosa de publicitar e a segunda pela liberalização total no
acesso a plataforma www.inforpress.publ.cv.
Tabela 2: Indicadores financeiros 2012-2015

Valores em ECV
Var %
Rubricas 2012 2013 2014 2015
2015/2012

Receitas totais 43 848 203 38 712 062 36 295 004 35 579 874 -18,9%
- Receitas próprias (vendas e prestações de serviços) 3 764 868 3 712 066 1 295 000 579 870 -84,6%
- Subsídios à exploração 40 083 335 34 999 996 35 000 004 35 000 004 -12,7%
Despesas de funcionamento totais 49 646 663 45 152 595 38 667 993 37 707 361 -24,0%
- Fornecimentos e serviços externos 14 836 932 6 217 294 6 072 222 6 563 456 -55,8%
- Despesas com o pessoal 34 809 731 38 935 301 32 595 771 31 143 905 -10,5%
Outros rendimentos e ganhos 1 239 025 1 200 554 1 088 047 1 090 685 -12,0%
Outros gastos e perdas 853 542 18 094 505 969 194 010 -77,3%
Resultado líquido -9 327 238 -9 612 805 -6 387 580 -5 239 366 -43,8%

Rácios
- Receitas próprias / Receitas totais 8,6% 9,6% 3,6% 1,6%
- Subsídios à exploração / Receitas totais 91,4% 90,4% 96,4% 98,4%
- Receitas próprias / Despesas de funcionamento 7,6% 8,2% 3,3% 1,5%
- Rentabilidade das receitas totais -21% -25% -18% -15%
- Rentabilidade das receitas próprias -248% -259% -493% -904%

4 Ao serviço da RTCI

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Os dados fornecidos pela empresa demonstram que as receitas totais caíram de 43,8 mil
contos em 2012 para pouco mais de 35,5 mil contos em 2015 (-18,9%), devido quer à
redução substancial das receitas próprias (de 3,7 mil contos para apenas 579 contos), quer
à diminuição do montante do subsídio do Estado (de 40 mil contos para 35 mil contos).
INFORPRESS INFORPRESS
Evolução das receitas por natureza Evolução das despesas por natureza
50 000 000 60 000 000

45 000 000
50 000 000
40 000 000

35 000 000
40 000 000
30 000 000
ECV

ECV
25 000 000 30 000 000

20 000 000
20 000 000
15 000 000

10 000 000
10 000 000
5 000 000

0 0
2012 2013 2014 2015 2012 2013 2014 2015

- Receitas próprias (vendas e prestações de serviços) - Subsídios à exploração - Fornecimentos e serviços externos - Despesas com o pessoal

Figura 2: Evolução de receitas e despesas por natureza

No mesmo período, porém, as despesas totais de funcionamento caíram de 49,6 mil contos
para 37,7 mil contos (-24,0%), destacando-se a redução das despesas com pessoal em -
10,5%.
Uma análise da evolução de alguns rácios selecionados mostra que, em termos de
composição das receitas, os subsídios do Estado representaram, no período, a principal
componente das receitas totais, tendo crescido de 91,4% em 2012 para 98,4% em 2015.
Em sentido contrário a contribuição das receitas próprias para as receitas totais caiu de
8,6% para apenas 1,6% no mesmo período. Em 2012 as receitas próprias cobriam apenas
7,6% das despesas totais de funcionamento, caindo este rácio abruptamente até meros
1,5% em 2015.
INFORPRESS INFORPRESS
Evolução de rácios relevantes Evolução de rácios relevantes
120,0% 9,0%
8,2%

96,4% 98,4% 8,0% 7,6%


100,0% 91,4% 90,4%
7,0%
80,0%
6,0%

60,0% 5,0%

4,0% 3,3%
40,0%
3,0%

20,0% 9,6% 2,0% 1,5%


8,6%
3,6% 1,6%
1,0%
0,0%
2012 2013 2014 2015
0,0%
- Receitas próprias / Receitas totais 2012 2013 2014 2015

- Subsídios à exploração / Receitas totais - Receitas próprias / Despesas de funcionamento

Figura 3: Evolução de rácios relevantes

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

A tendência de redução das despesas seria, entretanto, revertida após a fusão com a RTC
em 2016, essencialmente por causa do alinhamento da grelha salarial com o PCCS da RTC.
Não obstante, o valor do subsídio do Estado manteve-se inalterável, o que tem contribuído
sobremaneira para agravar o quadro de tesouraria (deficitária) da empresa.
Tabela 3: Impacto da fusão com a RTC sobre a estrutura de custos da Inforpress

Antes da fusão Depois da fusão


Rúbrica
(ECV) (ECV)
Salário e Prestação de Serviços 2.240.000 2.950.497
INPS 340.000 426.807
Eletricidade e Água 120.325 125.000
Combustível 40.000 40.000
Divida com a INCV 35.000 35.000
Comunicação 50.000 75.000
Seguros 35.000
Despesas Variáveis 100.000
Total de despesas mensais média (a) 2.825.325 3.787.304
Valor do subsídio mensal (b) 2.916.667 2.916.667
Saldo de tesouraria mensal (b-a) 91.342 -870.637

2.6. Resultados e impacto


No que se refere a resultados líquidos, as contas da empresa mostram resultados
persistentemente negativos entre 2012 e 2015, não obstante tendência de melhoria no
período.
INFORPRESS
Evolução do resultado líquido
2012 2013 2014 2015

-5 239
-6 388

-9 327 -9 613
Contos

Figura 4: Evolução de resultados líquidos

Efetivamente, a Inforpress apresentou prejuízos de 9,3 mil contos em 2012, tendo reduzido
para 5,2 mil contos negativos em 2015. A persistência de resultados negativos
(praticamente ao longo de toda a sua história) levou a que a empresa não tivesse

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

capacidade de investir na sua modernização, sendo que a maior parte dos projetos
implementados nesta vertente resultaram de cooperação internacional.
Paralelamente, estes resultados não permitiram Tabela 4: Dívidas acumuladas total

à Inforpress regularizar uma série de dívidas Valor total


atempadamente, fazendo com que o total de Dívidas a 31/12/2016
(contos)
dívidas acumuladas à data de 31/12/2016 Dívida INPS 58 438
atingisse os 119.935 contos, incluindo dívidas Dívida Finanças (IUR) 46 982
para com o INPS, o Fisco, o NOSi, a Unitel T+ e a Dívida Nosi (est) 5 291
Imprensa Nacional de Cabo Verde. Este Dívida Unitel T+ 1 945
montante não inclui eventuais juros de mora Dívidas com INCV 7 279
que podem vir a ser cobrados à Inforpress. TOTAL 119 935

No que diz respeito à produtividade (para efeitos do presente estudo, medida em termos
de quantidade de peças noticiosas produzidas), a análise dos dados fornecidos pela
empresa evidencia uma certa deterioração nos últimos anos. Em 2013 a produção média
diária de peças foi de 27, baixou para 25 em 2014, aumentou para 26 em 2015 e baixou
para 24 em 2016 (quando excluídos os meses atípicos das 03 campanhas eleitorais).
Embora as causas desta queda de produtividade precisem ser melhor apuradas, não deixa
de ser relevante a constatação desta quebra de produtividade da Inforpress precisamente
no ano em que esteve fundida com a RTC.

INFORPRESS
- Produção média diária de peças noticiosas -

27 27
26

25

24

2013 2014 2015 2016 2016 (excl. meses


de campanhas)

Figura 5: Evolução da produção média diária de peças noticiosas

A avaliação do impacto da Inforpress revela-se um exercício extremamente complexo do


ponto de vista metodológico e nem constitui, de resto, objetivo do presente estudo. No
entanto, a equipa de consultores procurou medir dois indicadores específicos neste
domínio, a saber: (i) total de citações da Inforpress enquanto fonte nos 02 principais jornais
impressos, num dado horizonte temporal; e (ii) estatísticas de acesso ao site e à página
Facebook da Inforpress, em comparação com outros sites noticiosos.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

No que diz respeito ao primeiro indicador, refere-se que nas duas semanas entre 06 e 19
de fevereiro do corrente ano, a Inforpress foi citada como fonte apenas 01 única vez pelos
02 principais jornais impressos do país (A Nação e Expresso das Ilhas)5.
Quanto ao segundo indicador, estatísticas recolhidas no site www.similarweb.com
referentes a total de visitas, page views e duração de visitas mostram que entre os 06
principais sites de notícias em Cabo Verde a Inforpress foi a menos visitada no período
entre 17/01 e 14/02/2017, com apenas 23 mil visitas (contra as 398,9 mil da Sapo.cv e as
130 mil da RTC, por exemplo). É também a página com o 2º menor page views (1,83),
perdendo apenas para o A Nação (1,69).

Análise comparada 1
Visitas e page views entre 17/01/2017 a 14/02/2017
450 000 3,60 4,00
400 000 3,50
350 000 2,86
3,00
300 000
2,16 2,09 2,50
250 000 1,83
1,69 2,00
200 000 398 985
1,50
150 000
100 000 1,00

50 000 130 321 118 635 114 442 0,50


55 542 23 053
- -
Sapo.cv RTC A Nacão A Semana Noticias do Inforpress
Norte

Total de Visitas Page Views

Figura 6: Visitas e page views a sites comparáveis

Também a nível das redes sociais, constata-se que a relevância da Inforpress é baixa,
quando comparada com as páginas de outros órgãos de comunicação social. A Inforpress
tinha no dia 14/02/2017 um total de 2.331 seguidores (apenas acima do A Semana, com
1.340 seguidores), muito abaixo do total de seguidores da Sapo.cv (209,6 mil), do A Nação
(100,9 mil), da RTC (69 mil) e da Notícias do Norte (16 mil).
Análise comparada 2
Nº de seguidores nas páginas do Facebook (fev/2017)

209 670

100 970

69 088

16 047 2 331 1 340

Sapo.cv A Nacão RTC Noticias do Infor press A Semana


Norte

Figura 7: Seguidores Facebook de páginas comparáveis

5De notar, contudo, que não se fez o levantamento de citações por parte de outros órgãos de comunicação
social (rádios, televisões, revistas, etc.), por dificuldades de ordem metodológica, pelo que as conclusões
devem ser extraídas com a necessária cautela.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

A performance da Inforpress nesses indicadores sugere que a empresa tem tido um


impacto reduzido, quer enquanto fonte de notícias para os órgãos de comunicação social,
quer enquanto referência de consulta pelo público em geral.

Quadro 1
O QUE PENSAM OS TRABALHADORES DA INFORPRESS?

No quadro do presente estudo, a PD Consult realizou um inquérito interno simplificado,


junto dos trabalhadores da empresa, para capturar a perspetiva dos mesmos quanto a
uma série de questões relevantes. O inquérito foi realizado através de uma plataforma
online (Monkey Survey) entre os dias 13 e 16 de fevereiro do corrente ano, tendo sido
respondido por 75% do total de trabalhadores do quadro.

Questionados sobre a sua perceção do desempenho atual da Inforpress numa série de


áreas, os trabalhadores avaliam mais favoravelmente o desempenho da empresa em
aspectos como impacto ao nível do sector da comunicação social, nível de cumprimento
da sua missão, nível de produtividade e impacto sobre a sociedade em geral – o que
revela uma certa dissonância com a avaliação externa do impacto da Inforpress (ver
ponto anterior). No outro extremo, os aspectos que mereceram as pontuações médias
mais baixas foram disponibilidade de recursos financeiros, capacidade de mobilização de
receitas, nível de comprometimento do Governo e nível de eficácia de política e
instrumentos de gestão de Recursos Humanos.

INFORPRESS
- Perceção de desempenho atual -
100% 3,4 3,3 4,0
90% 3,3 3,2 3,0 3,5
80% 2,6 2,6 2,6 3,0
70% 2,4
2,1 2,0 1,9 2,5
60%
50% 2,0
40% 1,5
30% 1,0
20%
10% 0,5
0% 0,0
disponíveis (instalações,…

comprometimento do…
política e instrumentos…

mobilização de receitas…
instrumentos de gestão…
sociedade em geral

Nível de inovação

Recursos financeiros
Impacto ao nível do setor

Nível de cumprimento da

Nível de adequação das


Nível de produtividade

competências dos…
da comunicação social

Impacto sobre a

Nível de eficácia dos

Nível de eficácia da
dos colaboradores

Recursos logísticos

Capacidade de

disponíveis
Nível de
sua missão

Muito Bom Bom Mau Muito Mau Pontuação média

Figura 8: Perceção de desempenho atual

Os trabalhadores revelam igualmente uma perceção desfavorável quanto ao


desempenho da Inforpress durante a fusão com a RTC, em comparação com o períod o

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

anterior. Uma percentagem assinalável considerou que a Inforpress teve um


desempenho global pior ou muito pior durante e após o período de fusão.

INFORPRESS
- Perceção de desempenho global -
100% 3,70 4,00
90% 3,50
80% 2,67 2,52 3,00
70%
60% 2,50
50% 2,00
40% 1,50
30%
1,00
20%
10% 0,50
0% 0,00
...antes da fusão com a RTC? …dura nte o período de fusão …a pós a revogação da fusão?
com a RTC?

Muito melhor Melhor Igual


Pior Muito pior Pontuação média

Figura 9: Perceção de desempenho global

Questionados sobre as causas da deterioração do desempenho da Inforpress, os


trabalhadores destacam a falta de comprometimento do Governo, a falta de recursos
financeiros e a falta de inovação dos produtos e serviços como os 03 principais fatores.

INFORPRESS
- O que mais terá contribuído para a deterioração do
desempenho? -
37,3%

27,5%

19,6%

5,9% 5,9%
2,0% 2,0%
0,0%
Falta de inovação dos

Aumento da concorrência
O processo de fusão com

Má gestão

comprometimento dos
Falta de recursos

Ambiente económico
comprometimento do

produtos e serviços
financeiros

colaboradores
desfavorável
Governo
Falta de

Falta de
a RTC

Figura 10: Fatores determinantes do desempenho

O ambiente laboral interno é considerado pela maioria dos trabalhadores como bom
(42%) ou muito bom (22%), sendo que 33% acham que é razoável. Apenas 3% dos
trabalhadores avaliam o ambiente interno como mau. Destacam, sobretudo, o
relacionamento com colegas, o relacionamento com as chefias e o trabalho em equipa
como os aspectos mais positivos, e a comunicação (interna e externa) como os aspectos
menos conseguidos.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

INFORPRESS
- Perceção de desempenho global -
Relacionamento com
colegas
4,30

Relacionamento com
Comunicação externa
3,30 chefias
4,19

3,70 3,70
Comunicação interna Trabalho em equipa

Figura 11: Perceção de desempenho pessoal

No que se refere ao grau de satisfação pessoal, mais de metade dos trabalhadores


consideram-se em média muito satisfeitos (11%) ou satisfeitos (60%), relativamente a
um conjunto de aspetos, sendo que 23% revelam-se insatisfeitos e 6%, muito
insatisfeitos. A auto-avaliação quanto ao desempenho surge como o ponto com melhor
índice em termos de satisfação, seguido do relacionamento com o superior hierárquico
e apoio/colaboração que recebe dos colegas. No outro extremo, entre os aspectos em
que os trabalhadores manifestam mais insatisfação, destaca-se a oportunidade de
evolução na carreia, formações e ações de capacitação de que tenha beneficiado e
salário que recebe.

INFORPRESS
- Perceção dos colaboradores -

O meu desempenho
global
3,3 Relacionamento com o
Oportunidade de
meu superior
evolução na carreira 3,2 hierárquico
2,2

3,2
Formações e acções de Apoio/colaboração que
capacitaç ão que tenha 2,3 recebo dos meus
beneficiado colegas

2,7 Condições que me são


2,5
Salário que recebo disponibilizadas para
2,6 fazer o meu trabalho
O meu nível de
motivação nos últimos
12 meses

Figura 12: Perceção de desempenho dos colaboradores

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

No que tange ao futuro da Inforpress, a esmagadora maioria (96%) defende o


investimento e reestruturação da empresa. Apenas 4% defende a fusão com a RTC.

INFORPRESS
- Que futuro? -
0%
4% 0%

96%

Investimento e reestruturação Voltar a fundir com a RTC


Manter a situação atual Encerramento

Figura 13: Perceção dos trabalhadores sobre futuro da Inforpress

Em termos de investimentos, metade dos respondentes defende que deve ser dado
prioridade ao investimento no recrutamento de mais pessoal e 27% defende que a
prioridade deve ser a aquisição de equipamentos.

INFORPRESS
- Quê prioridade de investimento? -
9% 5%

9%
50%

27%

Recrutamento de mais pessoal Equipamentos


Formação e capacitação Melhoria da qualidade de gestão
Instalações físicas

Figura 14: Perceção dos trabalhadores sobre prioridades de investimento

Perguntou-se ainda aos trabalhadores quê sacrifícios estariam dispostos a fazer num
cenário de reestruturação da Inforpress. Contudo, a análise das respostas revelou
contradições substanciais que poderão ter sido causadas por discrepâncias na
interpretação da pergunta, pelo que as respostas não foram consideradas.
Os trabalhadores descaram, por fim os seguintes pontos fortes e pontos fracos da
Inforpress:

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Pontos fortes Pontos fracos

✓ Imparcialidade e credibilidade; rigor; • Falta de apoio institucional (de


em cima dos acontecimentos; qualidade investimentos); faltas de meios; recursos
de informação financeiros insuficientes
✓ Possui quadros/jornalistas com larga • Necessidade de mais recursos humanos
experiência e qualidade profissionais
• Ainda não dá cobertura a todo o território
✓ Uma Agência capaz de dar a cobertura nacional - carece de correspondentes em
nacional; importante para um Estado de algumas ilhas/concelhos
Direito democrático
• Ausência de serviços áudio e vídeo para o
✓ Boa "camaradagem", bom ambiente de público; falta de investimento na
trabalho entre os colegas plataforma para versões radio e tv
✓ Projetos inovadoras a serem postos na • Site inadequado para uma Agência
pratica, como o de Multimédia
• Tem falhado muito na estabilidade dos
✓ Razoavelmente equipada seus quadros, o que dificulta a
✓ Salário pago sempre sem grandes manutenção do nível da qualidade
problemas • Desmotivação dos colaboradores devido
✓ Quadro de pessoal motivado para ao clima de indefinição
trabalhar • Deficiente funcionamento (não funciona à
✓ Resistiu desde sempre às tentativas de noite e com deficiência em fins de
instrumentalização primando-se pela semanas)
verdade dos acontecimentos • Falta de investimento na especialização
✓ Serve de fonte para outros órgãos dos jornalistas bem como a sua
informação capacitação para a produção audiovisual

✓ Ausência de conflitos laborais • Fuga de alguns quadros, sobretudo dos


mais antigos e mais experientes

• Falta de comunicação; Pouco Marketing


ou divulgação da instituição enquanto
uma agência de noticias.
• Jornalismo demasiado institucional e sem
a rapidez necessária
• Falta de meios de mobilidade (caso das
ilhas, sobretudo) que dificulta na
cobertura dos acontecimentos

• Ausência de diálogo entre os profissionais


para aproveitamento das sinergias sem
lugar para individualismos

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

3. O FUTURO DA INFORPRESS – QUE CENÁRIOS?

Não constitui objeto do presente estudo uma análise aprofundada das macrotendências
com impacto relevante sobre o setor da comunicação social em Cabo Verde, nem
tampouco propor medidas de política pública numa perspetiva setorial, mais abrangente.
No entanto, considera-se necessária uma contextualização das decisões possíveis
relativamente ao futuro da Inforpress, no pano de fundo dos possíveis cenários de evolução
do setor de comunicação social em Cabo Verde, resultante das dinâmicas de variáveis
relevantes, expetativas dos principais stakeholders, oportunidades e ameaças associados a
esses cenários.

3.1. Variáveis relevantes e tendências de evolução


Pode-se identificar 05 grandes variáveis, cuja evolução futura vai influenciar a configuração
do setor de comunicação social em Cabo Verde e, concomitantemente, o papel que uma
agência de notícias como a Inforpress pode/deve desempenhar neste quadro.
1. Ritmo de penetração da internet – a taxa de penetração da internet “saltou”
literalmente, de 4,16% em 2011 para 58,9% no 4º trimestre de 2016 6, estimando-
se que continue a crescer, embora a ritmo mais lento à medida que se vai atingindo
o ponto de saturação. Mais de 80% do acesso à internet é feito através de
telemóveis. Esta tendência parece estar a ter um impacto substancial sobre o setor
da comunicação social em Cabo Verde, quer no lado da procura, levando a uma
alteração do perfil dos “consumidores de notícias” (cada vez mais dispersos
espacialmente, mais conectados, mais fluídos, mais bombardeados por conteúdos
sobre os quais têm que fazer escolhas), quer no lado da oferta, isto é, dos atores da
captura, processamento, distribuição e difusão de notícias. Entre outros impactos,
estas dinâmicas vão forçar a um repensar dos “modelos de negócios” destes atores,
que garantam a sua sustentabilidade económica e financeira num setor cada vez
mais fluído, sem abdicar dos princípios fundamentais da (boa) prática jornalística.
2. Evolução e absorção de novas tecnologias – A par do crescimento da penetração
da internet, a absorção de novas tecnologias complementares (por exemplo, nas
áreas de captura, processamento e transmissão/difusão de imagens e sons, de
interatividade / comunicação, entre outros), tende a massificar e baratear cada vez
mais os processos de produção, distribuição e consumo de notícias, afetando as
agências de notícia tanto pela positiva (via aumento da eficiência interna e redução
de custos operacionais), quer pela negativa (via aumento da concorrência – formal
e informal).

6 Fonte: ANAC (www.anac.cv)

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

3. Fluxos migratórios – Projeções do INE (Instituto Nacional de estatísticas) sugerem


um aumento dos fluxos migratórios internos, quer entre as ilhas (em direção às de
maior dinâmica económica/turística), quer do exterior para o país (turismo e de
migrantes do continente). Ilhas como Santo Antão, São Nicolau e Brava (além do
interior de Santiago), deverão ver a sua população reduzida, enquanto as da
Boavista, Sal e São Vicente (além da Cidade da Praia), deverão registar um
crescimento acelerado da sua população. Estas tendências deverão ter impacto a
nível de alterações do perfil da procura por notícias, exigindo ajustamentos nas
redes de captura, processamento, distribuição e difusão das mesmas. O cidadão
que migrou do interior de Santo Antão para a ilha da Boavista ou para outro país
vai querer ter acesso a informações sobre a sua ilha de origem, e a sua família que
ficou vai precisar cada vez mais de estar informada sobre o que se passa no local de
residência deste cidadão.
4. Evolução da sociedade civil – porquanto a avaliação do que se entende por
“sociedade civil” seja um terreno movediço em termos conceptuais e
metodológicos e não constitui objetivo central do presente estudo, a perceção
(empírica) que se tem é que a sociedade civil em Cabo Verde vem evoluindo e
continuará a evoluir no sentido de um maior dinamismo, auto-organização,
plasticidade, criticidade e fiscalização das decisões com impacto sobre o colectivo –
em especial das tomadas por gestores da coisa pública. A se confirmar, esta
tendência colocará desafios acrescidos aos órgãos de comunicação social e, muito
em particular, às agências de notícias, que têm a responsabilidade de captar,
sistematizar e distribuir notícias e de quem se esperará, neste quadro, ca da vez
maior rigor, objetividade, isenção, confiabilidade e credibilidade.
5. Desempenho económico do país – a economia de Cabo Verde registou um
desempenho anémico nos últimos 05 anos, crescendo a uma média anual inferior
a 1,5% neste período. A persistência de um fraco desempenho nesta frente no
futuro próximo terá impacto negativo pelo menos nas frentes de criação
insuficiente de empregos, aumento das desigualdades de renda e redução do
investimento público, o que poderá traduzir-se em aprofundamento de tensões
sociais, entre outros fenómenos. As exigências e expectativas da população, os
jogos de interesses e posicionamentos de grupos tendem a agudizar-se nestes
contextos, desafiando os órgãos de comunicação a uma maior celeridade,
objetividade, isenção e credibilidade na gestão da informação.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Quadro 2
O QUE PENSAM OS OCS´s E PÚBLICO CONSUMIDOR SOBRE O FUTURO DA
INFORPRESS?

Para capturar as perspetivas dos órgãos de comunicação social (OCS´s) públicos e


privados, a equipa de consultores procurou auscultar uma amostra relevante de
individualidades (gestores, jornalistas, membros sociedade civil organizada) sobre dois
tópicos: (i) Acha que no atual contexto há espaço ou não para uma agência de noticias
como Inforpress? (ii) Porquê?
As questões foram colocadas presencialmente, por email e por chat privado nas redes
sociais, ao longo do mês de fevereiro de 2017. Foram entrevistadas personalidades
ligadas à RTCi, Expresso das Ilhas, Rádio Morabeza, VOA (Voice Of América), ADECO, além
de Professores Universitários e Pesquisadores, antigos Gestores da Inforpress, entre
outros.
Relativamente à pertinência de se ter uma agência de notícias no país, as posições são
quase unânimes – é, sim, necessária uma agência de notícias como a Inforpress em Cabo
Verde. Nuno Andrade Ferreira, jornalista do Expresso das Ilhas / Rádio Morabeza
defende que:
“A Inforpress deve ser uma central de produção de jornalismo descentralizado,
com ampla cobertura nacional, presença em todos as ilhas, nas principais
comunidades cabo-verdianas no estrangeiro, e nos centros de decisão dos
principais parceiros do país (Lisboa, Bruxelas, Pequim, etc), conferindo-lhe uma
dimensão internacional, dignificante do país e do seu sistema mediático.
Deve incorporar a ideia de uma agência de notícias que o é, verdadeiramente, ao
invés de tentar ser um concorrente dos órgãos privados online.
(Deve) trabalhar na capacitação dos profissionais da agência, dotando-os de
meios técnicos adequados, mas forçando uma transição rápida para uma agência
multi-plataforma - com distribuição em texto, áudio, vídeo, fotografias e
infografismos.
(Deve) diminuir o tempo de resposta - a agência tem que ser a primeira linha - a
primeira a chegar à notícia.”
Na mesma linha, João Almeida Medina, Jornalista, Professor Universitário, Doutorando
em Jornalismo, defende que “as agências de notícias como a Inforpress (enquanto fontes
de outros órgãos) são essenciais à democracia e à liberdade e ao dever de informar com
qualidade”. João Branco, também Professor Universitário, artista e ativista social, é
bastante incisivo na resposta a estas questões:

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

“Sim, sim e um milhão de vezes sim. Porquê? Porque é mais uma fonte de
informação sobre o país e devem ter os seus profissionais todas as condições de
trabalho para exercer o seu cargo com dignidade e liberdade porque isso reflete
na qualidade do seu trabalho. O Estado deve garantir isso. É um sintoma, para
mim, de liberdade de informação.”
Álvaro Ludgero Andrade, da VOA (Voice Of América), também defende a existência da
Inforpress, mas no quadro de uma reforma mais abrangente das empresas do Estado
que atuam no setor de comunicação. Coloca a tónica na necessidade de se evitar a
sobreposição da RTC, da TCV e da Inforpress e de o core business (temático) dos três
orgãos dever obedecer alguns limites devidamente estabelecidos, funcionando como um
“tripé” que se complementam. Neste tripé, defende ainda ALA, a Inforpress deve
funcionar “como o terceiro pé dessa ´caldeira pública´, procurando nichos importantes
como economia e finanças, desenvolvimento comunitários e local (ilhas, cidades e vilas),
temas de cidadania, o dia-a-dia da sociedade civil e estórias humanas que podem
interessar aos clientes. A diáspora, tanto levando as notícias das diversas comunidades
do país para a nossa diversificada imigração, como trazendo notícias e estórias de
sucesso, fracasso, do mundo empresarial, social e solidário das comunidades emigradas,
constitui outro grande nicho de actuação”.
Todos os gestores de órgãos de comunicação social entrevistados também concordam
que uma agência de notícias é uma mais valia para um funcionamento mais eficiente do
setor de comunicação social, desde que tenha uma ampla cobertura territorial e seja
capaz de disponibilizar notícias com celeridade, qualidade, isenção, rigor e credibi lidade,
e em múltiplos formatos e plataformas.
A única nota destoante a este respeito é da ADECO. Reconhecendo previamente não
dispor de elementos objetivos que permitisse ajuizar se se justifica ou não a existência
da Inforpress no momento atual e principalmente futuro, António Silva, Presidente da
Associação é de opinião que “a INFORPRESS é uma estrutura redundante no momento
atual e esvaziada no futuro próximo”. Ressalva, porém, que se trata por enquanto apenas
de uma ´sensação´, por não dispor de números.
Se quanto à pertinência da Inforpress constata-se esta quase unanimidade, já quanto ao
modelo de financiamento as opiniões já não coincidem de todo. Alguns dos gestores dos
órgãos de comunicação social manifestam-se favoráveis ao pagamento pelos produtos a
serem fornecidos pela Inforpress, desde que (i) sejam disponibilizados no formato e nas
condições que necessitam; (ii) o preço seja comportável, para um setor que atravessa
uma crise de viabilidade financeira; e (iii) que em caso de subscrição paga pa ra o acesso
ao site, este não pode permitir o acesso gratuito nas mesmas condições, em
concorrência com os pagantes.
Já Nuno Andrade Ferreira, por exemplo, defende que:

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

“Num mercado pequeno como o cabo-verdiano, a Inforpress não pode depender


de eventuais subscrições pagas (embora possa faze-lo, para clientes
institucionais, que não OCS). O número de clientes seria muito reduzido e isso
teria um impacto no jornalismo produzido. Pelo contrário, deve disciplinar o uso,
fechando o site, disponibilizando os conteúdos gratuitamente aos órgãos de
comunicação legalmente registados da DGCS e ARC e a órgãos internacionais (e
dessa forma o país beneficiar de maior projecção internacional).
A Inforpress deve funcionar com recursos públicos, assumindo o Estado a
importância estratégica da agência, à luz daquilo que expliquei anteriormente.”

3.2. Expetativas, Oportunidades e Ameaças


Neste quadro, pode-se identificar as seguintes expetativas, oportunidades e ameaças, que
devem ser consideradas no processo de decisão quanto ao futuro da Inforpress:

Expetativas • Do Governo: “Promover uma comunicação social pública


plural, independente e responsável, promotora da autonomia e
da dignidade da pessoa humana (…)”7. Garante também o
Governo que “Cabo Verde não pode dar-se ao luxo de não ter
uma agência séria e credível no momento actual em que temos,
de certa forma, uma crise na imprensa escrita privada e na
imprensa privada em Cabo Verde”8
• Dos órgãos da comunicação social (públicos e privados):
Acesso a notícias de todo o território nacional no tempo certo,
no formato certo, na plataforma certa, com a qualidade certa –
e ao menor custo possível.

• Da entidade reguladora (ARC) – “Promover e garantir o


pluralismo cultural e a diversidade de expressão de várias
correntes de pensamento; assegurar a livre circulação de
conteúdos pelas entidades que prosseguem actividades de
comunicação social e o livre acesso aos conteúdos por parte dos
seus destinatários; assegurar que a informação fornecida pelos
serviços de natureza editorial se paute por critérios de
exigência, imparcialidade, isenção e rigor jornalísticos; e
assegurar a protecção dos direitos individuais de personalidade

7Fonte: Programa do Governo da IX Legislatura.


8Fonte: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/politica/item/52019-abraao-vicente-garante-que-inforpress-
nao-vai-fechar-portas

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

sempre que os mesmos estejam em causa” – site institucional


(www.arc.cv)

• Do público em geral (consumidores de notícias): Notícias de


todo o território nacional com isenção, rigor, objetividade,
credibilidade, no tempo certo e ao menor custo possível.
• Dos trabalhadores da Inforpress – 96% dos colaboradores
internos esperam que a Inforpress seja reestruturada e
reposicionada, beneficiando de investimentos na sua
modernização e alargamento da sua cobertura territorial para
poder cumprir mais cabalmente a sua missão (inquérito interno
realizado em fevereiro/2017).

Oportunidades ✓ Evolução das tecnologias de comunicação e comunicação,


conjugada com a tendência de redução dos preços dos mesmos
tendem a baratear os custos de colecta, tratamento,
distribuição e difusão de notícias;
✓ Aumento do número de quadros superiores disponíveis, nas
áreas de jornalismo/comunicação;
✓ Aumento da penetração da internet tende a alargar o público
consumidor de notícias em plataformas web, simplificando,
acelerando e barateando o processo entre a captura da notícia
e o seu consumo final.

Ameaças ➢ Massificação da internet e das redes sociais vem provocando


um aumento exponencial na disponibilização e partilha de
conteúdos, exigindo esforços adicionais de afirmação por parte
de entidades produtoras e distribuidoras de notícias;
➢ Aumento de riscos associados à informática/internet;
➢ Surgimento de “modelos de negócio” disruptivos, baseados em
novas tecnologias, que podem pôr em risco os modelos
“tradicionais” de captura, tratamento, distribuição e venda de
notícias.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

3.3. Possíveis cenários


No que se refere a possíveis opções de decisão, a equipa da PD Consult identificou 03
cenários: (i) Manter a Inforpress como está (“business as usual”); (ii) Extinguir a Inforpress;
e (iii) Reestruturar e Reposicionar a Inforpress.
Os pontos abaixo detalham cada um dos cenários, em termos de descrição/caracterização,
road map de implementação, vantagens e desvantagens e resultados/impacto previsional.
No capítulo seguinte os cenários serão avaliados e hierarquizados conforme um conjunto
de critérios considerados adequados para apoiar o processo de decisão.

3.3.1. Cenário 1 – Manter como está (business as usual)


Considera-se que não fazer nada e manter a situação como está é sempre uma opção.
Neste cenário, o Governo não toma nenhuma decisão extraordinária, além da consolidação
do processo de separação da Inforpress da RTCi. Isto é, concluem-se os trâmites
legais/administrativos e operacionais da separação, mantém-se o mesmo valor do subsídio
à exploração transferido à Inforpress a partir do Orçamento do Estado, mantém-se a
mesma estrutura de custos, ajustada, porém, anualmente com base na inflação, e mantem-
se os mesmos níveis de produtividade histórica (medida em termos de peças noticiosas).
No que se refere a road map, este cenário não coloca exigências de maior, exceptuando-
se a consolidação do processo de separação da RTCi, que se prevê ser concluído ao longo
do primeiro semestre de 2017.
Neste cenário, num período de 05 anos o Estado terá transferido um total de 175 mil
contos). No entanto, este montante não será suficiente para cobrir todos os cus tos de
funcionamento no período (estimados 233 mil contos), fazendo com que o “buraco” de
tesouraria acumulada ascendesse aos 58 mil contos – sem contar com as dívidas
acumuladas, que nesta data totalizam 119.935 contos. Sem investimentos, a Inforpress não
terá capacidade de reposicionar o seu modelo de negócios. A produtividade tenderá a
manter-se estagnada ou a deteriorar-se, assim como o impacto (medido por indicadores
como pageviews do site, número de seguidores no Facebook e número de referências à
Inforppress como fonte). As receitas próprias também deverão continuar praticamente
nulas.
Tabela 5: Caracterização do Cenário 1

Cenário 1 – MANTER COMO ESTÁ


Governo não toma nenhuma decisão extraordinária, além da consolidação do processo
de separação da Inforpress da RTCi. A situação de mantém como está.

Vantagens Desvantagens

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

✓ Fácil de implementar – não se • Business as Usual: sem mudança,


precisa fazer nada; sem melhorias;
✓ Sem mudanças de fundo; limitação • Persistência da incapacidade de
de risco de stress organizacional – gerar receitas próprias -
desde que o Governo continue a Aprofundamento da desfasagem
pagar os custos de funcionamento; entre os custos de funcionamento e
o subsídio do Estado;

• Continuará a exigir recursos


crescentes do Estado;

• Sem investimentos - continuará a


não reunir as condições para um
reposicionamento do “modelo de
negócio da Inforpress”.

Resultados/impacto
➢ Transferências do Estado a título de subsídio totalizarão 175.000 contos, devendo
constituir-se praticamente a única fonte de receita;
➢ Despesas de funcionamento (fixas e variáveis) estimados em 233.214 contos no
mesmo período, cerca de 58 mil contos acima dos recursos recebidos do Estado;
➢ Mantêm-se o stock das dívidas ao INPS, ao Fisco, ao NOSi, à Unitel T+ e à INCV no
total de 119.935 contos (sem contabilizar eventuais juros de mora), devido à
incapacidade de pagamento por parte da Inforpress;
➢ A ausência de investimentos para a modernização da empresa não permitirá
melhorias de impacto substancial em termos de produtividade, receitas e
resultados/impacto.

3.3.2. Cenário 2 – Encerramento da Inforpress


Um segundo cenário possível é o encerramento da Inforpress. Nesta opção, o acionista
Estado procederia à liquidação da empresa, venda de ativos (basicamente o edifício-sede,
as viaturas, mobiliário e equipamentos), indemnização dos trabalhadores e encerramento
da sociedade.
Projeta-se em 249 mil contos o investimento necessário para encerramento da Inforpress,
destinado à indemnização dos trabalhadores (montante estimado em 129,2 mil contos), e
liquidação de todas as dívidas (119,9 mil contos). As receitas com a venda dos ativos da
empresa poderão ascender aos 69 mil contos, estimando-se em 64 mil contos as com a

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

venda do edifício9 e em 5 mil contos as com a venda de viaturas, mobiliários e


equipamentos. As despesas de funcionamento que se deixariam de pagar s ão assumidas,
neste cenário, como poupanças do acionista Estado.
Em termos de road map, pensa-se que todos os trâmites necessários – encerramento de
atividades, venda dos ativos, indemnização dos trabalhadores, regularização das dívidas,
extinção legal da sociedade – poderão ser realizados ao longo de 2017.
Os resultados e o impacto deste cenário revelam-se ambíguos, quando olhados de pelo
menos duas perspetivas. Na perspetiva financeira, restam poucas dúvidas de que o balanço
seria favorável a médio prazo. O investimento financeiro para o encerramento da
Inforpress poderia ser recuperado em 05 anos, com as poupanças decorrentes da não
transferência de recursos do Orçamento de Estado para o seu funcionamento10.
Na perspetiva, porém, de funcionamento do setor de comunicações em Cabo Verde (em
termos de eficiência, eficácia, perceção de isenção e confiabilidade, cobertura territorial,
entre outros), a inexistência de uma agência de notícias como tal poderá traduzir-se num
balanço desfavorável. Apesar de esta perspetiva de análise não estar considerada no
escopo da presente análise (avaliação de sustentabilidade no quadro de desempenho
global do setor), voltar-se-á a este ponto mais adiante na comparação dos diferentes
cenários.
Tabela 6: Caracterização do Cenário 2

Cenário 2 – EXTINÇÃO
Governo decide pela extinção da Inforpress. Mobiliza financiamento, procede à venda
do edifício, viaturas, mobiliário e equipamentos (69 mil contos), liquida todas as dívidas
(119,9 mil contos), indemniza os trabalhadores (129,2 mil contos) e encerra a empresa.

Vantagens Desvantagens
✓ Investimento necessário para • Impacto desfavorável sobre o
encerrar a Inforpress seria funcionamento do setor da
recuperado em 05 anos; comunicação social em Cabo Verde;
✓ Recursos do Orçamento de Estado • Difícil de implementar – decisão
não transferidos para a Inforpress politicamente sensível
(poupanças) poderiam ser alocadas (especialmente face ao
a outras necessidades. posicionamento público assumido

9 A área total de implantação do edifício é de 1.16m2 , sendo 711m2 de área construída. Assume-se um preço
indicativo de venda à volta dos 90 contos por m2 de área construída, totalizando 64 mil contos.
10 Isso, considerando-se que as receitas da venda dos ativos da Inforpress seriam utilizadas para cobrir parte
dos encargos com a regularização das dívidas e com a indemnização dos trabalhadores. Caso não, o período de
recuperação do investimento extender-se-á por pelo menos mais 02 anos.

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pelo Governo, de que não deverá


optar por esta saída);

• Aumento do desemprego.

Resultados/impacto
➢ Positivo: poupanças a nível do OE, que permitiriam recuperar o investimento em
05 anos;
➢ Negativo: abertura de um “buraco” – ausência de uma agência de notícias – no
setor de comunicações em Cabo Verde.

3.3.3. Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar


Neste terceiro cenário, o Governo, reconhecendo a importância da Inforpress no panorama
da comunicação social em Cabo Verde, decide investir na empresa e reposicionar/reforçar
o seu modelo de negócio para melhorar a sua performance e a sua capacidade de gerar
receitas próprias. O Governo avança com um aumento do capital na ordem dos 45,5 mil
contos) e incrementa o subsídio anual concedido à empresa para 53,3 mil contos (+18.300
contos em comparação com o montante anual), estabelecendo-se que este subsídio
decresça gradualmente à medida que as receitas próprias da Inforpress vão aumentando 11.
O valor de 45,5 mil contos do investimento inicial seria utilizado para: (i) aquisição de um
sistema integrado de gestão de conteúdos (estimado em 40 mil contos); (ii) aquisição de
equipamentos de filmagem, gravação, edição e outros, para as delegações e
representações existentes atualmente (Porto Novo, Ribeira Grande de Santo Antão, São
Vicente, Sal, Santa Catarina de Santiago e São Filipe) e para um leque de 08 novas
delegações a serem abertas para permitir alargar substancialmente a cobertura territorial
da Inforpress (São Nicolau, Boavista, Maio, Pedra Badejo, Brava, Boston e África); e (iii)
outros investimentos em ativos intangíveis (formação, marketing, etc.).
A modernização tecnológica da Inforpress combinada com o alargamento da sua rede de
delegações e representações (incluindo no exterior – EUA e África) permitiria à empresa
uma maior cobertura territorial e qualidade/diversidade de produtos jornalísticos a
disponibilizar a clientes (texto, vídeo, áudio, fotografia), podendo explorar assim novas
fontes de receitas. Estima-se que as receitas próprias podem atingir os 20.400 contos no
primeiro ano, aumentando gradualmente até os 24.796 contos no quinto ano. No entanto,
o alargamento da rede implicará igualmente um aumento da sua estrutura de custos fixos

11 De notar que, em vez de aumento do capital social em 100% deste montant e, uma alternativa seria recorrer
a financiamento bancário total ou parcial, eventualmente com o aval do Estado para facilitar o processo ou, se
não, com a hipoteca do edifício da Inforpress. No entanto, esta opção implicaria um aumento dos encargos
financeiros anuais da Inforpress, exigindo a que o subsídio do Estado à Inforpress ascendesse aos 60 mil
contos/ano (5.000 contos/mês), no caso de financiamento bancário de 100%.

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– incluindo a amortização das dívidas acumuladas -, que deverá passar para 72,8 mil contos
no 1º ano (crescendo, conforme a inflação, até atingir os 76,2 mil contos no 5º ano).
Recomenda-se o seguinte road-map para a implementação deste cenário, caso seja este o
aprovado:
➢ 3º trimestre/2017 – Inscrição no OE do valor do aumento do capital social da
Inforpress para o investimento inicial (45,5 mil contos), bem como do valor do
aumento do subsídio mensal, para 4.420 contos; ou
➢ 3º trimestre/2017 – Governo autoriza a contratação de crédito bancário no
montante de 45,5 mil contos e inscreve no OE um aumento do subsídio mensal à
Inforpress no montante de 5.000 contos (em vez dos atuais 2.916 contos);
➢ 3º trimestres/2017 – Inforpress despoleta os processos de: (i) contratação do
financiamento bancário (caso for esta a decisão); (ii) aquisição dos ativos
(softwares, equipamentos, etc.); (iii) seleção do pessoal adicional;
➢ 1º trimestre/2018:
o Assinatura de contrato de gestão com Gestor(es) da Inforpress,
incorporando metas concretas em linha com as projeções feitas neste
cenário, especialmente no que se refere às receitas próprias e controlo de
custos;
o Revisão dos instrumentos de gestão de RH na Inforpress, para incorporar
princípios de gestão por objetivos e ajustar os sistemas de avaliação,
recompensa e penalização em conformidade;
o Aquisição e instalação dos softwares e equipamentos;
o Recrutamento do pessoal adicional;
o Elaboração e implementação de plano de formação;
o Abertura das delegações/representações.
➢ Final do 1º trimestre/2018 – arranque da “nova” Inforpress.
Este cenário implicaria um maior engajamento financeiro do Estado, quer no que se refere
aos investimentos necessários, quer no que tange ao aumento do valor do subsídio do
Estado. No entanto, a modernização tecnológica e o alargamento da rede de produção
noticiosa da Inforpress deverão traduzir-se numa maior eficiência da empresa no
cumprimento da sua missão de agência de notícias – podendo assim servir melhor os
órgãos de comunicação social públicos e privados, nacionais e internacionais -, enquanto
aumenta o seu potencial de mobilização de receitas próprias.

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Tabela 7: Caracterização do Cenário 3

Cenário 3 – REESTRUTURAR E REPOSICIONAR


O Governo decide investir 45,5 mil contos na modernização e alargamento da rede de
delegações e representações da Inforpress no território nacional e no exterior e aumenta
o valor do subsídio dos atuais 35 mil contos/ano para 53,3 mil contos/ano 12,
posicionando a empresa como “a” agência de notícias, capaz de disponibilizar conteúdos
noticiosos em múltiplos formatos (texto, vídeo, áudio, fotografia) e em diferentes canais
a órgãos de comunicação social públicos e privados, nacionais e estrangeiros, além de
outras entidades.

Vantagens Desvantagens
✓ Inforpress transformada numa • Necessidade de maior
agência de notícias com cobertura engajamento financeiro do Estado,
territorial alargada e quer para investimentos (45,5 mil
tecnologicamente preparada para contos) quer no que se refere ao
satisfazer as necessidades dos aumento do subsídio do Estado
órgãos de comunicação social em (+18,3 mil contos/ano);
termos de disponibilidade de
• Exige, para materialização do
notícias e relacionados;
equilíbrio previsto, que os
✓ Cenário que melhor responde às instrumentos de gestão sejam
expetativas dos órgãos de adequados para uma filosofia de
comunicação social (quer públicos gestão por objetivos, desde à
quer privados), dos colaboradores contratualização de compromissos
da empresa e da sociedade civil; com os gestores até à revisão dos
✓ Potencial para contribuir para mecanismos de avaliação interna
maior eficiência, objetividade, de desempenho e de premiação e
credibilidade, isenção e recompensa dos colaboradores.
confiabilidade da comunicação
social em/de Cabo Verde.

Resultados/impacto
➢ Inforpress modernizada, com ampla cobertura territorial, capaz de cumprir a sua
missão com maior eficácia e eficiência;
➢ Aumento das receitas próprias, o que deverá permitir uma redução gradual do
subsídio anual do Estado.

12Ou, em alternativa, autoriza a contratação de crédito bancário no valor de 45,5 mil contos e, em contrapartida,
aumenta o subsídio anual para 60 mil contos.

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3.4. Qual o melhor Cenário?


Adotam-se, no presente estudo, 03 critérios de análise para avaliar o melhor Cenário em
termos de decisão sobre o futuro da Inforpress:
a) CRITÉRIO 1: Grau de sustentabilidade e viabilidade financeira – para fins do
presente estudo, assumem-se, conscientemente, duas óticas de análise de
sustentabilidade e viabilidade financeira da Inforpress:
a. Uma ótica restrita (sustentabilidade), assumida como o ponto em que as
receitas (próprias e subsídios do Estado) são iguais ou superiores às
despesas (de funcionamento, de amortização, de financiamento e de
impostos);
b. Uma óptica alargada (viabilidade financeira), assumida como o ponto em
que o Valor Atualizado Líquido (VAL) é positivo, a Taxa Interna de Retorno é
atrativa (definindo-se “atratividade” como >12%, face às opções de
investimento comparáveis), e o Período de Recuperação do Investimento
(PIR) é razoável.
b) CRITÉRIO 2 - Nível de coerência com Programa do Governo desta Legislatura no
que se refere ao setor da comunicação social. Como referido acima, o Programa do
Governo para a IX Legislatura (em vigor), estabelece como uma das prioridades
“Promover uma comunicação social pública plural, independente e responsável,
promotora da autonomia e da dignidade da pessoa humana (…)”. Neste critério,
pretende-se avaliar até que ponto cada cenário contribui para a materialização
desta prioridade.
c) CRITÉRIO 3 - Impacto sobre as expetativas dos principais stakeholders – isto é, o
grau em que cada cenário satisfaz as expetativas do Governo, dos órgãos de
comunicação social, da entidade reguladora, dos trabalhadores da Inforpress do
público em geral.

Assumem-se os seguintes pressupostos, comuns a todos os cenários:


1. Para fins de sistematização metodológica, adota-se um recorte temporal de 05 anos
para todos os cenários (2018-2022), assumindo-se 2017 como o ano de tomada de
decisões e implementação das mesmas.
2. O valor global das dívidas da Inforpress à data de 31/12/2016 é de 119.935 contos,
que inclui dívidas ao INPS (58.438 contos), às Finanças (46.982 contos), ao NOSi

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(5.291 contos)13, à Unitel T+ (1.945 contos) e à Imprensa Nacional de Cabo Verde


(7.279 contos).
3. Assume-se, indicativamente, planos de pagamento das dívidas de 10 anos (INPS e
Finanças) e de 05 anos (NOSi, Unitel T+ e INCV), conforme tabela abaixo:
Tabela 8: Plano indicativo de amortização das dívidas

Valor da Valor da
Nº de
Dívidas a 31/12/2016 Valor total prestação prestação
prestações
mensal anual
Dívida INPS 58 438 120 487 5 844
Dívida Finanças (IUR) 46 982 120 392 4 698
Dívida Nosi (est) 5 291 60 88 1 058
Dívida Unitel T+ 1 945 60 32 389
Dívidas com INCV 7 279 60 121 1 456
TOTAL 119 935 1 120 13 445

4. Projeta-se uma taxa média de inflação de 2% ao ano no horizonte temporal definido


e uma taxa média de ajustamento salarial de 1,5% a.a.
5. Para atualização de fluxos financeiros futuros, adota-se uma taxa de atualização de
10% - esta é justificada pelo valor da taxa de remuneração das Obrigações do
Tesouro a 08 anos à data de realização do presente estudo (4,4% em 08/03/2017),
mais um delta de risco assumido, de 5,6%.
6. Assume-se que será respeitada a legislação aplicável, no que se refere a aspetos
como amortização de ativos tangíveis e intangíveis, direitos e obrigações laborais,
encargos fiscais e outros.

3.4.1. Avaliação do Cenário 1 – Manter como está


Pressupostos
Para analisar este cenário, adotam-se os seguintes pressupostos e assunções:
7. Não serão feitos quaisquer investimentos na Inforpress;
8. O montante do subsídio do Estado manter-se-á inalterado (35.000 contos/ano),
constituindo-se este a única receita da Inforpress;
9. O quadro de pessoal manter-se-á inalterado e os fornecimentos e serviços de
terceiros também não sofrerão alterações estruturais relevantes. No entanto,
considera-se que as despesas com pessoal crescerão anualmente conforme a taxa
de atualização salarial assumida (1,5%) e as despesas com fornecimentos e serviços
de terceiros crescerão em linha com a inflação:

13 Confirmou-se uma dívida ao NOSi no valor de 1.763,6 mil contos, referente à utilização da infraestrutura de
rede pública do Estado em 2014. Por razões de prudência, previu -se este mesmo montante para os anos 2015
e 2016, apesar de estes não terem sido ainda faturados.

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Tabela 9: Cenário 1 - Projeção de despesas

Valor
Item médio 2018 2019 2020 2021 2022
mensal
Despesas com pessoal (Contos) 3 378 40 536 41 144 41 761 42 388 43 023
Fornecimentos e serviços de terceiros 375 4 500 4 590 4 682 4 775 4 871
- Eletricidade e água 125 1 500 1 530 1 561 1 592 1 624
- Comunicações (telefone, internet, fax) 75 900 914 927 941 955
- Combustíveis e outros fluidos 40 480 480 480 480 480
- Seguros 35 420 420 420 420 420
- Outros FST não especificados (10%) 100 1 200 1 200 1 200 1 200 1 200
Reposição de ativos (1% do valor dos ativos tangíveis) 135 137 140 143 146
TOTAL 45 171 45 871 46 583 47 306 48 040

10. A Inforpress não poderá amortizar as dívidas. Não se contabilizam, no entanto, juros
de mora sobre as mesmas.

Resultados
O quadro abaixo apresenta a projeção de resultados da Inforpress neste cenário, até 2022:
Tabela 10: Cenário 1 - Projeção de resultados

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


Receitas totais (1) 35 000 35 000 35 000 35 000 35 000 175 000
- Próprias 0 0 0 0 0 0
- Subsídios do Estado 35 000 35 000 35 000 35 000 35 000 175 000
Custos totais (2) 45 171 45 871 46 583 47 306 48 040 232 972
- Variáveis 0
- Fixos 45 171 45 871 46 583 47 306 48 040 232 972
- Amortização de dívidas
Amortização de dívidas (3) 0 0 0 0 0 0
Margem operacional (4) = (1)-(2)-(3) -10 171 -10 871 -11 583 -12 306 -13 040 -57 972
EBITDA (5) -10 171 -10 871 -11 583 -12 306 -13 040 -57 972
Encargos financeiros (6) 0 0 0 0 0 0
EBIT (7) = (4)-(6) -10 171 -10 871 -11 583 -12 306 -13 040 -57 972
Impostos (25%) 0 0 0 0 0 0
RESULTADOS LÍQUIDOS -10 171 -10 871 -11 583 -12 306 -13 040 -57 972
RESULTADOS LÍQUIDOS ACUMUL. -10 171 -21 042 -32 625 -44 931 -57 972

Como se pode constatar, o total de subsídios transferidos pelo Estado no período


ascenderia aos 175.000 contos. No entanto, os custos totais de funcionamento da
Inforpress deverão ascender aos 232.972 contos. A margem operacional é negativa ao
longo de todo o período, crescendo de -10,2 mil contos em 2018 para -13,0 mil contos em
2022. Não se considerou nos cálculos os custos com amortização, pelo que o EBITDA
apresenta neste caso os mesmos valores que a margem operacional.

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Neste cenário, em 05 anos a Inforpress acumularia prejuízos na ordem de -57.972 contos,


evidenciando uma insustentabilidade crescente da empresa e colocando pressão adicional
sobre o nível de passivo contingente do Estado – indicador que, recorde-se, vem sendo
seguido muito de perto por entidades como as agências de rating, o FMI, Banco Mundial e
outros parceiros. Nota-se que as receitas totais (subsídio do Estado) cobrem no máximo
77% do total de despesas, tendendo a agravar-se para apenas 73% em 2022.
Tabela 11: Cenário 1 - Rácios Receitas/Despesas

2018 2019 2020 2021 2022


Receitas 35 000 35 000 35 000 35 000 35 000
Despesas de funcionamento 45 171 45 871 46 583 47 306 48 040
Rácio Receitas/Despesas de0,77
funcionamento
0,76 0,75 0,74 0,73

Em termos de viabilidade financeira da Inforpress neste cenário (ótica alargada), a análise


dos fluxos de caixa futuros demonstra que os resultados nos indicadores relevantes (VAL,
TIR e PRI) são todos desfavoráveis, evidenciando uma empresa bastante inviável nesta
perspetiva.
Não há evidências de que a ausência de investimentos e a manutenção do atual status quo
(em termos de posicionamento, produtividade, tipologia de produtos/serviços
disponibilizados, política de preços, sistemas de distribuição, entre outros), levem a
alteração relevante na performance da Inforpress enquanto agência de notícias e ao
aumento da sua contribuição para a promoção de uma comunicação social pública plural,
independente e responsável, promotora da autonomia e da dignidade da pessoa humana
(expetativa do Governo). De igual forma, não é realista supor que mantendo-se o business
as usual haverá alterações significativas quanto à satisfação das expetativas e necessidades
dos órgãos de comunicação social e da população em geral.

Análise
Apresenta-se de seguida a análise deste Cenário 1 à luz dos critérios definidos e dos
resultados projetados:

Cenário 1 – MANTER COMO ESTÁ

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer

C1 – Sustentabilidade • Prejuízos acumulados de - ✓ Inforpress insustentável e


e viabilidade 57.972 contos; financeiramente inviável.
financeira
• Receitas cobrem no máximo
77% das despesas,

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Cenário 1 – MANTER COMO ESTÁ

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer


tendendo-se a agravar para
no máximo 73% em 2022;
• Incapacidade de liquidar as
dívidas acumuladas (total
119.935 contos até
31/12/2016)

• Indicadores de viabilidade
negativos.

C2 – Coerência com Manutenção do status quo em Não é expectável que com o


Programa de termos organizacionais e mesmo se poderá fazer mais e
Governo tecnológicos, de produtividade melhor. Nível reduzido de
e de cobertura territorial. coerência com Programa de
Governo.

C3 – Impacto sobre Manutenção do status quo em A Inforpress continuará a


expetativas dos termos organizacionais e corresponder deficientemente
principais tecnológicos, de produtividade às expetativas dos órgãos de
stakeholders e de cobertura territorial. comunicação social (clientes),
Produtos e serviços deverão dos trabalhadores, e da
manter-se inalterados (na população em geral
melhor das hipóteses), quer (consumidores), no que se
em termos quantitativos, quer refere ao entendimento que
em termos qualitativos, quer estes têm da sua missão.
ainda em termos de
formatação e canais de
distribuição

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3.4.2. Avaliação do Cenário 2 – Extinguir a Inforpress


Pressupostos
Neste cenário, assumem-se os seguintes pressupostos:
11. O Estado procede com o encerramento das atividades da Inforpress;
12. O edifício-sede da Inforpress é vendido por estimados 64 mil contos 14 e os demais
ativos (viaturas, equipamentos e mobiliários), por 5.000 contos no total; o montante
arrecadado seria utilizado para cobrir parte dos encargos com indemnização dos
trabalhadores e liquidação das dívidas;
13. Os trabalhadores são despedidos e indemnizados de acordo com a Lei aplicável,
ascendendo o valor a estimados 129.234 contos;
14. A totalidade das dívidas acumuladas é paga de imediato;
15. Assume-se como “poupança” o valor das despesas estimadas de funcionamento que
se deixaria de incorrer com a extinção da Inforpress.

Resultados
O investimento necessário para o encerramento extinção da Inforpress é estimado em
249.169 contos, sendo 129.234 contos para a indemnização do pessoal e 119.935 contos
para a liquidação de todas as dívidas acumuladas. Parte do montante necessário, porém,
poderá ser mobilizado através da venda dos ativos da Inforpress, nomeadamente o edifício
(estimados 64.000 contos) e outros ativos (estimados 5.000 contos).
As poupanças decorrentes da extinção da Inforpress ascenderiam aos 232,9 mil contos em
05 anos, conforme demonstrado no quadro abaixo:
Tabela 12: Cenário 2 - Projeção de resultados

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


Receita proveniente da Venda de ativos 69 008 0 0 0 0 69 008
Poupanças -45 171 -45 871 -46 583 -47 306 -48 040 -232 972
Margem operacional (3) = (1)-(2) 114 179 45 871 46 583 47 306 48 040 301 980
EBITDA (4) 114 179 45 871 46 583 47 306 48 040 301 980

A avaliação dos fluxos de caixa futuros estimados, na ótica mais alargada de viabilidade
financeira desta decisão revela que o investimento realizado para a extinção da Inforpress
seria recuperado em 05 anos. O Valor Atualizado Líquido (VAL) é positivo e a Taxa Interna
de Retorno alcança os 10%.

14Assume-se um preço médio de venda de 90 contos por m2 de área construída (a área de implantação do
edifício é de 1.016m2 , sendo a área construída 711,2m2 ).

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Tabela 13: Cenário 2 - Projeção de fluxos de caixa

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


EBITDA 114 179 45 871 46 583 47 306 48 040 301 980
Investimento inicial -249 169 -249 169
Var. neces. de fundo de maneio 0 0 0 0 0 0
Cash flow nominal -134 990 45 871 46 583 47 306 48 040 52 811
Cash flow nominal acumulado -134 990 -89 118 -42 535 4 771 52 811
Cash flow real -134 990 41 701 42 348 43 005 43 673 35 738
Cash flow real acumulado -134 990 -93 289 -50 940 -7 935 35 738
1 2 3 4 5
Valor Presente Líquido (000 ECV) 59
TIR 10%
Payback period (Ano) 5

A extinção da Inforpress significaria, contudo, a anulação de qualquer contributo potencial


da empresa para o desempenho global do setor da comunicação social em Cabo Verde. De
igual forma, não estaria alinhado com as expetativas quer do próprio Governo, quer dos
órgãos de comunicação social (públicos e privados), quer da entidade reguladora, quer da
população em geral.

Análise
O quadro abaixo sintetiza os resultados e a análise deste Cenário 2 em cada um dos critérios
de avaliação utilizados:

Cenário 2 – EXTINGUIR A INFORPRESS

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer

C1 – Sustentabilidade • Necessidade de ✓ Cenário sustentável e


e viabilidade investimentos iniciais na viável, na perspetiva
financeira ordem dos 249.169 contos; estritamente financeira.
• As poupanças decorrentes
da extinção ascendem aos
232.9 mil contos no período
• Investimento inicial seria
recuperado em 05 anos;
• Indicadores de viabilidade
favoráveis:
o VAL – 59 contos
o TIR – 10%
o PIR – 05 anos

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Cenário 2 – EXTINGUIR A INFORPRESS

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer

C2 – Coerência com Inforpress extinta Não é expectável que a


Programa de inexistência de uma agência
Governo de notícias isenta, objetiva,
confiável e independente
contribua para os objetivos
preconizados pelo Governo
para a área de comunicação
social. De igual forma,
contradiz o posicionamento
público do Governo a este
respeito.

C3 – Impacto sobre Inforpress extinta Este cenário contraria as


expetativas dos expetativas do próprio
principais Governo, dos órgãos de
stakeholders comunicação social, da
entidade reguladora, dos
trabalhadores e da população
em geral.

3.4.3. Avaliação do Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar a Inforpress


Pressupostos
Para avaliar este cenário, assumem-se os seguintes pressupostos:
16. Assume-se que a Inforpress irá investir: (i) na modernização tecnológica, com a
aquisição de soluções integradas para o tratamento e gestão de distribuição de
conteúdos; (ii) no alargamento da sua rede de cobertura territorial, com a abertura
de delegações adicionais em São Nicolau, Boavista, Maio, Pedra Badejo e Brava,
além de 03 no exterior (Lisboa, Boston, e numa cidade na África a definir); (iii) em
ativos intangíveis como upgrade do site e criação de aplicativos, marketing e
publicidade e formação/capacitação de pessoal;
17. Estima-se um investimento global de 45.500 contos, destinado a aquisição de
software e equipamentos para modernização da sede (40.000 contos) 15, aquisição

15 A quase totalidade do orçamento destina-se à aquisição de um sistema integrado de tratamento e gestão da


distribuição de conteúdos. O valor é estimado com base num orçamento elaborado em 2014, considerando -se,
entretanto, a possível revisão para baixo do mesmo.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

de equipamentos tanto para as delegações e representações existentes (06) como


para as novas delegações (08), num total de 200 contos/cada16 e aquisição de ativos
intangíveis (2.700 contos).
Tabela 14: Cenário 3 - Investimento estimado

Total
Item
('000 ECV)
1. Activos fixos 42 800
Aquisição de equipamentos para modernização tecnológica (central)
40 000
Aquisição de equipamentos para delegações/representações 2 800

2. Activos intangíveis 2 700


Desenvolvimento de novo site 900
Criação de aplicativos 100
Marketing e publicidade 500
Formação 1 200

3. Fundo de maneio para o Ano 1 0

TOTAL (1+2+3) 45 500

18. A amortização desses investimentos é calculada com base nas taxas legais
atualmente em vigor;
19. Assume-se que 100% do investimento é financiado pelo acionista Estado, através de
aumento de capital da Inforpress. No entanto, uma variação deste pressuposto – a
possibilidade de o montante ser financiado via empréstimo bancário à Inforpress –
será também testada mais adiante.
20. Nesta variação (financiamento via empréstimo bancário), considera-se uma taxa de
juros de 8% e um período de amortização do financiamento de 05 anos (60 meses);
21. Considera-se que a modernização da Inforpress e o alargamento da sua cobertura
territorial permitir-lhe-á explorar as seguintes fontes de receitas próprias: (i)
subscrições pagas no site, para acesso a conteúdos (texto, imagem, áudio,
fotografias); (ii) venda de peças avulsas (notícias, reportagens, especiais); e (iii)
venda de fotografias do seu banco de imagens.
22. Para as projeções de receitas com subscrições pagas ao site, assume-se que a
Inforpress será capaz de conseguir a subscrição de pelo menos 28 clientes, ao preço
de 50 contos/mês (entre jornais, rádios, Ministérios e Institutos públicos,
Embaixadas, Consulados, organismos internacionais, e empresas), e de pelo menos

16Assume-se que serão adquiridos, para cada delegação/representação, uma câmara (120 contos), um
gravador (20 contos) e um computador (60 contos).

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

02 clientes na área de televisão a um preço de 100 contos/mês (para acesso mais


alargado, que inclua vídeos).
23. Estima-se que serão vendidas pelo menos 10 peças avulsas por mês, a um preço
médio indicativo de 05 contos.
24. Estima-se igualmente que serão vendidas pelo menos 50 fotografias por mês a um
preço de 1.000$00/cada.
25. Assume-se igualmente que as receitas próprias totais crescerão a uma taxa média
de 5% ao ano.
26. Assume-se que o valor do subsídio do Estado será ajustado até ao nível que garanta
a sustentabilidade da Inforpress para que possa assegurar o cumprimento cabal da
sua missão. No sub-cenário em que o investimento inicial é financiado pelo Estado,
o valor do subsídio necessário é calculado em 53.700 contos/ano (4.475
contos/mês). Caso o investimento for financiado por empréstimo bancário, o valor
do subsídio anual necessário aumentaria para 60.000 contos/ano (5.000
contos/mês). Em ambos os casos, o valor do subsídio decresceria anualmente (cerca
de 1% ao ano), para compensar o crescimento esperado das receitas próprias).
Tabela 15: Cenário 3 - Projeção de receitas

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


1. Subscrições no site para acesso a conteúdos19(notícias,
200 reportagens,
20 160 21
entrevistas,
168 vídeos,
22 226 aúdios)
23 338 106 092
2. Venda de peças noticiosas avulsas 600 630 662 695 729 3 315
3. Venda de fotografias 600 630 662 695 729 3 315
4. Subsídio do Estado 53 700 53 114 52 535 51 961 51 394 262 704
TOTAL RECEITAS ('000 ECV) 74 100 74 534 75 026 75 577 76 191 375 427

27. No que se refere à estrutura de custos:


a. Estimam-se custos variáveis equivalentes a 5% das receitas próprias;
b. Assume-se que serão contratados 09 novos jornalistas para as delegações e
representações (sobretudo para as a serem abertas), com o salário-base de
Jornalista Categoria 9A (92.713$00), conforme PCCS atualmente aplicável,
aplicando-se anda os encargos legais (15%). O quadro de pessoal atual não
sofre alterações.
c. Assume-se que cada nova delegação terá custos anuais com fornecimento e
serviços de terceiros na ordem dos 634 contos no 1º ano. Mantem-se, de
resto, a estrutura de custos atualmente existente;
d. Estima-se que os salários serão ajustados anualmente à taxa de 1,5% e os
custos com fornecimentos e serviços de terceiros crescerão conforme a taxa
de inflação prevista (2%)

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

28. Assume-se que as dívidas acumuladas serão liquidadas em prestações, conforme


plano referido no Pressuposto geral 3.
Tabela 16: Cenário 3 - Projeção de custos

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


1. Custos variáveis 1 020 1 071 1 125 1 181 1 240 5 636
Custos variáveis (5% das receitas próprias) 1 020 1 071 1 125 1 181 1 240 5 636
2. Custos fixos 65 634 66 620 67 625 68 650 69 694 338 223
Despesas com pessoal atual 32 000 32 640 33 293 33 959 34 638 166 529
Despesas com novo pessoal contratado 11 515 11 688 11 863 12 041 12 222 59 328
Fornecimento de serviços de terceiros - Sede 1 071 1 092 1 114 1 137 1 159 5 574
Fornecimento de serviços de terceiros - Delegações 7 603 7 755 7 910 8 069 8 230 39 567
Pagamento de prestações de dívidas 13 445 13 445 13 445 13 445 13 445 67 225
3. Depreciação 6 241 6 241 6 241 5 350 5 350 29 423
TOTAL CUSTOS (1+2+3) 72 895 73 932 74 991 75 180 76 283 373 282

Resultados
No caso de o investimento ser financiado com recursos do Estado (via aumento de capital)
Neste caso, considera-se que os 45,5 mil contos necessários para a reestruturação e
reposicionamento da Inforpress serão financiados pelo próprio Estado. Assim, o montante
de subsídios anual necessário seria de 53.700 contos em 2018 (4.475 contos/mês),
devendo ser reduzido gradualmente até os 51.394 contos em 2022 (4.283 contos).
As receitas totais deverão ascender aos 375.427 contos no horizonte temporal
considerado, sendo 112.723 contos de receitas próprias (30%) e 262.704 contos de
subsídios do Estado (70%).
Os custos totais são estimados em 373.282 contos no período de 05 anos, sendo 276.634
contos de custos fixos e variáveis (75%), 67.225 contos de amortização de dívidas (18%) e
29.423 contos de amortização de ativos (8%).
A margem operacional é globalmente positiva no período, ascendendo aos 2.145 contos,
sendo que o EBITDA total ultrapassaria os 31 mil contos. Os resultados líquidos, porquanto
marginais, seriam positivos no período, totalizando estimados 1.586 contos.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Tabela 17: Cenário 3 - Projeção de resultados

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


Receitas totais (1) 74 100 74 534 75 026 75 577 76 191 375 427
- Próprias 20 400 21 420 22 491 23 616 24 796 112 723
- Subsídios do Estado 53 700 53 114 52 535 51 961 51 394 262 704
Custos totais (2) 72 895 73 932 74 991 75 180 76 283 373 282
- Variáveis 1 020 1 071 1 125 1 181 1 240 5 636
- Fixos 52 189 53 175 54 180 55 205 56 249 270 998
- Amortização de dívidas 13 445 13 445 13 445 13 445 13 445 67 225
- Depreciação 6 241 6 241 6 241 5 350 5 350 29 423
Margem operacional (3) = (1)-(2) 1 205 602 35 396 -93 2 145
EBITDA (4) 7 446 6 843 6 276 5 746 5 257 31 568
Encargos financeiros (5) 0 0 0 0 0 0
EBIT (6) = (3)-(5) 1 205 602 35 396 -93 2 145
Impostos (25%) 301 150 9 99 0 559
RESULTADOS LÍQUIDOS 904 451 26 297 -93 1 586
RESULTADOS LÍQUIDOS ACUMULADOS 904 1 355 1 381 1 678 1 586

No que se refere à viabilidade financeira do cenário (óptica alargada), apesar de um EBITDA


positivo, todos os indicadores utilizados apresentam resultados negativos ou
desfavoráveis, evidenciando que apesar de a Inforpress ser sustentável neste sub-cenário,
não seria financeiramente viável:
Tabela 18: Cenário 3 - Projeção de fluxos de caixa

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


EBITDA 7 446 6 843 6 276 5 746 5 257 31 568
Investimento inicial -45 500 -45 500
Var. neces. de fundo de maneio 0 0 0 0 0
Cash flow nominal -38 054 6 843 6 276 5 746 5 257 -13 932
Cash flow nominal acumulado -38 054 -31 211 -24 936 -19 189 -13 932
Cash flow real -38 054 6 221 5 705 5 224 4 779 -16 125
Cash flow real acumulado -38 054 -31 833 -26 128 -20 904 -16 125

Valor Atualizado Líquido -20 495


TIR -20%
Payback period (Ano) 6

No caso de o investimento ser financiado com recursos de terceiros (via empréstimo


bancário)
Neste sub-cenário, o montante do subsídio do Estado teria que ser aumentado para 60.000
contos em 2018 (5.000 contos/mês), reduzindo-se gradualmente até atingir 57.424 contos
em 2022 (4.785 contos/mês) – para permitir à Inforpress pagar o empréstimo bancário.
O total de subsídios transferidos pelo Estado ascenderia então aos 293.524 contos no
período considerado, mantendo-se os custos totais na mesma ordem que no sub-cenário

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

anterior. O EBITDA da empresa aumentaria para um total de 62.388 contos e os resultados


líquidos totais ultrapassariam os 16 mil contos no mesmo período, significando que a
empresa estaria então numa condição de sustentabilidade.
Tabela 19: Cenário 3 com financiamento bancário - Projeção de resultados

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


Receitas totais (1) 80 400 80 765 81 189 81 673 82 220 406 247
- Próprias 20 400 21 420 22 491 23 616 24 796 112 723
- Subsídios do Estado 60 000 59 345 58 698 58 057 57 424 293 524
Custos totais (2) 72 895 73 932 74 991 75 180 76 283 373 282
- Variáveis 1 020 1 071 1 125 1 181 1 240 5 636
- Fixos 52 189 53 175 54 180 55 205 56 249 270 998
- Amortização de dívidas 13 445 13 445 13 445 13 445 13 445 67 225
- Depreciação 6 241 6 241 6 241 5 350 5 350 29 423
Margem operacional (3) = (1)-(2) 7 505 6 833 6 198 6 492 5 937 32 965
EBITDA (4) 13 746 13 074 12 439 11 842 11 287 62 388
Encargos financeiros (5) 3 640 3 020 2 349 1 626 844 11 479
EBIT (6) = (3)-(5) 3 865 3 813 3 848 4 867 5 093 21 486
Impostos (25%) 966 953 962 1 217 1 273 5 372
RESULTADOS LÍQUIDOS 2 899 2 860 2 886 3 650 3 820 16 115
RESULTADOS LÍQUIDOS ACUMULADOS 2 899 5 759 8 645 12 295 16 115

Além da sustentabilidade na ótica restrita, este sub-cenário apresenta também resultados


favoráveis nos indicadores de viabilidade financeira (ótica alargada). O aumento do EBITDA
traduzir-se-á num aumento substancial do VAL (3.493 contos), o TIR deverá atingir os 15%
e o investimento seria recuperado em 04 anos.
Tabela 20: Cenário 3 com financiamento bancário - Projeção de fluxos de caixa

000 ECV 2018 2019 2020 2021 2022 TOTAL


EBITDA 13 746 13 074 12 439 11 842 11 287 62 388
Investimento inicial -45 500 -45 500
Var. neces. de fundo de maneio 0 0 0 0 0
Cash flow nominal -31 754 13 074 12 439 11 842 11 287 16 888
Cash flow nominal acumulado -31 754 -18 680 -6 241 5 601 16 888
Cash flow real -31 754 11 885 11 308 10 766 10 261 12 466
Cash flow real acumulado -31 754 -19 869 -8 561 2 205 12 466

Valor Atualizado Líquido 3 493


TIR 15%
Payback period (Ano) 4

Independente do sub-cenário considerado (no que tange à forma de financiamento do


investimento inicial), estes investimentos na reestruturação e posicionamento da
Inforpress – e, consequentemente, na melhoria da performance da empresa e da sua
produtividade - têm uma elevada probabilidade de traduzir-se numa contribuição positiva
quer para a materialização da prioridade do Governo na área de comunicação social quer
para uma resposta mais eficaz às expetativas dos diversos stakeholders. Para isso, no

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

entanto, à par da realização dos investimentos e do ajustamento do valor do subsídio anual


transferido pelo Estado, é fundamental também implementar ajustes quer a nível de
definição de objetivos de gestão ào(s) Gestor(es) da empresa, quer a nível dos
instrumentos de gestão para promover uma maior produtividade interna, eficiência (na
gestão de recursos) e eficácia (na satisfação das necessidades e expetativas dos clientes).

Análise
O quadro abaixo sintetiza os resultados e a análise deste Cenário 2 em cada um dos critérios
de avaliação utilizados:

Cenário 2 – REESTRUTURAR E REPOSICIONAR A INFORPRESS

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer

C1 – Sustentabilidade No caso de o investimento ser No caso de o investimento ser


e viabilidade financiado pelo Estado: financiado pelo Estado:
financeira
• Estado deverá investir 45,5 ✓ Cenário sustentável mas
mil contos na empresa e não financeiramente viável
aumentar o valor do
subsídio mensal para 4.475
contos em 2018;

• Os resultados líquidos
totalizam 1.586 contos ao
longo do período;

• Indicadores de viabilidade
desfavoráveis:

o VAL – (20.945) contos

o TIR – (20%)

o PRI – 06 anos
No caso de o investimento ser
No caso de o investimento ser
financiado pelo Estado:
financiado pelo Estado:
✓ Cenário sustentável e
• Inforpress financiará o
financeiramente viável
investimento de 45,5 mil
contos através de
empréstimo bancário;

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Cenário 2 – REESTRUTURAR E REPOSICIONAR A INFORPRESS

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer

• Estado deverá aumentar o


subsídio mensal para 5.000
contos em 2018 (60.000
contos/ano);

• Os resultados líquidos
totalizam 16.115 contos)

• Indicadores de viabilidade
favoráveis:

o VAL – 3.493 contos

o TIR – 15%

o PRI – 04 anos

C2 – Coerência com Inforpress reestruturada, Caso os investimentos sejam


Programa de modernizada, com maior acompanhados de medidas de
Governo cobertura territorial, com melhoria de gestão interna
maior probabilidade de (orientada para objetivos, a
cumprir com mais eficiência e todos os níveis), a
eficácia a sua missão contribuição da Inforpress
enquanto agência noticiosa. para os objetivos expressos no
Programa de Governo deverá
ser mais elevada, assumindo o
seu papel de agência de
notícias isenta, objetiva,
confiável e independente, que
alimenta e suporta o
crescimento e consolidação
dos órgãos de comunicação
social no país, além de outras
entidades “consumidoras” de
notícias.

C3 – Impacto sobre Inforpress reestruturada, Este cenário vai de encontro


expetativas dos modernizada, com maior ao essencial das expetativas
principais cobertura territorial, com dos principais stakeholders,
stakeholders maior probabilidade de excetuando-se,

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Cenário 2 – REESTRUTURAR E REPOSICIONAR A INFORPRESS

Critérios Resultados (2018-2022) Parecer


cumprir com mais eficiência e eventualmente, no ponto que
eficácia a sua missão se refere ao custo de acesso à
enquanto agência noticiosa. notícia (sobretudo por parte
dos órgãos de comunicação
social, em que a sua exptativa
tende, como é natura, para
uma redução substancial – ou
eliminação – desses custos).

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3.4.4. Análise comparativa
O quadro abaixo coloca lado a lado os resultados obtidos por cada cenário, para sintetizar e facilitar a análise comparativa:

Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar


Critério Cenário 1 – Manter como está Cenário 2 - Extinguir
(1) Com financiamento do Estado (2) Com financiamento bancário

C1 – • Prejuízos acumulados de - • Necessidade de • Estado deverá investir 45,5 • Inforpress financiará o


Sustentabilidade e 57.972 contos em 05 anos; investimentos iniciais na mil contos na empresa e investimento de 45,5 mil
viabilidade ordem dos 249.169 contos; aumentar o valor do contos através de
• Receitas cobrem no máximo
financeira subsídio mensal para 4.475 empréstimo bancário;
77% das despesas, tendendo-se • As poupanças decorrentes
contos em 2018;
a agravar para no máximo 73% da extinção ascendem aos • Estado deverá aumentar o
em 2022; 232.9 mil contos no período • Os resultados líquidos subsídio mensal para 5.000
de 05 anos; totalizam 1.586 contos ao contos em 2018 (60.000
• Incapacidade de liquidar as
longo do período; contos/ano);
dívidas acumuladas (total • Investimento inicial seria
119.935 contos até recuperado em 05 anos; • Indicadores de viabilidade • Os resultados líquidos
31/12/2016); desfavoráveis: totalizam 16.115 contos)
• Indicadores de viabilidade
• Indicadores de viabilidade favoráveis: o VAL – (20.945) contos • Indicadores de viabilidade
negativos. favoráveis:
o VAL – 59 contos o TIR – (20%)
o PRI – 06 anos o VAL – 3.493 contos
o TIR – 10%
o TIR – 15%
o PRI – 05 anos
o PRI – 04 anos
O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

Cenário 3 – Reestruturar e Reposicionar


Critério Cenário 1 – Manter como está Cenário 2 - Extinguir
(1) Com financiamento do Estado (2) Com financiamento bancário

C2 – Coerência Manutenção do status quo em Inforpress extinta. Não é Caso os investimentos sejam acompanhados de medidas
com Programa de termos organizacionais e expectável que a de melhoria de gestão interna (orientada para objetivos, a
Governo tecnológicos, de produtividade e inexistência de uma agência todos os níveis), a contribuição da Inforpress para os
de cobertura territorial.
de notícias isenta, objetiva, objetivos expressos no Programa de Governo deverá ser
confiável e independente mais elevada, assumindo o seu papel de agência de
contribua para os objetivos notícias isenta, objetiva, confiável e independente, que
preconizados pelo Governo alimenta e suporta o crescimento e consolidação dos
para a área de comunicação órgãos de comunicação social no país, além de outras
social. De igual forma, entidades “consumidoras” de notícias.
contradiz o posicionamento
público do Governo a este
respeito.

C3 – Impacto sobre Manutenção do status quo em Inforpress extinta. Este Este cenário vai de encontro ao essencial das expetativas
expetativas dos termos organizacionais e cenário contraria as dos principais stakeholders, excetuando-se,
principais tecnológicos, de produtividade e expetativas do próprio eventualmente, no ponto que se refere ao custo de acesso
stakeholders de cobertura territorial. Produtos Governo, dos órgãos de à notícia (sobretudo por parte dos órgãos de comunicação
e serviços deverão manter-se
comunicação social, da social, em que a sua exptativa tende, como é natura, para
inalterados ou piorar, em termos
entidade reguladora, dos uma redução substancial – ou eliminação – desses custos).
quantitativos, qualitativos, de
formato e de canais de trabalhadores e da
distribuição. população em geral.

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Comparando-se cada cenário apenas da perspetiva do Critério 1 (Sustentabilidade e
viabilidade financeira), os resultados mostram que os dois melhores cenários são o Cenário
2 (Extinção da Inforpress) e o Cenário 3b (Reestruturação e Reposicionamento da
Inforpress, via financiamento bancário). Entretanto, uma vez que este último implicaria
aumentar o valor do subsídio do Estado, dos atuais 35.000 contos/ano para 60.000 contos
ano (+71%), enquanto o primeiro não exige tal engajamento de recursos (posto que estará
extinta), o cenário mais vantajoso, segundo este critério, seria o Cenário 2 – Extinção da
Inforpress.
Olhando-se, porém para os dois critérios Critério 2 (Coerência com Programa do Governo
para esta Legislatura) e Critério 3 (Impacto sobre expetativas dos diversos stakeholders),
é evidente que o Cenário 1 (Manter como está), além de tender a agravar cada vez mais a
insustentabilidade e inviabilidade financeira da Inforpress, não satisfaz de todo os critérios
2 e 3, devendo, portanto, ser excluído das opções de decisão. É preciso fazer alguma coisa.
O Cenário 2 (Extinguir a Inforpress), apesar dos números atrativos que apresenta na
perspetiva financeira, não satisfaz nenhum desses dois últimos critérios. Não seria
consistente com o estabelecido no Programa do Governo nem com o posicionamento já
assumido por este, através do Ministro que tutela a empresa, de que “Cabo Verde não pode
dar-se ao luxo de não ter uma agência séria e credível no momento actual em que temos,
de certa forma, uma crise na imprensa escrita privada e na imprensa privada em Cabo
Verde”17. Logo, este cenário deveria ser excluído à partida, com base no critério 2.
O cenário mais vantajoso, de acordo com estes dois critérios, seria, portanto, o Cenário 3
– Reestruturação e Reposicionamento da Inforpress. É o cenário melhor alinhado com o
estabelecido no Programa de Governo e o que melhor responde às expetativas e
necessidades do próprio Governo, dos órgãos de comunicação social, da Agência
Reguladora, dos trabalhadores da empresa e dos consumidores de notícias em geral. A
decisão seria apenas sobre qual a estratégia de financiamento do investimento: se via
recursos do acionista Estado, através de aumento do capital, ou se via financiamento
bancário. Dito de outra forma, ou o Estado investe 45,5 mil contos de recursos próprios na
reestruturação e modernização da Inforpress ou autoriza a contratação de um crédito
neste momento e, em contrapartida, aumenta o valor do subsídio mensal (para 5.000
contos), de forma a que a empresa possa amortizar o financiamento. Qual dessas opções é
a melhor?
Entre essas duas alternativas de financiamento, a nossa opinião é que a melhor solução
seria o financiamento via crédito bancário, devendo o Governo garantir que o subsídio
mensal é ajustado para 5.000 contos/mês já a partir do OE de 2018. Por 03 razões
fundamentais:

17Fonte: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/politica/item/52019-abraao-vicente-garante-que-inforpress-
nao-vai-fechar-portas
O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

(i) Primeiro, porque esta opção não exigiria uma operação de aumento de capital
da Inforpress e correspondente mobilização de recursos do Orçamento do
Estado;
(ii) Segundo, uma vez que o valor de mercado estimado do edifício-sede da
Inforpress (64.000 contos) é superior ao valor do investimento necessário
(45.500 contos), não haveria necessidade sequer de aval do Estado para a
contratualização do crédito, bastando a hipoteca do imóvel como garantia 18,
não tendo assim qualquer impacto no nível de passivo contingente do Estado;
(iii) Terceiro, o impacto financeiro desta reestruturação e modernização da
Inforpress seria diluído ao longo do tempo (via o aumento do subsídio mensal),
em vez de uma mobilização substancial de recursos no imediato.
Resumindo,

Considerando as tendências de evolução de variáveis relevantes e seus impactos no


sector da comunicação social em Cabo Verde, considerando os cenários possíveis de
decisão quanto ao futuro da Inforpress (Manter como está, Extinguir ou Reestruturar e
Reposicionar), considerando 03 critérios de avaliação (sustentabilidade e viabilidade
financeira, nível de alinhamento com o Programa do Governo e impacto sobre
expetativas dos stakeholders), é nosso entendimento que o melhor cenário é o Cenário
3 (Reestruturar e Reposicionar a Inforpress), recomendando-se (i) que o investimento
inicial necessário, no montante estimado em 45,5 mil contos, seja financiado através de
crédito bancário garantido por hipoteca do imóvel da Inforpress e (ii) que o valor do
subsídio mensal seja aumentado para 5.000 contos/mês a partir do OE de 2018,
reduzindo-se gradualmente até os 4.785 contos no OE de 2022.

Este cenário de decisão pode ser analisado, ainda, no quadro de uma possível
reestruturação mais ampla das empresas detidas pelo Estado que operam no sector da
comunicação social, nomeadamente a RTCi e a Inforpress. Esta perspetiva não foi,
obviamente, considerada no presente estudo, por não estar abrangida pelo escopo do
mesmo. No entanto, é de se considerar que a transformação da Inforpress numa agência
de notícias tecnologicamente moderna e com ampla cobertura territorial tornaria
redundante as estruturas descentralizadas da RTCi, de captura e processamento de
notícias. Uma reforma conjunta do “modelo de negócios” das duas empresas, com a
Inforpress a especializar-se na captura, processamento e distribuição de notícias e a RTCi
(Rádio e Televisão) a focalizar-se mais na produção de conteúdos especializados e difusão,
poderia permitir uma maior racionalização global de custos que compensaria, pelo menos
parcialmente, os encargos com o aumento do valor do subsídio do Estado à Inforpress.

18Considera-se que a propriedade legal do imóvel seja da Inforpress e que sobre o mesmo não recaem quaisquer
ônus.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1. Conclusões
Considerando:
(i) O escopo do estudo solicitado à PD Consult, de identificação e avaliação de
cenários para o futuro da Inforpress quanto à sua sustentabilidade, na
sequência da decisão de separar a empresa da RTCi (revertendo assim decisão
oposta do Governo anterior);
(ii) O diagnóstico quanto ao desempenho recente e à situação atual da Inforpress,
com base em informações fornecidas pela empresa (contabilísticas, financeiras,
operacionais, de recursos humanos) ou recolhidas pela própria PD Consult de
fontes externas;
(iii) A análise da tendência de evolução de variáveis relevantes com impacto
potencial sobre o setor da comunicação social em Cabo Verde em geral e sobre
a Inforpress em particular;
(iv) As expetativas de diversos stakeholders interessados, nomeadamente, do
Governo, dos órgãos de comunicação social (públicos e privados), da entidade
reguladora (ARC), dos trabalhadores da empresa, da organização de defesa dos
consumidores (ADECO), entre outros;
(v) A abordagem metodológica utilizada, que permitiu avaliar 03 cenários possíveis
de decisão (Manter a Inforpress como está, Extinguir a Inforpress, e
Reestruturar e reposicionar a Inforpress), com base em 03 critérios
(Sustentabilidade e viabilidade financeira, Grau de alinhamento com Programa
de Governo para a IX Legislatura, e Grau de satisfação das expetativas dos
stakeholders);
A equipa da PD Consult conclui que:
7. Na perspetiva unicamente de sustentabilidade financeira, a melhor opção é a
extinção da Inforpress (Cenário 2). Este cenário exigiria um investimento global de
249,1 mil contos, para indemnização de trabalhadores (129,2 mil contos) e para
liquidação de todas as dívidas acumuladas até a data (119,9 mil contos). Parte dos
recursos para o efeito poderia ser mobilizada através da venda dos ativos da
Inforpress, nomeadamente o edifício-sede (estimado em 64 mil contos) e viaturas,
mobiliário e equipamentos (estimados em 5 mil contos). O investimento seria
recuperado em 05 anos, por via das poupanças geradas no período, pelo não
funcionamento da empresa, estimadas em 232,9 mil contos).

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

8. Numa perspetiva, porém, mais abrangente, que considere as prioridades definidas


pelo próprio Governo no seu Programa, no que tange ao setor da comunicação
social, e as expetativas e necessidades dos diversos atores relevantes (Critérios 2 e
3), as opções 1 (Manter como está) e 2 (Extinguir) não são opções viáveis. O
primeiro, porque além de não responder ao critério de sustentabilidade (levando,
pelo contrário, a um agravamento crescente do seu quadro financeiro), não
responde satisfatoriamente aos critérios 2 e 3. E o segundo, porque apesar dos
números apelativos que apresenta na perspetiva financeira, vai na contramão do
estabelecido no Programa do Governo e dos posicionamentos públicos deste sobre
o futuro da Inforpress, através do Ministro que tutela a empresa.

9. Assim, é nosso entendimento que o melhor cenário é o Cenário 3 (Reestruturar e


Reposicionar a Inforpress), que pressupõe um investimento inicial de 45,5 mil
contos na modernização tecnológica da empresa e no alargamento da sua
cobertura territorial (com mais 05 delegações no país e 03 no exterior), e um
aumento do valor do subsídio do Estado para a acomodar o impacto na nova
estrutura.
10. Dentro deste cenário, a melhor opção de financiamento do investimento inicial de
45,5 mil contos é através de crédito bancário garantido por hipoteca do imóvel da
Inforpress, desde que se assegure que o valor do subsídio mensal é aumentado para
5.000 contos/mês a partir do OE de 2018, reduzindo-se gradualmente até os 4.785
contos no OE de 2022. Esta opção de financiamento encerra 03 vantagens
relevantes: (i) não exigiria uma operação de aumento de capital da Inforpress e
correspondente mobilização de recursos do Orçamento do Estado; (ii) uma vez que
o valor de mercado estimado do edifício-sede da Inforpress (64.000 contos) é
superior ao valor do investimento necessário (45.500 contos), não haveria
necessidade sequer de aval do Estado para a contratualização do crédito, bastando
a hipoteca do imóvel como garantia, não tendo assim qualquer impacto no nível de
passivo contingente do Estado; e (iii) o impacto financeiro desta reestruturação e
modernização da Inforpress seria diluído ao longo do tempo (via o aumento do
subsídio mensal), em vez de uma mobilização substancial de recursos no imediato.

11. Apesar de o escopo do presente estudo não prever uma análise sistémica de todas
as empresas do Estado no setor de comunicações (nomeadamente a RTCi e a
Inforpress), conclui-se igualmente: (i) que a transformação da Inforpress numa
agência de notícias tecnologicamente moderna e com ampla cobertura territorial
pode tornar redundante as estruturas descentralizadas da RTCi, de captura e
processamento de notícias; e (ii) que uma reforma conjunta do “modelo de
negócios” das duas empresas, com a Inforpress a especializar-se na captura,
processamento e distribuição de notícias e a RTCi (Rádio e Televisão) a focalizar-se
mais na produção de conteúdos especializados e difusão, poderia permitir uma

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

maior racionalização global de custos que compensaria, pelo menos parcialmente,


os encargos com o aumento do valor do subsídio do Estado à Inforpress 19.
12. Os resultados projetados e o impacto estimado da implementação deste cenário de
reestruturação e reposicionamento da Inforpress vão depender, todavia, de pelo
menos dois fatores críticos: (i) do grau de comprometimento dos órgãos de gestão
da Inforpress na materialização das projeções assumidas, particularmente no que
diz respeito a receitas próprias, controlo de custos, amortização das dívidas e
encargos financeiros como previsto, e cumprimento atempado das obrigações
legais (Fisco, INPS, etc.); e (ii) da competitividade e atratividade dos produtos e
serviços da Inforpress, em termos de quantidade, qualidade (rigor, objetividade,
isenção, confiabilidade), tempestividade, flexibilidade e diversidade de formatos e
canais, cobertura territorial, entre outros.

4.2. Recomendações
A PD Consult recomenda, por fim:
f) Considerando o atrás exposto, que o Governo decida em prol da reestruturação e
reposicionamento do modelo de negócios da Inforpress, autorizando a contratação
de um crédito bancário no valor de 45.500 contos, a ser garantido por hipoteca do
imóvel-sede da Inforpress;
g) Que o subsídio transferido à Inforpress seja aumentado para 5.000 contos/mês a
partir do Orçamento de Estado de 2018, estabelecendo-se, porém, um
compromisso com a equipa de gestão da empresa para a sua redução gradual de -
1,1% ao ano, até atingir os 4.785 contos/mês no OE de 2022;
h) Que seja assinado com a equipa de gestão da Inforpress um contrato de gestão por
objetivos, que inclua, no mínimo, as seguintes metas:
Tabela 21: Propostas de metas de gestão

Objetivos de gestão 2018 2019 2020 2021 2022


1) Receitas próprias mínimas (contos) 20 400 21 420 22 491 23 616 24 796
2) Despesas máximas de funcionamento (contos) (1) 53 209 54 246 55 305 56 386 57 488
3) Rácio mínimo de Receitas próprias / Despesas de funcionam. (1) 0,38 0,39 0,41 0,42 0,43
4) Montante mínimo abatido das dívidas (contos) 13 445 13 445 13 445 13 445 13 445
5) Resultados líquidos mínimos (contos) 2 899 2 860 2 886 3 650 3 820
(1) Exceptuam-se as despesas com depreciação e pagamento das dívidas acumualdas

19 Um estudo mais detalhado seria necessário para: (i) analisar os “modelos de negócio” das duas empresas (a
RTCi atual e a “nova” Inforpress, após os investimentos) e identificar possíveis áreas de sobreposição e
redundâncias; (ii) calcular os custos associados aos processos redundantes; e (iii) propor medidas de
reestruturação visando maximizar as sinergias e complementaridade e optmizar os custos globais das duas
empresas do Estado; e (iv) propor ajustes e rebalanceamento dos subsídios atribuíd os pelo Estado às duas
empresas.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

i) Que o Governo apoie institucionalmente a equipa de Gestão (particularmente nos


processos de decisão cuja competência é do acionista Estado em sede da assembl-
eia-geral), no processo de adequação dos instrumentos de gestão interna visando
promover uma cultura interna concomitante de gestão por objetivos. Em especial,
na adequação dos procedimentos e regulamentos internos, do sistema de
informação de gestão (SIG), do sistema de definição de objetivos individuais e
avaliação de desempenho, e dos mecanismos de premiação e penalização.
j) Que seja realizado um estudo complementar, numa perspetiva mais abrangente
cobrindo as empresas do Estado do setor de comunicações, visando: (i) analisar os
“modelos de negócio” das duas empresas (a RTCi atual e a “nova” Inforpress após
os investimentos) e identificar possíveis áreas de sobreposição e redundâncias; (ii)
calcular os custos associados aos processos redundantes; e (iii) propor medidas de
reestruturação visando maximizar as sinergias e complementaridade e optmizar os
custos globais das duas empresas do Estado; e (iv) propor ajustes e
rebalanceamento dos subsídios atribuídos pelo Estado às duas empresas. De notar
que tal estudo poderá revelar ainda oportunidades de sinergias adicionais, por
exemplo a nível de partilha de (parte) de estruturas e de recursos, conseguindo-se
assim ainda maior eficiência global.

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5. ANEXOS

5.1. Balanço Inforpress 2012-2015

Valores em ECV
RUBRICAS Data de referência
ACTIVO 31/12/2012 31/12/2013 31/12/2014 31/12/2015
Activo não corrente
Activos fixos tangíveis
Terrenos e recursos naturais
Edifícios e outras construções 9 166 747 8 678 301 8 189 856 7 701 411
Equipamento básico 2 570 292 2 139 618 1 669 203 1 416 601
Equipamento de transporte 7 027 693 5 417 527 4 007 361 2 597 195
Equipamento administrativo 6 175 051 4 465 216 2 323 633 872 135
Equipamentos biológicos
Outros activos fixos tangíveis 1 664 635 1 387 484 1 100 702 884 025
Activos intangíveis
Programas de computador
Total do activo não corrente 26 604 418 22 088 146 17 290 755 13 471 367

Activo corrente
Inventários
Clientes 22 355 054 23 955 054 24 625 054 25 075 054
Adiantamentos a fornecedores 1 014 273 667 537 577 794 278 357
Estado e outros entes públicos 5 423 848 5 952 036 5 378 771 5 686 543
Accionistas! sócios 2 195 284
Outras contas a receber 34 930 180 644 3 601 799
Diferimentos 132 795 124 481 112 691 101 696
Activos financeiros detidos para negociação
Outros activos financeiros
Caixa e depósitos bancários 15 258 914 10 039 871 6 864 215 2 954 466
Total do activo corrente 46 415 098 40 919 624 37 562 126 34 096 915
Total do activo 73 019 516 63 007 769 54 852 881 47 568 282

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO


Capital próprio
Capital realizado 50 000 000 47 804 716 47 804 716 47 804 716
Prestação suplementares e outros instrumentos de capital proprio 12 300 733 12 300 733 12 300 733
Outras variações de capital 9 923 850 9 923 850 9 923 850
Reservas 22 224 583
Resultados transitados -142 101 205 -151 428 442 -160 748 073 -167 135 653
Resultado líquido do período -9 327 238 -9 612 805 -6 387 580 -5 239 366
Total do capital próprio -79 203 860 -91 011 948 -97 106 354 -102 345 720
PASSIVO
Passivo não corrente
Outras contas a pagar 23 167 025 25 569 375 25 909 737 25 619 773
Total do passivo não corrente 23 167 025 25 569 375 25 909 737 25 619 773
Passivo corrente
Estado e outros entes públicos 108 081 756 108 563 794 107 250 995 106 583 775
Outras contas a pagar -76 463 -76 463 -76 463 -76 463
Diferimentos 21 051 058 19 963 011 18 874 964 17 786 917
Total do passivo corrente 129 056 351 128 450 342 126 049 496 124 294 229
Total do passivo 152 223 376 154 019 717 151 959 233 149 914 002
Total do capital proprio e do passivo 73 019 516 63 007 769 54 852 881 47 568 282

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5.2. Demonstração de Resultados Inforpress 2012 – 2015


Valores em ECV
RUBRICAS Data de referência
ACTIVO 31/12/2012 31/12/2013 31/12/2014 31/12/2015
Vendas e Prestações de serviços 3 764 868 3 712 066 1 295 000 579 870
Subsídios à exploração 40 083 335 34 999 996 35 000 004 35 000 004
Ganhos/perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos - -
Variação nos inventários de produção - -
Trabalhos para a própria entidade - -
Gasto com mercadorias vendidas e matérias consumidas - -
Resultado operacional bruto 43 848 203 38 712 062 36 295 004 35 579 874
Fornecimentos e serviços externos -14 836 932 -6 217 294 -6 072 222 -6 563 456
Valor acrescentado bruto 29 011 271 32 494 768 30 222 782 29 016 418
Gastos com o pessoal -34 809 731 -38 935 301 -32 595 771 -31 143 905
Ajustamentos de inventários (perdas/reversões) - -
Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) - -
Provisões (aumentos/reduções)
lmparidade de activos não depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) - -
Aumentos/reduções de justo valor - -
Outros rendimentos e ganhos 1 239 025 1 200 554 1 088 047 1 090 685
Outros gastos e perdas -853 542 -18 094 -505 969 -194 010
Resultado antes de depreciações, amortizações, perdas/ganhos de financiamento -34 424
e impostos
248 -37 752 841 -32 013 693 -30 247 230
Gastos/Reversões de depreciação e de amortização -4 578 632 -4 821 115 -4 825 930 -4 087 674
Perdas/reversões por Imparidade de activos depreciáveis/amortizáveis
Resultado operacional (antes de perdas/ganhos de financiamento e impostos)-4 578 632 -4 821 115 -4 825 930 -4 087 674
Juros e ganhos similares Obtidos 664 371 468 032 229 261 79 120
Juros e perdas similares suportados 1 649
Resultado antes de Impostos -9 327 238 -9 612 805 -6 387 580 -5 239 366
Imposto sobre o rendimento do período
Resultado líquido do período -9 327 238 -9 612 805 -6 387 580 -5 239 366
Resultado das actividades descontinuadas (líquido de impostos) incluido no resultado liquído do período
Resultado líquido do período atribuível a:
Detentores do capital da empresa-mãe

5.3. Evolução da produção mensal de notícias 2013 - 2015


INFORPRESS
- Produção mensal de notícias -

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2013 799 592 712 893 988 924 952 808 724 798 764 777
2014 710 702 717 840 800 784 691 637 694 835 881 784
2015 794 734 914 921 820 812 753 628 789 776 825 814
2016 689 719 1 321 701 768 814 786 1 120 780 663 725 641

2013 2014 2015 2016

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5.4. Mapa previsional de investimentos (Cenário 3)

Total Taxa
Item Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
('000 ECV) deprec.
1. Activos fixos 42 800 5 350 5 350 5 350 5 350 5 350
Aquisição de equipamentos para modernização tecnológica (central)
40 000 12,5% 5 000 5 000 5 000 5 000 5 000
Aquisição de equipamentos para delegações/correspondentes 2 800 12,5% 350 350 350 350 350

2. Activos intangíveis 2 700 891 891 891


Desenvolvimento de novo site 900 33,0% 297 297 297
Criação de aplicativos 100 33,0% 33 33 33
Marketing e publicidade 500 33,0% 165 165 165
Formação 1 200 33,0% 396 396 396
3. Fundo de maneio para o Ano 1 0

TOTAL (1+2+3) 45 500 6 241 6 241 6 241 5 350 5 350

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5.5. Projeção de receitas por fontes (Cenário 3)

Pressupostos de receitas próprias

4) Cálculo de receitas potenciais por fonte


Tx cres.estimada --> 5% 5% 5% 5%
1. Venda de conteúdos (notícias, reportagens, entrevistas,Ano vídeos,
1 aúdios)
Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
1.1. Para Jornais (impresso e online)
Nº de clientes estimados 4 4 4 5 5
Valor da subscrição mensal (000 ECV) 50 50 50 50 50
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 2 400 2 520 2 646 2 778 2 917
1.2. Para rádios
Nº de clientes estimados 5 5 6 6 6
Valor da subscrição mensal (000 ECV) 50 50 50 50 50
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 3 000 3 150 3 308 3 473 3 647
1.3. Para TV
Nº de clientes estimados 2 2 2 2 2
Valor da subscrição mensal (000 ECV) 100 100 100 100 100
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 2 400 2 520 2 646 2 778 2 917
1.4. Para Ministérios e Institutos Públicos
Nº de clientes estimados 7 7 8 8 9
Valor da subscrição anual 50 50 50 50 50
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 4 200 4 410 4 631 4 862 5 105
1.5. Para embaixadas, consulados e organismos internacionais
Nº de clientes estimados 7 7 8 8 9
Valor da subscrição mensal (000 ECV) 50 50 50 50 50
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 4 200 4 410 4 631 4 862 5 105
1.6. Para instituições financeiras e outras empresas
Nº de clientes estimados 5 5 6 6 6
Valor da subscrição mensal (000 ECV) 50 50 50 50 50
TOTAL RECEITAS ESTIMADAS 3 000 3 150 3 308 3 473 3 647
TOTAL DE RECEITAS 1 19 200 20 160 21 168 22 226 23 338

2. Venda de peças noticiosas avulsas Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5


Nº médio de peças mensais 10 11 11 12 12
Preço estimado de peça (000ECV) 5 5 5 5 5
TOTAL DE RECEITAS 2 600 630 662 695 729

3. Venda de fotografias Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5


Nº médio de venda de fotografias mensal 50 53 55 58 61
Preço estimado de fotografia (000ECV) 1 1 1 1 1
TOTAL DE RECEITAS 3 600 630 662 695 729

TOTAL DE RECEITAS ESTIMADAS (000 ECV) 20 400 21 420 22 491 23 616 24 796

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O Futuro da INFORPRESS – Que Cenários?

5.6. Evolução da produção mensal de notícias (2013-15)

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