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Penúltima aula ministrada pelo Prof.

José Paulo Netto/ parte da manhã, dia


06/12/02

(...). Aquilo que não era trabalho, o que era? Vocês se lembram? Eu quero
começar chamando atenção para o seguinte. Eu vou retomar algumas questões
que foram explicitadas aqui, que pode ser o fecho da nossa discussão aqui. No
Marx, do seu período mais fecundo, o Marx que está no seu apogeu intelectual,
este apogeu pode ser claramente demarcado são os 10 anos que vão de 1857 a
1867. Isto não significa que a obra que vem antes ou vem depois não seja
importante, pelo amor de deus! Entre o início da redação dos Grundrisse e a
publicação do capital 1. Marx estava no seu apogeu no seu clímax intelectual.
Nesse período Marx realiza as suas mais geniais descobertas. Pois bem, nesse
Marx com todo uma fortuna editorial muito complicada. Vocês sabem que, os
Grundrisse saíram em 1939 e 1941, uma edição muito precária. E num período
onde os estudos sobre Marx estavam enfrentando nada mais nada menos que
apenas o nazismo e a II Guerra Mundial. A primeira edição confiável dos
Grundrisse é de 1954. Vocês sabem que a Ideologia Alemã foi publicada em 1932,
que a primeira crítica a Hegel foi publicada em 1927. Notem, mesmo neste Marx
pós 57/58, aquele Marx que já está com arquitetura do Capital montada na
cabeça. Aqui, se há uma clareza absoluta quanto ao trabalho enquanto categoria
ontológica. (...). Não há nenhuma dúvida acerca do estatuto desta categoria do
Marx pós 57. É preciso ser claro para dizer que do ponto de vista “sociológico” e
“econômico”, há ambivalências. É preciso dizer isto com toda clareza. Toda
clareza! Não há um trato unívico no Marx pós 57 e 58 de trabalho. Nós notamos
isto claramente em duas problemáticas que vão acometer o velho Marx. A primeira
delas: (...) do debate entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. Esta
discussão não é fechável com base nos textos de Marx. Não é fechável! Há
ambivalências em Marx. Não há menor dúvidas quanto a isto. Debate entre
trabalho produtivo e trabalho improdutivo. Há ambivalência em Marx. Para ilustrar
isto eu vou contar uma historinha. Estamos em 1967 1968. Todos hão de se
lembrar que, em 1967 e 68 o Estado de Israel entra num conflito com os Estados

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árabes, e, em 6 em dias resolve o conflito. A aviação militar egípcia foi abatida em
terra sem levantar vôo. O pequeno Estado deu uma surra em todos os Estados
Árabes. Claro, armado até os dentes, e altamente supervisionado pelos EUA. Está
aí a raiz mais recente destes conflitos que se arrastam até hoje, se alguém quiser
ir mais longe a raiz está em 48 quando o Israel se estrutura A esquerda no mundo
tinha um pepino enorme pela frente. A esquerda tinha, dado o seu caráter
antimperialista uma condenação a priori e a posteriori dos EUA. E sendo Estado
Israel aliado prioritário dos EUA lá. Isso já definia parcialmente a postura da
esquerda. Em segundo lugar neste momento, 1967. O Egito liderado pelo militar
(...), Nasser, aparecia com uma força entre os não aliados.Um movimento que era
uma espécie de dívidas contra as pretensões imperialistas. As simpatias da
esquerda iam para as causa árabe. Esse é um grande pano de fundo. Aqui no
Brasil, o PCB, que tinha muito um alinhamento muito direto com a política
soviética, com a política de Moscou, o PCB tirou uma nota em defesa dos países
árabes. Aliou-se, logo na seqüência, com a ONU de devolução dos territórios da
facha Gaza, das montanhas de (...). Neste mesmo momento o PCB teve de
enfrentar uma série de fraturas que estavam muito conectadas aos rumos da
política brasileira. Neste momento, 67/68 sai do PCB figuras como Maringuela que
vai fundar ALN, um dirigente de quem eu fui muito próximo, talvez um dos maiores
revolucionários brasileiros, Mário Alves, que cria o PCDR. Em suma, Há aqui, uma
hemorragia no PCB. Notem, dentro do PCB há um conflito que não tem tamanho.
E dá esse pano de fundo. Havia um comitê estadual, o Comitê de Minas Gerais
que tinha na sua direção um judeu, Noel Gutmam, e eu. O Gutmam fundou o
movimento comunista em 1933. Nos anos 30 há um movimento comunista
internacional que reuniu muitos judeus inclusive em função da luta anti-nazista e
anti-fascista. A minha descendência, por um lado, eu tenho, avós franceses, que o
caso da minha mãe, mas o meu bisavô materno era árabe. Estava tudo pronto
para que eu assinasse embaixo a resolução do PCB, Óbvio, e que no meu caso
era uma diretriz partidária. Só que estávamos polemizando. (O Gutmam já faleceu,
o filho dele está em BH e faz parte desta triste coisa PPS), o Gutmam estava
numa posição que na época nós chamávamos de é uma posição esquerdista.

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Então cria-se dentro do comitê estadual um jeito de brigar acerca das posições
internas, quem faz parte de partido político sabe muito bem como é isso. Você
está brigando com um cara acerca de uma posição política aqui, mas quando o
quadro externo favorece você traz o quadro externo. A esquerda é mestra em
fazer isto, passa horas para discutir se o documento vai ter uma a vírgula ou não.
Bom eu e o Gutmam nos tornamos grandes amigos (...), quase nos estapiávamos
nas reuniões. Nós vamos marcar uma semana para discutir isto. Tudo bem eu fui
para cãs, pensei, eu sou um jovem teórico do partido, eu vou levar uma
argumentação teórica, eu acreditava nisso. Fui de Marx a Lênin e recolhi todas as
citações, Marx, Engels, a I Internacional, II Internacional e Lênin para mostrar que
o estado de Israel era o agressor (...). A reunião foi aberta por um cara mineiro que
foi candidato agora deputado federal Paulo Nunes que era representante do
comitê central, e naturalmente deu a palavra ao Gutmam, natural, que era mais
velho o Gutmam colocou sua pastinha e pôs na mesa o seu arsenal teórico ele
tinha ido a Marx , Engels, Lênin, os mesmos teóricos que eu percorri e encontrou
um pouco menos ou um pouco mais de citações que justificavam a auto defesa do
estado de Israel. Estávamos, ali, dois, sentados em cima dos mesmos autores,
ambos com a melhor boa fé sem adulterar qualquer texto e colocando citação
conta citação.Se fosse num grupo de bom senso alguém teria falado vamos parar
por aqui (...). Discutimos durante cinco dias, e para cada citação de Marx que eu
tirava ele tirava outra. Fechei a história. Quem quiser trabalhar com citação neste
caso vai dar um mesmo impasse da minha polêmica com Gutmam. Por quê?
Porque há ambivalência e há discussões do ponto de vista da caracterização, não
temos nenhuma dúvida, segundo Marx, trabalho produtivo é aquele capaz de
geram mais-valia. Mas sabem mais que, Marx antecipando genialmente a
complexidade da produção capitalista vai desenvolver a noção de trabalhador
coletivo. Trabalhador produtivo e improdutivo será na medida em que gerar mais-
valia, correto? Uma indústria de química fina ela tem que ter elementos de
controle e de supervisão tem que ter elementos de vigilância. Por quê? Pela
eventualidade de desvios de substâncias perigosas pelo controle contínuo de
dosagens e pelo controle da sua linha de produção. Como eu vou distinguir hoje,

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numa indústria química onde há exploração ou às vezes há superexploração da
força de trabalho que esse é vigilante uma exigência do processo de produção ou
do é uma exigência de proteção dos interesses do capital. Notem bem, como é
bem complicado. Os sistemas de vigilância no âmbito da produção no chão de
fábrica, aonde é que começa a vigilância necessária o processo produtivo, ao
processo de criação de valor para usar a linguagem de Marx, e aonde é que se
distingue essa vigilância daquela que necessária ao processo de valorização, ou
seja, aquela que está ali para reprimir o trabalhador? Quem acha que é fácil fazer
isso na análise abstrata, não sabe fazer análise. Você tem que considerar cada
processo produtivo. Não adianta, eu dizer que trabalho produtivo é aquele que
gera mais-valia, tudo bem! Mas aí morreu em óbvios. O problema está em
localizar nos sistemas produtivos da ordem burguesa como trabalhador coletivo se
configura hoje? Esse vigilante é um trabalhador coletivo, é um a exigência do
processo de produção de valor ou é uma exigência do processo de valorização.
Distinção que Marx considera essencial para compreender o processo de
produção capitalista. O processo de criação do valor é próprio do trabalho,
processo de valorização é próprio do trabalho subordinado ao capital, de criação
do trabalho assalariado. Não é só ai que vamos encontrar ambivalências. Notem
que eu não estou falando de contradições. Uma própria noção sócio-ocupacional
do trabalhador. Na medida em que o assalariado posta á mercantilização
universal de vige na sociedade burguesa, na medida em que o assalariado se
estende ao conjunto de relações de trabalho. Trabalho aqui agora, no sentido de
contrato de trabalho, jurídico-legal, na medida que o assalariado se estende a
todas estas relações fica muito difícil você ao determinar na divisão sócio-técnica
do trabalho aquilo que é trabalho e o que não é trabalho fazer esta distinção,
aquele que é trabalhador daquele que não é. Grave equívoco imaginar que todo
assalariado é trabalhador Mas do ponto de vista jurídico, isto é uma exigência, é
um imperativo. Notem vocês, Há ambivalências, estas ambivalências são típicas
na ... discussão que está lá no capítulo 6 inédito, algumas diga-se de passagens
estão contidas no capital. O que eu quero sinalizar em primeiro lugar: há
ambivalências. Eu quero dizer que não sou o único marxista a constatar isto,

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quero chamar atenção de vocês para um trabalho monumental que foi feito pelo
Mandel, na apresentação da nova tradução inglesa do Capital, novo, edição
inglesa, que começou a ser editado em 1976 na Inglaterra, foi lançada pela (...) .
Todo o volume do Capital é precedido... O Mandel não tem dúvidas para chamar
atenção para isto. Não é só aqui que há ambigüidades na obra de Marx No
interior da tradição marxista há uma enorme polêmica da discussão da conversão
entre valor e preço. Para quem acha que M é unívoco basta pegar o texto,
embora a discussão entre José Paulo e Gutmam, fica uma guerra de textos, só
vale uma observação para isto , é observação de L em 1922: a ortodoxia é uma
questão de método, há que se tomar uma conjunto da obra, e a partir deste
conjunto , pensar o agora numa inspiração metodológica, pois isto a apreensão
do método de Marx é absolutamente fundamental. Quando L em 23 já dizia não
importa os resultados parciais, eu posso até admitir que alguns destes resultados
foram naturalizados pelo tempo ou superados pelo tempo, o importante é o
método adequado à analise deste objeto. Parece-me que, Lukács dá um
encaminhamento adequado... continuo, insistindo aqui, em vária passagens que
Este debate no SS está mal conduzido, as pessoas estão partindo da idéia de que
há uma posição de Marx, há metodológica, ela está aqui, esta posição é
inconteste, agora do ponto de vista analítica é ignorar a monumental contribuição
das sucessivas gerações marxistas a este debate. Nós estamos Tratando de uma
marxista que deu uma contribuição decisiva para este debate. Quando Lukács
insiste nesta categoria ontológica, na ontologia, ele não está preocupado em fazer
uma análise do processo de trabalho, hoje, na BAYER. Ele está preocupado em
indicar o seguinte, o limite ontológico desta categoria, e o limite ontológico desta
categoria, é a relação com a natureza. Agora prestem atenção ele conhecia toda a
obra de Marx! L da ontologia não o anterior. Até pelas razões editoriais. Lukács
trabalha com a noção central de trabalhador coletivo. Isto nos leva à discussão
que nos foi proposta no nosso ultimo encontro. Qual a natureza do ser Social.
Trabalho é uma categoria fundante do ser social. Mas não é a única categoria
própria. O ser social é um complexo de complexo onde trabalho é a categoria
elementar. Mas o que é próprio do desenvolvimento do ser social é que ele vai

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explicitando uma riqueza categorial pertinente ao seu desenvolvimento, para isto é
necessário encontrar a característica central definidora que vai aparecer no jovem
Marx e vai prosseguir no velho Marx, aquilo que é a grande descoberta de Marx é
sua grande de Marx é a sua concepção antropológica, ancorada na sua cosmo
visão ontológica. Marx nunca foi vítima da polêmica que meio século depois vai
dar origem à sociologia acadêmica. Qual o problema constituinte da sociologia
acadêmica? A preeminência ontológica do indivíduo ou do grupo? É a partir deste
problema que se constitui a sociologia acadêmica. Ocorre isto na Alemanha
Tones, na França pense em Durkheim, na Inglaterra pensa-se em Spense. Esse
era o problema: quem nasceu primeiro a galinha ou o ovo. A resposta sociológica
clássica, vocês conhecem, é a durkheimiana , há uma preeminência do coletivo
sobre o individual. Essa é a resposta durkheimiana, resposta aliás, que é canônica
na gênse sociologia acadêmica Quem acha portanto, que a perspectiva de Marx
se define sob a dominância do coletivo sobre o singular faz funcionalismo de
esquerda. Nada tem haver com Marx. Para Marx, a noção de indivíduo enquanto
um ser singular do gênero humano é uma tardia constituição. Eu só tenho
processo de singularização, de individuação, na medida em que eu tenho fortes e
diferenciados complexos de socialização. Noção marxiana de desenvolvimento
social ou desenvolvimento histórico-social é afastamento das barreiras naturais,
um crescente e infinito afastamento das barreiras naturais, sem jamais elimina-las.
Marx, um ser social, eliminavelmente supõe uma base orgânica. Para Marx somos
animais e continuaremos sendo animais. A questão está em..que... verso genial de
..Mastergueli... “Somos natureza a tranformar-se em história”. É o afastamento
das barreiras naturais com o desenvolvimento das focas produtivas que permite a
constituição de uma sociedade onde as relações possam aparecer como relações
sociais estrito senso. Cada vez mais as intermitentes de determinações naturais,
determinações de sexo, de sangue e terra. Para Marx esta antinomia nunca se
põe. Indivíduo é sempre indivíduo socialmente constituído. Não existe indivíduo
não sendo socialmente constituído. Não é por acaso, que vai mostrar Marx que a
emergência do indivíduo como tal, é resultante lá no extremo aonde ele pode
parece lá no extremo na constituição do mercado mundial, que destruiu os

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isolamentos os insulamentos de natureza regional. Trocando em miúdos, é com o
capitalismo com o seu desenvolvimento planetário que você tem a emersão da
sociabilidade como tal, e emersão do individual como tal...Quando Marx está
falando em homem ele não está falando nem indivíduo nem sociedade, ou se
vocês quiserem, heim (...). Para Lukács o ser social como complexo do complexo,
como uma história constituída, como uma sociedade que ela mesma complexitária
da complexidade, enquanto um ser inorgânico é extremamente complexo,
enquanto o ser orgânico é exponencialmente mais complexo que o ser inorgânico,
o ser social é exponencialmente mais complexo que o ser orgânico. É preciso
dizer prático e social, por quê? O primeiro traço deste ser, condição da sua
emergência, da sua produção, da sua reprodução ampliada, não reprodução
simples, ou seja, conservando os traços anteriores, possibilita a emergência,
acrescenta, inclui novos traços, para que esse ser se constitua se mantenha como
ser se reproduza como tal se reproduza diariamente, sua primeira nota, sua
primeira característica, seu primeiro traço pertinente se trata de um ser objetivo. O
que significa um ser objetivo? Um ser objetivo é aquele que se objetiva é um ser
que se contitui nas suas objetivações, sem objetivação inexiste este ser prático
social. Inexiste! Vou dar um exemplo, por favor, banalíssimo, muito banal! Vou
falar de um fato que (...) caso eu sofra um acidente, vão me entubar, (...), espero
ter um tratamento compatível com os nossos padrões civilizatórios, de um
indivíduo humanizado, nesta condição eu perdi, eu não me objetivo, estrito senso,
apagou-se em mim ou apagaram-s de em mimos mecanismos de minha
sociabilidade, não por acaso que dizemos que o fulano está numa vida vegetativa.
mas eu que tenha os mecanismos da minha sociabilidade, estou numa vida
vegetativa. Eu não me objetivo. Apagaram-se em mim (...), nestes casos o fulano
está numa vida vegetativa. Imagine um caso de altismo, absoluta incapacidade do
ser singular estabelecer relações com o mundo. Só há ser social na medida em
que ele se objetiva. Ora, estas objetivações constituem um universo
extremamente complexo, que é diferenciado, e cada vez mais rico. Desde as
objetivações de natureza estritamente material, que se suportam que se realizam
numa base material, estou lá olhando a peça azul do Picasso, uma objetivação de

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natureza material, ela não se esgota neste suporte material, eu tenho uma peça
de shakespare, eu tenho aquele carranca esculpida na madeira, eu tenho o sapato
que o artesão faz, mas eu tenho a minha fala, a minha conversa com vocês, eu
tenho a minha expressão de afeto ou de ódio com face dos meu aliados e dos
meus inimigos, eu tenho minha relação carinhosa com os meus filhos, com meus
amigos. eu tenho minha prática erótica com minha companheira. Eu estou o
tempo todo me objetivando, o tempo todo. È claro que estas objetivações são de
caráter distinto, são de caráter estético, são de caráter técnico, algumas têm uma
enorme perdurabilidade, vamos falar de Shakespare e de Homero, outras são
extremamente fugazes. (...). Nós estamos o tempo nos objetivando. Dirá Marx, a
riqueza do homem como gênero, vocês se lembram disto, é a riqueza das suas
relações sociais, nós estamos nos objetivando o tempo todo. Atenção! É porque o
ser social se constitui nestas objetivações, quando cada singular deste gênero,
participa destas objetivações, ele pode constitui-se como ser subjetivo. Eu
apropriar-me destas objetivações que estão dadas socialmente, que constitui
minha subjetividade. Um ser social porque é objetivo pode constituir a sua
subjetividade, atenção não é o contrário!A ontologia marxiana é rigorosamente
materialista, é por isto a sua antropologia é rigorosamente materialista. Nós
estamos aqui nas antípodas do respeitado e generoso sentimento cristão humano,
eu posso dar muito, porque eu sou rico subjetivamente. Uma ova! Eu só posso ser
rico se a minha sociedade o for, e muito mais se eu tiver acesso e condições de
me apropriar destas objetivaçoes. É por aqui que passa o corte de classe.
Pergunta. Proº uma pessoa miserável pode se objetivar? Claro que não. Só no
cristianismo! È claro que estou falando num princípio muito genérico, mas no geral
não se você não tem acesso a isto aqui, como você se apropria disto? O que as
elites brasileiras sempre negaram educação à massa do povo, exemplo disto,
abram lá Graciliano Ramos, nosso maior escritor do século XX, abram lá vidas
secas, esta escolha não porque é terra secas. É vidas secas! Como é que
chamam os filhos de Fabiano e de Vitória? Não tem nome, é o menino maior e o
menino maior. Notem! Uma das primeiras características da objetivação é o
nomear, é eu dar o nome. A baleia quando ele executa a baleia, todo mundo fica

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horrorizado, as pessoas dizem, olha como Graciliano humanizou o animal! Quem
diz isto não entendeu nada do autor, O que ele está mostrando é como os homens
foram animalizados pelo latifúndio. Fabiano não consegue falar. Olha o universo
verbal de Fabiano! Notem, é só porque posso viver numa sociedade rica de
objetivações e se eu tenho acesso a elas. Atenção! Aqui tem um corte de classe!
É por isto que Marx sempre incorporou dando fundamento materialista, o princípio
hegeliano, de que o gênero humano está sempre num processo evolutivo, mas
isto não significa que esta evolução se reflete em todos o s indivíduos. Em
sociedades marcadas pelo cortes classistas, desenvolvimento do gênero implica
em grandes parcelas de indivíduos singulares que fiquem á margem disso. É a
defasagem entre o universo de objetivações de uma sociedade e a pauperização
material de seus indivíduos que dá a dimensão da alienação humana. Isto que é
o indicador da alienação. E Marx mostra isto lá na Grécia, olha o passo adiante
que dá Aristóteles, um passo adiante porque não tinha ninguém trabalhando.
Trabalho é uma categoria que não existia no pensamento grego como tal. Claro,
trabalho é coisa de escravo! Nós estamos aqui, esta instituição que em princípio
socializa partes das objetivações da nossa sociedade. Pergunto, quantos estão
aqui, quem pode está aqui? Estamos numa sociedade democrática. Quero
lembrar a vocês que há 15 dias atrás o príncipe da sociologia brasileira superou-
se a si mesmo. Claro ele disse na Inglaterra 2 coisas ótimas, a primeira, que (...), e
a segunda que ele está muito feliz com a vitória de Lula, que prova que no país
dele existe mobilidade social. Seria ridículo se não fosse trágico... mas
prossigamos. qual é a mais elementar destas objetivações? Mas cuidado, falar na
mais elementar não é falar que aquela é mais simples. Significa sinalizar aquela
sem a qual nenhuma das outras existe.
É o trabalho! Trabalho é a mais elementar das objetivações. E em dois sentidos. O
primeiro sentido do ponto de vista histórico, entendido histórico como gênese, é
objetivação do trabalho tal como Marx a caracterizou longamente que se dá o
salto que permite a diferenciação sociedade/natureza, ou se vocês quiserem
humanidade da natureza, o trabalho é constitutivo da socialidade, foi pelo
processo de trabalho que uma certa espécie viva, mamífera, foi pelo trabalho que

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esta espécie se distinguiu da natureza. E passou a seguir uma linha evolutiva
completamente distinta das determinações naturais. Há uma evolução na
natureza! Uma evolução determinada pelas suas estruturas imanentes, a partir do
salto posto pelo trabalho, da mudança estrutural posta pelo trabalho. Este ser aqui
passa pelo processo evolutivo que não está determinado pela sua natureza físico
e orgânico. Não quero voltar nisso quando estávamos discutindo a estética de L.
(...). Não vamos voltar nisto. O fato é o seguinte: esta objetivação aqui, tem com
aquelas características, quais?
Tem um sujeito sempre, a humanidade, tem um objeto sempre, a natureza, tem
um sistema de mediações operacionais, os instrumentos, desde o pedaço de
pedra lascada que o sujeito usou para dar um plantada na cabeça do urso até a
utilização do raio laser para (...). Porque isto é constante. Esta é a condição eterna
e natural do homem. O que importa não é o que o homem produz, ele vai produzir
sempre! O que importa é como ele produz! Notem, o trabalho é a mais
elementar das objetivações do ponto de visto genético, do ponto de vista
histórico, do ponto de vista da emersão, do surgimento, da constituição deste ser.
Mas não é só do ponto de vista deste ser. É também do ponto de vista sistemático.
E aqui cabe uma observação que a gente não pode desenvolver, mas eu queria
ressaltar fortemente. Marx nunca imaginou determinações genéticas sigam
fingindo infinitamente, a gênese não determina O DESENVOLVIMENTO, ISTO
PARA MARX, AS CONDIÇÕES genéticas determinadas no desenvolvimento
jamais se dariam o novo, o que eu teria sempre é a reprodução do dado, ainda
que fora uma reprodução engrandecida, não haveria futuro, o futuro seria uma
reiteração do presente, e este por sua vez seria uma reiteração do passado. Marx
teria inspirado luckatianamente pela eterna leitura. Aqui esta determinação
histórica é também uma determinação sistemátia. Ela estará presente segundo
Marx enquanto esta forma tiver vigência. Por isto significa que não apenas o
trabalho está na origem deste ser, mas ele é uma condição da sua continuidade.
Eu quero insistir nisto poque alguns teóricos do fim do trabalho até chegam a
admitir nestqa gênese. Em Marx não, o trabalho permanece, a objetivação
elementar, e desta objetivação que eu realizo as outras, Com conexões cada vez

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mais complicadas, cada vez mais sofisticadas conexão do trabalho com a magia
não hoje a mesma conexão do trabalho com a ci~encia. 9...0 O conjunto destas
objetivações constitue a práxis, exatamente, o homem não é o ser do trabalho,
mas é o ser da práxis da práxis, o fundamento da práxis é o trabalho, e ele é o
fundamento por quê? Por que as suas dimensões estruturais estão presentes nas
formas mais duradouras, mais perduráveis, mais ricas e práxis. (...). Notem, qual a
dimensão do trabalho? A antecipação, o projeto, a teleologia. Não é à toa que
Lukacs recuperando toda esta trajetória vai dizer que o trabalho é o modelo da
práxis, não no sentido de que a práxis vai reproduzir o trabalho, mas na medida
que seus traços determinantes são também aqueles que determinam as formas
mais altas de práxis. Eu quero insistir aqui, há formas diferenciadas de
objetivação, isto que eu estou fazendo aqui é uma objetivação. Eu gostaria que
fosse uma ontologia de Lukács, mas não é, ou o Capital de Marx. É este complexo
aqui, que é capaz de dar conta do ser prático e social. Isto significa que para além
do trabalho existe um universo enorme de objetivações, e que não podem ser
redutíveis ao trabalho. Ter o trabalho como categoria fundante da socialidade
significa que se você a suprime, você suprime os processos de socialização.
Nesta medida, como a reprodução deste ser é hipotecada ao trabalho é evidente
que o trabalho é uma categoria central, mas não é a única. Reduzir a socialidade
ao trabalho é reduzir a práxis a uma forma dela. Neste sentido é preciso identificar
os níveis, as formas, é preciso identificar este universo aqui, que muito
sumariamente se nos aparece como o trabalho, a ciência, a arte. Caramba, aonde
é que fica a vida cotidiana, aonde é que fica a linguagem, a linguagem articulada,
aonde é que fica o direito, a moral? Reduzir a socialidade à sua categoria fundante
é abrir o flanco para todas as formas contemporâneas de ecletismo, de idealismo,
de subjetivismo para enfrentar a complexidade da vida social. Não levar em conta
que este complexo dispõe de esferas com autonomia própria, e dispõe de
espaços, somas de sombra, que ainda não estão inteiramente configuradas, é
perder de vista o complexo histórico constituinte do homem hoje. Ou será que o
homem é a práxis que nós conhrecemos até o Séc. XIX? E a práxis que nós
conhecemos até Séc. XX? Quem sustenta isto, sustententa claramente uma teoria

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do fim da história. Quando se diz que o homem é um ser prático e social está se
supondo que haja uma essência humana, não vamos ter medo desta palavra, é
uma essência humana sim, tomada não como uma configuração cerrada que o
sujeito lá assoprou a imagem de barro e virou ...; não! é uma estrutura de
possibilidades, aberta, aberta! Vamos botar o pé na terra e pensar na história na
história. Vocês conhecem, é claro, os filmes A Noite de Marlene, ou O Casa Nova
e Revolução, o mais legal naquele filme é que o narrador desce de uma barcaça
em Paris, no final do século XX, escuta ele não estava ali na Grécia, não, ele
estava na França revolucionária, A Noite de Marlene de 1792 (...). Notem o que
fica fora do trabalho hoje? Aquele pergunta que nos estava atormentando,
lembram, se o SS não é trabalho o que ele é? O que fica fora do trabalho hoje, se
nós perdermos de vista isto, nós vamos perder o combate com as teses
antimarxistas que estão chamando atenção a um fato irrecusável que é a redução
do trabalho. Eu quero dizer que esta redução está lá em Marx, meu deus do céu!
Não tem nenhuma novidade! Esta gente está parecendo com um arauto novo.
Vamos só dar um salto aqui, para olhar por que Marx diz que o capitalismo está
condenado do ponto de vista das suas contradições econômicas, isto não quer
dizer que ele vai se resolver. (...). Vocês me perdoem, hoje, todas estas
remissões, porque a gente tem que fazer tudo isto, todas estas remissões, porque
é isto que não está sendo feito no nosso debate (...). O pensador que opera com a
lógica burguesa, não pode fazer esta distinção ( ...) mudança de fita.
O processo através do qual eu reproduzi a sociedade eu reproduzo o ser singular.
O que passa daí as exigências da geneticidade humana. Na tua vida, na minha
vida, Na nossa vida cotidiana, lá no Rio de Grande dos bandeirante tomo um raio
inclusão de acidente em Angra I, II e III, toda aquela porcaria caiu. Toda aquela
porcaria caiu. O que eu vou fazer? Eu vou pegar o meu cachorro a minha mulher e
sair correndo para ir para Minas Gerais depois da Serra, ou parar aqui e dizer o
que eu posso fazer aqui com esse monte de gente não tenho nem dinheiro para
tomar ônibus. Estou no batô muche aqui, 31 de dezembro de 1989, saio daqui do
sol e mar, e aquela porcaria na ponta da barra começa a fundar, o que eu faço?
Eu salto, ou vou atrás de criança, velho e mulher.(...) Eu vindo da cidade tô ligado

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no rádio e fico sabendo que Mariazinha se encontra no hospital e está precisando
de uma doação de sangue. Eu viro para cá ou ... a gente o que a gente faz, não
sabe! No geral não precisamos de expor o que a gente faz, não sabe! Como nós
suportamos esta vida cotidina? Eu não fui lá doar sangue para a Mariazinha, mas
a coisa estava bem aqui, né. Lukács como vocês sabem nunca leu Nelson
Rodrigues. Se lembra daquela célebre discussão de Nelson Rodrigues, nós só
não somos ... na floresta porque temos sentimento de culpa. Área da psicanálise.
Esse negócio não é culpa só do ponto de vista individual, não, mas do ponto de
vista social! Diz Lukács, a religião me permiti pensar e viver a vida cotidiana como,
se incorporando seus valores e resolver (...). A religião traz na convicção subjetiva
do crente que adere sincera e honestamente valores e dá condições de atravessar
esta vida cotidiana que temos, ela remete para a vida cotidiana, ainda que de
forma alienada os valores da geneticidade humana. Isso é uma chave que não dá
para compreender a religião. Não vem com o papo de que a religião e ópio do
povo, sim e daí. Isso evita, esta apreciação do meu querido amigo Michel Lowy,
que eu respeito tanto, nesta frase de que na América Latina a religião não é o ópio
do povo, olha quantos cristãos de vanguarda estão fazendo a revolução(...). Claro!
Estão fazendo por causa deste corte que Lukács está identificando, que
reconhece, que esta ordem que está aí, é opressora. Isto não colidi com valores,
não valores arilar, de transcedência. Mas com as suas exigências de na mutilação
da umãdegas. Estou sinalizando isto, a riqueza da chave holística lukacsiana da
ideologia. Não é ideologia apenas, é neste sentido aqui. Olha, como isto é
fecundo! Estou dando um exemplo para pensar a religião. Quando Lukács foca o
trabalho e o põe na estreita relação com a natureza, ele não reduz a socialidade,
pelo contrário. Ele segue aquela boa inpiração metodológica de Marx, e diz o
seguinte: olha o trabalho tem um lugar circunscrito. Isto não significa que a sua
relevância, sua gênese, e na produção e reprodução ampliada do ser social sejam
menores, mas o que significa a constituição do ser social é a constituição de uma
esfera cada vez maior de outras objetivações. Eu quero terminar agora,
remetendo a uma pergunta que eu me lembro alguém lá atrás dizer: E o serviço
social o que é? É aquela outra coisa. É esta esfera da interação. É a esfera da

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interação. Pouco importa agora, por favor, atenção! Eu acho que me permiti
desobstruir a má colocação de certas questões, opinões que estão sendo feitas.
Pouco importa se o assistente social é um assalariado. Este sinal é um sinal de
que a sua atividade é reconhecida enquanto, notem, enquanto estatuto jurídico
nas relações de trabalho. Mas é só isso. Não é mais do que isso. Ele pode ser
considerado do ponto de vista jurídico-político um trabalhador, sem menor dúvida!
Atenção: este é um estatuto jurídico-político. Não é um estatuto perdido no
espaço. As atividades profissionais, boa parte delas, senão todas. Ainda bem que
não. Eu me lembro, depois vou contar para vocês hoje a grande polêmica da
Holanda. Eu vou contar agora para vocês. A Holanda tem uma rigorosa
quantificação das atividades profissionais. Qualquer atividade profissional na
Holanda, requer formação. Não quer dizer formação universitária. O cara para ser
sapateiro, ele tem que ter formação. Há dois anos atrás. Qual era o grande
problema da Holanda/ grupos progressistas estavam querendo legalizar enquanto
profissão, a prostituição. O que a oposição conservadora do parlamento trouxe
como um problema? Tudo bem! O problema é saber como vai ser a formação da
prostituta. Não estou brincando não. Isto é um problema real. (...). No Brasil, nós
sabemos que não é assim. Ma você tem uma codificação profissional, há uma
tabela do ministério do trabalho classificando as profissões, e o Serviço social está
lá! Eu acho que isto aqui, ajuda a gente de alguma maneira a pensar como
encaminhar este debate. De uma maneira que não é a maneira que está aí!

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