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1.

Introdução

O século XX foi marcado por constantes mudanças no mercado mundial, a crise do


modelo fordista de produção em massa, a abertura do mercado mundial para uma economia
totalmente globalizada, a idéia ultrapassada de que, apenas as multinacionais teriam condições
de competir no mercado mundial foi descartada de vez do pensamento dos gestores. Essas
idéias ditavam o rumo das políticas públicas em todas as áreas do desenvolvimento. Hoje
sabemos que não basta apenas conceder incentivos para as grandes empresas produzirem e
contratarem mais, é preciso que os gestores públicos observem e explorem ao máximo as
potencialidades de cada região para promover o desenvolvimento.
As aglomerações produtivas, também chamadas de arranjos produtivos locais (APL’s)
que nada mais são do que um conjunto de empresas ou indivíduos localizados em um mesmo
território, que apresentam características produtivas semelhantes e mantêm algum vínculo de
articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais como
por exemplo: governo, associações empresariais, instituições sem fins lucrativos, de crédito,
ensino e pesquisa.
Ao promover a “interação” desses indivíduos, inúmeros benefícios são atingidos
como: a conexão do arranjo com mercados antes inatingíveis, a sustentabilidade através da
organização ao longo do tempo, a promoção de um ambiente de inclusão dos produtores e a
elevação do capital social, sendo que este se relaciona em níveis de confiança, de cooperação
e de reciprocidade, promovendo a melhor utilização dos recursos pelos indivíduos. Isso
justifica o aprofundamento dos estudos desses arranjos e dos seus respectivos produtores que
podem trazer benefícios para o desenvolvimento local.
A partir dessa visão que adquirimos nos estudos em nossa universidade, o presente
trabalho tem como objetivo identificar, analisar e caracterizar o APL do artesanato da palha
da carnaúba no município de APODI-RN, mais precisamente, no Sitio Baixa Fechada.

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2. Metodologia

A metodologia proposta para o estudo do arranjo foi à visita ao local, entrevistas aos
organizadores. Nas entrevistas, foram obtidas informações como: identificação das artesãs;
processo de extração da matéria prima, concepção dos produtos, produção, e mercado
consumidor. Com os dados em mãos, foi feito um estudo para determinar os níveis de
inovação, cooperação e aprendizado dos participantes do APL; a estrutura, a governança e as
vantagens associadas ao ambiente local e, por fim, políticas públicas e formas de
financiamento da produção.
Os estudos foram desenvolvidos em três etapas. A primeira parte foi a pesquisa de
artigos, livros, sites, em busca de informações teóricas que deram embasamento ao estudo.
Em seguida é feita uma identificação e análise do arranjo produtivo em questão, observando
sua origem, histórico, trajetória, fazendo uma comparação com os conceitos de arranjos com a
meta de comprovar a existência de um arranjo produtivo no município de APODI-RN.
Para finalizar, foi feita uma análise das características do setor de artesanato de palha
de carnaúba mostrando suas dificuldades e potencialidades, descrevendo o processo de:
extração da matéria prima, produtivo e de comercialização dos produtos, seguida de
identificação e descrição dos inúmeros benefícios das atividades desenvolvidas pelos
parceiros. Por fim serão mostradas as conclusões do estudo.

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3. Referencial teórico do assunto:

3.1. Arranjo produtivo local: conceitos e abordagens.

A literatura convencional tende a contextualizar as empresas em termos de setores,


complexos industriais, cadeias industriais, etc, e considera pequena ou nula a relevância da
sua localização. Durante quase cem anos as teorias econômicas hegemônicas que deixam de
lado a dimensão espacial da atividade econômica predominaram no mercado mundial.
Esta ausência de sensibilidade com relação ao território e ao espaço físico,
característica de quase todas as linhas de pesquisas da economia tradicional, tem sido
crescentemente contestada pela a crise do modelo fordista de produção em massa, o processo
de abertura econômica e à aceleração do processo de globalização. A dimensão espacial,
defendida por Marshall1, vem ressurgindo devido às tentativas de se entender as razões que
levaram o surgimento de aglomerados de Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) eficientes e
competitivas em certas localidades.
A exigência constante de se buscar eficiência e competitividade exigidas pelo mercado
aliada a uma necessidade de auto-superação caracterizam-se como uma das principais
dificuldades enfrentadas pelas empresas – a incapacidade de gerar economia de escala –
propiciaram as MPE’s a desenvolverem um modelo próprio de organização. Em forma de
aglomerados, cada uma especializava-se em determinadas etapas da cadeia, complementando
seu processo produtivo através da interação com outras unidades também envolvidas na
produção de determinado bem e que se especializam em tarefas distintas.
Na opinião de Porter (1999), um aglomerado, ou cluster, “é um agrupamento
geograficamente concentrado de empresas e instituições correlatas numa determinada área,
vinculadas por elementos comuns e complementares”. O autor reconhece que os aglomerados
podem assumir diversas formas e estágios de evolução, dependendo de sua profundidade e
sofisticação, incluindo empresas e setores a jusante e a montante e organizações relacionadas.

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Podemos citar algumas características essenciais para a formação de clusters. Segundo
Amorim (1998) 2:

“È importante à existência de uma aglomeração de empresas, em sua maioria de


pequeno e médio porte – ocasionalmente incluindo também uma ou algumas poucas
grandes empresas – as quais operam em um determinado negócio e estão localizadas
dentro de certo raio de distância de um centro. A atividade principal do cluster é
compartilhada por um expressivo número de firmas, sendo que cada uma delas dedica-se
a tarefas específicas desse negócio. As firmas relacionam-se de uma maneira intensa e
contínua, os proprietários das firmas desfrutam e procuram estimular relações de
confiança entre os seus pares e finalmente, ao redor das firmas integrantes do sistema
dos clusters, existe freqüentemente uma rede de instituições públicas e privadas que têm
como papel atuar como partes estimuladoras e catalisadoras do processo de
entrosamento e atuação conjunta das firmas”.

Com base em todos estes relatos percebemos que o foco dos estudos deixa de
concentrar-se exclusivamente na empresa, como um agente individual, e passa a incidir sobre
as relações entre as empresas e entre as demais instituições dentro de um espaço
geograficamente definido, assim como a privilegiar o entendimento das características do
ambiente onde estão inseridas.
É neste contexto que surgem os Arranjos Produtivos Locais (APL’s), como um
aglomerado que compreende um recorte no espaço geográfico podendo ser esse parte de um
município ou um conjunto de municípios que possuem sinais de identidade social, histórica,
cultural ou econômica. Em geral, os arranjos produtivos são iniciativas setoriais e territoriais
de pequenos negócios que se reúnem procurando melhores condições de competitividade e
cujo desenvolvimento depende da integração socioeconômica no ambiente local. Pela
definição da Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (REDESIST):

“Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos,


políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que
apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a
interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até
fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e
associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas
para a formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e
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universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e
financiamento”.

Percebe-se que os arranjos produtivos locais nascem da interação de agentes locais


através da organização social e institucional, ou seja, formam-se da capacidade de produtores
em desenvolver uma atividade tradicional, advinda de uma vocação pré-existente e endógena,
destacando o papel da inovação e do aprendizado interativo que dão sustentação à
competitividade e estabilidade ao próprio arranjo. As micro e pequenas empresas eram vistas
pelos formuladores de políticas públicas apenas como um colchão amortecedor dos choques
macroeconômicos e não como agentes eficientes de produção, capazes de acelerar o
crescimento e alcançar ganhos de competitividade para a economia nacional.
As políticas de enxugamento do estado em todos os níveis, através de medidas como
redução de competências, privatizações, desregulamentações e terceirizações, criou uma
classe de desempregados não comum, oriunda do setor público (ou estadual) e privado, ou
seja, reestruturação da máquina pública. Desta maneira, as MPE’s são lembradas quase como
uma panacéia para solucionar os constrangimentos que o desemprego provoca na sociedade
em geral (Amaral Filho, 2002).

3.2. Arranjos e sistemas locais de inovação.

Nas palavras de Paiva (2002) caso essa forma de organização denominada de APL
continue sua evolução, ou seja, haja um crescente e constante estímulo entre as empresas a
operarem de forma mais integrada, podemos chega a uma forma eficiente, definida como
Sistema Local de Produção (SLP). Os sistemas locais de produção (ou sistemas produtivos e
inovativos locais) são aqueles arranjos produtivos em que, há interdependência, articulação e
vínculos consistentes entre os participantes, resultando em interação, cooperação e
aprendizagem, com potencial de incrementar a capacidade inovativa endógena, a
competitividade e o desenvolvimento local.
Segundo Paiva (2002) a passagem de um arranjo para um sistema local de produção,
há um acúmulo de capital social, de maneira que se criam as bases para constituição de um
sistema próprio de governança.

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“A governança é entendida como as formas pelas quais indivíduos e instituições
gerenciam seus problemas comuns, acomodam seus conflitos e realizam ações cooperativas,
por meio de regimes e instituições formais e informais de coordenação” (Lastres &
Cassiolato, 2003).
A participação em aglomerados produtivos, tipo APL, proporciona as MPE’s a
ultrapassar as dificuldades que enfrentam, possibilitando o crescimento dessas empresas,
melhorando a eficiência produtiva, permitindo a entrada em outros mercados (nacionais e
internacionais) e estimulando a cooperação. Por outro lado, agindo isoladamente não
conseguem auferir economias de escala por operarem em escalas reduzidas de produção e em
condições ineficientes. "As MPE’s podem auferir economias de escala se especializando em
uma ou algumas etapas do processo produtivo. Em um arranjo produtivo desse tipo, as
empresas se especializam em uma determinada tarefa e complementam seu processo
produtivo através de articulações com várias outras unidades também envolvidas na produção
do determinado bem, e que se especializaram em tarefas distintas. Nesse arranjo, a
especialização, além de aumentar a escala de produção de cada empresa, favorece a produção
compartilhada, o que, por sua vez, estimula a cooperação" (Amaral Filho et al., 2002).
Conforme a Redesist (2006), distrito industrial é uma aglomeração de empresas, com
elevado grau de especialização e interdependência seja de caráter horizontal, entre empresas
de um mesmo segmento, ou vertical, entre empresas de atividades complementares. Esses
distritos foram encontrados especialmente, no norte e no nordeste da Itália, situados na
chamada terceira Itália.
O conceito de Distrito Industrial existe há mais de um século e tem suas bases em
Alfred Marshall, nas regiões têxteis e metal mecânica da Alemanha, Inglaterra e França.
Durante a metade do século XIX. Marshall faz referência a um conjunto de modalidades
através das quais recursos locais (naturais, humanos, e técnicos) são mobilizados e dão origem
a dinâmicas empresariais localizadas. O foco aqui é no ambiente social que favorece a
inovação e não em atividades produtivas. Segundo Amaral Filho (2003): “independente da
nomenclatura utilizada para se definir estes fenômenos, seja ele, cluster, ambiente inovador,
sistemas ou arranjos produtivos; todos eles tratam de "um fenômeno identificado como um
sistema social de produção, com menor complexidade, que se reproduz sobre um certo

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território". Note que, este sistema envolve as relações existentes entre os agentes que o
compõe, visando adquirir, gerar e difundir conhecimentos.

3.3. Características do arranjo produtivo local

A abordagem conceitual, metodológica e analítica de Sistemas Produtivos e Inovativos


Locais – SPIL’s destaca o papel central do aprendizado e da inovação, como fatores de
competitividade dinâmica e sustentada; engloba empresas e outros atores, assim como
atividades conexas que caracterizam qualquer sistema de produção.
Com base em estudos realizados por Lastres & Cassiolato (2000), onde descreveram
algumas das principais particularidades dos arranjos produtivos locais, dentre elas destacam-
se:

• Dimensão territorial - Na abordagem dos SPIL’s, a dimensão territorial


constitui recorte específico de análise e de ação política, definindo o espaço onde processos
produtivos, inovativos e cooperativos têm lugar. A proximidade geográfica - levando ao
compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e culturais - constitui fonte de
dinamismo local, bem como de diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras
regiões.
• Diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais – Os
SPIL’s geralmente envolvem a participação e a interação não apenas de empresas e suas
variadas formas de representação e associação, como também de diversas outras organizações
públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos; pesquisa,
desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. Aí se incluem, portanto,
universidades, organizações de pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica,
órgãos públicos, organizações privadas e não governamentais, entre outros.
• Conhecimento tácito – Nos SPIL’s, geralmente verificam-se processos de
geração, compartilhamento e socialização de conhecimentos, por parte de empresas,
organizações e indivíduos. Particularmente de conhecimentos tácitos, ou seja, aqueles que não
estão codificados, mas que estão implícitos e incorporados em indivíduos, organizações e até
regiões. O conhecimento tácito apresenta forte especificidade local, decorrendo da
proximidade territorial e/ou de identidades culturais, sociais e empresariais. Isto facilita sua
circulação em organizações ou contextos geográficos específicos, mas dificulta ou mesmo
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impede seu acesso por atores externos a tais contextos, tornando-se, portanto elemento de
vantagem competitiva de quem obtém.
• Inovação e aprendizado interativos – Nos SPIL’s, o aprendizado constitui
fonte fundamental para a transmissão de conhecimentos e a ampliação da capacitação
produtiva e inovativa das empresas e outras organizações. A capacitação inovativa possibilita
a introdução de novos produtos, processos, métodos e formatos organizacionais, sendo
essencial para garantir a competitividade sustentada dos diferentes atores local, tanto
individual como coletivamente.
• Governança – No caso específico dos SPIL’s, governança refere-se aos
diferentes modos de coordenação entre os atores e atividades, que envolvem da produção à
distribuição de bens e serviços, assim como o processo de geração, uso e disseminação de
conhecimentos e de inovações. Existem diferentes formas de governança e hierarquias nos
sistemas produtivos, representando formas diferenciadas de poder na tomada de decisão
(centralizada e descentralizada; mais ou menos formalizada).

● Capital social – É o acúmulo de compromissos sociais construídos pelas


interações sociais em uma determinada localidade, sendo esse elemento de natureza
intangível. Esse tipo de capital se manifesta por meio da confiança, normas e cadeias de
relações sociais, e é um bem público, ao contrário do capital físico convencional que é um
bem privado. O aspecto principal do capital social é a confiança que é construída socialmente
através de contínuas interações entre os indivíduos. O capital social acumulado em um
determinado arranjo produtivo é a condição primordial para a cooperação, a formação das
redes, associações e consórcios de pequenos produtores e empresas. Aparece também, como a
fonte principal de coordenação e de governança do arranjo produtivo.
● Estratégia coletiva de organização da produção – Esta estratégia reflete as
decisões coordenadas entre os produtores sobre quem vai produzir, o que produzir e como
produzir. É neste ponto que se define a equivalência da vantagem da pequena empresa em
relação à escala de compra dos insumos, do uso de máquinas e equipamentos, da produção em
geral. Com isso, o agrupamento das pequenas empresas mostra sua força em relação às
grandes empresas. Nesse ponto também se manifesta e se processa a aprendizagem coletiva,
fonte das inovações e da competitividade. O aporte do capital social é fundamental para o
sucesso dessa estratégia.

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● Estratégia coletiva de mercado – Também nesta estratégia são refletidas as
ações coordenadas e convergentes entre os produtores. De pouco vale a estratégia coletiva em
relação à produção se não há uma estratégia igualmente coletiva, coordenada, para se atingir
os mercados. Os mercados compradores são normalmente controlados por grandes players,
mas também condicionados por grande escala. Sem uma estratégia comum, torna-se difícil
para os produtores de pequenas empresas superarem esses obstáculos. Em outras palavras, as
pequenas empresas veriam suprimidas as economias de escalas adquiridas no nível da compra
dos insumos e da realização da produção.
● Articulação político-institucional – Este elemento é também derivado do
capital social, sendo um mecanismo pelo qual o arranjo produtivo se relaciona com as
organizações públicas responsáveis pelas políticas governamentais, e com as organizações
privadas que cumprem o apoio às pequenas empresas, ou ao desenvolvimento local. Os
estudos dos casos exitosos têm mostrado que quanto mais acumulado for o capital social num
determinado aglomerado de empresas, maior e mais eficaz a articulação com as organizações
e instituições.

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4. Estudo de caso

A fonte de estudo do presente trabalho esta localizada no médio oeste potiguar, no


município de Apodi, mais precisamente na localidade “Baixa Fechada I”. A economia de
Apodi é movimentada pela agricultora familiar, ovino e caprinocultura e principalmente da
renda dos aposentados.
Em um local onde não existem empregos nem geração de renda, a busca por
atividades que ajude a complementar o orçamento familiar é primordial para assegurar uma
melhor qualidade de vida. Foi com esse pensamento que as mulheres dessa localidade deram
início a um projeto que hoje é motivo de orgulho e sorrisos para seus participantes, desde
2001 o grupo “Talos e Tramos” vem mobilizando mulheres, jovens e idosos para trabalhar
com o artesanato da palha da carnaúba, provocando mudanças na vida de seus componentes.

4.1. Características do setor de artesanato da palha de

carnaúba no município de Apodi-RN

A região do médio oeste do Rio Grande do Norte, onde esta situada o município de
Apodi, é altamente povoada da árvore da carnaúba, essa palmeira da qual é extraída a matéria-
prima para confecção do artesanato.
O APL de Apodi é dominado pela informalidade. É composto por pequenos
produtores de artesanatos de palha de carnaúba que trabalham em conjunto na sede própria
das mulheres artesãs, todas as tardes elas se reúnem para confeccionar seus artesanatos.
Através de uma consultoria dada pela Visão Mundial, PDA Santa Cruz, COPAP, COAFAP e
Rede Xique-Xique, este grupo passou a se chamar “Talos & Tramas”. O grupo participa
também da associação dos pequenos produtores dos sítios Baixa Fechada I e Carafosca,

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4.2. Estratégia de Produção (o que produzir, como produzir e

quem produz,)

Tudo começa com a concepção dos produtos que se da através da inspiração das
artesãs. Elas buscam novos modelos de bolsa de feira, bolsa de mão, bolsa a tira colo, cestas
de vários formatos, tamanhos e estilos, jarros para flores, cestos de diversos tamanhos, etc.
Esse processo é impulsionado pela alta capacidade de criatividade, inovação e estilo das
artesãs.
O próximo passo na produção é definir qual vai ser a técnica usada na confecção dos
artesanatos, isso é decidido levando em consideração o objeto à ser feito, vai depender
também dos materiais, do tamanho da peça, do acabamento, entre outras características.
Com relação a quem vai produzir, depende da técnica usada, da demanda, da
disponibilidade da mão-de-obra, na maioria das vezes, as peças são feitas por qualquer artesã
e dada o acabamento por uma que tem maior habilidade em alguma técnica ou sabe operar a
máquina de costura que serve para esse fim.

4.3. Produtos

Os produtos originados da palha da carnaúba são feitos com palha natural apresentam-
se com formas e design variados. Através de um curso em Design e Tendências de Mercado
as artesãs passaram a desenvolver novos produtos agregando maior valor. O quadro 1 tem
como objetivo mostrar a diferença de preço que os artesãos conseguiram com a incrementação
de seus produtos. Na primeira coluna temos a descrição de alguns dos novos produtos que
eles passaram a desenvolver, na segunda o valor do custo unitário de cada peças, na terceira o
preço de venda e na ultima coluna o lucro.

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Quadro 1: Produtos desenvolvidos pelo grupo de mulheres artesãs “talos e Tramas” (Pesquisa de campo).

custo unitário preço de venda


Item Lucro (R$)
(R$) (R$)

Bolsa Feira palha carnaúba natural 4,50 5,65 1,15

Bolsa mão quadrada palha/talo carnaúba 8,00 11,50 3,50

Bolsa palha da carn. detalhe búzios 13,80 15,20 1,40

Bolsa palha da carn. detalhe madeira 13,80 15,20 1,40

Bolsa palha da carn. ponto simples 6,50 8,20 1,70

Bolsa a tira colo c/ flor palha carnaúba 10,10 12,85 2.75

Cesta pic nic oval palha/talo carnaúba 15,00 18,85 3,85

Cesta para flores 11,40 15,50 4,10

Cesto para roupas 39,50 55,20 15,70

4.4. Processo Produtivo

4.4.1. Insumos:

4.4.1.1. Mão-de-obra
O grupo é formado por uma população classificada como adulta, tendo uma faixa
etária muito variada. Segundo as próprias artesãs, a atividade começa a ser desenvolvida por
elas a partir dos 10 anos de idade, como brincadeira ou como forma de ocupar suas horas
vagas, só que a falta de oportunidade de emprego ou devido as baixas condições financeiras
para que possam se deslocar para outras localidades fizeram com que essas mulheres quando
jovens ficassem na localidade passando a encarar a atividade como um ofício capaz de gerar
renda.
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Observa-se um elevado índice de analfabetismo entre os artesãos do grupo, que chega
a 65% e apenas 35% apresentam segundo grau completo. Contudo na concepção desses
produtos, esse fator é pouco relevante para a produção, pois segundo eles, para exercer seu
ofício as técnicas utilizadas são bastante simples sendo necessária habilidade nos processos de
confecção e criatividade no desenvolvimento da arte com a palha.

4.4.1.2. Matéria-prima
Segundo os artesãos a palha de carnaúba é a principal matéria-prima utilizada, o preço
do cento da palha varia entre R$ 6,00 (seis reais) e R$ 8,00 (oito reais) dependendo do
tamanho das folhas e época da produção (inverno ou verão). O volume de cem palhas produz
quantidades variadas que dependem dos modelos das peças, por exemplo, pode-se fabricar
com um cento de palha, um conjunto de cestas pequenas. Arame, talos, papelhão, sementes e
cascas de árvores nativas também são utilizadas para customizar e agregar valor aos produtos.

4.4.2. Fornecedores de Insumos


São as líderes do grupo que fazem a compra de todo o material que será utilizado na
produção artesanal. Neste momento, na compra de mercadorias, acontece um outro fato
importante para o arranjo produtivo local da palha além da compra em conjunto com os
próprios artesãos do grupo, os líderes do grupo convidam artesãos de outras regiões como os
da comunidade vizinha, Carafosca, a fazerem a aquisição de suas mercadorias também de
forma conjunta. Desta forma todos ganham, apenas uma faz a compra, o que diminuem as
despesas com transporte e frete, além de conseguirem uma valor ainda menor para suas
mercadorias, ganhando economia de escala.

4.4.3. Etapas do processo produtivo


A seguir têm-se cada etapa realizada com as materiais, para a produção do artesanato:

● Coleta/compra das folhas: essa etapa é realizada pelos maridos das artesãs ou
funcionários dos donos dos terrenos;
● Secagem das palhas durante 4 dias: esse processo é natural, pois as palhas são secas
sob o sol, geralmente, é feita por algumas artesãs da associação que depois repassa as
folhas para as colegas;
● Armazenamento: a matéria-prima é estocada em um depósito na sede do grupo;
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● Distribuição das tarefas: essas são divididas de acordo com a disponibilidade das
artesãs, a demanda e o objeto a ser confeccionado;
● Processamento dos materiais: as técnicas empregadas em cada objeto vai depender
do que se quer fazer:
● Acabamento: é feito pela artesã que tem maior habilidade.

4.5. Mercado e Comercialização

O mercado consumidor dos produtos do grupo de artesãs é muito diversificado, desde


a feira local do município todos os sábados onde expõem seus produtos, até participação em
grandes feiras de exposição em Recife, Brasília, Mato Grosso e São Paulo onde são
fortalecidos os contatos e parcerias. A Rede Xique-xique é uma das maiores responsáveis por
repassar pedidos ao grupo, foi por meio dela que o trabalho das artesãs foi exportado para a
Holanda.

4.6. Coordenação e Apoio Institucional

É importante ressaltar que a dinâmica de desenvolvimento do arranjo depende da


coordenação e do apoio de instituições internas e externas, pois existem dificuldades para que
o mesmo se mantenha de maneira autônoma. Em nosso arranjo verificamos que o apoio
externo é representado principalmente pela Visão Mundial, PDA Santa Cruz, COPAP,
COAFAP e Rede Xique-Xique que são instituições não governamentais. Já o apoio interno é
constituído pela prefeitura municipal de Apodi. A principal fonte de coordenação e
governança é o capital social, o qual se manifesta por meio da confiança entre os artesãos. Sua
acumulação em um determinado arranjo produtivo torna-se condição primordial para a
cooperação, divisão social da produção, a formação das redes, associações e consórcios de
pequenos produtores.
Um arranjo produtivo quando formado por pequenos produtores tem uma grande
necessidade de apoio externo de instituições competentes para complementar sua capacidade
competitiva. Esse apoio tanto pode ser demandado pelos participantes do arranjo como pode
ser ofertado pelas próprias instituições que são motivadas por programas diversos ou
específicos incluindo o setor, a competitividade, o desenvolvimento local, etc.

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4.7. Plano de Ação a partir do instrumento FOFA

Com base em levantamentos preliminares sobre dados e informações obtidas a partir


do grupo inerentes as ambiências internas e externas nos levaram a confeccionar o quadro do
instrumento FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças), sendo que as forças e
fraquezas são relacionadas ao ambiente interno, já as oportunidades e as ameaças são fatores
externos ao grupo. Estas informações são muito importantes, pois através delas podemos
traçar um Plano de Ação que nos oriente na busca de novos mercados. O quadro 2 permite
uma melhor visualização dos resultados obtidos:

QUADRO 2: Diagnático para o plano de ação (Fonte: pesquisa de campo):

FORÇAS FRAQUEZAS
• O grupo detem tecnicas que • Falta de instituições que se
proporsionam produtos de auta qualidade; comprometam com nossa causa;
• Confiança, cooperação, vontade de • Falta de incientivos por parte da
trabalhar, união, são palavras-chave do prefeitura de Apodi;
grupo;
• Conpetência no atendimento dos • Desvalorização do trabalho dos
prasos; artesãos;
• Desinteresse da nova geração de
moradores da comunidade;
OPORTU4IDADES AMEAÇAS
• O grupo conta com sede própria; • Dificuldade de acesso à meteria-prima
devido a degradação do meio ambiente;
• Leque de instituições trabalhando em • Dificuldade na inovação dos produtos;
conjunto com o grupo;
• Mercado disposto a consumir • Cocorrência com produtos
produtos naturais e de produção industrializados;
sustentável;

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4.8. Padrões inibidores da competitividade

• Evitar depender demais dos fatores básicos de vantagem

Posição geográfica privilegiada, pois está localizada numa região onde há abundância
da árvore da carnaúba, principal matéria-prima do artesanato da região. Deveriam ser criadas
peças mais elaboradas e que agreguem mais valor aos produtos, com adereços de outros
materiais, como pedras, sementes e cascas de árvores nativas.

• Entender melhor a clientela

Não há uma clara definição de qual clientela será atendida, os produtores buscam
sempre atender a clientela de forma desorganizada, sem observar a exigência de cada publico.
Deveriam definir segmentos dentro da cooperativa para investir em produtos mais elaborados,
para uma clientela mais exigente, não deixando de lado os produtos mais simples, pois essa
clientela é responsável pelo consumo da maior parte dos produtos.

• Conhecer a sua posição competitiva relativa

Não há uma definição de qual a posição da empresa dentro do mercado de trabalho,


não há definição de um líder do setor para ser seguido. Deveria buscar estreitar os laços com
outros grupos do ramo.

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• Saber quando se integrar verticalmente (ou não) com a

distribuição

Não há grande integração com os distribuidores, o elo mais forte criado é quando os
artesãos vendem seus produtos para regiões mais distantes, mesmo assim, os produtores não
procuram saber se os produtos precisam de algum detalhe ou alguma característica extra.
Deveria se buscar estreitar os laços com os intermediários e distribuidores, para que se
obtenham informações mais consistentes sobre a clientela.

• Melhorar a cooperação entre as empresas

Não há uma grande cooperação entre as empresas do setor, assim como não há uma
comunicação entre elas para tentar buscar um público maior ou desenvolver novas técnicas de
produção. Devem-se juntar mais grupos que trabalhem no artesanato da palha de carnaúba e
buscar ações conjuntas para alavancar todo o setor do artesanato.

• Superar a atitude defensiva

Há uma grande dependência dos fatores básicos de produção, como mão-de-obra


barata e matéria-prima abundante. Deveriam buscar vantagens competitivas mais sólidas,
como uma nova forma de produção, inovação, relações de confiança com distribuidores e
cooperação entre as empresas.

• Evitar o paternalismo

Não há uma busca por incentivos nem os artesãos se mobilizam para mudar o cenário
de desvalorização da produção artesanal. Buscar formas de mudar esse cenário através de
festivais exposições e feiras, não esperando eventos públicos.

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Conclusão
Por fim, conclui-se com o presente estudo que no município de Apodi no mínimo
existem características embrionárias de um arranjo produtivo local de artesanato da palha.
Esse arranjo está sendo tocado por todos os atores necessários a composição de um APL, mas
podemos destacar principalmente os artesãos que o compõe. Possui uma forte identificação
com o território favorecido, especialmente, pela disponibilidade da principal matéria-prima, a
palha de carnaúba. O APL de Apodi encontra-se em ascensão e apresenta algumas
características marcantes que são: alto grau de associativismo, forte cooperação entre as
artesãs e as instituições de apoio, produção altamente especializada, produtos de boa
qualidade, complementaridade entre a vida social e econômica, além de um fraco impacto
ambiental.
É notório o domínio da informalidade na composição desse arranjo, sendo composto
apenas por pequenos artesãos, trabalhando individualmente em suas residências ou na sede da
associação após terem terminado sua atividades domésticas, em alguns casos, acompanhadas
por familiares. A atividade produtiva é altamente centralizada e as artesãs dominam todo o
processo produtivo. No tocante à mão-de-obra, boa parte das produtoras apresenta baixa
escolaridade. Porém, a atividade desenvolvida não requer instrução, e sim criatividade,
habilidade manual, capacidade de aprender, inovação e bom gosto na produção do artesanato.
Julgamos necessário destacar aqui a ausência de uma instituição que acompanhe de
forma ativa o crescimento do APL, que proporcione uma consultoria completa, que resultem
em regularidade na participação de feiras, rodadas de negócio e novos canais para divulgação
de seus produtos. Esta é uma ação muito importante, pois são nestes eventos que os próprios
artesãos podem expor seus produtos nos estandes e ainda fazer suas negociações diretamente
com os clientes. Outro ponto, é que o grupo não dispõe de uma loja física, seus produtos são
expostos na feira aos sábados no município sede do grupo, diminuindo seu potencial de
divulgação e venda.

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ANEXO 1 - APROVEITAME4TO I4TEGRAL DA CAR4AUBEIRA

ANEXO 1 - APROVEITAMENTO INTEGRAL DA CARNAUBEIRA:

CARNAUBEIRA

PRODUTOS PRODUTOS PRODUTOS


PROVENIENTES PROVENIENTES PROVENIENTES
DA PLANTA DDOS FRUTOS DA PALHA

Lenha Material de Óleo Ração


palmito cerca cera artesanato
(madeira) construção combustível animal

Linhas, Chapéus;
Caibrotes Cera automotiva;
Farinha Fármacos; bolsas;
Ripas Cestos;
alimentícia Etc. Alimentícios;
Etc. Cestas;
Etc.

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5. Referências Bibliograficas:

FAIRBANKS, M.; LINDSAY, S. Arando o Mar: fortalecendo as fontes ocultas de


crescimento em países em desenvolvimento. São Paulo: Qualitymark, 2002.

CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. . Arranjos produtivos locais e sistemas locais de


inovação. Nexos Econômicos, p. 9-22, 2004.

SILVA N. G. A. ; MACHADO R. R.. APL DO ARTESA4ATO DE PALHA DE


CAR4AÚBA: O CASO DE IPAGUAÇU (MASSAPÊ); UFC, FORTALEZA, CE; Julho de
2006

SLACK, N., CHAMBERS; S. & JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2ª Ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

6. Endereços Eletrônicos:

Reportagem do Jornal Globo Rural. A arte da carnaúba. 04/07/2006. Disponível em:


www.globoruraltv.globo.com..br. Acesso em: 19 de setembro 2010.

Reportagem do Jornal Globo Rural. Imagem de Sertão. 01/12/2003 Disponível em:


www.globoruraltv.globo.com..br. Acesso em: 19 de setembro de 2010.

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