9 8 NOTAS NRFH, XIII

NOTA ADICIONAL SOBRE CERVANTES Y EL SILENCIO

H a llegado a nuestras manos u n l i b r o de José B e r g a m í n , L a c o r t e z a

d e l a l e t r a (Buenos A i r e s , 1957), que contiene, e n el capítulo i n t i t u l a d o
" L o s m a r a v i l l o s o s s i l e n c i o s " (pp. 38-42), u n a serie de apostillas relacio-
nadas c o n el tema de nuestro artículo " E l s i l e n c i o en el Q u i j o t e " , N R F H ,
12 (1958), 160-180. Señala B e r g a m í n tres " m a r a v i l l o s o s silencios": el d e l
e n t i e r r o de Grisóstomo, el de l a casa de d o n D i e g o de M i r a n d a y el
d e l e p i s o d i o de R u p e r t a e n el Persües, d o n d e Cervantes describe a ésta
acechando, " s e p u l t a d a en m a r a v i l l o s o s i l e n c i o " , e n l a estancia de C r o -
r i a n o , a q u i e n piensa dar m u e r t e . E n ellos e n c u e n t r a B e r g a m í n u n a
1

" r e s o n a n c i a e s p i r i t u a l c o i n c i d e n t e y s i g n i f i c a t i v a " , c u y a clave, si b i e n le

entendemos, es u n tema c o m ú n de a m o r y m u e r t e j u v e n i l e s . E n l a casa
de d o n D i e g o el tema se h a l l a expresado e n las glosas d e l j o v e n d o n
L o r e n z o y en su soneto sobre P í r a m o y T i s b e ( " H a b l a el silencio allí,
p o r q u e n o osa / l a voz entrar p o r t a n estrecho estrecho; / las almas
s í . . . " , t. 3, p . 235); el soneto entusiasma m u c h o a d o n Q u i j o t e , como
observa B e r g a m í n . A d e m á s , " l a sosegada casa [es] a p a c i g u a d o r a de las
andantes i n q u i e t u d e s caballerescas de d o n Q u i j o t e , c o n su «maravillosa
q u i e t u d » de a m o r , de poesía". C o m o se ve, el á n g u l o desde donde m i r a
el crítico a l hacer estas interesantes observaciones, difiere u n poco del
nuestro. P o r o t r a parte, el c o m e n t a r i o de B e r g a m í n nos h a hecho con-
s u l t a r el C o n p e r m i s o d e l o s c e r v a n t i s t a s de A z o r í n , d o n d e h a l l a m o s ,
además de u n capítulo - " L a casa de M i r a n d a " - que toca de soslayo
nuestro tema, otro - " C e r v a n t e s y l a s o l e d a d " - d o n d e l a conjunción
c e r v a n t i n a de " m a r a v i l l a " y " s i l e n c i o " se e x p l i c a finamente p o r su "ansia
de s o l e d a d " . 2

T a n sugestivos comentarios nos h a n hecho v o l v e r sobre L a C a l a t e a

a fin de ver si e n esa o b r a p r i m e r i z a se a n t i c i p a e n algo el p a p e l estilís-
tico q u e desempeña el s i l e n c i o en el Q u i j o t e . L o que se n o t a p r i m e r o
es q u e n o f a l t a n antecedentes de los " m a r a v i l l o s o s s i l e n c i o s " d e l Q u i -
j o t e . " V n sossegado y m a r a u i l l o s o s i l e n c i o " sobrecoge a los pastores que
esperan l a presentación de unas églogas en c i e r t a b o d a rústica (t. 1, p.
199); " v n m a r a u i l l o s o s i l e n c i o " g u a r d a n los pastores a l encaminarse a l
V a l l e de los Cipreses d o n d e h a de celebrarse el a n i v e r s a r i o de las exe-
q u i a s d e l " n o m b r a d o M i l e s o " (t. 2, p. 187); o t r o " m a r a u i l l o s o y sosse-
g a d o s i l e n c i o " h a y ante el sepulcro d e l m i s m o (t. 2, p. 195). P e r o es
de n o t a r que sólo son " m a r a v i l l o s o s " e n L a G a l a t e a estos tres silencios
q u e r e a l z a n l a s o l e m n i d a d de u n a ceremoniosa ocasión (boda, funera-
les). S i se e x c e p t ú a el " m a r a v i l l o s o s i l e n c i o " d e l e n t i e r r o de Grisóstomo,
q u e pertenece t a m b i é n a u n m u n d o p a s t o r i l , se verá que estos " m a r a -

( D U R Á N , 3 0 5 ; W . , 1 7 0 ) recogidas p o r B A R U H U Z I F X ("Shte r o m a n s o t " , Y e d a - ' A m , 2 ,

1 9 5 4 , p . 2 6 1 ) y A T T I A S ( n ú m . 2 5 ) : " E l q u e t r a í a las c a r t a s / c i e n y v e i n t e a ñ o s
t e n í a , // n o v o s t o p é i s m a r a v i l l a , / q u e p a d r e y m a d r e t e n í a " . E l p l i e g o d e l B r i t i s h
M u s e u m , p u b l i c a d o p o r L ó p e z E s t r a d a , o f r e c e e l t e x t o s i g u i e n t e : " E l m o r o q u e las
[cartas] l l e v a v a / c i e n t o y v e i n t e a ñ o s a v í a , / c i e n t o y v e i n t e a ñ o s e l m o r o , / y p a d r e
y m a d r e tenía".
E d . S c h e v i l U B o n i l l a , t. 2 , p .
1
165. A e s t a e d i c i ó n r e m i t i m o s p a r a t o d a s l a s citas
de obras de Cervantes.
2
AZORÍN, Obras completas, Madrid, 1954, t. 9, pp. 369-371 y 382-384.
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villosos silencios" se d i s t i n g u e n netamente de los d e l Q u i j o t e , los cuales
se p r o d u c e n como p o r m i l a g r o , en m e d i o d e l trajín y el b u l l i c i o de l a
c o t i d i a n a v i d a h u m a n a . ¿ Q u é r u i d o s h a y en u n escenario p a s t o r i l , fuera
de los m u y previsibles d e l " m a n s o v i e n t o " , de los " p i n t a d o s p a j a r i -
l l o s " , de los "lastimosos suspiros" y los acordes de "rústicos rabeles"?
Por su m i s m a c a l i d a d de absoluto, el s i l e n c i o es c o n n a t u r a l c o n ese
m u n d o d e p u r a d o y u n i d i m e n s i o n a l . ("Puesto s i l e n c i o a todo, s i n ser me-
nester pedírselo", escribe Cervantes e n u n a ocasión: t. i , p. 177.) Sólo
se destaca y se t o r n a " m a r a v i l l o s o " el s i l e n c i o c u a n d o se intensifica p a r a
u n efecto solemne. F a l t a l a d i n á m i c a dialéctica s i l e n c i o - r u i d o , t a n sig-
n i f i c a t i v a en el Q u i j o t e . P o r el c o n t r a r i o , estamos en u n m u n d o de vidas
estáticas, d o n d e asoma el s i l e n c i o p o r los intersticios de todas las con-
versaciones: " C a l l ó en d i z i e n d o esto el famoso D a m ó n , y lleuó tras l a
suya las contrarias o p i n i o n e s " (t. 1, p. 229); " C a l l ó A r s i n d o y esperó
la respuesta de los pastores" (t. 1, p. 231); " C a l l ó d i z i e n d o esto l a her-
m o s a d a m a , y estuuo v n poco esperando a ver l o q u e G r i s a l d o respon-
d í a " (t. 2, p. 11). N o puede trabarse, c o n u n t e m p o t a n lento, el diá-
l o g o e n que, c o m o escribe G i l m a n a propósito de l a C e l e s t i n a , "se
e n c u e n t r a n dos v i d a s " ; l a soledad n o es ya, c o m o e n el Q u i j o t e , añoran-
za, sino presencia p e r m a n e n t e . E n e l l a se r e i n t e g r a n los personajes a l
s i l e n c i o : " b u s c a n d o a l g ú n s o l i t a r i o l u g a r a d o n d e e n el silencio de l a
n o c h e pudiesse soltar l a r i e n d a a sus amorosas i m a g i n a c i o n e s . . . " (t. 1,
p. 15); " c o m b i d á n d o l e l a soledad y s i l e n c i o de v n p e q u e ñ o p r a d e z i l l o
q u e j u n t o a las paredes de l a a l d e a estaua. . . " (t. 1, p. 173). F r e n t e a
la casi ausencia en el Q u i j o t e de los silencios d e l m u n d o ambiente, o su
destrucción p o r r u i d o s grotescos (los batanes, los animales d e l T o b o s o ) ,
los h a l l a m o s intactos en L a G a l a t e a : " E l sossegado s i l e n c i o se estendió
por todo a q u e l sagrado v a l l e . . . " (t. 2, p. 206).
E n c a m b i o , no cabe h a b l a r de silencios q u e caractericen a unos perso-
najes faltos de i n d i v i d u a l i d a d ; en este sentido h a l l a m o s en L a G a l a t e a ,
c u a n d o más, sólo unos estados de á n i m o aislados en cuya representación
e n t r a a veces u n factor de s i l e n c i o . P e r o entonces n o se trata sino de
c o n v e n c i o n e s d e l género p a s t o r i l y cortesano - e l s i l e n c i o a t o r m e n t a d o
del r e n d i d o amante; el c a l l a r discreto d e l ya c o r r e s p o n d i d o . Es aquí, en
lo tocante a los personajes, d o n d e más n o t a b l e m e n t e enriquecerá Cer-
vantes, e n el Q u i j o t e , l a f u n c i ó n e x p r e s i v a d e l silencio. C o n todo, vemos
en a l g ú n m o m e n t o e x c e p c i o n a l u n a n t i c i p o de a q u e l s i l e n c i o p r e ñ a d o
de u n personaje q u e escucha, e l e m e n t o c o n s t i t u t i v o d e l diálogo d e l Q u i -
j o t e , reflejo de vidas y a n o estáticas sino q u e se desviven h a c i a u n por-
v e n i r : " H a s t a este p u n t o h a u í a estado c a l l a n d o E r a s t r o . . . , p e r o . . .
r o m p i ó e l s i l e n c i o " (t. 1, p. 107); " E n todo el t i e m p o q u e c o n Nísida
y su h e r m a n a estuue h a b l a n d o j a m á s la menor hermana habló p3.la.br3.
sino C|ue con vn estraño s i l e n c i o , estuuo siempre colgada de las m í a s "
(t 1, p 145)
E n r e s u m e n , sólo p o r e x c e p c i ó n e l s i l e n c i o tiene e n L a G a l a t e a u n
p a p e l estilístico netamente c e r v a n t i n o . M á s a m e n u d o es u n elemento
de estilización genérica, q u e creemos tendría equivalentes en otras no-
velas pastoriles. E n g l o b a y a s o r d i n a este m u n d o , alejándolo de l a r e a l i -
dad, l o m i s m o q u e h a c e n el u c r o n i s m o y e l u t o p i s m o . S i l a f r e c u e n c i a de
ÎOO NOTAS N R F H , XIII

los silencios - h e m o s señalado t o d o s - d e n u n c i a ya u n a especial sensibi-

l i d a d acústica, sólo a l contacto de o t r a i d e a creadora más poderosa se
potencializará a q u é l l a hasta volverse elemento p l e n a m e n t e expresivo d e l
estilo c e r v a n t i n o .
Q u i e n a h o n d e en el estudio d e l s i l e n c i o en l a l i t e r a t u r a verá que
cabe hacer, tratándose de los personajes, u n a distinción - n o siempre
n e t a - entre u n silencio h u m a n o p o s i t i v a m e n t e expresivo o elocuente,
a l u s i v o a lo que n o puede expresar el lenguaje, y otro negativo, es decir,
u n c a l l a r a l g o , p o r p r u d e n c i a , p o r doblez, p o r modestia, p o r r e n u n c i a ,
p o r t i m i d e z , etc. N o s hemos acordado de t a l distinción a l v o l v e r sobre
el episodio d e l P e r s i l e s de q u e h a b l a B e r g a m í n , d o n d e e n c o n t r a m o s ci-
tados " a q u e l l o s antiguos versos castellanos que d i z e n «Las cosas d e a d m i -
ración / no las digas n i las cuentes: / q u e n o saben todas gentes / c ó m o
s o n » " (t. 2, p. 154). Y a hemos hecho n o t a r en el estudio c i t a d o c ó m o el
silencio es m u c h a s veces efecto p o s i t i v o de l a admiración, pero e l s i l e n c i o
a d m i r a t i v o puede también cargarse de escepticismo o desconfianza; en-
tonces u n s i l e n c i o negativo de r e n u n c i a o p r u d e n c i a l o a n t i c i p a y evita,
y se esfuma el diálogo. P r u d e n c i a de todas las épocas, s i n d u d a , pero
tal vez m u y p a r t i c u l a r m e n t e de l a época p o s t - t r i d e n t i n a en q u e escribía
Cervantes. " P a r a saber c a l l a r en r o m a n c e y h a b l a r en latín, discreción
es menester, a m i g o B e r g a n z a " , leemos en el C o l o q u i o d e l o s p e r r o s . 3

P o r los mismos años escribe E s p i n e l : " Y o reventaba p o r h a b l a r , pero

consideraba q u e me p o n í a a p e l i g r o de n o ser creído. Más v a l e c a l l a r
q u e dar ocasión de i n c r e d u l i d a d o m u r m u r a c i ó n . L a a d m i r a c i ó n da
ocasión a l s i l e n c i o , y desta vez quise ver si podía enseñarme a c a l l a r " . 4

S i l e n c i o p o s i t i v o , s i l e n c i o negativo: en fin de cuentas, u n o y o t r o bro-

tan de l a v i d a . A p u n t e m o s , p a r a t e r m i n a r , el caso tal vez más "sensa-
c i o n a l " de u n s i l e n c i o de admiración que nos ofrece l a v i d a de los
Siglos de O r o . M u c h o se h a observado que a m e n u d o , en l a e x p e r i e n c i a
de los españoles, l a r e a l i d a d d e l N u e v o M u n d o sobrepasaba las más
inverosímiles ficciones. A l d a r cuenta C a b e z a de V a c a , e n sus escuetos
N a u f r a g i o s , d e l efecto q u e p r o d u j o él sobre cuatro españoles q u e lo
v i e r o n s u r g i r de repente d e l corazón d e l c o n t i n e n t e n o r t e a m e r i c a n o ,
d o n d e era i m p o s i b l e q u e h u b i e r a blancos, escribe: " E s t u v i é r o n m e m i -
r a n d o m u c h o espacio de t i e m p o , tan atónitos que n i me h a b l a b a n n i
acertaban a p r e g u n t a r m e n a d a " . Se dirían salidas de l a p l u m a de Cer-
vantes esas p a l a b r a s . P l a n t a d a s en l a v i d a , c o n f i r m a n c u á n t o acertaba su
g e n i o a l p i n t a r las reacciones h u m a n a s en las insólitas circunstancias
q u e él i n v e n t a b a .
ALAN S. TRUEBLOOD

Brown University.

3
L a frase d e l C o l o q u i o (t. 3 , p . 1 8 2 ) l a r e c o g e C L A U D I O G U I L L É N e n " E s t i l í s t i c a d e l
silencio. ( E n t o r n o a u n p o e m a d e A n t o n i o M a c h a d o ) ", R H M , 2 3 ( 1 9 5 7 ) , p . 2 8 5
y nota 5 3 . Cf. nuestro estudio citado, p p . 1 7 7 - 1 7 8 . — E l "sentido problemático del
i d i o m a (o c o n c i e n c i a d e l s i l e n c i o ) " q u e o b s e r v a G u i l l é n e n e l C o l o q u i o , h a b r á q u e
e x t e n d e r l o a o t r a s o b r a s d e C e r v a n t e s , p r i n c i p a l m e n t e e l Q u i j o t e . T a l s e n t i d o cons-
t i t u y e , p a r a e l a u t o r d e ese s u g e s t i v o e s t u d i o , u n caso e x c e p c i o n a l e n t r e los a u t o r e s
clásicos
4
Marcos d e Obregán, e d . S. G i l í G a y a e n Clás. cast., Madrid, 1 9 2 2 , p. 1 8 5 .