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Veopas ote den Aston Ctr sms mates Voc Machado de Assis 4. Etabetecimento do texto © notas ‘AbaN0 DA okie KORY Varias Historias ‘Mon ami, fozons toujours dex contes. Le temps te passe, et te conte de la We ‘acheve, sane qu’on sen aperpoive. Vinheta da cape © iustapses ror ADRIANO DA GAMA KURY LIVRARIA GARNIER 108 a Bean sty 18 $2, Run Sto Geraldo, 53 Se tiemo | set0 Honmowre i stone amiga, inclinara-se ¢ beijara-o. Fosse como fosse, estava con- usa, irritada, aborrecida, mal consigo ¢ mal com ele, O medo de que ele podia estar fingindo que dormia apontou-lhe na alma e dewthe um caleftio, q ‘Mas a verdade é que dormiu ainda muito, e s6 acordou para jantar, Sentow-se & mesa Iépido. Conquanto achasse D. Severina calada e severa e o solicitador tio rispido como nos Outros dias, nem a rispidez de um, nem a severidade da outra podiam dissipar-Ihe a visio graciosa que ainda trazia consigo, ‘ou amortecer-Ihe a sensagio do beijo, Nao reparou que D. Se- verina tinha um xale que the cobria os bracos; reparou depois, na segunda-feira, © na tergafeira, também, ¢ até sdbado, que foi o dia em que Borges mandou dizer ao pai que nfo podia ficar com ele; ¢ no 0 fez zangado, porque o tratou relativa- mente bem e ainda Ihe disse a saida: — Quando precisar de mim para alguma cousa, pro- cure-me, — Sim, senor. A Sra, D, Severina... — Esté Id para 0 quarto, com muita dor de cabega. Ve- nha amanha ou depois despedir-se dela, Inécio sain sem entender nada. N&o entendia a despedida, nem a completa mudanga de D. Severina, em relagio a cle, nem 0 xale, nem nada, Estava tio bem! falava-the com tanta amizade! Como é que, de repente... Tanto pensou que aca- bou supondo de sua parte algum olhar indisereto, alguma dis- tragdo que a ofendera; néo era outra cousa; ¢ daqui a cara fe- chada ¢ o ale que cobria os bracos téo bonitos... Nao im- Porta; Ievava. consigo 0 sabor do sonho. E através dos anos, Por meio de outros amores, mais efetivos © Jongos, nenhuma sensacao achou nunca igual & daquele domingo, na Rua da Lapa, quando ele tinha quinze anos. Ele mesmo exclama as vezes, sem saber que se engana: — E foi um sonho! um simples sonho! UM HOMEM CELEBRE + = Al o senhor é que é o Pestana? perguntou Sinha- Zinha Mote, fazendo um largo gesto admirativo. EB logo de- ois, ‘corrigindo a familiaridade: — Desculpe meu modo, , 6 mesmo o senhor? ; ‘Vexado, aborrecido, Pestana respondeu que sim, que era Vinha do piano, cnxugando a testa com o lengo, ¢ ia a sgat A jancla, quando a mosa o fez parar, Nao era baile; nas um sarau fntimo, pouca gente, vinte pessoas ao todo, tinham ido jantar com a viéva Camargo, Rua do Areal, * laquele dia dos anos dela, cinco de novembro de 1875... Boa e patusca viva! Amava o riso e a folga, apesar dos ses “Senta dnos em que entrava, ¢ foi a viltima vez que folgou ¢ riu, “pois faleceu nos primeiros dias de 1876. Boa e patusca vidval que alma e diligéncia arranjou ali umas dangas, logo de do jantar, pedindo ao Pestana que tocasse uma quadri- i! Nem foi preciso acabar o pedido; Pestana curvou-se gen- nente, ¢ correu ao piano. Finda a quadrilha, mal teriam des- “Gansado uns dez minutos, a vidva correu novamente ao Pestana ‘um obséquio mui particular. "= Diga, minha senhora. | — H que nos toque agora aquela sua pola Nao bula ‘comiigo, nhonhd. ; Pestana fez uma careta, mas dissimulou depressa, incli- ‘Bou-se calado, sem gentileza, e foi para o piano, sem entusias- ‘fo, Ouvidos os primeiros compassos, derramou-se pela sala # uma alegria nova, os cavalheiros correram as damas, e os pa- Tes entraram a saracotear a polca da mods, Da moda; tinha © ‘Sido publicada vinte dias antes, e j6 so havia recanto da ci- 47 dade, em que no fosse conhecida. Ia chegando consagragio do assobio ¢ da cantarola noturna, ‘Sinhazinha Mota estava Ionge de supor que aquele Pes- tana que cla vira & mesa de jantar ¢ depois ao piano, metido numa sobrecesaca cor de rapé, cabelo negro, longo ¢ cacheado, ‘olbos cuidosos, queixo rapado, era o mesmo Pestana composi- tor; fol uma que Iho disse quando o viu vir do piano, acabada a polca. Daf a pergunta admirativa. Vimos que ele respondeu aborrecido e vexado, Nem assim as duas mogas ihe Pouparam finezas, tais e tantas, que a mais modesta vaidade se contentaria de as ouvir; ele recebeu-as cada vez mais enfa- dado, até que, alegando dor de cabega, pediu licenga para sait. Nem elas, nem a dona da case, ninguém logrou reté-lo. Ofereceram-Ihe remédios caseiros, algum repouso, nfo aceitow nada, teimou em sair ¢ saiu. Rua fora, caminhou depressa, com medo de que ainda o chamassem; s6 afrouxou, depois que dobrou a esquina da Rua Formosa.* Mas af mesmo esperava-o a sua grande polca fes- tiva. De uma casa modesta, a direita, a poucos metros de dis- tincia, safam as notas da composigio do die, sopradas em cla- rineta, Dangava-se. Pestana parou alguns instantes, pensou em arrepiar caminho, mas dispés-se a andar, estugou 0 passo, atra- vessou a rua, © seguiu pelo lado oposto ao da casa do baile. As notas foram-se perdendo, ao longe, ¢ 0 nosso homem en- trou na Rua do Aterrado,® onde morava. Jé perto de casa viu vir dois homens; um deles, passando rentezinho com o Pes- tana, comegou a assobiar a mesma polca, rijamente, com brio, € 0 outro pegou a tempo na miisica, ¢ af foram os dois abaixo, ruidosos e alegtes, enquanto o autor da peca, desesperado, cor- tia 2 meter-se em casa. Em casa, respitou, Casa velha, escada velha, um preto velho que o servia, € que veio saber se ele queria cear. — Nio quero nada, bradou o Pestana; faga-me café ¢ ‘vé dormir, Despiu-se, enfiou uma camisola, e foi para a sala dos fandos. Quando 0 preto acendeu o gis da sale, Pestana sorriu dentro d’alma, cumprimentou uns dez retratos que pendiam da parede. Um 6 era a leo, 0 de um padre, que o educara, que Ihe ensinara latim © misica, e que, segundo 0s ociosos, 48

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