I- PRELIMINARMENTE
01. Da justiça gratuita
O requerente é pobre na forma da lei, não podendo arcar com as custas processuais
e eventuais honorários sucumbenciais sem prejuízo do seu próprio sustento, razão pela qual
requer os benefícios da justiça gratuita nos termos dos arts. 98 e ss, do CPC.
In casu, percebe-se que não havia qualquer um dos casos elencados no texto
constitucional. Mesmo se considerado o estado de flagrância do crime em tese de tráfico de
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entorpecentes descoberto posterior à entrada dos policiais na residência, não havia qualquer
indicio prévio que autorizasse a entrada dos policiais no asilo inviolável do lar. Tal conclusão
pode ser extraída do próprio depoimento dos policiais, do requerente e das demais testemunhas,
que são uníssonos ao demonstrar que não havia qualquer razão fundada que levasse os policiais
a acreditar que havia estado de flagrância naquela residência.
As provas obtidas de modo ilícito ou ilegítimo não são admitidas no processo penal,
bem como as provas que surgem como consequência daquelas. Neste sentido prescreve o art.
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HOFFMANN, Henrique. Prisão em flagrante no domicílio possui limites. Revista Consultor Jurídico. 2017.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jul-11/academia-policia-prisao-flagrante-domicilio-possui-
limites#_ftnref7 >. Acesso em 14 fev. 2019.
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5º, LVI, da CF/88 e art. 157, § 1º, do CPP. Leciona também neste sentido a, consagrada pela
doutrina mais autorizada e pela própria jurisprudência do STF e STJ, teoria “fruits of the
poisonous tree” (teoria dos frutos da árvore envenenada).
II- DO MÉRITO
01. Do resumo da acusação
Narra ainda que os policiais militares teriam obtido informações que o local seria
ponto de venda de drogas, o que teria motivado a abordagem e entrada na residência que
resultou na apreensão de duas trouxinhas de cocaína com um total de 50 gramas e um embrulho
com um pouco mais de 25 gramas de crack.
claro, e uma pedra de crack que estava nas vestes da menor Antônia Letícia Silva de Sousa
(testemunha de acusação) a qual estava na residência do requerente por se relacionar com
terceiro que compartilhava a residência com o requerente.
Nenhum outro material, típico dos locais de venda de entorpecentes, por exemplo,
balança de precisão, lista de compradores, material para embalar entorpecente, ou dinheiro em
quantidade significativa foi encontrado no local. Sequer há depoimento de testemunha, ou
qualquer outro indicio que dê conta de que no local havia efetiva venda de drogas por parte do
requerente. Há apenas o depoimento da menor que afirma que vendia drogas, mas que todo o
material lhe pertencia e o requerente nada sabe ou tem a ver com isso.
Cumpre salientar que a testemunha Antônia Letícia afirmou livremente que todo o
material ilícito lhe pertencia e que ela praticava a venda das substancias, não havendo nenhum
envolvimento com os referidos fatos o acusado.
Observe-se que o art. 33, da Lei nº: 11.343/06 utiliza 18 verbos para tipificar o
crime de tráfico de entorpecentes, mas não é possível fazer a subsunção dos fatos descritos nos
autos a qualquer um dos 18 núcleos do tipo.
Porém, apesar de exaustivo, vale a pena repetir mais uma vez, a mala onde
encontravam-se as trouxinhas de cocaína não eram de propriedade do acusado e este sequer
sabia da existência destas substancias naquele imóvel e a quantidade de crack encontrada estava
na posse de Antônia Letícia.
Portanto, não há que se falar na prática de qualquer uma das condutas descritas no
art. 33, bem como qualquer uma das condutas descritas na Lei nº 11.343/06, razão pela qual
requer a absolvição do acusado nos termos do art. 386, I, do CPP.
Uma vez que não ocorreu a prática do crime de tráfico e nem o acusado sabia da
existência de entorpecentes na residência, não há que se falar na prática do crime descrito no
art. 244-B, do ECA.
Razão pela qual requer a absolvição do acusado nos termos do art. 386, I, do CPP.
Isto posto, requer de Vossa Excelência que receba a presente resposta à acusação,
determine o prosseguimento do feito para designar a audiência de instrução e ouvir as
testemunhas arroladas pelo douto parquet e a seguir arroladas e que, ao final, quando do
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julgamento da presente lide, julgue pela absolvição do acusado nos termos do art. 386, I, do
CPP.
ROL DE TESTEMUNHAS:
Nestes termos,
Pede deferimento.