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ASPECTOS TÉCNICOS E PRÁTICOS PARA O

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS COSMÉTICOS


EMULSIONADOS
Emulsões cosméticas, basicamente cremes e loções, são conhecidas pelos pesquisadores
como sendo misturas relativamente estáveis de água e componentes oleosos ou graxos, na
presença de um emulsionante. Água e óleo são componentes mutuamente insolúveis,
fazendo com que as emulsões sejam constituídas de fases estabilizadas por componentes
que possuem afinidade por ambas, chamados de emulsionantes. Ao olho humano, a
emulsão apresenta-se como uma fase homogênea, mas as propriedades do sistema água/
óleo, após a adição do emulsionante, são drasticamente modificadas e o entendimento dos
fatores físico-químicos relacionados às atividades superficial e interfacial, e responsáveis
pela estabilidade da emulsão, ganham importância.

I. SISTEMAS LÍQUIDOS
I.1. Fenômenos em interfaces de sistemas líquidos

A atividade superficial é conseqüência do arranjo molecular e da interação


das forças moleculares na superfície e no interior de uma massa. Os
tensoativos, principais componentes das emulsões, possuem a capacidade
de adsorverem-se nas superfícies e interfaces, modificando as propriedades
destas e do interior do líquido. Por isso o curso será iniciado pelo estudo
dos fenômenos que ocorrem nas superfícies e interfaces dos líquidos.

I.2. Definição de interfaces e superfícies

Uma superfície é criada quando as forças de coesão entre moléculas se tornam


relativamente mais fortes do que outras que tendem a mantê-las separadas.

Gases não possuem superfície natural. Suas moléculas têm grande


mobilidade, colidem violentamente e afastam-se umas das outras a
distâncias tão grandes, que a chance de coesão é mínima.

Líquidos possuem superfície. A energia cinética de suas moléculas é suficientemente baixa


e permite coesão, fazendo com que o líquido ocupe o espaço específico do recipiente que o
contém. Somente no caso de pequenas gotas é que as forças de atração entre as moléculas
são capazes de manter uma certa forma. Suas forças intermoleculares restringem, mas não
impedem o movimento das moléculas, que fluem livremente umas sobre as outras,
mantendo constante a pequena distância que as separa.

Sólidos possuem superfície e forma próprias. Suas moléculas são


mantidas fortemente unidas. São geralmente incompressíveis e
indeformáveis. Possuem superfície e forma próprias.
No caso de sistemas líquidos, quanto maior a afinidade entre duas fases, maior será a
solubilidade, porém, menor será a diferença das forças de atração entre essas fases e, portanto,
menor será a tensão interfacial. Exemplos de substâncias que mostram afinidade é a mistura
água com etanol, que são miscíveis. A mistura água com óleo mostra nítida separação de fases
após finalizada a agitação, o que significa que estas substâncias não são afins. Substâncias
com certa afinidade são mantidas unidas através de forças de coesão. A magnitude destas
forças depende da estrutura química e do tamanho das moléculas de cada substância.
Substâncias imiscíveis apresentam baixas forças de coesão. Assim o conceito de afinidade
expressa não somente a solubilidade, mas também o conceito de fase.

Quando dois ou mais materiais coexistem como corpos diferentes e separados, cada um
deles se refere a uma fase do sistema. Um sistema é um conjunto de fases imiscíveis. As
fases podem ser líquidas, sólidas ou gasosas. A área de contato entre duas fases é
chamada de interface. No caso de sistemas líquido-gás ou sólido-gás, a interface entre
esses componentes é denominada de superfície. A área de superfície ou interface da fase
aumenta consideravelmente com a subdivisão desta em partículas.

I.2. Tensão superficial e interfacial


As moléculas no interior do líquido sofrem a ação de forças de atração iguais em
todas as direções, ao passo que aquelas situadas na superfície de separação líquido
- ar ou líquido - líquido estão submetidas à ação de forças não balanceadas.

Assim, a tensão superficial de um líquido é definida como a força resultante do


desequilíbrio das forças de atração na superfície, entre as moléculas do líquido e
as do ar, sendo voltada para o interior da solução e perpendicular à superfície.

Figura I: Interface ar-líquido (IAL): massa de líquido tende a se contrair. a=


distância entre as moléculas de líquido; b= distância entre as moléculas de ar.
AR

b
IAL
LÍQUIDO
b>>>>>>>>a a

Do mesmo modo, a tensão interfacial entre dois líquidos imiscíveis é


resultante do desequilíbrio, na interface, das forças de atração entre suas
moléculas. Como estas forças são maiores que as do ar, a tensão interfacial
líquido-líquido é, geralmente, menor que a tensão superficial líquido-ar.

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No caso de sistemas líquidos, quanto maior a afinidade entre duas fases, maior será a
solubilidade, porém, menor será a diferença das forças de atração entre essas fases e, portanto,
menor será a tensão interfacial. Exemplos de substâncias que mostram afinidade é a mistura
água com etanol, que são miscíveis. A mistura água com óleo mostra nítida separação de fases
após finalizada a agitação, o que significa que estas substâncias não são afins. Substâncias
com certa afinidade são mantidas unidas através de forças de coesão. A magnitude destas
forças depende da estrutura química e do tamanho das moléculas de cada substância.
Substâncias imiscíveis apresentam baixas forças de coesão. Assim o conceito de afinidade
expressa não somente a solubilidade, mas também o conceito de fase.

Quando dois ou mais materiais coexistem como corpos diferentes e separados, cada um
deles se refere a uma fase do sistema. Um sistema é um conjunto de fases imiscíveis. As
fases podem ser líquidas, sólidas ou gasosas. A área de contato entre duas fases é
chamada de interface. No caso de sistemas líquido-gás ou sólido-gás, a interface entre
esses componentes é denominada de superfície. A área de superfície ou interface da fase
aumenta consideravelmente com a subdivisão desta em partículas.

I.2. Tensão superficial e interfacial


As moléculas no interior do líquido sofrem a ação de forças de atração iguais em
todas as direções, ao passo que aquelas situadas na superfície de separação líquido
- ar ou líquido - líquido estão submetidas à ação de forças não balanceadas.

Assim, a tensão superficial de um líquido é definida como a força resultante do


desequilíbrio das forças de atração na superfície, entre as moléculas do líquido e
as do ar, sendo voltada para o interior da solução e perpendicular à superfície.

Figura I: Interface ar-líquido (IAL): massa de líquido tende a se contrair. a=


distância entre as moléculas de líquido; b= distância entre as moléculas de ar.
AR

b
IAL
LÍQUIDO
b>>>>>>>>a a

Do mesmo modo, a tensão interfacial entre dois líquidos imiscíveis é


resultante do desequilíbrio, na interface, das forças de atração entre suas
moléculas. Como estas forças são maiores que as do ar, a tensão interfacial
líquido-líquido é, geralmente, menor que a tensão superficial líquido-ar.

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Figura II: Interface líquido-líquido (ILL): desequilíbrio das forças de atração. a= distância
entre as moléculas do líquido II; b= distância entre as moléculas do líquido I.

b LÍQUIDO I

ILL

b> < =a a LÍQUIDO II

Na tabela I observa-se que o mercúrio é o líquido de maior tensão superficial,


motivo pelo qual forma gotas quase que perfeitamente esféricas. Importante é
verificar que a tensão superficial aumenta a medida que aumenta a força
intermolecular entre as moléculas do líquido. Água está unida por fortes forças
de atração de Van der Waals possuindo alta tensão superficial.

Nos sólidos cristalinos suas moléculas estão fortemente unidas e apresentam elevadas
tensões superficiais o que faz com que o líquido se espalhe sobre o sólido. No caso de
misturas de água com outros componentes, quanto maior as forças de atração entre suas
moléculas, menor é a tensão interfacial e maior é a solubilidade do componente na água.

Métodos de medida de tensão superficial de líquidos são: aumento de


capilaridade, pressão máxima da bolha, peso da gota de líquido, força necessária
para desprender um anel da superfície do líquido, a qual é medida através de uma
balança de torção, etc. Este último, atribuído a du Noüy e amplamente utilizado, é
chamado de método do anel, no qual o equipamento usado é um tensiômetro.

Tabela I: Tensão superficial de líquidos a 20ºC.


Líquido Tensão superficial ( mN/m)
Hexano 18.50
Etilenoglicol 46.70
Água 72.75
Mercúrio 485.00
Tabela II: Tensão interfacial do líquido em contato com a água a 20ºC.
Líquido Tensão interfacial ( mN/m )
Hexano 51.10
Octanol 8.50
Butanol 1,60

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II. EMULSÕES

II.1. Definição e exemplos.


Dentre os milhares de ingredientes que estão disponíveis para formulações cosméticas, a
água é o mais utilizado. Como nem todos os ingredientes cosméticos são miscíveis com a
água, ocorre uma necessidade prática de estabilizar e suspender as misturas heterogêneas
de água com outras matérias primas como líquidos parafínicos, óleos vegetais, ceras
naturais e sintéticas e pigmentos inorgânicos através da emulsificação em que uma das
fases está dispersa na outra. Emulsões são úteis em cosméticos já que possuem aparência
elegante e são agradáveis ao toque.

Existem numerosos livros e capítulos de livros dedicados a emulsões e


emulsificação (Becher, 1965; Davies, 1963; Lissant, 1974, Sherman, 1968; Smith,
1976). Becher [7] sugeriu a seguinte definição: “Emulsões são sistemas heterogêneos,
consistindo de pelo menos um líquido imiscível disperso em um outro na forma de
gotas, cujo diâmetro, em geral, excede 0,1µ”. Esses sistemas possuem um mínimo de
estabilidade, que pode ser acentuada por aditivos chamados de emulsionantes ou
emulsificantes ou mesmo por sólidos finamente divididos, etc.

Um aspecto interessante a ser considerado no estudo de emulsões é que certas


substâncias mostram afinidade umas com as outras e outras não. Exemplos de
substâncias que mostram afinidade é a mistura água com etanol, que são miscíveis. A
mistura água com óleo mostra nítida separação de fases após finalizada a agitação, o
que significa que estas substâncias não são afins. Substâncias com certa afinidade são
mantidas unidas através de forças de coesão. A magnitude destas forças depende da
estrutura química e do tamanho das moléculas de cada substância. Substâncias
imiscíveis apresentam baixas forças de coesão e, portanto, alta tensão interfacial.

Figura III: Miscibilidade dos componentes

Óleo

Água

Água + Álcool Óleo + Água sob Óleo + Água após tempo


agitação de descanso

Assim o conceito de afinidade expressa não somente a solubilidade, mas também o


conceito de fase. Quando dois ou mais materiais coexistem como corpos diferentes e
separados, cada um deles se refere a uma fase do sistema. Em um sistema de duas
fases líquidas, o líquido dividido em glóbulos é conhecido como fase dispersa,
descontínua ou interna. O líquido circundante é a fase contínua ou externa.

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Utilizando o conceito de fases, existem outros sistemas (tabela III) similares aos líquido-
líquido, mas de diferentes natureza e requerimentos para sua preparação e estabilização.

Tabela III: Sistemas bifásicos mais comuns.


Sistema Fase interna ou dispersa Fase externa ou contínua
Espuma Gás Líquido
Espuma Gás Sólido
Aerosol Líquido Gás
Suspensão Sólido Líquido
Fumaça Sólido Gás
Emulsão Líquido Líquido

Emulsões cosméticas são na sua maioria constituídas por fase oleosa, fase aquosa,
emulsionantes e aditivos específicos. Estas emulsões serão o tema alvo deste curso.

II.2.Tipos de emulsões
Segundo Rosen [36], as emulsões classificam-se em quatro tipos de acordo o tamanho
das partículas da sua fase dispersa ou interna: (1) macroemulsões: emulsões opacas,
termodinamicamente instáveis, com partículas de tamanho maior que 400 nm (0,4 µ),
facilmente visível no microscópio; (2) microemulsões: são sistemas
termodinamicamente estáveis, dispersões isotrópicas, transparentes com gotículas de
tamanho inferior a 100 nm (0,1 µ) e de baixa viscosidade (newtoniana); (3) miniemulsões:
é um tipo intermediário entre os dois primeiros, com tamanho de partícula variando entre
100 a 400 nm (0,1 a 0,4 µ) e aparência de branco-azulada; (4) emulsões múltiplas: as
partículas dispersas são emulsões delas mesmas. Na realidade são gotas de um líquido
dispersado em gotas maiores de outro líquido, que é então disperso em uma fase contínua,
que geralmente é de mesma natureza que o primeiro líquido.

Myers [31] e Chhabra [11] relacionam o tamanho da partícula ao tipo de


emulsão e comparam com os tipos de estruturas micelares dos tensoativos.
Ao mesmo tempo, Wilkinson [4] compara este tamanho com a aparência da
emulsão, conforme relacionado na tabela IV. Entretanto estas classificações
são arbitrárias podendo ocorrer sobreposição das faixas.

Tabela IV: Tipo, aparência da emulsão e tamanho da partícula da fase interna.


Tamanho da partícula (nm) Tipo de emulsão/ Aparência da emulsão/ solução
solução
< 1,0 Solução molecular Transparente
1,0 - 20,0 Solução Micelar Transparente
< 50,0 Microemulsão Transparente ou transluzente
50,0 - 100,0 Microemulsão Opalescente-cinza
100 a 400 Miniemulsão Branca- azulada
100,0 – 1000,0 Dispersão coloidal, Latex Opalescente a opacas
> 400 - 10000,0 Macroemulsão, suspensão Opacas brancas
> 0,5 mm Fases separadas Glóbulos visíveis

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II.2.1. Macroemulsões
Na realidade chamamos estes sistemas de emulsões e podem ser cineticamente estáveis
por longos períodos de tempo, mas ao final sofrerão separação de fases para atingir um
mínimo de energia livre interfacial. As ações dos emulsionantes, polímeros e outros
estabilizantes podem reduzir drasticamente a velocidade de coalescência, diminuindo as
constantes de velocidade cinética e aumentando o tempo de estabilidade da emulsão. As
propriedades da macroemulsão são fortemente dependentes da temperatura de
emulsificação, velocidade de resfriamento, intensidade de agitação e ordem de adição das
matérias primas durante a preparação. Macroemulsões requerem agitação vigorosa para
superar o efeito adverso da energia livre interfacial positiva entre as fases imiscíveis, que
trabalha na direção da coalescência das gotas, e assim obter a formação de pequenas gotas
[1, 46]. Como a maioria dos sistemas contém água, são classificados em dois tipos,
baseado na natureza das fases dispersa, conforme tabela V.

Tabela V: Tipos de emulsões


Tipo Fase interna ou dispersa Fase externa ou contínua

O/ A ou O/W Óleo Água e componentes


hidrossolúveis
A/ O ou W/ O Água e componentes Óleo
hidrossolúveis

Figura IV: Representação macroscópica das emulsões.

Emulsão O/ A Emulsão A/ O

Água Fase oleosa Fase Oleosa

Água

O que determina se uma emulsão é O/ A ou A/ O não é o tipo ou a quantidade relativa


de componentes hidro ou lipossolúveis. Com base em considerações termodinâmicas,
W. D. Bancroft deduziu uma regra geral, que diz: “ A fase em que o emulsionante é
preferencialmente solúvel é a fase contínua da emulsão”. Desta forma as emulsões O/ A
são aquelas em que o agente emulsionante é hidrossolúvel ou hidrofílico.

II.2.1.1. Emulsões O/ A

Em produtos cosméticos, como loções e cremes, as emulsões do


tipo O/ A são largamente utilizadas devido ao seu tato menos oleoso,
mais agradável e de secagem rápida. Também é de fácil processo.

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Outras características importantes destas emulsões são:
• Emulsões diluídas dispersam em água e são facilmente laváveis após aplicação na pele;
• Possuem condutividade elétrica semelhante a da fase aquosa;
• São coloridas por corantes solúveis em água;
• Quando colocada sobre papel de filtro, produz uma banda larga, molhando o papel;
• Emulsões muito hidrófilas, durante a aplicação na pele podem
formar uma espuma branca;
• Sendo a fase externa a água, as embalagens mais adequadas são
o vidro, porcelana, plástico para evitar oxidação e corrosão;
• É obrigatório o uso de conservantes, devido a grande quantidade
de água, para evitar a contaminação principalmente por fungos;
• Exigem necessariamente a adição de umectantes.

II.2.1.2. Emulsões A/ O
Em produtos cosméticos, as emulsões do tipo A/ O possuem aplicação reduzida, devido ao
seu tato gorduroso. Outras características importantes destas emulsões são:
• Emulsões diluídas dispersam imediatamente em óleo;
• Não possuem condutividade elétrica;
• São coloridas por corantes solúveis em óleo;
• Quando colocada uma porção da emulsão em papel de filtro, esta não se espalha;
• Promovem alto grau de emoliência à pele e ação dissolvente em cremes de limpeza;
• São de difícil preparação/ homogenização;
• Não é necessária a adição de umectantes.

II.2.2. Microemulsões

Microemulsões são compostas por duas fases líquidas mutualmente imiscíveis,


uma espontaneamente dispersa na outra com o auxílio de um ou mais tensoativos
e co-tensoativos, cujas moléculas se distribuem na região interfacial entre as
fases, da mesma forma que na macroemulsões. Como co-tensoativos podem ser
utilizados álcoois de cadeia curta (pentanol e hexanol), aminas primárias,
derivados de lanolina, colesterol, glicois e tensoativos não iônicos.

A principal característica das microemulsões é a tensão interfacial


extremamente baixa. Estes sistemas diferem das macroemulsões com relação
a energia de agitação fornecida para misturar as fases. Microemulsões são
termodinamicamente estáveis e obtidas com relativamente baixa agitação.

Como a luz atravessa a microemulsão sem refração, a mesma se apresenta totalmente


transparente ou ligeiramente transluzente. Podem também ser de dois tipos O/ A e A/ O,
dependendo do tensoativo utilizado, temperatura, concentração de eletrólitos, natureza
química da fase oleosa e as quantidades relativas dos componentes.

Em formulações cosméticas hidroalcoolicas de aparência límpida, tais como


colônias e loções para enxague de mãos e loções tônicas, a microemulsão é uma
técnica muito útil para incorporar fragrâncias e óleos essenciais, principalmente
quando a quantidade de etanol é restrita a quantidades pequenas ou isenta.
Produtos solúveis em água (corantes) podem ser incorporados em microemulsões
do tipo A/O. Outros exemplos são os géis de limpeza, géis de banho e para cabelos.
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II.2.3. Miniemulsões
Miniemulsões foram citadas em diversos trabalhos (Ugelstad, 1973; Grimm, 1983; Brouwer,
1986) como emulsões branco azuladas semi opacas. Geralmente o emulsionante
é uma mistura de tensoativo iônico com co-tensoativos, normalmente, álcoois de
cadeia com pelo menos 12 carbonos, comparado a microemulsões com álcoois de
5 a 8 carbonos. A presença de fases líquidas-cristalinas são responsáveis pela
estabilidade da emulsão. Podem ser O/ A ou A/ O. Praticamente não são utilizadas
em cosméticos, devido a baixa viscosidade e toque “aquoso”.

II.2.4. Emulsões Múltiplas

Emulsões múltiplas tem sido objeto de muito estudo [9, 14, 20, 24]
em função do seu potencial como meio de:
• Liberação de drogas para partes específicas do corpo sem a sua
deterioração em outros órgãos;
• Prolongar a liberação de drogas que possuem um curto tempo de vida;
• Contornar o problema de sabor ruim de determinadas drogas,
• Prolongar o tempo de hidratação da pele;
• Proteger agentes bioativos sensíveis;
• Impedir que materiais incompatíveis entre si entrem em contato;
• Produção de cremes demaquilantes menos untuosos e mais
hidratantes ou de cremes de limpeza intensiva da pele.

Podem ser de dois tipos A/ O/ A ou O/ A/ O:


• A/ O/ A: os glóbulos da fase oleosa suspensos na água contem glóbulos dispersos
de solução aquosa, representado de forma macroscópica como na figura V.
• O/ A/ O: os glóbulos da solução aquosa suspensos na fase externa
oleosa contêm partículas de óleo dispersas no seu interior,
representado de forma macroscópica como na figura V.

Figura V: Representação macroscópica das emulsões múltiplas.

Emulsão A/ O/ A Emulsão O/ A/ O
Água Fase oleosa Fase Oleosa

Solução
Aquosa Óleo

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Devido a grande variedade de fases e interfaces, as emulsões
múltiplas são instáveis, até mesmo mais que as macroemulsões.

Emulsões múltiplas são geralmente preparadas em 2 etapas. No caso da A/ O/ A,


uma emulsão A/ O pré-formada com tensoativos de baixo HLB (também chamada
de emulsão primária) é adicionada lentamente com agitacão a uma solução
aquosa contendo o emulsionante hidrofílico. No caso da emulsão O/ A/ O, a
emulsão primária é a O/ A obtida com tensoativos hidrofílicos e adicionada à fase
oleosa com emulsionantes lipofílicos. Não necessariamente as fases aquosas da
emulsão A/ O/ A devem ser iguais e normalmente são diferentes em composição.

Na preparação das emulsões múltiplas diversos fatores devem ser


estudados para alcançar maior estabilidade [9, 14, 20, 24 ]:
• Efeito dos emulsionantes usados
• Efeito da temperatura de preparação da emulsão
• Efeito da natureza da fase oleosa e sua interação específica com o tensoativo
• Efeito da presença de eletrólitos
• Efeito dos volumes relativos das fases
• Tamanho e estabilidade da emulsão primária
• Efeito do tipo de misturador e velocidade e tempo de agitação na
formação e estabilidade da emulsão.

II.3. Componentes básicos das emulsões cosméticas


De modo geral, os componentes das emulsões devem apresentar segurança toxicológica,
ausência de compostos alergênicos, sensibilizantes e irritantes. Generalizando, pode-se
dizer que os componentes de cremes e loções cosméticas são:

Veículo: água
Componentes oleosos:
emolientes Emulsionantes
Componentes com propriedades
específicas: Espessantes/ agentes
de consistência Umectantes
Princípios ativos e
promocionais Estabilizantes:
Seqüestrantes
Antioxidantes
Conservantes
Modificadores do aspecto
organoléptico: Fragrâncias
Corantes
Agentes de brilho
pérola Opacificantes

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II.3.1. Água: função e características

Na fase aquosa das emulsões são dissolvidos componentes hidrossolúveis como


umectantes, princípios ativos, conservantes, corantes, espessantes, etc. Assim, a
água é um veículo muito importante na fabricação e aplicação das emulsões. A
água, quando a emulsão é aplicada na pele, tem por função manter a elasticidade
e juventude da epiderme, com o auxílio de umectantes e emulsionantes
adequados, mantendo a pele hidratada. A água exerce também funções
indispensáveis no equilíbrio físico-químico da emulsão e do agente umectante.

Preferencialmente, deve ser usada água destilada ou deionizada, portanto


isenta de sais minerais, produtos orgânicos e microbiologicamente pura (isenta
de fungos e bactérias ). A presença de íons e sais de cálcio constitui um
elemento perturbador da estabilidade das emulsões, sobretudo quando em sua
preparação são utilizados sabões alcalinos como agentes emulsionantes.
A Portaria 36/ 90 estabelece o número e freqüência mínimas de
amostragem e população microbiana (500ufc/mL máximo)
Por outro lado a qualidade microbiana da água depende ainda
do tipo de produto e risco (resolução 481/ 99):
Subgrupo I (cremes e loções para a área dos olhos, xampus infantis): 100ufc/mL
Subgrupo II (cremes para rosto e corpo): 1000ufc/mL no máximo.
A farmacopéia USP 23 e Guia ABC sugerem máximo de 100ufc/ mL
para análise microbiológica da água e produtos finais.

Neste estágio pode ser iniciada a construção de modelos de formulação:

Componentes Composição
I II
Fase Aquosa
Água Quantidade para 100%

II.3.2. Componentes oleosos: Emolientes. Classificação, efeito, seleção

Os componentes oleosos, ou emolientes, fazem parte do que chamamos da


fase oleosa da emulsão, sendo responsáveis por características importantes
da emulsão como espalhamento, absorção e sensação lubrificante na pele,
viscosidade e também são veículos para incorporação de antioxidantes,
vitaminas e ativos lipossolúveis, conservantes, agentes de consistência, etc.

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De acordo com a função desejada para o produto cosmético, encontra-se uma
grande variedade de componentes oleosos que devem ser escolhidos conforme as
características desejadas para o produto final, mercado consumidor a que se destina
(pessoas de pele oleosa, seca), facilidade de incorporação, compatibilidade com
outros componentes da emulsão, finalidade do produto (hidratante, nutritivo) e
preço, motivos pelos quais, geralmente, são utilizados uma mistura de emolientes.
Desta forma os emolientes influenciam a emulsão quanto:
• Às características externas da epiderme: toque na pele,
elasticidade, flexibilidade, maciez, lubricidade e brilho;
• Após aplicação na pele, regulam o teor de umidade da epiderme,
formando uma camada protetora, evitando assim, a perda de água;
• À estabilidade da emulsão em função da polaridade da molécula;
• Às características físicas como viscosidade e aparência;
O extrato córneo da epiderme extrai normalmente a água de que necessita da reserva
hídrica dos extratos inferiores e da secreção contínua do suor. Em condições atmosféricas
desfavoráveis, como a presença de muito vento ou baixa umidade no ambiente, a pele tende
a ressecar-se devido a desidratação. Os componentes oleosos de um creme ou loção,
formam uma película sobre a epiderme, que diminui a emissão de água pelos poros, porém
deve ser gás permeável. A umidade é responsável pelo aspecto normal da epiderme.

Os critérios para a classificação e seleção dos emolientes podem ser


de acordo com a composição química, propriedades físico-químicas
e propriedades de aplicação na pele, conforme listados na tabela VI.

Tabela VI: Critérios para a classificação e seleção dos emolientes.


Critério Propriedade
Estrutura química Hidrocarbonetos derivados do petróleo
Triglicéridos animal e vegetal
Ésteres de ácidos e álcoois graxos
Álcoois graxos saturados e insaturados
Álcoois graxos de Guebert
Ácidos graxos
Silicones
Éteres graxos
Propriedades Físico-químicas Ponto de fusão
Ponto de turvação
Viscosidade
Poder dissolvente
Polaridade
Estabilidade a hidrólise ácida ou alcalina
Propriedades de aplicação na Grau de espalhamento
pele Grau de absorção, penetração
Emoliência, tato oleoso ou seco
Aspecto da pele: brilhante
Compatibilidade dermatológica
Baixa toxicidade
Grau de comedogenicidade

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II.3.2.1. Classificação, efeito, seleção dos emolientes de acordo
com a composição química
A melhor classificação para o entendimento de quais substâncias tem efeito
emoliente é segundo a estrutura química para conhecer as características individuais
de cada componente. O tipo de cadeia carbônica (linear, ramificada, saturada e
insaturada) tem grande influência sobre as propriedades dos emolientes.

Seguindo a classificação apresentada na tabela VI temos:


• Hidrocarbonetos derivados de petróleo: Exemplos são a parafina, óleo
mineral, vaselina, isoparafina C11-C13 e C16. Os hidrocarbonetos parafínicos
são insolúveis em água, muito apolares, conferem alta oleosidade e lubricidade
à pele e possuem a desvantagem de apresentar uma composição estranha à do
sebo da pele, sendo importante a sua mistura com outros emolientes, tais
como os ésteres de álcoois e ácidos graxos.
Devem possuir alto grau de pureza, pois os contaminantes típicos como naftênos
(hidrocarbonetos cíclicos saturados de baixo peso molecular, como ciclopentano),
aromáticos, enxofre e compostos nitrogenados podem causar irritação e formação de
comedões na pele. Outros produtos sintéticos são o dioctilciclohexano e o esqualano
que conferem um espalhamento muito bom sobre a pele. São componentes úteis em
formulações de cremes e loções para o corpo e para peles secas e ressecadas e loções
para limpeza (demaquilantes) destinadas às peles secas.

• Gorduras, Ceras, Triglicerídeos de origem animal ou vegetal : estes produtos


devem se apresentar líquidos à temperatura ambiente ou ter um ponto de fusão
próximo à temperatura do corpo. Exemplos são os triglicerídeos naturais (óleos
vegetais poliinsaturados como óleo de amêndoas, jojoba, abacate; ceras como
manteiga de Karité, manteiga de shorea e de cacau; triglicerídeos
reconstituídos como os triglicerídeos do ácido cáprico/ caprílico. Por conterem
insaturações nas suas moléculas, este grupo de matérias primas requer o uso
de antioxidante nas formulações dos produtos cosméticos.
• Álcoois graxos saturados ou insaturados: Exemplos são álcoois cetílico,
cetoestearílico, laurílico, oleilcetílico. Para ser utilizado como agente emoliente, os
álcoois graxos devem se apresentar líquidos a temperatura ambiente ou aqueles que
fundem quando aplicados na pele. São insolúveis em água e apresentam um toque
muito seco e seroso e por isso são mais utilizados como espessantes da fase oleosa
da emulsão. Em quantidades elevadas na formulação ou não balanceadas com outros
emolientes, pode haver formação de espuma branca durante a aplicação na pele.
• Álcoois de Guebert: Obtidos pela reação entre dois álcoois pelo método de
Guebert. São compostos saturados ramificados, normalmente líquidos de baixo
ponto de solidificação, de baixa viscosidade, alto poder de espalhamento, toque
não oleoso e grande poder solubilizante. Produzem emulsões de baixa
viscosidade. Exemplos são 2-octildodecanol, 2-hexildecanol.
• Ácidos graxos: São exemplos os ácidos esteáricos, palmítico, mirístico, estearina
(mistura de ácido esteárico e palmítico ), oleína ( ácido oleílico, palmítico ).
• Ésteres de álcoois e ácidos graxos : constituem o principal grupo de emolientes
utilizados nas emulsões, pois apresentam as melhores respostas quanto ao
espalhamento, sensação não oleosa, absorção na pele, etc. O álcool de menor cadeia
é o isopropílico que possui toque seco, alta capacidade de espalhamento, altamente

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comedogênico e irritante. Exemplos destes ésteres são: ésteres de álcool isopropílico
(miristato, palmitato, estearato, lanolato), ésteres dos álcoois butílico, octílico, decílico,
cetoestearílico, estearílico como palmitato de octila, estearato de octila, heptanoato de
estearila, octanoato de cetoestearila, isonanoato de cetoestearila. Os ésteres de cadeia
longa, como os três últimos citratos, tem em comum a hidrorepelência, podendo ser
utilizados em protetores solares a prova de água. Normalmente, um aumento no
comprimento da cadeia carbônica do álcool diminui as características de toque,
espalhamento, comedogenicidade e irritabilidade.

Este grupo de matérias primas requer o uso de antioxidante nas formulações dos
produtos cosméticos, pois podem conter insaturações em suas moléculas, provocando o
escurecimento do produto. Em formulações com pH inferior a 4, os ésteres de cadeia
curta ou média podem sofrer hidrólise, retornando aos respectivos ácidos e álcoois
graxos e provocando a separação de fases da formulação. Neste caso, emolientes como
álcoois ramificados e hidrocarbonetos são mais recomendados.
• Éteres graxos: possuem excelente capacidade de espalhamento e resistência
a hidrólise tanto em meio ácido como alcalino. Exemplos são éter dicaprílico,
PPG-15 estearil éter, peg-7 gliceril cocoato, perfluoropolimetil isopropil éter.
• Silicones: são moléculas de cadeias poliméricas que possuem em sua estrutura ligações
silício-oxigênio do tipo (-Si-O-Si-), conhecidas como siloxanos. À cadeia básica dos
siloxanos podem ser adicionados diversos grupos funcionais (poliacrilatos, cadeias
carbônicas, cadeias de óxido de propeno e eteno) que conferem propriedades
específicas. Os silicones comportam-se como filmes uniformes, permeáveis e não
oclusivos sobre a pele, com características de repelência à água e alta durabilidade.
Fornecem diversas propriedades alem de emoliência tais como ação antiespumante,
doador de brilho, agente de antipegajosidade, lubrificante, protetor da pele e veículo.
Geralmente conferem aos cremes e loções sensorial suave e seco durante a aplicação na
pele. Exemplos são mostrados na tabela VII.

13
Tabela VII: Silicones mais usados em emulsões cosméticas.
Silicone Nome Comercial/ Características
Fabricante
Dimeticones DC Fluido 200/ 10, Apresentam cadeia linear e não são
(polidimetilsiloxano ou 200/ 50, 200/ 100 - voláteis. São insolúveis em água, devendo
PDMS) Dow Corning ser emulsionados na fase quente. Quanto
L45/ 300 C Osi/Witco maior o peso molecular (unidades Si-O),
maior é a viscosidade do silicone e
portanto maior é o sensorial oleoso e
pegajoso e menor é o espalhamento na
pele. Formam filmes hidro-repelentes na
pele. Não são oclusivos e nem
comedogênicos. Os silicones de baixa a
média viscosidade são gás permeáveis.
Proporcionam espalhamento, brilho,
maciez à pele. Silicones de alto peso
molecular e viscosidade são difíceis de
manusear, apresentam espalhamento ruim
e não penetram. Atuam como
lubrificantes em sistemas de válvulas e
Cremes e loções
hidratantes para o
rosto (pele seca).

Aplicação Cremes e loções


para o corpo.

Ciclometicones (fluidos DC244, 245 e Quanto menor o peso molecular, maior é a Cremes e loções
ou silicones voláteis) 246 DC344 – volatilidade, devendo ser usados abaixo de hidratantes para
Dow Corning 50°C. São insolúveis em água, devendo ser o rosto (pele
Polidimetilsiloxanos
emulsionados. Proporcionam normal a oleosa).
cíclicos UCL 7349 Witco.
espalhamento e lubricidade com toque Cremes e loções para
mais seco que o dimeticone, pois
o corpo.
evaporam. Conferem brilho, maciez,
formação de filme, condicionamento. Desodorante-pump

Antiperspirantes
Máscaras, Makeup

Dimeticonol (goma linear DC –2-9038 (Mistura Na sua estrutura apresenta grupos Cremes e loções
de silicone) de ciclometicone e hidroxilas nas extremidades do hidratantes para pele
dimeticonol 91/ 9%) polidimetilsiloxano. É volátil. Deve ser normal a oleosa.
usado abaixo de 50°C. É insolúvel em
DC 1052 (emulsão água, devendo ser dispersado em
não iônica de
dimeticone ou ciclometicone, sendo
ciclometicone e
protanto encontrado comercialmente
dimeticonol)
nessas misturas. Proporciona brilho,
maciez (toque sedoso). Quanto mais
dimeticonol na mistura, maior é a
viscosidade e menor é o espalhamento.
Misturas de dimeticonol com PDMS
apresentam toque mais pesado e são
indicados para produtos étnicos.
Misturas de ciclometicone e dimeticonol
são mais leves e substantivas à pele.

14
Silicone Nome Comercial/ Características Aplicação
Fabricante
Dimeticone ou silicone DC 190 ou 193 – São obtidos a partir da etoxilação e/ou Cremes e loções
Copolióis Dow Corning propoxilação do dimeticone. São solúveis hidratantes para o
Silwet L7087, em água. Proporcionam brilho, maciez, rosto (pele normal
hidratação, formação de filme, a oleosa).
L7622– Witco condicionamento e sensorial menos Cremes e loções para
oleoso que os demais silicones. Reduzem o corpo.
a irritação a pele. Atuam como
emulsionantes e como antiespumantes. Óleos de banho
Quanto maior o grau de etoxilação, maior Cremes e espumas de
é a espuma. Silicones copolióis insolúveis
barbear
em água (baixa etoxilação ou somente
propoxilados) são dispersantes de filtros Desodorantes
físicos como dióxido de titânio e zinco e
Antiperspirantes
de pigmentos. As ceras de silicone
copoliol são umectantes para a pele. Máscaras
DC556/ Dow Corning Apresenta alto índice de refração Makeup
Pheniltrimethicone
Protetores solares,
proporcionando brilho à pele. Grande batons, cremes e
solubilidade em óleo mineral, etanol, loções com filtro solar.
isopropanol, miristato de isopropila.
Melhora o espalhamento de compostos
apolares sobre a pele. Solubilizante de
filtros solares, apresentando ação anti-
aderente da areia na pele. Pode ser
aquecido até 80°C.
Misturas de
Ciclometicone e
Silsoft ME-5 – Witco Apresenta sensorial seco e suave. Atua Cremes para pele
DC 3225 – Dow como emulsionante. normal a oleosa.
dimeticone copoliol
Corning

Outros silicones modificados são disponíveis tais como: estearil dimethicone (Silsoft W18-
cera para aplicação em lipsticks e protetores solares para aumentar a resistência à água),
octiltrimeticone (Silsoft 034 que é insolúvel em água, mas solúvel em óleo mineral,
melhorando o sensorial deste último em formulações de cremes e loções para pele normal e
oleosa). Silicones terpolímeros do tipo methyleugeno dimethicone copolyol (Silsoft Shine
Organosilicone Copolymer – Witco) pode ser utilizado para diminuir o esbranquiçamento
promovido pelo antiperspirante após secar sobre a pele. DC 9040 (Dow Corning) é uma
goma tridimensional dissolvida num silicone volátil, solúvel em aloe vera e alfa-bisabolol,
apresentando toque sedoso e seco, sendo indicado para cremes para a pele para absorver
oleosidade. DC 749 é um silicone constituído por 50% de resina e 50% de ciclometicone
(DC245), sendo indicado para emulsões protetivas para as mãos. Para cremes para a pele
não são recomendados os aminosilicones devido ao maior potencial de irritação. DC 244
também é pouco usado pelo mesmo motivo.

II.3.2.2. Classificação, efeito, seleção dos emolientes : propriedades físico-químicas.

• Ponto de fusão: os melhores emolientes são aquele que se


apresentam líquidos a temperatura ambiente ou que fundem perto
da temperatura do corpo, conforme já descrito no item anterior.

15
• Polaridade: os emolientes (óleos ) devem ser escolhidos de forma a apresentar
média polaridade e peso molecular semelhante ao dos emulsionantes para
proporcionar maior estabilidade e melhores características sensoriais.
• Poder dissolvente: uma função importante dos emolientes na
formulação é como solubilizante de princípios ativos. Quanto menor
o peso molecular, maior a capacidade solubilizante do emoliente.
• Viscosidade: quanto maior a viscosidade do emoliente maior a viscosidade da emulsão.
Entretanto mesmo emolientes de baixa viscosidade contribuem significativamente para
o aumento da viscosidade da emulsão. A tabela 4 mostra este efeito
• Ponto de turvação do produto puro: quanto menor o ponto de
turvação mais líquido é o produto.
Tabela VIII: Viscosidade de alguns emolientes.
Viscosidade Emoliente Valor de Viscosidade (cP)
Laurato de Hexila 4
Baixa Di-N-butil Adipato
octildodecanol
2-hexildecanol
Miristato de isopropila 10
Palmitato de isopropila 10
PPG-15 estearil éter
Oleato de decila
Erucato de oleila 30
Média Isonanoato de cetoestearila 50
Triglicerídeo do ácido cáprico-
caprílico
Óleo de rícino
Alta Óleo de amêndoas 65

16
Tabela IX: Ponto de turvação dos emolientes.
Temperatura de Turvação ( ºC ) Emoliente
20 Estearato de isopropila
Éster do ácido cáprico-caprílico
15 Isonanoato de cetoestearila
Palmitato de isopropila
Oleato de oleíla
10 Estearato de isooctila
Oleato de decila
Álcool oleil-cetílico
5 2-hexildecanol
Dioctilcilclohexano
0 Miristato de isopropila
Peg-7 gliceril cocoato
Triglicerídeo do ácido cáprico-caprílico
-5 Laurato de Hexila
PPG-15 estearil éter
-10 2- octildodecanol
-25 Adpato de dibutila

II.3.2.3. Classificação, efeito, seleção dos emolientes:


propriedades de aplicação na pele
A sensação táctil ou toque deixado pela emulsão sobre a pele é uma importante
propriedade do emoliente. A escolha do caráter oleoso do componente a ser usado na
formulação está relacionada aos tipos de pele a que se destina o creme e de produto
cosmético. A tabela X possibilita a escolha do emoliente em função de sua capacidade de
espalhamento na pele e do seu caráter oleoso. Geralmente, quanto maior o peso molecular,
maior é a oleosidade e pegajosidade e menor a espalhabilidade. No entanto estas
propriedades estão intimamente relacionadas com o tipo de cadeia carbônica (linear,
ramificada, insaturada, saturada). Geralmente a ramificação na molécula melhora a
espalhabilidade e diminui a pegajosidade e a viscosidade da emulsão. A insaturação
fornece compostos mais oleosos e com maior capacidade de lubrificação da pele. A
espalhabilidade ou dispersibilidade é a expansão de uma substância sobre a superfície. É
definida como a área coberta durante um período de 10 minutos sob condição de
temperatura e umidade controladas e apresenta boa correlação com o sensorial dos
emolientes sobre a pele. Emolientes de alta espalhabilidade inicialmente proporciona uma
sensação bastante suave que se dissipa rapidamente e um emoliente de baixa
espalhabilidade produz um efeito táctil pesado (não suave) de longa duração. Assim a
combinação de três ou quatro emolientes é mais recomendada para qualquer tipo de
emulsão. Isso leva a um efeito sensorial em cascata de suavidade em função do tempo.
Emolientes semelhantes a composição da pele proporcionam maior compatibilidade
(triglicerídeos, esqualeno).

17
Cuidado especial deve ser tomado na escolha de emolientes para formulações contendo
filtros solares. Emolientes não polares (óleo mineral) e ésteres como estearato de 2 etil
hexila podem deslocar negativamente o comprimento de onda de absorbância máxima dos
filtros UVB. Emolientes polares possuem ação positiva tais como cocoato de glicerila 7EO,
triglicerídeo cáprico-caprílico, PPG2 Ceteareth-9 e isoestearato de propilenoglicol. Óleos
polares solubilizam os filtros UV, permitindo uma dispersão uniforme e maximizando o
potencial de absorção. No caso de óleos não polares, o filtro UV forma concentrados
solubilizados (análogos a micelinização dos tensoativos), minimizando a absorção. Por
outro lado, quanto mais polar o emoliente, menor sua eficiência na resistência a água.

Tabela X: Capacidade de espalhamento (dispersibilidade) de emolientes versus oleosidade.


Produto Dispersibilidade Caráter oleoso Aplicação
2
(mm )
Óleo de rícino Baixa (33) Alto
Vaselina Baixa (50) Alto
Óleo de amendoim Baixa (60) Alto Cremes contra rugas, ao redor
dos olhos.
Óleo de amendoa Baixa (195) Alto Conservação do rosto, cremes
noturnos.
Óleo mineral Baixa (203) Alto Maquiagens
Triglicerídeo do ácido palmítico Baixa (304) Alto Cremes para pele seca.
Erucato de oleíla Baixa (351) Alto
Oleato de oleíla Baixa (429) Alto
Triglicerídeo do ácido cáprico- Média (569) Médio Tratamento da pele
caprílico
Esqualano Média (601) Médio Creme para pele normal a seca
2-octildodecanol Média (695) Médio Cremes diurnos, semi-oleosos
para pele normal
Isonanoato de cetoestearílico Média (695) Médio Protetores solares
Álcool Oleílico Média (698) Médio
Oleato de decila Média (731) Médio
Hexildecanol Média (734) Médio
Estearato de isooctila Média (780) Médio
Miristato de Miristila Média (780) Médio
Dimeticone ou fluido de silicone Média Médio
Dioctilciclohexano Alta (805) Baixo Loções para o corpo.
Caprilato/ Caprato de coco Alta (821) Cremes e loções diurnas
Estearato de isopropila Alta (952) Baixo Loções para pele oleosa
Miristato de isopropila Alta (1045) Baixo Loções para pele normal
Palmitato de isopropila Alta (1061) Baixo a oleosa.
Adipato de dibutila Alta (1014) Baixo Co-emoliente para
Laurato de hexila Alta (1084) Baixo conferir espalhamento.
Éter dicaprílico Alta (1600) Baixo Aditivos para banho
Carbonato dicaprilílico Alta (1600) Baixo
PPG-15 estearil éter Alta Baixo
Ciclometicone Alta Baixo Cremes e loções para mãos.
Dimeticone copoliol

18
O grau de comedogenicidade é outra importante propriedade dos
emolientes, principalmente para aplicação em pele oleosa. Produtos
como PPG-15 estearil éter não são comedogênicos. Miristato e
palmitato de isopropila apresentam maior grau de comedogenicidade.

Na aplicação dos componentes muito oleosos sobre a pele, deve ser


observada a possibilidade de surgirem problemas de espessamento do
extrato germinativo da epiderme , alteração conhecida como acantose. Esse
espessamento pode destruir os complicados processos intercelulares e o
desprendimento das células epidérmicas, resultando em um processo irritativo.

Neste estágio podemos dar continuidade aos modelos de formulação.

Componentes Composição
I II
Fase Oleosa
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol E) 2,0 2,0
Dimeticone - 1,0
Óleo mineral - 3,0
Fase Aquosa A
Água Quantidade para 100%
Fase Final
Ciclometicone 1,0 -
Produtos, nomes comerciais e fornecedores/ distribuidores.

Produto Nome comercial Fornecedor Distribuidor


Vaselina Ipiranga/ Volp Química
Óleo de germem de trigo Cognis
Óleo de Macadâmia Cognis
Óleo de amendoa Óleo de amêndoas Cognis Beraca/
Chemyunion
Óleo mineral branco Óleo mineral EMCA Ipiranga/ Volp Química
Oleato de oleíla Dermol O10 Alzo High Chem
Triglicerídeo do ácido cáprico- Crodamol GTCC Croda Volp Química
caprílico Lexol GT 865 INOLEX Sarfam
Dermol M-5 Alzo High Chem
Myritol 318 Cognis
2-octildodecanol Eutanol G Cognis Cognis
Hexildodecanol Eutanol G16 Cognis
Esqualeno Volp Química
Isonanoato de cetoestearílico Cetiol SN Cognis Pharmaspecial
Dermol 689 Alzo High Chem
Oleato de isodecila Ceraphyl 140 A ISP

19
Produto Nome comercial Fornecedor Distribuidor
Oleato de decila Cetiol V Cognis Pharmaspecial
Ceraphyl 140 ISP
Dermol DO Alzo High Chem
Palmitato de cetila Cutina CP Cognis Cognis
Crodamol CP Croda Volp Química
Uniester PC Chemyunion
Palmitato de octila Ceraphyl 368 ISP
Lexol EHP INOLEX Sarfam
Dermol 816 Alzo High Chem
Estearato de octila Cetiol 868 Cognis
Crodamol OS Croda Volp Química
Lexol EHS INOLEX Sarfam
Miristato de Miristila Crodamol MM Croda Volp Química
Ceraphyl 424 ISP
Dermol MM Alzo High Chem
Uniester MM Chemyunion
Lactato de miristila Ceraphyl 50 ISP
Uniester LM Chemyunion
Crodamol ML Croda Volp Química
Lactato de cetila Ceraphyl 28 ISP
Uniester LC Chemyunion
Crodamol CL Croda Volp Química
Álcool de lanolina acetilado Crodalan LA Croda Volp Química
Álcool de lanolina acetilado e Crodalan AWS Croda Volp Química
etoxilado
Álcool oleílico Ocenol HD 70/ 75 Cognis
Chemyol O95 Chemyunion
Crodacol B10 Croda Volp Química
Lanolina etoxilada 75 EO Solangel 401 Croda Volp Química
Chemylan FEX Chemyunion
Manteiga de Karité Cetiol SB45 Cognis Chemyunion
Miristato de isopropila Cetiol IPM Cognis
Crodamol IPM Croda Volp Química
Lexol IPM-NF INOLEX Sarfam
Palmitato de isopropila Cetiol IPP Cognis
Crodamol IPP Croda Volp Química
Lexol IPP INOLEX Sarfam
Adipato de dibutila Cetiol B Cognis
Carbonato dicaprilílico Cetiol CC Cognis Cognis
Éter dicaprílico Cetiol OE Cognis
PPG-15 estearil éter Alkomol E Oxiteno Quimimax/ Volp Quím.
Arlamol E Uniqema Beraca
PEG 7 Glyceryl cocoate Cetiol HE Cognis Pharmaspecial
Outros distribuidores: Ionquímica, SP Farma, Galena, Makeni, Natural Pharma.

20
II.3.3. Emulsionantes
II.3.3.1: Definição, função e atuação do emulsionante na formação da emulsão

Já foram comentadas as principais propriedades e funções da água


e dos emolientes (fase oleosa) que são os principais componentes
necessários para a formação de uma emulsão cosmética.
Também já foi comentado que quanto menor a tensão interfacial entre 2 líquidos imiscíveis
(água e óleo) maior é a facilidade de emulsioná-los. Quanto maior a tensão interfacial entre
eles, maior é o suprimento de energia mecânica que deve ser fornecida ao sistema. Como a
tensão interfacial entre 2 líquidos puros imiscíveis é sempre maior que zero, a dispersão de
um líquido em outro produz um tremendo aumento na área interfacial, resultando no
correspondente aumento na energia livre interfacial do sistema. A emulsão produzida é
conseqüentemente, termodinamicamente instável, tendendo a separação de fases para
atingir um mínimo de área interfacial. É por esta razão que líquidos imiscíveis, quando
puros, não formam uma emulsão.

Desta forma é necessária a presença de um terceiro componente que possua


afinidade com cada uma das fases e a propriedade de migrar, adsorver e de
acumular na interface para reduzir a tensão interfacial entre as fases e facilitar a
formação da emulsão. Esse componente é chamado de “agente de superfície
ativa, surfactante ou tensoativo”, sendo o responsável pela emulsificação das
fases e por isso nomeado de emulsionante ou agente emulsificante.

Rosen [36], define surfactante ou tensoativo como uma substância que possui
atividade de superfície, ou seja, uma substância que, mesmo presente em pequenas
concentrações no sistema, adsorve na sua superfície e interfaces, e altera
significativamente as suas energias livres superficial e interfacial. O entendimento
desta propriedade é obtido pelo exame da estrutura molecular da substância.

Emulsionantes são, portanto, tensoativos, que, por sua vez, são substâncias que
possuem um grupo polar ligado a uma cadeia carbônica apresentando
características lipófilas e hidrófilas, ou seja, possuem afinidade pela fase oleosa e
aquosa, respectivamente, sendo também conhecido como substâncias anfifílicas,
heteropolares ou anfipáticas (figura II). Como tal, reduzem a tensão interfacial entre
as fases imiscíveis, facilitando a formação da emulsão. Em relação a água, caráter
heteropolar das moléculas de tensoativo (figura VI) é devido a sua estrutura
molecular formada de uma parte polar ou hidrófila e outra parte apolar ou hidrófoba.

Figura VI: Representação gráfica da molécula de surfactante


quando está solubilizada na água.

Parte hidrófoba Parte hidrófila

A parte hidrófila é solúvel em água e é formada geralmente por grupos ácidos ou básicos
(radicais OH dos grupos hidroxilas, aminas, carboxilas, sulfatos, etc). A parte hidrófoba é
insolúvel em água e solúvel em óleos, sendo constituída freqüentemente por cadeias de
hidrocarbonetos alifáticos, lineares ou ramificados e radicais aromáticos - alifáticos.

21
O balanço entre as partes fílica e fóbica da molécula de tensoativo é chamado de HLB e é
um indicativo do seu comportamento de emulsificação, que será tratado mais adiante. No
sistema HLB, os surfactantes são classificados de acordo com a sua hidrofilidade.

A natureza e características da emulsão são grandemente determinadas pela natureza do


emulsionante ou combinação de emulsionantes utilizados pelo formulador. O predomínio
de emulsionantes hidrofílicos favorece a formação da emulsão do tipo O/ A. A fração
lipofílica da molécula de tensoativo se adsorve nas gotículas de óleo, enquanto que a
fração hidrófila ou polar da molécula permanece hidratada pela água. Desta forma as
gotículas de óleo ficam como se estivessem englobadas pelas moléculas de tensoativo que
formam um filme molecular muito empacotado na interface O/ A.

Assim, resultado mais significante do fenômeno físico da atividade de superfície é a


adsorção preferencial de moléculas anfifílicas (tensoativos) nas interfaces. A preparação,
estabilização e uso do sistema de um fluído disperso em outro imiscível (emulsões) é
provavelmente a mais versátil propriedade dos agentes de superfície ativa, ou seja, dos
tensoativos, para aplicações práticas tais como cosméticos, tintas, polidores, desinfetantes,
margarinas, sorvetes, xaropes entre outras. Em cosméticos, cremes e loções formam o
grupo de produtos mais representativos de emulsões. Industrialmente também são
chamados de emulsões as dispersões coloidais e solubilizadas, bem como as dispersões
de sólidos em meios líquidos como as maquiagens e shampoos anticaspa.

II.3.3.2. Classificação dos emulsionantes


Uma classificação comum dos emulsionantes é em função de sua estrutura molecular e
segue a mesma dos tensoativos que considera a natureza dos seus grupos polares [1, 2]:

• aniônicos: quando em solução aquosa sofrem dissociação, onde a parte


hidrófila da molécula é aniônica (grupamento polar possui carga negativa
quando em solução aquosa). Os cátions geralmente são íons inorgânicos
como sódio e cálcio, íon amônio e alcanolaminas. São exemplos: sabões, alquil
sulfatos, alquil éter sulfatos, alquil sulfonatos, sulfossuccinato, etc. Estes
tensoativos são, via de regra, superiores aos demais no que se refere ao poder
de espuma, e na capacidade detergente, sendo também bons emulsionantes.

Os principais grupamentos hidrofílicos aniônicos usados em emulsões cosméticas são:


-
Carboxil ⇒ -COO Na+ ⇒ sabões de ácido esteárico
-
Sulfato orgânico ⇒ -OSO3 Na+ ⇒ lauril sulfato de sódio, cetil sulfato de sódio.
=
Éster de ác. fosfórico ⇒ -OPO3 (Na+)2 ⇒ álcool 2 etil hexnol fosfatado
Os sabões podem ser gerados in situ na emulsão ou adicionados na forma de
bases autoemulsionáveis. Para neutralização in situ são utilizados óleo vegetal
(láurico, palma ou palmiste) ou ácido graxo (ácido esteárico tipo III) que serão
saponificados com hidróxido de sódio, potássio e/ ou trietanolamina. Por serem
mais irritantes para a pele, recomenda-se usar concentrações menores que 0,5%
de ácido graxo com posterior neutralização com trietanolamina (proporção de 2:1).

22
• Catiônicos: quando em solução aquosa sofrem dissociação, onde a parte hidrófila
da molécula é catiônica, ou seja, possui carga positiva ligada a cadeia carbônica. São
exemplos os sais quaternários de amônio (sais de alquil trimetil amônio, os sais de
dialquil dimetil amônio e os sais de alquil dimetil benzil amônio) e imidazolinas. São
amplamente utilizados em condicionadores de cabelo. Em emulsões cosméticas de
cremes e loções para o corpo e rosto podem ser utilizados os polímeros catiônicos.
O grupamento hidrofílico é representado por:

Amina Quaternária = N+ =
• Anfóteros: quando em solução aquosa ionizam-se para produzirem ânions ou cátions,
dependendo do pH. Em meio básico comportam-se como surfactantes aniônicos e em
meio ácido, como catiônicos. São exemplos as betaínas e os amino ácidos. Atuam como
co-tensoativos para bases detergentes, proporcionando efeito de espessamento,
incremento e estabilidade de espuma, condicionamento e de redução da irritabilidade a
pele e aos olhos. São usados em shampoos e sabonetes líquidos. Não são utilizados em
emulsões. O grupamento hidrofílico é representado por:

+ -
− N − CH2COO

• Não iônicos: quando em solução aquosa não sofrem ionização. Sua solubilidade em
água é devida à hidratação dos grupos hidrofílicos, via pontes de hidrogênio. São
exemplos os alquilaril etoxilados (nonoxinol), alcanolamidas de ácido graxo de côco,
ésteres de glicerol, ésteres de glicóis, ésteres de polietilenoglicóis, ésteres do sorbitano,
álcoois graxos etoxilados e aminas etoxiladas. São os tensoativos mais utilizados em
emulsões cosméticas. Os principais grupamentos hidrófilos não-iônicos são:
Éter - O - => álcoois graxos etoxilados
Hidróxi - OH => monoestearato de sorbitan
Éster de ácido carboxílico - COO - => ácido esteárico etoxilado
Carboamida - CON -(CH2CH2OH)2 => dietanolamida de coco

As bases ou ceras autoemulsionantes são compostas por misturas de tensoativos


solúveis em água (alto HLB - balanço hidrofílico-lipofílico) e agentes de consistência
da fase oleosa (espessantes graxos como álcool cetoestearílico e monoestearato de
glicerila) de baixo HLB, incapazes de formar emulsões espontaneamente. Geralmente
essas misturas apresentam 50 a 80% do espessante graxo e 20 a 50% de tensoativo.
O material graxo é chamado de co-tensoativo. A vantagem dessas bases está na
facilidade de preparação do creme, mas como regra geral aceitam até 10% de
emolientes. Acima disso necessitam de emulsionantes adicionais.
As bases autoemulsionantes podem ser aniônicas (lauril sulfato de sódio, cetilsulfato de
sódio, sabão de ácido esteárico), não iônicas (álcool cetoestearílico etoxilado, ácido
esteárico etoxilado com 100 moles de óxido de eteno) ou catiônicas dependendo do tipo de
emulsionante usado. Quanto aos espessantes geralmente são usados álcool
cetoestearílico, monoestearato de glicerila e misturas de ácido palmítico e esteárico
(estearina). O monestearato de glicerila fornece emulsões com toque mais suave que
aquelas com álcool cetoestearílico. No entanto não pode ser utilizado em pH menor que 4 a
5, pois hidrolisa. Os ácidos graxos produzem emulsões com toque seco e absorção rápida e
por isso são utilizados em cremes e loções para corpo. O tipo de espessante influencia
muito a característica de espessamento da emulsão. Geralmente o monoestearato de
glicerila confere menor espessamento que o ácido graxo que por sua vez confere menor

23
espessamento que o álcool cetoestearílico. As bases não iônicas são altamente conferem
estabilidade ao creme altamente dependente da temperatura, pH e meios oxidantes.
Geralmente, emolientes apolares como vaselina, óleo mineral, lanolina, polidimetilsiloxano,
produzem aumento de viscosidade com o tempo de estocagem. Emolientes polares como
álcoois de Guebert, óleos vegetais, derivados de lanolina e silicones copoliois produzem
emulsões mais estáveis quanto à viscosidade na estocagem.

II.3.3.2.1. Principais Tensoativos Utilizados Em Cosméticos


Tabela XI: Emulsionantes primários aniônicos para cremes e loções.
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricante/Fornecedor
Álcool Lauril sulfato Alkopon NS/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/ A
de
Graxo sódio Volp Quimica Loções São mais irritantes que
sulfatado Quimimax tensoativos não iônicos
Cetil estearil Lanete E/ Cognis Cremes Emulsionante primário O/ A
sulfato de sódio Loções São mais irritantes que
tensoativos não iônicos
Sabões Estearato e Geralmente são Cremes Emulsionante primário O/ A
Palmitato de produzidos in situ Loções São mais irritantes que
sódio tensoativos não iônicos
potássio ou Incompatíveis com
catiônicos,
trietanolamina sais de dureza de água
Fornecem emulsões muito
refrescantes e pouco
hidratantes.
Éster Cetil fosfato de Amphisol A/ Roche Cremes Emulsionante primário O/ A
fosfórico de DEA ou de Amphisol K/ Roche Loções São menos irritantes que os
Álcool potássio sabões e alquil sulfatos
graxo Podem espessar e estabilizar
emulsões problemáticas.

24
Tabela XII: Bases auto emulsionantes aniônicas para cremes e loções.
Classe Descrição Química Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Fornecedores
Mistura de Lauril sulfato de Lanette WB/ Cognis Cremes Emulsionante primário O/ A
Álcool sódio e álcool Loções Confere maior irritação que
graxo
sulfatado e cetoestearílico base não iônica
álcool ceto- Creme Agente de consistência
estearílico desodorante Emulsões pouco hidratantes
e de média untuosidade.
Confere refrescância.
Boa tolerância a eletrólitos.
Incompatível com
catiônicos
Cetilestearil sulfato Lanette N Cremes, Emulsionante primário O/ A
de sódio e álcool Cognis Loções para Confere maior irritação que
cetoestearílico corpo base não iônica
Pomadas Agente de consistência.
Cremes com Produzem emulsões de
hidroquinona. maior viscosidade que o
laurilsulfato de sódio.
Emulsões pouco hidratantes
e de média untuosidade
Confere refrescância
Excelente tolerância a
eletrólitos.
Incompatível com
catiônicos
Ésteres de Estearato de Cutina KD16/ Cognis Cremes Emulsionante primário O/ A
glicerila e potássio com Loções para Confere maior irritação que
monoestearato de corpo base não iônica
Sabões Glicerila Agente de consistência
Emulsões pouco hidratantes
e de média untuosidade.
Emulsões refrescantes, com
toque seco e alto
espalhamento.
Boa tolerância a eletrólitos.
Incompatíveis com
catiônicos, pH menor que 4
e sais de dureza de água
Estearato de glicerila Prolipid 131/ ISP Cremes Emulsionante primário O/ A
Ácido esteárico Loções Apresenta efeito de barreira
Álcool berrenílico, de proteção e hidratação
Lecitina long-lasting
Estearato C12-16 Agente de consistência
Ácido palmítico

25
Classe Descrição Química Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Fornecedores
Álcool ceto- Álcool ceto- Crodafos CES/ Croda Cremes Emulsionante primário O/ A
estearílico e estearílico e Loções Suave e estável em ampla
faixa de pH
Fosfato de Fosfato de Relaxante e Emulsiona bem silicone e
alisante capilar filtros Solares
cetoestearila cetoestearila Produtos Fácil enxágüe
étnicos
Protetor solar Efeito de condicionamento
Tabela XIII: Emulsionantes primários não iônicos para cremes e loções.
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricantes/
Fornecedores
Álcool Álcool laurílico Unitol L20, 30, 40/ Óleo de banho Resistência a dureza de água
graxo Oxiteno
etoxilado com 2, 3 ou 4 Dehydol CD2/ Cognis Cremes Emulsionantes primários A/ O
moles de óxido Fongracerin C020/ Loções Co-emulsionantes O/ A
Clariant
de eteno (EO) Brij30/ Uniqema Tinturas de HLB Álcool 2 EO= 6,2
Volp Quimica cabelo
(Nome CTFA= Quimimax Permanentes HLB Álcool 3 EO = 8,1
Laureth-) Beraca. Descolorantes HLB Álcool 4 EO = 9,5
Álcool laurílico Unitol L60, 70, 80, 90, Pouco usados Resistência a dureza de água
com 6 –23 EO L100, L230/ Oxiteno pois apresentam Solubilizantes de essência
Volp Química mais Emulsionantes O/ A
detergência
Quimimax que capacidade HLB Álcool 6 EO = 11,5
emulsionante. HLB Álcool 7 EO = 12,1
HLB Álcool 8 EO = 12,9
HLB Álcool 9 EO = 13,4
HLB Álcool 10 EO = 13,9
HLB Álcool 23 EO = 16,8
Álcool cetílico Unitol C100, 200/ Cremes Emulsionante primário O/ A
Oxiteno Baixa irritabilidade a pele
com 10 e 20 Volpo C10, 20/ Croda Loções HLB álcool 10 EO= 12,9
moles de EO Volp Química HLB álcool 20 EO= 15,7
Álcool ceto- Unitol CE 50/ Condicionador Emulsionante primário A/ O
Estearílico com Oxiteno Cremes Co-emulsionante O/ A; HLB= 10
5 moles de EO Volp Química Loções Auxiliar para aumento de
Quimimax viscosidade

26
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricantes/
Fornecedores
Álcool ceto- Unitol CE 200F/ Condicionador Emulsionante primário O/ A
Oxiteno
Estearílico Eumulgin B2/ Cognis Cremes Auxiliar para aumento de
com 20 moles Volpo CS20/ Croda Loções viscosidade
de EO Emulsionante para óleos
vegetais,
Volp Química minerais, ceras naturais e
sintéticas
(Nome CTFA= Quimimax
Cetheareth 20) Fenil Química HLB= 15,4
Álcool estea- Unitol E200F/ Oxiteno Condicionador Emulsionante primário O/ A
rílico 20EO Volpo S20/ Croda Cremes/ loções Baixa disponibilidade comercial
Fenil Química HLB= 15,3
Álcool- Unitol E20/ Oxiteno Emulsionante primário A/O
Estearílico Volpo S2/ Croda Cremes Co- emulsionante O/ A
com 2 EO Brij 72/ ICI Loções HLB= 4,9
Álcool oleílico Volpo 3 / Croda Óleo de banho Emulsionante para óleo mineral
com 3, 5 Volpo 5/ Croda Dispersor de Emulsionantes primários A/ O
Moles de EO pigmentos para Co-emulsionantes O/ A
Volp Quimica maquilagem HLB Álcool 3 EO= 6,6
Álcool oleílico Unitol O100, O200/ Cremes e loções Resistência a dureza de água
com 10 e 20 Oxiteno para limpeza Emulsionantes primáriosO/ A
Moles de EO Volpo 10 e Volpo 20/ de pele Solubilizante de essências
Croda Sprays para Solubilizante de óleos
Nome CTFA= Volp Quimica cabelo HLB Álcool 10 EO = 12,4
Oleth 10 e 20. Quimimax Perfumes HLB Álcool 23 EO = 15,3
Derivados Lanolina com Solangel 401/ Croda Cremes Emoliente hidrossolúvel
de 75 moles de Volp Quimica Loções Sobreengordurante
lanolina EO Chemyunion Co-emulsionante O/ A
Solubilizante
Base líquida Base Líquida Isocreme/ Produtos de Co- emulsionante para sistemas
de absorção Croda tratamento da O/ A e A/ O
Amercol L101 pele e cabelo Absorve grande quantidade de
Volp Química Maquilagem água.
Ácido Ácido Myrj 45 / Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/ A
Graxo esteárico com 8, Myrj 52F / Oxiteno Loções para Dispersante de pigmentos
etoxilado 40, 100 limpeza de pele. (Myrj52F)
moles de EO Myrj 59 / Oxiteno Efeito de limpeza da pele com
baixa irritação (Myrj 52F)
Volp Química Maquilagem HLB Myrj 45= 11,1
Quimimax HLB Myrj 52F= 16,9

27
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricantes/
Fornecedores
Óleo Óleo de Crovol A40/ Croda Cremes/ Loções Emulsionante primário O/ A
vegetal amêndoa com Crovol A 70/ Croda Óleos de banho Emoliente
etoxilado 20 e 60 EO Volp Química Depilatórios Ação de concicionamento.
Shampoos Solubilizante
Óleo Óleo de Dehymuls HRE 7/ Cremes Emulsionantes primários A/ O
vegetal Mamona Cognis Loções Co-emulsionantes O/ A
etoxilado hidrogenado
com 7 EO
Óleo de Ultroil RH400/Oxiteno Óleo de banho Solubilizante de essências
Mamona Cremophor RH40/Basf Cremes Solubilizante de vitaminas A e E
hidrogenado Volp Quimica Loções Solubilizante para ceramidas
com 40 moles Quimimax Shampoos Emulsionantes primários O/ A
de EO Suave para a pele
Ésteres de Monolaurato de Span 20 R/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário A/ O
Volp Química Co - emulsionante O/ A
Sorbitan Sorbitan Quimimax Loções HLB= 8,6
Monoestearato Span 60 F/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário A/ O
de Sorbitan Volp Quimica Loções Co - emulsionante O/ A
Quimimax HLB= 4,7
Monooleato Span 80/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário A/ O
de Sorbitan Volp Quimica Loções Co - emulsionante O/ A
Quimimax Protetor solar Dispersor de dióxido de titânio
HLB= 4,3
Ésteres de Monolaurato de Tween 20/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/ A
Sorbitan Sorbitan com Tween 327/ Oxiteno Loções Solubilizante de essência e óleos
Etoxilados 20 e 80 EO Volp Quimica Óleos de banho Baixa irritabilidade a pele e olhos
Quimimax Produtos de HLB Tween 20= 16,7
tratamemento HLB Tween 327= 17,8
Monoestearato Tween 60/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/ A
de Sorbitan Volp Quimica Loções Solubilizante de essência e óleos
com Fenil Química
20 EO Quimimax HLB= 14,9
Monooleato Tween 80/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/ A
de Sorbitan Volp Quimica Loções Solubilizante de essência e óleos
com 20 EO Quimimax HLB= 15,0
Ésteres de Monoestearato Alkest E62M/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário A/ O
poliglicois de etilenoglicol Cithrol EGMS/ Croda Loções Co-emulsionante O/ A
Volp Química Bases de Opacificante
Quimimax maquilagem
Diestearato Alkest E62/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário A/ O
de etilenoglicol Cutina AGS/ Cognis Loções Co-emulsionante O/ A
Volp Química Bases de Opacificante
Quimimax maquilagem

28
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricantes/
Fornecedores
Ésteres de Monoestearato Alkest EGC Cremes Emulsionante primário A/ O
de glicerila 40F/Oxiteno
Cithrol GMS/ Croda
glicerila Cutina MD/ Cognis Loções Co-emulsionantes O/ A
Volp Química Agente de consistência
Polyglyceril-2 Dehymuls PGPH/ Cremes Excelente compatibilidade com
Dipolyhydroxy Cognis Loções a pele
stearate Pharmaspecial Emulsionante primário A/O
Lauril Eumulgin VL75/ Cognis Cremes Emulsionante primário O/ A
Glucosídeo
Dipoli-hidroxi Loções Usado em processo a frio de
emulsões.
estearato de
glicerila e
glicerina
Ésteres de Sesquiestearato Glucate SS/ Amerchol Cremes Emulsionante primário A/ O

metil de metil glicose Ionquímica Loções Co - emulsionante O/ A


glicose
HLB= 6,6
Dioleato de Glucate DO/ Amerchol Cremes Emulsionante primário A/ O
metil
glicose Ionquímica Loções Co - emulsionante O/ A
HLB= 4,4
Sesquiestearato Glucamate SSE-20/ Cremes Emulsionante primário O/ A
de metil glicose Amerchol
com 20 EO Ionquímica Loções HLB= 15,0
Diestearato de GlucamE-20/ Amerchol Cremes Emulsionante primário O/ A
metil glicose Ionquímica Loções HLB= 12,5
com 20 EO
Esterois Colesterol Colesterol USP Cremes Emulsionante primário A/ O
animais Volp Química Loções Mantém efeito oclusivo na pele
e hidrata
Ésteres de Trifosfatos de Hostaphat/ Clariant Cremes Emulsionante primário A/ O
ácido álcoois graxos Loções Emulsionante para óleo de
fosfórico etoxilados parafina e ésteres oleosos
Empregado em processos a frio
Derivados Dimeticone Silsoft/ Witco Cremes Dispersor de pigmentos
de copoliol DC 193/ Dow Corning Loções Proporciona uniformidade na cor
silicones
Ionquímica Maquilagem Excelente espalhamento
Protetor solar Sensorial suave e aveludado
Ciclometicone Silsoft ME-5 – Witco Gel creme para Emulsionante para óleo mineral
e dimeticone DC 3225 e DC 5200 – pele normal a Emulsões a frio.
copoliol Dow Corning oleosa

29
Tabela XIV: Bases auto emulsionantes não iônicas para cremes e loções.
Classe Descrição Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Química Fabricante/Fornecedor
Mistura de Álcool cetoestearílico, Polawax/ Croda Cremes Emulsionante primário O/A
álcool ceto- Álcool cetoestearílico Ultrawax CRF/ Oxiteno Loções Agente de consistência
estearílico e etoxilado 20EO, Volp Química Condicionador
emulsionantes Monoestearato de Quimimax Creme
não iônicos sorbitan e desodorante
Monoestearato de
sorbitan etoxilado
Mistura de Monoestearato de Emulgade SE/ Cognis Cremes Emulsionante primário O/A
Ésteres de glicerila e álcool ceto- Loções Agente de consistência
glicerila e estearílico com 20 Creme
Álcool graxo e 12 EO e álcool ceto- desodorante
estearílico
etoxilado e palmitato Protetor solar
de cetila Bálsamo pós
barba
Mistura de Estearato de Arlacel 165F/ Oxiteno Cremes Emulsionante primário O/A
Ésteres de glicerila, ácido Lexemul 561/ Inolex Loções Agente de consistência
glicerila e esteárico 100 EO Arlatone 983/ ICI Creme Baixo grau de irritação a pele
Ácido graxo Volp Química desodorante Indicado para emulsionar
etoxilado Quimimax Protetor solar óleo mineral, parafina e ceras
Sarfam
Mistura de Cetearil poliglucose e Emulgade PL68/ 50/ Cremes Emulsionante primário O/A
álcool graxo e álcool cetoestearílico Cognis Loções Baixo grau de irritação a pele
alquilpoli- Pode formar cristais líquidos
glucosídeo
Confere melhor estabilidade à
emulsão na presença de
emolientes polares ou de média
polaridade.

Tabela XV: Emulsionantes poliméricos para cremes e loções.


Classe Descrição Química Nomes comerciais/ Aplicação Propriedades
Química Fabricantes/
Fornecedores
Copolímeros Copolímeros Pemulen TR1 Cremes Emulsionante primário O/ A
de acrilatos de acrilatos e Pemulen TR2 Loções Agente de consistência
alquil acrilatos Volp Química Condicionador Indicado para emulsões
C10/ C30 Creme resistentes a água
desodorante Efeito de hidratação da pele
Gel colônia Pemulen TR1 espessa melhor
Pemulen TR2 emulsiona melhor
Apresentam caracter aniônico
Copolímero PEG30 Arlacel P135 Cremes Emulsionante primário A/ O
dipolihidroxi- Uniquema
de PEG estearato Beraca Loções Apresenta caracter não iônico
Indicado para emulsão
múltipla
Suporta grande quantidade de
fase interna na emulsão A/ O

30
Neste estágio podemos dar continuidade aos modelos de formulação.

Componentes Composição
I II
Fase Oleosa
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol E) 2,0 2,0
Dimeticone - 1,0
Óleo mineral - 3,0
Álcool cetoestearílico com 20 EO - 2,6
Base autoemulsionante não iônica (éster/ 3,0
ácido graxo etoxilado) Arlacel 165F ou
Cosmowax FT
Fase Aquosa A
Água Quantidade para 100%
Fase Final
Ciclometicone 1,0 -

II.3.3.3.Efeito dos tensoativos sobre as propriedades da solução: adsorção

A atividade de superfície dos surfactantes é devida à adsorção, concentração e orientação


de suas moléculas nas interfaces e à aglomeração e orientação destas no interior da
solução, formando as micelas. A magnitude destes efeitos depende do balanço de
solubilidade entre as partes fílica e fóbica das suas moléculas ou íons, trazendo como
conseqüência as propriedades funcionais em solução aquosa, tais como: redução de
tensão superficial, emulsionante, dispersante, umectante, espumante, solubilizante, etc,
que proporcionam a aplicação dos surfactantes em formulações detergentes, têxteis,
agroquímicas, cosméticas, farmacêuticas, de tintas e vernizes, petróleo, etc.
Segundo Lange et al [27], a comprovação de que os surfactantes adsorvem-se nas
interfaces está no fato que para concentrações práticas de uso na lavagem em
solução aquosa, existe a quantidade de aproximadamente 20.000 moléculas de água
ou mais para 1 molécula de surfactante. Em tal extrema diluição, a eficiência do
surfactante somente poderá existir, caso haja acumulação deste nas interfaces.

II.3.3.3.1.. Tensão Superficial, interfacial e concentração micelar crítica ( cmc )

Considerando a água como o líquido, a adição de um surfactante provoca


profundas modificações na superfície. Com a dissolução de uma molécula
de surfactante em água, seu grupo hidrofóbico altera a estrutura da água de
tal forma que contribui para o aumento da energia livre do sistema.
Como resultado, as moléculas de surfactante migram para a superfície da água com grande
velocidade, acumulam-se e orientam-se nesta, com a parte hidrófoba voltada para o ar, e
reduzem a tensão superficial da solução, pois a atração mútua entre as moléculas de
surfactante é menor que a da água. O grupo hidrofílico das moléculas de surfactante,
entretanto, as mantém em contato com o líquido e previnem a separação de fases. Quando é
atingida a concentração limite de moléculas de surfactante na superfície tem-se a formação de
agregados moleculares, de dimensões coloidais, no interior da solução, chamados de micelas.
A concentração do início de formação das micelas é definida como a concentração micelar
crítica (cmc), determinada pelo ponto de inflexão na curva de abaixamento da

31
tensão superficial em função da concentração da solução. Qualquer quantidade
de surfactante adicionada acima da cmc será utilizada na formação de micelas.

Figura VII: Curva de abaixamento da tensão superficial e formação de micelas.

Como a quantidade de surfactante molecularmente disperso não


aumenta significativamente após a cmc, aquelas propriedades
interfaciais que dependem deste parâmetro, atingem seu valor
extremo e não mudam significativamente acima da cmc (figura VIII).

Figura VIII: Mudanças nas propriedades de uma solução aquosa de


dodecil sulfato de sódio nas proximidades da cmc (d= densidade; L=
condutividade elétrica; γA/W= tensão superficial; π= pressão osmótica;
Λ= equivalente de condutividade elétrica, γO/W= tensão interfacial).

e
d
a
d
ei
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p
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d
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C
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p
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n
U

32
As micelas em solução aquosa assumem diferentes formas geométricas, como esferas,
discos, cilindros e fases mesomórficas complexas do tipo líquido-cristalinas lamelares e
tubulares, dependendo da natureza dos grupos hidrofóbico e hidrofílico da molécula de
surfactante, da concentração, da presença e quantidade de eletrólitos, solventes e co-
surfactantes e da temperatura. Estas formas micelares causam um impacto direto sobre as
propriedades físicas dos surfactantes, como a viscosidade, o ponto de turvação e a
solubilização. A presença de surfactante reduz a energia livre superficial ou interfacial de
sistemas nos quais as superfícies ou interfaces são grandemente expandidas e pode
reduzir a quantidade do trabalho necessário, por exemplo, para umectação de tecidos,
emulsificação de óleos e sujeiras oleosas em água, formação de espuma e dispersão de
sólidos, facilitando o processo.

II.3.3.3.2. Solubilidade dos tensoativos não iônicos: ponto de névoa

A etoxilação fornece um caráter não iônico a molécula. Em emulsões, os tensoativos


não iônicos mais utilizados são os álcoois graxos etoxilados, especialmente o álcool
cetoestearílico ou o álcool estearílico com 2 e com 20 moles de óxido de eteno entre
outros. Uma importante propriedade dos álcoois graxos etoxilados é sua capacidade
de solubilizar-se em substâncias polares ou apolares dependendo da quantidade de
moles de óxido de eteno presente em sua molécula. O caráter hidrofílico ou a
solubilidade em água aumenta paralelamente ao aumento do número de unidades de
óxido de eteno na molécula e a solubilidade em óleo simultaneamente diminui.
Soluções aquosas de tensoativos não iônicos etoxilados possuem a capacidade
de tornarem-se turvas quando aquecidas. A temperatura que, para uma dada
concentração da solução aquosa, o início da separação de fases é visto na forma
de turbidez, é chamada de ponto de névoa e, convencionalmente refere-se a uma
solução 1%. O ponto de névoa diminui com o aumento da cadeia hidrófoba e
aumenta com o acréscimo do número de unidades de óxido de eteno na molécula até
um limite. Esta propriedade está intimamente relacionada a estabilidade das
emulsões pois quando os tensoativos não iônicos turvam eles tendem a migrar para
a fase oleosa, pois não estão mais solúveis na água e conseqüentemente ocorre a
separação de fases da emulsão. Esta propriedade é também importante para
selecionar o processo de fabricação da emulsão como será visto mais adiante.

II.3.3.3.3. Solubilidade dos tensoativos iônicos: ponto de turvação


Soluções aquosas de tensoativos iônicos podem turvar em função da redução da
temperatura, aumento da sua concentração na solução e aumento na concentração de
eletrólitos e alcalinizantes, o que está relacionado a redução na solubilidade do tensoativo
até a separação de fases. Na realidade ocorre uma redução da hidratação dos grupos
hidrofílicos do tensoativo, reduzindo a sua solubilidade em água. Como exemplo, lauril
sulfato de sódio possui maior ponto de turvação em solução aquosa, e conseqüentemente,
menor solubilidade, que lauril éter sulfato de sódio. Isto porque lauril éter sulfato de sódio
possui 2 moléculas de óxido de eteno, responsáveis pela maior hidratação da molécula,
maior solubilidade em água e menor ponto de turvação. Esta propriedade está diretamente
relacionada a estabilidade da formulação de emulsões e shampoos.

33
II.3.3.3.4. Relação entre propriedades físico-químicas e aplicação dos tensoativos.

Como já foi dito, a atividade de superfície dos surfactantes é devida à adsorção, concentração e
orientação de suas moléculas nas interfaces e à aglomeração e orientação destas no interior da
solução, formando as micelas. A magnitude destes efeitos depende do balanço de solubilidade
entre as partes fílica e fóbica das suas moléculas ou íons, trazendo como conseqüência as
propriedades funcionais em solução aquosa, tais como: redução de tensão superficial e
interfacial, emulsionante, dispersante, umectante, espumante, antiespumante, solubilizante, etc.
São estas propriedades que proporcionam a aplicação dos surfactantes em formulações
detergentes, têxteis, agroquímicas, cosméticas, farmacêuticas, de tintas e vernizes,
processamento e tratamento de papéis, metais, petróleo, etc.

Visando formulações cosméticas, a seleção dos surfactantes está relacionada


principalmente às suas propriedades ( i ) emulsionantes e dispersantes de sujeira e óleos;
(ii) redução da tensão superficial da solução e das tensões interfaciais; ( iii )
auxiliar na umectação do cabelo e pele, (iv) poder espumante. Tais propriedades
dependem da estrutura molecular do surfactante e do seu comportamento em
solução aquosa, aniônico, não iônico, catiônico ou anfótero. Outros fatores
influenciam na escolha do surfactante pelo formulador, como:
• Tolerância do surfactante à dureza da água;
• Compatibilidade do surfactante com outros componentes da formulação;
• Processabilidade, estabilidade e viscosidade da formulação;
• Toxicidade ao meio ambiente e biodegradabilidade;
• Iritabilidade para a pele;
• Efeitos de mercado, como hábitos do consumidor, disponibilidade
de matérias-primas, custo e diferentes modelos de formulações.
Neste cenário, é difícil o início do desenvolvimento de uma formulação detergente,
onde o formulador acaba procurando subjetivamente o conjunto de propriedades
mais próximo dos atributos-alvo. A avaliação de performance das formulações,
normalmente, é realizada por métodos subjetivos, tais como os painéis de
consumidores. Essa prática é a mais comum, mas requer um tempo longo de análise
e as conclusões dependem da sensibilidade e experiência dos avaliadores.

Na fase inicial do desenvolvimento de produtos cosméticos, o formulador pode


buscar orientação nas propriedades físico-químicas dos surfactantes e da própria
formulação, tais como a detergência, a molhabilidade, o abaixamento da tensão
superficial e a concentração micelar crítica e o poder espumante. Fatores como
estrutura, concentração e solubilidade dos surfactantes, presença de eletrólitos e
temperatura, influenciam na determinação das propriedades físico-químicas.

II.3.3.4. Os emulsionantes e os fatores determinantes na estabilidade das emulsões

O termo estabilidade, quando aplicado a emulsões, usualmente refere-se a resistência da


emulsões quanto a coalescência de suas gotas dispersas. Coalescência: refere-se a junção
de duas ou mais gotas para formar uma única gota de volume maior, mas de menor área
interfacial. Floculação e creaming representam um estado em que as gotas se tocam, mas
não se combinam para formar uma única gota. Desta forma o fator mais importante para a
instabilidade da emulsão é a coalescência que leva a quebra da emulsão, embora
visualmente o creaming não é desejado.

34
Qualquer discussão sobre estabilidade das emulsões deve ser abordada não somente sobre o
mecanismo da estabilização, mas também sobre o tempo de estabilidade e as condições de
preparo da emulsão. Os fatores mais mencionados relacionados a coalescência são:
• Natureza física do filme interfacial;
• A existência de barreiras elétricas e estéricas contra a coalescência das gotas;
• Formação de cristais líquidos no filme interfacial;
• A viscosidade da fase contínua;
• A distribuição do tamanho das gotas;
• Razão de volume entre as fases;
• Temperatura.

II.3.3.4.1. Natureza física do filme interfacial


As gotas de líquido dispersado da emulsão estão em constante movimento, sofrendo
colisões. Desta forma, é muito importante a formação de um filme interfacial de
moléculas de tensoativo densamente empacotado adsorvido ao redor das gotas da
emulsão, com propriedades de fortes forças intermoleculares entre elas e a solução
aquosa e alta elasticidade do filme, visando maior estabilidade mecânica da emulsão.

Para melhor empacotamento das moléculas de tensoativo, é importante utilizar


misturas de pelo menos dois emulsionantes: um solúvel na fase oleosa, com
grupos hidrofóbicos longos, de preferência de cadeia carbônica reta e outro
solúvel na fase aquosa, com grupos hidrofílicos não tão fortemente polar.

Os filmes de tensoativos na interface A/ O de macroemulsões são considerados


extremamente rígidos devido às fortes forças intermoleculares e a orientação das
moléculas na interface. As moléculas no filme da emulsão A/ O estão dispostas com
a parte hidrófoba do emulsionante voltada para a fase contínua (óleo), não havendo
nenhuma barreira elétrica para estabilização da emulsão. É, então, somente a força
mecânica do filme interfacial que previne a coalescência das gotas da emulsão A/ O.

II.3.3.4.2. A existência de barreiras elétricas e estéricas contra a


coalescência das gotas
A presença de cargas elétricas nos filmes interfaciais ao redor das gotas da emulsão
constitui uma barreira a aproximação dessas gotas, fator este muito importante para
as emulsões O/ A. A fonte de carga elétrica é geralmente a camada de tensoativo
adsorvida sobre as gotas com seu grupo hidrofílico iônico orientado em direção a
fase aquosa. A carga negativa ou positiva criada ao redor das gotas de óleo retarda a
coalescência das gotas da mesma forma que tensoativos aniônicos em detergentes
mantêm a sujeira em suspensão pela formação da dupla camada elétrica, que atua
contra a força de atração entre os glóbulos emulsionados.

Emulsões processadas com tensoativos não iônicos, principalmente aquelas com grandes
grupos hidrofílicos, como os etoxilados, a estabilização contra a coalescência, ocorre
através da formação de barreiras estéricas dos grupos hidrofílicos etoxilados dispersos na
fase aquosa e hidratados via pontes de hidrogênio pela água, impedindo as partículas de
colidirem umas com as outras. O aumento da temperatura quebra as pontes de hidrogênio e
desidrata o tensoativo, favorecendo a aproximação das gotas da emulsão e conduzindo a

35
separação de fases. Nas emulsões A/ O, os longos grupos hidrofóbicos dispersos
na fase oleosa, constituem uma barreira estérica a coalescência das gotas.

II.3.3.4.3. A formação de cristais líquidos no filme interfacial [1, 2, 7, 10 ].

Paralelamente aos estados sólido, líquido e gasoso, existem outros estados menos
conhecidos da matéria. Vidros, polímeros e cristais líquidos possuem estrutura entre
líquidos isotrópicos (limitada ordenação e alta mobilidade das moléculas) e cristais
ordenados. Os cristais líquidos fluem como líquidos isotrópicos, mas suas
propriedades mecânicas e óticas são anisotrópicas como nos cristais.

A classificação dos cristais líquidos é baseada no método de sua formação ou


destruição. Cristais líquidos cristalinos termotrópicos são fases pelas quais passam
líquidos orgânicos puros dentro de determinada faixa de temperatura. Cristais líquidos
cristalinos liotrópicos são sistemas binários ou de multicomponentes de substâncias
orgânicas dispersadas num solvente, cuja formação depende da concentração, sendo
formados principalmente por moléculas anfifílicas como os tensoativos, fosfolipídeos ou
glicerídeos. Em cosméticos os cristais liotrópicos são os mais comuns. Uma das
vantagens do uso deste tipo de estrutura é a proteção de materiais lipofílicos da
degradação térmica e fotodegradação, também ocorre um transporte mais lento para o
estrato córneo dos componentes que estão envoltos na fase líquida cristalina.

Muitas soluções de tensoativo/ água podem apresentar duas fases líquidas cristalinas. Em
médias concentrações, é formada uma fase intermediária viscosa com formato hexagonal
que consiste de um arranjo de micelas com forma de cilindros de modo a obter uma fase
hexagonal. Em mais altas concentrações se forma a fase lamelar. É consideravelmente
menos viscosa que a hexagonal e consiste de duplas camadas de moléculas tensoativos
arranjadas paralelas umas as outras, onde a água é empacotada entre as camadas. A dupla
camada de tensoativos se comporta como um cristal. A água presente entre as camadas é
responsável pela menor viscosidade e fluidez.
A formação de cristais líquidos de fase lamelar pode estabilizar a emulsão, visto que
podem ser estruturas constituídas de água, micelas de tensoativos e monômeros de
moléculas de tensoativos ou outras anfifílicas como ácidos e álcoois graxos. São
unidades estruturais grandes extremamente organizadas, rígidas, com pouca
flutuação na composição, termodinamicamente estáveis e com propriedades físicas
de líquidos (fluidez, mobilidade) e de sólidos (ordenação das moléculas, anisotropia
ótica e birefringência), sendo denominadas de mesofases ou fases mesomórficas.

A estabilidade contra a coalescência de gotas da emulsão é determinada pela natureza do


filme líquido separando as gotas. Quando ondulações produzem um afinamento local do
filme, principalmente formação de micelas esféricas, há ruptura e, então, coalescência das
gotas. A formação de fase líquida cristalina planar reforça a estrutura do filme e evita o
afinamento local. Os filmes interfaciais constituídos de cristais líquidos nas emulsões O/ A
comportam-se como uma região (terceira fase) de mais alta viscosidade, rígida que resiste a
coalescência das gotas e atuam como uma barreira estérica impedindo a aproximação das
partículas por forças de Van der Waals. Alguns compostos orgânicos utilizados em
emulsões favorecem a formação de cristais líquidos tais como álcoois graxos de cadeia
carbônica longa (cetoestearílico), alquilpoliglicosídeos, PPG-15 estearil éter. Na emulsão O/
A estas estruturas são imaginadas como pequenos pedaços ou glóbulos dispersos na fase
aquosa, que auxiliam na hidratação da pele liberando água lentamente, pois a água
intermolecular está menos disponível à evaporação.
36
Em investigações in vivo, foi observado que fases líquido cristalinas podem incrementar até
três vezes o tempo que a pele pode reter umidade, comparando com emulsões que não
possuem tais fases. Cristais líquidos também podem auxiliar na liberação controlada de
princípios ativos dissolvidos na fase oleosa da emulsão. As fases lamelares líquido
cristalinas reduzem o transporte interfacial dos ativos dissolvidos dentro das gotículas.

II.3.3.4.4. A viscosidade da fase contínua


Um aumento de viscosidade da fase contínua reduz a difusão das gotas
emulsionadas. Como a difusão das gotas é reduzida, a freqüência de colisão e a
coalescência das gotas também são reduzidas, aumentando a estabilidade da
emulsão. A viscosidade da fase contínua ou externa da emulsão pode ser aumentada
pela incorporação de agentes espessantes da fase aquosa e por estruturas lamelares
líquido cristalinas. Alguns fatores afetam a viscosidade da emulsão tais como:
• Ocorrência de floculação ou agregação das gotas emulsionadas;
• Tamanho e distribuição das partículas da fase interna. Quanto
menor o tamanho da partícula, maior a viscosidade;
• Composição química, polaridade e concentração dos emolientes,
emulsionantes e fase contínua;
• Solubilidade do emulsionante nas fases interna e externa da emulsão;
• pH das fases líquidas;
• Natureza dos filmes de tensoativos ao redor das gotas de óleo e
das forças de atração e de repulsão;
• Concentração de eletrólitos.

II.3.3.4.5. Distribuição no tamanho das gotas da emulsão.


Quanto menor a faixa de distribuição de tamanho das partículas, maior a estabilidade da
emulsão. Partículas grandes possuem menor área interfacial por unidade de volume. Em
macroemulsões são termodinamicamente mais estáveis do que gotas menores, tendem a
crescer as custas das gotas menores e se este processo continua, ocorre a quebra da
emulsão. Assim, uma emulsão com distribuição mais uniforme no tamanho das gotas é
mais estável. A lei que relaciona o tamanho das partículas da fase interna e da viscosidade
da fase contínua (externa) é chamada lei de Stokes, cuja equação é mostrada abaixo.

2
V= 2r (d2-d1)g

onde: V= velocidade de sedimentação
das gotículas r = raio da gotícula
d1= densidade da fase dispersa ( interna )
d2= densidade da fase contínua ( externa )
g= aceleração da gravidade
µ= viscosidade da fase contínua.

II.3.3.4.6. Razão entre os volumes das fases

Conforme o volume da fase dispersa aumenta, o filme interfacial se expande,


reduzindo a estabilidade do sistema. Também, quando o número de gotas da fase
dispersa, reduz a distância entre as partículas, aumentando a coalescência.

37
II.3.3.4.7. Temperatura

A mudança de temperatura causa alterações na tensão interfacial entre as fases,


na natureza e viscosidade do filme interfacial, na solubilidade relativa dos
emulsionantes em cada fase, na pressão de vapor e viscosidade das fases
líquidas e na agitação térmica das gotas dispersadas. Mudanças na temperatura
afeta a estabilidade da emulsão, podendo provocar inversão ou quebra.

II.3.3.5. Os emulsionantes e a inversão da emulsão.

As emulsões podem ser mudadas de O/ A para A/ O e vice versa


através da variação nas condições da emulsificação, tais como:
• Ordem de adição das fases e razão de volume entre as fases;
• Natureza do emulsionante: emulsionantes solúveis em óleo produzem
emulsões A/ O, enquanto que emulsões O/ A produzem emulsões O/ A;
• Com o aumento da temperatura, emulsões O/ A estabilizadas com
tensoativos não iônicos podem transformar-se em A/O devido a redução
da solubilidade do tensoativo etoxilado e por outro lado emulsões
estabilizadas com tensoativo aniônico pode inverter sob resfriamento;
• Conteúdo de eletrólito e outros aditivos: a adição de eletrólitos fortes em emulsões O/ A
estabilizadas com tensoativos iônicos pode provocar a inversão de fase para A/ O.

II.3.3.6. A seleção dos tensoativos como agentes emulsionantes

Três regras básicas formam a base para muitos métodos de seleção dos
emulsionantes e reduzem o trabalho. Todos os métodos visam a obtenção
da emulsão com maior facilidade e mais estável a um custo final satisfatório.
• Emulsionantes solúveis em óleo, formam emulsões A/ O;
• Mistura de emulsionantes solúvel em óleo e outro em água
produzem emulsões mais estáveis;
• Natureza da fase oleosa: quanto mais polar é a fase oleosa, mais hidrofílico deve ser o
emulsionante e quanto mais apolar é o óleo, mais lipofílico deve ser o emulsionante.

II.3.3.6.1. O método do HLB do emulsionante.

O método de HLB representa a primeira tentativa de se organizar e normatizar a


escolha do sistema emulsionante, como uma alternativa ao sistema de tentativa e
erro. É baseado na solubilidade parcial do tensoativo na fase oleosa e aquosa, em
função de sua estrutura anfifílica, representada pela presença de grupos apolares
e polares na molécula. O sistema foi desenvolvido por Griffin em 1947 e recebeu o
nome de Balanço Hidrofílico-Lipofílico ou Equilíbrio Lipófilo- Hidrófilo (HLB).
Griffin [1] atribuiu um número para cada tensoativo, variando de 0 a 40, sendo que os
maiores valores representam produtos mais hidrofílicos e foram calculados a partir (1) da
estrutura molecular do surfactante, (2) dos dados experimentais de emulsificação e mais
tarde, após inúmeros estudos por outros autores, a partir (3) da solubilidade em água
através da determinação de ponto de névoa, (4) da determinação de concentração micelar
crítica do surfactante, etc. Esses números foram tabelados e estão disponíveis na literatura,
sendo também possível calcular o HLB para alguns tipos de tensoativos via regras práticas.

38
• Regra pela dispersão em água:
Tabela XVI: Dispersão em água de compostos anfifílicos
Comportamento em água Faixa de HLB
Insolúvel, não dispersível em água 1- 4
Dispersão pobre 3- 6
Dispersão leitosa depois de vigorosa agitação 6- 8
Dispersão leitosa estável 8 - 10
Dispersão translúcida a clara 10 - 13
Solução clara > 13
• Regra para aplicação nos tipos de emulsões

Tabela XVII: Atividade esperada dos tensoativos versus HLB


Atividade esperada Faixa de HLB
Emulsioantes A/ O 4- 6
Agentes umectantes 7- 9
Emulsionantes O/ A 8 - 18
Detergentes 13 - 15
Solubilizantes 15 - 18

• Regra para tensoativos não iônicos etoxilados


HLB= E/ 5, onde: E= % em peso da cadeia de óxido de eteno na molécula.
Exemplo: Álcool laurílico com 20 moles de óxido de eteno
Peso molecular médio= 1066; Peso molecular do óxido de eteno=
44 Peso molecular da cadeia de óxido de eteno= 20 x 44=880
% em peso da cadeia de óxido de eteno=
880/ 1066= 83% HLB= 83/ 5= 16,6

• Regra para tensoativos derivados de ésteres graxos


HLB= 20 ( 1 - S/ A ), onde:
S= índice de saponificação e A= índice de acidez.
Exemplo: Monoestearato de glicerila
S= 161 e A= 198
HLB= 20 (1- 161/ 198 )= 3,8

• Regra segundo a somatória dos grupos hidrofílicos e


hidrofóbicos ( tabela 10 ) para produtos iônicos.
HLB= 7 + Σ grupos hidrofóbicos - Σ grupos hidrofóbicos
Exemplo: Lauril sulfato de sódio: CH 3(CH2)10CH2OSO3Na
HLB= 7+ 38,7- 12x0,475= 40

39
Tabela XVIII: Números de grupos químicos
Grupo hidrofílico Número do grupo
SO3Na 38,7
-COOK 21,1
-COONa 19,1
N ( amina terciária ) 9,4
Ester (Anel de sorbitan) 6,8
Ester livre 2,4
-COOH 2,1
OH 1,9
-O- 1,3
OH ( anel de sorbitan ) 0,5
- ( CH2-CH2-O)- 0,33
Grupo Lipofílico Número do grupo
CH 0,475
CH2 0,475
CH3 0,475
=CH- 0,475
-(CH(CH3)-CH2-O)- 0,15

Tabela XIX: HLB dos Emulsionantes não iônicos


Nome comercial Descrição Química HLB calculado
Unitol CE200/ Emulgin K68B Álcool cetoestearílico com 20 EO 15,4
Unitol E20 Álcool estearílico com 2 EO 4,9
Unitol E200 Álcool estearílico com 20 EO 15,3
Unitol L230 Álcool laurílico com 23 EO 16,9
Span 20 Monolaurato de sorbitan 8,8
Span 60 Monoestearato de sorbitan 4,7
Span 80 Monooleato de sorbitan 4,3
Tween 20 Monolaurato de sorbitan com 20 EO 16,7
Tween 60 Monoestearato de sorbitan com 20 EO 14,9
Tween 80 Monooleato de sorbitan com 20 EO 15,0

II.3.3.6.2. O método do HLB requerido [1].


Além do HLB do emulsionante é necessário conhecer o HLB do emoliente ou fase
oleosa (tabela 11) de forma a compatibilizar ambos e garantir uma emulsão mais
estável. Quando não se conhece o HLB requerido da fase oleosa, este pode ser
determinado através de teste experimental, que consiste em fazer várias emulsões de
diferentes HLB, empregando uma mistura de emulsionantes de HLB conhecido. O
valor de HLB em que foi obtida a melhor emulsão, será considerado o HLB requerido
do óleo. Na prática, é comum utilizar uma mistura de emolientes. Para as
combinações, o HLB requerido será uma média ponderada dos HLB dos emolientes.

HLB requerido para emulsionar a fase oleosa= Σ (fração do


emoliente na fase oleosa x HLB requerido do emoliente).

40
Tabela XX: HLB dos emolientes para emulsões O/ A e A/ O
Componente HLB requerido
O/ A A/ O
Manteiga de cacau 6
Ácido isoesteárico 6-7
PPG-15 estearil éter (álcool estearílico 15 PO) 7
Petrolato 7-8
Octildecanol 8
Cera de abelha 9 4
Óleo de jojoba 9
Dimeticone 9
Adipato de diisopropila 9
Parafina 10 4
Ciclometicone (DC245) e silicone copoliol (DC193) 10 - 11
Óleo de amêndoas 10
Óleo mineral parafínico 9 - 11 4-5
Óleo mineral naftênico (aromático) 11 - 12 6
Vaselina líquida 11
Estearato de butila 11
Miristato de isopropila 11 - 12
Palmitato de isopropila 11 - 12
Parafina branqueada 12 - 14
Lanolina anidra 12 8
Monoestearato de glicerila 13 3,8
Lanolato de isopropila 14
Óleo de abacate 14
Álcool cetílico e estearílico e cetoestearílico 15 - 16 1,3
Ácido esteárico 15
Ácido láurico 16

Da mesma forma o HLB do sistema de emulsionante a ser utilizado para emulsionar uma
fase oleosa (mistura de emolientes) é calculado como a média ponderada de quantidade de
emulsionante multiplicada pelo HLB de cada um. Desta forma, o HLB da mistura da fase
oleosa pode ser compatibilizado com o do sistema de emulsionante.

Como exemplo, caso seja desejado emulsionar parafina de HLB requerido=


10 será necessário uma mistura de emulsionantes cujo HLB seja de 9 a 11.
Além disso, deve ser observada as regras de compatibilidade química e
quantidade de emulsionante para se obter uma emulsão estável.

II.3.3.6.3. Quantidade de emulsionante e estabilização da emulsão


Da prática do processamento de emulsões foi estabelecido que a quantidade de
emulsionante a ser utilizada representa 20 a 25% em peso da fase oleosa. Se o produto
resultante tiver boa estabilidade, a quantidade de emulsionante pode ser reduzida.

Com uma dose insuficiente de emulsionante, pode ocorrer quebra da emulsão e separação
de fases. Com uma dosagem excessiva, ocorre um excesso de micelas que favorece a
absorção cutânea de veículos ativos, alem de reduzir a viscosidade da emulsão.

Em resumo:
1 - Escolhe-se os componentes da fase oleosa de HLB requerido conhecidos
2 - HLB requerido de fase oleosa = Σ (proposição do óleo na fase x HLB requerido)

41
3 - [ Emulsionante 1 ]+[ Emulsionante 2 ]= 1 => [ Emulsionante 2 ] =
1- [ Emulsionante 1 ]
4 - ([Emulsionante 1 ] x HLB 1) + ([ Emulsionante 2 ] x HLB 2) =
HLB requerido da fase oleosa
5- ([Emulsionante 1] x HLB 1) + (1- [Emulsionante 1] ) x HLB2=
HLB requerido da fase oleosa
5 - [ Emulsionante 1 ] = HLB requerido da fase oleosa -
HLB 2 HLB 1 - HLB 2
6 - [ Emulsionante 2 ] = 1 - [ Emulsionante 1]

O exemplo abaixo compatibiliza o HLB dos emulsionantes com o da fase oleosa e


a quantidade de emulsionante requeridos para obtenção de emulsão estável.

Exemplo: emulsão de 20% da mistura de parafina ( HLB= 10 ) e óleo


mineral ( HLB= 13 ) na proporção de 20/ 80 em água.
• o HLB requerido do emulsionante: ( 10 x 0,20 + 13 x 0,80 )= 12,4
• emulsionantes selecionados: álcool laurílico com 23 EO ( HLB=
16,9 ) e álcool cetílico com 2 EO ( HLB= 5,3 ).
• HLB do sistema emulsionante para estar próximo a
12,4==>HLB=0,60x16,9 + 0,40 x 5,3= 12,2.
• Quantidade de emulsionante= 20% da fase oleosa= 4%.
• Quantidade do álcool laurílico 23 EO ( AE23 ) a ser utilizado= 0,60 x 4= 2,4%
• Quantidade do álcool cetílico 2 EO ( AE2 ) a ser utilizado= 0,40 x 4= 1,6%

Uma forma de calcular a quantidade de cada emulsionante é


montar o equilíbrio das 2 equações:
[AE23] + [AE2]= 1

[AE23] x HLB + [AE2] x HLB= 12,4

[AE23] x HLBAE23 + ( 1 - [AE23] ) x HLBAE2= 12,4

[AE23] x HLBAE23 + HLBAE2 - [AE23] x HLBAE2= 12,4

[AE23]= 12,4 - HLBAE2 = 0,61


HLBAE23 - HLBAE2

Na preparação, a fase oleosa e os emulsionantes são aquecidos a


70 - 75ºC. A fase aquosa também é aquecida separadamente na
mesma temperatura e adicionada lentamente sobre a fase oleosa.

II.3.3.6.4. Compatibilidade química e estabilização da emulsão.


O tensoativo deve apresentar compatibilidade química com outros componentes da
formulação. Uma formulação pode empregar agentes aniônicos misturados a não iônicos e
anfóteros, mas não com tensoativos ou sais catiônicos. O pH final do sistema também deve
ser considerado. Agentes emulsionantes tendo uma ligação tipo éster não devem ser
usados em meios fortemente ácidos ou alcalinos, devido a hidrólise.

42
Com relação ao tipo de emulsionante compatível com a fase oleosa é melhor
utilizar a regra “semelhante atrai semelhante”. Por exemplo, se a fase apresenta
constituintes com cadeia carbônica com insaturações ou ramificações, a escolha
de emulsionantes baseados em oleatos ou iso esteres pode ser apropriada.

II.3.4. Umectantes
A maior parte da água contida na pele está na derme. As glicosaminoglicanas (GAG) e as
proteínas constituintes da matriz extracelular são as principais responsáveis pela
hidratação da derme. A pele humana contém 80% de água que se reduz com a idade. Está
distribuída na proporção de 80% na derme e 10 a 15% no extrato córneo, cuja água não está
livre e a sua concentração varia conforme diversos fatores externos e internos tais como
temperatura, exposição solar, vento uso de detergentes, banhos prolongados, contato com
determinadas fibras sintéticas, uso de medicamentos, etc.
A quantidade e qualidade do fator de hidratação natural (NMF) e do sebo cutâneo presentes
na pele interferem no grau de hidratação. O sebo cutâneo faz parte de um filme protetor
composto de 50 a 60% de triglicerídeos, 25% de ceras, 12% de esqualeno, 2% de ésteres de
colesterol e 10% de ácidos graxos livres, que juntamente com a queratina constituem o
regulador hídrico cutâneo. O NMF é uma emulsão A/O composta por suor e sebo cutâneo
com função de regular a hidratação superficial do estrato córneo. A composição básica do
NMF é 7% de uréia, 12% de PCA, 18% de íons (cloreto, potássio e sódio), 12% de ácido
lático e seus sais, 9 a 13% de aminoácido serina, 3 a 6% de alanina, 5 a 7% de citrulina e 1 a
4% de treonina, 13 a 22% são da soma de outros aminoácidos como asparagina, histidina,
glicina, leucina, lisina, fenilanina, tirosina, valina, ácido glutâmico e ácido urocânico.

As alterações da pele que a tornam desidratada apresentam características relatadas


como sensação de desconforto, estiramento, perda de sedosidade, brilho e maciez,
presença ou aumento de rugas, descamação, perda de elasticidade e sensibilidade.
As Alterações dermatológicas percebidas são: alteração do micro relevo cutâneo,
biomecânicas e na função de barreira, hiperqueratose e aumento da sensibilidade.

Os umectantes são substâncias higroscópicas e como tais, tem a propriedade de reter água.
Possuem como funções:
• Diminuem a perda de água dos produtos acabados e impedem a
ruptura e formação de crostas superficiais na emulsão;
• Facilitam a distribuição e ação lubrificante dos cremes sobre a epiderme;
• Em alguns cremes os umectantes atuam melhorando a aderência dos pós na epiderme;
• Retém a umidade junto a pele, prevenindo o seu ressecamento.

As características de um umectante ideal para uso em emulsões


cosméticas se resumem em:
• Elevada higroscopicidade: alta capacidade de reter água;
• Devem possuir um pequeno intervalo de umectação: para uma determinada mudança de
umidade relativa no ambiente, a variação no conteúdo de umidade deve ser mínima;
• Compatibilidade com outros componentes e facilidade de incorporação na
formulação, apresentando baixa viscosidade, baixo ponto de congelamento
e não interferir drasticamente nas características físicas da formulação;
• Baixa volatilidade;
• Baixa toxicidade.

43
Substâncias fortemente higroscópicas retêm a umidade em atmosferas úmidas, mas cedem
essa água facilmente em atmosferas com baixo teor de umidade. Um bom umectante deve
equilibrar a umidade do substrato com o meio, de modo que a troca seja a menor possível.
O sorbitol é menos higroscópico que a glicerina, mas perde menos água que a glicerina quando
passa de uma atmosfera úmida para outra seca. A velocidade de perda de água dos cremes não
depende somente dos umectantes, mas também dos emulsionantes. Em cremes emulsionados
com sabões de ácido esteárico (emulsões aniônicas), que são os maiores causadores de
crostas e perda de água, o sorbitol retarda essa perda, ao passo que a glicerina e o
propilenoglicol devem ser empregados em maior proporção para obtenção do mesmo efeito
(quantidades a partir de 10%). Nos cremes emulsionados com emulsionantes não iônicos, esta
diferença é menos pronunciada e quaisquer umectantes são efetivos, mesmo que em baixas
concentrações (2 a 5%) em qualquer nível de umidade relativa do ar. Os cremes com
emulsionantes não iônicos se mantêm plásticos e homogêneos, pois não ocorrem fenômenos
de cristalização, devido a maior retenção de água.

Tabela XXI: Classificação dos umectantes.


Classes de Produtos Características/ Aplicação
umectantes Descrição Química Nome comercial/
Fornecedores
Glicerina Volp Química Muito higroscópico
SP Farma/ Galena Possui caráter untuoso.
Sarfam/ Beraca
Glicois Propilenoglicol, Dow Química Menos higroscópico, retém mais umidade,
Dipropilenoglicol Volp Química demora mais para secar
Possui caráter untuoso
Poliglicois Polietilenoglicol de PM Atpeg/ Oxiteno Melhor em creme p/ pele oleosa
200 a 600 Quimimax Não Irritantes a pele.
Polipropilenoglicol Dow Química
Sacarídeos e Metilglicose Volp Química Pouco volátil e higroscópico
polisacarídeos Sorbitol
Uréia Volp Química Excelente umectante

Evitar pH acima de 7 e uso de formol


Derivados de Lactato de sódio Excelente umectante. Faz parte do NMF.
ácidos Instável quanto a cor.
carboxílicos Lactato de cetila Crodamol CL/ Croda Ésteres de alfa hidroxi ácidos.
Lactato de Miristila Crodamol ML/ Croda Boa capacidade de umectação.
Melhor com veículos hidroalcoólicos
Citrato de sódio Fermenta, Volp Auxilia na umectação
PCA de sódio ( sal sódico Nalidone/ UCIB/ Solabiá Maior poder hidratante que sorbitol - 6 vezes
do ácido 2-pirrolidona-5- maior (Dose 1,5 a 2%)
carboxílico) Retém 50% mais água que a glicerina.
Acetamida MEA Incromectant AMEA 75/ Não pegajoso, excelente umectante, confere

maciez à pele.
Croda/ Volp Química
Acetamida MEA e Incromectant LAMEA Possuem efeito superior ao da glicerina, para
manter a retenção
Lactamida MEA Croda/ Volp Química de umidade.
Menos pegajoso que a glicerina.
Mistura de ceramidas 2 e Cerasome Alto poder de hidratação e reestruturação do
3, colesterol, ácidos graxos SP Farma extrato córneo.
livres palmítico e oléico e É de origem vegetal.
lecitina hidrogenada.

44
Classes de Produtos Características/ Aplicação
umectantes Descrição Química Nome comercial/
Fornecedores
Aminoácidos Aminoácidos de Crotein HKP SF/ Constituintes do NMF da pele.
animais colágeno, elastina e Croda Baixo peso molecular.
e vegetais Queratina. Caráter anfotérico.
Aminoácidos de trigo Dragoderm/ Dragoco Hidratantes, função de proteção
Hydrotriticum WAA/ Conferem maciez à pele
Croda, Volp Química São capazes de reter umidade.
Aminiácidos de seda Crosilk Liquid/ Croda Hidratação e condicionamento.
Volp Química Toque sedoso a pele e cabelos.
Complexo de Crosilk Complex/
aminoácido da seda e Croda
polipeptídeos Volp Química.
Complexos de Ácido Hialurônico Solabiá É uma glicosaminoglicana.
aminoácidos LIB/ Brasquim Impede a perda de água
transepidermal
Confere toque suave e macio à pele
Mistura de aminoácidos, Hidroviton/ Dragoco Componente do NMF ( fator
lactato de sódio, uréia, Volp Química natural de hidratação).
alantoina, álcool Hidratante e umectante com toque
polivante sedoso.
Lipoaminoácido Dipalmitoil Lipacide DPHD Tonificante cutâneo, hidratante
hidroxiprolina
Palmitoil proteina de Lipacide PVB Estimulante, reestruturante,
trigo hidrolisada umectante, bioregulador
Proteínas Colágeno Marinho Poseidogeno/ Alban Hidrolisado de proteínas marinhas
Muller/ rico em colágeno.
Pharmaspecial Recomendado uso de 5 a 10%.
Hidrolisadas Crodamarin S/ Croda Hidratante e regenerador.
Copolímero de proteína Hydrotriticum PVP/ Hidratante, Umectante com
de trigo e polivinil Croda/ substantividade a pele e aos cabelos
pirrolidona (PVP) Volp Química Dosagem recomendada: 1 a 5%.
Hidrolisados de Aveia Cromoist O25 Retém mais de 50% de umidade
que
Croda colágeno.
Volp Química Confere maciez e sedosidade a pele.
Dosagem recomendada: 1 a 5%.
Hidrolisado do leite Hydrolactin 2500/ Boa capacidade de retenção de
Croda/ Volp Química umidade, comparável ao colágeno
de PM médio.
Extratos Aloe Vera Extrapon/ Dragoco Os extratos glicólicos contribuem
Vegetais Malva Volp Química com a umectação da pele.

45
Neste estágio podemos dar continuidade aos modelos de formulação.

Componentes Composição
I II
Fase Oleosa
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol E) 2,0 2,0
Dimeticone - 1,0
Óleo mineral - 3,0
Álcool cetoestearílico com 20 EO - 2,6
Base autoemulsionante não iônica (éster/ 3,0
ácido graxo etoxilado) Arlacel 165F ou
Cosmowax FT
Fase Aquosa A
Água Quantidade para 100%
Propilenoglicol 1,0 2,0
Fase Aquosa B
Ácido hialurônico (1% de ativo) 8,0 -
Uréia - 10
Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 -
Água 25,0 11
Fase Aquosa C
Água 7 -
Fase final
Ciclometicone 1,0 -

46
II.3.5. Espessantes/ Estabilizantes/ Agentes de Consistência
O espessamento da emulsão pode ser obtido pelos próprios constituintes da fase oleosa,
principalmente pelos emolientes e alguns co-emulsionantes de baixo HLB. São os
chamados espessantes graxos ou agentes doadores de consistência (tabela XXII).

Tabela XXII: Classificação dos espessantes graxos.


Espessante Produto Característica do grupo
Álcoois Graxos Álcool cetílico São os mais efetivos, mas tem
desvantagens:
Álcool cetoestearílico (30/ (1) alto aumento da viscosidade com o
70, 50/ 50) envelhecimento da emulsão;
Álcool estearílico (2) fornecem emulsões mais transparentes;
Álcool berrênico (3) quando usados em alta concentração
mostram aspecto ceroso e falta de brilho;
Ésteres de ácidos e Miristato de miristila São os mais utilizados após os álcoois
álcoois graxos graxos. Possuem grande capacidade de
espessamento e estabilização da emulsão.
Palmitato de cetila Substituem o espermacete de baleia, com a
finalidade de proporcionar corpo e
opacidade na emulsão, principalmente o
Estearato de cetila palmitato de cetila.
Ésteres de Monoestearato de glicerila São bons para combinação com álcoois
poliglicois e poliois Monoestearato de graxos na formulação para evitar perda de
etilenoglicol e de viscosidade.
dietilenoglicol
Diestearato de etilenoglicol
Monoestearato de sorbitan O tipo de ácido graxo ou glicol utilizado,
Sesquiestearato de metil influencia o comportamento espessante.
glicose
Monoestearato de sacarose
Diestearato de sacarose
Ceras minerais Parafinas São usadas em emulsões com alta
Ceresinas capacidade de absorção de óleo.
Ceras microcristalinas
Óleos, gorduras, Óleo de soja, rícino Os melhores são aqueles que possuem
Cera natural/ Manteiga de cacau e de ponto de fusão 20ºC acima da temperatura
modificada shorea ambiente.
Cera de abelha, candelila Necessitam de emulsionantes com altos
Cera de carnaúba valores de HLB ( 16 a 20 ).

Outra forma de estabilizar a emulsão, principalmente a O/ A, é espessar a fase aquosa com


hidrocolóides que formam uma estrutura coloidal que impede a mobilidade e coalescência
dos glóbulos da emulsão, e também adsorvem na superfície das partículas da fase
dispersa, formando um filme interfacial que age por barreiras de repulsão elétrica e por
impedimento estérico, evitando a aproximação dos glóbulos e a separação de fases.

47
Na prática, os espessantes da fase aquosa (tabela XXIII) são auxiliares muito importantes
dos emulsionantes e reologia das emulsões. São substâncias macromoleculares, que para
serem incorporadas na emulsão ou promover o espessamento devem ser submetidas a
intensa agitação ou hidratação, alterações de pH.

Tabela XXIII: Classificação dos agentes espessantes/ estabilizantes da fase aquosa.


Espessante Produto Característica do grupo
Polímeros Carboximetilcelulose O espessamento pode ser
derivados de (aniônica) acelerado pelo calor ou pH alcalino.
celulose Hidroxietilcelulose (não Os não iônicos são mais compatíveis com
iônicos) outros componentes. Toleram pH ácido.
Hidroxipropilcelulose Podem sofrer hidrólise enzimática e
Hidroxipropil metil celulose requerem o uso de conservantes.
Conferem pegajosidade na pele.
Gomas naturais Goma guar, tragacanto, Apresentam excelente estabilidade frente a
ácidos, eletrólitos fortes, variações na
arábica
temperatura e resistência a hidrólise
Goma xantana (aniônica) enzimática. Apresentam pegajosidade na
Esteroglucanos pele em concentrações acima de 1%.
(Dispersam em água)
Polímeros Naturais Amido modificado de batata Estável em pH de 3,5 a 9. Pode ser usado
(Structure Solanece – National com AHA, ácido kojico, hidroquinona.
Starch) Toque de condicionamento (sedosidade)
Não requer altas quantidades de
tensoativos. É anfotérico.
Reduz o tamanho de partículas
das emulsões aniônicas.
Não necessita de neutralização.
Boa tolerância a eletrólitos
(fosfato ascórbico de Mg ou
ésteres do ácido ascórbico).
Deve ser misturado com parte da água
fria da emulsão e adicionado sobre o
restante da água aquecida à 80 °C.
Ajustar o pH da emulsão abaixo de 60°C.
Polissacarídeos Alginatos
(aniônico), agar-
agar Produzem géis transparentes.
São aniônicos.
Polímeros Carboxivinílico ou carbômero
Devem ser neutralizados para conferir
carboxivinílicos espessamento (NaOH, TEA, AMP-95).
A viscosidade é reduzida na presença
de eletrólitos, pH > 10 e radiação UV.
Usar seqüestrante e fotoprotetor.
Carbopol – BFGoldrish
Synthalen K – 3V Inc. Altas concentrações conferem
pegajosidade à pele.

48
Espessante Produto Característica do grupo
Polímeros Acrílicos Polimetacrilato de Gel viscoso com alto grau de
poliglicerila e propilenoglicol transparência. Possui toque untuoso e
(Lubragel CG). propriedades umectantes.
Poliacrilamida (e) isoparafina Forma gel a 2% em água em pH 6 a 8, mas

C13-14 (e) álcool laurílico 7 possui boa estabilidade em pH 4 a 9.


EO (Sepigel 305). Pode ser usado como opacificante em gel
creme.
Copolímeros do ácido acrílico São aniônicos, mas não requerem
dispersos 50% em óleo neutralização.
mineral e PPG-1 trideceth-6 São líquidos e estáveis em pH 5,5 a 12.
(Salcare SC91) e em óleo de São usados em emulsões a frio.
soja (Salcare AST) – Ciba. Recomendações de uso: 2 a 4%.
São estáveis na presença de luz UV.
Steareth-10 alkylether acrylate São aniônicos. Devem ser neutralizados
copolymer (Salcare SC80) com TEA para conferir espessamento.
Copolímero de acrilato Produzem géis transparentes.
(Salcare SC 81). São líquidos a 30% de ativo em água,
conservados com 0,3% de phenonip.
São estáveis na presença de eletrólitos, até
2% de NaOH e até 3% de ácido glicólico.
Reduzem viscosidade na presença de luz
UV.
Copolímero de acrilato de É uma dispersão de aparência leitosa, com
sódio e triglicerídeo cáprico/ teor de sólidos de 26% dispersos na fase
caprílico (Luvigel EM - Basf) oleosa do triglicerídeo cáprico/ caprílico.
É aniônico, mas já neutralizado.
Deve ser adicionado na fase oleosa da
emulsão.
Recomendação de uso: 1% para cremes.
Tensoativos PEG 120 metilglicose É líquido. Pode ser usado a frio. Diminui a
etoxilados trioleato, propilenoglicol e irritação de outros componentes.
água (Glucamate LT).
Espessantes Silicato de alumínio e São dotados de grande capacidade de
Inorgânicos magnésio (Veegun, Gel absorção de água, o que determina o poder
White, Magnabrite) espessante.
Silicato de alumínio
(Bentonita)
Esteralcônio (Bentone) - Absorvem tanto óleo como água. Primeiro
são dispersados em óleo e depois em
álcool.

49
Neste estágio podemos dar continuidade aos modelos de formulação.

Componentes Composição
I II
Fase Oleosa
Álcool cetoestearilico 30/ 70 1,5 7,0
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol E) 2,0 2,0
Dimeticone - 1,0
Óleo mineral - 3,0
Álcool cetoestearílico com 20 EO - 2,6
Base autoemulsionante não iônica (éster/ 3,0 -
ácido graxo etoxilado) Arlacel 165F ou
Cosmowax FT
Fase Aquosa A
Água Quantidade para 100%
Propilenoglicol 1,0 2,0
Carbomer 940 ( Carbopol 940) 0,2 -
Fase Aquosa B
Ácido hialurônico (1% de ativo) 8,0 -
Goma xantana 0,2 -
Uréia - 10
Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 -
Água 25,0 11
Fase Aquosa C
Trietanolamina 0,2 -
Água 7 -
Fase Final
Ciclometicone 1,0 -

50
II.3.6. Aditivos de tratamento/ promocionais: englobam os ativos biológicos,
animais, vegetais e biotecnológicos.

Tabela XXIV: Classes de aditivos de tratamento/ promocionais.


Princípios Ativos Produto Característica do grupo
Animais Colágeno Melhor o colágeno hidrolisado que apresenta maior
penetração na pele, melhorando a sua hidratação e
elasticidade. Melhor pH da emulsão é < 6 e
temperatura de incorporação máx. de 30ºC.
Elastina, pepitídeos de timo.
Placentas bovina e humana São hidratantes.
Glicosaminoglicanas (ácido hialurônico,
sulfato de condroitina).
Ceramidas
Vegetais Extratos e frações purificadas de vegetais São responsáveis por uma série de atividades sobre
terrestres e marinhos. a pele: protetora, calmante, regeneradora,
Associações de aminoácidos e extratos Anti-inflamatória, redutora de oleosidade.
vegetais
Derivados de proteínas vegetais
Biotecnológicos Ácido hialurônico bio
Lipossomas baseados em lecitina
Colágeno de origem marinha
Ativos encapsulados Lipossomas Constituídos de fosfolipídeos, com função
e vetorizados de transportar ativos hidro e lipossolúveis.
Formam filme lipídico natural sobre a pele,
reduzindo a perda de água transepidermal e
reforçando a função barreira.
Melhor pH: 6 -6,5 (evita hidrólise).
Vitaminas Vitamina A acetato ou palmitato Reguladora da queratinização. Melhora
a textura (elasticidade) da pele.
Insolúvel em água e solúvel em óleos.
Pró vitamina B5 ( D-Pantenol ) Umectante, promove alívio das
irritações e vermelhidões da pele.
Melhora a queratinização da pele.
É higroscópico, viscoso e pode
solidificar na estocagem prolongada.
É solúvel em água, propilenoglicol e insolúvel em
óleos. Não pode ser aquecido acima
de 70°C. Estável em pH de 4 a 8.
Vitamina B6 di e tripalmitato Regula a secreção sebácea excessiva.
Vitamina C palmitato Antioxidante, bloqueadores de nitrosaminas.
Vitamina E acetato Líquido viscoso solúvel em óleos e insolúvel
em água. É umectante. Protege a pele contra
danos causados por luz UV, retarda o
envelhecimento cutâneo. Usado ente 1,5 a 5%
e temperatura de incorporação é 30 - 35ºC.
Phytantriol Facilitador de penetração e umectante. É
potencializador do efeito do D-pantenol,
vitamina A e vitamina E acetato.
É insolúvel em água e solúvel em óleos
mineral e vegetal.
Estável em temperaturas até
Ascorbil fosfato de sódio 80°C. Pó solúvel em água.
Protege a célula devido a desativação dos radicais
livres. Melhora a formação de colágeno.

51
II.3.7. Estabilizantes da formulação.
II.3.7.1. Conservantes

Protegem a formulação da contaminação por microrganismos. São


regulamentados por legislação (Portaria 79/ 00).

Tabela XXV: Conservantes mais utilizados em produtos cosméticos.


Conservante Nome Comercial Concentração Espectro de ação Características
máxima (%)
0,1% máximo em
Formaldeído Formol a 37% produtos infantis
Efetivos contra Agente nitrosante. Não ser usado
bactérias gram- na presença de dietanolamidas. É
e em contato positivas e com inativado por proteína ou
com menor eficiência compostos com grupos amino
mucosas(boca, contra bactérias livres. É volátil pode causar
dentes, olhos), gram-negativas. ardência nos olhos quando usado
0,2% para os Ativos contra em cremes. Proibido o uso em
demais.
bolores e leveduras aerossóis. Permitido até 5% em
(típico 0,08 a
endurecedor de unhas.
0,1%).
Parabenos (para- Nipagin 0,4 de cada Efetivos contra São inativados por tensoativos
hidroxibenzoato (metilparabeno), bactérias gram- não iônicos (Polisorbatos) ou
(típico 0,1% de
de metila, propila Nipazol Nipagin e 0,05%
positivas e com catiônicos e lecitina. Deve ser
ou butila do (propilparabeno)/ menor eficiência adicionado em propilenoglicol ou
de Nipazol).
ácido) Brasfanta contra bactérias dipropilenoglicol ou a solução
Máximo de 0,8%
gram-negativas. aquosa deve ser aquecida.Seu
no total de Ativos contra efeito é potencializado por EDTA
parabenos.
bolores e leveduras (principalmente contra
Pseudomonas), imidazolidinil uréia,
Bronopol, quaternium 15, DMDM
hidantoína, sorbitol, propilenoglicol
(2 a 5%). Atua entre pH 4 a 8.

Solúvel em água : até 2,6g


Fenoxietanol 2-fenoxietanol ou 1,0 Mais efetivo contra
/ 100 mL.
etanol 2-fenoxi gram-negativos e Recomenda-se associa-lo com
(Típico 0,1 a menor atividade
1,0%) conservantes contra gram-positivos
contra gram-
(parabenos, 1,2dibromo-
positivos. 2,4 dicianobutano.
Compatível com proteínas (ex.
colágeno).
Solúvel em propilenoglicol. Não
Mistura de Phenova 0,8 Fungos e bactérias
irritante a pele, olhos, mucosas.
fenoxietanol e gram-positivas e
Atua em ampla faixa de pH.
Phenonip/ Croda e (Típica 0,25 a
parabenos negativas.
Volp. 0,8% Compatível com tensoativos.

Miscível com água, álcool e


Mistura de 5- Kathon CG/ Bactérias, fungos e
glicol. Deve ser adicionado
cloro-2metil-4- leveduras
Rohm and Haas. 0,00075% de após correção de pH para 6,5.
isotiazolina-3-
ativo (0,05% de É inativado por dietanolamina livre
ona e 2-metil-4-
isotizolina-3-ona Kathon) para e sulfito.
com sais de cremes, Atua em pH entre 2 e 9.
loções, leave- Compatível com tensoativos e
magnésio 3:1. proteínas.
on e infantis.

52
Conservante Nome Comercial Concentração Espectro de ação Características
máxima (%)
1,2 dibromo- 2,4 Merquad 1200/ 0,5 Bactérias gram Solúvel em água (0,4% a 20°C).
dicianobutano e Calgon e Galena (típico 0,07 a positivas e Atua em pH inferior a 8,0 e
2-fenoxietanol negativas,fungos e temperatura inferior a 50°C.
0,15%)
(Metil dibromo leveduras. Compatível com
glutaronitrila) tensoativos.Incompatível com
tensoativos nitrogenados em
pH alcalino. Evitar presença
de ferro e pigmentos a base de
óxido de ferro.
Coeficiente de partição médio:
é mais solúvel em óleos. Não
usar em bronzeadores.
É levemente tóxico
2- bromo- Myacide BT/ Croda 0,1 Bactérias gram Solúvel em água.
2nitropropano- Bronopol Boots BP/ (típico: 0,01 a positivas e gram
Libera formaldeído. Agente
1,3 diol negativas. Menor
Boots Co. 0,02%). nitrosante na presença de amidas e
(Bronopol) atividade contra
aminas secundárias (adicionar
fungos. Usado em
vitamina C). É inativado por
pH levemente ácido
compostos contendo ligações S-S.
(<6). Instável em pH
A associação com parabenos
alcalino.
melhora sua ação antifúngica.

5-bromo-5 nitro- Bronidox Bactérias e fungos. Solúvel em água. Agente nitrosante


L/ Cognis 0,1 de ativo. ( adicionar vitamina C). É
1,3 dioxano inativado por proteínas.
dissolvido a 10% Estável em pH 5 a 8.
em Libera formaldeído acima
propilenoglicol de 40°C. Usar somente em
produtos para enxaguar.
Bactérias gram
Solúvel em água.
Apresenta sinergia em combinação
Imidazolinidil Germal 115/ ISP 0,6 negativas e
uréia (típico de 0,1 a com parabenos.
positivas.
Atua em pH 3 a 9.
0,5%) Compatível com tensoativos,
proteínas, inclusive colágeno e
extratos vegetais. Baixa
toxicidade. Não
sensibilizante.
Amplo espectro,
Solúvel em água.
Atua em pH 3 a 9. Compatível
Diazolidinil uréia Germal II/ ISP 0,5 especialmente
com tensoativos e demais
contra bactérias
componentes. Baixa toxicidade.
gram negativas,
bolores e
leveduras. Pó branco, higroscópico.
Age contra fungos,
Solúvel em água.
Diazolidinil Germal II Plus/ ISP 0,5 Faixa de pH: 3 a 8.
bactérias (gram-
Uréia (98%) com Típico 0,05 % a Compatível com aniônicos,
negativo e gram-
3-iodo-2- catiônicos e proteínas.
0,2 % positivo) e
propinil-butil Seguro para produtos
leveduras
carbamato – 2% sem enxágüe.
(IPBC) Temperatura máxima de
incorporação: 50ºC

53
Conservante Nome Comercial Concentração Espectro de ação Características
máxima (%)
Diazolidinil Germaben II/ ISP 0,5 Amplo espectro,
Mistura líquida.
Solúvel em água.
uréia, especialmente
Atua em pH 3 a 9.
p-hidroxi contra bactérias
Compatível com tensoativos,
gram negativas,
benzoato de proteínas, colágeno e extratos
bolores e
metila e de vegetais.
leveduras.
propila e Baixa toxicidade.
propilenoglicol Adicionar em temperatura inferior
Diazolidinil uréia Germal II-E e 1,0 a50ºC
Mistura líquida.
Amplo espectro,
Solúvel em água.
(20%), Germaben II-E/ ISP Típico: 0,25 a especialmente Atua em pH 3 a 9.
contra bactérias
Metil (10%)e 0,5 gram negativas,
Compatível com tensoativos,
propil (10%) proteínas, colágeno e extratos
fungos e leveduras.
parabenos e vegetais.
propilenoglicol Baixa toxicidade.
(60%) Adicionar em temperatura
1,3-Dimetilol – Glydant/ Lonza 0,5 inferior a 50ºC
Solúvel em água, etanol,
Efetivo contra propilenoglicol.
5,5 Dimetil –
bactérias gram
hidantoína Típico: 0,1 a Liberador de formaldeido.
positivas, Faixa de pH ótima: 6 a 8.
0,4% negativas, fungos e
(DMDM Usar na temperatura até 50°C.
leveduras.
100% biodegradável.
hidantoina) Pode ser usado em
associação com parabenos.
Compatível com
tensoativos e proteínas.
Não é inativado na
presença de proteínas.
Pó branco não iônico.
Efetivo contra Solúvel em água.
Combinação de Glydant Plus/ Lonza 0,1 bactérias gram
Compatível com
DMDM positivas, tensoativos e proteínas.
Típico: 0,03 a negativas, fungos e
Hidantoína e Usar na temperatura até 55ºC.
0,1 % leveduras.
Iodopropinil Estável em pH 6 a 8. Excelente
Butil Carbamato solubilidade em água
Bactérias
Quaternium 15 Dowcil 200/ Dow 0,02 a 0,3%
(particulamente
Compatível com tensoativos
aniônicos (apesar de ser
contra
Química catiônico) e proteínas.
Pseudomona).e Faixa de pH: 4 a 10.
fungos. Pode ser aquecido.
Solúvel em óleo e etanol.
Bactérias gram
Atua em pH 4 a 8.
positivas do suor
3,7,11-Trimetil- Farnesol/ Dragoco e 0,6 Não é permitido em produtos
2,6,10- Volp Química infantis e que entrem em
Dodecatrion-1-ol contaro com mucosas.
Cloreto de Dodigen 26/ 0,3 Solúvel em água e
Bactérias gram solventes polares.
positivas e Atua em pH 6 a 9.
Clariant negativas. Incompatível
benzalcônio com
(cloreto de alquil tensoativos aniônicos e
dimetil benzil compatível com os demais.
amônio e cloreto Proibido em produtos de
de alquil dimetil higiene oral.
etilbenzil amônio)

54
Conservante Nome Comercial Concentração Espectro de ação Características
máxima (%)
Cloreto de aril Dodigen 1383/ 0,2 Bactérias gram Solúvel em água e
solventes polares.
trimetil amônio Clariant positivas e Atua em pH 2 a 10.
negativas.
Incompatível com
tensoativos aniônicos e
compatível com os demais.
Proibido para higiene oral.
Solúvel em água e
Cloreto de alquil Genamin C1650/ 0,2 Bactéiras gram solventes polares.
trimetil amônio Clariant positivas e Atua em pH 2 a 10.
negativas Incompatível com
tensoativos aniônicos e
compatível com os demais.
Levemente solúvel em água e
2,4,4-tricloro-2’- Irgasan DP 300/ 0,5 Bactérias gram solúvel em solventes orgânicos.
hidroxi-fenil-éter Ciba positivas e Atua em ampla faixa de pH.
(Triclosan) negativas, fungos e Soluções não são estáveis na
leveduras. presença de cloro, produtos
oxidantes e luz UV intensa.

II.3.6.3. Antioxidantes
São importantes quando a emulsão contém compostos orânicos insaturados,
principalmente derivados vegetais. São divididos em clássicos (aqueles que se
reduzem para evitar a oxidação do componente orgânico, como, por exemplo, o
metabissulfito de sódio) e não clássicos (componentes que captam os radicais livres
provenientes da oxidação, sendo que os mais usados são o BHT e vitamina E).

II.3.6.4. Seqüestrante.
São efetivos para complexar íons metálicos provenientes da água e das matérias primas.
São potencializadores da ação dos antioxidantes e conservantes. O mais utilizado é o
EDTA dissódico.

II.3.6.5. Opacificantes

Os mais usados são os opacificantes adicionados na fase oleosa


tais como o monoetearato e o diestearato de etilenoglicol.
Em gel creme pode ser utilizado ciclometicone ou dimeticone para opacificar o gel.

II.3.6.6. Filtros solares

Protegem a formulação da radiação UV: evita descoloração, oxidação de


essências e óleos, redução de viscosidade dos polímeros acrílicos. Os t ipos
mais usados são: •Benzofenona 3 (lipossolúvel): Não necessita ser neutralizada.
•Benzofenona 4 (hidrossolúvel): Necessita ser neutralizada até pH=
6,5 com NaOH. É mais usado em emulsões O/ A e em géis.

Neste estágio podemos finalizar os modelos de formulação, adicionando os aditivos


de tratamento e os estabilizantes de formulação (conservante, seqüestrante).

55
Componentes Composição
I II
Fase Oleosa
Álcool cetoestearilico 30/ 70 1,5 7,0
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol E) 2,0 2,0
Dimeticone - 1,0
Óleo mineral - 3,0
Álcool cetoestearílico com 20 EO - 2,6
Base autoemulsionante não iônica (éster/ 3,0 -
ácido graxo etoxilado) Arlacel 165F ou
Cosmowax FT
Fase Aquosa A
Água Quantidade para 100%
Propilenoglicol 1,0 2,0
Carbomer 940 ( Carbopol 940) 0,2 -
EDTA Dissódico pó 0,1 0,1
Fase Aquosa B
Ácido hialurônico (1% de ativo) 8,0 -
Goma xantana 0,2 -
Uréia - 10
Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 -
Água 25,0 11
Fase Aquosa C
Trietanolamina 0,2 -
Água 7 -
Fase D
Ciclometicone 1,0 -
D-Pantenol 0,2 -
Acetato de alfa-tocoferol 0,5 0,5
Composto de fenoxi etanol e parabenos 0,5 0,5
Imidazolinidil uréia 0,1 0,1
Fragrância 0,1 0,1

II.4. Técnicas de emulsificação: Processos de fabricação


Apesar do progresso na ciência coloidal e interfacial, a prática de fabricação de emulsões,
tais como cremes e loções cosméticas, ainda permanece muito mais como arte do que
como ciência. A indústria cosmética busca constantemente direcionamentos para o
desenvolvimento de emulsões. Um conceito de emulsão que fornecesse redução
significativa no tempo de desenvolvimento através da seleção apropriada da fase oleosa,
dos emulsionantes e do processo de emulsificação, juntamente com o uso econômico
desses materiais e equipamentos seria de grande interesse.

No processo de emulsificação ocorre a divisão de um dos líquidos em pequenos glóbulos


com conseqüente aumento da área superficial desta fase e sua dispersão na outra. Este fato
contraria as forças de tensão superficial dos líquidos que é a tendência de redução da área
superficial de cada líquido para um mínimo de energia. Para provocarmos a subdivisão dos
líquidos, torna-se necessário despender determinada quantidade de energia (térmica e de
agitação) sob a forma de trabalho. Os agentes emulsionantes diminuem o trabalho
56
necessário para a emulsificação. Para a preparação da emulsão são disponíveis
várias técnicas. Entretanto vamos nos ater aquelas que utilizam tensoativos como
agentes emulsionantes, caso específico das emulsões cosméticas.

Entre os vários conceitos sobre o processo de emulsificação estão: (1) HLB


(balanço hidrófilo lipófilo) desenvolvido por Griffin, seguindo um processo
convencional de emulsificação, (2) EBE ou LEE (emulsificação de baixa
energia), desenvolvido por Joseph Lin, (3) EIP (ponto de inversão da
emulsificação), desenvolvido por Marszall, (4) temperatura de HLB ou PIT
(temperatura de inversão de fases), desenvolvido por Shinoda entre outros.

Para facilitar o preparo da emulsão torna-se conveniente a


acomodação dos componentes da emulsão em fases:
• Aquosa quente: é para ser incorporada sobre a fase oleosa para formação
da emulsão. Pode conter outros componentes solúveis em água e que
possam ser aquecidos tais como espessantes poliméricos acrílicos, EDTA,
propilenoglicol, dipropilenoglicol, polietilenoglicol, parabenos;
• Oleosa: é constituída por todos os constituintes insolúveis em água (emolientes,
espessantes da fase oleosa/ ceras, dimeticone, antioxidantes) e pelos
emulsionantes e bases autoemulsionáveis (solúveis ou insolúveis em água);
• Demais fases: podem ser outras fases aquosas utilizadas para solubilizar
componentes sólidos solúveis ou dispersíveis em água (corantes, goma xantana,
uréia) ou para diluir outros componentes como trietanolamina e hidróxido de sódio.
Como também podem ser constituídas pelos componentes isolados que serão
adicionados um a um (ciclometicone, conservantes, fragrâncias, etc).

Essas fases podem ser descritas por números ou letras, como no exemplo da
tabela XXVI. Porém devem ser adicionadas à emulsão em função das
propriedades de cada matéria prima tais como temperatura de fusão,
suscetibilidade a oxidação ou evaporação ou ainda degradação e solubilidade em
água ou óleo. Componentes suscetíveis à oxidação ou degradação por efeito de
temperatura devem ser adicionados durante a fase de resfriamento da emulsão.

Tabela XXVI: Acomodação dos componentes da emulsão em fases.


Fase A: Fase B: Fase C: Oleosa
Fase D Fase E Fase F
Aquosa quente Aquosa quente Aquosa
Água Propilenoglicol Óleos, ceras Trietanolamina Silicone volátil Imidazolidinil
uréia
Espessantes Dipropilenoglicol Emulsionantes Hidróxido de sódio Solução de Essência
(polímeros da fase Glicerina Ésteres graxos Glicerina goma xantana PCA líquido
aquosa) Sorbitol Álcoois graxos Sorbitol. Vitamina E Fenoxietanol
Propilenoglicol Phytantriol Goma xantana acetato Colágeno
Vitamina E
EDTA Metilparabeno BHT Água Vitamina A Lipossomas
Alantoína Propilparabeno Álcool Vitamina F Extratos vegetais
propoxilado
Copolímeros de Lanolina e D-pantenol
acrilatos (Pemulen) derivados
Fluido de silicone

57
II.4.1. Processo convencional de fabricação da macroemulsão O/ A ou A/O

O processo convencional de fabricação de macroemulsões O/ A ou A/ O consiste no


aquecimento de todos os componentes solúveis na fase aquosa e dos componentes
da fase oleosa em temperaturas entre 75 a 80ºC. Após a mistura das duas fases e
seguido por um período de homogenização, é iniciado o resfriamento circulando
água fria na camisa do tanque, e adicionado os demais componentes da formulação.

Neste processo é gasta uma considerável quantidade de energia (térmica e mecânica) e


tempo, que proporcionam uma significante melhoria na estabilidade do produto. A
quantidade de energia témica pode atingir 95% do consumo total de energia no processo.

Industrialmente pode ser elaborada a seqüência de processo descrita abaixo para


macroemulsões. No laboratório este processo também pode ser seguido com algumas
adaptações (não colocar banho de resfriamento, usar béquer de aço inoxidável).

1.Introduzir 60 a 70% da quantidade de água total da formulação no tanque principal


e dispersar os polímeros espessantes sob forte agitação por 20 a 30 minutos.

2. Adicionar os demais componentes da fase A e aquecer na temperatura de 75 a 80ºC.

3. No tanque secundário, misturar todos os componentes da fase B e


aquecer na temperatura de 50 a 55ºC. Transferir para o tanque principal.
Esta etapa é utilizada normalmente para solubilizar o metil e
propilparabeno. Quando não utilizar estes componentes, os componentes
hidrossolúveis são adicionados diretamente na fase A e aquecidos.

4. No tanque secundário, misturar os componentes da fase C e aquecer na temperatura de


75a 80ºC até completa fusão dos componentes sólidos. Transferir a
mistura para o tanque principal;

5. Manter temperatura entre 75 a 80ºC e agitação moderada por 15 minutos;

6.Iniciar o resfriamento e adicionar os componentes da fase D;


7. Adicionar os componentes da fase E quando for atingida a temperatura de 50 - 45ºC;

8. Adicionar os componentes da fase F quando for atingida a temperatura de 35ºC;

9.Resfriar até a temperatura de 30ºC;

10. Analisar (pH, teor de água e/ ou sólidos, viscosidade e densidade a 25ºC);

11.Descarregar o lote, filtrando através de tecido de nylon.

58
II.4.2. Processo acelerado de fabricação da macroemulsão O/ A.
Este processo também é denominado de processo acelerado de fabricação da
macroemulsão O/ A e envolve a seleção da energia térmica (temperatura) para as operações
que realmente necessitam de aquecimento, tais como fusão dos componentes, dissolução,
formação de sabão in situ, inversão de fase e esterilização.

O método consiste na divisão da fase contínua, no caso aquosa, em duas porções. Uma
porção é utilizada a quente (chamada fase β) para formação da emulsão concentrada e em
seguida é adicionada lentamente a outra porção a frio (chamada fase α) para diluição e
resfriamento do sistema, o que proporciona uma economia de energia térmica, de tempo de
processo e de mão de obra. Quanto maior o volume da fase fria ( α), maior é a economia de
energia. A diluição pode ser feita adicionando-se a fase fria ( α) sobre a fase quente ou o
inverso, mas o mais comum e mais simples é o primeiro método. O segundo método é
melhor quanto ao processo, pois a fase fria pode ficar no tanque principal e então ser
adicionada sobre ela a emulsão concentrada e geralmente não apresenta problemas quando
a emulsão utiliza emulsionante aniônico ou catiônico. Porém quando o emulsionante é não
iônico, esse método traz problemas quanto a seleção do volume da fase α e quanto a
temperatura da fase quente β. Temperaturas da emulsão concentrada acima de 70 °C,
quando esta fase é adicionada sobre a fase fria, ocorre choque térmico, formando uma
emulsão com gotas de tamanho grande, influenciando na aparência da emulsão e podendo
até provocar separação de fases. Dessa forma é necessário fazer a emulsão concentrada a
70°C, resfria-la até aproximadamente 50 °C e então iniciar a adição da fase fria.

A divisão em fases pode ser feita tanto para a fase interna (óleo) da emulsão, separando os
componentes líquidos dos sólidos, por exemplo, como pode ser feita para a fase externa
(aquosa). Assim, o processo EBE é aplicado tanto para emulsões O/ A como para A/O e
independe do tipo de emulsionante. No entanto é mais comum para o processo O/A, já que
é mais simples diluir este tipo de emulsão do que a A/O e mais fácil manusear água do que
óleo. Em ambos os casos, a fase fria não deve ultrapassar 60% da quantidade de fase
externa total, pois pode formar grandes glóbulos emulsionados distribuídos de forma não
homogênea e causar a separação de fases da emulsão. Assim, pelo menos 40% da fase
externa deve ser aquecida para preparação da emulsão concentrada.

A temperatura da fase quente é um parâmetro muito importante para o processo


EBE, quando utilizado emulsionante não iônico, influenciando na viscosidade da
emulsão concentrada e sobre a velocidade de migração e adsorção dos
tensoativos (emulsionantes) para a interface O/ A. Conseqüentemente terá um
importante efeito no tamanho e distribuição dos glóbulos emulsionados e sobre o
tipo e propriedades reológicas da emulsão final.

Para o método de diluição adicionando-se a fase fria sobre a fase quente, usando
emulsionante não iônico, geralmente quanto menor a temperatura de emulsificação da fase
quente, maior é o tamanho dos glóbulos emulsionados e maior é a tendência a separação
de fases da emulsão. Temperaturas na faixa de 70 a 80 °C da fase quente fornecem
emulsões finas, com pequenos glóbulos e estáveis. Para emulsões acima desta temperatura
pode ocorrer inversão de fases da emulsão concentrada e então a viscosidade aumenta
muito dificultando o processo e a diluição. Nesse caso deve-se primeiro resfriar a fase
quente e posteriormente adicionar a fase fria. Por outro lado, para o método de diluição

59
adicionando-se a fase quente sobre a fase fria, quanto menor a temperatura da
fase quente, menor é o tamanho de gotas e mais estável é a emulsão devido ao
menor choque térmico e uma rápida diluição da emulsão concentrada. Neste
caso, a emulsão concentrada deverá estar na temperatura entre 65 a 70 °C.

No caso de uso de emulsioantes aniônicos, como por exemplo, estearato de


trietanolamina, a ordem de mistura das fases quente e fria não tem influência, pois o
emulsionante é muito solúvel em água. No entanto a escolha da temperatura é muito
importante e geralmente é utilizado 80°C. Emulsões preparadas abaixo de 70 °C podem
ter maior tamanho de glóbulos emulsionados, sendo mais suscetível a separação de
fases, pois não houve suficiente formação do emulsionante (sabão).

Outro fator importante é a velocidade de adição da fase fria sobre a fase quente. Adição
rápida provoca choque térmico, com conseqüente formação de grandes glóbulos
emulsionados, podendo até provocar separação de fases. Taxa de adição da fase fria de
até 4mL/ s, podem formar glóbulos menores que 2µ e, portanto, emulsões estáveis.

Controlando-se variáveis como temperatura do primeiro estágio da


emulsificação, intensidade de agitação, proporção da fase externa (no
caso, água) adicionada no primeiro estágio da emulsificação é possível a
obtenção de melhores emulsões por este método que pelo convencional.

Algumas vezes pode ocorrer aumento de viscosidade, podendo até ser reduzida a
quantidade de alguns agentes de consistência como os álcoois cetílico e estearílico.

Industrialmente o processo acelerado é realizado com dois tanques


de fabricação, conforme descrito abaixo:
1. Em um tanque auxiliar de menor capacidade que o tanque principal são
aquecidos os componentes da fase C (oleosa) na temperatura de 80 a 90ºC;
2. No tanque principal, de maior capacidade, adiciona-se 50% da quantidade de água total e
os componentes hidrossolúveis da fase B e A. Aquecer na temperatura de 80 a 90ºC e
incorporar a fase C completamente fundida, mantendo a agitação por 15 minutos;
3. Iniciar o resfriamento e adicionar o restante da água da fórmula
na temperatura ambiente, mantendo a agitação;
4. Adicionar os componentes da fase D;
5. Seguir o procedimento anterior (preparação convencional) do item 7 em diante.

É possível realizar este processo em um único tanque com algumas


adaptações e muito cuidado na fabricação, conforme descrito abaixo:
1. No tanque principal, adiciona-se 50% da quantidade de água da formulação,
juntamente com os demais componentes hidrossolúveis (fases A e B);
2. Aquecer esta mistura na temperatura de 80 a 85ºC;
3. Adicionar individualmente os componentes da fase oleosa, exceto o emulsionante
principal, atentando para um tempo de espera para restabelecimento da temperatura;
4. Adicionar o emulsionante principal fundido e homogeneizar por 15 minutos;
5. Adicionar o restante da água na temperatura ambiente e iniciar o resfriamento,
circulando água na temperatura ambiente ou gelada na camisa do tanque;
6. Adicionar os componentes da fase D;
7. Seguir o procedimento da preparação convencional do item 6 em diante.

60
II.4.3. Processo por inversão de fases da macroemulsão O/ A ( PIT ).
A maior desvantagem do método de HLB é que ele descreve as moléculas de emulsionantes
apenas em função de suas modificações estruturais, sem considerar o seu comportamento
na interface O/ A durante a emulsificação, não prevendo as mudanças de HLB com as
alterações nas condições para emulsificação tais como temperatura, natureza das fases
oleosa e aquosa, presença de aditivos (eletrólitos, solventes). Por exemplo: com o aumento
da temperatura, a força de hidratação entre a água e o tensoativo não iônico etoxilado
diminui e o emulsionante torna-se menos hidrófilo (mais solúvel na fase oleosa) e
conseqüentemente, seu HLB também diminui até ocorrer a inversão da emulsão (PIT). Com
isso, mais e mais material não polar (óleo) é solubilizado dentro de micelas assimétricas
muito grandes. Desta forma uma emulsão O/ A quando estabilizada com tensoativo não
iônico etoxilado, pode inverter para A/ O com o aumento da temperatura e vice-versa. A
temperatura em que ocorre inversão da emulsão é chamada “temperatura de inversão de
fases - PIT”. Em elevadas temperaturas, o tensoativo torna-se ainda mais lipófilo, ocorrendo
separação de água e conseqüentemente da emulsão. Desta forma a PIT está relacionada a
uma dada temperatura em que o HLB do tensoativo, tensão interfacial O/ A e a distribuição
do tamanho de partículas são mínimos. É definido também como a temperatura em que o
tensoativo solubiliza iguais volumes de água e material não polar. Os efeitos de aditivos
sobre o solvente e de misturas de emulsionantes ou de óleos são refletidos na PIT e
automaticamente ajustados de modo a mudar o HLB do emulsionante na interface.

Contrariamente ao comportamento do emulsionante não iônico etoxilado, o HLB do


emulsionante iônico é independente da temperatura. Para os emulsionantes iônicos,
a variável crítica no comportamento de fase é o conteúdo de sal da emulsão, cujo
aumento reduz a solubilidade do emulsionante na fase aquosa. Com o aumento da
temperatura, a solubilidade em água do emulsionante iônico aumenta.

O conceito da PIT descreve uma emulsão como um sistema complexo, que é


significativamente diferente do sistema HLB. Emulsões O/ A contendo tensoativos
não iônicos etoxilados apresentam PIT constante dentro de uma ampla faixa de
conteúdo de água (30 a 70%), mantendo constante a relação óleo/ emulsionante.
Entretanto, a PIT desaparece nas emulsões com alto conteúdo de água (acima de
70%). Em suficiente baixo conteúdo de água, aparece uma fase de microemulsão,
com tamanho de gotas muito pequeno que é utilizado para a emulsificação
seguindo o processo da PIT. Assim, processos envolvendo a formação de uma
emulsão concentrada a quente e posterior diluição com água restante da
formulação durante o resfriamento, podem ser úteis para obtenção de uma
emulsão com pequeno tamanho de gotas, de aparência branco azulada e estável.

O método da PIT consiste na preparação da emulsão numa temperatura de 2 a 4


°C abaixo da PIT, visando obter uma fina dispersão, onde a tensão interfacial é
muito baixa. Com o resfriamento rápido da emulsão são formados pequenos
glóbulos emulsionados, conferindo estabilidade para a emulsão.

61
120
C A/ O
o 100
,
a
u
r 80 ME LC
t
a
r
e 60 O/ A
p
m O/ A
e 40
T A/ O
20
0 20 40 60 80 100
Conteúdo de água, %

Na emulsificação pelo método da PIT, o emulsionante, o óleo e pequenas quantidades de


água são misturados ao mesmo tempo numa temperatura levemente inferior à PIT, sendo
formada, nesta temperatura, uma emulsão O/ A que pode ser resfriada adicionando-se a
outra parte da água a frio. A PIT da emulsão deve ser ajustada para cada relação e seleção
do sistema emulsionante/ co-emulsionante e fase oleosa, em função do aumento da
temperatura para ser determinada a temperatura de inversão de fases.

Um emulsionante favorável para emulsões O/ A deve possuir uma PIT de 20 a 60ºC maior
que a temperatura de estocagem da emulsão e para emulsão A/O, uma PIT de 10 a 40 ºC
menor que a temperatura de estocagem, embora PIT não pode ser determinada abaixo
de 0ºC. Para maior estabilidade da emulsão, esta é preparada na temperatura de 2 a 4ºC
abaixo de sua PIT e resfriada até a temperatura de estocagem. A explicação reside no
fato que emulsões preparadas perto da PIT apresentam menor tamanho de partícula,
mas tem pouca estabilidade se mantidas nessa temperatura. Então, o resfriamento da
emulsão até temperaturas muito abaixo da PIT, aumenta a estabilidade da emulsão.
Desse modo podem ser reduzidos a energia e o tempo de emulsificação. Emulsões por
PIT, geralmente apresentam um tamanho de gotas entre 0,1 a 1 µ.

Efeito da mistura de emulsionantes sobre a estabilidade de estocagem


da emulsão O/ A composta de 20% de éter dioctílico e 73,8% de água.
Mistura de % PIT (°C) Tamanho médio de gotas (nm)
emulsionantes
Depois da produção 4 semanas de estocagem
C16/ 18 – 12 EO 3,8
Monoestearato 2,4 73 305 450
de glicerila
C16/ 18 – 12 EO 2,7 74 350 3500
C12/ 14 – 4 EO 3,5

Técnicas práticas utilizam-se do preparo de emulsões A/ O, em temperaturas acima daquela


correspondente a inversão de fases. No resfriamento abaixo da PIT ocorre a inversão de
fases para emulsões O/ A e o tensoativo migra da fase oleosa para a aquosa. Esta técnica é
chamada de “emulsificação pelo método de inversão” e será abordada mais adiante.

62
A estabilidade das emulsões preparadas segundo o processo da PIT é determinada pela
concentração de emulsionante. Em baixas concentrações de emulsionante, forma-se
uma microemulsão de 3 fases que é instável e separa na temperatura ambiente.
Emulsões cosméticas geralmente contém alta quantidade de água (acima de 70%) e
geralmente não ocorre inversão da emulsão nesta condição. Geralmente emulsões a
base de monoglicerídeos de ácidos graxos e álcoois graxos tem estabilidade restrita a 40
a 50 °C. Emulsões com mesma PIT, podem ter diferentes comportamentos na
estabilidade dependendo do sistema emulsionante. A velocidade de coalescência das
gotas é diminuída quando é utilizado co-emulsionante lipofílico, como o monoestearato
de glicerila, em mistura com o emulsionante hidrófilo, visto que ocorre a formação de
uma fase gel lamelar ao redor das gotas de óleo, o que impede a coalescência dessas
gotas. Co-emulsionantes mais solúveis em água como o álcool laurílico etoxilado não
conferem tão boa estabilidade a emulsão como emulsionantes lipofílicos. Alguns
parâmetros influenciam a PIT diretamente, tais como: o tipo de fase oleosa e de
emulsionante (hidrofilicidade do emulsionante e hidrofobicidade do óleo), a relação de
mistura entre os componentes e a temperatura, conforme descrito abaixo:
• A PIT é diretamente proporcional ao HLB. Quanto maior o HL, maior é
a PIT, ou seja, a PIT aumenta com a hidrofilidade do emulsionante.
• Quanto mais larga é a distribuição de oligômeros de óxido de eteno do emulsionante não
iônico, maior é a PIT e a estabilidade da emulsão, motivo pelo qual, misturas de
emulsionantes de baixo e alto HLB deve ser a melhor escolha do sistema emulsionante.
• Para tensoativos etoxilados com dado valor de HLB, quanto menor a polaridade da
fase oleosa, maior é a PIT, ou seja, o tensoativo deve ser mais lipofílico para
compensar a menor polaridade do óleo. Isto significa que deve ser escolhido um
tensoativo de menor HLB para óleos menos polares. Aditivos como a parafina que
diminui a polaridade da fase oleosa, aumentam a PIT e aditivos como ácido oleico ou
álcool laurílico que aumentam a polaridade, diminuem a PIT.
• a adição de hidrocarbonetos hidrofóbicos de cadeia reta longa solubilizados na
fase interna da emulsão, ou o aumento na sua cadeia carbônica, aumenta a PIT.
Já a adição de hidrocarbonetos aromáticos de cadeias curtas e aditivos
polares, como por exemplo, álcoois e ácidos graxos e monoglicerídeos de
ácidos graxos, diminuem a PIT, com muito pouca dependência do tamanho da
cadeia carbônica. Assim, a PIT aumenta com o comprimento da cadeia
carbônica do hidrocarboneto hidrofóbico, ou seja, com o aumento do peso
molecular e diminui com o aumento da concentração de aditivos polares.
• A adição de sais a fase aquosa, diminui a PIT das emulsões feitas
com tensoativos não iônicos etoxilados;
• Quanto maior a razão óleo/ água, maior é a PIT e quanto maior a
razão tensoativo/ óleo, menor é a PIT.

II.4.4. Processo por inversão de fases da macroemulsão O/ A (acima da PIT).

Técnicas práticas utilizam-se do preparo de emulsões A/ O, em temperaturas acima


daquela correspondente a inversão de fases. No resfriamento abaixo da PIT ocorre a
inversão de fases para emulsões O/ A e o tensoativo migra da fase oleosa para a
aquosa. Esta técnica é chamada de “emulsificação pelo método de inversão”.

63
Pela propriedade de solubilidade dos tensoativos não iônicos etoxilados, usando
temperatura acima de seus pontos de névoa para preparar a macroemulsão, forma-se
inicialmente uma emulsão A/O, que com o resfriamento e adição da quantidade de
água restante a frio, inverte-se para uma emulsão O/ A. Visualmente, a inversão de
fases é notada através da redução súbita de viscosidade.

O mecanismo proposto para esta inversão de fases inicia por micelas esféricas normais O/
A e passa por micelas cilíndricas, fase lamelar ainda O/ A e com o aumento da temperatura
para emulsionantes não iôncios ou aumento do conteúdo de eletrólitos para tensoativos
aniônicos, ocorre a inversão de fases passando por micelas lamelares reversas, cilíndricas
reversas e finalmente esféricas reversas, conforme representado nas figuras abaixo.

Comportamento micelar em função do aumento da temperatura para tensoativos


não iônicos e aumento da concentração de eletrólitos para tensoativos iônicos.

Inversão de emulsão O/ A para A/ O estabilizada por filme interfacial de cetil sulfato de


sódio e colesterol com a adição de cátions polivalentes. A adsorção de cátions neutraliza a
carga negativa ao redor das gotas de óleo, permitindo maior aproximação e coalescência.

64
A principal vantagem desse método é a obtenção de emulsões mais estáveis, com
menor tamanho e maior homogeneidade na distribuição de partículas. Esse processo
pode ser executado conforme descrito abaixo, quando o emulsionante é um álcool
cetoestearílico com 20 moles de óxido de eteno ou com menor grau de etoxilação.

1. No tanque principal, adiciona-se a quantidade de água selecionada para obtenção


da PIT, juntamente com os demais componentes hidrossolúveis (fases A e B);
2. Aquecer esta mistura na temperatura de 5ºC acima da PIT;
3. Adicionar a fase C fundida na temperatura de 85 - 90ºC;
4. Homogeneizar por 5 a 15 minutos;
5. Iniciar o resfriamento, circulando água na temperatura ambiente ou gelada na
camisa do tanque e adicionar o restante da água na temperatura ambiente.
Abaixo da temperatura de PIT, ocorre a inversão de fases para O/ A;
6. Adicionar os componentes da fase D;
7. Seguir o procedimento da preparação convencional do item 6 em diante.

65
II.4.5. Processo à frio para macroemulsão O/ A.
Esse processo somente é tecnicamente possível se os principais componentes das fases
aquosa e oleosa tais como os emulsionantes primários, co-emulsionantes, emolientes,
umectantes apresentarem a forma líquida na temperatura ambiente. A viscosidade é obtida
pelo uso de espessantes da fase aquosa. A grande vantagem desse processo é a economia
de energia e a proteção dos princípios ativos sensíveis a temperaturas elevadas ou
componentes voláteis. Dentre os emolientes líquidos podem ser utilizados óleos vegetais e
mineral, oleato de decila, triglicerídeos do ácido cáprico/ caprílico e álcool estearílico
propoxilado. Dentre os umectantes podem ser usados polietilenoglicóis de peso molecular
400, propilenoglicol, sorbitol, glicerina, hialuronato de sódio e acetamida MEA.

Um exemplo típico de emulsão a frio é aquela de água em silicone (A/ S), usando
ciclometicone autoemulsionável (mistura de ciclometicone com dimeticone copoliol – DC
3225C), onde a fase externa é o silicone ou mistura de óleo e silicone, que não
necessariamente é a maior proporção na formulação. Geralmente a fase aquosa é
adicionada sobre a fase de silicone, de forma lenta e contínua, sob forte agitação, usando
misturador com hastes do tipo facas retas na horizontal pra produzir bom cisalhamento. O
aumento da agitação aumenta a viscosidade e estabilidade da emulsão final. Como a fase
aquosa corresponde a fase interna da emulsão, um aumento de sua quantidade também
aumenta a viscosidade da emulsão final. A adição de componentes polares (por exemplo,
cloreto de sódio) reduz o tamanho dos glóbulos emulsionados e aumenta a viscosidade e
estabilidade da emulsão. A adição de silicone volátil (ciclometicone) auxilia no processo de
emulsificação. Estas emulsões geralmente apresentam a aparência de gel e alguns
exemplos são gel creme para pele oleosa, protetor solar A/ O, desodorante em bastão, géis
para cabelo e gel antiperspirante sem álcool, onde geralmente é adicionado 5 a 10% do
ciclometicone autoemulsionável.
A aparência da emulsão (opaca ou transparente) depende do índice de refração
das fases aquosa e de silicone. Fases com o mesmo índice de refração fornecem
emulsões transparentes, caso contrário, as emulsões são opacas. A fase oleosa
possui um índice de refração mais alto que o da fase aquosa. Os índices de
refração são acertados com adição de propilenoglicol ou álcool na fase aquosa.

Exemplos de formulações:

Gel capilar umectante transparente


Componentes Composição (%)
1. Água 38,5
2. Glicerina 32,0
3. Propilenoglicol 8,0
4. Cloreto de sódio 2,0
5. Mistura de parabenos e fenoxietanol 0,5
6. Ciclometicone em dimeticone copoliol 10,0
7. Ciclometicone 7,0
8. Dimeticone copoliol (cera) 2,0

66
Preparo:

A. Misturar os componente 1 a 5, reservar


B. Misturar os componentes 6 a 8
C. Adicionar a fase A sobre B, sob forte agitação.

Outro exemplo é a preparação de emulsões A/ O com grande conteúdo de fase aquosa,


usando laurilmeticone copoliol (DC Q2-5200) como emulsionante e óleos mineral e vegetal
como emolientes, fornecendo emulsões com sensorial menos oleoso. Geralmente é
utilizado 2% desse emulsionante para 18 a 25% de fase oleosa de baixa polaridade (por
exemplo, óleo mineral) e 5 a 28% fase oleosa de média polaridade (por exemplo, palmitato
de octila, óleo de girassol). A fase aquosa deve ser adicionada sobre a fase oleosa (misturas
de óleos, silicone e laurilmeticone copoliol) de forma lenta e contínua sob forte agitação. É
necessária a adição de 1 a 2% de eletrólito na fase aquosa para maior estabilidade da
emulsão e o pH não deverá estar abaixo de 2 ou acima de 11. Exemplos de formulações são
cremes hidratantes para o rosto e para as mãos.

Creme hidratante para as mãos


Componentes Composição (%)
1. Água 72,5
2. Glicerina 5,0
3. Cloreto de sódio 2,0
4. Mistura de parabenos e fenoxietanol 0,5
5. Óleo mineral 10,0
6. Laurilmeticone copoliol 2,0
7. Ciclometicone 5,0
8. Miristato de isopropila 2,0

Preparo:

A. Misturar os componente 1 a 4, reservar


B. Misturar os componentes 5 a 8
C. Adicionar a fase A sobre B, sob forte agitação.

Alguns autores propõem que somente a fase oleosa juntamente com os emulsionantes seja
aquecida moderadamente, principalmente para dissolução de alguns ativos como BHT, p-
metoxicinamato de octila, propilparabeno e metilparabeno e em seguida seja adicionada a
água na temperatura ambiente. Outros autores propõem preparar uma emulsão concentrada
com metade da quantidade de água, homogeneizando sob forte agitação por 20 a 30
minutos e em seguida é adicionada a quantidade de água restante.

II.4.6. Processo por diluição de concentrado para fabricação da macroemulsão O/ A.

Por este processo é produzida uma emulsão concentrada por redução da quantidade de
água, seguindo os processos anteriormente descritos (convencional ou acelerado). Esta
emulsão concentrada é diluída no momento do uso, com a quantidade de água necessária e
incorporando-se os princípios ativos. Deve-se ter cuidado rigoroso para diluição da

67
emulsão concentrada com relação a homogenização para evitar a formação de grumos e
aeração. Geralmente este processo é utilizado pelas farmácias de manipulação.

II.4.7. Processo contínuo para fabricação da macroemulsão O/ A.


Esse processo é aplicado para produções em grande escala. O equipamento é constituído
por tanques de mistura para as fases oleosa e aquosa, bombas dosadoras, misturador
estático, homogenizador. Após resfriamento são adicionados os componentes sensíveis a
temperatura. A emulsão é então estocada em tanques e envasada.

II.4.8. Processo em pequena escala (quase que laboratorial) para macroemulsão O/ A.

Esse processo é utilizado principalmente para produção de emulsões em pequena


escala ou em casos de dificuldade de homogenização no equipamento,
principalmente quando se utiliza polímeros espessantes da fase aquosa.
1. Com 24 horas de antecedência, dispersar o polímero acrílico
(carbômero) em 50% da quantidade de água total preservada com
o conservante da fase aquosa e deixar em repouso;
2. No momento do prepara da emulsão, aquecer os componentes das fases A e B,
exceto o polímero espessante, no tanque principal na temperatura de 75 - 85ºC;
3. A parte fundir os componentes da fase C na temperatura de 75 -
85ºC e transferi-la para o tanque principal sob agitação;
4. Manter temperatura e agitação por 15 minutos e iniciar o resfriamento,
retirando o aquecimento e se possível passando água na temperatura
ambiente na camisa do tanque. Incorporar a solução do polímero
emulsionante sob agitação, assim que for iniciado o resfriamento;
5. Adicionar os componentes da fase D;
6. Seguir o procedimento da preparação convencional do item 6 em diante.

II.5. Técnicas de emulsificação: equipamentos.


O propósito do equipamento para emulsificação, seja simples ou complexo, é
quebrar ou dispersar a fase interna na externa, de tal forma que o tamanho das
partículas seja suficientemente pequeno e homogêneo para retardar a coalescência,
evitando a separação de fases. A preparação das emulsões é muito afetada pelo tipo
de agitação. As principais preocupações sobre um equipamento são referentes a:
• viscosidade aparente em todas as fases da fabricação, visto que
dependendo da viscosidade da emulsão, o equipamento escolhido
pode não ter capacidade para homogeneizar todo o sistema, formando
grumos ou deixando as paredes do tanque com produto aderido;
• energia mecânica requerida e demandas de troca de calor;
• taxa de cisalhamento, visando redução no tamanho de partícula da emulsão;
• tipos de fluxos. Há 3 tipos básicos, embora na prática usam-se variações para obter pelo
menos 2 fluxos para abordar todo o conteúdo do tanque e melhorar o aquecimento e
resfriamento da emulsão. O fluxo tangencial, é aquele ao redor do eixo do agitador; as
partículas descrevem um movimento circular. O fluxo axial é aquele ao longo do eixo do
agitador, onde as partículas sobem e descem continuamente pelo tanque. O fluxo radial é
aquele onde as partículas são projetadas radialmente pelo impacto com a lâmina do
agitador, chocando-se umas com as outras e provocando um turbilhonamento. A tabela a
seguir resume as características de cada um dos equipamentos.

68
Em função do tipo de agitador, os equipamentos utilizados para preparação de emulsões
são muito variados, diferindo em performance para cada tipo. Além disso, as emulsões são
geralmente desenvolvidas em escala laboratorial, com equipamentos tipo turbina, alta
velocidade de agitação e pequenos volumes. Em seguida o produto é passado para escala
piloto e finalmente para a área industrial, onde os equipamentos geralmente são do tipo
âncora e com pequena velocidade de agitação. Esta passagem pelas diferentes fases do
desenvolvimento é a etapa mais complicada para obtenção do produto em escala industrial.

Tabela XXVII: Equipamentos para emulsificação


Tipo Velocida Energia Fluxo Viscosidade Troca Características/
de do mecânica térmica aplicação
agitador
Agitador tipo baixa baixa tangencial alta razoável Para emulsões
âncora fluidas e de baixa
viscosidade.
Agitador âncora baixa baixa tangencial/ média - alta boa Par emulsões
com raspador radial viscosas, géis (200
mil cP).
Tipo pá baixa baixa tangencial baixa pobre Para líquidos de
baixa viscosidade
Hélice naval média baixa- axial baixa- razoável Para líquidos de
(submarina) média até 5000 cP - pobre baixa viscosidade
Turbina ou média baixa- radial baixa- média boa Alto grau de
centrífugo média até 100000 cisalhamento.
cP
Impelidores a média baixa- radial baixa- média boa É um tipo de
disco (tipo média até 180000 turbina.
cowles ) cP
Moinho alta alta baixa- média razoável
dispersor
Homogenizador baixa alta baixa- média pobre Melhora o aspecto
Tipos: válvula, da emulsão e sua
misturador, estabilidade, devido
parafuso. ao pequeno tamanho
e uniformidade na
distribuição das
partículas. É a 2ª
etapa do processo
Moinho coloidal alta alta baixa- média pobre Alto cisalhamento

69
Tipos de agitadores: (1) hélice; (2) disco planar; (3) pá inclinada; (4) agitador de contra fluxo
multi etapa MIG; (5) agitador de fluxo de interferência INTERMIG; (6) disco.

70
II.5.1. Equipamentos laboratoriais.
Esses equipamentos se destinam ao desenvolvimento das formulações e a execução de
pequenos lotes de até 5 kg. Quanto ao recipiente, é aconselhável usar de aço inoxidável. Os
equipamentos mais indicados são os agitadores elétricos com velocidade variável e com
hélices do tipo centrífuga, ou seja, turbina pois apresentam um eficiente sistema de corte,
tanto para dispersar os diversos polímeros, quanto para reduzir o tamanho das partículas
da emulsão. Também podem ser utilizados agitadores tipo âncora que promovem excelente
homogenização para emulsões de baixa a média viscosidade. Quanto ao aquecimento
podem ser usados banhos de silicone, mistura de monoetilenoglicol/ água ou de glicerina.
Chapas não são recomendadas pois podem causar pontos de super aquecimento. Quanto
ao resfriamento, no laboratório, geralmente é somente retirado o aquecimento, deixando a
emulsão resfriar até a temperatura ambiente. Esta situação reproduz o uso de água de
resfriamento na camisa do tanque na área industrial.

II.5.2. Equipamentos industriais


Os equipamentos industriais geralmente diferem bastante dos equipamentos laboratoriais,
motivo pelo qual é tão difícil a transferência de escala laboratorial para industrial. Isso está
principalmente relacionado ao tipo de agitação, tempos de aquecimento, homogenização e
resfriamento. Dessa forma, o planejamento de um equipamento industrial, mesmo a partir
de 10 kg, deve envolver uma planta composta por um conjunto de equipamentos:
• um tanque auxiliar, encamisado, com aquecimento e resfriamento,
agitador tipo hélice naval e com variador de velocidade.
• Um tanque principal, encamisado, com aquecimento e resfriamento, agitador tipo âncora
com pás internas e externas e raspadores de teflon e com variador de velocidade. O ideal
é ainda possuir acoplado um dispersor coloidal, sistema para produzir vácuo e
controlador e indicador de temperatura (para evitar a introdução de termômetros de vidro
que são frágeis e termômetros metálicos que são pouco precisos).

Tanque principal para emulsões cosméticas.

Para emulsões de alta viscosidade pode ainda ser utilizado misturador tipo planetário, que
consiste no movimento da pá combinado com o movimento do eixo. Outro equipamento
para emulsões de alta viscosidade é o chamado ribbon-blender com fluxo axial.

71
III. Características físicas e de aplicação das emulsões e sua avaliação.

Tendo discutido os fatores que afetam a formação e estabilidade das emulsões,


torna-se importante a avaliação das características das emulsões que se relacionam
com seus usos ou meio de serem controladas. As principais características das
emulsões podem ser divididas quanto às propriedades físicas tais como aparência,
viscosidade e distribuição do tamanho das partículas e quanto às propriedades de
aplicação tais como sensorial e direcionamento e composição do produto de acordo
com a finalidade e efeito de uso do produto e tipo de pele.

III.1. Características físicas das emulsões: aparência


A aparência da emulsão pode variar de branca a transparente cintilante, tornando-se um
requisito importante muitas vezes para direcionamento de aplicação e apelo de marketing.
No geral é desejável para o creme a aparência homogênea, fina, com brilho e maciez.
Basicamente o que determina a aparência da emulsão está relacionado a dois fatores:
• tamanho das partículas da fase interna;
• diferença entre o índice de refração das fases.

O tamanho da partícula está relacionado principalmente com ao tipo e


quantidade de emulsionante e condições de processo (agitação, temperatura,
técnica de emulsificação). Microemulsões transparentes podem ser obtidas
utilizando componentes que produzam fases aquosa e oleosa de mesmo índice
de refração ou ajustando as condições de processo para reduzir o tamanho das
partículas a tamanhos menores que o comprimento de onda da luz (geralmente
menor que 0,05 µ), onde não há refração sendo possível obter a transparência.

No caso das emulsões brancas ou leitosas, a aparência que agrada o consumidor


é aquela branca brilhante. Emulsões opacas e sem brilho podem induzir a idéia de
pobreza de composição ou de qualidade, ou ainda com problemas de processo.
Bolhas de ar também conferem um aspecto negativo ao creme.

III.1.2. Características físicas das emulsões: reologia e viscosidade


O comportamento reológico das emulsões é muito importante tanto com relação a sua
influência na aceitabilidade do consumidor, como do seu impacto no processo de
fabricação e estabilidade da emulsão. Estudos reológicos relacionam-se ao material que
está sendo deformado ou forçado a fluir. Emulsões podem ser fluidos espessos ou finos,
pastas ou géis e geralmente apresentam comportamento não-Newtoniano, ou seja, sua
viscosidade é dependente da taxa de cisalhamento. Sendo assim, para medida de
viscosidade das emulsões, devem ser muito bem estabelecidas a temperatura, o tipo e a
haste do viscosímetro, velocidade e tempo de cisalhamento.
Os fatores que contribuem para a viscosidade das emulsões são:
• viscosidade da fase externa;
• razão fase interna/ fase externa;
A viscosidade aparente da emulsão aumenta com:
• aumento da quantidade da fase interna;
• determinado tipo de fase oleosa ( álcoois cetílico e estearílico,
vaselina sólida, ésteres de ácidos graxos );
72
• adição de agentes espessantes da fase externa ( gomas, géis );
• incorporação de ar, proveniente de excesso de agitação, embora aeração da
emulsão seja um aspecto negativo com relação a aparência da emulsão;
• redução no tamanho de partícula da emulsão ou redução na
aglomeração das partículas. Por outro lado a viscosidade diminui com:
• aumento da quantidade da fase externa, que normalmente é água;
• aumento da quantidade de emulsionantes;
• adição de solventes polares (álcool, acetona), pois reduz a água
disponível nas interfaces e leva a instabilidade;
• redução da viscosidade da fase contínua no caso de emulsões A/ O.

A viscosidade da emulsão também pode ser utilizada como um


critério para a sua classificação:
• cremes: são emulsões de média a alta viscosidade e geralmente
apresentam viscosidade acima de 20000 cP na temperatura de 25ºC.
• loções: apresentam valores médios de viscosidade entre 2000 a 20000
cP. Apresentam maior capacidade de escoamento que os cremes.
• leites: apresentam muito baixa viscosidade, geralmente de 100 a 2000 cP. Este tipo de
emulsão apresenta maiores problemas de separação de fases devido a baixa viscosidade.

Geralmente cremes para pele seca a extra seca possuem alta viscosidade com grande
quantidade de matéria graxa, enquanto que aqueles para pele oleosa apresentam menor
viscosidade ou são formulados na forma de loções ou géis de baixa viscosidade. Emulsões
para limpeza de peles secas são loções de baixa viscosidade, porém com grande conteúdo
de óleos, enquanto que para pele oleosa, são géis a base de tensoativos com maior poder
detergente. Hidratantes para pele normal possuem viscosidade intermediária entre aquela
destinada a pele seca e para pele oleosa.

III.1.3. Características físicas das emulsões: tamanho das partículas da fase dispersa

O tamanho das partículas da emulsão está relacionado com o método de preparo, agitação,
diferença de densidade entre as fases e quantidade e tipo de tensoativo usado. Entretanto,
também é de importância a homogeneidade no tamanho das partículas.

O tamanho da partícula da fase dispersa ou interna da emulsão diminui com o aumento da


agitação, o que pode ser favorável para maior estabilidade da emulsão. Quanto maior o
tamanho das partículas, maior é a tendência a coalescência e separação de fases.

Normalmente o formulador avalia visualmente o tamanho de partícula das emulsões através


da análise de aparência do creme. Equipamentos disponíveis são os contadores de
partículas que tem por princípio a incidência de raio lazer sobre uma solução da emulsão,
com medida do número de partículas para cada tamanho através da luz refratada. Desta
forma pode ser obtida a curva de distribuição do tamanho das partículas da emulsão.

73
III.1.4. Características físicas das emulsões: pH
Pode ser determinado em solução aquosa e geralmente seu valor
depende da finalidade do produto.

III.1.5. Características físicas das emulsões: dureza


O penetrômetro é geralmente o equipamento utilizado para avaliar a dureza das emulsões,
principalmente na forma de pasta. Consiste na medida da penetração de um cone de aço de
tamanho e peso conhecidos, sob condições controladas de temperatura.

III.1.6. Características físicas das emulsões: densidade

A medida de densidade da emulsão pode ser relacionada ao controle da


aeração do produto, ocorrida durante o processo de fabricação, o que também
pode influenciar no envase do produto. Geralmente é utilizado um picnômetro.

III.2. Características de aplicação das emulsões: sensorial ou toque


Para o consumidor os cremes e loções cremosas devem ter pouca ou nenhuma pegajosidade e
exalar odor agradável durante a aplicação e deixar na pele a sensação de maciez aveludada,
sem causar irritação. A sensação ao tato deixada por uma emulsão é muito influenciada pelo
tipo e quantidade do emoliente que está sendo utilizado na formulação. A presença de colágeno
natural solúvel, hidrolisados de proteínas e outras substâncias que ajudam a reter água,
prolongam a sensação de hidratação e formação de filmes superficiais.

A quantidade e a composição da fase oleosa da emulsão influenciam na sua


classificação, muito embora o tipo de emoliente utilizado seja determinante:
• emulsões com sensação pesada ou gordurosa são aquelas com conteúdo de fase
oleosa acima de 20%. São destinadas a aplicação em peles secas e extra secas;
• emulsões médias contem de 10 a 20% de fase oleosa. São
geralmente destinadas a aplicação em peles normais;
• emulsões leves contem menos de 10% de fase oleosa. São
geralmente destinadas a aplicação em peles oleosas.

III.2.1. Características de aplicação das emulsões: direcionamento do produto


As características desejáveis de uma emulsão também podem ser
estabelecidas de acordo com o direcionamento dado ao produto quanto:
• ao tipo de pele: oleosa, normal, seca ou mista. Dependendo do tipo de
pele será feita a escolha do tipo e quantidade do emoliente, de acordo
com seu toque seco ou oleoso e a escolha dos princípios ativos.
• parte do corpo onde será utilizado o produto, estabelecendo-se assim emulsões para
o rosto, olhos, corpo, mãos, desodorantes, condicionadores de cabelos. A área de
aplicação influencia diretamente a escolha dos componentes da formulação.
• efeito sobre a pele: hidratação prolongada, efeito de barreira ( resistente a
água por exemplo ), refrescante e liberação controlada de ativos
• finalidade de uso: também influencia diretamente a escolha dos componentes da
formulação.
1. emulsão de limpeza da pele: onde os componentes com ação de remoção da
sujeira e de toque agradável e refrescante desempenham importante função;

74
2. emulsão hidratante: onde a escolha dos emolientes, umectantes
e princípios ativos é importante;
3. emulsão nutritiva: onde os emolientes, umectantes e princípios
ativos com ação nutritiva desempenham papel importante.
4. Além desses tipos é encontrado também as emulsões de protetores
solares, antiperspirante, bactericida, condicionamento para os cabelos,
loções repelentes de insetos, medicamentosa, onde cada uma delas
contem os componentes específicos para atender o atributo estabelecido.

III.3.Estabilidade das emulsões: testes


Há dois mecanismos básicos de instabilidade de emulsões:
• “creaming” que corresponde a formação de uma camada oleosa
na superfície da emulsão;
• quebra da emulsão que corresponde a separação em fases distintas.
Esses mecanismos já foram discutidos anteriormente com relação ao efeito dos
emulsionantes na estabilização da emulsão. Sendo assim serão abordados os testes para
determinação da estabilidade da emulsão. Uma emulsão estável é aquela que mantém a
quantidade de fase oleosa dispersa na fase contínua, ou vice versa, mesmo quando
submetida a tensões decorrentes de temperatura, agitação e gravidade [ 12, 20 ].

Durante o desenvolvimento do produto cosmético emulsionado, após a definição da


formulação, torna-se difícil para o formulador aguardar 2 a 3 anos de estocagem para
determinar o prazo de validade do produto e avaliar a compatibilidade da emulsão com a
embalagem. Dessa forma, os testes de estocagem acelerada tornam-se uma ferramenta útil
para o formulador. Como nenhum produto pode ser isolado do seu meio ambiente, a
influência de fatores como reações de hidrólise dos tensoativos em valores de pH muito
altos ou baixos, variação de temperatura, luz ( processos fotoquímicos ), vibração
mecânica, ar atmosférico, contaminação microbiológica e interações do produto com a
embalagem, não podem ser ignorados em qualquer avaliação de estocagem. Alem disso, a
instabilidade da emulsão pode ocorrer ainda, devido à inversão de fases provocada pela
perda de água e conseqüente variação da relação entre as fases dispersa e contínua.

Os testes acelerados mais comuns utilizados para emulsões são citados abaixo.
• Centrifugação: normalmente são realizados em duas temperaturas, ambiente e 40ºC,
velocidade de 4000 por 30 minutos ou 6000 rpm por 20 minutos. Baixos níveis de
afloramento ou sedimentação podem até serem aceitáveis. Nessas condições pode-
se prever uma estabilidade para a emulsão de 16 semanas em repouso;
• Variação de temperatura: geralmente realizados em estufas, geladeira e temperatura
ambiente. Alguns testes mais comuns utilizados são:
1. estufa a 45ºC por 1 semana: é um teste de curto prazo para avaliar separação de fases
em maiores temperaturas. Temperaturas elevadas diminuem a viscosidade da fase
oleosa e alteram a solubilidade relativa dos emulsionantes em ambas as fases. A escolha
do emulsionante que atue por impedimento estérico ou cargas elétricas e sua quantidade
apropriada são recursos válidos para se obter maior estabilidade;
2. geladeira a +5ºC por 1 semana: é um teste de curto prazo para avaliar a formação
de cristais de gelo em baixas temperaturas. A escolha do emulsionante e
quantidade apropriada são recursos válidos para se obter maior estabilidade;
3. Ciclos de temperatura ( 3 ciclos ): 24h na temperatura ambiente,
24h a +5ºC e 24h a 45ºC;
75
4. Estufa à 37 - 40ºC por 30 a 90 dias: é um teste acelerado por um
prazo mais longo e geralmente realizado após a definição da
estabilidade da formulação nos testes de curto prazo;
5. Estufa a 45 - 50ºC por 30 dias: maior stress por um longo prazo.
• Teste de vibração: muitas vezes o produto cosmético é estável quando
submetido aos testes acima, porém durante o transporte, as vibrações
provocam separação de fases. Estas condições podem ser simuladas em um
banho maria com agitação na temperatura de 45 ºC por períodos de 1 a 6 horas.
• Testes microbiológicos: o controle microbiológico durante o desenvolvimento do
produto é realizado na forma de desafio microbiano com determinado número e tipos
de microorganismos (bactérias e fungos ) por 28 dias a fim de se avaliar a efetividade
do sistema conservante utilizado. Após essa definição o controle microbiológico
rotineiro dos lotes produzidos e se possível das matérias primas sujeitas a
contaminação se faz necessário principalmente para avaliar se as normas de limpeza
e sanitização dos equipamentos estão sendo cumpridas adequadamente. A
organização mundial de saúde recomenda o controle de microorganismos máximo de
100/ g ou ml para produtos em geral e de máximo de 10/ g ou ml para produtos
infantis e área dos olhos. Para fungos e microorganismos patogênicos o resultado
deve ser isento. A análise é realizada por aproximadamente 5 dias.
• Estabilidade na presença de luz: geralmente o produto é submetido a
luz do sol quando em embalagens transparentes. Alguns equipamentos
tais como aqueles com lâmpadas de infra- vermelho simulam a luz do sol.

O formulador deve estar ciente que nenhum teste acelerado deve eliminar o
acompanhamento do produto durante o seu prazo de validade ( shelf life ) na
condição ambiente, de tempo em tempo pré-estabelecido e mantendo determinados
tipos de análise tais como medidas de aparência, odor, pH, viscosidade, teor de
água, microbiologia e outras propriedades julgadas necessárias.

Para determinação do prazo de validade os fabricantes geralmente utilizam


condições de estocagem acelerada tais como as citadas abaixo para
garantir 2 anos de estabilidade na embalagem estipulada para o produto.

• estufa a 50ºC durante 3 meses;


• estufa a 45 ºC por 18 semanas;
• estufa a 40ºC durante 6 meses

IV. Principais problemas e correções.


Os principais problemas que ocorrem na emulsão podem ser divididos em três categorias:

IV.1. Problemas no desenvolvimento da emulsão: ocorrem geralmente na escala


laboratorial. Estão relacionados principalmente a:
• separação de fases.
• viscosidade alta.
• viscosidade baixa
• falta de opacidade ( emulsão fica transparente )
• falta de brilho: brilho,
• sensorial . A seleção adequada do emoliente direciona o sensorial
para toque seco ou oleoso. É melhor medir o sensorial da emulsão
2 dias após o preparo visto que o sistema está em acomodação.
76
1.Sensorial oleoso
2.Sensorial seco
3.Sensorial muito refrescante (aquoso ) e pouco hidratante,
4.Sensorial pegajoso
5.Formação de espuma branca durante a aplicação,

IV.2. Problemas no processo de fabricação da emulsão: ocorrem geralmente na escala


piloto e/ ou industrial. Estão relacionados principalmente a:

• separação de fases
• viscosidade baixa ou alta
• aeração
• falta de brilho

IV.3. Problemas durante a estocagem da emulsão (shelf life): podem ocorrer durante o
desenvolvimento ou após o teste industrial. Estão relacionados principalmente a:

• perda ou aumento de viscosidade


• alteração de aspecto
• ressecamento da emulsão
• separação de fases
• perda do princípio ativo
• alteração de odor

77
LOÇÃO HIDRATANTE OIL FREE PARA PELE OLEOSA

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 1,0 Agente de consistência
Base autoemulsionante não iônica 2,0 Emulsionante
(éster/ ácido graxo etoxilado)
Arlacel 165F ou Cosmowax FT
Álcool estearílico 15 PO (Arlamol 2,0 Emoliente/ agente espalhante
E)
Dimeticone 1,0 Emoliente
FASE B:

Propilenoglicol 1,0 Umectante


EDTA Dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Carcomer 940 ( Carbopol 940) 0,2 Espessante
Água 50,0 Veículo
FASE C:

Ácido hialurônico (1% de ativo) 8,0 Hidratante


Goma xantana 0,2 Estabilizante/ Espessante
Água 25,0 Veículo
FASE D:

Trietanolamina 0,15 Agente neutralizante


Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 Umectante
Água 7,55 Veículo
FASE E:

D-Pantenol 0,2 Vitamina


Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante
parabenos
Imidazolinidil uréia 0,1 Conservante
Acetato de alfa-tocoferol 0,5 Vitamina E anti-radicais livres

Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Separadamente, dispersar a FASE B sob


forte agitação até completa dissolução do Carbomer 940. Aquecer a FASE B
até 70 - 75ºC. Sob agitação, adicionar FASE B sobre a FASE A. Resfriar até
40ºC. Incorporar a FASE C sobre a mistura das FASES A e B. Misturar a FASE
D e incorporá-la na formulação. Adicionar os componentes da FASE E.

78
LOÇÃO HIDRATANTE PARA PELE NORMAL

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 1,5 Agente de consistência
Base autoemulsionante não iônica 3,0 Emulsionante
(éster/ ácido graxo etoxilado) Arlacel
165F ou Cosmowax FT
Álcool estearílico 15 PO (Alkomol 2,0 Emoliente/ agente espalhante
E)
Ciclometicone 1,5 Emoliente
FASE B:

Propilenoglicol ou Polietilenoglicol 1,0 Umectante


400
EDTA Dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Carbomer 940 ( Carbopol 940) 0,2 Espessante
Água 50,0 Veículo
FASE C:

Goma xantana 0,1 Estabilizante/ Espessante


Água 25,0 Veículo
FASE D:

Trietanolamina 0,2 Agente neutralizante


Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 Umectante
Água qsp Veículo
FASE E:

D-Pantenol 0,3 Vitamina


Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante
parabenos
Imidazolinidil uréia 0,1 Conservante
Acetato de alfa-tocoferol 0,5 Vitamina E anti-radicais

livres
Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Aquecer a FASE B até 70 - 75ºC. Sob agitação,
adicionar FASE B sobre a FASE A. Resfriar até 40ºC. Separadamente, dispersar
a FASE C sob forte agitação até completa dissolução do Carbomer 940.
Incorporar a FASE C sobre a mistura das FASES A e B. Misturar a FASE D e
incorporá-la na formulação. Adicionar os componentes da FASE E.

79
CREME HIDRATANTE PELE SECA

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 3,5 Agente de consistência
Base autoemulsionante não iônica 7,5 Emulsionante
(éster/ ácido graxo etoxilado)
Álcool cetoestearílico com 20 EO 0,3 Emulsionante
Esqualano 3,5 Emoliente
Lactato de cetila 2,5 Emoliente
Palmitato de octila 4,0 Emoliente
Miristato de miristila 2,0 Emoliente
Óleo de amêndoa 2,0 Emoliente
Vaselina sólida 2,0 Emoliente
Álcool estearílico 15 PO 3,5 Emoliente/ agente espalhante
Silicone copoliol 3,0 Emoliente
Metoxicinamato 1,0 Filtro solar
BHT 0,05 Antioxidante
FASE B:

Propilenoglicol 1,0 Umectante


EDTA dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Trietanolamina 0,15 Agente neutralizante
Sorbitol 70% USP ou glicerina 1,0 Umectante
Carbomer 940 0,2 Espessante
Água 75,0 Veículo
FASE D:

Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante


parabenos
Imidazolinidil uréia 0,1 Conservante
Goma xantana 0,2 Estabilizante/ Espessante
Água q.s.p. Veículo
FASE E:

D-Pantenol 0,2 Vitamina


Acetato de alfa-tocoferol 0,5 Vitamina E anti-radicais livres
Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Aquecer a FASE B até 70 - 75ºC. Sob agitação,
adicionar FASE B sobre a FASE A. Resfriar até 40ºC. Separadamente, dispersar
a FASE C sob forte agitação até completa dissolução do Carbomer 940.
Incorporar a FASE C sobre a mistura das FASES A e B. Misturar a FASE D e
incorporá-la na formulação. Adicionar os componentes da FASE E.

80
CREME HIDRATANTE PARA PELE EXTRA SECA

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 8,0 Agente de consistência
Óleo mineral 3,0 Emoliente
Álcool estearílico 15 PO 2,0 Emoliente/ agente espalhante
Dimeticone 1,0 Emoliente
Álcool cetoestearílico com 20 EO 2,5 Emulsionante
FASE B:

Propilenoglicol 2,0 Umectante


EDTA dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Água 60,0 Veículo
FASE C:

Uréia 10,0 Umectante


Água 11,0 Veículo
FASE D:
Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante
parabenos
Imidazolinidil uréia 0,1 Conservante
Acetato de alfa-tocoferol 0,5 Vitamina E anti-radicais livres
Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Aquecer a FASE B até 70 - 75ºC. Sob agitação,
adicionar FASE B sobre a FASE A. Resfriar até 40ºC. Separadamente, dispersar
a FASE C até completa dissolução da uréia. Incorporar a FASE C sobre a
mistura das FASES A e B. Misturar a FASE D e incorporá-la na formulação.

81
LOÇÃO HIDRATANTE PARA O CORPO

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Ácido esteárico 0,4 Emulsionante
Trietanolamina 0,2 Neutralizante do ácido esteárico
Palmitato de isopropila 2,0 Emoliente
Monoestearato de glicerila a 40% 5,0 Agente de consistência
Óleo mineral 2,0 Emoliente
Álcool estearílico 15 PO 2,0 Emoliente/ agente espalhante
BHT 0,05 Antioxidante
FASE B:

Propilenoglicol ou 2,0 Umectante


polietilenoglicol 400
EDTA dissódico 0,1 Seqüestrante
Água 60,0 Veículo
FASE C:

Água fria q.s.p.100 Veículo


FASE D:

Ciclometicone 1,0 Emoliente


Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante
parabenos
Imidazolinidil uréia solubilizada 0,1 Conservante
em um pouco de água
Acetato de alfa-tocoferol 0,5 Vitamina E anti-radicais livres
Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer ácido esteárico, palmitato de isopropila e trietanolamina à 60 - 65 °C e


homogeneizar por 10 minutos. Incorporar os demais componentes da FASE A e
aquecer até 70 - 75ºC. Aquecer a FASE B até 70 - 75ºC. Sob agitação, adicionar
FASE B sobre a FASE A. Homogeneizar por 10 minutos e incorporar lentamente
a FASE C. Incorporar um a um os componentes da FASE D.

82
LOÇÃO DE LIMPEZA FACIAL

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 2,0 Agente de consistência
Óleo mineral 15,0 Emoliente/ agente espalhante
Tween 60 1,5 Emulsionante
FASE B:

Propilenoglicol ou Polietilenoglicol 4,0 Umectante


400
EDTA Dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Goma xantana 0,1 Estabilizante/ Espessante
Carbomer 940 ( Carbopol 940) 0,2 Espessante
Água 50,0 Veículo
FASE C:

Fragrância 0,1 Perfume


Composto de fenoxi etanol e 0,1 Conservante
parabenos
Imidazolinidil uréia 0,1 Conservante
Cocoamidopropil betaína 5,0 Tensoativo
FASE D:

Trietanolamina 0,2 Agente neutralizante


Água qsp Veículo

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Separadamente, dispersar o carbopol na água


e adicionar goma xantana sob agitação. Incorporar os demais componentes e
aquecer a FASE B até 75 a 80ºC, mantendo agitação lenta. Sob agitação,
adicionar FASE B sobre a FASE A e agitar por 10 minutos. Resfriar até 40ºC e
incorporar a fase 3. Separadamente, solubilizar a trietanolamina na água e
incorporar no produto, mantendo agitação por mais 5 a 10 minutos.

83
TONICO DE BELEZA FACIAL

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Água 50 Veículo
Tween 327 1,0 Tensoativo
Cloreto de Benzalcônio 0,3 Bactericida
D-pantenol 0,2 Vitamina
FASE B

Lanolina etoxilada com 75EO 0,5 Emulsionante


Água 20 Veículo
EDTA 0,1 Seqüestrante
Corante q.s.p. Apelo estético
FASE C

Água 30 Veículo
Uréia 2,0 Umectante
FASE D:

Fragrância 0,1 Perfume


Tween 20 2,0 Emulsionante

Misturar todos os componentes da Fase A. Separadamente, fundir a lanolina etoxilada a 50 -


60ºC e adicionar os demais componentes, mantendo agitação. Adicionar Fase B sobre Fase
A. Solubilizar a uréia na água e adicionar na formulação. Separadamente, misturar os
componentes da Fase D e adicionar na formulação. Homogeneizar por 5 minutos.

84
LOÇÃO HIDRATANTE PARA O CORPO

Componentes Composição (%) Função


FASE A:
Álcool cetoestearilico 30/ 70 3,0 Agente de consistência
Vaselina líquida 2,0 Emoliente
Álcool estearílico 15PO 3,0 Emoliente/ agente espalhante
Fluido de silicone 200/350 0,5 Emoliente/ agente espalhante
Glicerina 3,0 Umectante
Propilparabeno 0,05 Conservante
Tween 80 1,9 Emulsionante
Span 60 0,8 Emulsionante
FASE B:

Propilenoglicol ou Polietilenoglicol 2,0 Umectante


400
EDTA Dissódico pó 0,1 Seqüestrante
Metilparabeno 0,15 Conservante
Água 50,0 Veículo
FASE C:

Carbomer 940 ( Carbopol 940) 0,08 Espessante


Hialuronato de sódio (solução 1%) 3,0 Umectante/ Hidratante
Água 25 Veículo
FASE D:

Trietanolamina 0,07 Agente neutralizante


Água qsp Veículo
FASE E

Fragrância 0,1 Perfume

Aquecer a FASE A até 70 - 75ºC. Separadamente, aquecer FASE B até 70 -


75ºC. Sob agitação, adicionar FASE B sobre a FASE A e agitar por 5 minutos.
Resfriar até 40 ºC. Separadamente, dispersar o carbopol na água, incorporar
o hialuronato e adicionar sobre a formulação sob agitação. Misturar a FASE
D e incorporar na formulação. Manter agitação por mais 5 a 10 minutos e
incorporar a essência, mantendo agitação por mais 5 a 10 minutos.

85
Emulsões aniônicas: loções para o corpo e mãos

Fase Oleosa (70°C) %


Óleo mineral 6,0
Ácido esteárico 3,0
Álcool ceto-estearílico 1,0
Lanolina anidra 1,0
Propilparabeno 0,1
Fase Aquosa 1 (70°C)
Trietanolamina 1,0
Ägua 34,5
Propilenoglicol 3,0
EDTA dissódico 0,1
Metilparabeno 0,1
Corante q.s.
Fase Aquosa 2 (Fria)
Água 50,0
Fase Final
Fragrância 0,2

O emulsionante dessa emulsão O/ A é o sabão de ácido esteárico com


trietanolamina, o qual não pode ser processado a frio. Outros componentes como
álcool cetoestearílico e lanolina também são sólidos e devem ser fundidos.

Dessa forma para a preparação dessa emulsão, a fase oleosa é


aquecida a 60 °C por 20 minutos, elevando-se a temperatura para 70°C.
Aquecer a fase aquosa a 70°C e adiciona-la sobre a fase oleosa de
modo a formar a emulsão concentrada. A emulsão concentrada é
então resfriada a 50 °C e incorporado água fria e o perfume.

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