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A REVOLUÇÃO DOS RICOS

Péricles Rocha

Qual foi a maior importância da Revolução industrial na história humana?

Antes de lembrar a definição mais simples “Revolução Industrial foi a introdução de novas tecnologias
(máquinas) e novas fontes de energia (vapor, eletricidade) no sistema produtivo”, vamos refletir.

Qual a primeira consequência de colocar máquinas a fazer o trabalho humano? O fato de que as máquinas
fazem mais ligeiro.

E qual a importância de fazer mais ligeiro? Certamente não é a melhor qualidade visto que um produto
artesanal pode ser muito melhor que um produto feito pela máquina. Então qual a vantagem de fazer mais
ligeiro? O fato que isso representa que se faz mais, em maior quantidade, aliás bem maior quantidade a
partir de que as máquinas são aperfeiçoadas indefinidamente e, por isso, sempre fazendo mais e melhor.

Então, a pergunta mais importante: qual a importância de se fazer com a máquina e novas fontes de
energia, consequentemente, mais rápido e em maior quantidade? A possibilidade de ganhar mais dinheiro.

Ulalá... eis o mistério da industrialização.

A Revolução Industrial foi uma revolução nas possibilidades de ampliação dos lucros.

Antes da revolução industrial os horizontes da riqueza eram bem mais modestos. O rico era rico mas não
era imponderável. As peças de Shakespeare no século XVII eram vistas no mesmo teatro por pobres e ricos.
Aliás, eles se conheciam. A diferença era que os pobres levavam as próprias cadeiras de casa.

Depois da Revolução industrial a possibilidade de lucrar e fazer fortuna se ampliou dramaticamente. O rico,
ficaria tão rico que se tornaria invisível ao pobre.

Se antes fazendo 10 chinelos por dia o dono dos instrumentos e do capital ficava satisfeito se vendesse 8,
depois da revolução, podendo fazer mil por dia, a venda tinha que ser compatível com a produção e
consequentemente o dono das máquinas e do capital não se conformaria em vender 8 e ser rico, iria
querer vender mil e ser milionário.

O trabalho industrial para funcionar, precisava de mão de obra abundante, matéria-prima mais barata
possível e gente que comprasse. Gente, muita, muita gente, pois as máquinas, precisam de gente para
opera-las.

Desde o seu primeiro estágio, no século XVIII, a indústria resolveu o problema da mão de obra,
transformando artífices em operários. Milhares, milhões de trabalhadores braçais foram enredados nas
engrenagens que lhe tiraram os instrumentos e lhe deram um salário.

Para garantir a abundância da oferta de mão-de-obra e assim barateá-la, houve uma pequena revolução na
agropecuária inglesa com os enclousures que, a partir da produção intensiva demitiu milhares, liberando-
os para o trabalho nas cidades.

Os segredos do processo da feitura do produto se perderam do antigo artesão com a máxima


especialização, que ao mesmo tempo que tornava tudo mais rápido, escondeu do simples trabalhador o
segredo do preço final do todo.

O artesão que antes, com seus instrumentos fazia todo o sapato, agora trabalhava numa sessão que fazia
apenas a sola, por exemplo, e só sobre sola ele entendia e era especialista.
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Dessa forma embora a produção tenha se multiplicado a riqueza não foi do estado e de seus cidadãos, mas
apenas dos proprietários das máquinas e das fábricas, portanto, uma revolução dos ricos.

CONGRESSO DE BERLIM, O CONGRESSO DA MORTE

Em sua primeira fase (século XVIII), a Revolução Industrial esteve restrita à Inglaterra, mas, na segunda fase
(século XIX) ela se expandiu para outros países europeus, além dos Estados Unidos na América e Japão, na
Ásia.

A velocidade e o volume da produção multiplicaram-se por variáveis até então, impensáveis.

A concorrência também.

Impulsionada pelos avanços da tecnologia se produzia todo o essencial e já entrava-se no supérfluo. Nunca
se necessitou tanto vender e faturar.

Na segunda metade do século XIX a Europa parecia uma panela de pressão. Inglaterra, França, Alemanha,
Bélgica, Itália, já eram o que se poderia considerar, potencias industriais.

O mundo ficava cada vez menor para o alcance de seus lucros e a competição entre eles ameaçava a
própria paz no continente.

Assim, a África, a Ásia e a Oceania, tornaram-se objetivos a serem conquistados. De lá poderiam vir
matéria-prima por um preço muito mais barato se fossem geridas pelos próprios europeus, em vez de,
simplesmente importadas. Além disso, os povos desses continentes poderiam também representar
consumo garantido de seus produtos e mão de obra baratíssima se os produtos fossem feitos lá mesmo, na
área de origem da matéria-prima.

Tudo muito parecido com a colonização da América entre os séculos XVI e XIX, e por isso, os livros de
história registram esse pérfido plano de exploração com o nome de “neocolonização”.

Até mesmo o cinismo da justificação se repetia, apenas mudando a roupagem.

Enquanto a justificativa para a ocupação das terras dos povos ameríndios e o massacre dessa gente era de
que o Europa estava levando a religião cristã e as verdades de Deus através da salvação pela evangelização,
agora, a justificava era de que os nobres povos da Europa estavam levando aos infelizes da África, da Ásia e
da Oceania, o progresso da ciência e da tecnologia.

A Europa jurava promover a evolução econômica dessas regiões mais pobres e a isso chamavam
“Darwinismo social”. Mas ocultavam que na verdade promoviam a exclusão, a destruição de culturas, as
guerras e a morte.

Entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885 os países imperialistas da Europa organizaram um Congresso
da ganância e da perversidade, que iria dividir entre eles as “terras a serem conquistadas” a ferro e fogo.
No Congresso de Berlim a África foi dividida entre eles como fatias de pão.

Diferenças étnicas e culturais dos povos africanos foram desconsideradas e a nova geografia que os
europeus criariam dariam origens as Guerras tribais fratricidas que até hoje infelicitam gerações desses
povos.

Já, na América, recém descolonizada, o processo foi mais político do que militar.

O capital europeu invadiu o continente em busca de mão-de-obra barata e consumo.

Na América, portanto, não se formaram Impérios, mas se promoveu o poder empresarial que
denominamos de “imperialismo”.
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Enquanto isso, os Estados Unidos, única nação industrializada do Continente trataria de expulsar a Espanha
de Cuba e das Filipinas, reorganizando sua área de influência.

O mundo inteiro parecia um enorme mercado para uma burguesia que, de diferentes matizes nacionais,
não parava de enriquecer às custas do sangue e das lágrimas dos não-industrializados.

A fome por lucros jamais estava saciada e os povos pobres foram sugados até o bagaço como laranjas de
suco.

O pesadelo de alguns era o sonho dourado de outros poucos.

O que jamais o empresário europeu e seus sócios, os governantes de seus respectivos países poderiam
imaginar é que, esse macabro banquete de exploração iria leva-los ao mais terrível de seus pesadelos.

A Primeira Guerra Mundial, que mataria mais do que qualquer outra guerra até então, seria apenas uma
consequência da ganância sem freios e sem limites.

QUANDO PÁTRIA E LUCRO SE CONFUNDEM

O enriquecimento dos ricos com a revolução industrial parecia infindável.

Alimentava essa ideia o constante aperfeiçoamento das máquinas e consequente crescimento da produção
e a inquestionável dominação da África e da Ásia a partir de ações políticas e invasões militares garantindo
acesso à matéria-prima mais barata e mão-de-obra abundante.

O crescimento dos lucros parecia sem limites.

Nunca os ricos foram tão ricos e a segunda parte do século XIX foi chamada de “La Belle Époque”, a Bela
Época. Uma bela época para quem tinha a propriedade das máquinas e do capital, mas, não para os pobres
e explorados.

Mão de obra infantil, exploração do trabalho feminino, ausência garantias (não havia jornada de trabalho
definida, nem licença-saúde, repouso remunerado ou férias estabelecidas) e salários miseráveis, faziam da
vida do operário um drama de horror.

Entretanto, na virada do século XIX para o XX, as nuvens negras que pairavam sobre a geopolítica europeia
já eram bem visíveis.

Levados ao extremo da concorrência as grandes potências desconfiavam umas das outras.

A saturação do mercado a partir do crescimento da indústria alemã com uma produção que primava pela
qualidade levava a um estado de excitação que provocava sentimentos revanchistas e ódios nacionalistas.

Cada vez ficava mais claro para empresários e governantes que apenas uma guerra seria capaz de
redimensionar o mercado e reorientar o eixo do poder econômico.

O primeiro passo para a guerra foi convencer os povos que a guerra era uma necessidade de todos.

A guerra um ato de extrema violência e barbárie passou a ser francamente defendida pela mídia, pela
publicidade e mesmo, por intelectuais.

Na Inglaterra se dizia “a vida de todo cidadão britânico será melhor no dia que a Alemanha for aniquilada”.

Bancos e empresas adquiriram ares ufanistas, como se o lucro do capital privado significasse
desenvolvimento público.

Amor à pátria, nacionalismo, independência foram conceitos utilizados à exaustão.


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Se não era necessário muito esforço para convencer homens a morrer em defesa do território agredido por
um invasor, era necessária a construção de um cenário mentiroso para convencer a morrer... por nada.

E assim, o miserável e massacrado operário, em pouco tempo repetia o discurso das elites.

O passo seguinte foi o estabelecimento de alianças que aproximariam nações que apesar de ódios antigos
enfrentavam no mercado os mesmos rivais.

De um lado Inglaterra, França e Rússia de outro Alemanha, Áustria-Hungria e Itália/Turquia.

Tudo pronto faltava o fato que desse início aos combates.

Como causa real não houvesse foi criado um e o assassinato de um político (o arquiduque da Áustria), um
crime tão comum que o assassino já estava na cadeia menos de 12 horas após o atentado, foi feito de
gatilho.

Encantados com o progresso industrial dos equipamentos bélicos vendia-se a ideia de que a Guerra seria
rápida e quase indolor, fazendo com que jovens iludidos partissem para o campo de batalha sorridentes
como quem sai de férias escolares, mas retornará a tempo da volta às aulas.

Por mais de quatro anos, de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918, desenrolou-se o pior dos
pesadelos já sonhado por qualquer europeu.

Chamada na época de “A Grande Guerra” mais tarde de “I Guerra Mundial” a carnificina ceifou milhões de
vidas e poderia se chamar de “A Guerra da Concorrência de Mercado”.

Pela primeira vez foram usados submarinos, aviões e armas químicas.

Milhões morreram no mar, no ar, na superfície e nas profundezas de trincheiras cavadas na terra.

Milhares de cegos, perdas de controle de movimentos, loucura e inutilizados por efeito de gazes no
sistema nervoso central.

A Europa dizimada e mutilada nunca mais seria a mesma e a Bela Época tornou-se apenas uma vaga
lembrança diante da época da dor.

A Revolução dos Ricos levara o mundo para a Guerra dos Ricos, mas, os mortos foram os jovens pobres,
operários e filhos de pobres.

Tudo em nome da pátria... na verdade, do capital.

Enquanto a morte, a dor e o desespero foram de todos, o enriquecimento jamais deixou de ser de alguns.

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