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“Luto contra o mundo, e o mundo contra mim”

“Durma sobre a terra, e ela lhe revelará segredos”


“Pássaros da mesma plumagem sempre estão juntos”
“Não há viajante mais poderoso que o vento”
“A saliva prepara a lìngua para falar melhor”
“É preciso saber nadar e ainda guardar a roupa”
“O homem é livre como um pássaro enjaulado”
“Quem não quiser ser pisoteado pelo cavalo, que saia de sua frente”
“Ìfá não se rende a calamidades”

Osa meji

1
Îsá Meji

Îsá Meji vem para o àiyé e traz Ìyàmi Òñòròngá consigo Òrìñànlá cria Ìkú
Îsá salva seu pai dos feitiços da mãe
Îsá Meji se livra de uma calúnia
Îsá é obrigado a fugir de Ìfû
Îsá Meji faz ëbö para conseguir uma esposa
Îsá vai viver numa aldeia de feiticeiros
A mulher de Îsá Meji lhe fazia feitiços
Îsá vai do aviso de morte para a prosperidade
Îsá cria Ìfá para os dezesseis grandes reis iorubanos
Îsá descobre a causa de seus problemas
Òdu dá a Öbàtàlá o pano de Egún
A primeira oferenda feita a Ìyàmi
Ìyàmi Àjý persegue Öbàtàlá
Quando se começou a usar aves como oferendas
A raça branca vem ao àiyé
Yewère, aquele que castiga os corruptos
Îrúnmìlà adquire imunidade contra doenças recorrentes
Ejipabilèse ìgi faz ëbö para obter honra e reconhecimento
Algodão faz ëbö para vencer seus inimigos
Îrúnmìlà oferece ötí a seus perseguidores
Carneiro morre de câncer
Surge a primeira colina
Ògún e sua esposa se maltratavam mutuamente
Öbàtàlá posiciona a vagina no corpo feminino
Cego e Aleijado se curam de suas moléstias
Îñun tem que deixar seu filho com Yemöja
Os Òrìñà passam a montar seus devotos
O algodão vem para o àiyé
Îrúnmìlà é testado por um rei
Îrúnmìlà torna-se um Ömö Àgàdà
O granjeiro invejoso
Ejìogbè, o médico salva Ñàngó de feitiços
O chifre que ajuda a ter filhos
Îrúnmìlà casa-se com Oluyëmi, filha de Olófin
Cachorro não faz ëbö por ire ìlera
Inútil, que só vivia em conflitos
A relação entre caráter, paciência e bênçãos
Pîîkï adquire ire ömö
As bênçãos de Pequena Palmeira

2
Îsá Meji

Essência

a) Aqui nasceu a atmosfera; os ventos; o algodão; a raça branca; as colinas; o transe gerado por Òrìñà; a sinusite; a glândula
adenoide; o escambo; o veneno das aranhas; os glóbulos vermelhos, o àñë de Ñàngó; os músculos; os ruminantes; os intestinos, o
abrir dos olhos; a amígdala; as saudações entre pessoas; a artrite; os pólipos; o olor da vulva; a cerimônia de assentamento de
Òrìñà; o intercâmbio de Òrìñà.

b) Kafere fun Îrúnmìlà, Ìyàmi, Öbàtàlá, Èñù, Ògún, Ìyá Òdu, Öya, Àgànjú, Ñàngó, Olókun, Ògbe, Ògún, Òñàògiyàn, Olófin

c) Îsá é o Odù que ensina que tudo o que vemos no àiyé é apenas um reflexo das realidades do îrun.

d) Îsá Meji está relacionado aos ventos, erupções e outros fenômenos naturais que não raro modificam a face da terra.

e) Îsá Meji representa as grandes transformações pelo qual o planeta passou. Ele narra o nascimento das colinas, das correntes de
ar, entre outras coisas. Essa é uma das razões desse Odù estar associando à mudanças, movimento e dinamismo. Da mesma forma
que o àiyé deixou de ser uma planìcie sob a “vigìlia” desse Odù, a vida da pessoa para quem esse Odù se manifesta tende a mudar
radicalmente. Îsá inspira mudanças da qual não podemos evitar ou fugir. A questão aqui é adaptar-se para continuar crescendo e se
desenvolvendo, apesar das mudanças.

f) Aqui Îrúnmìlà foi aceito na sociedade Ëgbû balògún, sociedade dos possuidores de espadas. Ìfá nos fala sobre a associação a
sociedades de caráter esotérico, sejam elas secretas ou não.

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Em ire

a) Se a manifestação desse Odù em ibi expressa para a possibilidade de desnorteamento, a lógica diz que a manifestação em ire do
mesmo em ire aponta para norteamento, ou correta compreensão de onde se está, e para onde se vai. É preciso salientar aqui que
embora tenha complicado consideravelmente sua situação no àiyé ao negar-se a fazer as oferendas necessárias que auxiliariam em
seu sucesso, Îsá passa a fazer uso constante das mesmas para se livrar com sucesso das complexas e perigosas situações com o
que se deparou. Ou seja, em ire podemos considerar que a manifestação de Îsá nos mostra um caminho adequado à resolução de
nossos conflitos ou problemas mais emergenciais.

b) Quando em ire, Îsá Meji é pronuncio de vida longa. Embora seja certo que passaremos por situações perigosas sob a influência
desse Odù, também é certo que delas sairemos ilesos, se fizermos as oferendas prescritas e seguirmos à risca os conselhos de Ìfá.

c) Ìfá revela que Îsá Meji foi um excelente awo, que possuía vários clientes e que por isso mesmo atingiu considerável prosperidade
em sua vida. Esse Odù fala sobre excelência profissional e os frutos positivos dessa situação. Não faltarão oportunidades de
crescimento e prosperidade àqueles que, sob a influência desse Odù, seguirem à risca os conselhos de Ìfá. É necessário salientar que
a virada positiva na sorte de Îsá ocorreu depois que ele recebeu sentença de morte de alguns feiticeiros. Ou seja, todo o potencial
de crescimento e boa sorte desse Odù parece ser incrementado por desafios ou dificuldades. Não desistir, ter fé, desenvolver ìwa
pûlû e fazer as oferendas prescritas formam o caminho que certamente conduzirão à vitória e abundância a pessoa para quem esse
Odù se manifesta. Por último, é preciso salientar que as oferendas realizadas por Îsá propiciavam Èñù, Îrúnmìlà e Olókun; ou seja,
essas divindades têm grande influência na manifestação de bênçãos desse Odù.

d) Sob a influência de Îsá Meji, Ìfá nos fala que poderemos ser agraciados com uma situação consideravelmente positiva que a
princípio estaria nos caminhos de outra pessoa. Aqui o instrumento Ñûkûrû acabou enriquecendo pelas graças de Ajé, quando tudo
levava a crer que outros instrumentos é que obteriam tal bênção. Ìfá nos orienta a fazer ëbö e estarmos sempre preparados, pois só
assim conseguiremos aproveitar uma oportunidade inusitada para a prosperidade. O simples fato de Ajé estar presente nos
caminhos desse Odù pode ser considerado como um forte e abençoado presságio de riquezas.

e) Como será visto mais à frente, Îsá em algumas situações pode representar a possibilidade de se perder uma posição adquirida. O
fato a ser considerado aqui é exatamente o exposto. As Divindades masculinas detinham o poder sobre a Ancestralidade, mas ess e
poder perdeu-se quando Ìyá Òdu apoderou-se dos panos de Egún. Sábia e pacientemente Öbàtàlá readquire esse poder. Ou seja, a
manifestação desse Odù em ire aponta para a possibilidade de se readquirir um poder ou posição então perdidos. As chances de
sucesso nesse pormenor serão incrementadas se Öbàtàlá e Egún forem adequadamente propiciados.

f) Nesse Odù, Îrúnmìlà casa-se com uma das filhas de Olófin, o que lhe garante prestígio e oportunidades de crescimento e
prosperidade. Ìfá nos fala aqui sobre a possibilidade de realizarmos um casamento que atraia bênçãos semelhantes para nossa vida.

g) Aqui o Algodão, originalmente inofensivo, adquire os espinhos que garantem sua proteção. Esse Odù também narra a situação em
que Okè (A Divindade) manifestou-se para proteger aqueles que lhe fizeram oferendas. Como será visto, Îsá Meji é um Odù de
inimigos, mas quando em ire, Ìfá nos fala sobre ìñègún öta (vitória sobre inimigos).

h) Se as técnicas oraculares apontarem para a manifestação de ire ömö, Ìfá nos avisa que a criança que nascer terá consigo a
capacidade de fazer uma grande diferença em seu meio. Foi nos caminhos desse Odù que a raça branca veio à existência, e de
acordo com a narrativa do ìtan, esse inusitado nascimento provocaria profundas mudanças no mundo. Talvez por isso a raça branca
seja a responsável pelas grandes mudanças, tanto culturais como tecnológicas que caracterizam a existência nesse mundo. Como
“filhos” às vezes representam realizações, também é possìvel que algo que nasça de nossas ações ou decisões possua esse carát er
reformador que a raça branca simboliza nesse Odù.

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i) Um dos personagens desse Odù fez ëbö para conseguir fama e fortuna, e foi agraciado com tais bênçãos. Mas há vários fatores
citados no ìtan que merecem destaque. Primeiro Ìfá nos avisa que infelizmente haverá quem não aprecie nossas ações e se sinta
inclinado a nos criticar, praticamente não considerando nossas virtudes ou boas ações. Ìfá diz que não devemos nos deixar levar por
críticas, principalmente se tranquilamente percebemos que as mesmas são tendenciosas ou desprovidas de bom senso. Ìfá diz que a
dedicação a um determinado trabalho (ou arte) favorecerá para que fama e fortuna chegue em nossos caminhos. Por último , é
imprescindível salientar que o personagem do ìtan foi aconselhado a propiciar seus Ancestrais. Ou seja, além de seguirmos os
conselhos de Ìfá no que diz respeito a comportamento, também é essencial que façamos as oferendas prescritas à nossa
Ancestralidade. O conjunto dessas ações certamente favorecerá para que a bênção de fama e fortuna se manifeste em nossa vida.

j) Foi nos caminhos de Îsá Meji que o Algodão (um personagem) veio ao àiyé. Da maneira que Ìfá expõe a situação devemos
considerar que consideráveis bênçãos se manifestarão na vida da pessoa para quem esse Odù se manifesta, desde que ela se
comprometa a desenvolver o nobre caráter ( ìwa pûlû) e propicie Èñù e Öbàtàlá com generosas oferendas. O ìtan diz que Algodão
buscava por prosperidade e reconhecimento, e tudo isso ele conseguiu devido sua associação com Öbàtàlá, que o escolheu para
confeccionar suas roupas. Ou seja, as oportunidades de bênçãos matérias serão consideravelmente favorecidas se nos associarmos a
pessoas de caráter, fama e poder, tal qual representa Öbàtàlá nesse contexto. Èñù merece destaque nessa situação por ter sido ele
que apresentou Algodão a Öbàtàlá.

l) Îsá Meji nos fala sobre ire iñë (bênçãos profissionais). Aqui Îrúnmìlà teve seu àñë testado por um rei, mas assim que mostrou-se
exímio babalawo, teve seu poder e conhecimento reconhecidos, o que lhe rendeu excelentes oportunidades profissionais. O sucesso
no âmbito profissional será testado, mas ao demonstrarmos nossos valores, estaremos ao mesmo tempo garantindo consideráveis
bênçãos nesse aspecto de nossa vida.

m) Aqui um caçador abateu um grande animal, mas várias coisas aconteceram depois disso, e ele só pode vender os chifres do
animal abatido. Isso foi suficiente para ele resolver seus problemas, e também o de muitas outras pessoas em sua cidade. Ìfá nos
avisa que às vezes as coisas podem não sair exatamente como gostaríamos, mas isso não significa que uma situação esteja perdi da,
ou que não podermos mais tirar nenhum proveito da mesma. Esse Odù fala sobre a necessidade de avaliar danos, pois do meio de
perdas podemos retirar algo que nos favoreça consideravelmente no futuro.

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Em ibi

a) De todos os aspectos negativos de Îsá Meji, certamente sua relação com as Àjý é o que mais merece destaque. A manifestação
desse Odù em ibi apontará quase sempre para problemas relacionados ao poder destrutivo representado pelas Anciãs da Noite.
Assim sendo, feitiços, maldades, perseguições, ingratidões e diversos outros problemas relacionados à mulheres devem ser
considerados nessa ocasião. De uma forma mais ampla, podemos considerar que infelizmente teremos que lidar com inimigos
poderosos, que não hesitarão em nos prejudicar se tiverem oportunidade para tal.

b) Textualmente Ìfá nos revela que foi a opção por não fazer as oferendas prescritas que colocou Îsá em rota de colisão com Àjý. O
texto diz que “Èñù não pôde ajudá-lo; Ìfá não pôde guiá-lo; Orí não pôde salvá-lo”. Assim sendo poderìamos considerar o
desnorteamento como uma das características negativas desse Odù. A recusa em fazer oferendas, e num plano mais amplo, de
seguir os conselhos de Orí, certamente terá como resultado a incapacidade de discernir entre quais caminhos seguir para nos
conduzir às nossas realizações pessoais.

c) Ìfá nos revela que numa determinada situação, Îsá teve que abandonar os planos que possuía em relação a vencer e prosperar
na cidade de Ìfû. A recusa em fazer as oferendas prescritas foi a causa dele se deparar com obstá culos intransponíveis. Em outra
ocasião, Îñun deve que deixar seus filhos com Yemöja, pois não tinha condições de cria-los adequadamente. Similarmente Ìfá nos
aconselha a prepararmos com sabedoria os passos que desejamos dar, para que não sejamos obrigados a desistir de nossos planos.
Preparação, prudência, previdência e ëbö são as armas que Ìfá nos oferece para aumentar consideravelmente nossas chances de
sucesso numa nova empreita. O insucesso de Îsá em Ìfû também pode representar consideráveis dificuldades em terras distantes.

d) O ditado popular “fez a fama, deite na cama” é perfeitamente aplicável a esse Odù, pois houve uma ocasião em que, por estar
sempre ligado a questões de feitiçaria, Îsá foi injustamente acusado por outro de causar a morte dos filhos de outro Odù. Só após
complexas oferendas ele pode provar sua inocência, mas não sem antes ser levado a juízo. Em outra ocasião, um babalawo foi
acusado de matar algumas crianças, mas era totalmente inocente na situação. Ìfá nos aconselha a realizarmos as oferendas que
forem necessárias a fim de evitar calúnias ou problemas judiciais. Se tal negatividade já for uma realidade, nesse caso as of erendas
em questão poderão diminuir consideravelmente a extensão de nossos problemas ou prejuízos. De uma forma g eral, calúnias e
acusações indevidas estarão presentes quando Îsá se manifestar em ibi.

e) Numa determinada ocasião, Îsá sofreu sérias e indevidas ocasiões por parte de uma mulher que ele ajudou a dar à luz. Ìfá nos
aconselha aqui a sermos cuidadosos, pois poderemos receber a ingratidão como pagamento por nossa bondade e prestabilidade.

f) Îsá Mèjì nos fala sobre acidentes domésticos ou situações similares. Por quebrar um determinado objeto na casa de uma Àjý, Îsá
foi perseguido e tal situação quase lhe custou a vida. Ìfá nos fala sobre a quebra acidental de algum objeto consideravelmente
importante, e da falta que tal objeto pode fazer em nossa vida.

g) Ìfá nos revela que após começar a fazer suas oferendas regularmente, Îsá acabou descobrindo que sua esposa era a principal
causa de seus problemas, pois o prejudicava através de feitiços e más vibrações. Essa característica de Îsá Méjì pode ser um indício
de que, de uma maneira ou de outra, nossa vida possa passar com problemas devido a ação de nosso cônju ge. Mesmo que as
técnicas oraculares eliminem a possibilidade de feitiços, ainda sim seria prudente considerar a hipótese de que algo na
espiritualidade de nosso companheiro de uma maneira ou de outra nos atrapalhe. Se Ìfá confirmar essa possibilidade, então
deveremos seguir seus conselhos para saber o que deve ser feito para remediar essa complexa situação.

h) Ìfá nos fala aqui sobre uma pessoa nova, que devido sua idade não tem as opiniões consideradas pelos mais velhos. É óbvio que
além da idade física, também poderemos considerar aqui tempo de serviço, em instituições, escolas, etc.

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i) Ìfá nos avisa que Ìkú estará perigosamente ativo quando Îsá Meji se manifestar em ibi. Esse Odù apareceu para alguns reis,
avisando-os sobre uma mortandade iminente. Os reis em questão foram aconselhados a fazer ëbö, mas negaram-se a fazê-lo. É
óbvio que Ìkú chegou e levou consigo vários parentes dos reis. Além dos óbvios perigos representados por Ìkú, há de se considerar a
tendência a não ouvir avisos sobre perigos quando esse Odù se manifesta.

j) Ìfá revela que os pais de Îsá viviam em constante conflito, e que sua mãe era uma grande Àjý. Foi o próprio Îsá que acabou
salvando seu pai de ser morto pela esposa. Ìfá nos fala aqui sobre alguém cujos pais vivem em desarmonia, e sob a considerável
possibilidade desse relacionamento terminar em divórcio ou tragédias.

l) Como será visto no capítulo que trata sobre comportamento, Îsá Meji fala sobre o desejo de justiça, ou no mínimo sobre o desejo
de que as coisas sejam bem feitas por parte daqueles que detêm o poder. Mas o ponto a ser destacado aqui é que um dos
personagens desse Odù era considerado um caçador de corruptos, e suas atividades levaram seus inimigos a atacarem sua família.
Ìfá nos aconselha a sermos extremamente cuidadosos, para que nossa cruzada por justiça não atraía infelicidade para aqueles a
quem amamos.

m) Îsá Meji é o Odù que narra a “montada” do Òrìñà em seu devoto. Dentro do contexto do ìtan, pode-se supor algumas
dificuldades na relação pais e filhos, sendo os filhos rebeldes ou pouco abertos a ação ou orientação de seus pais, devendo portanto
os pais se imporem em certos momentos, pois não haverá outra forma de ajudar seus filhos ou impedirem que os mesmo se
prejudiquem consideravelmente. Outra possibilidade interpretativa para o ìtan sugere que a iniciação para Òrìñà seja necessária, a
fim de gerar ao futuro devoto as condições adequadas ao seu desenvolvimento e consequente felicidade.

n) Aqui os inimigos de Ñàngó lhe mandaram muitos feitiços, e foi através do auxílio de Ògbe (uma Divindade que faz parte do
fundamento de Ñàngó) que ele conseguiu se livrar dessa complicada situação. Ìfá deixa claro aqui que os inimigos tentarão nos
prejudicar de várias maneiras, e a movimentação de energias astrais será uma delas. Portanto devemos fazer as oferendas
adequadas para nos livrarmos de feitiços, maldições, etc.

o) Aqui um filho de Òñàògiyàn comete um crime, e tem que fugir e se refugiar na casa de Îrúnmìlà para escapar das consequências.
Sob esse aspecto, Îsá Meji pode indicar a presença de um foragido, ou pode também ser um aviso de que se não houver
autocontrole, alguém poderá cometer um crime e depois terá que fugir das consequências.

p) Aqui um babalawo ganhou como presente um cesto de àkàrà, mas muitos problemas aconteceram em sua vida devido a esse
presente. Ìfá nos avisa que nossos inimigos poderão usar presentes com tática para nos prejudicar, por isso devemos desconfiar de
presentes ofertados por pessoas que nunca demonstraram grande afeição por nós.

q) Aqui um caçador abateu um grande animal na floresta, mas infelizmente não pôde tirar proveito da carne da caça. Ìfá nos orienta
a fazermos as oferendas necessárias para que possamos colher os frutos de nosso esforço; para que situações inusitadas não no s
obriguem a “voltarmos para casa de mão abanando”.

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Comportamento

a) Como já foi visto, Îsá Meji é universalmente conhecido por sua complicadíssima relação dom as Àjý. Por essa situação ser citada
várias vezes ao longo do corpo literário de Îsá Meji, há o risco de se banalizar a influência negativa de Àjý nesse Odù. Esse seria um
perigoso erro, pois Àjý representa uma situação complexa e de grande potencial destrutivo. A postura de “tudo bem, é só fazer ëbö”
deveria ser evitada, pois tão importante quanto “se limpar” de tais influências e enxergar os motivos ou fatores que tornaram
possível sua manifestação. Assim agindo, poderemos entender as causas que trouxeram o poder destrutivo de Àjý a nossos
caminhos, o que nos dará a possibilidade de evitar tais situações no futuro.

b) Ludibriar Ìyàmi com o olor de uma oferenda foi o meio encontrado por Îsá para escapar da mesma. Alguns autores dão ao
próprio nome “Îsá” a tradução de “Ele foge”. Nas outras oportunidades em que teve novos problemas com as Àjý, Îsá fez uso do
ëbö e da paciência para escapar ileso de tão perigosas situações. De qualquer forma, a maneira que Îsá lidou com seu problema é
um sinal que a simples confrontação não é o caminho mais adequado, visto que as chances de sermos prejudicados por um poder
superior ao nosso é considerável.

c) Ìfá diz que Îsá poderia ter recebido auxílio e proteção de Èñù para enfrentar todas as dificuldades que não encontrou no àiyé, mas
a ausência de oferendas a esse Òrìñà tornou duto mais difícil. Mais à frente, Ìfá nos revela que Èñù aprontou das suas para forçar
Îsá a lhe fazer as devidas oferendas. Só depois disso é que o auxílio tão importante se manifestou, e finalmente Îsá pode resolver
complicadíssimas situações de sua vida. Ìfá nos aconselha a comprimirmos nossas obrigações assim que elas se manifestarem. O ato
de deixar as coisas para depois, ou simplesmente não realizar o que deve ser realizado terá uma influência consideravelmente
negativa em nosso futuro. Presteza para realizar as obras necessárias constitui sabedoria nos caminhos desse Odù.

d) Como já foi visto, Îsá Méjì é Odù de acusações falsas e indevidas. Ìfá aconselha ao caluniador que seja muito cauteloso e se
abstenha de tal comportamento, pois aqui a mulher que acusou Îsá de quebrar um objeto de feitiços não pode sustentar suas
acusações perante provas legítimas da inocência de Îsá, e por isso mesmo foi sentenciada à morte. Ìfá fala sobre um destino de
tragédias à pessoa que optar por agir de forma indigna e realizar falsas acusações a pessoas inocentes.

e) Ìfá revela que a esposa de Îsá complicava sua vida através de feitiços e más vibrações. Depois que Îsá fez as oferendas
prescritas para resolver essa situação, sua esposa foi tomada por um desejo irresistível de lhe expor a verdade, mesmo correndo o
risco de sofrer reprimendas de seu marido. Mas o que de fato aconteceu foi o perdão de Îsá, e finalmente eles puderam viver em
paz e prosperidade. Sob esse ponto de vista, Îsá Meji pode ser um indício sobre a necessidade de arrependimento. É possível que
alguém carregue consigo o peso de seus erros, e se Ìfá confirmar essa possibilidade interpretativa, a vida dessa pessoa só vai se
organizar quando ele expor seu arrependimento e se expor às consequências de seus atos.

f) É importantíssimo salientar que, apesar de lidar constantemente com conflitos, feitiços e acusações, Îsá mantinha-se controlado e
predisposto à resolução pacífica de seus conflitos. Em outra ocasião, um dos personagens narrados por esse Odù é aconselhado a
abandonar as constantes discussões que mantinha com alguns opositores, e por não ouvir os conselhos de Ìfá a doença se instalou
em sua família. Esses aspectos de Îsá Meji evidenciam que é melhor encontrar maneiras pacíficas e construtivas de lidar com
conflitos, do que simplesmente se entregar à tentação do revide. Visto por esse prisma, é possível considerar Îsá Meji como um Odù
que aponta para a comunhão, paciência e tolerância como um fator de controle de conflitos e crises, e também como uma maneira
de criar meio propício à manifestação de posteriores bênçãos.

g) Como já foi visto, houve uma ocasião em que alguns reis não seguiram os conselhos de Îsá, e o resultado de tal atitude foi a
morte precoce de muitos parentes dos reis. Ìfá nos inspira aqui a sermos atenciosos aos conselhos alheios. Não devemos nos deixar
levar pelas aparências externas daqueles que nos aconselham, e sim no teor do conselho em si. É preciso salientar que os cons elhos
do ìtan não foram seguidos por que os reis acreditaram que o sacerdote que os dera era por demais jovem.

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h) O conceito “saiu do fogo para a frigideira” deve ser considerado quando Îsá se manifesta, especialmente em ibi. Esse Odù, após
escapar de Ìyàmi Òñòròngá, escolheu o primeiro ventre que encontrou para encarnar, e o ventre em questão pertencia a uma Àjý!
Como já foi visto, Îsá fazia escolhas ruins para sua sorte por estar desnorteado; e ele estava desnorteado por ter se negado a fazer
as oferendas prescritas no îrun quando desejou vir ao àiyé. Por “fazer ëbö” também devemos subentender a necessidade de darmos
os passos necessários em nome da própria felicidade. Ou seja, a conjunção de oferenda negligenciada e más decisões certamente
nos conduzirão ao um círculo crescente de perigos ou dificuldades desnecessárias.

i) Ìfá nos avisa que não passaremos por essa vida sem recebermos notícias ruins; e essas mesmas notícias terão o poder de abater
nosso ânimo. Foi isso que aconteceu com Îsá, quando foi avisado que os feiticeiros, parentes de sua esposa, se esforçariam para
mata-lo através de feitiços. Îsá deixou-se abater, e esse estado mental certamente favoreceria a ação de seus inimigos, se alguns
irmãos em Ìfá de Îsá não o ajudassem. Ìfá diz que por mais preocupantes que algumas notícias possam ser, não podemos perm itir
que as mesmas nos abatem ou paralisem, pois aqui recebemos a orientação de que “ Ìfá não se rende a calamidades”; ou seja, por
mais grave que uma situação possa ser, Ìfá certamente mostrará algo que possa ser feito a respeito.

j) Um dos ìtan de Îsá Meji narra a história de alguns músicos, quando foram se apresentar para um rei. A esses músicos foi
orientado fazer ëbö para que tudo corresse bem. Eles disseram que o convite já estava feito, logo não havia razões para uma
oferenda, e negaram-se a fazê-lo. É óbvio que tudo deu errado. Ìfá nos fala aqui sobre a tendência em deixar de realizar oferendas
(e por extensão, fazer esforços) para atingir objetivos que à primeira vista já pareçam alcançados. Só será seguro considerar a
manifestação de uma bênção quando a tivermos em mãos; até que isso aconteça é mais do que necessário continuar a fazer os
esforços requeridos para de fato ter acesso às bênçãos em questão. Contar previamente com uma situação benéfica parece ser um
perigoso comodismo quando esse Odù se manifesta. O ideal é continuar fazendo tudo o que estiver a nosso alcance, até que as
bênçãos tornem-se palpáveis.

k) É nos caminhos desse Odù que Ìfá nos ensina que tanto o mal quanto o bem realizados receberão suas consequências. Assim
sendo, é uma atitude sábia agir de maneira bondosa, pois assim estaríamos nos desviando de sofrimentos inerentes às
consequências do mal, e também nos colocando em harmonia com os caminhos que manifestarão as consequências do bem. Por
mais óbvia que tal informação possa ser, o vivenciar esse ensinamento (ao invés de apenas conhece-lo intelectualmente) pode ser a
diferença entre um destino abençoado ou repleto de dificuldades. Abdicar ao mal e praticar o bem; essa talvez seja a essência
comportamental inspirada por Îsá Meji.

l) Em uma de suas máximas, Îsá Meji ensina que “Aquele que possui demasiado poder, cedo ou tarde dele abusará”. Aqui Ìyá Òdu
recebeu um grande poder de Olódúmarè, talvez o maior poder entre todas as Divindades. Mas ela cometeu abusos, não respeitou
limites, e acabou perdendo a supremacia sobre os panos de Egún. Ìfá nos aconselha a, quando em posse de poder ou influência,
agirmos com cautela, bondade e responsabilidade, para que não aconteça das pessoas passarem a nos ver com maus olhos e a
desejar que percamos nosso poder ou posição. Também será prudente considerar outra possibilidade interpretativa, na qual
poderemos nos deparar com uma pessoa poderosa e intransigente, aqui simbolizada por Ìyá Odù.

m) Como já foi visto, Îsá Meji é um Odù de conflitos, mas que paradoxalmente nos inspira a agirmos de maneira conciliadora. Aqui
Öbàtàlá agiu com sabedoria e paciência para recuperar o poder de Egún, que estava sob o domínio de Ìyá Odù. Ìfá nos avisa que
poderemos nos deparar com uma situação em que um poder maior que o nosso nos oprimirá; mas apesar dessa desconfortável
situação, a melhor maneira de agir é simbolizada pela ação de Öbàtàlá, ou seja, com calma, paciência e espírito conciliador. Essa
atitude, apoiada pelas oferendas prescritas, certamente favorecerá o gerenciamento de complexas ou graves crises interpessoais. Ìfá
ensina aqui que o desejo por justiça só será saciado através da paciência, merecimento e ëbö.

n) Îsá Meji é o Odù Ìfá que ensina sobre a importância de se respeitar a figura feminina em qualquer situação da vida. Ìfá ensina
aqui que é graças a mulher que existimos, por isso devemos reverenciá-la. A simples manifestação desse Odù muitas vezes implica
em oferendas a uma ou mais Divindades femininas.. No que diz respeito a comportamento, a aparição de Îsá Meji implica em

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atitudes reverenciais e imbuídas de gratidão para com as mulheres que fazem parte de nossa existência. Paradoxalmente, a rela ção
desse Odù com as Àjý aponta para a possibilidade de desenvolvermos atritos com figuras femininas. Essa característica de Îsá Meji
mais uma vez evidencia a profunda sabedoria de Öbàtàlá, que quando em crise com Ìyá Òdu, ao invés de confrontá-la, ele buscou
um caminho conciliador, apoiado por suas oferendas. Talvez esse mesmo espírito de harmonia seja a melhor maneira de lidar com os
atritos com o poder feminino que certamente estarão presentes de esse Odù se manifestar em ibi.

o) Ainda sobre o mito dos panos de Egún, é importante destacar que Öbàtàlá readquire o poder sobre a Ancestralidade masculina
não apenas por que fez ëbö, mas também por que seu desempenho sob as roupas de Egún convenceu Ìyá Òdu de que ele era mais
apto do que ela para esse “trabalho”. Ou seja, o desempenho pessoal (profissional ou não) é o que garantirá, junto com o ëbö, que
uma oportunidade de fato se converta numa duradoura bênção. Aqui, a oportunidade deve encontrar o talento, para que a
prosperidade se manifeste.

p) A presença marcante de Ìyàmi e Egún faz desse Odù um arauto da Ancestralidade. Sua manifestação sugere a necessidade de
fortalecer os vínculos entre o indivíduo e seus Ancestrais, pois de tais vínculos certamente se manifestarão consideráveis si tuações
positivas.

q) Um dos personagens narrados em Îsá Meji merece destaque, especialmente devido ao que vivemos nos dias atuais. Esse mesmo
personagem era conhecido por caçar e punir corruptos. Ìfá nos inspira aqui a abandonarmos situações ilícitas, principalmente
aquelas que se encaixam no perfil de corrupção. De acordo com a essência do ìtan, serão mais do que consideráveis as chances de
punição àqueles que optarem por esse caminho imoral.

r) Îsá Meji foi o Odù que narrou os motivos que levaram Òrìñànlá a criar Ìkú. Na ocasião, os homens não morriam, mas essa
situação não lhes favorecia a evolução, nem a humanidade se preocupava em realizar oferendas ou crescer espiritualmente.
“Motivada” pela morte, a humanidade começou a dar mais importância à vida. Ìfá nos fala aqui sobre poderes reguladores; sobre
forças da natureza ou da sociedade que nos forçam a fazer o que é certo, principalmente quando nos deixamos dominar pela
indolência. Outra possibilidade interpretativa sugere que ao cumprir nossos deveres, nos desviamos de sofrimentos ou retaliações a
princípio desnecessários.

s) Aqui as Ìyàmi permitem que os humanos usem seus filhos como ëbö, para que seja possível reorganizar o àiyé. Ìfá nos fala sobre
renúncia em benefìcio do bem maior. Também é importante salientar que os humanos, antes de imolarem as aves (“filhas” de Ìyàmi)
realizam oferendas com a finalidade de apaziguar “A Noite”, e depois muito respeitosamente expõe seu caso. Esse detalhe do ìtan
pode ser uma alusão há necessidade de tato e diplomacia quando tivermos que pedir um favorecimento a uma pessoa poderosa.

t) Como já foi visto, Îsá Meji é Odù de inimigos, mas também de vitória sobre os mesmo. Aqui o Algodão adquire os espinhos que
contribuem para sua proteção. Podemos então considerar a necessidade da criação ou desenvolvimento dos meios necessários para
a proteção pessoal. É importantíssimo salientar que Îsá é um Odù que desaconselha o embate; logo será imprescindível encontrar o
equilíbrio entre proteção pessoal e agressividade, pois um comportamento belicoso é quase garantia de derrota ou sofrimento
quando esse Odù se manifesta.

u) Uma das personagens narradas por esse Odù fez no îrun um ëbö para ter filhos, mas quando chegou ao àiyé nada aconteceu
como ela previa. Ao invés de se dar por vencida ou começar a duvidar das Divindades ou da capacidade dos sacerdotes, a
personagem voltou a se consultar para saber o que estava acontecendo, e seguiu mais uma vez os conselhos de Ìfá quando foi
orientada a repetir no àiyé as oferendas realizadas no îrun. Pouco tempo depois veio a gravidez. Ìfá nos avisa que poderemos nos
depara com situações frustrantes, onde as coisas simplesmente não acontecerão de acordo com nossas expectativas. A melhor
maneira de agir talvez seja tentar entender a situação por um ângulo diferente, e aí efetuar novos esforços para uma resoluçã o
satisfatória. Deixar-se abater por contrariedades definitivamente não está em harmonia com a essência de Îsá Meji.

10
v) Como já foi visto, Îsá Meji em ibi é presságio de conflitos e inimigos. Nos caminhos desse Odù certa vez Îrúnmìlà teria que viajar
acompanhado por pessoas que não desejavam seu bem, e o conselho de Ìfá foi para que ele conquistasse seus inimigos. Îrúnmìlà
assim o fez, oferecendo rodadas e mais rodadas de cerveja àqueles que não lhe viam com bons olhos. Depois disso , seus inimigos
passaram a vê-lo com outros olhos. Similarmente Ìfá nos orienta a optarmos por atitudes que evidenciem a nossos inimigos que não
lhes desejamos mal; pelo contrário, que estamos ansiosos para que haja harmonia entre todos. Se conseguirmos, através de
atitudes amistosas, mostrar aos nossos inimigos que eles não têm motivos para não nos quererem bem, cedo ou tarde eles
repararão nossas virtudes e desistirão de qualquer ação malévola contra nós.

x) Aqui Îñun teve muitos filhos, mas infelizmente sua vida como mãe aconteceu precocemente, antes que ela tivesse condições de
cuidar de seus filhos adequadamente. Em razão de suas dificuldades Îñun teve que deixar seus filhos com Yemöja, até que pudesse
organizar sua vida. Ìfá nos ensina aqui que para um acontecimento ser considerado uma bênção, é importante que ocorra no
momento apropriado. A precocidade nos trará dissabores, pois é preciso nos prepararmos para aquilo que desejamos ser ou fazer.

y) Îsá Meji é Odù que fala sobre tentativa e erro. Aqui são narradas as várias tentativas de Öbàtàlá em posicionar a vagina no corpo
feminino, até que finalmente ele a posiciona entre as pernas. Ou seja, é possível que nos deparemos com desafios, dilemas ou
situações que nos forcem a agir de uma maneira ou outra. Não gostar ou aprovar nossas primeiras tentativas poderá ser
considerado normal; o importante aqui é a busca pelo aperfeiçoamento, até que as coisas fiquem de uma maneira que nos agrade.
Não desistir e continuar tentando é um comportamento em sintonia com esse Odù.

z) De uma maneira ao mesmo tempo trágica e divertida, Ìfá nos conta a história de dois amigos, Cego e Aleijado, que graças a
situações dolorosas e inusitadas conseguiram se livrar de seus defeitos físicos. O mito em si pode ser visto mais à frente, aqui o
importante é apontar para a possibilidade de situações dolorosas se transformarem em oportunidades maravilhosas para vencermos
ou transcendermos problemas muitos sérios de nossa vida. Assim sendo, a sabedoria nesse Odù consiste, entre outras coisas, de
tentar entender de uma maneira ampla os acontecimentos infelizes de nossa existência, pois não raro os mesmos estarão
oferecendo a dita oportunidade, que se bem aproveitada certamente transformará nossa existência numa experiência muito mais
feliz.

a 1) Aqui Îrúnmìlà foi aceito no Ëgbû balògún, e os ritos de passagem tinham o poder de tirar qualquer homem do sério. Essa era a
sociedade dos possuidores de espadas, ou seja, de homens que andariam armados. A necessidade de demonstrar alto controle entã o
torna-se óbvia. Ìfá nos avisa que haverá momentos de nossa vida em que passaremos por humilhações ou situações semelhantes,
mas será nosso dever manter o autocontrole, pois se assim não o fizermos, correremos o risco de machucar outras pessoas, além de
atrair consideráveis sofrimentos para nós mesmos.

b 1) Ìfá avisa à pessoa maldosa, que foi capaz de levar um inocente à prisão ou a um julgamento, que desista imediatamente de
seus intentos, pois as Divindades defenderão o inocente e revelarão os verdadeiros culpados. A pessoa inocente deverá fazer a s
oferendas necessárias para que a verdade venha à tona, e o verdadeiro culpado deve se redimir o quanto antes, pois a justiça das
Divindades o tem em mira.

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Saúde e bem estar

a) Ìfá nos aconselha a sermos cuidadosos com nossa pele. Numa determinada situação, Îsá teve a pigmentação de sua pele
alterada por ter entrado em contato com matérias de feitiços. Numa abordagem mais prática e moderna dessa situação, poderemos
nos deparar com acidentes ou doenças que mudem (para pior) as características de nossa pele.

b) Uma das características desse Odù e a relação entre doenças e um comportamento agressivo. Um dos personagens desse Odù é
aconselhado a parar de brigar, mas não seguiu os conselhos de Ìfá. Como consequência, toda sua família adoeceu. Há tempos já se
sabe que alterações de humor estão diretamente relacionadas à predisposição para algumas doenças, mas parece que
especificamente nos caminhos de Îsá, a relação entre estados mentais/emocionais e doenças é ainda mais estreita.

c) Aqui o Cão nega-se a fazer ëbö por boa saúde, acreditando que a saliva em sua boca seria suficiente para trazer-lhe bem estar.
Ìfá nos fala aqui de desleixo em relação à própria saúde, ou no melhor dos casos, sobre um conhecimento inadequado de
tratamentos. É desnecessário abordar as consequências de tal ignorância.

d) Ìfá nos aconselha a estarmos atentos a doenças recorrentes. Males que já nos afligiram no passado podem retornar à nossa vida,
trazendo mais sofrimento. Conseguiremos proteção contra essa situação se optarmos por decisões saudáveis e se propiciarmos
Öbàtàlá com uma adiû òpìpì.

e) Foi nos caminhos desse Odù que o Carneiro foi vitimado por uma doença (possivelmente um câncer), por que negou -se a alterar
sua dieta e abandonar o consumo de seu ëwî, assim com Ìfá o aconselhara. Ìfá fala aqui sobre o desrespeito perante o próprio
corpo, pois alguém se alimenta de maneira inadequada, tem consciência disso, mas continua a fazê-lo. Ìfá diz que a manutenção de
tal dieta acabará por minar a saúde do incauto, a ponto de mais nada poder ser feito para salvá-lo.

f) É clássica a relação entre Îsá Meji e doenças psiquiátricas. Esse Odù, por estar associado aos ventos, fala sobre instabilidade
mental.

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Amores e relacionamentos

a) Ìfá nos revela que logo que chegou no àiyé, Îsá estava sozinho, sem uma companheira, e recorreu aos sacerdotes para resolver
essa questão. Îsá Meji é prenúncio de ire àya (bênção de esposas), por isso podemos considerar que a vida amorosa e sentimental
estará em plena “movimentação” quando esse Odù se manifestar. Da maneira que o ìtan expõe a busca de Îsá por uma
companheira, é prudente considerar a importância que um bom casamento terá na estruturação e posterior felicidade da pessoa
para quem esse Odù se manifesta.

b) Uma das circunstâncias mais relevantes da vida de Îsá foi seu casamento com uma Àjý, pois os acontecimentos posteriores a
essa união foram consideravelmente significativos em sua vida, principalmente sob os aspectos negativos. Ìfá nos aconselha a
sermos extremamente cuidadosos na escolha de nossos companheiros, pois são consideráveis as chances de nos associarmos a
pessoas que se encaixem no perfil Àjý/Òñó, ou cuja família possua essa característica; e assim sendo será certo que consideráveis
problemas e quiçá sofrimentos passem a caracterizar nossa vida conjugal.

c) Numa determinada ocasião, Îsá descobriu que sua esposa o atrapalhava através de feitiços. Ìfá nos aconselha a sermos atentos,
pois nosso cônjuge (ou talvez algum aspecto de sua espiritualidade) pode complicar nossa vida significantemente. É importantíssimo
salientar que apesar da gravidade da situação, Îsá não se separou de sua esposa. A possibilidade de perdão deve ser considerada
na situação aqui exposta.

d) Como já foi visto, o primeiro casamento de Îsá era muito complicado, pois sua esposa era uma àjý e esforça-se para prejudica-lo
de várias maneiras. Foi essa mesma esposa que resolveu abandoná-lo, quando Îsá recebeu sentença de morte por parte de alguns
feiticeiros. Nos caminhos desse Odù infelizmente podemos passar por situações semelhantes. Ìfá nos avisa sobre a possibilidade de
sermos prejudicados por nosso cônjuge, ou mesmo abandonados em momentos de consideráveis crises ou perigos. Essa triste
característica de Îsá torna necessário uma prudência extra ao escolher a pessoa com a qual dividiremos nossa vida.

e) Como já foi visto no capítulo que fala sobre ire, esse Odù narra o casamento entre Îrúnmìlà e uma das filhas de Olófin. Esse
casamento trouxe a Îrúnmìlà consideráveis bênçãos e oportunidades. Um casamento com tais características terá maiores chances
de ocorrer se propiciarmos os Òrìñà citados no ìtan.

f) Num dos ìtan desse Odù, Ìfá orienta a Ògún e sua esposa que deixem de se maltratar tanto. Ìfá nos fala aqui sobre turbulências
na vida afetiva, caracterizada por maus tratos de ambas as partes. É importante salientar que no contexto em que tal informação
surge, há uma alusão a positividades ou bênçãos que poderiam se manifestar, mas que não ocorrem devido à situação caracteriza da
por atritos e desrespeitos. Logo, ao casal que insiste em se desrespeitar, Ìfá diz que além das óbvias consequências do desrespeito
(desamor, afastamento, rancores, etc.), também é preciso salientar que tal comportamento afasta bênçãos que poderiam tornar a
vida bem menos difícil.

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Ìfá diz,

- Odù de deficiências genéticas;


- Mulheres dominam os homens. Esse Odù é invocado em magias de amarração ou dominação;
- Rebeldia; revolta.
- Esse Odù fala de falsos amigos.
- Inimigos estarão presente quando Îsá Meji aparecer;
- Esse Odù aponta para a presença de magia negra;
- Îsá Meji dá dinheiro às pessoas perseguidas pela miséria;
- Îsá Meji devolve o mal e persegue os que disseminam a discórdia;
- O filho de Îsá Meji participará do enterro de seus irmãos;
- Îsá Meji fala sobre traições, inveja, viagens, prisão, calúnias e feitiços;
- Aqui nasce a inspiração que chega graças aos espíritos das árvores;
- Há a presença de espíritos obsessores;
- Ìbáwijï;
- Há uma guerra contra uma pessoa poderosa. Sem ëbö não haverá vitória;
- Consideráveis adversidades antes que a vida mude para melhor;
- Esse Odù aconselha a ter calma e não reclamar desnecessariamente;
- Há aspirações que poderão não se concretizar;
- Múltiplos casamentos (relacionamentos);
- Conspirações fracassarão;
- Cuidado com os olhos;
- Acidez vaginal destrói espermatozoides;
- Há um ara îrun que poderá levar a pessoa ao sucesso;
- Mudanças constantes de humor ou temperamento;
- Necessidade de autocontrole;
- Îsá Meji convoca os outros Odù no îpîn no ato do ëbö;
- Îsá Meji fala sobre filhos e riquezas;
- Propensão a viver separado dos filhos;
- Aqui Yemöja zela pelos filhos de Îñun;
- Magia negra;
- O dinheiro chega, mas há perseguição de Òñi;
- Ire àikú. O dono desse Odù sepultará seus irmãos;
- Disfunções menstruais;
- Aqui às vezes é preciso matar, para não morrer;
- Familiares se tornam inimigos;
- Esse Odù assinala a guerra entre um poderoso e uma pessoa comum;
- Roubos no âmbito familiar;
- Antes de um ire se manifestar, ocorrerão três infortúnios;
- É preciso calma antes de protestar;
- Há vários Òrìñà a receber;
- A mulher poderá ter vários maridos;

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- Há quem nos persiga;
- Um dinheiro chegará pelas graças de Ñàngó e Öbàtàlá;
- Um enfermo precisa de ëbö para sobreviver;
- Há uma pessoa cansada de trabalhar;
- Aqui nosso nome vai parar em fuxicos, enredos, etc.
- Aqui os filhos podem ser criados longe dos pais;
- O filho da pessoa para quem esse Odù se apresenta tem assuntos a resolver com Îrúnmìlà;
- Ire mötarì;
- A sorte está cercando;
- Cuidado com quem dormir em sua casa.

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Obras de Îsá Meji

1) Faremos oferendas às Divindades indicadas por Ìfá para que:

- Possamos receber ire àya (bênção de esposas);


- Não sejamos vítimas de falsas acusações;
- Não tenhamos problemas em função de nossas escolhas sentimentais;
- Nossos inimigos não tentem vingança prejudicando nossa família;
- Possamos gozar de boa saúde;
- Possamos contar com o favorecimento de pessoas poderosas;
- Possamos ter abundância de filhos;
- Nossos filhos (ou projetos pessoais) façam uma diferença positiva no mundo;
- Um casal possa reencontrar a harmonia conjugal;
- Dificuldades aparentemente instransponíveis possam ser vencidas;
- Depois de muitos esforços, não voltemos para casa sem colher o que plantamos;

2) Ìyàmi Àjý receberá vísceras de cabra como oferenda, para deixar em paz alguém que está sob sua perigosa espreita.

3) Èñù, Îrúnmìlà e Orí receberão oferendas para nos guiar nesse mundo, nos conduzindo a caminhos de sucesso e nos desviando de
outros que podem nos levar à perdição.

4) Um ògùn será preparado com ovos, folhas e outras substâncias para atrair ire àya (bênção de esposas).

5) Ñàngó (talvez Àirá ou até mesmo Àgànjú) receberão oferendas para nos proteger e abençoar em terras distantes ou em novas
empreitadas.

6) Ûlûgbà, Ìyàmi e Îrúnmìlà receberão oferendas para nos proteger de feitiços, revelar a causa de nossos problemas e gerar
profundo arrependimento na mente de nossos inimigos.

7) Uma simulação de sepultamento deve ser feita para “acalmar” Ìkú. Os elementos para tal ëbö estão expostos no ìtan
correspondente.

8) Ûlûgbà, Îrúnmìlà e Olókun receberão oferendas para nos ajudarem a transformar um momento de crise num início de
consideráveis ganhos e prosperidade.

9) Ajé receberá oferendas para nos agraciar com oportunidades de ganhos e prosperidade.

10) Esse Odù ensina que o ìgbín é a melhor oferenda para acalmar uma pessoa poderosa, que de uma maneira ou de outra tem
influência sobre nossos caminhos. As chances de sucesso nessa questão serão consideravelmente elevadas se Öbàtàlá for
adequadamente propiciado.

11) Um poder (ou posição) perdido pode ser recuperado se Öbàtàlá receber generosas oferendas. Ainda nesse sentido, as mesmas
oferendas nos ajudarão a lidar com situações de tirania ou abuso de poder.

12) Nos caminhos desse Odù se prepara uma magia chamada aköfàde, cuja finalidade é atrair bênçãos, sem a necessidade de
grandes esforços.

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13) Îrúnmìlà e Olófin receberão oferendas para nos abençoar com um casamento que favoreça nosso crescimento e posterior
prosperidade.

14) Uma oferenda será “montada” com algodão, alfinetes, espinhos e outros elementos, a fim de adquirirmos ire ìñègún öta.

15) Egún e Ìyàmi receberão generosas oferendas para nos abençoar com oportunidades de fama e fortuna.

16) Ûlûgbà receberá oferendas para gerar oportunidades de conhecermos pessoas que de diversas maneiras possam favorecer nossa
prosperidade e respeitabilidade.

17) Öbàtàlá receberá oferendas para nos abençoar com oportunidades de prosperidade, reconhecimento, fama e respeitabilidade.

18) Uma adiû òpìpì será oferecida a Öbàtàlá, para que o mesmo nos proteja de doenças recorrentes.

19) Îrúnmìlà receberá oferendas para nos ajudar a conquistar a simpatia nossos inimigos. Uma generosa porção de bebida alcoólica
fará parte da oferenda em questão.

20) Òrìñà Okè receberá oferendas para gerar obstáculos intransponíveis entre nós e nossos inimigos, de tal forma que eles não
possam nos alcançar.

21) Yemöja receberá oferendas para nos ajudar a criar nossos filhos.

22) Öbàtàlá receberá oferendas para nos ajudar a resolver um dilema, ou para nos inspirar a encontrar meios de continuar tentando,
até que as coisas se resolvam a contento.

23) Nos caminhos desse Odù se prepara um unguento que favorece o transe gerado por Òrìñà.

24) Aqui se realiza saraiyëiyë perante Ñàngó com muitos pombos. A finalidade de tal ritual é nos livrarmos de feitiços, más vibrações
ou maldições perpetrados por nossos inimigos.

25) Îrúnmìlà receberá oferendas para nos abençoar profissionalmente.

26) Quando devidamente preparados, os chifres do fundamento de Öya atraem ire ömö.

27) Aqui se faz um preparo para tratar doenças na gravidez. Para isso se usa èso Ajímádùn (um fruto não identificado); orógbó
(GARCINIA KOLA, Gutífera); atàre (AFRAMOMUM MELEGUETA, Zingiberácea - amomo); iñu (DIOSCOREA sp., Dioscoreácea -
inhame); kán-ún bílálà (potássio concentrado). Pila-se os ingredientes com inhame e o potássio concentrado, pronunciando a
encantação. Depois tudo é ingerido com àkàsà quente.

Ajímádùn ó ní kí àrun má dúró s'ára aboyún Ajímádùn diz que a doença não deve ficar no corpo materno
Orógbó gbé àrun kúrò l'ára Orógbó carregue a doença para longe do corpo
Atàre kò taarí àrun kúrò Atàre deve empurrar a doença para fora
Òbulý kò bu àrun kúrò.

28) Aqui se prepara uma magia para reter o sêmen no corpo da mulher (aumentar as chances de concepção). Usa-se ewé áláàrò
mýta (folha de RITCHIEA sp., Capparaceae); ewé iñýdùn (folha de CLERODENDRUM VIOLACEUM, Verbenáceas); egbò òrúwö (raiz de

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MORINDA LÚCIDA, Rubiaceae); ewé ënu òpírè (folha de EUPHORBIA LATENIFLORA, Euforbiácea); oñë dúdú (sabão-da-costa). É
preparado um sabão, ao qual se acrescenta ìyèròsùn. A mulher deve lavar a vagina com esse preparo.

29) Aqui se prepara uma magia para receber favores de Ìyàmi. Usa-se èso àkàrà oñó (fruto de CNESTIS FERRUGINEA, Conarácea);
ewé àjý kòbàlé (folha de CROTON ZAMBESICUS, Euforbiácea). Esses ingredientes serão queimados, e com o pó resultante se marca
o Odù. De vez em quando esse preparo deve ser lambido com azeite de dendê. O encantamento é:

Àjý n ké kára kára Feiticeiras gritam alto


Wïn ní ëyë îrî ló wîlú Elas dizem que o pássaro do mal já entrou na cidade
Àkàrà oñó kì í jý kí àjý kó pá oñó Àkàrà oñó não deixa as feiticeiras matarem o feiticeiro
Àjý kòbàlé ó ní kí ëyë ó má bà lé mi Àjý kòbàlé diz que aquele pássaro não se empoleirará em mim

28) Outro trabalho para receber favores de Ìyàmi é realizado com ewé àsábá (folha não identificada); ewé asofýyëjë (folha de
RAUVOLFIA VOMITORIA, Apocinácea). As folhas serão moídas, e a esse preparo se acrescenta dendê e ìyûfá. Eis o encantamento:

Asofýyëjë bá mi be Ìyàmi àjý Asofýyëjë, ajude-me a pacificar as Ìyàmi, as feiticeiras


Àsábá bá mi bë Ìyàmi àjý Àsábá, ajude-me a pacificar as Ìyàmi

29) Aqui se prepara uma magia para acabar com a ganância de uma mulher (ìpa Ojúkòkòrò). Para tal usa-se ewé olóbòntújû (folha
de JATROPHA CURCAS, Euforbiácea - pinhão); Odidi atàre kan (fruto inteiro de AFRAMOMUM MELEGUETA, Zingiberácea - amomo);
um pinto morto. Tudo deve ser queimado e o Odù deve ser riscado na preparação. A mulher deverá tomar esse preparo com àkàsà
frio.

30) Aqui se prepara um agbò (banho) para tratar dores no corpo. Usa-se ewé ipè erin (folha de ALBIZIA FERRUGINEA, Leguminosa
Mimosóideas); ewé òrí (folha de BUTYROSPERMUM PARADOXUM subsp. PARKII, Sapotácea - limo-da-costa); ewé akéèrí (folha de
HIBISCUS ROSTELLATUS, Malvácea); öñë dúdú (sabão-da-costa). As folhas devem ser piladas junto com o sabão da costa. Eis o
encantamento:

Ipè erin k'ó pa ara ríro Ipè erin, mate as dores do corpo
Òrí máa jý kí á rí ara ríro Òrí, não nos deixe ter dores no corpo
Akéèrí bá mi kó ara ríro lö Akéèrí, ajude-me a levar embora as dores do corpo

31) Oferendas são realizadas às árvores, pois aqui os espìritos que as usam como “morada” inspira m e protegem o homem.

32) Se entrega flores a Yemöja, diretamente nas águas do mar. Nada se pede, apenas se relata nossas dores e sofrimentos. Aqui
Yemöja cuida de nossos sofrimentos e angústias.

33) Îñun receberá oferendas diretamente no rio (ire ìñègún îtá).

34) Îñun e Ñàngó receberão oferendas para nos abençoar com ire ìgbèiyáwò.

35) É preciso fazer oparaldo com preá (espíritos obsessores). O oficiante do rito também deverá se limpar.

18
Îsá Meji vem para o àiyé e traz Ìyàmi Òñòròngá consigo

“Se alguma coisa te morde, fará agora ou no final do ano”;


“Quem come a refeição não pensa no agricultor”;
“A ratazana pode por o gato para correr”;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Îsá Meji,
No dia que ele veio ao àiyé praticar a arte de Ìfá.
Disseram, “Ao chegar ao àiyé, você praticará Ìfá entre as Àjý”;
Disseram, “Ofereça um cabrito para Èñù, uma angola para Ìfá, um pombo a Orí”.
Mas Îsá Meji não fez o ëbö, e rapidamente partiu para o àiyé;
Mas ele não conseguia encontrar o caminho que trazia ao àiyé.
Ele não fez ëbö. Èñù não pôde ajudá-lo;
Ìfá não pôde guiá-lo; Orí não pôde salvá-lo.
Ele ficou perambulando,
Até que encontrou o último rio que existe na fronteira do îrun com o àiyé.
À margem do rio ele encontrou Ìyàmi Òñòròngá, que estava ali já há bastante tempo,
Pois todos os outros Odù Agbà negaram-se a carregá-la ao àiyé.
Quando ela viu Îsá Meji, ela disse, “Por favor, ajude-me a atravessar para o àiyé”.
Îsá olhou para a ponte e disse, “Essa ponte é muito frágil; não aguentará com nós dois”.
Ìyàmi disse, “Deixe-me entrar em sua boca; assim nós dois conseguiremos passar”.
Îsá aceitou, e Ìyàmi posicionou-se em seu estômago.
Quando eles chegaram ao àiyé,
Ìyàmi recusou-se em abandonar o ventre de Îsá.
Ela disse, “Ah! Encontrei uma habitação agradável!”.
Os problemas de Îsá com as Àjý tinham começado.
Îsá disse, “Se você não sair daì, morrerá de fome”.
Ìyàmi disse, “Coração, fìgado e intestinos”;
Ela disse, “Tudo o que eu mais gosto encontrei aqui!”
Então Îsá Meji se preocupou, e foi procurar Ìfá.
Disseram, “Ofereça uma cabra e um pano branco”.
O iyánlè da cabra Îsá preparou rapidamente;
O cheiro da oferenda atraiu Ìyàmi para fora.
Enquanto ela comia o iyánlè, Îsá aproveitou para fugir;
Quando Ìyàmi acabou, começou a procurar por Îsá;

19
Ela disse, “Îsaaaaá, Îsaaaaá!”;
Esse é o grito que Ìyàmi usa para procurar Îsá.
Ela continua procurando por uma habitação agradável até hoje.

Îsá Meji faz ëbö para conseguir uma esposa

Ìfá foi criado para Îsá,


No dia que ela estava perambulando sozinho pelo mundo.
Disseram que ele encontraria uma parceira,
Se fizesse ëbö com duas pombas, dois ìgbín;
Ovos de galinha e ewé biyemè.
Îsá ouviu e fez o ëbö. Com as folhas e os ovos, os awo prepararam ògùn.
Esse foi o ògùn que Îsá comeu para poder ter esposas.
Ìfá fala sobre bênção de esposas quando Îsá Meji aparece.

Îsá é obrigado a fugir de Ìfû

“Rio Silencioso; Sete Pinheiros; Ventos da Noite”;


“Definitivamente, os Ancestrais devem ser reverenciados antes de qualquer coisa”.
Kasakà já kati tisà;
Esse foi o awo que criou Ìfá para Îsá Meji,
Quando ele estava indo a Ìfû para estudar (?).
Ele foi aconselhado a fazer ëbö para que nada o assustasse;
E o forçasse a abandonar seus projetos.
O ëbö era um carneiro e ûdùn ara;
Mas Eji Îsá recusou-se a oferecê-lo.
Quando ele chegou a Ìfû, meteu-se numa briga.
Îsá tentou resistir, mas foi obrigado a fugir.

20
Îsá salva seu pai dos feitiços da mãe

Ìfá nos conta aqui que Îsá conseguiu fugir de Ìyàmi Òñòròngá;
Durante o afã da fuga, Îsá veio ao àiyé;
Ele entrou no primeiro ventre que encontrou.
Há! Ele não tinha feito ëbö ao sair do îrun,
Estava vagando pelo espaço, sem um correto direcionamento;
Nem Ûlûgbà, Ûlûdà ou sequer Orí; ninguém podia guiá-lo.
O primeiro ventre que Îsá encontrou pertencia a uma Àjý.
Quando Îsá Meji nasceu, percebeu que sua mãe fazia feitiços a seu pai;
Sim, enquanto o pai dormia, a mulher o transformava em animal;
Por que é assim que as Àjý matam suas vítimas (?); mas quando ela ia imolar o marido,
Îsá Meji acordava no meio da noite, chorava e chamava pela mãe;
Por ainda não saber falar, era assim ele interrompia o ritual macabro.
Então finalmente Îsá cresceu e aprendeu a falar, e foi nessa ocasião que numa noite,
As demais Àjý perguntaram à mãe de Îsá Meji;
Elas disseram, “Por que ainda não mataste teu marido”?
Ela disse, “Sempre que tento, meu filho nos acorda chorando”.
Então ela foi instruída a levar Îsá para a próxima reunião.
Naquela ocasião, todas as Àjý propiciariam suas cabeças com uma cabra;
Depois elas repartiam a carne da cabra imolada.
Îsá Meji não pode comer, pois não havia participado da compra da cabra;
Ele não era iniciado, portanto podia ver o rito, mas não participar ativamente.
Ali ele ouviu as Àjý tramando como destruiriam suas vítimas.
Quando Îsá acordou (!!) pela manhã,
Aconselhou seu pai a oferecer um cabrito a seu Orí;
Isso era o que ele deveria fazer em nome de sua proteção.
Apesar da pouca idade de Îsá, seu pai resolveu seguir o conselho,
Há tempos ela vinha se sentindo cada vez pior, mais cansado e desanimado;
Então ele ouviu e fez o ëbö.
Já na próxima manhã, a mãe de Îsá Meji não acordou...

21
Îsá vai viver numa aldeia de feiticeiros

Ìfá nos revela aqui que Îsá, quando decidiu se casar;


Sem saber o fez com uma moça que era Àjý,
E cuja inteira família era adepta de bruxaria.
Îsá deveria se mudar para a aldeia da esposa,
Ele também não sabia que ali todos eram feiticeiros.
Era costume local que de vez em quando as pessoas fossem à mata caçar,
Nessa ocasião só ficava na aldeia as parturientes.
Foi o que aconteceu numa determinada ocasião,
Exatamente no dia que Îsá chegou a aldeia,
Uma jovem, que estava com gravidez avançada, entrou em trabalho de parto,
A única pessoa para ajudar era Îsá,
E ele procurou fazê-lo da melhor maneira possível.
Mas na agitação do parto, Îsá acabou esbarrando numa prateleira;
Instintivamente ele se virou para segurar o que pudesse cair ao solo,
E acabou segurando um ovo, em cujo interior havia um feitiço preparado.
Sem querer Îsá quebrou o ovo, e imediatamente suas mãos ficaram brancas.
Assustado com tudo aquilo, Îsá resolveu ir à floresta para refletir.
Quando os moradores da aldeia retornaram,
A jovem disse que um forasteiro havia chegado,
Quebrado o ovo de feitiço e desaparecido na mata.
Ah! Os feiticeiros decidiram que aquele forasteiro seria a nova vítima de um sacrifício.
Eles foram à mata atrás de Îsá.
Enquanto isso, o próprio Îsá encontrou um caçador na mata;
O caçador avisou-o que os habitantes da aldeia procuravam por ele,
E o ofereceriam com sacrifício em seus rituais de bruxaria.
O caçador disse que a única maneira de evitar essa catástrofe,
Seria oferecendo o cabrito de Èñù,
Que Îsá negara-se a oferecer quando veio ao àiyé.
Îsá pensou consigo, “Com esse caçador sabe disso tudo”?
Ah! O caçador era o próprio Èñù!
Îsá sacou um cabrito de sua bolsa de Ìfá (?!),
E imediatamente fez o ritual a Èñù.
O “caçador” então colheu as folhas apropriadas, e com elas banhou Îsá.
A pigmentação das mãos de Îsá desapareceu após o banho,
22
Na verdade, a pele de Îsá ficou mais escura que nunca.
Então ele voltou à aldeia, e imediatamente o povo o cercou.
Îsá foi levado junto à jovem, que reiterou as acusações de que ele, Îsá,
Teria quebrado propositalmente o ovo de feitiços.
Îsá negou o fato, e foi aí que a jovem obrigou-o a mostrar as mãos.
Ah! As mãos de Îsá não estavam mais esbranquiçadas.
A jovem foi considerada culpada de calúnia,
E sentenciada à morte, junto com seu filho.
Quanto a Îsá, os habitantes da aldeia lhe deram escravos,
Deram-lhe também vários presentes.
Assim que se assentou em casa,
Îsá fez oferendas a Ìfá e Èñù,
Como sinal de agradecimento por ter escapado de tamanho perigo.

Òfún acusa Îsá injustamente

Ìfá foi criado para Îsá Meji,


No dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö,
Para que não sucumbisse ante uma calúnia.
Ele deveria oferecer um carneiro, dez ìgbín,
Deveria oferecer um coelho e um peixe a seu Ìfá.
Îsá Meji ouviu o conselho de Ìfá, e rapidamente fez suas oferendas.
Depois de um tempo, os filhos de Ìrëtû Meji começaram a morrer,
Um após o outro.
Ah! Îsá Meji tinha fama de feiticeiro,
Por isso Îràngún o acusou de ser o autor das mortes dos filhos de Eji Èlèmèrè.
Îsá disse, “Eu sou completamente inocente dessa acusação”;
Ele disse, “Que todos os Meji se unam para descobrir o verdadeiro culpado”.
Perante essa convocação,
Todos os Meji se uniram para descobrir quem estava matando os filhos de Ìrëtû.
Ìfá revelou que uma das esposas de Ìrëtû;
Ela era a autora dos feitiços que estavam causando as mortes das crianças.
Dessa forma ficou clara a inocência de Îsá,
E Îràngún foi obrigado a se retratar publicamente.

23
Îrúnmìlà é testado por um rei

Îsá Meji apareceu para Îrúnmìlà,


No dia que um rei quis testar suas habilidades.
Onde quer que Îrúnmìlà fosse,
As pessoas o ovacionavam.
O rei perguntou, “Quem é esse homem”?
Responderam-lhe, “Trata-se de Îrúnmìlà, o grande awo”.
Ah! O rei quis saber se Îrúnmìlà era bom mesmo!
Mandou que preparassem um quarto, que foi enchido com inhame e obì.
Depois o rei chamou Îrúnmìlà,
E mandou que ele adivinhasse o que existia no interior do quarto.
Îrúnmìlà disse, “Nobre rei, saudações. Îsá Meji é quem lhe guia”;
Ele disse, “Faça ëbö com o que há nesse quarto, ou perderá sua coroa”.
O rei disse, “Falas bonito, mas de fato não és um grande awo”.
O rei recusou-se a fazer o ëbö, e dispensou os serviços de Îrúnmìlà.
Depois de um tempo, os batedores do rei viram que um grande exército se aproximava.
Então o rei sentiu medo, e mandou que chamasse Îrúnmìlà.
Quando Îrúnmìlà chegou,
Ele disse, “A palavra de Ìfá não cai ao chão. O céu ëbö agora é cem vezes maior”.
Então o rei determinou que grande quantidade de comida fosse preparada para o ëbö.
Muitos vieram de longe, para aproveitar o imenso repasto.
Ah! O exército do rei aumentou seu número cem vezes!
As pessoas novamente cumprimentavam Îrúnmìlà , como se ele fosse o rei.
Îrúnmìlà dançava e regozijava, pois a palavra mostrara-se verdadeira.
Ìfá nos orienta a fazer nosso ëbö rapidamente,
Antes que precisemos de uma força cem vezes maior!

24
Îsá descobre a causa de seus problemas

Ìfá foi criado para Îsá Meji,


No dia que ele mostrou-se muito preocupado,
Pois estava sempre tendo que resolver problemas e mais problemas.
Ele foi instruído a oferecer um cabrito a Èñù;
Ele deveria oferecer um porco a Ìfá;
Deveria oferecer ovos e um bode castrado à Noite;
De modo que seus problemas finalmente se resolvessem.
Îsá ouviu e fez o ëbö.
Depois disso, sua esposa mais velha,
Ela sentiu como se algo a esbofeteasse;
Ela foi até Îsá e confessou-lhe ser a causa de seus problemas;
Era ela que sempre estava preparando feitiços para Îsá;
Ela rogou por perdão e prometeu que não mais faria aquilo,
E que dedicaria muitos esforços em nome da felicidade de Îsá.
Ele a perdoou, e depois disso não teve mais problemas com as Àjý.

25
Îsá cria Ìfá para os dezesseis grandes reis iorubanos

Òfùfù le odò girì;


O vento viajante que vai onde quer; que faz o que quer;
Esse era o nome de Îsá Meji,
Foi ele que criou Ìfá para Àlára,
Um rei poderoso, famoso por punir vários awo,
Sempre que suas predições não se mostravam verdadeiras.
Îsá aconselhou-o a fazer ëbö,
De modo a evitar que Ìkú matasse alguém de sua casa,
Pois as Anciãs da Noite passariam por ali em breve.
Àlára foi instruído a oferecer um cabrito, uma galinha,
Ele deveria oferecer um coelho e um talo de bananeira.
Devido a juventude de Îsá, Àlára não levou a predição a sério,
E negou-se a fazer a oferenda.
Vendo que seus conselhos não seriam relevados, Îsá partiu do palácio.
Saindo dali ele também consultou Ìfá para Olówò, rei de Òwò;
Também para Îràngún, rei de Ìla,
Também para Öwa Òbòkùn, rei de Ìlèñà;
Também para Ewì, rei de Adò,
E para todos os outros dezesseis grandes reis da época.
Todos se recusaram a fazer a oferenda,
Acreditando na desnecessariedade da mesma.
Îsá acreditou que sua missão ali era transmitir as mensagens de Ìfá;
E uma vez transmitidas, ele sentiu-se a vontade para voltar para casa.
Assim que chegou a casa, Îsá consultou-se com seus aprendizes;
Eles lhe transmitiram a mesma mensagem outrora repassada aos reis.
Ah! Îsá não teve o mesmo comportamento, e rapidamente fez o ëbö;
Uma sepultura fora aberta no pátio da casa de Îsá,
E ali enterraram o crânio do cabrito imolado e o talo de bananeira,
Isso eles fizeram simbolizando um funeral,
De tal forma que a mensagem de Ìfá,
De que alguém morreria na casa de Îsá estava cumprida.
Não demorou muito e chegaram as mensagens sobre a morte de Àlára;
Outros reis também foram morrendo, assim como Îsá predissera;

26
Quando os agentes das Anciãs da Noite chegaram à casa de Îsá,
Encontraram as oferendas ao redor da mesma,
Também encontraram oferendas na estrada,
Eles desfrutaram do banquete, e pouparam a casa de Îsá.
Essa foi a oferenda que livrou Îsá da morte,
E proporcionou-lhe a oportunidade de viver até idade avançada.

Ògùn aköfàde

Eu acordei e lavei as mãos;


É assim que se faz culto em Ìporo;
Eu acordei e lavei os pés,
É assim que se faz culto em Otun möba, e também em Ìlomo Ìkoro.
O awo de Ìfá deve estar preparado, antes mesmo de Ìfá chegar;
Ele quer me encontrar gozando de bênçãos em Òtú Ìfû.
Se bîkan (a amendoeira) estica seus braços,
Encontra um caminho.
Se jogarmos água na cabeça, ela chegará aos pés;
É sobre um lugar apenas que um poste se assenta;
Receberemos prêmios noite e dia;
É no akitàn (lixeira) que colocamos tudo quando varremos a casa e o quintal;
Numa panela de barro, num fogão à lenha,
Queimaremos ewé bîkan, ewé bîgan e fumo;
Ralaremos um pouco do pote da casa,
E do lugar onde está assentado;
Acrescentaremos um atàre inteiro;
E com tudo isso faremos àtin,
Que juntamente com oñè usaremos para banho sempre que quisermos.
A isso chamamos ògùn aköfàde,
Que nos atrairá bênçãos, sem grandes esforços.

27
Îsá vai do aviso de morte para a prosperidade

Ìfá foi criado para Îsá,


No dia que lhe avisaram que Ìkú viria buscá-lo,
Antes que o ano terminasse.
Aquelas palavras abateram o ânimo de Îsá, que começou a chorar.
Sim, os feiticeiros da aldeia de sua esposa,
Eles descobriram que fora Èñù que salvara Îsá da prévia execução;
E estavam decididos a matar Îsá ainda naquele ano.
Quando a mulher de Îsá ficou sabendo de tudo,
Decidiu que não tinha mais sentido ficar ali,
Juntou suas coisas e partiu.
Assim que ela chegou ao mercado,
Encontrou alguns sacerdotes de Ìfá;
Eles disseram, “Não é você a esposa de Îsá”?
Ela disse, “Sim, sou eu, mas estou indo embora”.
Então a mulher deixou os awo a par do que estava acontecendo.
Eles então foram até onde Îsá estava morando; eles disseram, “Você, Îsá”;
Disseram, “Você não sabe que Ìfá não se rende a calamidades”?
Disseram, “Faça as oferendas apropriadas”:
Disseram, “E a morte que viram para você se converterá em bênçãos”;
Disseram, “Ainda esse ano você terá um filho, dinheiro e construirá sua própria casa!”
Ah! O ânimo de Îsá melhorou!
Ele ofereceu um cabrito a Èñù, um porco a Ìfá e uma pomba a Olókun;
O àñë dessas três Divindades não permitiu que os feitiços matassem Îsá;
Ele começou a atender cada vez mais clientes;
E o dinheiro começou a entrar em sua vida por todos os lados.
Sua esposa, que desistira de partir, engravidou,
E ao final daquele ano Îsá viu a palavra de Ìfá se cumprir.
Ele tinha um novo filho, uma nova casa e bastante dinheiro.
Îsá dançava e regozijava,
E cheio de gratidão repetiu as oferendas a Èñù e Ìfá,
A Olókun ele ofereceu um galo;
Ele chamou seus companheiros de Ìfá para celebrarem em sua nova casa.

28
Ñûkûrû encontra a riqueza em Ìlàjû

Ìfá foi criado para os diversos tambores do àiyé;


No dia que eles foram convidados a efetuar uma apresentação para o rei de Ìlàjû.
Eles foram instruídos a fazer ëbö para que tudo corresse bem;
Eles disseram, “Já fomos convidados; o rei espera por nós”;
Disseram, “Para que nos serviria um ëbö agora”?
Os tambores se negaram a fazer a oferenda. O mesmo conselho foi dado a Ñûkûrû;
Disseram que se ele fizesse oferendas generosas,
E se pagasse os awo com um bom dinheiro;
Disseram que a abundância de recursos chegaria para ele.
Ñûkûrû ouviu e fez o ëbö. Depois disso, todos rumaram para Ìlàjû.
O que eles não sabiam, é que Ajé estaria na cidade;
A mãe de Ajé estaria na cidade;
Elas estariam ali para ver a desempenho dos músicos;
Se elas ficassem satisfatoriamente impressionadas,
Cobririam os músicos de riquezas.
Quando os músicos chegaram à cidade,
Foram se apresentar ao rei e aos ilustres candidatos;
Mas antes de chegarem ao palácio, começou a chover torrencialmente.
Todos os tambores ficaram encharcados;
Suas peles de animal não produziam nenhum som. Ñûkûrû protegeu-se da chuva;
A medicina que os awo lhe prepararam não permitiu que ele encharcasse;
Quando chegou a hora da apresentação,
Apenas Ñûkûrû estava em condição de fazê-lo;
Então ele começou a tocar e cantar:
“Quem pode falar alguma coisa?
Nós só conhecemos os reflexos das coisas;
Quem pode dizer quantos filhos ou esposas teríamos no àiyé?
Aqui só vemos os reflexos do îrun;
Quem pode falar sobre a riqueza que teremos?
Ou sobre o número de propriedades que conquistaremos?
Aqui só vemos os reflexos das coisas do îrun”.
Todos se animaram com a apresentação de Ñûkûrû;

29
O rei de Ìlàjû dançava, acompanhado por Ajé e sua mãe;
Eles jogavam riquezas aos pés de Ñûkûrû;
Quando Ñûkûrû olhou para os tambores,
Viu a tristeza na face deles.
Ñûkûrû então cantou a seguinte canção:
E dánkun Por favor
Onísé Orún ò fóró O mensageiro do îrun não quer fazer o mal
E má sikà láyé ò Ele despreza o mal
Bóo sere láyé Quem fizer o mal no àiyé
O ó ba Receberá o mal
Àtore àtìkà kò níí gbé Quem praticar o bem no àiyé
Káì kò níí gbé Receberá o bem
Gbogbo wa Esses dois (o bem e o mal)
Tení tí n sere kò níí gbé Não ficarão sem recompensa

Yewère, aquele que castiga os corruptos

Kokò orikùn criou Ìfá para Yewère,


Quando ele foi castigar os desonestos coletores de impostos.
Confrontados, eles disseram que Yewère não poderia castigá-los,
Mas mesmo assim Yewère os castigou.
Quando Yewère voltou para casa, encontrou sua família prostrada pela doença.
Ele procurou os babalawo, e eles perguntaram com quem ele havia brigado,
Pois não seria possível vencer seus inimigos sem ëbö.
Então Yewère fez ëbö, o os awo recitaram um îfî para sua vitória:
“Nós expulsamos a morte para fora da cidade”
“Yewère, você é aquele que castiga os corruptos”.

Îrúnmìlà casa-se com Oluyëmi, filha de Olófin

Îkan ategun kose irode’le


Esse foi o awo que criou Ìfá para Îrúnmìlà,
No dia que ele foi instruído a fazer ëbö,
Para poder se casar dom Oluyëmi, filha de Olófin.
Disseram que aquele casamento seria muito bom,
O que ele deveria oferecer?
Duas galinhas, duas cabras e uma boa soma em dinheiro.
Se Îrúnmìlà não tomasse outra esposa além de Oluyëmi.
Îrúnmìlà ouviu e fez o ëbö.
Quando a oportunidade surgiu, ele casou-se com Oluyëmi.

30
Òdu dá a Öbàtàlá o pano de Egún

“Îsá Meji é rico; faz muito barulho”;


“O som do agogô chega ao àiyé”.
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Òdu,
No dia que ela baixou ao àiyé, junto com Ògún e Öbàtàlá.
Desse grupo, apenas Òdu era mulher;
Ela disse “O que acontecerá quando chegarmos ao àiyé”?
Olódúmarè respondeu, “Tudo o que você quiser obter na vida”
Olódúmarè disse, “Eu darei a você o poder para realizá-lo, para que o àiyé seja bom”.
Ògún marchava à frente, seguido por Öbàtàlá;
Òdu vinha atrás, e de lá ela perguntava;
“Oh, criador. Ògún tem o poder da guerra”
Ela disse, “E Öbàtàlá também tem suas qualificações, podendo atingir o objetivo que escolher”;
Ela disse, “O que restou para mim, a única mulher”?
Olódúmarè falou, “O poder da maternidade; o poder dos pássaros; tudo isso é teu”;
Ele disse, “Eu lhe darei uma cabaça com esse àñë, mas tu saberás usar”?
Òdu disse, “Se as pessoas não me ouvirem, eu brigarei”
Ela disse, “Se me pedirem filhos e dinheiro, serei suave e providenciarei”;
Ela disse, “Mas se me desrespeitarem, tomarei tudo de volta!”
O Criador disse, “ To!”
Ele disse, “Mas use seu àñë brandamente, sem violência, ou eu o tomarei de volta”.
Desde então, graças a Òdu, as mulheres têm àñë;
Sem a mulher, os homens não podem fazer nada.
Òdu entrava nos bosques de Òrò e Egún;
“Ah! Òdu está exagerando!”
Quando ela consultou Ìfá,
Îrúnmìlà disse, “Vá devagar... Olha o àñë que recebeste”...
Òdu disse, “Foi a mim que o àñë foi dado”;
Îrúnmìlà disse, “Mesmo assim, faça ëbö”.
Òdu disse, “Não! Ninguém pode tirar-me o àñë”.
Então ela vestiu a roupa de Egún.
Foi aí que Öbàtàlá foi a Ìfá;
Ele disse, “O Criador me deu autoridade no àiyé”;

31
Ele disse, “Mas essa mulher passa por cima de tudo”;
Ele disse, “Não há lugar sagrado onde ela não entre!”
Îrúnmìlà disse, “Ninguém pode tirar o mundo de suas mãos”;
Îrúnmìlà disse, “O àiyé não será espoliado! Ofereça vários ìgbín, um ìñàn e dinheiro”;
Quando Öbàtàlá fez o ëbö,
Îrúnmìlà disse, “Não se preocupe; o culto voltará para suas mãos”.
Naqueles tempos, quando Òdu dizia “Não olhem” e as pessoas olhavam, ficavam cegas.
Ela disse a Öbàtàlá, “Vamos morar juntos; assim você verá tudo o que faço”.
Öbàtàlá havia oferecido os ìgbín a Orí; e bebia o fluído das conchas.
Ele disse a Òdu, “Você quer um pouco”?
Ela bebeu, e seu ventre se apaziguou...
Ela disse, “Oh, eu descobri um alimento delicioso. Fluìdo de ìgbín é doce, doce...”
Öbàtàlá deu a ele todos os ìgbín que ela quis;
Ele disse, “Mas e as coisas que você tem e faz”?
Òdu disse, “Eu dividirei tudo com você”.
Ela foi ao pèpèlé de Egún, e Öbàtàlá foi com ela;
Ela vestiu a roupa, mas sua voz não era como a de Egún.
Öbàtàlá pôs um rosto na máscara, pegou o ìñàn e falou como Egún;
Ele saiu às ruas e as pessoas diziam, “Ele parece algo de outro mundo!”
Ele assustou Òdu;
Então, através de esperteza os homens conquistaram as mulheres.
Ele rodou o mundo como Egún, e Òdu enviou um pássaro que sentou no ombro dele.
A partir daquele momento tudo o que Egún fazia,
Era através do poder daquele pássaro.
Depois de rodar o mundo, Öbàtàlá voltou para Òdu.
Ela disse, “Você pode ficar com Egún”
Ela disse, “Nunca mais uma mulher ousará vestir essa roupa”;
Ela disse, “Mas o poder que você usar, será nosso”;
Ela disse, “De agora em diante apenas homens sairão como Egún”;
Ela disse, “Mas ninguém, seja velho ou criança, ousará motejar a mulher”;
Ela disse, “O poder da mulher é grande; é ela que dá vida através do nascimento”;
Ela disse, “E qualquer coisa que o homem quiser fazer”;
Ela disse, “Deverá contar com as mulheres, ou senão haverá confusão”.
Então eles cantaram juntos,
E Öbàtàlá disse que semanalmente todos deveriam louvar a mulher,
Para que o mundo fosse pacífico;
Pois a mulher nos trouxe ao mundo;
A mulher é a sabedoria do mundo;
Tenhamos respeito pela mulher.

32
Òrìñànlá cria Ìkú

“Ìkú mata, mas é Olódúmarè que diz quando”;


Ìfá nos revela aqui que havia Òrìñànlá, o criador de homens;
No princípio os homens não morriam como agora;
Os homens se pareciam com os seres sobrenaturais, os Òrìñà.
Mas com o passar do tempo,
A humanidade foi deixando de fazer ëbö;
Ninguém mais queria fazer oferendas;
O àñë deixou de se movimentar.
Òrìñànlá disse, “Isso não está certo”.
Então Baba decidiu que os homens não seriam mais imortais;
Decidiu que os homens conheceriam a morte.
Foi com essa missão que Òrìñànlá criou Ìkú,
E colocou-o sob a supervisão direta de Olódúmarè.
A partir de então os homens voltaram a fazer ëbö,
Pois agora havia algo a temer.

Cachorro não faz ëbö por ire ìlera

Ìfá foi criado para Cachorro,


No dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö,
Pois não estava se sentindo muito bem.
Ele foi instruído a oferecer dois ìgbín e tûtûrûgún;
Disseram para se banhar com esse preparo, pois isso o acalmaria.
Cachorro ouviu, mas não seguiu a orientação de Ìfá;
Ele disse que a saliva em sua boca,
Seria suficiente para matar sua sede.

33
Ìyàmi Àjý persegue Öbàtàlá

“O morcego come pela boca, e defeca pela boca”;


É Ìfá que nos conta que Öbàtàlá plantava algodão,
Mas Ìyàmi Òñòròngá vinha e comia o algodão que Baba plantava.
Öbàtàlá dizia, “Hei! Não façam isso!”
Quando as mulheres chegaram ao àiyé, os homens já tinham tomado o poder.
Eles as enganaram, mentiram para elas.
Então as Ìyàmi foram a Olódúmarè para mostrar seus sofrimentos,
Por que de tudo o que havia no àiyé, nada sobrara para elas.
Olódúmarè lhes concedeu grande àñë para usar de diversas maneiras.
Assim, quando as Ìyàmi chegaram ao àiyé, não havia rios, apenas pântanos;
Mas Ìyàmi conseguiram um rio, chamado Olòn Toki.
Era um rio que nunca secava, e elas tomavam conta dele.
Nessa época Öbàtàlá estava criando os homens,
E precisava de água fresca para modelar o barro.
Para isso ele pegava água do rio das Ìyàmi.
Quando elas perceberam, passaram a vigiar o rio.
Elas encontraram Öbàtàlá e disseram, “Saúde a ti, Öbàtàlá”
Baba respondeu, “Saúde!”; e elas começaram a perseguir Öbàtàlá.
Foi aí que Baba fugiu para a casa de Egún,
Que disse, “Vocês, Ìyàmi; vocês devem poupar Öbàtàlá”.
Elas disseram, “Se você nos atrapalhar, tomaremos os seus panos e engoliremos seu poder”.
Então Egún disse, “Baba, fuja! Eu não posso com elas!”
Baba correu até a casa de Ògún,
Que disse, “Vocês, Àjý; poupem Öbàtàlá”.
Elas disseram, “Se você nos atrapalhar tomaremos seu dinheiro e engoliremos suas armas”.
Ògún disse, “Baba, fuja! Eu não posso com elas!”
Então Baba correu até a casa de Îrúnmìlà;
Que decidiu consultar Ìfá, e Îsá Meji foi o que ele viu.
Ele preparou èkùrù e pôs encima da casa;
Quando as Ìyàmi chegaram, começaram a ameaçar Îrúnmìlà;
Mas aí elas viram os èkùrù e começaram a comê-los.
Îrúnmìlà disse, “Venham, sejam bem vindas”.

34
Ele lhes ofereceu cabras, galinhas e ovelhas e coelhos;
Ele apaziguou Ìyàmi .
Elas disseram, “Em razão de tua atitude, Îrúnmìlà, nós perdoaremos Öbàtàlá ”;
Elas disseram, “De hoje em diante viremos a ti para resolver nossos problemas”;
Elas disseram, “Por que você nos recebeu bem”.
As Ìyàmi partiram, e em sinal de agradecimento Öbàtàlá deu a Îrúnmìlà seu bastão de marfim.
Esse é o bastão que Îrúnmìlà usa até hoje.

Quando se começou a usar aves como oferendas

Ìfá foi criado para a humanidade,


No dia que vários problemas ameaçavam a existência.
O ëbö foi prescrito, e nele continha aves.
Ah! Naqueles tempos não se ofereciam aves em ëbö!
Primeiro seria preciso apaziguar Ìyàmi;
Só elas poderiam permitir o uso de aves nos rituais.
As pessoas usaram vários tipos de carnes, vários tipos de grãos e muito dendê;
Foi isso o que elas ofereceram.
Depois disso, elas foram até Ìyàmi e expuseram seus problemas.
O ventre de Àjý estava apaziguado;
Ìyàmi ponderou sobre a situação;
Elas disseram “Se a humanidade depende de nosso consentimento, então que se usem nossos filhos”.
A partir de então as pessoas puderam usar aves em suas oferendas;
O mundo equilibrou-se, as coisas se acertaram.
É assim que Ìfá nos ensina como Ìyàmi renunciou aos seus filhos pelo bem da humanidade.

35
Algodão faz ëbö para vencer seus inimigos

“A asa direita da ave é forte; a asa esquerda também é”.


Ìfá foi criado para Owù (algodão), que aparece na lavoura uma vez por ano.
Aconselharam-no a oferecer três pedras e vários alfinetes;
Para que não fosse derrotado por seus inimigos.
Owù ouviu e ofereceu o ëbö.
Ìkú não matou Owù;
Eji werewère (um oríkì para a chuva) disse que não poderia prejudicá-lo;
As aves do céu não puderam comê-lo;
O Sol não pode prejudicá-lo.
Owù estava crescendo e se desenvolvendo;
É na presença do inimigo que Owù se multiplica.
Vocês não sabiam que Owù é admirado tanto pelo escravo como pelo senhor?

Ejipabilèse ìgi faz ëbö para obter honra e reconhecimento

“Quando fazemos tudo certo, ninguém diz nada”;


“Quando fazemos algo errado, rapidamente começam a falar sobre nós”.
Ìfá foi criado para Ejipabilèse ìgi,
No dia que ele procurava por fama e fortuna.
Ìfá aconselhou-o a fazer ëbö, e ele ouviu o conselho;
A partir desse dia ele foi conhecido como uma grande pessoa.
Ìfá diz que essa pessoa deve fazer oferendas aos seus Ancestrais;
E que se ela fizer ëbö não perderá o que já possui;
Essa pessoa ajudou muita gente,
Mas alguns não apreciaram sua ajuda.
Ìfá diz que essa pessoa deve ignorar quem não aprecia seu trabalho,
E continuar a fazer coisas boas no mundo.
Ìfá diz que um bom trabalho em breve lhe trará fortuna.

36
A raça branca vem ao àiyé

Îsá Meji criou Ìfá para Homem Branco,


Quando ele estava vindo do îrun para o àiyé.
Ele foi aconselhado a fazer ëbö para que ao aqui chegar,
Pudesse criar, inventar, adquirir honra e respeito.
Homem Branco ouviu e fez o ëbö.
Então uma mulher chamada Ogodo Yáyá consultou Ìfá para ter um filho;
Ela foi aconselhada a oferecer algodão, um peixe, um preá;
Um galo, uma galinha e algum dinheiro.
Ogodo Yáyá ouviu e fez o ëbö.
Mas quando ela chegou ao àiyé, seu filho não veio para ela.
Então ela procurou Uporò Alabaìyè, awo do àiyé;
Esse awo a aconselhou a repetir as oferendas realizadas no îrun;
Mais uma vez Ògòdò Yáyá ouviu e fez o ëbö.
Então depois de um tempo ela engravidou e teve um filho.
Passou algum tempo e ela retornou aos awo;
Ela disse, “Quero ter outro filho”;
Ela disse, “Mas um filho que faça uma grande diferença nesse mundo”.
Ela foi instruída a oferecer quarenta ovos e um cabrito a Èñù.
Ògòdò Yáyá ouviu e fez o ëbö.
Depois de um tempo nasceu um menino;
Que tinha a pela clara e os cabelos cacheados;
Ela perguntou aos awo, “Mas o que significa isso”?
Eles responderam que seu pedido fora realizado,
Pois aquela criança mudaria o mundo.
É assim que Ìfá nos ensina com a raça branca veio ao àiyé.

37
O Algodão vem para o àiyé

Ìfá foi criado para Algodão,


No dia que ele veio do îrun para o àiyé.
Ele foi aconselhado a fazer ëbö para adquirir honra,
Respeito e prosperidade quando aqui chegasse.
Que ëbö ele deveria oferecer?
Disseram, “Um cabrito, um tecido branco e muito ûfun”.
Algodão ouviu e fez o ëbö.
Bem, naqueles tempos as pessoas do àiyé,
Elas se vestiam com folhas ou peles de animais.
Quando Algodão chegou ao àiyé,
Èñù disse às pessoas que os filhos de Algodão poderiam oferecer excelente fio;
As pessoas colhiam as flores de Algodão para confeccionar suas roupas;
Öbàtàlá escolheu Algodão para confeccionar suas roupas;
Essa era uma grande honra!
Assim algodão tornou-se imprescindível na vida das pessoas do àiyé.
Ele adquiriu a honra, respeito e prosperidade que Ìfá havia previsto.

Îrúnmìlà adquire imunidade contra doenças recorrentes

Quando a cabaça se quebra faz “okáráká”;


Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,
Disseram que a doença que o atacara no ano passado estava chegando novamente.
Îrúnmìlà disse, “Se quiser voltar, que volte”.
Ìfá disse que a doença do ano passado não poderia atingi-lo mais.
“O redemoinho não carrega o pilão; a morte acabou”.
“Assim que o ferreiro oferecer adiû òpìpì”,
“A morte de iniciados cessará aos pés de Öbarìñà”.

38
Îrúnmìlà oferece ötí a seus perseguidores

A roda dianteira carrega o dinheiro;


A roda traseira carrega os grãos,
Enquanto ògèdègèdé continua a brilhar.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà ,
Quando ele se preparava para fazer uma longa viagem.
Ìfá aconselhou-o a fazer ëbö antes de viajar;
Îrúnmìlà ofereceu ötí a todos que viajavam com ele.
Quando terminaram de beber, olharam uns aos outros,
E disseram que o homem que eles queriam prejudicar,
Esse homem lhes oferecera ötí.
Então disseram que já não queriam prejudicar Îrúnmìlà.
Desde esse dia Îrúnmìlà não foi mais molestado.

Carneiro morre de câncer

Ìfá foi criado para Carneiro,


No dia que uma doença se desenvolveu em seu ventre.
Disseram que aquela doença era resultado do consumo de dendê;
Disseram que dendê era ëwî para ele,
Portanto deveria fazer ëbö e evitar o consumo do mesmo.
Carneiro fez o ëbö,
Mas não deixava de comer nada que fosse preparado com dendê.
Depois de um tempo a doença se transformou num câncer,
E Carneiro acabou morrendo.

39
Surge a primeira colina

Ìfá foi criado para Okè, no dia que seu povo corria perigo.
Um exército inimigo se aproximava,
Trazendo dor e sofrimento por onde passavam.
Okè foi instruído a fazer ëbö, e assim o fez.
Quando os inimigos chegaram a terra tremeu e uma colina surgiu,
Assustando o exército invasor.
Desde aquele dia o àiyé não é mais uma planície;
Okè dançava e regozijava.
Isso é quando Ìfá nos oriente a fazer ëbö devido a nossos inimigos.

Îñun tem que deixar seu filho com Yemöja

“Uma bênção não será uma bênção, se chegar na hora errada”;


Essa foi a mensagem de Ìfá para Ìyàmi Òtòlò Ûfîn,
No dia que ela quis gerar uma criança.
Os awo disseram que ela teria muitos filhos,
Mas que aquele não era o melhor momento para isso.
Disseram que ela deveria fazer ëbö,
Para atravessar firmemente as grandes dificuldades que se aproximavam.
O ëbö era um galo, dendê, uma angola, ötí e dinheiro;
Îñun ouviu, mas não fez o ëbö.
Então as dificuldades chegaram, juntamente com o filho de Îñun;
Ela não pôde cuidar da criança; ela não tinha dinheiro para isso.
Então Îñun foi até Yemöja,
Ela disse, “Venerável Mãe, cuide de minha criança até que eu possa fazê-lo”;
Yemöja aceitou.
Ìfá nos diz aqui que há uma pessoa que passará por momentos difíceis.
Ìfá diz que suas preocupações devem focar para atravessar tais momentos,
Se preparando para a melhora que virá,
Depois que passarem os momentos de dificuldades.

40
Öbàtàlá posiciona a vagina no corpo feminino

Ìfá foi criado para Öbàtàlá,


No dia que ele não sabia onde posicionar o sexo feminino.
Ele tentou colocar a vagina junto às orelhas,
Mas não gostou do resultado.
Depois ele tentou posicioná-la nas axilas,
Mas o odor gerado lhe fez abandonar a ideia.
Depois de muitas tentativas, a vagina foi posicionada entre as pernas.
Öbàtàlá gostou de como ficou;
A vagina estava protegida; ela não incomodava mais ninguém.

Cego e Aleijado se curam de suas moléstias

Ìfá foi criado para Aleijado e Cego,


No dia que eles desejaram se livrar de suas moléstias.
Ambos eram caçadores;
A mira de Aleijado era certeira, enquanto Cego o carregava para onde estivesse a caça.
Eles foram instruídos a oferecer dezesseis pombos e um bom dinheiro;
Eles ouviram e ofereceram o ëbö.
Depois de um tempo, quando eles estavam caçando,
Aleijado viu um grande antílope, e prontamente o abateu.
Quando o antílope estava assado, Aleijado foi servir Cego;
Ele viu um sapo por ali;
Pegou-o, pôs pimenta e ofereceu-o a Cego.
Quando Cego mordeu o sapo, o animal começou a inchar,
E a pimenta caiu nos olhos de Cego. Ah! Ele recuperou a visão!
Então ele percebeu o que Aleijado fizera;
Pegou um pedaço de pau e partiu para cima dele.
Cego começou a bater e a bater em Aleijado;
Que de tanto apanhar conseguiu se levantar e sair correndo.
Èñù dançava e regozijava.

41
Os Òrìñà passam a montar seus devotos

“Às vezes os pais pedem gentilmente; às vezes eles simplesmente ordenam”;


Essa foi a mensagem de Ìfá para os Ìrúnmîlû,
No dia que eles não conseguiam ajudar seus devotos.
As pessoas não seguiam as determinações de Ìfá,
E por isso começaram a ter vários tipos de problemas em suas vidas.
Em suas tribulações os Òrìñà as ajudavam,
Mas como não havia mudança de conduta,
Em pouco tempo os problemas voltavam.
Os awo disseram que um ëbö deveria ser feito;
Os Òrìñà disseram, “O que vai nesse ëbö”?
Disseram, “Uma cabra, quatro galinhas gordas, uma angola, um pombo”.
Os Òrìñà ouviram e fizeram o ëbö.
Então eles foram até Olófin,
Eles disseram, “Baba, possa tua bondade nos ajudar a cuidar de nossos filhos”;
Eles disseram, “Eles pedem por nosso auxìlio, mas não nos abrem as portas”.
Baba ouviu e disse, “Às vezes os pais pedem gentilmente”;
Ele disse, “Às vezes eles simplesmente ordenam”;
Ele disse, “Monte-os à força!”.
Desde aquele dia os Òrìñà não precisam de autorização de ninguém,
Para montar em seus devotos.
Trituremos ewé tûtûrûgún; adicionemos ìyûfá juntamente com orì;
Esfregaremos isso sobre a cabeça de um devoto e imolaremos um pombo branco.
Tudo isso nós faremos para que Òrìñà monte uma pessoa;
Isso é quando Ìfá diz que essa pessoa precisa de oñù.

42
Ògbe, o médico, salva Ñàngó de feitiços

Ìfá foi criado para Ñàngó,


No dia que seus inimigos mandaram-lhe vários feitiços.
Esses feitiços que eles faziam,
Eles usavam pombos para sacramentá-los.
Os awo disseram a Ñàngó que Ejìogbè, o médico, lhe salvaria,
Se ele oferecesse um pombo e muito azeite de dendê.
Ñàngó ouviu e ofereceu o ëbö.
As pragas e maldições de seus inimigos não o afetavam mais.
Você não sabia que Ejìogbè é imune a esse tipo de feitiço?
Ìfá diz que essa pessoa tem inimigos poderosos,
E que ela deve buscar ajuda tanto no àiyé como no îrun,
Para não sucumbir diante deles.
Ìfá nos aconselha a fazer ëbö para manter nossa saúde física e mental.

Ògún e sua esposa se maltratavam mutuamente

A pessoa de cabeça ruim é igual às outras;


Ninguém reconhece um louco só ao vê-lo caminhar na rua;
Um líder se parece com todas as outras pessoas, é difícil reconhecê-lo.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Mòbowù, esposa de Ògún;
Disseram que tanto ela quanto o esposo não deveriam se maltratar tanto;
Nem física nem espiritualmente.
O motivo é que Orí será coroado,
E ninguém sabe como será o futuro dessa pessoa.

43
Îrúnmìlà é testado por um rei

Îsá Meji apareceu para Îrúnmìlà,


No dia que um rei quis testar suas habilidades.
Onde quer que Îrúnmìlà fosse, as pessoas o ovacionavam.
O rei perguntou, “Quem é esse homem”?
Responderam-lhe, “Trata-se de Îrúnmìlà, o grande awo”.
Ah! O rei quis saber se Îrúnmìlà era bom mesmo!
Mandou que preparassem um quarto, que foi enchido com inhame e obì.
Depois o rei chamou Îrúnmìlà,
E mandou que ele adivinhasse o que existia no interior do quarto.
Îrúnmìlà disse, “Nobre rei, saudações. Îsá Meji é quem lhe guia”;
Ele disse, “Faça ëbö com o que há nesse quarto, ou perderá sua coroa”.
O rei disse, “Falas bonito, mas de fato não és um grande awo”.
O rei recusou-se a fazer o ëbö, e dispensou os serviços de Îrúnmìlà.
Depois de um tempo, os batedores do rei viram que um grande exército se aproximava.
Então o rei sentiu medo, e mandou que chamasse Îrúnmìlà. Quando Îrúnmìlà chegou,
Ele disse, “A palavra de Ìfá não cai ao chão. O céu ëbö agora é cem vezes maior”.
Então o rei determinou que grande quantidade de comida fosse preparada para o ëbö.
Muitos vieram de longe, para aproveitar o imenso repasto.
Ah! O exército do rei aumentou seu número cem vezes!
As pessoas novamente cumprimentavam Îrúnmìlà , como se ele fosse o rei.
Îrúnmìlà dançava e regozijava, pois a palavra mostrara-se verdadeira.
Ìfá nos orienta a fazer nosso ëbö rapidamente,
Antes que precisemos de uma força cem vezes maior!

44
Inútil, que só vivia em conflitos

“O nó chega até o joelho”;


“A trilha vai até o topo do monte, depois se perde”;
Essas foram as mensagens de Ìfá para Inútil;
No dia que ele foi instruído a parar de brigar com Ijegbè e Ejegbò.
Inútil ouviu, mas não segui os conselhos de Ìfá.
Quando ele chego em casa encontrou sua família doente;
Então ele voltou aos awo;
Eles disseram que a causa de tudo aquilo,
Era o fato dele estar sempre em conflitos;
Disseram que sem ëbö, ele não recuperaria sua família;
Ele deveria oferecer duas pombas, uma galinha,
Um galo, nove ìkìn e o dinheiro devido.
Inútil ouviu e fez o ëbö.
Então os awo foram à sua casa e cantaram;

Ale Ìkú lo li ode ile yi Ìkú, nós te mandamos para fora hoje
Yewere iwo lio ona Ijegbè na Ejegbò re pelu Inútil, você brigou com Ijegbè e Ejegbò
Ale Àrun lo lio ode ile yi loni Àrun, nós te mandamos para fora hoje
Yewere iwo ona Ijegbè na Ejegbò remo Inútil, você brigou com Ijegbè e Ejegbò

45
Îrúnmìlà torna-se um ömö àgàdà

Saudações a Îsá Meji;


É ele nos narra como Îrúnmìlà se tornou membro do ëgbû balògún,
Aqueles que podem usar a espada.
Bem, Òñàògiyàn tinha um filho chamado Tàlàbì,
Que se envolveu numa confusão e acabou matando o filho de uma Àjý.
Essa Àjý jurou Tàlàbì de morte,
E Òñàògiyàn rogou a Îrúnmìlà que escondesse seu filho por uns tempos.
Îrúnmìlà recebeu o rapaz em sua casa, e lhe fez ëbö para invisibilidade;
Dessa forma a Àjý não pode encontrar Tàlàbì para matá-lo.
Enquanto estava na casa de Îrúnmìlà, Tàlàbì não se separava de sua espada,
Pois ele também era ömö àgàdà, filho da espada.
Îrúnmìlà disse, “Em nome de meus cuidados por você, seria bom se você me desse sua espada”.
Tàlàbì respondeu, “Isso não é possìvel”;
Ele disse, “O que eu posso fazer é pedir para meu pai te aceitar no ëgbû balògún”.
E foi isso que Tàlàbì fez.
Òñàògiyàn, que era membro da sociedade, indicou a Ògún o nome de Îrúnmìlà para ser aceito.
Ògún, fundador do ëgbû balògún aceitou Îrúnmìlà,
Mas primeiro era preciso a bênção de Olófin, líder do ëgbû balògún.
Olófin deu sua bênção, mandando Öbàtàlá participar das cerimônias de aceitação.
Essas cerimônias eram muito pesadas,
E através dela o neófito provaria seu valor, mostrando-se digno de ser um ömö àgàdà;
Então eles abriram um buraco no chão,
E ali colocaram Îrúnmìlà, nu da cintura para cima;
Todos os Odù Agbà foram chamados;
E um a um, começando por Baba Ejìogbè,
Iam cantando e ejaculando nas costas de Îrúnmìlà.
Se ele suportasse essa terrível situação, seria aceito no ëgbû balògún.
Apesar da dificuldade, Îrúnmìlà passou no teste.
Então o levaram para tomar banho com omi èrî,
Puseram roupas novas nele e o colocaram na mesa do banquete.
É assim que Ìfá nos explica como Îrúnmìlà foi aceito no ëgbû balògún.

46
O granjeiro invejoso

Ìfá foi criado para um jovem Babalawo ,


No dia que ele se radicou numa terra distante.
Bem, nessa terra vivia um homem que criava galinhas,
E que possuía o hábito de dar presentes às crianças que pediam.
As crianças aceitavam os presentes e abençoavam o granjeiro,
Que por sua vez conseguia assim manter sua vida próspera.
Quando o babalawo chegou naquela cidade,
As crianças dirigiram a ele a atenção e as bênçãos que davam ao granjeiro.
Isso fez com que o granjeiro desejasse matar o jovem babalawo;
Ele preparou uma cesta com muitos ovos e àkàrà para presenteá-lo,
Mas escondeu uma víbora no fundo do cesto.
Quando ele levou o presente ao babalawo,
Fez votos de saúde, vida longa e prosperidade para o mesmo;
Antes que o Babalawo pudesse mexer no cesto,
As crianças apareceram e pediram por algum presente.
O babalawo lhes deu os àkàrà do cesto que recebera,
Mas foi aí que a víbora apareceu e atacou algumas crianças.
Embora não tenha conseguido matar o babalawo,
O granjeiro ainda viu a oportunidade de difamá-lo;
Ele disse, “Esse homem é o responsável pela morte das crianças atacadas pela vìbora”.
Então prenderam o babalawo e o levaram perante Olófin;
Baba perguntou o que o homem tinha a dizer em sua defesa;
O babalawo respondeu, “Eu apenas ganhei esse cesto. Nada sabia sobre a serpente”.
Olófin ficou desconfiado e chamou o granjeiro;
Perante a presença de Baba, o homem começou a gaguejar sua história.
Ah! Baba percebeu que aquilo era mentira!
Responsabilizou o granjeiro pelas mortes e liberou o babalawo da prisão.

47
O chifre que ajuda a ter filhos

Ìfá foi criado para um caçador;


No dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö para ter caça farta.
Ele disse que só faria ëbö após retornar da caçada;
O caçador matou um animal de grande porte.
Ìfá foi criado para a cidade de Ìgbónná,
Cujo problema era a esterilidade de suas mulheres.
Ìfá disse que era preciso oferecer pombos, galinhas, cabrito, dendê e osùn;
O ëbö foi feito na cidade.
O caçador que caçara o grande animal e desmaiara na floresta;
Ele foi chamado naquele dia para ver seu filho;
Ao chegar em casa encontrou o filho doente,
E foi obrigado a ficar com ele durante sete dias.
Ele nem pode levar consigo o animal que abatera.
Ao final dos sete dias, quando ele voltou para apanhar sua caça,
O animal já estava podre.
No caminho de volta encontrou Èñù Ödarà,
Èñù lhe perguntou, “O que você tem na mão, caçador”?
Ele respondeu, “Os chifres do animal que cacei”.
Ele não sabia que estava falando com Èñù.
Èñù perguntou se ele pretendia vender os chifres;
O caçador respondeu que sim;
Disse que venderia por muitos búzios.
Então ele foi à cidade para tentar vender os chifres.
Quando lá chegou, o rei estava passeando pelo mercado;
Ele viu os chifres, achou-os muito bonitos e os comprou.
Com o dinheiro recebido, a vida do caçador melhorou, tornou-se próspera.
Então, o povo de Ìgbónná começou a cultuar o chifre como sagrado,
Resolvendo assim o problema de esterilidade das mulheres.
Como isso foi possível?
Colocavam osùn dentro do chifre e as mulheres o passavam pelo corpo;
Foi assim que as mulheres de Ìgbónná passaram a ter filhos.

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