A existência humana é marcada, nos seus extremos, por dois fenômenos opostos, a vida e a
morte. O ser humano então, passa pela infância, atravessa a mocidade, atinge a maturidade e,
finalmente, chega à velhice. Aparecem, então, os primeiros sinais evidentes da usura de todo o
organismo (Rosa, 1983).
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS, apud Weineck, 1991) é considerado como
idoso, o indivíduo que tem entre 61 e 75 anos de idade.
Segundo Rosa (1983), alguns dos aspectos mais visíveis do processo do envelhecimento são
as rugas, os cabelos brancos, a redução da capacidade de locomoção, a redução da força física
e a falta de firmeza das mãos e pernas. As funções sensoriais são as mais afetadas pelo
processo de envelhecimento. A capacidade de ouvir começa a sofrer reduções, há o declínio da
visão causado pela deteriorização da córnea, da lente, da retina e do nervo óptico. Ocorrem
também consideráveis mudanças nos sentidos do olfato e do paladar.
Assim sendo, a atividade física generalizada precisa ser vivenciada e receber mais
importância do idoso. A coordenação motora, por exemplo, se for exercitada pode amenizar os
danos causados na sua eficiência pelo processo de envelhecimento.
A coordenação motora
A coordenação motora, segundo Rauchbach (1990), é a base do movimento homogêneo e
eficiente, que exige uma extensa organização do sistema nervoso, com utilização dos músculos
certos, no tempo certo e intensidade correta, sem gastos energéticos.
É comum ouvir-se dizer que determinadas pessoas são descoordenadas e até desajeitadas,
pois, quando solicitadas, suas respostas psicomotoras a alguns movimentos não correspondem
ou são executados de forma inadequada.
Segundo Van Norman (apud Silva, 1998), a coordenação pode ser trabalhada com
seqüências de movimentos e uma infindável variedade de combinações de braços e pernas.
Esta desempenha um papel fundamental na prevenção de acidentes e pode deteriorar-se
rapidamente se não exercitada. Quanto mais complicado o desempenho motor, tanto maior
será a importância da coordenação. Seu aperfeiçoamento, através da repetição, transformará
um acontecimento consciente, ligado ao córtex cerebral, em um processo de evolução
inconsciente, cuja automotricidade está entregue aos centros cerebrais secundários. Desse
modo, o córtex é aliviado por um lado, e por outro, a realização de movimentos passa a ser
dominada com mais segurança e exatidão do que anteriormente. O desenvolvimento da
coordenação resulta em maior precisão de movimento e maior economia de esforço muscular
porque há menor atividade muscular extrínseca. A precisão do movimento depende de inibição
ativa de todos os neurônios motores, exceto os envolvidos no movimento desejado.
A coordenação motora tem atributos que permitem que o corpo tenha uma estrutura
autônoma, ou seja, encontra em si mesmo sua organização. É como elemento autônomo que
ele entra em interação com o meio externo (Piret & Béziers, 1992).
Hollmann (apud Silva, 1988), faz uma classificação, quanto ao tipo da coordenação:
Os exercícios de coordenação que devem ser trabalhados com os idosos devem visar os
padrões de movimentos da vida diária (é bom lembrar que pensando nisso é que o Projeto de
Extensão Universitária, "Atividade Física na Terceira Idade", escolheu o Teste de Coordenação
utilizado por eles e que será mostrado e analisado detalhadamente por este estudo), não sendo
necessários jogos de movimentos complexos que causam desconforto pela dificuldade na
execução. Opta-se então, por movimentos coordenados de braços e pernas, mão e mão, mão e
pés, educando dessa forma, a ação reflexa dos movimentos nas ações do dia-a-dia.
Alguns exemplos de exercícios que podem ser trabalhados são: marchar em diferentes
formas, com joelhos altos ou pernas esticadas, para frente, para os lados e para trás, variando
os movimentos dos braços, em um determinado ritmo ou livremente (maneira mais fácil de
desenvolver os movimentos coordenativos nos idosos). Pode-se trabalhar também com
movimentos coordenativos isolados, movimentos só de braços ou só de pernas, mas o idoso
leva mais tempo para assimilar e o professor deve ser paciente para não desmotivar (Piret &
Béziers, 1992).
Metodologia
Foi feito um levantamento dos resultados dos testes de coordenação motora, realizados
entre os anos de 1997 a 2000, cedidos pelo Projeto de Extensão Universitária, "Atividade Física
para a Terceira Idade", do Departamento de Educação Física, da Universidade Estadual Paulista
(UNESP), campus de Rio Claro. As atividades práticas disponíveis para os participantes desse
projeto são realizadas três vezes por semana, nas terças, quartas e quintas-feiras, no período
das 7:00 às 8:00 horas, onde os alunos optam entre dois tipos de atividades ao dia, escolhidas
no início de cada ano. As atividades são organizadas da seguinte maneira:
A população alvo do presente estudo foi constituída por 10 indivíduos do sexo feminino com
idade entre 62 e 70 anos, apresentando uma média de 65,7 anos de idade, residentes na
cidade de Rio Claro, participantes do projeto citado anteriormente, selecionados por terem
maior freqüência nos testes de coordenação motora do período analisado, uma vez que, estes
são feitos quatro vezes ao ano, pelos estagiários do projeto, sendo realizados em março, junho,
agosto e dezembro. Existe um dia específico para a realização do mesmo, não tendo nenhum
tipo de atividade física antes do teste.
Será usada a média anual individual e do grupo para comparação dos resultados. Para
comparação dos resultados das avaliações, entre os anos, será utilizada uma análise de
variância para medidas repetidas com nível de significância de p<0,05.
Para uma melhor compreensão do estudo, será mostrado detalhadamente através de um
protocolo do teste de coordenação analisado como o mesmo é realizado (figura1).
Resultados
Através da análise de variância para medidas repetidas, observa-se pela figura 2 que há
diferença entre as coletas (f3, 108 = 22,639; p< 0,000), na qual pode-se verificar que o grupo
melhora o nível da coordenação motora, comparando, a média dos resultados obtidos nas
primeiras coletas, com a da quarta coleta de cada um dos anos analisados. Sendo assim
comprova-se o que foi visto na revisão de literatura, ou seja, a coordenação motora, quando
exercitada tende a retardar o crescente declínio dessa habilidade, decorrente das inúmeras
alterações do organismo humano no decorrer do processo de envelhecimento.
Já na figura 3, pode-se ter uma visão mais detalhada do desempenho dos participantes em
cada ano. Nota-se então, que nos anos de 1997 e 1998, o desempenho inicial destes nos
testes, não foi tão bom. Isso pode ter acontecido, pelo fato dos participantes realizarem
atividade física, dentro do Projeto "Atividade Física para a Terceira Idade", comum a todos e
não muito diversificada nos anos anteriores a estes. A partir de 1997, com o "Projeto" mais
bem elaborado, oferecendo atividades físicas generalizadas e separadas por modalidades
(dança, musculação, esportes, atividades lúdicas, biotonia e ginástica), como visto
anteriormente, pode-se trabalhar mais especificamente certas habilidades, assim como a
coordenação motora.
Em compensação, nos primeiros testes dos anos de 1999 e 2000, os participantes tiveram
uma grande melhora, entretanto, a melhora no decorrer destes anos é menos acentuada, o que
mostra que os efeitos são piores quando eles terminam o ano.
Observa-se, também que no ano de 2000, eles começaram e terminaram o ano mais ou
menos no mesmo nível. Como no final desses quatro anos observados, o nível de coordenação
estabilizou-se, pode ser que o treinamento sistemático de atividades físicas que é submetido
aos participantes pode estar estável, não sendo mais auto-suficiente para melhorar o
desempenho dos seus praticantes nos testes para tal habilidade. Entretanto, também pode ser
que, como a idade desses indivíduos aumentou, pode ter ocorrido uma diminuição das suas
capacidades físicas, decorrentes dos efeitos negativos do processo de envelhecimento, que
pode ter causado esta estabilidade, não significando que o desempenho deles tenha piorado.
Isso pode ser observado, verificando a diferença significativa, existente entre a primeira
coleta do ano de 1997 e a de 2000, a qual mostra perfeitamente o quanto eles melhoraram
durante estes quatro anos, ainda mais que, como já foi dito, o envelhecimento os acompanhou
esse tempo todo.
Conclusão
Levando em consideração os resultados obtidos, concluí-se que a prática de atividade física
generalizada pode contribuir para a melhora ou manutenção do nível de coordenação motora
dos indivíduos idosos e, assim, retardar os efeitos do processo de envelhecimento nessa
habilidade.
Referências bibliográficas
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
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