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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA – UERR

CAMP

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS / LITERATURA

SAMANTHA ALENCAR THOMÉ

A CONTRIBUIÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA LITERATURA


BRASILEIRA

BOA VISTA-, RR
NOV/2018

SAMANTHA ALENCAR THOMÉ

A CONTRIBUIÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA LITERATURA


BRASILEIRA

Trabalho de Conclusão de
Curso de graduação apresentado ao Curso de
Licenciatura em Letras – PARFOR daá
Universidade
Estadual de Roraima (UERR), como
requisitoRequisito
para obtenção do título em lLicenciatura
em Letras / Literatura
sob orientação da Prof. MsC. Sonyellen Fonseca
Ferreira..

Orientadora: Sonyelen
BOA VISTA, -RR

NOV/2018

SAMANTHA ALENCAR THOMÉ

A CONTRIBUIÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA LITERATURA


BRASILEIRA

Monografia Trabalho de Conclusão de Curso apresentadoa como requisito para a


obtenção do título em Licenciatura em Letras / Literatura pela Universidade Estadual
de Roraima-(UERR), avaliada pela seguinte banca examinadora.

Banca Examinadora

_________________________________________________
Professor(a):
Orientadora

_________________________________________________
Professor (a):
Membro

_________________________________________________
Professor (a):
Membro

Conceito________________________________________________________

Boa Vista-RR, ____/_____/______


Este trabalho de
pesquisa é dedicado á
Deus por ter me
proporcionado sabedoria a

para concluir
mais esta etapa de formaçãoo

profissionalProfissional.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela sustentação diária.

Ao meu esposo pelo encorajamento incansáavellmente para que eu pudesse


concluir o curso com êxito.

Aos meus familiares e amigos que sempre compreendem as ausências e dão


forças para que o estudo seja sempre primordial.
EPÍGRAFE
RESUMO

Este trabalho consiste em desenvolver o tema: “A contribuição da história em


quadrinhos na literatura brasileira” com objetivo de buscar possibilidades para
dinamizar o conteúdo abordadoo ensino ndea literatura brasileira para alunos do
ensino médio. O suporte metodológico desta pesquisa teve uma abordagem
qualitativa, com objetivos exploratórios e estudos bibliográficos, verificando-se as
contribuições presentes em análises referentes àa eficácia do trabalho realizado em
sala de aula com auxílio dos textos literários transmutadosabordados em Histórias
em Quadrinhos (HQs). FContudo, foi possível concluir que a aplicabilidade das HQs
obtém resultados significativos durante as tradicionais aulas de literatura, deixando
de ser uma aula desinteressante ao público jovem para transforma-se em uma
disciplina inovadora caracterizada pela utilização das HQs para favorecer a
aprendizagem do alunado.

Palavras-chave: História em Quadrinhos. Dinamizar. Aprendizagem.


ABSTRACT
LISTA DE SIGLAS

EBAL Editora Brasil América

ENEM Exame Nacional de Ensino Médio

HQ História em Quadrinho

MEC Ministério de Educação e Cultura

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

PNBE Programa Nacional Biblioteca da Escola

OCNEM Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

1. A CRIAÇÃO DA HISTÓRIA EM
QUADRINHOS....................................................13

2. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA BRASILEIRA NA FORMAÇÃO ESCOLAR


DO ALUNO DE ENSINO
MÉDIO...............................................................................175

2.1 Oo ensino da
literatura.........................................................................................1715

2.2 Oos PCNEM: concepções de


literatura..............................................................2118

3. A CONSOLIDAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA LITERATURA


BRASILEIRA..............................................................................................................24
1

3.1 Aas adaptações


literárias....................................................................................262

CONSIDERAÇÕES
FINAIS.......................................................................................283
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................3025
INTRODUÇÃO

A comunicação acontece de diversas maneiras, seja oral, visual ou escrita,


tanto em ambientes escolares ou não. O mesmo ocorre com a leitura, ou seja, um
determinado conteúdo pode ser abordado utilizando vários tipos de linguagens e aos
HQs foram introduzidaos em sala de aula como recurso didático para facilitar a
comunicação e o aprendizado dos discentes.

Para Dionísio (p.202:207), o reconhecimento e utilização dos quadrinhos


como ferramenta pedagógica parecem impor-se como necessidade, numa época em
que a imagem e a palavra, cada vez mais, associam-se para a produção de sentido
nos diversos contextos comunicativos.

Em sua maioria, as crianças e adolescentes não manifestam interesse pela


leitura ou perdem o gosto quando se deparam com textos grandes sem imagens ou
animações. Neste sentido, os professores têm buscado mecanismos para garantir
que ocorra aprendizado em sala de aula. Num contexto mais específico, que é o

12
estudo da literatura brasileira na modalidade de ensino médio, os alunos tendem a
não se sentirem atraídos pelas obras extensas e com linguagemns formalis de um
tempo de que não lhes fazem mais parte. Diante esse fator, algumas obras literárias
foram adaptadas1 para HQs, que em seu contexto final não se distanciaram da obra
originalperderam a essência e ainda aproximaramou o leitor do mundo literário.

O educador diariamente enfrenta diversos obstáculos / impasses para


desenvolver práticas pedagógicas mais significativas ao alunado e aos HQ’s se
inserem no contexto educacional como artefato motivador e dinâmico quando se
trata de reflexão acerca das ideias contidas nas obras literárias. OEm vista do fato
das mídias tecnológicas adentrarem no ambiente escolar com um poder de captar o
público jovem para vivenciar o que se pretende ensinar, a. A utilização dos
quadrinhos para ensinar literatura é de grande valia, uma vez que estas apresentam
mais interatividade entrenas falas / textos ecom as imagens, possibilitando ao leitor
visualizar o que se refere ao contexto da obra literáriaao tema estudado.

Um fator curioso dentro da adaptação dao HQ é que elao escritor precisa


manter fielem boa medid a o contexto original da obra, pessência do texto para que
as imagens possam não fujam do referido e ser associadas ao texto, contudo
também nãosem se destacarquem mais que o conteúdo., tTudo precisa se organizar
num contexto harmônico e coerente. Assim, como as expressões faciais, as cenas,
luzes devem rimar ressaltar o que está escrito, resgatando nos quadrinhos aspectos
positivos na utilização conjunta de textos e imagens, possibilitando a ampla
compreensão do leitor.

A visão dos fatos representadas pelas imagens iconográfica, fotográfica ou


pictórica, fornece elementos de compreensão para o cérebro. É também por este
motivo que desde a infância os livros didáticos são recheados de ilustrações,
trazendo um vasto material visual em seus exemplares, esta inclusive é a ordem
natural das coisas, onde inicia a aquisição e o domínio da leitura.

1
Os quadrinhos podem adquirir formas distintas entre si. Por isso, diante da diversidade que a
linguagem das HQs engloba, convencionou-se utilizar a definição de clássicos adaptados proposta
por Monteiro (2002, p.7), colocada da seguinte forma: “os chamados clássicos adaptados são
criações por encomenda, tendo como base somente títulos de domínio público. [...] normalmente,
baseiam-se em obras que integram os cânones da literatura ocidental”.
13
As habilidades para compreender os conceitos abstratos são possíveis a
partir da adolescência, tanto pelas características das suas estruturas mentais,
quanto a restrita quantidade de referências que possuemi devido à sua pouca
vivência, por isso, a imagem é tão relevante e essencial para facilitar o entendimento
do jovem leitor.

Diante as afirmações e concepções mencionadas anteriormente, foi possível


desenvolver esta pesquisa bibliográfica a partir dos conceitos literários, da
relevância quanto ao ensino da literatura brasileira mediante práticas diversificadas,
ou seja, as adaptações das obras literárias para HQ’s, com objetivo de possibilitar
melhor compreensão da literatura por meio da história em quadrinho. Assim como
também, possibilita avaliar o potencial didático das quadrinizações literárias e
analisar as considerações acerca da adoção do gênero como material didático para
o ensino de Literatura, evidenciando as vantagens proporcionadas pelo emprego da
metodologia abordada.

1. A CRIAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Os quadrinhos fazem parte da literatura popular há quase duzentos anos. A


primeira história em quadrinhos (HQ) foi criada pelo artista americano Richard
Outcault2 em 1895 nos jornais sensacionalistas de Nova York com o Yellow Kid
(‘Menino Amarelo’). A tirinha fez tanto sucesso que os despertou nos demais jornais
o interesse pelo formato. Toda essa inspiração surgiu desde a pré-história, quando a
comunicação humana se dava a partir de desenhos, conhecida como arte rupestre.
Assim como também os quadros medievais da igreja católica para retratar os fatos
bíblicos.
Um destaque de Outcault em sua arte foi a escrita acompanhada aode
desenho, pois nos enredos medievais continham apenas uma sequência de

2
Richard Felton Outcault foi um autor e ilustrador de tiras de quadrinhos norte-americano, em
especial, as séries The Yellow Kid e Buster Brown. É considerado o inventor da tira em quadrinhos
moderna.
14
imagens, numa época onde ler era privilégio de poucos. Segundo Fernandes (2010),
antes a ideia de cultura e educação eram somente associadas àas classes mais
altas da sociedade e posteriormente, onde o contexto de capitalismo se firmou como
modo de produção dominante, foram surgindo as histórias em quadrinhos. Somente
a partir do século XX o termo História em Quadrinhos começou a ser utilizado,
quando foram introduzidos os balões nos desenhos com as falas dos personagens.
De acordo com Mendonça (2007) as HQs começaram a ganhar mais espaço
conforme seu público aumentava, expandindo sua presença para além de seus
próprios encadernados, chegando também a ocupar outras posições e roupagens,
podendo citar aqui, as tirinhas, as charges e os cartuns que são veiculados a jornais
e revistas.
Silva (2011) afirma que sua leitura muitas vezes pode ser feita inclusive por
analfabetos ou até mesmo quando escritas em outro idioma, apenas interpretando-
se a sequência de imagens. Diante isso, podemos afirmar que os quadrinhos são
um incentivo à leitura, pois até mesmo quem não é habituado à apreciação de obras
literárias, podem são ser leitores de quadrinhos. Contudo, embora sua linguagem
objetiva, os quadrinhos exigemapresentam a necessidade do leitor que
compreendaer a estrutura organizacional do mesmo deste gênero textual, para que
haja o entendimento cronológico do texto representativo.
No Brasil as HQs chegaram com as criações do italiano Angelo Agostini, suas
primeiras publicações foram na revista Vida Fluminense 3, com o título: As aventuras
de Nhô Quim, que narrava as experiências de um caipira na cidade grande. Agostini
trouxe neste enredo uma novidade: um personagem fixo para a história.
Desde então o mundo das HQs foi se desenvolvendo abrindo concorrências e
novas possibilidades de criações com personagens nacionais e estrangeiros que
sobrevivem no mercado há mais de meio século, conquistando novos leitores a cada
geração e enfrentando cada novo concorrente que ali se instala.
Segundo Waldomiro Vergueiro,

O Brasil, além de acompanhar as tendências mundiais e replicar a


diversificação da produção de revistas de histórias em quadrinhos
ocorrida nos países produtores, também se destacou pelo interesse no

3
Revista Vida Fluminense: folha joco-seria ilustrada, publica revistas, caricaturas, retratos, modas,
vistas, músicas etc etc. A revista era famosa por conter diversas histórias em quadrinhos, tanto
brasileiras como estrangeiras.
15
estudo acadêmico de quadrinhos. É fácil verificar que, nos últimos 10
anos, ocorreu um crescimento bastante expressivo de pesquisas
relacionadas com histórias em quadrinhos nas universidades brasileiras.
(VERGUEIRO, 2010, p. 9).

Em suas mais variadas formas, os quadrinhos não somente atingiram o


público infantil e juvenil, como também auxiliaram na socialização e integração dos
publico adulto.
Por um certo período de tempo, desde quando surgiram os primeiros traços,
os quadrinhos foram duramente criticados, associados, com o passar dos anos, ao
mau comportamento das crianças e ao aumento dos índices de criminalidade
infanto-juvenis. Ao longo do tempo e evolução dos quadrinhos, a criatividade dos
autores empolgava os leitores criava vínculos estreitos e proveitosos com o meio
pedagógico, método eficaz para despertar nas crianças o amor à leitura, cujo objeto
vai amadurecendo a inteligência do leitor. Gaiarsa (1977, p.119) diz que “Vamos
Aaprender a ver nas histórias em quadrinhos como é o mundo; as miniaturas
desenhadas ou fotografadas são muito mais semelhantes às coisas do que as
palavras. São mais curtas e mais claras”. Neste sentido, devemos aprender a olhar o
mundo, compreender suas múltiplas dimensões diante as inúmeras possibilidades
dos nossos sentidos.
As comics4, como são conhecidas nos países de língua inglesa, surgiram na
mesma época do cinematógrafo, mas diferente do que aconteceu com o cinema,
que desde sua estreia foi considerado a sétima arte, os quadrinhos não receberam
da crítica a devida importância, sendo até mesmo considerados como uma má
influência para crianças e adolescentes. Essa inovação provocou grande
estranhamento e as impressões iniciais sobre as HQs transportaram a arte
sequencial para o submundo das artes, onde permaneceu até a década de 60,
quando invadiu o universo acadêmico e ganhou a simpatia de estudantes e
professores.
Mesmo diante todas as influências positivas, os HQs também sofreram duras
críticas que acompanharam as publicações histórias em quadrinhos desde a sua
criação até sua expansão pelo mundo., a Argumentam os críticos que eles serviriam

4
Comics é uma expressão de origem inglesa que pode ser traduzida como “cómicos” e que designa
as bandas desenhadas (histórias em quadrinhos) produzidas nos Estados Unidos.
16
como agentes catalisadores de uma “preguiça mental”. Isso aconteceu em virtude
das temáticas abordadas, que fugiam às narrativas convencionais.
Pitombo esclarece que,

A forma mais evidente de colocar o conteúdo de obras literárias num gibi


foi, justamente, a adaptação de grandes clássicos da literatura para os
quadrinhos. Nos Estados Unidos, a primeira publicação a fazer isso foi a
Classics Illustrated, do editor Albert L. Kanter, um título que visava
combater o preconceito que os comics sofriam – que vinha de
educadores em geral, que, nos anos 1940, achavam que os quadrinhos
acostumavam mal as crianças a uma leitura supostamente pobre
(PITOMBO, 2008, p.7).

Por mais que a sociedade demonstrasse toda uma resistência quanto as


adaptações, principalmente se tratando de HQs, houve enfrentamento de algumas
revistas / séries, principalmente o formato adotado pela Classics Illustrated 5 que
alcançou o sucesso e influenciou publicações semelhantes em diversos países.

O primeiro romance brasileiro a ser transposto para a linguagem dos


quadrinhos foi O Guarani, do escritor José de Alencar, publicado primeiramente em
1947 no jornal Diário da Noite, de São Paulo, por meio de tiras diárias e reunidas
posteriormente em um único volume. Ainda no final da década de 40, a então recém
inaugurada Editora Brasil América (EBAL) iniciou a publicação da série intitulada
Edição Maravilhosa, idealizada para receber somente quadrinizações de clássicos
da literatura. Por isso, para Pitombo (2008, p.8) [...] a grande importância da Edição
Maravilhosa está baseada na valorização da nossa própria cultura. [...] a revista foi a
primeira em todo o mundo a produzir suas próprias adaptações de romances
nativos.

A EBAL não foi a única a produzir adaptações literárias, outras editoras


também se arriscaram na produção do gênero em questão; a mais famosa delas, a
Rio Gráfica Editora de Roberto Marinho, lançou em 1956 uma série denominada
Romance em Quadrinhos, também voltada para as adaptações. As editoras se
mantiveram bem nos anos que se seguiram as publicações adaptadas, mesmo

5
Classics Illustrated é uma série de histórias em quadrinhos que traz alguns adaptações de obras
da literatura clássica, projetada por Albert Lewis Kanter (1897-1973) em 1941 para a Elliot Publishing.
A série mudou de editoras ao longo do tempo, entre elas, a First Comics no início de 1990, em 2003
pela Jack Lake Productions Inc. e desde o final de 2007, pela Papercutz.
17
quando alguns períodos as quadrinizações desse tipo alcançaram números
modestos.

2. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA BRASILEIRA NA FORMAÇÃO


ESCOLAR DO ALUNO DE ENSINO MÉDIO

2.1 O ensino da literatura

A palavra literatura é originada do termo em latim littera que significa letra,


destacando diversas habilidades nas mais variadas formas de leitura e escrita. AA
palavra mesma possibilita inúmeras definições, tanto em contexto artístico quanto
em produções, despertando também o gosto pela leitura. Inicialmente podemos
mencionar um dos fatores que interferem bastante no avanço cultural do jovem
leitor, a prática de leitura obrigatória em um componente curricular que distancia o
prazer de viajar e/ ou vivenciar nas mais variadas obras literárias.

A obrigatoriedade e intensificação do ato de ler em sala de aula permite ao


aluno de ensino médio – assim como de outras séries – uma viagem na ficção,
apropriação da escrita, desenvolvimento da criatividade, assim como a reflexão,
inspiração para as situações do cotidiano. Para Cândido (1995) a literatura
desenvolve em nós a sensibilidade, tornando-nos mais reflexivos, críticos e
compreensivos, abertos para novos olhares e perceptivos das nossas condições
humanas. A leitura literária permite-nos refletir sobre o mundo ao nosso redor, nos
18
possibilitando ampliar conhecimentos diante novos horizontes e perspectivas. Outra
contribuição acerca da narrativa literária é a aproximação do leitor com a história, a
inserção nos variados personagens, onde o leitor vivencia o drama, as indecisões,
as conquistas, até mesmo o uso de termos linguísticos não mais convencionais.
Lajolo explica que,

É a literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os


diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e
comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute,
simbolismo, seus impasses, seus desejos, suas utopias, Por isso a
literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer ,
plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária,
alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca
vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. (LAJOLO, 2008,
p.106)

Ao longo de toda a pesquisa, foi possível considerar a leitura literária como


uma contribuição cultural que promove o desenvolvimento da educação estética, da
sensibilidade, concentração, dos aspectos cognitivos e linguísticos, além de
exercitar ainda mais a imaginação. Neste sentido, Freire (1989) enfatiza que o ato
de ler implica na percepção crítica, interpretação, reescrita, reelaboração do que
lemos.

Considerando em todos os aspectos a leitura como fonte de maturidade,


perpassando pelo meio pessoal, social e profissional, proporcionando-nos
conhecimentos diversos, enriquecendo vocabulário e dinamizando o raciocínio
acerca dos assuntos. Para Martins (1986), ter o domínio da leitura é fundamental
para interagir na sociedade cada vez mais caracterizada por diferentes signos
gráficos e imagéticos que organizam a dinâmica da comunicação nesses tempos de
multimídias e redes sociais. Ler proporciona a recriação de novas situações, nos
ensina, transforma e constrói. Ao lermos, podemos nos tornar personagens e
autores de nossas histórias e participamos das construções coletivas. Afirma
também que não aprendemos a ler apenas com o material impresso ou apresentado
diante das telas dos suportes eletrônicos, mas vivendo e interagindo com as
diferentes linguagens que dinamizam a comunicação na atualidade, refletindo e
agindo sobre as mesmas.

A prática da literatura baseia-se em uma exploração das potencialidades da


linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade
19
humana. Temos em nossa formação a concepção do letramento literário, onde
reafirma que não basta apenas que o indivíduo tenha habilidade de ler textos
literários, mas sim compreender e dar significados a esses textos. Fortalecendo e
ampliando a educação literária ofertadas nas escolas. A prática da literatura baseia-
se em uma exploração das potencialidades da linguagem, da palavra e da escrita,
que não tem paralelo em outra atividade humana.

Neste sentido Cosson (2012, p. 12) afirma:

O letramento literário, conforme o concebemos, possui uma configuração


de existência da escrita literária, o processo de letramento que se faz via
textos literários compreende não apenas uma dimensão diferenciada do
uso social da escrita, mas também e, sobretudo, uma forma de
assegurar seu efetivo domínio. (Cosson. 2012, p. 12)

Por isso a importância no processo de letramento é consolidada tanto na


escola quanto na sociedade em geral. Para tal é necessário ir além de simples
leituras textuais, mas ensinar o aluno a explorar o conteúdo de maneira adequada,
para que o leitor desfrute de experiências externas e também lhes permita novas
compreensões. Neste sentido, Cosson compartilha da ideia de que,

A experiência literária não só nos permite saber da vida por meio da


experiência do outro, como também vivenciar essa experiência. Ou seja,
a ficção feita palavra na narrativa e a palavra feita matéria na poesia são
processos formativos tanto da linguagem quanto do leitor e do escritor.
(Cosson, .2012, p. 172012, p. 17)

Portanto, o processo formativo do leitor dá-se neste âmbito de interpretações


e criações, permitindo reflexão social e maturidade linguística.
Na modalidade do Ensino Médio a finalidade do estudo literário torna-se
essencial nas proximidades do vestibular, pois é neste período que o alunado
gostando ou não das narrativas se dedicam mais. Porém, podemos considerar essa
estratégia como imatura e equivocada, uma vez que poderia ser melhor explorada.
Para o jovem leitor do Ensino Médio o ensino de Literatura está integrado na área de
leitura e dos estudos dos gêneros discursivos, por isso dialoga com resenha,
sinopses, sínteses, reportagens, entre outros que falam sobre a Literatura e que são
imprescindíveis para compreender alguns aspectos teóricos que são ditos pelo
autor, com sentimentos e sensações intencionais provocadas no leitor.

20
De um certo ponto de vista, a escola é tida como uma das principais
instituições responsáveis pela transmissão do patrimônio cultural e literário da
humanidade. O papel de mediador é competência do professor que busca caminhos
para que através dos quais a formação do leitor aconteça de forma prazerosa e
crítica. Assim acontece nas práticas de leitura, que não podem se restringir à
execução de tarefas obrigatórias ou com finalidades pré-estabelecidas, como o
ENEM, que produz o efeito retroativo nos currículos, práticas de leitura e avaliações
ao longo dessa etapa da educação básica. Por muitas vezes, em nome dessa
obrigatoriedade, a prática de ensino em sala de aula restringe o ensino da gramática
a aspectos estruturais da língua e deixa de lado o ensino da literatura e as
discussões críticas suscitadas pelo texto literário.

Nesse cenário, a presença de textos canônicos e não-canônicos, ou seja,


textos hierárquicos, que no ensino médio brasileiro só pode ser defendida tendo em
vista uma concepção de leitura baseada nas ideias de que ler é produzir
conhecimento e de que um texto literário é construído como um infinito mosaico de
citações, influências e vozes histórico-sociais. Nas palavras de Bakhtin (1988):

Em cada época de sua existência histórica a obra é levada a estabelecer


contatos estreitos com a ideologia cambiante do cotidiano, a impregnar-
se dele e alimentar-se da seiva nova secretada. É apenas na medida em
que a obra é capaz de estabelecer um vínculo orgânico ininterrupto com
a ideologia do cotidiano de uma determinada época, que ela é capaz de
viver nesta época (é claro, nos limites de um grupo social determinado)
(p. 119).

Para cada obra lida, há um sentido produzido leitor e diferenciados em


diferentes contextos de raciocínio e /ou entendimento de mundo.

Os órgãos governamentais começaram a reconhecer a importância dos


quadrinhos para a formação do jovem leitor a partir do primeiro e significativo sinal
de inclusão das HQs como um campo artístico a ser explorado por estudantes por
meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), diretrizes oficiais que norteiam
as práticas pedagógicas e parâmetros básicos a serem seguidos pelos currículos
escolares de todo o Brasil.

21
Em 1997, o PCN de educação artística incluía especificamente a importância
de os estudantes desenvolverem habilidades para leitura de quadrinhos. Já o PCN
do Ensino Médio da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias de 2006
referia-se especificamente aos quadrinhos como importante objeto de estudo para
leitores mais avançados. O grande destaque deste documento é enfatizado na
importância de desenvolver nos estudantes técnicas para uma leitura mais
aprofundada das HQs. Pode-se considerar esse apanhado não somente como
desenvolvimento na leitura, mas também como possibilidades para apreciação de
outras artes.

2.2 Os PCNEM: concepções de literatura

O Ministério de Educação e Cultura publicou alguns documentos para nortear


o ensino de Língua e Literatura em nível nacional, a fim de parametrizar e nivelar a
prática docente nas escolas brasileiras. Têm-se, então: os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM Brasil (2000); as Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN +
Brasil (2000) e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio –
OCNEM, Brasil (2006) que destacam o caráter comunicativo no tocante à língua e
humanizador em relação à Literatura. Os PCN+ nos direcionam que,

A Literatura, particularmente, além de sua específica constituição


estética, é um campo riquíssimo para investigações históricas realizadas
pelos estudantes, estimulados e orientados pelo professor, permitindo
reencontrar o mundo sob a ótica do escritor de cada época e contexto
cultural: Camões ou Machado de Assis; Cervantes ou Borges;
Shakespeare ou Allan Poe; Goethe ou Thomas Mann; Dante ou
Guareschi; Molière ou Stendhal. Esse exercício com a literatura pode ser
acompanhado de outros, com as artes plásticas ou a música,
investigando as muitas linguagens de cada período. (BRASIL, 2006,
p.19).

22
Por conseguinte, o ensino da literatura é um aliado complementar histórico
dos mais variados contextos, sejam por meio dos romances, pinturas da época,
orientações medicinais, atividades esportivas e/ou comunicativas, manifestações de
hábitos alimentares e até mesmo organizações políticas.

Os conceitos alusivos à leitura que sustentam os dois eixos dos Parâmetros


Curriculares Nacionais acerca da representação, investigação e compreensão
tomam a literatura em seu stricto sensu como arte que se constrói palavras e na
defesa das especificidades inerentes à Literatura, enfatizando a importância de sua
presença no currículo do Ensino Médio, e discutindo sobre sua a necessidade,
enfocando a arte e Literatura assim como outras formas de expressão artística como
um saber fundamental ao homem, não sendo apenas privilégios de uma minoria:

Sempre gozou de status privilegiado ante as outras, dada à tradição


letrada de uma elite que comandava os destinos da nação. A literatura
era tão privilegiada que chegou mesmo a ser tomada como sinal
distintivo de cultura, logo de classe social (BRASIL, 2006, p.55).

Para que o aluno leitor busque desenvolver competências e habilidades


relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa e de Literatura um potencial crítico, as
propostas contidas nos PCN+ possibilitam a percepção das múltiplas expressões
linguísticas, capacitando assim como um representante cultural por meio dos
variados textos relacionados ao contexto histórico de uma sociedade. Diante os
registros dos PCN+,

Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das


características de determinado movimento literário, o aluno deve ter
meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que
possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com
que se depara na família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho
(BRASIL, 2000, p.55).

É neste sentido que os docentes responsáveis pela formação do aluno leitor


de literatura buscam se firmar nos documentos oficiais, discutindo a necessidade de
letramento literário, não apenas preocupados em conhecer as obras literárias, mas
textos que falem da Literatura. Soares (2011) traz, em seus estudos, reflexões e
23
esclarecimentos de como tem sido desenvolvida as relações entre Literatura e
ensino na esfera escolar. No entanto, em documentos oficiais publicados pelo MEC
dizem que o aluno leitor não deve ser sobrecarregado apenas com informações da
época, estilos, escolas literárias, apesar de os PCN, principalmente o (PCN++, 2002,
p.55), alertarem para o caráter secundário de tais conteúdos para além da
memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado
movimento literário. Existe sim um princípio teórico-metodológico que condiciona
meios para ampliar e articular os conhecimentos adquiridos, para que este se torne
leitor proficiente, na medida que ao ler textos, os compreenda de forma mais
significativa e que ao ler muitas obras / títulos, garanta qualidade e não apenas
quantidade. Para enriquecer esta discussão,

Os PCNS insistem que a formação do leitor e escritor só será


possível na medida em que o próprio professor se apresenta
para o aluno como alguém que vive a experiência da leitura e
da escrita. O professor, além de ser aquele que ensina
conteúdos, é alguém que transmite o valor que a língua tem
demonstrado para si. Se o professor tem relação prazerosa
com a leitura e a escrita certamente poderá funcionar com
medidas para seus alunos (ROJO,2000,p.2000, p.66).

Toda essa contextualização, só fortalece a ideia que a escola pode e deve


formar bons leitores, para que assim se tornem escritores, buscando ultrapassar os
“muros da escola”, ou seja, ir além da sala de aula, buscando compartilhar
experiências e/ou vivencias diversificadas, assim textualmente falando.

24
3. A CONSOLIDAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA LITERATURA
BRASILEIRA

O uso dos quadrinhos na literatura temraz sua relevância não somente para o
entretenimento, mas também para o campo (in)formativo sobretudo, porque tem se
percebido que uma ideia posta no papel pode ser desenvolvida não somente com a
escrita, mas se a ela estiverem associadas a imagens e uma história animada,
podem que possa ajudará-la no compartilhamentoa percepção de ideias e para
melhorar a compreensão de mundo do indivíduo que faz uso habitual desse tipo de
literatura. Assim afirma Alves (1998, p. 40), “só conservamos na memória e
aprendemos aquilo que nos é significado e possui relações com o nosso universo
sociocultural”.

Waldomiro Vergueiro, um dos mais importantes estudiosos das HQs no Brasil,


descreve o espaço tradicionalmente dedicado aos quadrinhos no âmbito do debate
público e acadêmico:

As histórias em quadrinhos passaram grande parte da segunda metade


do século XX sendo identificadas como produtos exclusivos para
consumo e leitura de crianças e adolescentes e padecendo, durante
décadas, a indiferença das camadas intelectuais da sociedade. E isso
aconteceu apesar de, como linguagem, elas representarem a
continuidade de uma longa tradição de manifestações iconográficas,
cujas gêneses podem ser encontradas nas pinturas das cavernas do
homem pré-histórico e que foram desenvolvidas ao longo de vários
séculos, em diversas formas de manifestações artísticas – como as
colunas de Trajano, a Tapeçaria de Bayeux, o Livro dos Mortos, etc.
Embora constituindo uma linguagem própria – híbrida da linguagem
escrita e da imagem desenhada –, os quadrinhos tiveram sua aceitação
25
pelas elites pensantes dificultada por diversos fatores, mas
principalmente por sua característica de linguagem direcionada para as
massas em geral e, especificamente, às camadas mais jovens da
sociedade. (VERGUEIRO, 2010, p.3).

É neste direcionamento que as principais características do desenvolvimento


das HQs acontecem primeiramente pelos leitores, somente após, pelos produtores,
pois é a partir da adesão ao produto que o produtor inovará e movimentará
inovadora possibilidade. Apesar da legitimação dos quadrinhos estar longe de ser
um processo finalizado, todos os fatores aqui citados auxiliaram no relativo
reconhecimento e prestígio que as HQs têm alcançado nas últimas décadas. A
contribuição mais representativa dada pelo PNBE ao mercado de HQs, se deu
quando ocorreu compras de HQs dos mais variados estilos e para todas as idades,
pois quanto mais a indústria cresce, mais se cria a possibilidade do surgimento de
novos talentos e artistas de destaque no mercado, consequentemente cresce o
número de profissionais competentes e dispostos à qualificar as produções dos
quadrinhos literários, estimulando uma indústria ainda em pleno desenvolvimento.

Os quadrinhos encontraram uma linguagem autônoma em sua própria


constituição e, assim, o seu refinamento. Com o propósito de difundir a gramática
especial dos quadrinhos, permite-se formar leitores habituados ao gênero. Neste
sentido, o melhor caminho é a sala de aula, porém com alguns impasses.
Raramente quadrinhos são trabalhados na escola, e, quando o são, geralmente
surgem em livros didáticos como paradigmas de erro, de desvio da norma culta da
língua. Além desse caso, por vezes os quadrinhos desempenham o papel de mero
enfeite ilustrativo, sem terem sua linguagem esmiuçada, sem receberem uma
análise aprofundada de seu grau de refinamento, tão necessária quanto a outros
campos do conhecimento, como educação artística e história. Para que os
quadrinhos sejam plenamente compreendidos – e lidos – é fundamental que se
exerça uma expansão da percepção: a leitura, aqui, não se resume ao escrito, ao
racional da palavra, mas engloba também o elemento sensorialitivo, uma vez que as
imagens transmitem compreensões e significados.

As HQs brasileiras ainda buscam legitimidade através da adaptação de


clássicos da literatura. Visto que a elas são incorporadas discussões teóricas que
visam destacar a complexidade presente no seu consumo, desdobrando-se num
26
diálogo entre HQs e literatura, onde algumas obras incorporaram a linguagem das
HQs aos seus projetos estéticos. Dentro do universo dos quadrinhos há tipos
variados de narrativa, cada qual com características intrínsecas: de aventura, de
romance, quadrinhos políticos, indie, eróticos, infanto-juvenis, quadrinhos-
reportagem, biografias em quadrinhos etc. A divisão em subgêneros tende a ser
consagrada; certos artistas criam apenas para determinado segmento, que, por sua
vez, tem um público cativo, logo, os quadrinhos não são todos iguais.

3.1 As adaptações literárias

A produção das adaptações literárias surgiu na tentativa de aumentar as


vendas das histórias em quadrinhos. Logo, em meados de 1940 nos Estados Unidos
a revista Classics Illustrated trazia em suas páginas obras literárias transformadas
em HQs com intuito de alavancar no mercado, reproduzindo as adaptações em
forma de livro, que para a época foi considerada um marco que conseguiu reunir os
conteúdos na linguagem dos quadrinhos.

No caso das obras literárias, o conceito de adaptação vem desde a


interpretação da obra a partir do texto original até o ponto de vista do adaptador,
fazendo uma espécie de releitura do contexto em que está inserido. Assim, o verbete
‘adaptação’ conta com a seguinte definição, de acordo com o Novo Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2004): “Transformação de uma obra
literária em representação teatral, cinematográfica, radiofônica ou televisionada”. Já
para o verbete adaptar, atribui-se o significado de “Modificar o texto de (obra
literária), ou tornando-o mais acessível ao público a que se destina, ou
transformando-o em peça teatral, script cinematográfico, etcetc.”. A partir das
concepções definidas no dicionário é válido afirmar que as HQs literárias se
enquadram na concepção de verbete, que expõe a transposição do texto escrito
para o iconográfico torna o gênero mais acessível ao público a que se destina.

Em 2006 aconteceu a expansão junto a ela o reconhecimento das adaptações


como ferramenta pedagógica no auxílio da formação de novos leitores e na criação

27
de outras didáticas, levando para a sala de aula a linguagem icônica, tão
amplamente utilizada pela mídia atual, pois além da inclusão nos PCNs, o fato dos
quadrinhos passarem a ser selecionados para o PNBE do Governo Federal acabou
impulsionando ainda mais a produção do gênero voltado para finalidades didáticas.
O Programa, que busca incentivar o hábito da leitura entre estudantes de escolas
públicas do ensino fundamental e médio, incluiu histórias em quadrinhos no acervo
distribuído anualmente para estabelecimentos de ensino de todo o País. Em 2009
obteve aumento significativo no número de histórias em quadrinhos selecionadas
para o acervo. Conforme ressalta Calazans:

Uma experiência que pode ser levada em conta é a adaptação de obras


literárias, nacionais ou de língua portuguesa, que posteriormente
acabam motivando a leitura dessas mesmas obras. Assim, respeitando o
ritmo dos alunos, sua sensibilidade e percepção, hoje tão fragmentados
pela mídia eletrônica da TV e dos videogames, as quadrinizações de
alguns contos [...] podem levar o aluno a ler o original após ter o primeiro
contato com a quadrinização da obra. (Calazans,2005, p.10-11)

São nestas possibilidades variadas que o docente busca meios significativos


e inovadores para ampliar, atrair e valorizar o gosto pela leitura nos jovens leitores.

A partir do momento em que a educação permitiu a inserção dos quadrinhos


em sala de aula como material paradidático, a utilização dos textos cânones da
literatura adaptados para HQs, numa linguagem sequencial mostrou-se forte aliada
também no ensino literário, assim como nas obras originais, as adaptações
permitem ao professor trabalhar com diversas possibilidades de interpretação de
uma mesma obra. Por isso, entre as inúmeras possibilidades de utilização do meio,
cabe ao educador procurar a melhor estratégia para cada caso, combinando dessa
forma as especificidades do conteúdo que será trabalhado com o tema abordado
pela história e a característica pertinente a cada estudante.

Com uma variedade de títulos adaptados disponíveis atualmente no mercado,


o questionamento sobre a viabilidade para a utilização pedagógica desse material
tornou-se frequente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A rToda compreensão acerca da realização desse trabalho nos possibilitoua a


reflexão dsobre o surgimento das histórias em quadrinhos, e sua importância no
processo ensino- aprendizagem, pois através da utilização deste gênero textualas
mesmas as aulas podem se tornamr mais dinâmicas, assim como podem tornarndo
o conteúdo mais significativo e a aprendizagem mais prazerosa. Pesquisas recentes
sobre aprendizagem demonstram que o ensino de novos conceitos e procedimentos
fica mais fácil quando se estabelece a ligação com o conhecimento prévio do aluno,
conhecimento este que podemos mencionar a leitura de imagens m coem
associação ade saberes e experiências prévias do aluno leitor literário.

A partir do momento em que os educadores estiverem prontos para uma


transformação nas práticas em sala de aula, no que dizem respeito à leitura literária,
para que instiguecause nos discentes sensibilidade e credibilidade que aatravés da
obra literária proporciona, a leitura será vista como o caminho que nos leva a
mundos infinitos, dentro e fora de cada um de nós., a Aí sim, estaremos propiciando
uma escolarização adequada da literatura. Diante as afirmações mencionadas
durante todo o trabalho, destacamos Liberato (2012) defende a ideia de que é
29
preciso melhorar a legibilidade dos textos didáticos, tornando-os mais acessíveis,
mais fáceis de compreender – tanto do conhecimento da língua quanto do
conhecimento do assunto de que trata o texto, favorecendo a compreensão e
facilitando o aprendizado da leitura. O que deveOu seja, ser feito, são devem ser
realizadas atividades que respeitem a diversidade de ritmos, capacidades de
compreensão, de abstração, de concentração dos alunos.

No Brasil, o que se apresenta em um cenário recente é a presença de


relações variadas entre literatura e HQs, pois no campo pedagógico a partir de
meados dos anos 1990 foi possível destacar desde a sugestão do uso de HQs nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) até a adoção do Programa Nacional
Biblioteca na Escola em 2006. Tais medidas fizeram com que as HQs e, em
especial, as adaptações literárias para essa linguagem, passassem a serem vistas
como ferramenta pedagógica. Todo esse suporte criou uma relação na qual as HQs
se tornaram uma ferramenta e/ou suporte de textos literários para outras disciplinas,
primordialmente para história, que possibilita compreensões e representações
ilustrativas e claras.

Porém, a qualidade gráfica, editorial e estética de tais publicações oscila


bastante, sendo possível encontrar desde adaptações que propõem rearranjos
criativos de acordo com as especificidades da linguagem das HQs a versões que
mais se aproximam de Classic Illustrated ou de Edição Maravilhosa, conforme
mencionado anteriormente como marcos das adaptações literárias, conhecidas
mundialmente.

Por fim, com a motivação das políticas educacionais de incentivo à leitura em


nível federal, por meio tanto dos PCNs como do PNBE, observa-se um claro
crescimento do mercado de histórias em quadrinhos e, mais recentemente, de
adaptações literárias para esta linguagem, possibilitando de fato um avanço
significativo e não mais mero cumpridor de metas ou exames nacionais, mas uma
valorização cultural e histórica nas obras literárias.

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corporeidade. Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo dos Campos.
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