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'Reformar Previdência é necessário, mas não suficiente', diz Marconi https://www.valor.com.

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01/03/2019 - 05:00

'Reformar Previdência é necessário, mas não suficiente',


diz Marconi
Por Thais Carrança

A reforma da Previdência é uma condição necessária, mas não suficiente para


uma retomada mais firme da atividade, acredita Nelson Marconi, coordenador-
executivo do Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Ela pode
gerar uma situação fiscal melhor, abrir espaço para redução dos juros, mas não
resolve o problema de insuficiência de demanda", avalia o economista, que
coordenou o programa econômico de Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à
Presidência.

Para Marconi, o estímulo mais forte da demanda deve vir de um programa de Nelson Marconi, da FGV: "Hoje, o estímulo
mais forte seria um programa de concessões
concessões, já que a situação fiscal do governo limita a capacidade de
de obras e serviços"
investimento público. Ele avalia ainda que o câmbio ao patamar atual, em torno
de R$ 3,75, ou mais próximo de R$ 3,80, é suficiente para garantir a competitividade do setor exportador. Mas que seria
preciso melhorar as condições de infraestrutura, financiamento e carga tributária para que uma abertura comercial não
prejudique o setor produtivo nacional.

Como na campanha de Ciro, Marconi voltou a defender um mecanismo de refinanciamento da dívida privada e avalia que a
proposta de Paulo Guedes - próxima à do programa do pedetista - de uma reforma do imposto corporativo, acompanhada da
taxação de dividendos, desafogaria o setor privado e iria na linha do que outros países estão fazendo.

Para além das reformas da Previdência e tributária, o professor acredita ser necessária uma mudança do sistema financeiro.
Marconi vê espaço para queda adicional da taxa básica de juros, mas acredita que uma redução mais consistente dependeria da
melhora da situação fiscal e queda dos spreads. Confira os principais trechos da entrevista.

Valor: Qual é a sua avaliação sobre o PIB de 2018?

Nelson Marconi: É um PIB que continua andando de lado, com setores mostrando pequenas variações positivas e destaque
negativo para a construção. Na margem, o quatro trimestre mostra resultados piores. Então, se isso for uma tendência para os
próximos trimestres, não há uma perspectiva muito favorável.

Valor: Na sua avaliação, por que a atividade não está reagindo?

Marconi: Tem um fator estrutural e um conjuntural. O estrutural é que setores mais dinâmicos da produção nacional
continuam perdendo participação no PIB. A indústria de transformação e os serviços de comunicação e informação estão
perdendo participação. O que ganha espaço são os outros serviços, menos sofisticados.

Valor: E o fator conjuntural?

Marconi: A economia continua tendo um desemprego muito elevado, as famílias continuam endividadas. O setor público tem

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situação fiscal ruim e não tem condições de investir, isso inibe um processo de queda maior dos juros. Para as exportações, não
há nenhuma medida no panorama. Há um problema de insuficiência de demanda. Nesse contexto, a reforma da Previdência é
uma condição necessária, mas não suficiente. Ela pode gerar uma situação fiscal melhor, abrir espaço para redução dos juros,
mas não resolve esse problema de insuficiência de demanda.

Valor: Quais são os instrumentos para estimular a demanda?

Marconi: Hoje, o estímulo mais forte seria um programa de concessões de obras e serviços por parte do governo para o setor
privado. A capacidade do governo de investir diretamente é muito baixa hoje, do ponto de vista fiscal. Daí a necessidade de
apostar nas concessões. À medida que houver melhoria da infraestrutura, pode ter um ganho de competitividade para o setor
externo, com a manutenção do câmbio num patamar razoável, que pode ser esse que está aí ou um pouco mais alto, em R$
3,80. É preciso também resolver o problema do endividamento privado, algum mecanismo de refinanciamento seria
importante.

Valor: Desvalorização cambial para aumentar exportações seria um caminho?

Marconi: Hoje, o câmbio está muito perto de onde deveria estar, em torno de R$ 3,80. É menos desvalorizar e mais dar
previsibilidade para quem tem essa variável como importante para decisões de negócios. A desvalorização necessária já
ocorreu.

Valor: A agenda econômica de Paulo Guedes, baseada em reformas estruturais, privatizações e abertura comercial é
suficiente para devolver o país ao crescimento?

Marconi: Eu acho que não. Em primeiro lugar, fazer a abertura comercial, que é uma coisa importante, sem primeiro criar as
condições para que a empresa brasileira consiga competir em pé de igualdade, vai prejudicar muito o setor produtivo. Para
baixar a alíquota - uma medida razoável a longo prazo -, é preciso primeiro condições de infraestrutura, manter o câmbio
estável, ter condições de financiamento e uma carga tributária adequada. Se isso for construído, a abertura comercial deve ser
feita. Na situação atual, se for feita a abertura, o mercado será escancarado para empresas estrangeiras, aumentando a
competição interna, mas prejudicando as empresas nacionais em uma série de pontos.

Valor: E quanto a privatizações?

Marconi: As privatizações têm que ser avaliadas caso a caso, o que pode ser mais eficiente e o interesse da sociedade em fazer
ou não. Mas o fato de privatizar não significa que vai aumentar o nível de atividade. A privatização é uma questão de eficiência
e de melhoria de serviços, mas não significa melhoria do nível de atividade necessariamente.

Valor: E quanto às reformas?

Marconi: As reformas são importantes para estimular o crescimento. Mas, como eu já disse, são uma condição necessária,
mas não suficiente. Além disso, há toda uma reforma do setor financeiro que precisa ser feita - eliminação da indexação,
redução no volume de operações compromissadas, redução da concentração bancária -, sobre a qual o governo não fala.

Valor: Você acha que tem espaço para os juros caírem mais?

Marconi: Uma taxa de juros básica que em termos reais é próxima a 2,5% é alta para padrões internacionais. Mas,
logicamente, há uma situação fiscal muito ruim e todo um mecanismo de financiamento da dívida que dificulta a queda. Acho
que, na hora em que a situação fiscal melhorar, tem espaço para a taxa cair.

Valor: Mas, no momento atual, dada a fraqueza da atividade e inflação controlada, isso é possível?

Marconi: Tem espaço para mexer agora, mas, para cair mais fortemente, depende da melhoria fiscal. O problema maior é que
essa queda dos juros básicos precisa se refletir em queda maior ao tomador. Em outras palavras, o spread continua muito alto
e isso se deve em boa parte à concentração bancária. Daí a importância da reforma financeira.

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Valor: Voltando ao investimento, uma reforma do imposto corporativo, acompanhada de taxação de dividendos e juros
sobre o capital próprio, que Guedes tem falado, também seria um motor importante?

Marconi: Mudar a composição da carga tributária, diminuindo imposto sobre a pessoa jurídica e aumentando na distribuição
de lucros e dividendos é uma coisa importante. Se ele [Guedes] realmente fizer isso, é uma mudança fundamental. Desafoga o
setor privado e vai na linha do que outros países estão fazendo em termos de reforma tributária. Melhora nossa
competitividade.

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