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Universidade do Minho

Escola de Engenharia
Mestrado em Engenharia
Urbana

Gabriel Barros Dolabella


Igor Mateus Fiamengo Lippi Alves Cerullo
Pétilin Assis Azevedo de Souza

PROCESSOS DE DESINFECÇÃO
PARA PRODUÇÃO DE ÁGUA
POTÁVEL E SEGURA

PROCESSOS DE DESINFECÇÃO PARA PRODUÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL E


SEGURA

G. B. DOLABELLA, I. M. F. L. A. CERULLO, P. A. A. DE SOUZA

1 INTRODUÇÃO

Na etapa de desinfecção do tratamento de água, o desinfetante químico mais comum de ser


utilizado para produzir água segura é o cloro (Cl2), líquido ou gasoso. Neste trabalho, além
de apresentarmos este já conhecido desinfetante, serão abordados outros desinfetantes
químicos, que são considerados alternativos, e também o processo de desinfecção física.
Para produzir água segura para consumo humano, as águas podem extraídas de fontes
subterrâneas ou superficiais. As águas extraídas não são seguras para consumo, sendo
necessário, portanto, o tratamento das mesmas em Estações de Tratamento de Água (ETA).
Este tratamento pode variar dependendo da qualidade da fonte e dos requerimentos para
água para consumo humano.

A importância da etapa de desinfecção está em ser um processo para elimação ou


inativação de microrganismos patogênicos, de maneira a evitar doenças transmitidas pela
água. Historicamente, apesar da relação epidemiológica entre água e doença ter sido
sugerida nos anos 1850, apenas em 1880 entendeu-se a água como transportadora de
organismos produtores de doenças com o desenvolvimento da teoria germinitiva da doença
por Pasteur.

Este período foi marcado pelo episódio epidêmico de coléra em Londres, conhecido como
"Broad Street Well”, no qual o Dr. John Snow realizou seu estudo epidemiológico bastante
famoso, concluindo que o poço tinha sido contaminado por um visitante infectado. Assim,
esse incidente data por ser o primeiro caso de doença epidêmica relatada atribuída à
reciclagem direta de água não desinfectada.

2 ÁGUA, SAÚDE E ECONOMIA

O acesso à água é uma das principais garantias da qualidade de vida humana. O principal
objetivo do fornecimento adequado de água é que a água seja segura. Para produção de
água segura para consumo humano, a água captada deve ser tratada.

O tratamento de água adequado previne doenças como cólera, tifóide, hepatite A, diarreia e
outras ameaças à saúde humana, e refere-se à remoção de contaminantes e impurezas antes
de ser enviada para o sistema de distribuição. A gestão inadequada das águas residuais
urbanas, industriais e agrícolas pode significar água potável de centenas de milhões de
pessoas perigosamente contaminada ou quimicamente poluída. O tratamento é necessário,
portanto, devido aos resíduos das substâncias presentes no meio ambiente poderem ser
prejudiciais ao ser humano. Esse tratamento se diferencia de acordo com sua captação,
sendo a desinfecção - etapa do processo de tratamento descrita no capítulo 3 - sempre
necessária.

Apesar da reconhecida importância do tratamento da água, ainda hoje 1 em 9 pessoas não


tem acesso à água segura no mundo (The Water Crisis, 2018). Os impactos econômicos
desse fato se materializam no tempo dispensado em busca de água ou à procura de
saneamento adequado, ocasionando perdas de oportunidades econômicas para a população.
A garantia do acesso à água segura e saneamento se convertem em economia de tempo,
dando mais possibilidade de famílias investirem em educação e oportunidades de emprego
que irão colaborar para quebrar com o ciclo de pobreza.

3 DESINFECÇÃO

A desinfecção é o processo utilizado nas ETAs que tem como principal objetivo a
inativação de microrganismos patogênicos e não patogênicos indesejados na água para o
consumo humano. Além da inativação destes microrganismos, este processo tem funções
secundárias, a depender das necessidades de cada ETA. Algumas delas estão listadas
abaixo:
• Minimizar a formação de subprodutos oriundos da desinfecção;

• Oxidação de ferro e manganês;

• Manutenção da estabilidade biológica e prevenção do crescimento biológico na

distribuição da água;

• Remoção de gosto e odor (oxidação química);

• Aumento de eficiência na coagulação e na filtração;

• Remoção da cor.

Em alguns países, como no Brasil, o flueretação é ainda empregada como forma de reduzir
os problemas relacionados às cáries, especialmente em crianças, e este processo é
geralmente empregado na etapa de desinfecção, assim como a correção de pH, geralmente
com a mistura de cal à água.

Dentre os precessos de desinfecção amplamente conhecidos e utilizados, exitem os com


agentes químicos e os com agentes físicos. Os métodos mais utilizados nestes processos
estão descritos a seguir.

3.1 Desinfeção com Agentes Químicos

3.1.1 Cloro

A desinfecção com cloro é a forma mais comumente utilizada em ETAs, tanto na pré-
desinfecção quanto na pós-desinfecção (manutenção residual na rede). Sua utilização é tão
ampla que os demais desinfetantes são considerados alternativos. Não à toa o uso do cloro
como desinfetante é tão amplo. Dentre diversas vantagens, são listadas quatro:

• Inativação efetiva de uma vasta gama de patogênicos comumente presente na água;

• Função residual facilmente medida e controlada;

• Economia;

• Diversos registros de sucesso em melhora da água em operações de tratamento

Por outro lado, há algumas desvantagens no uso deste método de desinfecção, como:

• Aparecimento de subprodutos indesejáveis;

• Alguns perigos associados ao uso do cloro, especialmente o cloro gasoso;

• Altas doses de cloro podem ocasionar problemas de gosto e sabor


A desinfecção utilizando-se o cloro como agente é realizada, usualmente, por uma das três
formas: gás cloro, hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio. O cloro gasoso hidrolisa
rapidamente em contato com a água (𝐶𝑙2𝑔+𝐻2𝑂 → 𝐻𝑂𝐶𝑙 + 𝐻 + 𝐶𝑙 − ), formando o ácido
hipocloroso, que também possui elevador poder germicida, principalmente quando o pH
e
s
t 2(𝑔) + 𝐻2 𝑂 → 𝐻𝑂𝐶𝑙 + 𝐻 + 𝐶𝑙 −
𝐶𝑙 (1)
á
𝐻𝑂𝐶𝑙 ↔ 𝐻 + + 𝑂𝐶𝑙 − (2)
b
a hipocloritos possuem funções muito parecidas com a do cloro gasoso, principalmente
Os
i relação à toxicidade para microrganismos, que é sua principal função. Entretanto,
em
xapresentam outras vantagens e desvantagens diferentes daquele, como maior custo, menor
o
estabilidade, e menor corrosão e menor preocupação com a segurança.
,
Alguns fatores podem afetar a desinfecção utilizando-se o cloro, tanto em relação à
eefetividade do processo quanto em relação à contaminação da água por meio de
m
subprodutos das reações. Dentre os fatores que podem afetar este processo estão:

r • Turvação – particulados podem proteger os microrganismos da inativação;


a
z • Presença de matéria orgânica ou matéria azotada – formação de subprodutos;
ã
o • pH – dissolução de HOCl e de OCl-;
d • Temperatura – altera taxas de reação e de difusão, mudando a quantidade de
a
reagentes necessários;
b
a • Tempo de contato e dose do desinfetante.
i
xPara evitar o crescimento e até mesmo reduzir a quantidade de trihalometanos na água,
apode-se utilizar as cloraminas como desinfetantes, apesar da menor eficiência em relação
ao cloro gasoso. Em geral as cloraminas são utilizadas de forma combinada no tratamento
dde água.
i
sA efetividade da desinfecção quando são utilizados métodos que têm o cloro como
sdesinfetante é função do tempo de contato e da concentração do componente aplicado. Para
oque estes parâmetros sejam atingidos durante o tratamento da água, geralmente são
cutilizadas chicanas verticais ou horizontais. Um esquema de chicana está representado na
iFigura 1:
a
ç
ã
o

d
e

O
H
C
l

q
u
Figura 1 – Esquema de uma chicana horizontal para aumentar tempo de contato na
cloração

3.1.2 Ozonização

A desinfecção utilizando ozono tem um maior alcance na Europa, sendo ainda pouco
utilizado nos Estados Unidos e no Brasil, por exemplo. Este tipo de processo de
desinfecção é geralmente utilizado em ETAs de menor escala, e, além do seu objetivo
precípuo relacionado à desinfecção e oxidação, tem como um dos objetivos secundários a
remoção do odor e do gosto da água, e foi este objetivo que atraiu a utilização do ozono
nas ETAs norte-americanas em um primeiro momento. Somente com as regras sobre os
subprodutos da cloração é que esta etapa do tratamento teve um aumento mais acelerado
naquele país.

A oxidação causada pelo ozono é extremamente elevada, capaz de oxidar tanto compostos
orgânicos quanto inorgânicos, e seus subprodutos são mais susceptíveis à degradação
biológica de maneira geral, com exceção quando há presença de brometos.

Dentre as vantagens da utilização do ozono no processo de desinfecção em ETAs, pode-se


destacar:

• Atua como bactericida e virulicida com ação muito rápida e eficaz;

• Remoção de cor (ácidos húmicos), sabor e odor (fenóis) e turbidez;

• Remoção de substâncias potencialmente cancerígenas – pesticidas;

• Não forma subprodutos (exceção na presença de brometo, aldeídos, cetonas e

outros);
• Reage com matéria orgânica formando carbono orgânico dissolvido biodegradável;

• Não há influência do pH na inativação de germes;

• Tempo de contato pequeno.

Entretanto, este processo também possui desvantagens, como por exemplo:

• Custos mais elevados do que o cloro (equipamento e energia);

• Corrosividade e toxicidade;

• Necessidade de filtros biológicos para remover matéria orgânica biodegradável;

• Rápido decaimento do em pH e temperatura altos;

• Ação residual praticamente nula;

• Elevado nível de operação e mão-de-obra especializada.

Como não há ação residual e há remoção de matéria orgânica e inorgânica, o tratamento


com ozono tem sido muito utilizado durante a pré-desinfecção – quando há este processo
na ETA – pois a partir das características da água na presença de ozono, estas matérias
podem ser removidas durante a decantação e filtração, reduzindo-se a necessidade de uso
de substâncias cloradas na fase final de desinfecção, já que seria necessária apenas a
quantidade com função residual.

3.2 Desinfeção com Agentes Físicos

3.2.1 Radiação Ultravioleta (UV)

Diferentemente dos demais desinfetantes mencionados, a inativação dos microrganismos


por meio de radiação UV ocorre por meio de alterações moleculares em componentes
essenciais para o funcionamento das células, causadas por reações fotoquímicas a partir da
absorção da luz UV. Portanto, este processo é considerado físico, e não químico como os
demais desifetantes mencionados.

Este método de desinfecção é muito eficiente na inativação de microrganismos menores,


como vírus e bactérias, entretanto as doses necessárias para inativar grandes protozoários
são muito elevadas, o que tem levada ao uso deste processo combinado com ozono e/ou
peróxido de hidrogênio para aumentar e efetividade do tratamento com UV, ou este
processo é utilizado na desinfecção de águas subterrâneas, onde a existência deste tipo de
patogênico é considerada nula de modo geral.

Como a radiação UV se dissipa muito rapidamente, não há produção residual, o que leva à
necessidade de utilização de outro desinfetante que tenha esta função para se obter a
qualidade esperada ao final do tratamento. Outro aspecto positivo deste método é a não
formação de subprodutos.
Assim como na desinfecção utilizando o ozono, a baixa turvação é essencial para um
processo efetivo, pois os microrganismos podem não ser atingidos pelas ondas, quando
estas atingem a matéria inorgânica.

As ondas UV têm um espectro de 100 a 400 nm de comprimento. Entretanto, o espectro


ótimo com função germicida compreende a faixa entre 245 e 285 nm, sendo os sistemas de
média pressão os que têm maior poder desinfetante, apesar de quererem maior potência.

4 APLICAÇÕES PRÁTICAS DOS PROCESSOS DE DESINFECÇÃO

Com o objetivo de exemplificar as utilizações de agentes desinfetantes em diferentes


estações de tratamento, esse capítulo dedica-se a mostrar alguns critérios de decisão e
algumas aplicações práticas dos assuntos já vistos neste artigo.

4.1 Escolha de um desinfetante

Todos os desinfetantes listados acima, possuem aspetos positivos e negativos. Sobre o


Cloro Gasoso, ele tem uma facilidade de utilização e a difusão de conhecimento existente.
Porém a manipulação dos cilindros e dos conteires seguem regras de segurança estritas.
Com relação ao Dióxido de Cloro, ele pode ser utilizado em uma gama maior de pH
(notadamente 6 a 10), porém é um composto instável que necessita de medidas de
segurança para ser produzido no local. Além disso, os dois elementos formam subprodutos
nocivos a saúde. Por outro lado, o Ozônio é um bom desinfetante, mas que não produz um
efeito remanescente e o tratamento por Luz Ultravioleta é um bom bactericida, mas não
possui boa eficácia caso a água apresente alta turvação.

Devido aos elementos descritos, a Tabela 7 no anexo I mostra as vantagens e desvantagens


de cada elemento e a Tabela 1 descreve a eficácia deles com relação a diferentes critérios.

Tabela 1– Eficácia dos desinfetantes

Hipoclorito
Dióxido
Critérios Cloro Gasoso de sódio ou Ozônio Ultravioleta Microfiltração
de cloro
cálcio
Desinfetante Filtração
HClO⁻ HClO⁻ ClO₂ O₃ λ=254 nm
ativo física
Investimento Importante Baixo Médio Importante Médio Baixo
Necessidade
de um eng.
Sim Não Sim Sim Não Sim
Civil
dedicado
Manutenção Baixa Baixa Baixa Baixa Média Importante
Poder Muito
Boa Boa Quase nula Nula Nula
residual boa
Gosto/odor Característico Característico Não Nulo Não Não
Eficiência
sobre ferro e Fraca Fraca Média Forte Fraca Nula
manganês
Eficiência
sobre Forte Forte Nula Nula Nula Nula
amôniaco
Muito boa
Boa
Eficiência Muito mais
(depende do Boa Excelente Boa
germicida boa atenção
pH)
aos MÊS
pH ótimo 5<pH<7,5 5<pH<7,5 6<pH<10 6<pH<10
Formação de Cloridos
sub- THM THM e Aldeídos Nenhum
produtos Cloratos
MES = Materiais em suspensão
Fonte: (FNDAE, 2004 – Traduzido pelos autores)

Segundo o FDNE (2004), para a França no ano de 2003, os valores investidos em cada um
dos tratamentos por ser observado na Tabela 2

Tabela 2– Valores investidos por desinfetante

Custos de Custos em Custos de


Desinfetante investimentos Custos em reativo energia renovação
Hipoclorito de
sódio ou 2 a 4K€, independente 150€ / ano por
cálcio do fluxo 100 m³/dia Negligenciável 300€ / ano

10 a 20K€, 122€ / ano por 300 a 760€ /


Cloro gasoso independente do fluxo 100 m³/dia Negligenciável ano

Dióxido de 45 a 60K€, 230€ / ano por


Cloro independente do fluxo 100 m³/dia Negligenciável 1,5k€ / ano

Ozônio Proporcional ao fluxo Negligenciável Elevado -


9 a 18K€ por
100m³/dia a 150€ / ano por 228€ / ano /
Ultravioleta 600m³/dia Negligenciável 100 m³/dia lâmpada
Fonte: (FNDAE, 2004 – Traduzido pelos autores)

4.1 Comunidade de Nothalten – Desinfeção por Ultravioleta

A comunidade de Nothalten, situada próximo a cidade de Estrasburgo, conta com


aproximadamente 500 habitantes. Nesta região, a ETA possui um gerador de ultravioleta
desde 1995 com as características descritas abaixo na Tabela 3:

Tabela 3 – Comunidade de Nothalten


Tipo de aplicação Tratamento bacteriológico da água fonte
Material TR 150 - Katadyn
Taxa de água para tratar 8m³/h
Potência germicida total instalada 27 Watts UV-C
Volume de água da câmara 19.5 litros
Tempo de contato 8.78 segundos
Perda de carga máxima 0,0049 bar
Dose UV-C em 8700 horas fim de vida na taxa
50.93 mJ/cm²
indicada
Fonte: (FNDAE, 2004 – Traduzido pelos autores)

A câmara de tratamento é constituída por uma bainha de quartzo do tipo fechado, de um


gerador UV de 64 W – 8700 horas de funcionamento efetivo, de duas torneiras para o
controle bacteriológico e de um armário elétrico.

4.2 Cidade de Chapareillan – Desinfeção por ultravioleta

A ETA de Villard, próximo a cidade de Grenoble na França, distribui com água potável a
cidade de Chapereillan servindo aproximadamente 1600 pessoas. O gerador foi instalado
em 1997 e é da marca WEDECO – modelo B160 – que possui as características
apresentadas na Tabela 4:

Tabela 4 – Comunidade de Chapareillan

Tratamento bactericida de água


Tipo de aplicação
fonte
Material B160 - Wedeco
Taxa de água para tratar 120 m³/h
Potência germicida total
441 Watts UV-C
instalada
Fonte: (JUERY, 2004 – Traduzido pelos autores)

Os investimentos foram de aproximadamente €29.040,00 sem taxas (1997) incluindo a


instalação do gerador e a canalização das torneiras interiores.

Os custos durante a utilização são essencialmente devidos ao consumo de energia elétrica,


aproximadamente €1.318,00 por ano. Além disso, se faz necessário adicionar o custo de
substituição das lâmpadas uma vez por ano que representa €305,00 por cada uma das 7
necessárias. Necessita-se uma visita semanal de 15 minutos de uma pessoa treinada para
realizar as manutenções.

Os custos de exploração representam um gasto inferior a €4.000,00 e um contrato de


manutenção foi assinado cobrindo uma visita anual para troca das lâmpadas e uma visita
geral a cada 6 meses.

4.3 Beauzac e Bas-en-Basset – Dióxido de cloro


As cidades de Beauzac e de Bas-en-Basset são alimentadas com água potável a partir de
quatro poços escavados no aquífero de Ancette que produzem um volume total de 1600
m³/hora.

Esta água subterrânea é tratada desde 1992 por dióxido de cloro com processo
automatizado, pilotado por um analisador de água tratada. O sistema é controlado por um
transmissor de alarme e de dados. O custo total de cada disposto é de aproximadamente
€61.000,00.

4.4 PORTARIA Nº 2914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011 – Ministério da Saúde

A portaria 2914/2011 estabelece para o Brasil os procedimentos de controle e vigilância da


qualidade da água e padrão de potabilidade para consumo humano. Nele são descritos os
valores aceitáveis e quais as maneiras de fazer um controle eficiente.

Segundo seu artigo 32, quando a água sofre algum processo clorado, os tempos de contato
são tabelados para auxiliar os projetos. Alguns valores estão representados na Tabela 5.
Além disso, o artigo 34 obriga um valor residual de elementos clorados em toda a extensão
do sistema de distribuição, sendo ele representados na Tabela 6. E por fim, seu artigo 35
exige que caso a água seja desinfetada com radiação ultravioleta ou ozônio deve-se
adicionar cloro ou dióxido de cloro para que haja uma ação residual.

Tabela 5 – Tempo mínimo – Cloração

Tempo mínimo contato (minutos) - Cloração


Temperatura = 10⁰C Temperatura = 15⁰C
C
Valores de pH Valores de pH
(1)
≤6,0 6,5 7 7,5 8 8,5 9 ≤6,0 6,5 7 7,5 8 8,5 9
≤0,4 27 33 41 49 58 70 80 19 24 29 35 41 48 57
0,6 19 24 29 35 41 49 57 13 17 20 25 29 34 40
0,8 15 19 23 27 32 38 45 11 13 16 19 23 27 31
1 12 15 19 23 27 32 37 9 11 13 16 19 22 26
1,2 11 13 16 19 23 27 32 7 9 11 14 16 19 22
1,4 9 11 14 17 20 24 28 7 8 10 12 14 17 20
1,6 8 10 16 15 18 21 25 6 7 9 11 13 15 17
1,8 7 9 11 14 16 19 22 5 7 8 10 11 14 16
2 7 8 10 12 15 17 20 5 6 7 9 10 12 14
Fonte: Portaria 2914/2011 Ministério da Saúde do Brasil

Tabela 6– Quantidade Residual

Concentração
Desinfetante
(mg/L)
Cloro residual livre 0,2
Cloro residual combinado 2
Dióxido de Cloro 0,2
Fonte: Portaria 2914/2011 Ministério da Saúde do Brasil
Além das informações já citadas, esta portaria também regulamenta qual o padrão de
potabilidade para substâncias potencialmente nocivas à saúde. Algumas informações estão
disponíveis na Tabela 8 no anexo II.

Um exemplo de estação de tratamento de águas que segue esta portaria, é a estação do Alto
da Boa Vista, localizada nas proximidades da cidade de São Paulo que utiliza a pré-
cloração antes do processo de floculação e a uma cloração final para a distribuição aos
utentes. A Figura 2 abaixo mostra uma foto dessa estação.

Figura 2 – ETA Alto da Boa Vista – SP. Fonte google maps.

4.5 Barragem de São Domingos – Tratamento por Ozono

A barragem de São Domingos, localizada próxima a cidade de Peniche na zona central de


Portugal trabalha com um processo de pré-ozonização. Ou seja, a água bruta da albufeira
recebe uma injeção de ozono logo no começo do processo. Utiliza-se comumente nesta
ETA uma dosagem variada de 0,5 a 3,0 ppm a depender da qualidade da água bruta.

Devido ao tempo de meia vida do ozono ser de aproximadamente de 10 a 30 minutos em


pH acima de 8, se faz necessária a sua produção na própria estação de tratamento. Nesta
ETA, ele é produzido num gerador de ozono a partir de oxigênio com uma concentração de
9%. Esta indústria local de ozono produz 1080 g/h.

Caso exista um excesso dos valores padrão deste desinfetante na atmosfera, um catalisador
(destruidor térmico) funcionando entre 220 - 350 ºC faz a sua destruição.

5 CONCLUSÃO

Os problemas envolvendo microrganismos nocivos já são documentados e estudados desde


meados do século XIX e os processos para que eles sejam tratados vem evoluindo desde
então. Apesar das diferentes técnicas existentes no século XXI, sejam elas físicas ou
químicas, o fator econômico tem um peso importante. Este fato eleva o status do Cloro e
suas outras soluções químicas como o mais importante na atualidade e sua ampla
utilização. Porém outros métodos também possuem uma ascensão na sua utilização ao
redor do mundo para complementarem o resultado final da desinfeção. Esses passos são
importantes para que água potável seja transmitida a população que hoje não tem acesso e
que os deem uma vida digna segundo projetos da ONU.

6 REFERÊNCIAS

Anon., s.d. A Barragem de S. Domingos > Estação de Tratamento de Água. [Online]


Available at: http://www.cm-peniche.pt/custompages/SMAS_TratamentoBarragemAgua
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Anon., s.d. A importância do tratamento de água | Blog W.Med. [Online]


Available at: http://www.wmed.com.br/blog/a-importancia-do-tratamento-de-agua
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Anon., s.d. Introduction to Drinking Water Treatment - TU Delft OCW. [Online]


Available at: https://ocw.tudelft.nl/courses/introduction-to-drinking-water-treatment/
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Anon., s.d. Water Crisis - Learn About The Global Water Crisis | Water.org. [Online]
Available at: https://water.org/our-impact/water-crisis/
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Anon., s.d. WHO | Drinking-water - World Heath Organization. [Online]


Available at: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs391/en/
[Acedido em 29 janeiro 2018].

EPA - United States Environmental Protection Agency, s.d. Alternative Disinfectants and
Oxidants Guidance Manual. [Online]
Available at: https://nepis.epa.gov/Exe/ZyPDF.cgi?Dockey=2000229L.txt
[Acedido em 30 janeiro 2018].

FINEP - Financiadora de Estudos e Pesquisas, s.d. [Online]


Available at: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-
programas/prosab/LuizDaniel.pdf
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Founds National pour le Developpement des Adductions d'Eau, 2004. Definition et


caractéristiques techniques de fonctionnement et Domaine d'emploi pour les appareils de
désinfection. [Online]
Available at: http://www.fndae.fr/archive/numero_2.html
[Acedido em 29 janeiro 2018].

Ministério da Saúde, 2011. Portaria MS nº 2914/2011. s.l.:s.n.


Vieira, J., 2018. Conteúdo de aulas de Tratamento de Água do Mestrado em Engenharia
Urbana. Braga(Braga): Universidade do minho.

ANEXOS

Tabela 7 – Vantagens e desvantagens de cada desinfetante


Hipoclorito de Dióxido de
Cloro Gasoso Ozônio Ultravioleta
sódio ou cálcio cloro
Largo
Facilidade de
Facilmente espectro de Bom Bom
utilização e
disponível utilização de desinfetante bactericida
manipulação
pH (6 ao 10)
Não cria
Permite oxidar Não adiciona
compostos
Custo baixo Custo baixo ferro e elementos na
aromatizados
manganês água
com os fenóis
Permite
Medidas de Medidas de Possui ação
Vantagens oxidar ferro e
controle fáceis controle fáceis sobre algas
manganês
Facilita a
Não cria
eliminação das
compostos
matérias
Longa Longa alógenos
orgânicas
experiência na experiência na
Ação combinado com
vida prática vida prática
interessante um filtro de
com relação carvão ativado
as algas em grãos
Componente
A manutenção
instável para
de garrafas ou Risco de
produção Necessita de um
contêineres formação de Sem efeito
local. gerador
necessita de subprodutos remanescente
Necessários específico - Caro
regras estritas nocivos
medidas de
de segurança
segurança.
Risco de
Eficiência Formação de
formação de Sem efeito Não reage com
depende do pH e Cloratos e
subprodutos remanescente os amoníacos
Desvantagens da temperatura Cloritos
nocivos
Eficiência Efeito reduzido
depende do pH Ineficaz contra os Não reage com caso a água
e da vírus os amoníacos não possua
temperatura Ineficaz boa qualidade
contra a (Turbidez,
Duração limitada
amônia Risco de presença de
Pouco eficaz da solução
formação de elementos que
contra os vírus comercial (2
brometos absorvem a
meses máx.)
radiação)
Tabela 8 - Potabilidade para substâncias potencialmente nocivas à saúde

Parâmetro CAS (1) Unidade VMP (2)


Inorgânicas
7440-47-
Cromo mg/L 0,05
3
7782-41-
Fluoreto mg/L 1,5
4
14797-
Nitrato (como N) mg/L 10
55-8
14797-
Nitrito (como N) mg/L 1
65-0
1,2,4-TCB
(120-82-
1)
1,3,5-TCB
Triclorobenzenos μg/L 20
(108-70-
3)
1,2,3-TCB
(87-61-6)
Desinfetantes e produtos secundários (3)
Ácidos haloacéticos
(4) mg/L 0,08
total
15541-
Bromato mg/L 0,01
45-4
7758-19-
Clorito mg/L 1
2
7782-50-
Cloro residual livre mg/L 5
5
10599-
Cloraminas total mg/L 4
903
2,4,6 Triclorofenol 88-06-2 mg/L 0,2
Trihalometanos total (5) mg/L 0,1
Fonte: Portaria 2914/2011 Ministério da Saúde do Brasil

(1) CAS é o número de referência de compostos e substâncias


químicas adotado pelo Chemical Abstract Service
(2) Valor Máximo Permitido
(3) Análise exigida de acordo com o desinfetando utilizado
(4)
Ácidos haloacéticos:
Ácido monocloroacético (MCAA) - CAS = 79-11-8,
Ácido monobromoacético (MBAA) - CAS = 79-08-3,
Ácido dicloroacético (DCAA) - CAS = 79-43-6,
Ácido 2,2 - dicloropropiônico (DALAPON) - CAS = 75-99-0,
Ácido tricloroacético (TCAA) - CAS = 76-03-9,
Ácido bromocloroacético (BCAA) CAS = 5589-96-3,
1,2,3, tricloropropano (PI) - CAS = 96-18-4,
Ácido dibromoacético (DBAA) -CAS = 631-64-1,
Ácido bromodicloroacético (BDCAA) - CAS = 7113-314-7.

(5)
Triclorometano ou Clorofórmio (TCM) - CAS = 67-66-3,
Bromodiclorometano (BDCM) - CAS = 75-27-4,
Dibromoclorometano (DBCM) - CAS = 124-48-1,
Tribromometano ou Bromofórmio (TBM) - CAS = 75-25-2.

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