Escola de Engenharia
Mestrado em Engenharia
Urbana
PROCESSOS DE DESINFECÇÃO
PARA PRODUÇÃO DE ÁGUA
POTÁVEL E SEGURA
1 INTRODUÇÃO
Este período foi marcado pelo episódio epidêmico de coléra em Londres, conhecido como
"Broad Street Well”, no qual o Dr. John Snow realizou seu estudo epidemiológico bastante
famoso, concluindo que o poço tinha sido contaminado por um visitante infectado. Assim,
esse incidente data por ser o primeiro caso de doença epidêmica relatada atribuída à
reciclagem direta de água não desinfectada.
O acesso à água é uma das principais garantias da qualidade de vida humana. O principal
objetivo do fornecimento adequado de água é que a água seja segura. Para produção de
água segura para consumo humano, a água captada deve ser tratada.
O tratamento de água adequado previne doenças como cólera, tifóide, hepatite A, diarreia e
outras ameaças à saúde humana, e refere-se à remoção de contaminantes e impurezas antes
de ser enviada para o sistema de distribuição. A gestão inadequada das águas residuais
urbanas, industriais e agrícolas pode significar água potável de centenas de milhões de
pessoas perigosamente contaminada ou quimicamente poluída. O tratamento é necessário,
portanto, devido aos resíduos das substâncias presentes no meio ambiente poderem ser
prejudiciais ao ser humano. Esse tratamento se diferencia de acordo com sua captação,
sendo a desinfecção - etapa do processo de tratamento descrita no capítulo 3 - sempre
necessária.
3 DESINFECÇÃO
A desinfecção é o processo utilizado nas ETAs que tem como principal objetivo a
inativação de microrganismos patogênicos e não patogênicos indesejados na água para o
consumo humano. Além da inativação destes microrganismos, este processo tem funções
secundárias, a depender das necessidades de cada ETA. Algumas delas estão listadas
abaixo:
• Minimizar a formação de subprodutos oriundos da desinfecção;
distribuição da água;
• Remoção da cor.
Em alguns países, como no Brasil, o flueretação é ainda empregada como forma de reduzir
os problemas relacionados às cáries, especialmente em crianças, e este processo é
geralmente empregado na etapa de desinfecção, assim como a correção de pH, geralmente
com a mistura de cal à água.
3.1.1 Cloro
A desinfecção com cloro é a forma mais comumente utilizada em ETAs, tanto na pré-
desinfecção quanto na pós-desinfecção (manutenção residual na rede). Sua utilização é tão
ampla que os demais desinfetantes são considerados alternativos. Não à toa o uso do cloro
como desinfetante é tão amplo. Dentre diversas vantagens, são listadas quatro:
• Economia;
Por outro lado, há algumas desvantagens no uso deste método de desinfecção, como:
d
e
O
H
C
l
q
u
Figura 1 – Esquema de uma chicana horizontal para aumentar tempo de contato na
cloração
3.1.2 Ozonização
A desinfecção utilizando ozono tem um maior alcance na Europa, sendo ainda pouco
utilizado nos Estados Unidos e no Brasil, por exemplo. Este tipo de processo de
desinfecção é geralmente utilizado em ETAs de menor escala, e, além do seu objetivo
precípuo relacionado à desinfecção e oxidação, tem como um dos objetivos secundários a
remoção do odor e do gosto da água, e foi este objetivo que atraiu a utilização do ozono
nas ETAs norte-americanas em um primeiro momento. Somente com as regras sobre os
subprodutos da cloração é que esta etapa do tratamento teve um aumento mais acelerado
naquele país.
A oxidação causada pelo ozono é extremamente elevada, capaz de oxidar tanto compostos
orgânicos quanto inorgânicos, e seus subprodutos são mais susceptíveis à degradação
biológica de maneira geral, com exceção quando há presença de brometos.
outros);
• Reage com matéria orgânica formando carbono orgânico dissolvido biodegradável;
• Corrosividade e toxicidade;
Como a radiação UV se dissipa muito rapidamente, não há produção residual, o que leva à
necessidade de utilização de outro desinfetante que tenha esta função para se obter a
qualidade esperada ao final do tratamento. Outro aspecto positivo deste método é a não
formação de subprodutos.
Assim como na desinfecção utilizando o ozono, a baixa turvação é essencial para um
processo efetivo, pois os microrganismos podem não ser atingidos pelas ondas, quando
estas atingem a matéria inorgânica.
Hipoclorito
Dióxido
Critérios Cloro Gasoso de sódio ou Ozônio Ultravioleta Microfiltração
de cloro
cálcio
Desinfetante Filtração
HClO⁻ HClO⁻ ClO₂ O₃ λ=254 nm
ativo física
Investimento Importante Baixo Médio Importante Médio Baixo
Necessidade
de um eng.
Sim Não Sim Sim Não Sim
Civil
dedicado
Manutenção Baixa Baixa Baixa Baixa Média Importante
Poder Muito
Boa Boa Quase nula Nula Nula
residual boa
Gosto/odor Característico Característico Não Nulo Não Não
Eficiência
sobre ferro e Fraca Fraca Média Forte Fraca Nula
manganês
Eficiência
sobre Forte Forte Nula Nula Nula Nula
amôniaco
Muito boa
Boa
Eficiência Muito mais
(depende do Boa Excelente Boa
germicida boa atenção
pH)
aos MÊS
pH ótimo 5<pH<7,5 5<pH<7,5 6<pH<10 6<pH<10
Formação de Cloridos
sub- THM THM e Aldeídos Nenhum
produtos Cloratos
MES = Materiais em suspensão
Fonte: (FNDAE, 2004 – Traduzido pelos autores)
Segundo o FDNE (2004), para a França no ano de 2003, os valores investidos em cada um
dos tratamentos por ser observado na Tabela 2
A ETA de Villard, próximo a cidade de Grenoble na França, distribui com água potável a
cidade de Chapereillan servindo aproximadamente 1600 pessoas. O gerador foi instalado
em 1997 e é da marca WEDECO – modelo B160 – que possui as características
apresentadas na Tabela 4:
Esta água subterrânea é tratada desde 1992 por dióxido de cloro com processo
automatizado, pilotado por um analisador de água tratada. O sistema é controlado por um
transmissor de alarme e de dados. O custo total de cada disposto é de aproximadamente
€61.000,00.
Segundo seu artigo 32, quando a água sofre algum processo clorado, os tempos de contato
são tabelados para auxiliar os projetos. Alguns valores estão representados na Tabela 5.
Além disso, o artigo 34 obriga um valor residual de elementos clorados em toda a extensão
do sistema de distribuição, sendo ele representados na Tabela 6. E por fim, seu artigo 35
exige que caso a água seja desinfetada com radiação ultravioleta ou ozônio deve-se
adicionar cloro ou dióxido de cloro para que haja uma ação residual.
Concentração
Desinfetante
(mg/L)
Cloro residual livre 0,2
Cloro residual combinado 2
Dióxido de Cloro 0,2
Fonte: Portaria 2914/2011 Ministério da Saúde do Brasil
Além das informações já citadas, esta portaria também regulamenta qual o padrão de
potabilidade para substâncias potencialmente nocivas à saúde. Algumas informações estão
disponíveis na Tabela 8 no anexo II.
Um exemplo de estação de tratamento de águas que segue esta portaria, é a estação do Alto
da Boa Vista, localizada nas proximidades da cidade de São Paulo que utiliza a pré-
cloração antes do processo de floculação e a uma cloração final para a distribuição aos
utentes. A Figura 2 abaixo mostra uma foto dessa estação.
Caso exista um excesso dos valores padrão deste desinfetante na atmosfera, um catalisador
(destruidor térmico) funcionando entre 220 - 350 ºC faz a sua destruição.
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
Anon., s.d. Water Crisis - Learn About The Global Water Crisis | Water.org. [Online]
Available at: https://water.org/our-impact/water-crisis/
[Acedido em 29 janeiro 2018].
EPA - United States Environmental Protection Agency, s.d. Alternative Disinfectants and
Oxidants Guidance Manual. [Online]
Available at: https://nepis.epa.gov/Exe/ZyPDF.cgi?Dockey=2000229L.txt
[Acedido em 30 janeiro 2018].
ANEXOS
(5)
Triclorometano ou Clorofórmio (TCM) - CAS = 67-66-3,
Bromodiclorometano (BDCM) - CAS = 75-27-4,
Dibromoclorometano (DBCM) - CAS = 124-48-1,
Tribromometano ou Bromofórmio (TBM) - CAS = 75-25-2.