• Defeitos em soldagem.
Ementa: Importância do estudo da metalurgia da soldagem;
Fundamentos de transferência de calor; Fundamento da formação da
Zona Termicamente Afetada; Fundamentos da formação da Zona
Fundida e Defeitos em Soldagem.
Referências:
Transformação de
fases na ZF (Fonte:
Barra, 2003).
Trinca na ZTA
(região grãos
grosseiros)
Zona termicamente
afetada
Considerações
- Modelo físico proposto:
a) Fonte de calor (arco) com movimento
constante ao longo de uma trajetória linear;
ZTA Eletrodo
b) Existência de gradiente térmico
ZF Arco (aquecimento antes de atingir o a condição
de regime – quase-estacionário);
W c) Distribuição de temperatura estacionária na
região de regime;
Observações
a) O arco provoca fusão localizada;
b) Existência de perda de calor por convecção,
radiação e condução (impacto sobre o valor do
rendimento térmico “”);
c) Formação de três regiões metalúrgicas distintas
Fonte: ASM Handbook, Vol 6. (ZF, ZTA e MB).
Rendimento térmico do arco elétrico ()
O que provoca mudança no valor do rendimento térmico ()?
Típicos valores de rendimento térmico “” para os processos de
soldagem por fusão (Fonte: Messler, 2004).
Causas da perda de energia da fonte
de calor para a peça. Como
conseqüência, o valor de “” muda
para um mesmo processo e para
diferentes processos de soldagem ao
arco elétrico (Fonte: Messler, 2004) .
Possibilidades:
Elevada vs /
Sem pré-aquecimento /
Baixa Is
Possibilidades:
Baixa vs /
Pré-aquecimento /
Elavada Is
Fonte: Phase Transformations & Complex Properties Research Group
O processo físico atuante na soldagem a arco
ZTA
+ 723 °C
MB
ZTA
ZF
MB
a) O calor aportado;
b) A geometria da junta (tipo – topo, filete,
sobreposta, outras);
c) A espessura do metal de base;
d) A temperatura de pré-aquecimento;
e) A temperatura de interpasse;
f) O tipo de material (propriedades
termofísicas).
Representação
esquemática da
forma de medição
do ciclo térmico e da
do efeito da
distancia sobre o a
temperatura de pico
(Tp)
Cortes da região do
depósito mostrando
os perfis das
isotermas nos
planos XY(a), XZ (c),
e ZY (d)
Fonte: Murry
Características de avaliação do ciclo térmico
Efeito da tipo de processo de
soldagem sobre o perfil do
ciclo térmico.
Diferentes condições de
soldagem multipasse com
processo convencional de
soldagem (efeito da
partição térmica).
Regiões brancas
representam as Zonas
Soldagem multipasse com processo Regeneradas.
convencional de soldagem (representação
didática dos efeitos da partição e do ciclo
térmico )
F
ilmelíqu
ido
Direçãode
s
olidificação
T
ens
õesdev ido
àcontração
(b)
(a)
(a) Representação esquemática da formação da
trinca de solidificação, (b) trinca localizada no
centro do cordão e (c) porosidade interdendrítica
(Fonte: Barra, 1999 / Kou, 2002).
Efeito do pré-aquecimento no perfil da
(c) curva de temperatura (Fonte: Wainer,
2000)
O processo físico atuante na soldagem a arco
Modelos utilizados na simulação/análise de problemas térmicos em soldagem (adotando-se
adequadas condições de simplificação e contorno):
Observação
Os problemas térmicos em soldagem podem ser
categorizados em:
I) taxa de resfriamento na ZTA e vizinhança;
II) taxa de solidificação da ZF , e
III) deformações térmicas.
Observação: Equação geral do balanço de energia (possibilidade de aplicação no estudo do fluxo de calor na soldagem)
Onde:
Q – temperatura; r – densidade; Cp – calor específico; t – tempo; Q – taxa de geração volumétrica de calor; –
operador diferencial vetorial (gradiente); – velocidade da fonte (soldagem); l – condutividade térmica.
Formulação matemática (fundamento científico)
. a um círculo de raio
Na prática a significante fonte de calor (arco) pode ser considerada restrita
ra, onde de 0 a r a uma queda do fluxo de calor qo, do centro para a borda, na ordem de 1/100.
Observação:
- As soluções não são aplicáveis a
pontos vizinhos a fonte de calor,
devido a adoção de que a fonte de
calor é “pontual”
- As equações são aplicáveis para
determinar condições metalúrgicas Onde:
no e na vinhaça do metal de solda to – tempo de soldagem
(arco aberto)
Sistema de coordenadas t1 – tempo após a soldagem
adotados para a simulação
da condução de calor na Fonte: ASM Handbook, Vol. 6.
soldagem
Aplicação tecnológica (soluções particulares)
Qual o interesse nas soluções particulares da equação da conservação de energia?
a) Avaliação da distribuição e localização da temperatura de pico na ZTA;
b) Avaliação da taxa de resfriamento no metal de solda e na ZTA;
c) Avaliação da taxa de solidificação da Zona Fundida.
Onde:
Tp – temperatura de pico (°C); r – densidade (g/mm3); Cp – calor específico do metal sólido (J/g.°C); t – espessura do metal de base (mm); Hnet (.I.U/vs) – calor
aportado (J/s.mm); T0 – temperatura inicial do metal de base (°C); Tm – temperatura de fusão (°C); Y – distância da temperatura de pico em relação a linha de fusão
(mm).
Exemplos:
Efeito do tipo de
material sobre o
perfil das isotermas
na ZTA/MB (Fonte:
Kou, 2002)
Exercício:
(a) (c)
a) Determinar a localização temperatura de pico, em relação a linha de fusão,
na soldagem de uma chapa de aço baixo-carbono apresentando a espessura
de 5 mm.
730 °C
Comportamento do ciclo
Tp (AC1) + térmico experimentado por um
Is 200 A ponto a ZTA (Fonte: ASM
Handbook, Vol 6)
Us 20 V
Y = 5,9 mm (que representa o valor da largura da ZTA!!!)
vs 5 mm/s
Pré-aquecimento (T0) 25 °C b) Determinar qual o efeito de T0 = 150 °C na largura da ZTA.
Eficiência do processo () 0,90 c) Considerando T0 = 150 °C, qual o novo Hnet necessário para
Hnet 720 J/mm manter ZTA = 5,9 mm.
Isotermas
Efeito da espessura da chapa no perfil de distribuição da temperatura (forma e localização
das isotermas)
Fina Espessa
Onde:
Tc – temperatura de interesse (°C); r – densidade (g/mm3); - condutividade térmica (J/mm.s.°C); Cp – calor específico do metal sólido
(J/g.°C); Hnet (.I.U/vs) – calor aportado (J/s.mm); T0 – temperatura inicial do metal de base (°C).
Aplicação tecnológica (soluções particulares)
Obs: Para o aço carbono, o cálculo de R deve levar em consideração Tc = 550 °C (cotovelo da perlita – passagem direta por
Ms).
Diagrama de
transformação sob
resfriamento continuo
(CCT) mostrando o feito de
diferentes R sobre a
mudança de fases no
estado sólido.
Considerações:
O valor de R (°C/s) é reduzido com a elevação de T0 (efeito
equivalente pode ser obtido com a temperatura de interpasse);
O valor de R (°C/s) é reduzido com o incremento do aporte de
calor por unidade de comprimento (R1 > R2); T1
0,8 kJ/mm/ (b) Para um mesmo Hnet, o valor de R aumenta a medida que a
espessura da chapa é incrementada; T2
O conhecimento de t8/5 é importante por ser uma faixa de
temperatura crítica à transformações na ZTA.
Exercício
Quais informações podem extraídas da figura abaixo e como usá-las na prática?
Onde:
.
T=R
Passo I – Determinar a dureza para cada vs (limite 8 mm/s, com Hnet = 843,75 J/mm)
Passo II – Determinar se a chapa é fina ou grossa () e calcular o valor máximo de R
Tm 1510 °C
T0 25 °C
l (condutividade 0,028 J/mm.s.°C = 0,31 < 0,75 (fina)
térmica) (11,7 W/m.K)
r.Cp (calor volumétrico 0,0044 J/mm3.°C
específico)
I 300 A
U 25 V
= 5,7 °C/s
vs 6, 7, 8, 9 mm/s
Pré-aquecimento (T0) 25 °C
Determinação de
T8/5 em função da
forma de deposição,
calor aportado e
espessura.
Parâmetros de soldagem
- entrada
Determinação do
T8/5 ou 7/3 em função
de: parâmetros de
soldagem, geometria
do chanfro,
Tipo de junta e
espessura da chapa, geometria do
pré-aquecimento e chanfro
Processo de
processo de soldagem
soldagem.
Fonte: Murry,
Aplicação tecnológica (soluções particulares)
- Solução para a determinação do tempo de solidificação da poça de fusão (St)
Onde:
L – calor de fusão (J/mm3).
Aplicação: Fonte: Phase Transformations & Complex Prorperties Research Group (University of Cambridge)
Importância na determinação da estrutura metalúrgica presente na zona fundida após solidificação (resposta a tratamentos térmicos,
propriedades e defeitos).
Exemplo:
Determinar o tempo de solidificação num passe de solda, quando um Tm 1510 °C
Exercício:
Discutir o efeito do Hnet e T0 sobre o tempo de solidificação, ou seja, possíveis implicações.
Resumo
a) Efeito da propriedade do material e da vs sobre a distribuição de temperatura
Condições:
Item Aço baixo-carbono 304 Alumínio
Materiais – aço baixo-carbono; aço inoxidável 304 e vs 1, 5 e 8 mm/s
alumínio
O que se observa? Difusividade 7,56 mm2/s 4,6 mm2/s 80 mm2/s
térmica (k)
l – poça (largura cordão)
Condutividade 50 W/m.K 26 W/m.K 347 W/m.K
l – alongamento isotermas
térmica (l)
vs – poça (largura cordão)
vs – alongamento isotermas Hnet 4,2 kJ/s
(c)
(a)
(b)
Aumento proporcional de Is em relação a vs (Is/vs = cte - manter constante o Hnet por unidade de comprimento) – Tp aumenta
exponencialmente (este efeito e desprazível para pontos longe da poça de fusão), vide (c).
Resumo
Região de Tocha
impacto das gotas
Gota
Região
do Arco
Efeito do pós-aquecimento
no conteúdo de hidrogênio
residual no depósito (aço
baixo carbono). Fonte: Kou,
2002.
FaixaEfeito da soldagem
de temperatura
multipasse sobre
utilizada como pós-o perfil de
aquecimento em alguns de
sucessivos aquecimento
aços:um ponto
590 a 675do°Ccordão.
(Fonte:
Trinca de reaquecimento decorrente
Exemplo do uso de pré e pós- de pós-aquecimento (Fonte: Kou, Kou, 2002).
aquecimento para alívio de tensões Fonte: ISF Aachen, 2005
2002)
Resumo
e) Consideração sobre a importância da temperatura de pré e pós-aquecimento
(a) (b)
Em (a) efeito da temperatura de pós-aquecimento e do tempo de exposição sobre o alívio da tensão residual em
depósito soldado e (b) efeito de To sobre o nível de distorção (Fonte: Kou, 2002).
Resumo
f) Uso da formação da ZTA para recuperação da ZF
Uma possibilidade de recuperação (melhoria) da estrutura bruta de fusão da ZF é a utilização de
soldagem multipasse e conseqüente maximização da zona regenerada.
Maximização do volume de
regiões regeneradas
através da redefinição do
número de passes (em
branco as Zonas
Regeneradas).
Zona regenerada
ZF
ZTA
MB
Estrutura da
ZTA para um ZTA na seção transversal de
material depósitos realizados com o processo
conformado hibrido (Laser/GMAW). A esquerda,
a frio. posição plana e, a direita, vertical
descendente.
ZTA produzida
durante o processo ZTA na soldagem
FSW (Friction Stir multipasse. Em (a)
Welding). Material: soldagem simples V e
aço carbono. (b) soldagem duplo V.
Exemplos de Zonas Termicamente Afetadas
Perfil de dureza no aço 4140
indicando fragilização na ZTA
(acima de 50 HRC).
Ceq ?
Dependência da
austenitização em função do
tempo e da temperatura. Para
elevada taxa de aquecimento
(menor tempo), observa-se
elevado aquecimento da
ferrita antes da transformação.
Formação da ZTA (diagrama de fase x CCT)
R (°C/s)
R (°C/s)
MB
ZTA
Aspecto macrográfico de uma junta em “T” com as
respectivas microestruturas na região da Zona
Termicamente Afetada. Fonte: Lindgren, 2007.
ZF
Regiões que compõem a ZTA de um aço carbono
ZF Diagrama
Fe-Fe3C
ZTA
MB
Sub-zonas: 1147 °C
a) Zona de grãos grosseiros (ZGG);
b) Zona de recristalização (ZR); + 723 °C
c) Zona parcialmente transformada
ZF
ZTA
(ZPT);
MB
d) Zona temperada (ZT).
350 HV ( 36 HC)
Fontes: API 1104, Apendice B; Código Canadense CSA Z662 e
Padrão Australiano AS 2885.2
Susceptibilidade à ocorrência de
trinca na ZTA para diferentes aços
(Fonte: Wilson, 1988)
Carbono Equivalente - Ceq
Yurioka et al.
CEIIW = %C + %Mn/6 + (%Cr + %Mo + %V)/5 + (%Ni + %Cu)/15
Quanto maior o valor do Ceq maoior será possibilidade do surgimento de trinca (maior valor de dureza).
Na prática, Ceq < 0,4 (0,3 para elevada restrição) indica que o aço é pouco susceptível ao surgimento de
trinca induzida por hidrogênio na ZTA (“tem boa soldabilidade!”).
Temperatura de pré-aquecimento recomendadas em função do valor do Ceq e da espessura do metal de base (Fonte: IIW). Onde:
espessura em polegada e temperatura em Fahrenheit. Conversão °C = (°F - 32) / 1,8
Uma maneira prática para definição do valor da temperatura de pré-aquecimento (To) adequada é pelo uso da
formulação empírica descrita abaixo (ESAB, 2004).
To = 350 x (Ceq-total – 0,25)1/2 e Ceq-total = 0,005 x Ceq x espessura ???????? valores
Onde: To (°C), espessura (mm) e Ceq (IIW)
Valores adequados de pré e pós-aquecimento na região do depósito permitirão o controle adequado do presença de
fases indesejáveis (martensita x dureza) na ZTA – controle sobre a ocorrência de trinca induzida por hidrogênio.
CARBONO EQUIVALENTE – Ceq
PREAQUECIMENTO
52
Pré-Aquecimento
53
Pós-Aquecimento
54
55
Faixa de pré-aquecimento para diferentes teores de carbono
(d)
(b)
(a)
(c)
R (°C/s)
Fases presentes no metal de solda. Processo
Representação do diagrama CCT e as de soldagem MIG, Aço carbono, simples
possíveis fases presentes no deposição. Em (a) ferrita acicular, (b) bainita
depósito, como função da condições “ferrita de segunda fase alinhada”, (c) ferrita
de soldagem - aço baixo carbono de contorno de grão e (d) ferrita de placa
(Fonte: Kou, 2003) laterla “Widmanstatten” (Fonte: Barra, 2003).
Transformação
(a)
(b) (c)
Micrografia mostrando em (a) perlita, (b) bainita superior e (c) bainita inferior
(Fonte: Bhadeshia, 1996; Callister, 2001).
Fatores influenciando a formação da bainita e da ferrita acicular
Efeito do tamanho do grão primário e da presença
de inclusão sobre a formação da bainita e ferrita
acicular (Fonte: Badeshia).
(d)
(b)
(a)
(c)
62
Efeito da variação da tensão na ZF e ZTA
63
Efeito da Tensão na ZF e ZTA
64
Efeito da velocidade de soldagem na ZF e ZTA
65
Efeito da velocidade de soldagem na ZF e ZTA
66
Defeitos do metal de solda
de Novais, 2010
Trincas induzidas por hidrogênio no metal de solda
de Novais, 2010
Defeitos na ZTA
Alguns dos defeitos que podem ocorrer na ZTA são:
Decoesão lamelar
Trincas de reaquecimento
ESAB, 2004
Trincas por hidrogênio na zona
termicamente afetada
Buschinelli, 2011
Decoesão lamelar
Esse defeito ocorre em chapas grossas como resultado de imperfeições no metal de
base acentuadas pelas deformações de soldagem e projeto de junta inadequado.
Essas são abertas pelas deformações de soldagem, formam trincas próximas à ZTA e
se propagam na forma de degraus.
Buschinelli, 2011
Princípios de (a) almofadamento e (b) almofadamento durante a própria soldagem
Trincas de reaquecimento
Material
susceptível
CST
Meio Tensões
agressivo tração
Corrosão sob tensão
Corrêa, 2011
Trincas de liquação
Outros possíveis defeitos na ZTA incluem trincas de liquação
causadas pela fusão de constituintes de baixo ponto de fusão
presentes nos contornos de grão, resultando em microtrincas
que podem posteriormente formar sítios de propagação de
trincas maiores.
Paredes, 2001
AISI 304
Trincas de liquação
Zona fundida e
não misturada
Iconel
625
Liquação no
contorno de grão
Iconel
625