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Aula 2- Para onde meus pés me levam meus pés? Por que ainda caminho?

Ou objetivo e
justificativa.

Começamos a pensar na aula passada maneiras de introduzir uma história, na afirmação que
há algo do passado que interessa ao presnte, algo de inventivo na memória que constrói modos de
relacionar e futuros. Empreendemos num exercício de lembrar e escrever.
Mas, vejam todo começo também é fim de algo, começamos sempre e ainda pelo meio.
Mesmo a memória mais antiga de vocês, como pudemos ver nos escritos, traz nas cenas algo que
extrapola a ação narrada algo que vem antes de vocês, este algo que nos antecede marcado em nossa
memória é também algo que partilhamos com os outros, modos de estar no mundo historicamente
localizados, modos de se relacionar com as normas no presente.
Partilho com vocês a seguir um rastro de memória minha, a título de exemplo intensivo:
Minha memória mais antiga foi de um passeio de bicicleta pelo bairro que dei com o meu pai.
Mas não um passeio qualquer, eu tinha nove anos e ele aquele passeio tinha um objetivo, ele queria
me contar que ele e minha mae ia se separar. Eu lembro que eu estava preocupada em me equilibrar
no quadro da bicicleta, lembro tambem que meu pai chorava. Eu não.
Mas o que isso tem a ver com os outros? Olha eu nem sei se minha memória é verdade ou me
engana. Talvez meu pai tenha chorado talvez não, talvez ele estivesse andando bem equilibrado e eu
que tonteava, vai saber. Mas no momento que sento aqui para lembrar esta é a cena que vem. E no
momento que sento para escrever eu elenco para o texto os pontos que me interessam. Catar nisto
que me interssa pontos de partilha possível é tarefa do pesquisador. O que desta memoria que
acabei de contar toca vocês? Será que conseguimos elencar aqui, algo que estrapole aquela criança
de nove anos?
Foi isso, este gesto de catar nos relatos éndices afetivos de partilha, que tentamos fazer no
segundo movimento do exercício, ao construimos o bilhete para a criança do passado, estava nos
deixando afetar pela nossa própria memoria. Ao escrever deste presente palavras endereçadas para o
passado estavamos também, nos havendo com aquilo que permanece em mim, com as minha
marcas. Nos localizamos como as pistas deixadas por haraway, demos visibilidade as nossa marcas.
Da história que acabei de contar, posso elencar minhas marcas que acho possível de partilhar.
Vejam:
Eu preocupada com o equilibrio e ele com os afetos todo em desalinho, desconcertado, mas
alheio a isso quem guiava o a bicicleta era ele. Eu até hoje não sei andar de bicicleta, alias também
não sei muito bem como chorar. E sigo me ocupando a manter um certo equilibrio, que nos permita
continuar o passeio mesmo quando os afetos estão em desalinho. Me tornei psicóloga no fim das
contas. E aprendo a andar de patins. Será que conseguimos intuir dai algo, talvez de uma relação de
genero, quem sabe? Regimes de parentalidade, de relação com a infância? Se eu tivesse que fazer
um bilhete para a criança eu de pronto a diria que talvez valhesse a ela não se ocupar tanto em tentar
manter o equilibrio do veículo enquanto o outro conduz, mas quem sabe começar a inventar suas
próprias maneiras de conduzir. A bicicleta e a vida.
Propomos também um terceiro movimento no exercício, que era o dever de casa. Era tentar
traçar um caminho para o futuro. A partir das nossas memórias, depois que ao nos afetar pelo
passado e nos familiriazarmos com as nossas marcas que trazemos no texto, ao tomarmos pés da
nossas inquietações, iríamos então nos perguntar como fazer para que isso que me inquieta ande, o
que eu farei com isso, será que quero que algo mude? Será que quero que algo permaneça? com
tudo isso que habita meu texto, com tudo isso que me habita, para onde vou? O que quero fazer com
isso que tenho nas mãos?
Na história que eu contava a pouco sobre o meu passeio de bicicleta. Tiro apostas para o
futuro. Quero que aquela criança quando chegar a adulteza seja capaz de andar com os próprios pés.
Como vocês imaginas esta criança no futuro, o que em ultima analise é dizer do presente, não é
mesmo? Olhar para o futuro da criança é olhar para nosso presente.

“Quando o “ eu” busca fazer um relato de si mesmo, pode começar consigo, mas descobrirá
que este “si mesmo” já esta implicado num temporalidade social que excede suas próprias
capacidades de narração;” (BUTLER, p18)

As memórias de quintal de Elis, não dizem somento do quintal dela, como aventamos. E é
exatamente por saber que na nossas letras, assim com nas nossas memórias, há algo que nos
extrapola que podemos começar a afirmar que minha história vale a pena ser contada. Memória e
experiência, portanto são vetores que nos ajudam a pensar não só o passado mas também o presente
compartilhado uma vez que

“A exigência de rememoração do passado não implica simplesmente a restauração do


passado, mas também a transformação do presente tal que se o passado perdido ai for reconhecido
ele não fique o mesmo, mas seja ele também retomado e transformado.” (GAGNEBIN, p. 16)
“Porque a memória vive essa tensão entre a presença e a ausência, presença do presente que
se lembra do passado desaparecido, mas também presença do passado desaparecido que faz sua
irrupção em um presente evanescente. Riqueza da memória, certamente, mas também fragilidade da
memória e do rastro” (GAGNEBIN, 2009, p.44, grifo no original)
Conseguir mostrar para quem nos lê, através da que aquilo escorre para a página estes indices
de partilha, gestos cotidianos que dizem menos de um sujeito ínterior, de um Eu íntimo e
encimesmado do que das condições de emergências de modos ser e estar e das agências normativas
em jogo no presente. Aproximar no texto coisa que até então estavam distantes, articulações
inauditas, aproximar o escritor e o leitor via texto, é um dos trabalhos ao qual se propõe o
pesquisador,
O texto é tambem convite que fazemos ao leitos para vir comigo nas minhas andanças do
pensmento. Assim a introdução é uma composição de cena para mostrar o leitor começo da jornada,
a pergunta que move minha caminhada. Na introdução precisamos dar relevo ao “DA ONDE VIM.
DA ONDE VIERAM MINHAS QUESTÕES E IDEIAS” um exercício de localização, com
haraway podemos pensar que este exercício de localização é dar visibilidade as marcas do meu
corpo. Se localizar seria portanto dizer o que compõe e constroi meu corpo e meu pensar.

“É na densidade do histórico que surge o originário, intensidade destruidora das continuidades


e das ordens pretensamentes naturais, intensidade salvadora também pois reúne os elementos
temporais díspares em uma outra figura possível, a de sua verdade” (GAGNEBIN p.19)

TODA ORIGEM, todo começo, todo introduçãoTEM MAIS DE RESTO E RESQUICIO DO


QUE DE INICIO.
A origem benjaminiana visa, portanto, mais que um projeto restaurativo ingênuo, ela é, sim,
uma retomada do passado, mas ao mesmo tempo – e porque o passado enquanto passado só pode
voltar numa não- identidade consigo mesmo – abertura sobre o futuro, inacabamento constitutivo.
(GAGNEBIN p14)

Lembrem que eu disse para vocês que pesquisar é contar uma história, contar uma história do
nosso corpo no mundo. E assim um texto introdutório é dizer da onde vim, o começo da história,
mas se é introdução algo tem que vir depois. Mas que algo? Como eu faço para o texto andar?
Vocês tem palpites? Como leitores o que faz vocês virarem a pagina? O que faz vocês continuarem
a ler um texto, um livro?
Penso aqui no processo de escrita de um romance por exemplo, ou ainda a na composição de
uma obra de arte. O artista ao sentar em frente o seu materia de trabalho sabe, mais ou menos o que
quer fazer, sabe ao menos pelas bordas dos seu desenho, sabe ao menos o inicio de seu argumento,
o plot do seu romance, a cara de seu protagonista. O pesquisador, também sabe algo, mas há de
fazer o exercício de não saber demais. Pois se eu já sei tudo sobre o meu objeto de pesquisa, porque
eu ainda estou pesquisando, que graça tem pesquisar sobre aquilo que você já sabe. É como se
ficassemos repetindo a quarta serie para sempre, sem susto, ou acaso.
Lembram na aula passada eu dizia que no sistema educacional seriado a gente é levado a
acreditar que uma série depois da outra, aprendemos uma coisa nova, que um aluno da quarta serie
sabe mais do que o da terceira, e assim supostamente um doutorando sabe mais do que um
mestrando. Pois bem, nos enganaram. A bem da verdade é claro que ao passar dos anos sabemos um
pouco mais das coisa, vamos adquirindo com as nossas vivência coisas que nos ajudam a caminhar
no mundo, mas a vida não segue em linha reta. Fato é que tem algo de delicioso, ainda que
angustiante, no processo de escrita acadêmica e de pesquisa que é saber que na verdade: nós vamos
aprendendo a desaprender.
Eu digo para vocês que eu hoje tenho mais ciência do pouco que sei. Não quer dizer que eu
adquirir alguma forma de alzeimer, mas que antes na infancia, e principalmente na adolescencia
quando me sentia a onipotente deusa da saber absoluto sobre mim, eu tinha uma sacola de certezas
e acreditava ter ferramentas para encarar tudo o que viria. Hoje sei que as ferramentas que trago
ajudam mas não dão conta de tudo. Lembram quando tu lia um texto e sia dele com a sensação de
que aprendeu algo ali. O texto se esgotava no ultimo ponto final; hoje sempre saio do texto com
mais perguntas que certezas, com mais referencias para ler, com mais duvidas e curiosidade.

O que faz o texto andar é a dúvida! É a curiosidade, um certo jogo de saber e não saber.

Se estamos aqui numa escrita acadêmica mas afetiva, o traçado seria também com o texto
criar possibilidade de afetação em quem nos lê. Na escrita, assim como na vida, não há garantias,
logo não há mesmo nada que eu faça que garanta efeitos em quem me lê, se estamos nos
distanciando daquela versão platonica do mundo não iremos apresentar nos nossos textos uma
verdade pronta e esperar que o leitor compre. Mas antes criar possibilidade de que comigo trilhe o
caminho e se contagie. Pois bem, se escrever é contar uma historia, de algo que sabemos atraves de
memoria e experiencia, aproximando de algo que não sabemos, e ainda algo que queremos saber.
Não é dizer como socrates que Só sei que nada sei. Premissa conhecida. Pois sabemos de
algo, se dizemos que nossos corpos são marcados pela experiencia. Sabemos de algo, não somos
tabula rasa. Mas este algo não é universal e nem absoluto, o saber da experiencia é necessariamente
localizado, ele diz de um tempo, é historicamente localizado.
Quando assentamos nosso texto na experiência, temos que achar ali aquilo de vivencia que
convoca o pensamento, isso só vai dar ao leitor um tilintar de curiosidade.
Precimos entender todo saber é precário, no sentido de que não irá de modo algum abarcar
todas as vidas e seus possíveis, um saber localizado, um texto que leva em conta o afeto, que traz
nossas marcas é de saída um texto incompleto, inconcluso. Lacunar. Pois assim também é a vida,
sempre em risco de se desfazer, em vias de se desmanchar, e de se recriar.
Texto que deixe vazar algo para alem do ponto final. Que ecoe depois que eu feche o livro.
Que gere interrogação.
Vamos dar uma olhada no que vocês produziram e tentar trasnformar a aposta no futuro em
pergunta? Uma pergunta do presente para o presente (em direção ao futuro.) por que esta pergunta
interessaria a outras pessoas?
Estas perguntas nos ajudam a entrar na aula de hoje, onde nos dedicaremos a pensar objetivo e
justificativa. pois é a partir da pergunta que iremos começar a pensar
O objetivo. O que eu quero com o meu texto? Aonde almejo chegar com o meu pensamento?
Pois bem é também no traçado do objetivo que mostramos para o leitor que algo não sabemos. o
objetivo seria portanto o destino para o qual intento caminhar orientado pela minha
pergunta.
Será que conseguimos intuir daí das nossa perguntar um objetivo? Vamos tentar? Troquemos
as perguntas, e vamos ver se conseguimos a partir da pergunta do coleguinha, criar um objetivo.
Das perguntas traçarmos caminhos possíveis para seguir. O que quer, qual o objetivo entremeado na
interrogação que vocês têm em mãos?
Mas vamos tentar fazer algo diferente aqui. Vamos continuar a contar uma história. Vamos
alem se entendemos que minha historia é compartilhada vamos continuar a contar a história da
amiguinha. Se você tivesse que responder, ainda que provisioriamente, a pergunta da amiguinha
como responderia? Para onde ela seguiria?
Vamos olhar para as respostas/histórias e ver se elas nos fazem caminhar ou se estacam o
passo. Será que conseguimos sutentar a atenção do leitor? Será que conseguimos manter a
curiosidade, a lacuna necessaria para que o outro siga comigo na experiência?
Parece dificil seguir a partir das palavras do outros não é não? Com uma frase apenas não
sabemos bem da onde vieram, com qual intuito aparecem e menos ainda para onde se vai. Parece
que a interrogação só faz se seguir palavras se o sinal de dúvida vier acompanhado de palavras
passadas. De passado contextualizado. O objetivo só indica caminho se antes dele no escrito e no
dito, nas páginas que o antecedem, na introdução portanto, deixarmos amostra os rastros do nosso
caminho, pistas para os que nos lêem, pistas do nosso presente, marcas da nossa localização, do
lugar de onde falamos.
Nos projetos academicos o objetivo vem em linha reta, no formato de quero isso ou aquilo,
quero indagar as praticas de racismo, quero verificar se isto tem a ver ou não com aquilo, quero ver
se isso realmente se aplica na realidade.
No gesto de tecer nossos objetivos a universidade faz um pedido, me diga sem muito titubeio
ou floreio aonde espera chegar com tua história. Aonde espera chegar? Mas para nós que estamos
no exercício de uma escrita mais afetiva e coletiva, que entendemos que a história que criamos com
palavras se entrelaçam com nossas vidas e planos, será que podemos inventar modos mais profícuos
de delinearmos nossos objetivos? Para nós que estamos sustentando que há no gesto de pesquisa um
jogo de saber e não saber, como podemos delinear aonde queremos chegar?
Como?
Para nós que entendemos que o passado se embaralha com o presente, que o hoje tem um
tanto a ver com o futuro de toda esta gente, talvez interesse nos perguntar mais COMO tencionamos
chegar ao objetivo, de que modo queremos chegar lá. Talvez o objetivo não seja algo vindouro um
caminho para o futuro, mas antes, indagações dos modos que tornaram possível a emergência das
nossa duvidas.
Aonde você espera chegar com esta pergunta? Espero entender um pouco mais COMO esta
pergunta me chegou.
Como pôde aquela criança de nove anos estancar o gesto de chorar em prol de manter
equilibrado o veículo guiado pelo pai?

Justificativa:
O plano de governo do bozo diz que a ideia é que cada estudante deva sair do ensino superior
pensando em abrir uma empresa, e que a educação deve ser orientada para o empreendedorismo e
na criação de produtos a exemplo do Japão e acabar com a base freiriana que, segundo ele, é a
marca do sistema educacional 'comunista' brasileiro. Ele diz:
“O jovem precisa sair da faculdade pensando em como transformar o conhecimento obtido em
enfermagem, engenharia, nutrição, odontologia, agronomia, etc, em produtos, negócios, riqueza e
oportunidades. Deixar de ter uma visão passiva sobre seu futuro
A pesquisa mais aprofundada segue um caminho natural. Os melhores pesquisadores seguem
suas pesquisas em mestrados e doutorados, sempre próximos das empresas. O campo da ciência e
do conhecimento nunca deve ser estéril.” (PLANO DE GOVERNO, COISO, 2018)
Uma leitura atenta ao programa de (des) governo do coiso nos permite ver que não há lá nada
que justifique o objetivo dele, nada além de uma compilação de nóticias veículadas pelo Globo e
pela Veja.
Seu o objetivo: aliar a produção cientifica ao jogo capitalista financeiro, o conhecimento seria
produto para gerar mais dinheiro. O texto não dedica uma linha sequer para dizer, empresa de que,
dinheiro de quem, sem o exercício de localização o objetivo, as palavras flutuam em um vazio de
sentido. Riqueza, oportunidades, ecoam sem nenhuma articulação com a realidade concreta do país.
O “caminho natural das pesquisas aprofundadas” não precisa de justificativa.
Se a justificativa é o motivo que mobilizou a minha caminhada, mas também o que considero
que pode impelir outros pés alem dos meus, Para além dos meus motivos passa a importar
possibilidade de criação coletiva e afirmação de si no gesto mesmo de compartilhar marcas. Ao
criar nossas justificativas é necessário atenção ao risco de não assenta-la no Eu individual e
encimesmado ou na convocação genérica de um Natural supostamente natural.

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