BELÉM
2009
Ericka Vicente Brandão
BELÉM
2009
Ericka Vicente Brandão
Banca Examinadora:
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A Deus pelo dom da vida, nos momentos difíceis em que Ele me confortou e me
conduziu ao caminho do conhecimento.
À Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade da Amazônia, na pessoa da
professora Núbia Maria de Vasconcelos Maciel, pela competência com que conduz os
programas de mestrado da universidade, em especial o Programa de Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano.
À Coordenação do Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Urbano, na pessoa do professor Marco Aurélio Arbage Lobo, pela dedicação e empenho
durante todo o curso e, ainda pelos conhecimentos repassados sobre Sistema de Informação
Geográfica, que foram de grande valia para o desenvolvimento desta dissertação.
Às professoras Nírvia Ravena e Voyner Ravena Cañete, pela grande
contribuição no que trata do desenvolvimento de um “olhar” que escapa à visão
tecnicista, promovendo assim o aclaramento das questões que envolvem o espaço
urbano construído e, consequentemente a busca da compreensão deste fenômeno.
À professora Luciana Costa da Fonseca, a qual, como colega, procuro me
espelhar no desenvolvimento da docência, por ter encontrado nela uma grande
inspiração, uma verdadeira mestra ao que se propõe realizar, o ensino e a aprendizagem.
E ainda por ter me proporcionado a visão de uma ciência tão ampla e importante,
quando tratamos o meio ambiente urbano, o “direito” com suas nuances e vertentes.
Ao professor Mário Vasconcelos Sobrinho, que contribuiu sobremaneira
ao desenvolvimento desta dissertação, através dos momentos de convivência,
os quais proporcionaram o aprimoramento do pensamento científico refletindo no
desenvolvimento e compreensão de cada uma das etapas que constituem a pesquisa.
Ao meu orientador, professor Leonardo Augusto Lobato Bello, acima de tudo pela
confiança que depositou nesta pesquisa, e consequentemente nesta pesquisadora. A
paciência, dedicação, empenho e, ainda, pela forma com que abraçou esta pesquisa
incondicionalmente e por ter aceito orientá-la.
Aos novos colegas que através dos nossos debates contribuíram para o meu
conhecimento nas mais diferentes áreas.
A cada um dos funcionários que fazem parte do Programa de Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, que por vezes, estavam presentes nos
momentos de convivência que constituíram os dois últimos anos, sempre com uma palavra
ou um gesto amigo e carinhoso, em especial ao nosso querido Tiago, sempre por perto com
o objetivo de nos proporcionar o conforto adequado ao desenvolvimento de nossas tarefas.
Atodos os amigos que de alguma forma contribuíram, mesmo que inconscientemente,
para o desenvolvimento desta pesquisa, seja lendo, dando sugestões, indicando literaturas
ou simplesmente me aguentando nos momentos mais difíceis.
A minha família pelo carinho e compreensão, nos momentos de ausência e
também de conflito.
A Elaynia Cristina Vicente Ono pela dedicação, profissionalismo e competência
com que realizou o projeto gráfico desta dissertação, conferindo a esta pesquisa uma
leitura clara através de uma diagramação adequada ao escopo científico.
À FIDESA, pela assistência financeira concedida por meio da bolsa de estudos
para a realização deste mestrado.
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais
voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
RESUMO
BRANDÃO, Ericka V. Urbanização e Violência: uma reflexão sobre a anomia estatal e a alteração
dos índices da violência urbana em Belém do Pará. 112 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade da
Amazônia, Belém, 2009.
BRANDÃO, Ericka V. Urbanização e Violência: uma reflexão sobre a anomia estatal e a alteração
dos índices da violência urbana em Belém do Pará. 112 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade da
Amazônia, Belém, 2009.
ambiental grupal...........................................................................................87
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................19
2.1. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO..................................................................19
2.1.1. O processo de urbanização no Brasil........................................................21
2.1.2. O processo de urbanização em Belém (PA)...............................................27
2.2. VIOLÊNCIA URBANA........................................................................................34
2.2.1. Crime e violência: uma visão das escolas penais.....................................36
2.2.2. Uma abordagem da violência urbana: o cenário brasileiro......................39
2.3. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA:
UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE....................................................................44
2.3.1. Análise espacial de dados geográficos......................................................45
2.3.2. Análise espacial de dados geográficos: uma aplicação no ambiente
urbano............................................................................................................49
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................96
REFERÊNCIAS........................................................................................................101
APÊNDICE A
1 INTRODUÇÃO
Acredita-se que nas primeiras décadas do século XXI a violência urbana será um
dos principais focos de pesquisas entre a sociedade brasileira e mundial, constituindo-se
talvez como o maior desafio de gestão da urbe. Alguns países, como por exemplo: os
Estados Unidos da América e a Colômbia já se mobilizam na intenção de criar mecanismos
que viabilizem a sustentabilidade da segurança pública. A cidade não está resumida à sua
delimitação físico-geográfica, ela deve ser analisada a partir de um todo que interage
diretamente com suas partes, com características dinâmicas sujeitas a mudanças.
16
No Brasil o primeiro relatório oficial sobre o desenvolvimento sustentável
no país, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2004), constatou que no período de 1992 a 1999 os homicídios passaram de 19,2
para cada 100.000 habitantes para 26,18 para cada 100.000 habitantes, o que
reflete em um aumento de aproximadamente 40%. A pesquisa em questão tomou
para análise o fenômeno da urbanização como fator relacional do aumento deste
indicador de violência urbana.
17
Para esta pesquisa foi adotado como objeto de estudo o município de Belém,
capital do estado do Pará, que é constituído por áreas insulares (39 ilhas) e pela
área continental. Neste estudo foi considerada apenas a área continental envolvendo
analiticamente 37 dos 71 bairros1 que se distinguem pelo processo de urbanização
de cada um, gerando características particulares que foram expostas à análise nesta
pesquisa acadêmica, e a partir dos questionamentos acima postos realizou-se uma
leitura através da visualização de mapas temáticos obtidos com o auxilio de uma
ferramenta computacional, o Sistema de Informação Geográfica (SIG).
1
Lei Municipal n. 7.806 de 30 de julho de 1996, que delimita as áreas que compõem os bairros de
Belém e dá outras providências.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
O presente capítulo disserta sobre a literatura que trata das questões inerentes
a esta pesquisa como crescimento urbano desordenado e violência urbana, e ainda
fala do uso da ferramenta que esteia a discussão, o georreferenciamento destes dados
traduzindo-os em mapas cartográficos.
19
Por sua vez, Bardet3 (1990) postula que o termo surgiu pela primeira vez no ano
de 1910, no Bulletin de la Societé geographique de Neufchâtel. Nascia então “uma nova
ciência” caracterizada por seu caráter crítico e reflexivo. Segundo Bardet (1990, p.8)
A partir das premissas pontuadas por Agache (1931) apud Santos (2006),
e Bardet (1990) e de posse das variáveis que o termo em pauta sugere ao ser
evocado, buscou-se nesta pesquisa o entendimento mais aprofundado do processo
de urbanização. Este teve seu início no século XIX, caracterizado pela Revolução
Industrial que tirou o homem do campo e o levou à cidade, na busca por novos meios
de produção, com a perspectiva de conquistar melhores condições de vida. Durante
este processo, houve diferentes respostas ao processo de urbanização no que tange
a assimilação das mudanças trazidas pela revolução industrial.
Gaston Bardet foi um urbanista, um arquiteto e um escritor francês, que nasceu em 1907 e faleceu em 1989
3
na cidade de Vichy. Ele foi um teórico do urbanismo francês e publicou o livro “L’urbanisme”, em 1945.
20
[...] deve-se atentar também em quando se pretende fazer comparações
entre o planejamento urbano na Europa ou nos Estados Unidos e o
planejamento urbano no Brasil. Lá, ao contrário daqui, ele corresponde
em parte à ação concreta do Estado (VILLAÇA, 2004, p. 191).
21
marcas dessa vertente explicitou-se pelo conceito de embelezamento urbano, o qual
não se resumiu apenas ao discurso, mas se concretizou pela ação do Estado.
22
Uma interpretação mais minuciosa indica que as cidades brasileiras receberam
um enorme contingente populacional em um breve espaço de tempo, sem que para tanto
houvesse um planejamento urbano adequado para o assentamento desta população,
juntamente com a ausência de políticas públicas que alcançassem as necessidades da
cidade de maneira efetiva, transformando o ofício do urbanista em um fazer utópico.
A função social da propriedade não se efetivou como era a intenção dos arquitetos
ao defenderem a reforma urbana no congresso do Instituto dos Arquitetos do Brasil
(IAB), em 1963. A especulação imobiliária tomou seu lugar excluindo grande parte da
população e priorizou assim as classes média e alta. A contrapartida apresentada pelo
poder público foi a criação de conjuntos habitacionais sempre localizados em “vazios
urbanos”, ou seja, áreas afastadas do centro urbano, sem serviços e infraestrutura,
penalizando assim, não só aos seus moradores como também os cofres públicos no
momento em que tiveram, mais tarde, que ampliar a rede de infraestrutura.
23
como os tecnocratas e cientistas, sobre a cidade, transformando assim tal fazer em
sessões de debates que agora envolveram uma concepção multidisciplinar tanto
no contexto técnico-cientifico como na tomada de poder da sociedade como parte
integrante do processo.
A cidade brasileira é hoje o país. O Brasil está estampado nas suas cidades.
Sendo o país, elas são a síntese das potencialidades, dos avanços e
também dos problemas do país. Vamos falar dos problemas. Nossas
cidades são hoje o locus da injustiça social e da exclusão brasileiras.
Nelas estão a marginalidade, a violência, a baixa escolaridade, o precário
atendimento à saúde, as más condições de habitação e transporte e o
meio ambiente degradado. Essa é a nova face da urbanização brasileira
(VILLAÇA, 2003 apud BRITO 2009, p. 185).
24
urbana, bem como detectar os erros e acertos das experiências convencionais recentes
(décadas de 1980 e 1990), além de observar também as experiências vividas em
outros países, em especial nos chamados países “em desenvolvimento”.
popular identificada pela defesa da reforma urbana, que conquistou 250.000 assinaturas, passando a fazer
parte do texto constitucional e, inserido no Capítulo de Política Urbana, artigos 182 e 183, obtendo a Sanção
Presidencial somente em julho de 2001. Este instrumento nasce com princípios que buscam atender as
funções sociais das cidades e das propriedades visando o direito à moradia e inclusão territorial, a superação
da dualidade entre as cidades formais e informais, legais e ilegais, propondo ainda uma gestão democrática
que inclui todos os segmentos sociais no processo de elaboração e implementação de propostas.
25
à classe baixa as habitações implantadas e consolidadas em áreas de invasões,
algumas vezes através de um processo de assentamento espontâneo, outras até
mesmo dotado de certa organização.
A forma como estas áreas se constituem, na sua maioria à margem do tecido urbano
formal das cidades, demonstra que mesmo estando localizadas fora da cidade constituída
pela ação do Estado, e ainda denominadas como áreas “ilegais”, são sem dúvida áreas
“institucionais”, e de acordo com Maricato (2008) “as novas favelas e loteamentos ilegais
surgem nas terras vazias desprezadas pelo mercado imobiliário privado.”
26
em mente a possibilidade de êxito no que trata o planejamento de espaços urbanos, a
equipe que envolve esta competência deve aplicar seus conceitos tendo em vista que a
funcionalidade, a forma e a estrutura que se adéquam à ideia de totalidade para atingir
os moldes de uma determinada sociedade. A funcionalidade, a forma e a estrutura do
espaço não alcançam seu cume quando tratadas separadamente, precisam ganhar a
dimensão da totalidade para contribuir efetivamente na análise dos espaços urbanos.
Feliz Lusitânia, Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará
e por fim simplesmente Belém denominam a capital do estado do Pará, constituída no
5
Jane Jacobs nasceu em 1916 na cidade de Scranton no estado da Pensilvania, mesmo sem possuir
formação urbanística a jornalista autodidata desenvolveu uma visão bastante peculiar sobre as
cidades, influenciou o trabalho de vários pesquisadores, foi editora associada da revista Architectural
Forum e em 1961 publicou o livro “The death and life of great American cities”.
6
Henri Lefebvre (1901-1991) estudou e se graduou na Universidade de Paris, em Filosofia (1920),
foi um ícone da filosofia francesa. Realizou estudos sobre o espaço urbano, os quais são tomados
até hoje como referência para quem pesquisa o assunto, suas obras mais difundidas são: “O
direito à cidade” (1969) e “A revolução urbana” (1970), nos quais o autor analisa a influência do
sistema econômico capitalista no espaço urbano, com base na necessidade do poder industrial
“modelar” a cidade de acordo com os seus interesses, mas sem excluir a influência de outros
agentes sociais.
7
Livro publicado originalmente em 1961, com o título “The death and life of great American cities”.
8
A “cidade Legal” é o espaço que possibilita o transcorrer do cotidiano tendo mantida as suas funções
sociais de fornecer às pessoas moradia, trabalho, saúde, educação, cultura, lazer, transporte,
saneamento ambiental, serviços públicos em geral, enfim toda infraestrutura urbana
27
ano de 1616, sob uma morfologia diminuta e singular, ergueu-se entre as vertentes
do rio Guamá e a baía do Guajará, em seu cume topográfico surgiu como marco
da colonização, o forte do Presépio que agregava a si uma grande importância no
contexto militar uma vez que sua localização estratégica caracterizou-se como a
entrada da Amazônia.
[...] a cidade tem seu sítio atual limitado, a oeste, pela baía do Guajará
e, a leste, pelo igarapé do Tucunduba, afluente do rio Guamá, que lhe
serve de fronteira meridional; para o norte, a cidade termina no vale do
Igarapé do Una e de seus formadores. [...] (PENTEADO, 1968, p. 43).
9
O igarapé do Piri constituiu uma área alagada que dividiu Belém em dois grandes núcleos, a Cidade
e a Campina, suas águas corriam ao encontro da baía do Guajará e do rio Guamá, local onde se
encontra o mercado do “Ver-o-Peso”.
28
Belém, “Capital da Borracha” – O fim da década de 1840 anunciava a
aproximação de grandes acontecimentos: surgiram em Belém seus dois
primeiros Bancos e mais novas representações consulares. Além disso
criou-se a Capitania do Porto, inaugurou-se a Freguesia da Trindade e
a colônia inglesa passou a ter seu próprio cemitério; são três fatos que
revelam a importância do movimento portuário, a expansão de Belém
e a presença efetiva do comércio britânico (PENTEADO, 1968, p. 127).
A época áurea de Belém está ligada ao chamado “ouro branco”, assim batizado
na época o látex, exportado em grande escala primeiramente para a Inglaterra tendo
posteriormente seu comércio expandido para os Estados Unidos, a França e Portugal.
No decorrer desse período – 1850 a 1920 – Belém foi cenário da primeira etapa do
urbanismo brasileiro, aquele que pregava o embelezamento, como foi analisado na
sessão anterior. Nesta etapa Belém passou por intervenções urbanas significativas,
as mesmas por exemplo vivenciadas nas cidades do centro-sul como São Paulo e
Rio de Janeiro, as ruas foram calçadas com paralelepípedo de granito importados de
Portugal ao mesmo tempo em que ganhou edificações institucionais como o magnífico
Teatro da Paz devendo-se citar ainda o elegante e grandioso projeto do boulevard da
República (Ilustração 3).
29
borracha direcionou os investimento públicos e também privados para as áreas
centrais, resultando na valorização imobiliária e expulsando assim as classes
mais populares para as franjas da cidade, que mais tarde indicaria o novo eixo de
expansão futura.
Sem luz pelas ruas, sem dispor de água em quantidade suficiente às suas
necessidades, sem energia para que houvesse um desenvolvimento
industrial razoável, a capital do Pará, paradoxalmente não decaia:
estava como estagnada na sua evolução, à espera de um novo surto
de progresso, consequência de fatores que até então desconhecia,
lhe trouxesse condições socioeconômicas para transformá-la em uma
grande cidade (PENTEADO, 1968, p. 183).
30
população urbana que deu preferência as áreas constituídas por solo firme e não sujeitos
a alagações, e já partia timidamente para a ocupação das baixadas.
O urbanismo das grandes obras de infraestrutura pode ser visto ainda na cidade
de Belém através de intervenções voltadas à macro-estrutura, tal afirmação parte da
Ilustração 4: Planta da cidade de Belém, com a primeira légua patrimonial demarcada – 1903
Fonte: Pará (2004, p. 28)
31
análise dos projetos de drenagem e estrutura viária, obras de porte como os da bacia
do Una – década de 1980 – que correspondeu a cerca de 60% da área urbana do
município de Belém, com abrangência de 380.650 habitantes, dos quais cerca de 49%
viviam em regiões alagadas ou alagáveis.
12
A citação direta foi colhida de uma publicação disponibilizada em meio digital, não contendo numeração
de páginas.
32
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 1999), quando se
analisa o período compreendido entre 1991 e 1996, pode-se constatar um crescimento
de 14,7% das áreas periféricas que envolvem as metrópoles em relação ao núcleo
urbano. O mesmo estudo aponta que no município de Belém, capital do estado do
Pará, ocorreu um perceptível crescimento de sua periferia, com ampliação em torno de
157,9%, em contrapartida a uma retração do seu núcleo urbano, no mesmo período.
13
A Comissão dos Bairros de Belém (CBB), fundada em 21 de janeiro de 1979 passou a ter como
principal pauta e bandeira a luta pela Reforma Urbana, produto de uma discussão realizada desde a
década de 1970 e definida como central no congresso nacional de fundação da Central de Movimentos
Populares (CMP) no ano de 1983.
14
A citação direta foi colhida de uma publicação disponibilizada em meio digital, não contendo numeração
de páginas.
15
Uma das diretrizes do PDU / Lei n. 7.603 (BELÉM, 1993) também busca alcançar a justa distribuição
dos benefícios decorrentes da ação do poder público e diz que a cidade cumpre suas funções sociais
na medida em que assegura o direito de todos os seus habitantes ao acesso à moradia, ao transporte
coletivo, ao saneamento, à energia elétrica, à iluminação pública, ao trabalho, à educação, à saúde,
ao lazer, à segurança, ao patrimônio ambiental e cultural, à informação e à cultura.
33
Urbanos16 da Região Metropolitana de Belém (1991/2001), que se apresentam
regulamentados pelo Estatuto da Cidade.
Por sua vez, a definição de violência urbana de acordo com Soares (2005, p. 245),vai
além da etimologia da palavra, e é detentora de muitos significados (Ilustração 5).
Bitencourt (2003) postula com base nas premissas de Durkheim (1982) que o dolo
não é apenas um fenômeno social normal, como também cumpre outra função importante,
qual seja, a de manter aberto o canal de transformações de que a sociedade precisa.
16
A proposta básica do projeto Via Metrópole (PDTU) em Belém, também é um modelo integrado
de transporte coletivo, com linhas troncais nas avenidas principais da região metropolitana e um
sistema de vias alimentadoras articuladas por terminais. Esse sistema é apontado também pelo
Ministério das Cidades como prioritário na concessão de investimentos, juntamente com os projetos
de redução de tarifas do transporte coletivo e o uso de transporte sobre trilhos em casos onde há
demanda compatível.
34
Ilustração 5: Esquema que retrata as diversas causas da violência urbana
Fonte: Elaborado pela autora com base em Soares (2005) (2009)
Dando alicerces a esta revisão de literatura, são citados a seguir alguns autores
que estudaram as possíveis causas da violência urbana. Inicia-se este apontamento
por Kosovski (2003, p.172-176) que ao realizar uma reflexão sobre o tema da violência
urbana, percebe a existência de fatores que contribuem para a instauração do panorama
atual, a saber: (i) a revolução tecnológica, (ii) a explosão demográfica, (iii) as mudanças
geopolíticas, (iv) a sociedade permissiva, (v) os meios de comunicação de massa, (vi) a
certeza da impunidade ou a incerteza da punição, (vii) a grande disseminação das drogras.
Durkheim (1982) coloca que os laços sociais são as normas que todos aprendem
a respeitar, que mantêm a sociedade unida. Ao elaborar a “Teoria do Controle” aquele
autor enumera três mecanismos que mantêm o comportamento do indivíduo sob
controle: o autocontrole; (ii) o medo da punição e (iii) o controle social informal.
35
análise o “empoderamento” do espaço social e físico como fator relevante na busca da
regressão dos índices de violência urbana.
Para esta pesquisa foi importante estudar, ainda que de maneira breve, o
conceito de crime, visto a conexão existente com a violência urbana no momento em
que é praticada através de condutas criminosas.
17
Francesco Carrara, jurista italiano, tratou de todos os assuntos do Direito Penal como ciência
estritamente jurídica. Sua obra mais importante, dentre várias, é “Programma del corso di Diritto
Criminale”. Suas ideias ainda hoje servem de base para o conhecimento da ciência penal.
36
Tabela 1: Princípios da Escola Penal Clássica
PRINCÍPIO CONTEÚDO
A Escola Positiva prega que o homem age como sente e não como pensa.
As ações humanas “são sempre o produto de seu organismo fisiológico e psíquico e
da atmosfera física e social onde nasceu e na qual vive” (MACHADO, 2006). Desta
forma as ações do homem são frutos da junção de fatores antropológicos, psíquicos,
físicos e sociais (meio social). Para a Escola Positiva o meio social age de forma
determinante no que tange à criminalidade.
37
concepção desta escola tem sua representatividade no momento em que considera o
crime ao mesmo tempo um fato jurídico não excludente do fenômeno social.
38
finalidades diretas que seriam: (i) a reprovação e (ii) a prevenção; argumenta-se ainda
que grande parte das condutas tidas como criminosas podem ser solucionadas por
outros ramos do direito.
O cenário da violência urbana no Brasil pode ser visualizado a partir de uma linha
do tempo que egressa do regime militar autoritário desembocando na ultima década
do século XX já com uma realidade concretizada, realidade esta que, segundo Adorno
(2002, p. 88) abrange quatro tendências bem definidas da violência urbana (Tabela 2).
39
Tabela 2: Tendências da violência urbana no Brasil
TENDÊNCIAS CONTEÚDO
os óbitos por causas violentas, na década de 1980. Neste caso, enquanto o número total de
óbitos cresceu 20%, o número de óbitos por causas violentas cresceu 60%.
40
Cabem aos gestores, ações que desarmem o cenário atual que favorecem
as condições de crescimento da criminalidade urbana, ou seja, em outras palavras,
segundo o próprio PNSP (BRASIL, 2000, p. 13) cita, de forma elucidativa:
Segundo Gomes (2002), é possível analisar também outros dados que embasam
o conceito de que a miséria por si só não é motivo causador da violência, Alguns
países africanos, por exemplo, possuem baixíssimos coeficientes de mortalidade por
homicídio, em torno de menos de três homicídios para cada 100.000 hab.
41
O cenário de violência urbana vivido pelo Brasil encontra-se em nível de alerta,
e na tentativa de resposta a este problema o Governo Federal lançou o Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) foi instituído no Brasil em
agosto de 2007, e previu a articulação de políticas de segurança com ações sociais,
priorizando a prevenção e buscando atingir as causas. Doze regiões metropolitanas
foram contempladas pelo plano, entre elas esta a Região Metropolitana de Belém, mais
precisamente os municípios de Belém e Ananindeua. Segundo o PRONASCI, a taxa de
homicídio do município de Belém é de 32 por 100.000 habitantes, sendo que ao analisar
a ocorrência de homicídios em Belém percebemos que a população que se encontra na
faixa etária de 15 a 29 anos é vitimizada em 52,6 por 100.000 habitantes.
Dentro de uma base constituída pelo preceito de que a sociedade deve se mobilizar
em defesa da saúde, igualdade e educação através da promoção dos jovens na busca da
consolidação de um território de “cidadania e coesão social”, o PRONASCI institui a junção
de políticas sociais à políticas de segurança pública trabalhando dentro de um cenário
comum. O programa foi elaborado para atuar em três momentos distintos (Tabela 3).
MOMENTOS CONTEÚDO
possui, unindo a atuação dos três entes federativos: Governo Federal, Estado
e Município, com o objetivo principal de restabelecer o equilíbrio social, por
meio de ações que promovam a recuperação de espaços e equipamentos
urbanos entre outras ações que permitam a garantia do território à sociedade.
2° Momento
42
Eric Cadora18, em seus estudos voltados a violência urbana, postula que a
melhor maneira de reduzir a reincidência criminosa é a reabilitação, não de presos, mas
dos bairros que o geram. Embora possamos observar que nas regiões metropolitanas
a presença da violência urbana está generalizada, o mesmo não acontece quando
é realizado um levantamento do endereço domiciliar dos criminosos, em geral estas
pessoas ocupam poucos bairros, geralmente áreas com alta concentração habitacional.
18
Eric Cadora dirige o Justice Mapping Center, que utiliza mapeamento computadorizado e softwares
estatísticos para analisar e divulgar informações sobre criminalidade. A pesquisa do centro é
baseada no princípio que a sociedade americana é estratificada e que o local onde as pessoas
vivem é determinado por diferentes expressões sociais e econômicas. O centro possui colaboração
com a Universidade de Columbia “Columbia University Graduate School of Architecture, Planning, &
Preservation”. Disponibilizado em <http://www.justicemapping.org>. Acesso em: 26 dez. 2008.
19
Segundo Maricato (1996; 2008), a cidade ilegal é caracterizada por habitações onde existe a
completa ilegalidade da relação do morador com a terra. Esta ilegalidade pode ser caracterizada
pela falta de documentação de propriedade, na ausência da aprovação do projeto pela prefeitura ou
no descompasso entre o projeto aprovado e sua implantação. A irregularidade na implantação do
loteamento impede o registro do mesmo pelo cartório de registro de imóveis.
43
violência urbana. Em alguns países já existe a iniciativa de reestruturar estas áreas
com o intuito de equacionar o problema da violência urbana.
20
O Plano de Segurança Integrado da Colômbia propôs várias ações de combate a violência urbana, com
a participação da população, que incluiu desde a construção de equipamentos públicos, como creches
e praças, até processos jurídicos que deram a posse definitiva dos imóveis ocupados às famílias.
21
Para Evans (2003), a monocultura institucional é a imposição de versões idealizadas baseada em
planejamento que não levam em consideração as culturas e as circunstâncias nacionais.
22
De acordo com o Censo Populacional do IBGE de 1999, a Região Metropolitana de Belém possuía
1.280.614 habitantes.
44
O SIG proporciona uma análise espacial23, a partir da visualização por mapas,
de diversos fatores a que se deseja estudar como por exemplo densidade populacional,
índices de qualidade de vida, ocorrência de homicídios entre outros, tais informações
são geradas com base em um banco de dados em conjunto com uma base geográfica
transpondo tais dados a uma leitura universal permitindo a visualização espacial de
determinado fenômeno.
Como exemplo desta prática pode ser vista a atuação de algumas vertentes
que aplicam a metodologia do SIG, na busca da análise do evento da violência urbana
relacionada ao espaço territorial onde ela ocorre. Dentro deste cenário podemos citar,
entre outras, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por meio do
Núcleo de Seguridade e Assistência Social, que construiu um “Mapa da exclusão/
inclusão social da cidade de São Paulo”, utilizando a metodologia de adoção do SIG,
proporcionando a produção de instrumentos que auxiliem a tomada de decisão no
momento da implementação de determinada política pública.
23
Segundo Câmara et al., (2004) “[...] a ênfase da Análise Espacial é mensurar propriedades e
relacionamentos, levando em conta a localização espacial do fenômeno em estudo de forma explicita”
24
Disponível em: <http://www.crisp.ufmg.br/>
25
Disponível em: <http://www.nevusp.org/>
45
O segundo trata de “Superfícies Contínuas” que são estimadas com base em
um conjunto de amostras de campo que podem estar regularmente ou irregularmente
distribuídas. Usualmente, esse tipo de dados é resultante de levantamento de recursos
naturais e inclui mapas geológicos, topográficos, ecológicos, fitogeográficos e pedológicos.
46
O mapa de pontos se traduz em uma das técnicas mais simples, porém muito
efetiva de análise através da visualização de pontos georeferenciados (Ilustração 7).
Os pontos representam eventos individuais apontando a sua localização, neste caso
os dados são relacionados ao geoprocessamento de endereços.
Por fim pode-se trabalhar com mapas de superfície de Kernel, que são mais
indicados para uma análise de padrões complexos de pontos sem perda de informação.
De acordo com Beato Filho e Assunção (2008, p. 31), “os mapas de Kernel podem
ser usados para visualizar as tendências temporais de incidências criminais em um
determinado dia da semana”. A análise realizada com esta aplicação é recomendada
quando se precisa de um maior grau de informações a serem analisadas (Ilustração 9).
47
Ilustração 8: Ilustração de mapa – densidade
Fonte: Beato Filho e Assunção (2008, p. 30)
48
técnicas aos programas com o objetivo de tornar viável a sua utilização. No cenário
atual, podemos elencar uma série de programas que foram desenvolvidos para tal
aplicação, como por exemplo, Spring, ArcGIS, Mapinfo, TerraView, entre outros.
Disponibilidade <www.terralib.org>
Com base nas premissas de Santos et al., (2000), esta sessão buscou
discorrer sobre a utilização de um SIG, a partir de seus princípios e ainda pautar tais
considerações sobre a leitura de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) como
ferramenta de apoio à gestão de uma cidade, tendo em vista a complexidade e os
fenômenos intrínsecos que a cidade comporta.
49
Melgaço (2003) exemplifica alguns conceitos por meio do georreferenciamento,
como, por exemplo, a relação existente entre a violência urbana, as diferenças
socioeconômicas e a ausência do poder público que gerou mapas temáticos diversos.
Na leitura de Melgaço (2003, p. 3):
50
países já adotaram o SIG como ferramenta de apoio aos estudos da violência urbana,
como por exemplo, Brasil, Chile, Argentina e Colômbia. Talvez o diferencial do SIG seja
a clareza com que informações e eventos de alta complexidade podem ser traduzidos
em mapas, o que facilita a análise promovendo o compartilhamento das informações.
26
Segundo Assunção e Beato (2008), “áreas quentes” ou hotspots da criminalidade são áreas que
concentram um maior número de casos em um determinado espaço de tempo.
51
3 MATERIAL, MÉTODO E DESCRIÇÃO DOS DADOS
Este capítulo tem como objetivo apresentar a origem dos dados que comportam
a análise desta pesquisa e explicar o método utilizado no tratamento e na análise dos
dados adotados, e ainda a correlação entre eles, com o intuito de mensurar a relação
pertinente entre a infraestrutura e os equipamentos urbanos e a violência urbana.
Para a análise e interpretação dos índices foi adotado o método de AEbd através
da utilização do software TerraView 3.3.1, o qual possibilitou a criação de mapas
temáticos, transpondo a análise a uma leitura universal. Foi descrita na Ilustração 10
a metodologia utilizada na pesquisa.
27
“O termo indicador é originário do latim indicare, que significa descobrir, apontar, anunciar, estimar
[...]” (HAMMOND et al., 1995 apud WIENS, 2007).
52
Ilustração 10: Metodologia utilizada na pesquisa
Fonte: Elaborado pela autora (2009)
Outra limitação encontrada nesta etapa foi o fato de alguns dados possuírem anos-
base diferenciados, o que levou à adoção de um único ano-base. Neste caso foi tomado
o ano de 2009, por ser o último ano que possui dados relacionados à unidade espacial
adotada. No caso de médias ou somas, onde se faz presente mais de um ano na construção
de um indicador, foi tomado como base o último ano. Ao construir a tabela de indicadores
parciais foi inserida uma coluna que demonstra os anos de defasagem de cada informação.
53
Tabela 5: Origem dos dados
A fonte que forneceu os dados de base geográfica, foi a PMB através do seu
Anuário Estatístico 2006, é válido ressaltar que no caso do Anuário Estatístico (AE) os
dados são compostos pela leitura de outras fontes, como as secretarias municipais, o
IBGE, a Polícia Civil do Estado do Pará (PC), e a Companhia de Desenvolvimento e
Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM), que repassam informações
ao AE para a sua composição.
Nesta pesquisa foram adotados como recorte desta análise, apenas cinco
distritos. O critério de inclusão foi mais uma vez com base nas informações disponíveis
pela unidade espacial adotada, bairro, o que sintetizou a pesquisa no estudo dos
distritos a saber:
54
Ó
RAJ
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM MA
A DE
BAÍ
SECRETARIA MUNICIPAL DE COORDENAÇÃO GERAL
DO PLANEJAMENTO E GESTÃO
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
DAMOS
Ilha de Mosqueiro
DABEN
01 Tapanã
02 São Clemente
03 Parque Verde Ilha de
04 Benguí
Cotijuba DAOUT Ilha de
Caratateua
05 Cabanagem
06 Una
07 Mangueirão
DAENT
07 Mangueirão
08 Val-de-Cães DAICO
09 Marambaia
10 Castanheira
11 Águas Lindas
N
12 Curió-Utinga
17 Souza NO NE
27 Universitário
01
O L
DASAC
09 Marambaia 03 SO SE
02
13 Maracangalha 05 06
14 Barreiro 04 S
15 Sacramenta 08 07
16 Pedreira
18 Telégrafo 13 09
19 Marco 10
11
20 Umarizal 14 15
17
21 Fátima 18 16
19 12
DABEL DAGUA 20
19 Marco 21
12 Curió-Utinga 22
20 Umarizal 19 Marco 28 23 24 25
26
22 Reduto 24 São Brás 32 29 30 31 27
23 Nazaré 25 Canudos 33 34
24 São Brás 26 Terra Firme
25 Canudos 29 Batista Campos Ilha Grande
28 Campina Ilha do
31 Guamá Murutucu
29 Batista Campos
30 Cremação 30 Cremação Ilha do
Combu
31 Guamá 32 Cidade Velha
32 Cidade Velha 33 Jurunas
33 Jurunas 34 Condor Ilha de
Cintra
55
Os cinco distritos elencados acima constituem trinta e nove bairros, entretanto
cinco bairros foram excluídos da análise pelo mesmo critério exposto anteriormente,
isto é, a ausência de informações sobre a unidade espacial adotada, bairro. Quando
se dispunha de informação, muitas vezes notava-se a inconsistência dos dados.
Este fato ocorreu nas análises dos bairros da Pratinha, do Aurá, Coqueiro, Miramar e
Guanabara, o que levou a sua exclusão. Portanto, adotaram-se apenas 34 (trinta e quatro)
dos 39 (trinta e nove) bairros como universo de representatividade do município de Belém.
Esta sessão teve por objetivo detalhar a construção dos indicadores que foram
utilizados na composição do índice de Infraestrutura e Equipamentos Urbanos (iIEU) e
do índice de Criminalidade Violenta (iCV). Para cada um dos índices foram adotados
indicadores aos quais se apresentam nas sessões a seguir.
Na formulação do iIEU cada uma das dimensões são compostas por sub-
dimensões, que se convencionou chamar de classificação secundária, que por sua vez
é caracterizada por indicadores que podem ser de natureza simples, ou seja, constituído
por um único indicador, como por exemplo, a dimensão econômica caracterizada pela
56
sub-dimensão renda formada por um único indicador, isto é, o valor do rendimento
nominal mediano mensal das pessoas com rendimento responsáveis pelos Domicílios
Particulares Permanentes (DPP)28 em Reais (R$). As sub-dimensões podem ser
caracterizadas ainda, por indicadores de natureza composta, ou seja, constituídos por
mais de um indicador, como por exemplo, a dimensão social que foi constituída pelas
sub-dimensões classificadas como educação, segurança, saúde e lazer composta por
seis indicadores, sendo três indicadores referentes a educação, um indicador referente
a segurança, um indicador referente a saúde e um indicador referente a lazer.
28
Segundo o IBGE o conceito de domicílio particular permanente se caracteriza como moradia de uma ou mais
pessoas onde o relacionamento entre os seus ocupantes é ditado por laços de parentesco, de dependência
doméstica ou por normas de convivência, e que foi construído para servir exclusivamente de habitação.
57
A dimensão ambiental, assim como a social, foi constituída a partir da sub-dimensão
classificada como saneamento, a qual se estabelece com base em um “indicador
composto”, obtido a partir de outros quatro indicadores descritos na Tabela 7.
*Esta pesquisa considerou como domicílio particular permanente com rede de esgoto (DPPe) os
conectados a rede de esgoto, uma vez que a fossa séptica não depende diretamente da ação do
poder público.
**Esta pesquisa considerou como domicílio particular permanente com abastecimento de água (DPPa)
os conectados a rede geral de abastecimento, não sendo considerados os domicílios abastecidos por
poço uma vez que este equipamento não depende diretamente da ação do poder público.
***Esta pesquisa considerou como domicílio particular permanente servido por coleta de lixo (DPPcl)
apenas os domicílios servidos por coleta de lixo, neste caso não foram considerados os outros
destinos dados ao lixo, uma vez que este serviço não depende diretamente da ação do poder público.
****Esta pesquisa considerou como domicílio particular com banheiro (DPPcl) apenas os domicílios
que possuem banheiro.
Fonte: Elaborada pela autora (2009)
58
A Tabela 9 relaciona os indicadores delimitados nesta sessão de acordo com
a sua classificação secundária (sub-dimensão) e respectivamente a sua classificação
primária (dimensão) de acordo com sua fonte, periodicidade, atualização dos dados
e ao ano de defasagem. No que se refere ao ano base adotado, para esta pesquisa
foi considerado o ano de 2009, pelo fato de ser o último ano em que se tem dados
referentes a unidade espacial adotada, o bairro.
Defasa-
Classificação Classificação Periodi- Última
Índices Fonte gem
primária secundária cidade atualiz.
/indicador
AE/IBGE/
Educação SEDUC/ Censo 2009 0
Social PMB
AE/IBGE/
Segurança Censo 2006 3
PMB
AE/IBGE/
Saúde SESPA/ Censo 2006 3
PMB
AE/IBGE
Lazer Censo 2006 3
SEMMA
59
espacial adotada. A tabela com os indicadores relacionados acima, por bairro, foi
inserida no Apêndice A.
Outro indicador adotado para a construção do iCV foi o número total da população.
A tabela com os indicadores relacionados acima, por bairro, foi inserida no Apêndice A.
Esta sessão descreve a construção dos índices que foram tomados para
análise da interdependência entre as variáveis adotadas nesta pesquisa. Foram
construídos a partir da adaptação de algumas metodologias utilizadas em outras
pesquisas, que trataram a temática em questão, a saber: (i)
29
Segundo Massena (1986), crime violento é definido como aquele que envolve uma violência
predatória, e que se realiza através de um contato direto entre o criminoso e a vitima.
30
O método Genebrino ou Distancial é um método que mensura, basicamente, os resultados do grau
de satisfação das necessidades materiais e culturais da população. Foi usado pela primeira vez
em 1966, pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da ONU e posteriormente incorporado pelo
Instituto Econômico e Social (IGS) da Polônia. No Brasil, o primeiro trabalho a usar o método foi
intitulado “A medição do nível de satisfação das necessidades materiais e culturais da população em
Curitiba”, elaborado pelo IPPUC em conjunto com o IPARDES em 1984 (WIENS, 1997, p. 85).
60
leitura equivocada dos números, evitando assim distorções que comprometessem os
resultados desta pesquisa.
Para a avaliação dos dados foram estabelecidos limiares que variam em uma
escala com dois extremos, o limiar máximo, considerado como ótimo e o limiar mínimo
considerado como péssimo (Ilustração 13).
61
A primeira etapa desta metodologia consta da transformação do valor empírico
em porcentagem, onde pode-se obter uma variação que vai de 0% a 100% através da
aplicação da fórmula de construção de índices parciais (Fórmula 2).
No caso de existir mais de um indicador por dimensão, como acontece por exemplo
na dimensão social desta pesquisa, deve-se adotar o indicador grupal, que representa
os indicadores parciais compondo o que chamamos de índice grupal (Ilustração 14).
Para o cálculo do índice grupal deve ser adotada a média aritmética simples
dos índices parciais que compõem o grupo, através da Fórmula 3.
62
O último passo resulta na formulação do índice sintético, que é construído a
partir de vários índices grupais, resultando assim no iIEU (Ilustração 15).
63
Tabela 10: Classificação dos índices grupais
0% a 24,99% Ruim
51,51
(unidade) 5,55 0 (unid) 5,65 (unid) 10,97
(unid)
26,99
5,55 110,97
(unidade) 0 (unid) 0 (unid) 0
(unid)
18,47 72,98
(unidade) 5,55 0 (unid) 25,31
(unid) (unid)
24,59
R$ R$ R$
2,22
64
1/3 do total, e as dimensões constituídas a partir de mais de um indicador, como por
exemplo a dimensão ambiental que é construída por quatro indicadores, terá o seu 1/3
dividido igualmente pelos quatro indicadores.
65
A metodologia que aplica a taxa bayesiana procura corrigir as taxas usuais
(taxas brutas) transformando-as no que denomina de “taxa de risco” que permite
trabalhar com pequenas populações sem que haja uma variabilidade grande que
possa comprometer a análise dos dados obtidos.
Após encontrar o iCV, através da fórmula especificada na Figura 19, foram obtidas
as taxas brutas por bairro que posteriormente foram submetidas à análise bayesiana.
Para a aplicação desta análise as taxas foram submetidas ao software TerraView 3.1.1,
a escolha desta ferramenta deu-se por dois motivos, a saber: (i) por ter uma plataforma
agradável e de fácil manipulação, mantendo a segurança dos dados obtidos e (ii) por ter
sido utilizado para a construção dos mapas temáticos, detalhados na sessão a seguir.
A análise foi realizada tomando como base os dados elencados nas sessões
anteriores deste capítulo, a partir dos índices construídos – iIEU e iCV – referenciados
a unidade espacial adotada, transformando esta leitura em polígonos que delimitaram
as áreas referentes a cada bairro.
Após a construção dos índices que foram tomados como parâmetro desta
pesquisa, foi construído um banco de dados, através da tabulação dos dados com
o auxilio do software Excel 2007, para posteriormente serem convertidos no formato
“mdb” através do software Access 2007, uma vez que a plataforma do software utilizado
para construção dos mapas temáticos (TerraView 3.1.1) só realiza a leitura do banco de
dados em formatos específicos como por exemplo o formato adotado “mdb”.
O arquivo digital com a base cartográfica foi tratado através do software AutoCad
2008. Nesta etapa as áreas referentes a delimitação do município por bairros foram
redesenhadas e transformadas em polígonos fechados. De posse da base cartográfica
digitalizada foi possível transportar as informações geográficas à plataforma do
software TerraView 3.1.1, possibilitando a integração dessas com o banco de dados
que caracteriza a concretização do sistema de informações geográficas para que as
análises espaciais sejam efetivadas.
66
Após todos os tratamentos preliminares dos dados, tanto do que trata a base
cartográfica quanto as informações estatísticas, passou-se ao software Terraview, que
permitiu a construção dos mapas temáticos que embasaram a análise do fenômeno
da violência urbana em consequência do próprio espaço urbano construído. A análise
foi realizada tomando como base o bairro com suas características específicas, as
quais foram determinadas em função dos índices em estudo de cada um dos bairros.
67
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A análise da dimensão social trata seis índices parciais, sendo três voltados a
sub-dimensão educação, um voltado a segurança, um voltado a saúde e por fim um
voltado ao lazer.
Ao tratar os dados que integram a sub-dimensão saúde, mais uma vez esta
pesquisa procurou mensurar qual seria o grau de acessibilidade da sociedade aos
equipamentos de saúde, neste caso o parâmetro adotado para quantificar tais
equipamentos disponíveis a sociedade foi a tabulação apenas dos equipamentos
públicos, mais uma vez, assim como na educação e segurança, procurou-se computar
apenas o que reflete a presença do Estado institucionalizada.
68
estes espaços laborem a interação da própria sociedade, transformando estes espaços
públicos e dando a eles características implícitas de quem os usufrui.
O iIEU se constitui em um índice que permite três níveis de análise , a saber: (i)
o parcial, (ii) o grupal e (iii) por fim o sintético. Através da análise espacial, realizada
com o auxilio da ferramenta computacional Terra View 3.1.1, foi possível compreender
69
cada bairro presente ao universo desta pesquisa a partir do nível sintético e ainda
observando a inter-relação dos vários aspectos que compõem este índice.
A análise do iIEU foi similar a análise dos índices grupais descritos no capítulo
anterior, onde o índice foi dividido em quatro faixas, a saber:
Por sua vez, o iIEU dos bairros revelou que apenas um bairro encontra-se
na situação ótima, dois encontram-se na situação ruim, oito na situação bom e
vinte e três na situação razoável. O resultado inicial desta análise evidencia que o
município de Belém apresenta grandes desigualdades intraurbanas, uma vez que
67,65% dos bairros que compõem este estudo encontram-se inseridos na faixa
regular, apresentando grandes contrastes em relação aos 32,35% dos bairros
distribuídos nas demais faixas.
31
Nesta pesquisa o universo de estudo limita-se a cinco distritos administrativos, a saber: (i) DABEN,
(ii) DABEL, (iii) DAGUA, (iv) DAENT e (v) DASAC. Os cinco distritos que compõem a pesquisa
compreendem 34 bairros em estudo.
70
Ruim (0% a 24,99%) 2 Bairros
71
4.1.1 Análise comparativa do iIEU correlacionando as suas dimensões.
72
Ruim (0% a 24,99%) 2 Bairros
73
Ruim (0% a 24,99%) 6 Bairros
74
Ruim (0% a 24,99%) 6 Bairros
75
184 áreas de lazer, este número pode ser melhor percebido quando falamos em área
per capita, onde a Campina atinge o melhor número 27,28m²/hab., ficando com o
segundo melhor indicador o bairro da Cidade Velha com 7,09 m²/hab.
Este resultado implicou em dois índices parciais, a saber: (i) iSSD e (ii) iSE3,
os quais despontam em relação ao contexto do município, apresentando a melhor
situação encontrada o que remete ao limiar de 100%, entretanto ao buscar a
interpretação destes dados fez-se necessário a análise de cada um dos fatores
que envolvem os números.
O segundo indicador que levou o bairro de Val de Cães a figurar como único
bairro dentro do limiar bom é o iSE3, (Mapa 5), muito embora a este resultado também
cabe uma análise, uma vez que ele está inserido no melhor resultado encontrado,
atingindo 100%, o que o leva ao limiar ótimo. Mais uma vez foi necessário observar
este resultado com o objetivo de interpretar os números, que neste caso, assim
como o indicador de segurança, está correlacionado diretamente com o número
da população em idade escolar, Val de Cães possui um dos menores indicadores
com 1.359hab. em idade escolar, perdendo apenas para o bairro Universitário com
939hab. em idade escolar.
76
Ruim (0% a 24,99%) 6 Bairros
77
O índice social grupal foi constituído por 6 (seis) índices parciais, dentre os
quais, como dito anteriormente, o bairro de Val de Cães alcançou a melhor situação
encontrada (iSSD e iSE3), entretanto os outros 4 (quatro) índices parciais não apresentaram
resultados equilibrados, como por exemplo o iSE1, iSE2 que figuraram na faixa ótima de
análise em contraponto com iSSEG que apresentou a pior situação encontrada assim
como o iSLZ que também se encontrou na pior faixa de análise com índice 7,29%.
O bairro de São Clemente, possui uma condição extrema, uma vez que se encontra
na pior situação onde, em 5 (cinco) dos 6 (seis) índices parciais que compõem o índice
social grupal a saber: (i) iSE2, (ii) iSE3, (iii) isSEG, (iv) iSSD e (v) iSLZ (Mapas 4 e 5), o bairro figurou
na faixa ruim, e no que trata o iSE1, onde figurou na faixa ótima, ainda assim representa o
menor índice encontrado. A condição encontrada no bairro de São Clemente, onde o índice
social grupal atingiu 14,87%, se mostra como sendo o outro ponto da balança quando o
defrontamos com o bairro da Campina que atingiu no índice social grupal 77,88%.
O segundo pior índice social grupal foi o do bairro Universitário que atingiu o
percentual de 17,37%. O bairro apresentou em todos os índices parciais que compõem
o índice social grupal, resultados que figuraram na faixa ruim, com exceção do iSE1,
que apesar de estar presente na faixa de análise ótima, ainda assim reflete uma das
piores situações encontradas com 90,07% (Mapas 4 e 5).
78
público de ensino, equipamento de saúde e segurança, e ainda não há a presença
de áreas de lazer (Mapas 4 e 5).
O bairro do Barreiro se incluiu na pior faixa de análise do índice social grupal uma vez
que ao analisarmos os índices parciais como iSEG, iSSD e iSLZ, ele figura como a pior situação
encontrada neste estudo, ficando ainda o iSE2, iSE3, na faixa ruim de análise com 23,83% e
12,33% respectivamente, e assim como nas análises anteriores o iSE1, apareceu mais uma
vez como exceção nesta análise atingindo o percentual de 91,13% (Mapas 4 e 5).
O iSSD com 9,45% também encontrou-se na pior faixa de análise, o que nos levou a
perceber que mesmo que haja a presença de equipamentos de saúde, ainda assim não
contempla a população do bairro uma vez que a relação entre o número de equipamento
de saúde e a população representa 6,89 equipamentos de saúde para cada 100.000hab.
O bairro da Terra Firme foi inserido na faixa de análise ruim no que trata o
índice social grupal, com 24,75%. O iSSEG, foi o pior índice parcial do bairro por não
apresentar nenhum equipamento de segurança, entretanto outros índices parciais
figuraram na pior faixa de análise como o iSSD com 4,34%, que equivale a presença
de 3,17 equipamentos de saúde para cada 100.000hab. O iSLZ por sua vez, colaborou
79
sobremaneira com o resultado do índice social grupal, uma vez que apresentou um
dos piores índices parciais encontrados com 0,14% que refletiu em 0,04m²/hab.
O iSE2 é igual a 42,55%, o que representou 140,32 analfabetos para cada 1.000
alfabetizados, esta dado colaborou muito com o resultado do índice social grupal, uma
vez que encontrou-se na faixa de análise regular. E por fim a análise referente ao iSE1
é igual a 96,43%, sendo o único índice parcial a figurar na faixa de análise ótima.
O estudo do índice social grupal apontou grande parte dos bairros, 26 (vinte e
seis) dos 34 (trinta e quatro) que formam o universo desta pesquisa, encontraram-se
na faixa de análise regular, demonstrando que de fato são responsáveis pelo resultado
do índice social grupal, que figura nesta mesma faixa. Foi possível perceber que os
índices parciais destes 26 (vinte e seis) bairros encontraram uma linha de equilíbrio
dentro da faixa regular, sem que houvesse grandes distorções que elevem ou reduzam
os resultados, de forma a manter-se sempre na faixa regular.
80
A análise do iSE2 buscou mensurar a relação entre o número de analfabetos para
cada alfabetizado, considerando nesta relação a população total do bairro, onde a pior
situação encontrada foi no bairro de São Clemente, havendo para cada 1.000 alfabetizados
244, 25 analfabetos, o que o insere na faixa de análise do índice parcial na categoria ruim.
A análise das áreas de lazer foi realizada como ponto integrante da discussão, no
momento em que recai sobre o acesso do indivíduo ao lazer e a cultura, desta forma ao
analisarmos os resultados obtidos, é perceptível a existência de grandes distorções (Mapa 4).
A diferença presente entre a melhor situação e a segunda melhor, mostra claramente esta
distorção, onde o bairro da Campina possui 27,28m² de área de lazer para cada habitante
seguido pelo bairro da Cidade Velha com 7,09m² de área de lazer para cada habitante.
81
Ruim (0% a 24,99%) 0 Bairro
82
O município é detentor de 677.225m² voltados ao lazer e cultura, entretanto apenas os
bairros de Campina e Cidade Velha somam 232.818 m², ou seja, 34,38% destas áreas
estão localizadas em dois bairros cuja soma da população residente representa 1,68% do
total residente no município. Para enfatizar esta análise é importante relatar que 8 (oito) dos
34 (trinta e quatro) bairros que compõem este estudo encontram-se desprovidos de áreas
destinadas ao lazer e a cultura, o que representa 12,91% da população.
A análise da dimensão ambiental foi baseada, assim como a social, nas suas
subdimensões e, configurou um panorama com menor desigualdade intraurbana,
figurando na faixa de análise ótima, isso se traduziu no momento em que 61,77%
dos bairros figuraram nesta mesma faixa de análise, 32,35% dos bairros figuraram na
faixa de análise bom, estando sempre muito próximo do limiar ótimo e apenas 5,88%
dos bairros foram detectados na faixa regular (Mapa 6).
No que trata o iAS2 temos 76,47% dos bairros em estudo figurando na faixa ótima
de análise, e apenas dois bairros se apresentaram dentro da faixa de análise ruim,
destoando completamente dos demais, Águas Lindas e São Clemente com 0,74% e
18,01% respectivamente.
O iAS3 assim como o iAS4 100% dos bairros em estudo figuraram na faixa ótima
de análise, o que levou o índice ambiental grupal a obter um resultado ótimo. Apesar
83
Ruim (0% a 24,99%) 0 Bairro
84
de alguns resultados demonstrarem quedas na análise desta dimensão, e de serem
estes resultados preocupantes, ainda assim a análise ambiental grupal refletiu uma
menor desigualdade intraurbana.
Outro ponto em destaque nesta análise foi visualizado entre os bairros que
figuraram na faixa de análise ruim, onde 84% destes bairros não ultrapassaram a faixa
de 10% no que tange o índice parcial de renda, o que enfatizou a análise, uma vez que
foram detectados resultados como os dos bairros de São Clemente e Universitário
com 0% e 1,30% respectivamente. Em contraponto encontramos os bairros de Nazaré
com 100% e os bairros do Reduto e Batista Campos com 78%.
85
Ruim (0% a 24,99%) 25 Bairros
86
Ruim (0% a 24,99%) 25 Bairros
87
A análise dos índices social e ambiental grupal, frente ao índice econômico
grupal nos permitiu a interpretação de alguns resultados observando a relação
existente entre as dimensões que estruturaram este estudo.
O iCV foi constituído com base em 4 (quatro) eventos específicos que envolvem
o contato direto entre o agressor e a vítima, a saber: (i) homicídio, (ii) tentativa de
homicídio, (iii) estupro e (iv) latrocínio. A soma desses crimes foi dividida pela população
residente no bairro e relativizada para cada 10.000hab.
A faixa de análise adotada neste índice foi construída com base na distribuição
dos resultados pelo conceito de “passos iguais”, onde o intervalo dos valores existentes
88
Faixa 1 14 Bairros
Faixa 2 16 Bairros
Faixa 3 2 Bairros
Faixa 4 2 Bairros
Mapa 10: Índice de criminalidade violenta
Fonte: Elaborado pela autora (2009)
89
foi dividido em quatro intervalos de tamanhos iguais, associando cada intervalo a uma
faixa de análise de acordo com a Tabela 12.
VARIAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
90
Benguí dentre os quatro eventos de criminalidade violenta o homicídio aparece como
indicador principal, sendo o bairro com maior número de ocorrência em todo município,
com 33 homicídios registrados no ano de 2005, de acordo com a Polícia Civil, que
disponibilizou os seus dados através do AE do município, ficando atrás apenas do
bairro do Guamá que registrou neste mesmo período 38 homicídios (Mapa 11).
91
Faixa 1 14 Bairros
Faixa 2 16 Bairros
Faixa 3 2 Bairros
Faixa 4 2 Bairros
92
4.3 ANÁLISE DA RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE O iIEU E O iCV.
Esta análise foi realizada tomando como parâmetro os índices adotados nesta
pesquisa, o iIEU e o iCV, tal metodologia foi adotada em níveis de análise diferenciados,
sempre partindo do critério específico e alcançando o critério generalista, qual seja
ele, buscou-se pela análise que respondesse unidade espacial adotada. No que trata
o iIEU, as etapas analíticas averiguaram os índices parciais, passando aos índices
grupais e chegando ao índice sintético, sempre cruzando as informações pertinentes a
esta análise. No tratamento do iCV o parâmetro de análise se repete, sempre partindo
do bairro levando a uma confrontação do índice e também dos indicadores específicos
que o compõem.
A partir da análise dos índices realizada nas sessões anteriores, esta pesquisa
cruzou os resultados com o objetivo de buscar a relação existente ou não entre a
infraestrutura presente em um centro urbano e a criminalidade violenta. Objetivando
a viabilidade desta análise optou-se pelo critério de inclusão que apontasse os
bairros que figuraram na melhor faixa de análise do iIEU e os bairros que figuraram
na faixa onde o iCV é mais alto, o que resultou em dois bairros com melhor índice
de infraestrutura e equipamentos urbanos e dois bairros com os maiores índices de
criminalidade violenta, de acordo com o Mapa 12.
Como melhor situação encontrada, no que trata a análise do iIEU, este estudo
apontou o bairro de Nazaré com o melhor índice de infraestrutura e equipamentos
urbanos, sendo ainda o único dos 34 (trinta e quatro) bairros a figurar na faixa de
análise ótima, com 77,45%. Ao realizar a análise do iCV do bairro de Nazaré foi
constatado um dos menores índices encontrados, com apenas 3,43 ocorrências para
cada 10.000 hab., de acordo com a análise bayesiana considerada nesta pesquisa.
Como pior situação encontrada no que trata a análise do iCV, este estudo
apontou o bairro do Benguí, onde após a submissão dos valores brutos a análise
bayesiana, o índice alcançou o patamar de 16,24 ocorrências para cada 10.000 hab.
Agregando a este resultado a análise do iIEU no bairro do Benguí figurou abaixo da
média do município com o índice de 36,37%.
Com base nos resultados relacionados acima, foi possível traçar um fio condutor
entre os conceitos que embasaram este estudo, uma vez que a relação entre os índices
de criminalidade violenta e infraestrutura e equipamentos urbanos se mostraram
coerentes através dos resultados obtidos nesta pesquisa. Fatores relacionados a
localização geográfica, ao acesso a cultura, educação e lazer, a segurança e saúde
pública, mostram-se fortemente entrelaçadas ao fenômeno da violência urbana.
93
Bairro iIEU Bairro iCV – Bayes
94
O bairro da Campina se apresentou nesta pesquisa com características que, em
uma análise inicial, rebate e rejeita a relação entre os índices de criminalidade violenta
e infraestrutura e equipamentos urbanos, uma vez que foi apontado como o segundo
melhor iIEU (73,36%) e também com o segundo maior iCV (14.73 ocorrências para
cada 10.000hab.).
95
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
96
equipamentos públicos, como creches e praças, e até processos jurídicos que deram
a posse definitiva dos imóveis ocupados. Tais ações podem ser traduzidas na redução
de 84% da taxa de homicídio em dez anos de programa, que alerta ainda sobre a
importância da presença institucional como delegacias de família, unidades de
mediação pacífica de conflito e defensoria pública.
Observou-se ainda neste estudo que os bairros que estão localizados dentro
da primeira légua patrimonial encontram-se dentro das duas melhores faixas do iCV.
É válido ressaltar que dos 16 bairros que compõem a área de expansão do município,
25% apresentam inconsistência de dados no que trata o índice em tela, uma vez que
em 4 (quatro) dos 16 bairros não há registro de nenhum dos eventos considerados
nesta pesquisa como crimes violentos.
Neste estudo o bairro de Nazaré, além de ter obtido o maior iIEU e figurar na
melhor faixa de análise, ainda apresenta os melhores índices no que trata a taxa
de alfabetização da população com 15 anos ou mais e ainda no que se refere ao
97
número de analfabetos para cada 1.000 alfabetizados, em contraponto a estes índices
a pesquisa revelou que o número de equipamentos de educação é de 17,39 para
cada 10.000hab. em idade escolar, o que o levou a figurar como o sétimo melhor
índice. Diante dos dados acolhidos neste estudo, há inicialmente uma incoerência
dos resultados, entretanto ao agregar a esta análise o índice econômico de renda do
bairro em questão, a incoerência inicial toma outra forma, uma vez que se mostrou ser
o bairro com maior renda mediana mensal, esta população não acessa a educação
pública, fazendo em sua grande maioria a opção pelo ensino privado.
No que trata a dimensão ambiental grupal, apenas o iSA2 que buscou mensurar
a taxa de domicílio abastecido por água na rede geral, obteve um resultado dentro da
faixa de análise bom, entretanto este fato não compromete a análise do índice grupal,
uma vez que a população residente no bairro de Nazaré possui a melhor condição
de renda mediana mensal, de acordo com os critérios adotados nesta pesquisa,
direcionando a demanda voltada a este serviço básico, assim como nos serviços
voltados a educação e saúde, aos meios de acesso onde não há interferência direta
do Estado, ou seja, parte da população que não acessa o serviço de abastecimento
de água geral, o faz por opção, uma vez que utiliza outros meios.
98
A dimensão ambiental, assim como nos demais bairros que fazem parte deste
estudo, não apresentou uma situação crítica, mas ao analisar as sub-dimensões que a
compõem foi perceptível a fragilidade do iSA1, que buscou mensurar a taxa de domicílio
servida por esgoto, uma vez que figurou como o décimo pior índice, dimensionando a
ausência do saneamento básico em um item que reproduz além do retrato de qualidade
de vida ambiental, mas também significa a formação de uma sociedade coesa inserida
na cidade e não pertencente a uma periferia alienada e ignorada pelo Estado.
O bairro da Campina foi inserido neste contexto com uma leitura pertinente que
pode levar a hipótese adotada nesta pesquisa a xeque, uma vez que apresenta ao
mesmo tempo o segundo melhor índice de infraestrutura e equipamentos urbanos e
ainda o segundo maior índice de criminalidade violenta.
Entretanto tal fato contribui e valida a hipótese adotada neste estudo, uma vez
que se faz uma análise sócio-espacial do bairro. Ao olhar a questão físico-territorial
constatou-se que o bairro faz parte da primeira légua patrimonial da cidade, e ainda foi
99
um dos primeiros bairros urbanizados do município, fatos que o leva a ter um alto grau
de infraestrutura urbana.
100
REFERÊNCIAS
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SOARES, Luiz Eduardo; BIL, MV; ATHAYDE. Cabeça de Porco. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005.
103
APÊNDICE
APÊNDICE A
ÁGUAS LINDAS 10829 2720 6317 6760 1321 7980 3539 2 20 2493 47 2288 0 2 0 251,00
BARREIRO 24446 5085 14679 16107 3381 18172 7875 5 4777 4596 420 4559 0 0 0 239,00
BATISTA
19412 5138 15503 15723 527 17844 4066 6 4406 5102 3189 5134 2 0 43212,85 2000,00
CAMPOS
BENGUÍ 28120 6173 18076 19402 2939 22123 8367 25 4063 5911 934 5994 1 4 28004,06 280,00
CABANAGEM 29013 6579 16977 18496 3777 21932 10204 2 5109 5928 1178 6030 0 2 0 250,00
CAMPINA 5407 1610 4459 4522 138 5008 971 4 1442 1607 1552 1609 6 0 147510,13 1252,50
CANUDOS 14612 3347 10906 11270 836 12751 3464 9 3133 3291 1090 3343 0 0 1918,25 400,00
CASTANHEIRA 24667 5865 17618 18377 1770 20793 6140 9 4705 5773 1456 5774 0 0 0 408,00
CIDADE VELHA 12025 2601 9282 9503 478 10778 2671 5 2525 2581 1795 2569 6 1 85307,97 800,00
CONDOR 42038 8753 28400 30185 3989 34085 11582 4 8640 8551 1888 8684 0 2 5092,64 300,00
CREMAÇÃO 30480 6998 22525 23327 1661 26505 7189 8 6441 6942 2622 6983 1 3 11281,2 500,00
CURIÓ UTINGA 18892 4312 13345 13925 1346 15959 4981 3 3664 4048 1165 4036 0 2 4255,59 320,00
FÁTIMA 13206 2882 9451 9818 834 11330 3349 3 2785 2841 983 2844 0 2 10020,78 350,00
GUAMÁ 102124 22138 67149 71816 10322 81674 29189 14 21192 21415 2378 21588 2 5 3107,72 300,00
JURUNAS 62740 13320 42747 45665 5896 51177 16892 19 12883 13024 3867 13257 2 2 13244,31 300,00
MANGUEIRÃO 32699 8242 21302 22199 2724 26568 10001 4 4273 7730 1759 7499 0 0 6897,32 400,00
MARACANGALHA 27767 5974 18172 19178 2703 22256 8339 1 5337 5877 850 5795 1 0 29508 300,00
MARAMBAIA 62370 14333 47111 51332 3780 53559 11078 13 12387 14120 5757 14166 3 4 84114,35 500,00
MARCO 64016 15528 48699 49867 2754 56973 14896 7 13683 15378 8131 15501 5 2 152498,16 700,00
NAZARÉ 18706 5256 15764 15870 257 17758 3451 6 3395 5252 4270 5255 6 1 61511,43 2500,00
i) Tabela de Valores Empíricos por Bairro Conclusão
Rendimento Nominal
Mediano Mensal
Domicílios Domicílios
População Total de Domicílios das Pessoas
Domicílios População População População com Domicílios com Ligação Total de Total de Área
de 15 anos População Estabeleci- com com Rendimento
BAIRRO População Particulares de 15 anos Alfabeti- em Idade Ligação de com de Esgoto Equipamentos Equipamentos Verde
ou mais Analfabeta mentos Coleta de Responsáveis por
Permanentes ou mais zada Escolar Água na Banheiro na Rede de Segurança de Saúde Total (m²)
Alfabetizada de Ensino Lixo Domicílios
Rede Geral Geral
Particulares
Permanentes (R$)
PARQUE VERDE 31488 7773 20322 21243 2621 25350 9505 5 3163 7142 2142 7515 0 0 0 350,00
PEDREIRA 69067 16339 50408 51975 3742 59900 17075 16 14103 16104 6485 16175 2 0 3082,5 480,00
REDUTO 6998 1863 5680 5729 122 6544 1483 2 1630 1862 1779 1862 0 0 12816,6 2000,00
SACRAMENTA 44407 9928 30254 31925 3830 36528 12255 7 9203 9719 2178 9517 1 2 7136 300,00
SÃO BRÁS 19881 5040 16048 16243 483 18353 3980 16 4390 5031 3214 5037 1 2 17454,9 1200,00
SÃO CLEMENTE 5833 1455 3110 3488 966 3955 1978 0 262 1016 4 1148 0 0 0 200,00
SOUZA 12856 3292 9525 9707 447 11430 3149 9 2482 3279 1059 3289 1 0 16128,25 1000,00
TAPANÃ 51916 12510 32038 34003 5595 39984 16344 17 4003 10964 805 11562 1 2 33904,84 300,00
TELÉGRAFO 42785 9135 29791 31477 3594 35540 11165 17 8839 8774 2184 9021 1 4 2329,4 305,50
TERRA FIRME 63191 13735 39880 42986 7181 49391 19794 11 13044 13192 897 13314 0 2 2346,09 270,00
UMARIZAL 30064 7501 23855 24198 848 27536 6264 7 6729 7478 4592 7495 0 2 10965 1100,00
UMA 4724 1144 3103 3218 514 3663 1369 0 501 986 12 1090 0 0 0 280,00
UNIVERSITÁRIO 2629 560 1478 1641 396 1888 939 0 552 546 1 560 0 0 0 230,00
VAL DE CÃES 5481 1301 3991 4054 221 4769 1359 7 1009 1284 591 1299 0 4 10904,25 1280,00
TOTAL BELÉM 1034925 238439 717993 755258 81994 860089 280868 265 194775 229846 71276 231801 42 50 804552,59 360
ÁGUAS LINDAS 93,45 16,55 5,65 0,00 18,47 0,00 1,73 0,74 84,12 91,65 251,00
BARREIRO 91,13 18,61 6,35 0,00 0,00 0,00 8,26 93,94 89,66 90,38 239,00
BATISTA CAMPOS 98,60 2,95 14,76 10,30 0,00 2,23 62,07 85,75 99,92 99,30 2000,00
BENGUÍ 93,17 13,28 29,88 3,56 14,22 1,00 15,13 65,82 97,10 95,76 280,00
CABANAGEM 91,79 17,22 1,96 0,00 6,89 0,00 17,91 77,66 91,66 90,10 250,00
CAMPINA 98,61 2,76 41,19 110,97 0,00 27,28 96,40 89,57 99,94 99,81 1252,50
CANUDOS 96,77 6,56 25,98 0,00 0,00 0,13 32,57 93,61 99,88 98,33 400,00
CASTANHEIRA 95,87 8,51 14,66 0,00 0,00 0,00 24,83 80,22 98,45 98,43 408,00
CIDADE VELHA 97,67 4,43 18,72 49,90 8,32 7,09 69,01 97,08 98,77 99,23 800,00
CONDOR 94,09 11,70 3,45 0,00 4,76 0,12 21,57 98,71 99,21 97,69 300,00
CREMAÇÃO 96,56 6,27 11,13 3,28 9,84 0,37 37,47 92,04 99,79 99,20 500,00
CURIÓ UTINGA 95,83 8,43 6,02 0,00 10,59 0,23 27,02 84,97 93,60 93,88 320,00
FÁTIMA 96,26 7,36 8,96 0,00 15,14 0,76 34,11 96,63 98,68 98,58 350,00
GUAMÁ 93,50 12,64 4,80 1,96 4,90 0,03 10,74 95,73 97,52 96,73 300,00
JURUNAS 93,61 11,52 11,25 3,19 3,19 0,21 29,03 96,72 99,53 97,78 300,00
MANGUEIRÃO 95,96 10,25 4,00 0,00 0,00 0,21 21,34 51,84 90,99 93,79 400,00
MARACANGALHA 94,75 12,15 1,20 3,60 0,00 1,06 14,23 89,34 97,00 98,38 300,00
MARAMBAIA 91,78 7,06 11,73 4,81 6,41 1,35 40,17 86,42 98,83 98,51 500,00
MARCO 97,66 4,83 4,70 7,81 3,12 2,38 52,36 88,12 99,83 99,03 700,00
NAZARÉ 99,33 1,45 17,39 32,08 5,35 3,29 81,24 64,59 99,98 99,92 2500,00
ii) Tabela de Indicadores por Bairro Conclusão
Coeficiente de Rendimento Nominal
Coeficiente de Coeficiente de
Equipamentos de Taxa de Domicílio Taxa de Domicílio Taxa de Mediano Mensal
Equipamentos de Equipamentos Coeficiente de Taxa de Domicílio
Educação pela Particular Particular Domicílio das Pessoas
Taxa de Coeficiente Segurança pela de Saúde pela Áreas Verdes Particular
BAIRRO População em Permanente Permanente Particular com Rendimento
Alfabetização de Analfabetos População por População por (m²) Permanente com
Idade Escolar com Água da Rede com Coleta Permanente com Responsáveis por
100.000 100.000 por População Rede de Esgoto
Por 10.000 Geral de Lixo Banheiro Domicílios Particulares
Habitantes Habitantes
Habitantes Permanentes (R$)
PARQUE VERDE 95,66 10,34 5,26 0,00 0,00 0,00 27,56 40,69 96,68 91,88 350,00
PEDREIRA 96,99 6,25 9,37 2,90 0,00 0,04 39,69 86,31 99,00 98,56 480,00
REDUTO 99,14 1,86 13,49 0,00 0,00 1,83 95,49 87,49 99,95 99,95 2000,00
SACRAMENTA 94,77 10,49 5,71 2,25 4,50 0,16 21,94 92,70 95,86 97,89 300,00
SÃO BRÁS 98,80 2,63 40,20 5,03 10,06 0,88 63,77 87,10 99,94 99,82 1200,00
SÃO CLEMENTE 89,16 24,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,27 18,01 78,90 69,83 200,00
SOUZA 98,13 3,91 28,58 7,78 0,00 1,25 32,17 75,39 99,91 99,61 1000,00
TAPANÃ 94,22 13,99 10,40 1,93 3,85 0,65 6,43 32,00 92,42 87,64 300,00
TELÉGRAFO 94,64 10,11 15,23 2,34 9,35 0,05 23,91 96,76 98,75 96,05 305,50
TERRA FIRME 92,77 14,54 5,56 0,00 3,17 0,04 6,53 94,97 96,93 96,05 270,00
UMARIZAL 98,58 3,08 11,17 0,00 6,65 0,36 61,22 89,71 99,92 99,69 1100,00
UNA 96,43 14,03 0,00 0,00 0,00 0,00 1,05 43,79 95,28 86,19 280,00
UNIVERSITÁRIO 90,07 20,97 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 98,57 100,00 97,50 230,00
VAL DE CÃES 98,45 4,63 51,51 0,00 72,98 1,99 45,43 77,56 99,85 98,69 1280,00
TOTAL BELÉM 95,07 9,53 9,44 4,06 4,83 0,78 29,89 81,69 97,22 96,40 360,00
Índice
BAIRRO ISE1 ISE2 ISE3 ISSG ISSD ISLZ Grupal Social
Tentativa de
BAIRRO População Latrocínio Homicídio Estupro ICV
Homicídio