Clifford Geertz
I.
Geertz aponta que em face desta posição sobre o conceito de cultura, em que pesem as
circunstâncias em que o homem esteja envolvido, sua localização, sua crença, iram fatalmente
modificar seus aspectos culturais em virtude dos não-culturais. Torna-se, assim, mais
complexo delimitar o que é comum e natural na espécie humana e o que se modifica com os
fatores espaço-tempo.
II.
Sob essa linha de pensamento, a qual Geertz conceitua para além discordar, o homem seria
um depósito de aspectos/fatores, dissociáveis e que, respectivamente, seriam abordados pelas
diversas áreas da ciência. A cultura seria um véu último que permitira ao homem apresentar-
se ao mundo tal qual este está nele inserido.
Assume-se aqui o referencial de consensus gentium, dado como noção de coisas que em
relação a todo ser humano teria relação de universalidade nas culturas, na aceitação de
aspectos comuns. Citando exemplos que reforçam este referencial na moderna antropologia,
secundados por Malinowski, estão Murdock e Kluckhohn, todos abordando caracteres
universais do humano.
Desta forma, Geertz começa a abordar de forma pontual a questão dualista que se aprensenta,
trazendo à baila o argumento de que não é possível abandonar em definitivo o argumento da
universalidade criando-se um arquivo de etnologias de diversas culturas, assim como no caso
da cultura Zuñi que “preza o autocontrole” e em face da cultura Kwakiutl que “encoraja o
exibicionismo” (p. 53). O dualismo se apresenta quando se questiona a substancialidade dos
universais em detrimento dos processos particulares abordados anteriormente
(estratigráficos), os quais, colocados como completos e autônomos, não conferem à
experiência humana coesão e unidade.
Sob este ponto de vista, a relação que é, sob esta linha de pensamento, sugerida entre os
universais culturais e a criações institucionais (a exemplo da instituição casamento e a
necessidade de reprodução), em última análise, não significam uma relação maior e
incontestável.
III.
Para acrescentar à teoria da evolução biológica do homem a orientação simbólica como ponto
alto da capacidade cognitiva, Geertz assinala o processo mais complexo, o desenvolvimento
neurológico acentuado do Australoptecíneo para o Homo sapiens (p.60). O específico
neocórtex cerebral teria crescido em função do desenvolvimento cultural acelerado dos
últimos 1000 anos, permitindo associações complexas no sistema de símbolos significantes.
IV.