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SGI

SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA


FIEG - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS
SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL
SESI - SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA

DEPARTAMENTO REGIONAL DE GOIÁS

Pedro Alves de Oliveira (2010 a 2014)


Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás
Presidente do Conselho Regional do SENAI e do SESI de Goiás
Diretor Regional do SESI de Goiás

Paulo Vargas
Diretor Regional do SENAI
Superintendente do SESI

Manoel Pereira da Costa


Diretor de Educação e Tecnologia do SESI e SENAI

Cristiane dos Reis Brandão Neves


Gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI

Ítalo de Lima Machado


Gerente de Educação Profissional do SENAI

Ângela Maria Ferreira Buta


Gerente de Educação Básica do SESI

Para fazer inscrições ou obter informações sobre os cursos a distância


contactar: www.sesigo.org.br e www.senaigo.com.br
SGI
SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA

Ensino Médio Articulado

Luiz Eurípedes Ferreira Rosa

Goiânia/GO
2011
© SESI – Serviço Social da Indústria
© SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Recurso didático elaborado pelo docente Luiz Eurípedes Ferreira Rosa, a ser utilizado na Rede SESI
SENAI de Educação.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Diretor de Educação e Tecnologia Revisão Ortográfca e Normatização


Manoel Pereira da Costa FabriCO

Gerente de Educação Básica Design Educacional, Diagramação, Ilustração,


Ângela Maria Ferreira Buta Projeto Gráfico Editorial
Equipe de Recursos Didáticos do Núcleo de Educação
a Distância- SENAI/SC em Florianópolis
Gerente de Tecnologia e Inovação
Cristiane dos Reis Brandão Neves
Fotografias
Banco de Imagens SENAI/SC
Apoio Técnico http://www.sxc.hu/
Ariana Ramos Massensini http://office.microsoft.com/en-us/images/
  http://www.morguefile.com/

____________________________________________________________ 

S514i
SESI-GO. Filosofia . Goiânia, 2010.
202p. : Il.

1.Educação a distância. 2. Filosofia. 3. Plano de estudo.


2. Metodologia de ensino

I. Autor. II. Título

CDD – 107

__________________________________________________________

SESI SENAI – Departamento Regional de Goiás


Av. Araguaia , nº 1544 – Setor Vila Nova
CEP: 74.610-070 – Goiânia/GO
Fone: (62) 3219-1300
www.sesigo.org.br
www.senaigo.com.br
SUMÁRIO

ÎÎ CARTA AO ALUNO ..................................................................7


ÎÎ APRESENTAÇÃO....................................................................9
ÎÎ PLANO DE ESTUDO..............................................................11
ÎÎ METODOLOGIA DE ESTUDO.................................................13
ÎÎ MÓDULO I – Qualidade..........................................................15
ÎÎ MÓDULO II – Meio Ambiente..................................................53
ÎÎ MÓDULO III – Saúde e Segurança no Trabalho (SST) ..........103
ÎÎ MÓDULO IV – Responsabilidade Social Empresarial............149
ÎÎ PALAVRAS DO AUTOR........................................................177
ÎÎ CONHECENDO O AUTOR....................................................179
ÎÎ GLOSSÁRIO........................................................................181
ÎÎ REFERÊNCIAS....................................................................183
Sistema de Gestão Integrada 7

CARTA DO ALUNO

Prezado aluno,
na perspectiva de que somos convidados a buscar continuamente a aprendi-
zagem e tendo como referência inúmeras pesquisas indicando que pessoas com maior
escolaridade têm diversas oportunidades no mercado de trabalho, o SESI SENAI – De-
partamento Regional de Goiás, atento a essas demandas, desenvolve cursos de aperfei-
çoamento profissional na modalidade Educação a Distância (EaD).
Com isso, objetivamos democratizar o acesso à educação, possibilitando uma
aprendizagem efetiva e autônoma, em que você, aluno, não precise se ausentar do tra-
balho ou de casa para ampliar seus conhecimentos.Vale ressaltar que os cursos de Edu-
cação Continuada na modalidade EaD foram criados tendo em vista as atuais demandas
de qualificação, por isso oferecemos à você cursos de informática básica, geohistória,
novas regras ortográficas, empreendedorismo, educação ambiental e outros.
Dessa forma, este material foi preparado para auxiliá-lo em seus estudos, con-
tribuindo como fonte de pesquisa e consulta, estando disponível nas bibliotecas do SESI
e do SENAI em Goiás.
Desejamos sucesso em sua caminhada e que você continue sendo parceiro na
promoção contínua de uma educação de qualidade.
Sistema de Gestão Integrada 9

APRESENTAÇÃO

Prezado aluno, seja bem- vindo ao curso Sistema de Gestão Integrada, onde
você conhecerá os meios para implantá-lo e as ferramentas que o compõem.
Você já ouviu falar em sistema de gestão?
Toda empresa se organiza por um sistema administrativo que abrange todos
os seus departamentos e atividades. Os modelos convencionais são aplicados reprodu-
zindo os existentes e desenvolvidos ao longo do tempo. A normatização dos sistemas
de gestão é uma prática recente e em crescimento acelerado devido a sua eficácia
comprovada. Para as empresas pouco estruturadas e não muito organizadas, os mode-
los normativos propiciam as correções das rotinas e rumos com visível e mensurável
melhoria de desempenho. Entretanto, para o sucesso do sistema, é necessário o empe-
nho e o comprometimento dos dirigentes definindo uma política de gestão clara, com
a elaboração de um manual de gestão bem como instruções de trabalho e procedimen-
tos a serem cumpridos por todos os envolvidos, que contribuirão para as melhorias e
serão percebidas por todos da organização.
Várias empresas, visando ao melhoramento de desempenho, buscam implantar
sistemas estruturados de gestão, que são utilizados para a garantia da qualidade de seus
produtos e serviços e a adequada condução das questões relativas ao meio ambiente, a
segurança e saúde dos trabalhadores. Com a atual globalização dos mercados, o sistema
internacional de normatização cria e atualiza as normas propostas pelos países mem-
bros para serem utilizadas, aplicadas e avaliadas periodicamente por meio de auditorias
internas e externas.
A empresa que pretende ser competitiva no mercado onde a concorrência
é cada vez mais acirrada deve ter o seu o sistema de gestão da qualidade adequada-
mente implantado e agregar valor ao mesmo, estendendo-o às questões ambientais, de
segurança do trabalho e das ações socialmente responsáveis, por meio do Sistema de
Gestão Integrada (SGI).

Bons estudos!
Sistema de Gestão Integrada 11

PLANO DE ESTUDO

Objetivos Gerais

ÎÎIdentificar e reconhecer Sistema de Gestão Integrada aplicada à gestão empre-


sarial, bem como os aspectos da qualidade, meio ambiente, segurança do trabalho e
responsabilidade social empresarial.

Objetivos Específicos

ÎÎCompreender o processo do Sistema da Qualidade;


ÎÎidentificar as técnicas de controle do meio ambiente;
ÎÎreconhecer e aplicar a saúde e segurança no trabalho;
ÎÎidentificar as dimensões da responsabilidade social.
Sistema de Gestão Integrada 13

METODOLOGIA
DE ESTUDO

Este curso está dividido em quatro módulos de estudos, sendo que cada mó-
dulo está dividido em aulas. O curso foi elaborado de forma a desenvolver suas habili-
dades e competências para reconhecer um Sistema de Gestão Integrado.
Em todo o conteúdo você encontrará objetos instrucionais, que estarão dis-
poníveis para você explorar conceitos e aspectos centrais dos assuntos estudados.Você
verá quadros de destaque, curiosidades, dicas, reflexão, saiba mais, importante, atenção,
entre outros.
Lembre-se de que, ao terminar uma aula, é importante que você tire todas as
dúvidas com seu professor tutor e sempre resolva todas as questões antes de passar
para a próxima etapa.
Assim, dedique momentos do seu dia para o estudo. Nossa sugestão é de uma
hora por dia, em local calmo e arejado. Mas lembre-se de fazer um pequeno intervalo
de dez minutos durante esse momento de estudo.

Prepare-se para iniciar essa trajetória e enriquecer seus conhecimentos!


Sistema de Gestão Integrada 15

MÓDULO 1
Qualidade

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste módulo você terá subsídios para:

ÎÎConhecer um sistema de gestão da qualidade.


ÎÎIdentificar os tipos de ferramenta da gestão da qualidade.
ÎÎConhecer os conceitos da qualidade aplicados à ISO.
ÎÎReconhecer a importância de uma gestão sistêmica da qualidade.

Aulas

Acompanhe, neste módulo, o estudo das seguintes aulas:

ÎÎ AULA 1: Aplicação de sistemas de gestão

ÎÎ AULA 2: Definições de Sistema de Gestão da Qualidade

ÎÎ AULA 3: A qualidade

ÎÎ AULA 4: Ferramentas da qualidade

ÎÎ AULA 5: Qualidade e produtividade

ÎÎ AULA 6: Conceituando o 5S

ÎÎ AULA 7: O que significa melhoria contínua (KAIZEN)?

ÎÎ AULA 8: O que é a ISO?

ÎÎ AULA 9: Para que serve a ISO?


16 Módulo 1

Para início de conversa

Agora você terá a oportunidade de conhecer o Sistema de Gestão da Quali-


dade, uma forma de gestão que as empresas adotam para facilitar a administração. Não
se preocupe com a aparente complexidade do tema, pois no decorrer desta unidade
você terá informações suficientes para compreender o conceito de um sistema de ges-
tão de forma que propicie o seu melhor entendimento e aprendizado.
Bom estudo!

Aula 1
Aplicação de sistemas de gestão

? Você faz ideia da importância desse conhecimento?

Estudamos para adquirir conhecimentos e habilidades profissionais visando a


conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho, em uma posição que nos pro-
porcione o sustento pessoal e familiar e também nos dê prazer naquilo que fazemos.
De qualquer forma temos que nos relacionar com o mundo corporativo ou empresa-
rial e suas formas de organização, para gerar produtos e serviços proporcionando o
conforto e o bem-estar das pessoas.

O mundo corporativo, ligado ao meio acadêmico, cada vez mais implanta


e desenvolve sistemas inteligentes de administração, buscando garantir
um padrão de qualidade dos produtos e serviços que oferece.

Nesse sentido, quanto mais cedo você adquirir esses conhecimentos, mais
rapidamente eles irão facilitar a sua vida profissional futura.
Sistema de Gestão Integrada 17

? Como as organizações buscam estruturar seus sistemas de gestão?

As organizações empresariais, de acordo com a sua estrutura organizacional


e funcional, quanto mais se profissionalizam buscam tratar suas atividades internas e
externas (áreas) como sistemas de gestão por processos.

Com isso, essas organizações buscam entender os seus processos, fazendo o


seu mapeamento e entendendo onde começa um processo e onde ele termina, desen-
volvendo o conceito de clientes internos, dentro do entendimento de que o executan-
te da etapa seguinte é o cliente do executante da etapa atual.

ATENÇÃO

Portanto, o executor de uma etapa de


um processo deve conhecer detalha-
damente os requisitos do seu cliente
para assim poder oferecer o produto
ou serviço com a qualidade requisitada.
18 Módulo 1

Assim também é o tratamento dado aos clientes externos, sendo eles os


fornecedores de matérias-primas ou serviços, todos integrados em uma cadeia cujo
objetivo é garantir os requisitos do comprador final, que pagará por todos os custos
agregados exigindo um produto ou serviço na qualidade esperada. As empresas que
conseguem organizar e mapear os seus processos podem integrá-los à maioria dos
seus sistemas de gestão, que até então funcionam separados. Com isso conseguem a
redução dos custos, a partir da eliminação do desperdício de tempo e de recursos,
evitando o desgaste dos seus colaboradores.

Figura 1 - Sistema de Gestão Integrada amplo


Fonte: Rosa (2010)

Observe na figura anterior como uma organização pode integrar vários siste-
mas internos de gestão formando um amplo sistema. Como exemplo, pode-se conside-
rar as áreas administradas de forma integrada sob uma coordenação diretamente ligada
e subordinada à diretoria da empresa.
Sistema de Gestão Integrada 19

As áreas apresentadas na figura integram em uma coordenação do SGI:


ÎÎgestão contábil e financeira;
ÎÎgestão de recursos humanos;
ÎÎgestão da tecnologia da informação;
ÎÎgestão dos processos e operações;
ÎÎgestão de marketing e de vendas,
ÎÎgestão da qualidade;
ÎÎgestão ambiental.

? Como as empresas iniciam a implantação de seu sistema integrado?

Observe a figura a seguir:

Figura 2 - SGI simplificado


Fonte: Rosa (2010)
20 Módulo 1

Você pode perceber que uma organização empresarial pode utilizar seus siste-
mas internos de gestão de forma simplificada. Nesse caso foi considerada uma coorde-
nação do Sistema de Gestão Integrada composta pelos sistemas de:

ÎÎgestão da qualidade;
ÎÎgestão ambiental;
ÎÎgestão da segurança e saúde no trabalho;
ÎÎgestão da responsabilidade social.

? Como se constitui o Sistema de Gestão Integrada simplificado?

A experiência tem demonstrado que as empresas implantam inicialmente o


sistema de gestão da qualidade, posteriormente o sistema de gestão ambiental, que
podem ser coordenados de forma integrada, e depois implantam o sistema de gestão
da segurança e saúde no trabalho. Já nas áreas de responsabilidade social empresarial, a
empresa possui projetos sociais de ajuda à comunidade, que a qualquer momento po-
dem ser transformados em um sistema de gestão e integrado aos demais sistemas. Essa
primeira abordagem possibilitou a você compreender a importância do sistema de ges-
tão? Prepare-se para a próxima etapa. Reúna entusiasmo e interesse e siga em frente.

Aula 2
Definições de Sistema de Gestão da Qualidade

Você viu na aula passada o sistema de gestão e o quanto ele auxilia as empre-
sas a melhorar suas ferramentas de gestão.
Você conhecerá agora alguns conceitos e qual a normatização de um SGQ,
facilitando assim compreender com objetividade como é o processo de qualidade total
e como ele pode ser implantado na empresa.
Para iniciar, volta-se a perguntar: o que é um sistema de gestão?

De acordo com Chiavenato (2004, p. 287), sistema de gestão


trata-se de um “conjunto de elementos interdependentes, cujo
resultado final é maior do que a soma dos resultados que esses
elementos teriam caso operassem de maneira isolada”.
Sistema de Gestão Integrada 21

Como exemplo, um Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) é implantado para


ajudar uma organização empresarial a atingir os níveis de satisfação de seus clientes,
atendendo suas expectativas e necessidades e a melhoria contínua dos seus proces-
sos. Em um SGQ, a empresa declara por escrito o que vai fazer e constrói provas que
devem ser consistentes por meio de evidências documentais.
Com um SGQ, a organização analisa seus requisitos e cria processos visando
a obter produtos aceitáveis por seus clientes e mantendo o controle desses processos.
Também implanta uma estrutura para melhoria contínua, com o objetivo de aumentar a
satisfação de clientes ou partes interessadas.
Um SGQ tem seus fundamentos embasados nos princípios da normalização,
confira:

ÎÎPrincípio do consenso – conforme ABNT ISO/IEC Guia 2:1993 (ABNT, 2003),


significa que se deve buscar um “acordo geral”, com a ausência de oposição fun-
damentada a aspectos significativos por qualquer parte importante dos interesses
envolvidos, por meio de um processo que busca levar em conta as posições de todas
as partes interessadas e a conciliação das opiniões conflitantes.
ÎÎPrincipio da flexibilidade – significa a necessidade de permitir que o documen-
tos normativos sejam elaborados de forma que não restrinjam ou limitem as ações
dentro de um processo e que permitam rapidamente a incorporação de eventuais
alterações ou considerem a possibilidade de atendimento a situações emergenciais ou
contigenciais.
ÎÎNível apropriado – significa que os documentos normativos devem ser elabora-
dos de tal forma que sejam de fácil compreensão pelos seus usuários sem deixarem
de atender as finalidades para as quais foram elaborados.
ÎÎAtualização – significa que todo documento normativo deve ser atualizado de
modo a mantê-lo adequado ao longo do tempo.

Os sistemas de gestão se baseiam em normas, então acompanhe a história da


normatização:

O conceito de normatização é tão antigo quanto a história do homem

Os homens das cavernas padronizaram os sons para obterem uma comunicação oral, associan-
do sons a objetos e ações.
No início do comércio, se padronizou os valores dos produtos.
Começaram a cunhar moedas de prata e ouro conforme esses valores.
No Egito, a construção das pirâmides envolveu o corte de blocos de pedras de diferentes lu-
gares, que tinham de se encaixar.

Na Revolução Industrial, foi necessária a padronização de medidas, como metro, litro, quilo etc.,
normatizando a produção.
22 Módulo 1

Na Segunda Grande Guerra, os países envolvidos tiveram que criar esforços de guerra, onde
as indústrias, por mais diferentes que fossem, tiveram de ajudar produzindo armas. Cada in-
dústria produzia um tipo de peça, que eram montadas em uma central e tinham de se encaixar
facilmente.

Em 1947, foi criado a International Organization for Standardization – ISO (Organização Mundial
para a Normatização), com o objetivo principal de buscar uma padronização em nível mundial,
de forma a facilitar o comércio entre os países.

Quadro 1 - História da Normatização

Conheça agora os principais objetivos da normatização:

1. proteger a população em aspectos relacionados a saúde e segurança;


2. definir os requisitos necessários à obtenção da qualidade requerida pelo cliente;
3. prover solução para problemas repetitivos, aumentando a produtividade e reduzin-
do os desperdícios, colaborando assim com a conservação de recursos naturais e
do meio ambiente;
4. assegurar a absorção e transferência da tecnologia;
5. facilitar o comércio internacional.

A normatização é um instrumento fundamental para a adequada


implementação dos sistemas de gestão da qualidade. Com a utiliza-
ção dessas normas na gestão empresarial, a tomada de decisão das
gerências se torna mais simplificada, com maior regularidade e segu-
rança, principalmente para os problemas rotineiros e repetitivos.

Todo o assunto abordado nesta aula irá auxiliá-lo a compreender o próximo


tema.Vamos em frente?
Sistema de Gestão Integrada 23

Aula 3
A qualidade

O fantástico mundo da qualidade total evoluiu muito. Qual são os seus prin-
cípios e como aplicá-los nas atividades empresariais e na vida pessoal será o assunto
desta aula.

? O que você sabe sobre qualidade?

Qualidade é aquilo que é adequado ao uso dos clientes. A qualidade surgiu da


necessidade de satisfazer o cliente ou comprador e sempre circulou a ideia de que “é
o freguês quem manda”. Há uma crença na área de vendas de que um cliente satisfeito
elogia para até três pessoas, enquanto que o insatisfeito normalmente não reclama, mas
comenta com outros, repassa sua insatisfação para até onze pessoas e não volta mais (e
o pior cliente é aquele que não reclama e simplesmente some).

? Como surgiu a qualidade?

Você sabia que desde a Antiguidade, como conta a arqueologia, havia formas de
controle na produção realizada por egípcios, chineses, gregos, romanos e outros povos.
Até o final do século XVIII, o controle da qualidade era exercido no trabalho
artesanal, ou seja, era o próprio produtor que definia e controlava a qualidade daquilo
que produzia ou do serviço que ofertava. Na era artesanal, o artesão desenvolvia todas
as etapas da produção, comprando os materiais e insumos, realizando o produto, o aca-
bamento e a entrega ao cliente, sendo o único responsável pela qualidade.
Na Revolução Industrial, com a produção massificada, o artesão passou a ope-
rar máquinas, realizando uma parte no processo de produção.
24 Módulo 1

No início do século XX começa uma nova fase: a chamada era da inspeção.

Seu foco principal era evitar que itens com defeitos acabassem na
mão do consumidor.

Mas os processos foram ficando cada vez mais complexos e essa abordagem já
não atendia a diversidade produtiva que utilizada na planta fabril.
Assim, no final dos 1920, começou-se a utilizar técnicas estatísticas para con-
trolar a qualidade. O principal laboratório a utilizar o método foi o Inspection Enginee-
ring Departament, da empresa de telefonia Bell, em 1924. Surge também a primeira carta
de controle, conhecida por “Carta de Controle de Shewhart”, que passou a utilizar o
método estatístico no controle dos processos.
A partir da década seguinte, o uso da estatística se disseminou e se consolidou
como a principal ferramenta para evitar a deterioração da qualidade dos produtos em
decorrência da massificação.
Na década de 1940, com o advento da Segunda Guerra Mundial, a indústria
armamentista desenvolveu novas metodologias para programas de controle da qualida-
de. Foram estabelecidos padrões a serem seguidos, visando a garantir a uniformização
do que era produzido.
Sistema de Gestão Integrada 25

No período posterior (décadas de 1950 e 1960), no cenário da Guerra Fria,


a indústria bélica continuou impulsionando a busca pela qualidade, em sigilo, sempre
mantendo os resultados como um segredo industrial. É a fase em que os programas de
qualidade deslocam-se do produto para o processo.

? Como se deu a evolução do conceito de gestão da qualidade?

A gestão da qualidade, conhecida inicialmente como qualidade total, introduziu


uma nova filosofia gerencial, saindo do foco nas mudanças no produto ou serviço para
uma mudança estrutural na implantação de um sistema de gestão da qualidade.
Nesse sentido, a qualidade deixou de controlar apenas o produto no departa-
mento da qualidade, e passou a ser tratado no âmbito geral da empresa, com abragên-
cia em todas as áreas e atividades.
O estatístico norte-americano W.A. Shewhart introduziu a preocupação
científica com a qualidade na década de 20, questionando a falta de controle na grande
variabilidade da qualidade na produção de bens e serviços.

Para solucionar o problema com a medição e controle das variáveis


do processo, Shewhart desenvolveu um controle matemático deno-
minado Controle Estatístico de Processo (CEP).

Também foi introduzido o método conhecido como Ciclo Deming ou Ciclo


PDCA, que significa;

ÎÎPlan – de planejar.
ÎÎDo – de executar ou desenvolver.
ÎÎCheck – de avaliar ou checar.
ÎÎAction – de agir para melhorar.
26 Módulo 1

Figura 3 - Ciclo PDCA


Fonte: Rosa (2010)

Com o término da Segunda Guerra Mundial, com o Japão totalmente des-


truído, a União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE, na sigla em inglês), para
iniciar a reconstrução, convidou Deming para proferir palestras e treinar empresários e
industriais. Nesses treinamentos foram repassados os conhecimentos sobre o controle
estatístico de processo e os conceitos da gestão da qualidade.

! Importante

Com isso, o Japão iniciou uma grande mudança empresarial na forma


de gestão ao mesmo tempo em que, no mundo ocidental, ocorria uma
grande revolução tecnológica.

O Japão, com a introdução dessas mudanças, adotou uma postura gerencial de


forma silenciosa, transformando-se na segunda potência mundial. Forçados pela guerra,
os empresários japoneses criaram novas práticas de planejamento ao conviverem com
as divergências entre os produtos e serviços oferecidos com as reais necessidades do
mercado e culminaram com a adoção do planejamento estratégico.
A crise econômica internacional dos anos 1970 forçou a mudança no estilo
gerencial das empresas. Na década de 1980, o planejamento estratégico empresarial pas-
sou a ser fundamental, juntamente com a implantação de novas técnicas de gestão. A fal-
Sistema de Gestão Integrada 27

ta de capacitação de pessoas, os modelos gerenciais praticados, as tomadas de decisões


sem considerar os fatos e dados e a falta de um processo de melhoria contínua afeta-
vam o desempenho das organizações, requerendo mudanças na postura empresarial.
Bom, agora que você conhece como foi criado o sistema da qualidade, prepa-
re-se para estudar os meios de aplicação deste sistema na empresa.
Este curso está ficando cada vez mais interessante, concorda?

Aula 4
Ferramentas da qualidade

Você verá a seguir as ferramentas que compõem o processo de qualidade e


poderá, se quiser, implantar isso na sua casa, no seu local de trabalho, na sua escola,
entre outros locais.
Por isso, fique atento, essas ferramentas ajudam a melhorar todos os proces-
sos nas empresas quando é bem trabalhado.
Você pode fazer a diferença na sua empresa, auxiliando a implantar esse siste-
ma, então mãos à obra. Será que você conhece alguma ferramenta da qualidade?
Você já deve utilizar no seu dia a, mas não sabe que é uma ferramenta.
Por exemplo: você já participou de uma reunião para expor ideias sobre um
determinado assunto? Essa forma é uma ferramenta, quer ver?
As ferramentas auxiliares mais utilizadas para análise e melhoria dos processos
são:

ÎÎfluxograma;
ÎÎdiagrama de Pareto;
ÎÎ brainstorming;
ÎÎ diagrama de Ishikawa;
ÎÎ5W2H.

Vamos conhecer delas uma delas?

1. O fluxograma é uma representação gráfica de todos os passos que integram um


processo, sendo uma ferramenta que auxilia e facilita a identificação do processo.
28 Módulo 1

Figura 4 - PDCA
Fonte: SO Serviços Organizacionais (2009)

2. O diagrama de Pareto baseia-se em dados que indicam graficamente a visualização


das prioridades a serem adotadas.
O diagrama aponta a frequência da ocorrência dos problemas ou dos custos, de-
monstra que poucas causas induzem a uma grande parte dos problemas levantados.
Sua prática popularizou a relação 20/80, onde aproximadamente 20% das causas
estão relacionadas a aproximadamente 80% dos problemas.

Figura 5 - Gráfico Fatores Colaboradores


Fonte: SO Serviços Organicacionais (2009)
Sistema de Gestão Integrada 29

3. O brainstorming é uma técnica utilizada nos trabalhos em grupo com a suspensão


temporária do julgamento das causas, focando na quantidade de propostas a serem
colocadas pelo grupo, tendo três fases em sua aplicação:

ÎÎfase criativa (chuva de ideias sem censura, valendo tudo);


ÎÎfase análise/crítica (justificativas, vantagens/desvantagens, busca de consenso);
ÎÎaplicação, que pode ser feita por coordenador, secretário ou participantes.

4. Segundo Paladini (2004), o diagrama de Ishikawa, nome do seu idealizador, estabe-


lece as relações de causa e efeito na análise dos problemas, relacionando os fatores
que determinam tais relações. Nesse diagrama, para cada problema as causas são
agrupadas em categorias como:

ÎÎmétodo;
ÎÎmão de obra;
ÎÎmateriais;
ÎÎmáquina;
ÎÎmeio ambiente.

Tem a forma de espinha de peixe, com os problemas listados à direita e as


setas direcionadas das causas para as consequências.
30 Módulo 1

Figura 6 - Espinha de peixe

Fonte: Paladini (2004, p. 42)

5. O 5W2H trata-se de um checklist para analisar processos mais complexos, signifi-


cando respectivamente:

Figura 7 - 5W2H

Conheça cada uma das expressões:


Sistema de Gestão Integrada 31

O quê (What)?

Exemplo:
Que materiais utilizar?
Quais as especificações a serem seguidas?
Quais são os equipamentos?
O que envolve o serviço?
Quais são as condições anteriores?
Quais são as condições de entrega?
Quais são as condições de exposição?
Quais são as condições de interrupção?

Onde (Where)?

Exemplo:
Onde será feito o serviço?
Onde estão os materiais?
Onde armazená-los?
Onde guardar os equipamentos?

Quando (When)?

Exemplo:
Quando iniciar o serviço?
Quando verificar?
Qual é o prazo de execução?

Quem (Who)?

Exemplo:
Quem deve fazer o serviço?
Quem deve verificar?
32 Módulo 1

Por que (Why)?

Exemplo:
Por que se deve verificar o serviço?
Quais são os riscos da falta de controle?

Como (How)?

Exemplo:
Como executar o serviço?
Como verificar?

Quanto custa (How much)?

Exemplo:
Qual o custo dos materiais?
Qual o custo da mão de obra?
Qual o custo dos equipamentos?

Que tal? Gostou de conhecer essas ferramentas? Continue atento, outros


assuntos vão complementar os seus estudos e deixá-los ainda mais significativos.

Aula 5
Qualidade e produtividade

Esta aula apresenta a você o conceito de produtividade, estratégia e como os


japoneses conseguem implementar uma ferramenta tão importante para a qualidade
em suas empresas.Veja também como o Brasil adotou o processo, buscando credibili-
dade e melhoria dentro de suas empresas.

? Você já ouviu falar em produtividade, certo? Vamos explorar me-


lhor esse assunto?
Sistema de Gestão Integrada 33

Para Cerqueira (2007, p. 17), a produtividade é uma nova atitude para se


produzir mais produtos e serviços com melhor qualidade e com menor emprego de
tempo, sem necessidade de aumentar os recursos disponibilizados.

Exemplo: um operador produz dez unidades de produto por dia.


Após um treinamento para a correta operação do equipamento, pas-
sou a produzir 15 unidades com melhor qualidade. Portanto, houve
um ganho de produtividade de 50%.

? O que se ganha com qualidade e produtividade?

O cliente ganha, recebendo o serviço no prazo acordado, na forma especifi-


cada e no preço combinado. Pode sugerir melhorias que serão acatadas pela empresa,
permitindo a adequação às suas necessidades. A empresa ganha por criar sistemas que
permitem a produção continuada de serviços dentro do padrão, que atenda o cliente
de forma organizada e fortalecendo o nome perante os clientes criando solidez no
mercado.
Ganham os profissionais por realizarem um trabalho mais confiável, mais segu-
ro e saudável. As tarefas são realizadas por todos de forma integrada e sob controle, o
que permite o desenvolvimento individual dos funcionários. O país ganha com empre-
sas mais sólidas, competitivas, e em condições de concorrer no mercado internacional,
gerando novos postos de trabalho com pessoas melhor qualificadas.
34 Módulo 1

? Você acha que a qualidade é uma questão de estratégia?

A qualidade sempre foi uma preocupação, mas passou a ser uma questão
estratégica para a sobrevivência da empresa. Pelas razões já expostas anteriormente,
a qualidade e a produtividade são as bases para a competitividade, palavra que passa a
ter grande importância com os mercados globalizados. Atualmente, se uma empresa
não for capaz de ser competitiva mundialmente, corre o risco de perder seu mercado
para qualquer outro, incluindo estrangeiros que produzam com boa qualidade e preços
baixos.

? Como foi a reação mundial ao avanço da qualidade no Japão?

?
Curiosidade

Em 1987, no governo do presidente norte-americano Ronald Reagan,


foi instituído pelo seu secretário de comércio o Prêmio da Quali-
dade Malcolm Baldrige, visando o incentivo ao aprimoramento das
práticas das organizações, como desafio para aumentar a eficácia e a
competitividade americana diante da ameaça de outros países, princi-
palmente dos produtos japoneses.

Com o prêmio, os Estados Unidos passavam a contar com um instrumento


oficial de avaliação e de reconhecimento das organizações excelentes, que deviam com-
partilhar suas boas práticas com outras empresas, consolidando a perspectiva de uma
visão sistêmica e da qualidade como estratégia.
O exemplo veio do prêmio japonês Deming, criado em 1951 pela União Japo-
nesa de Cientistas e Engenheiros em homenagem a W. Edwards Deming para premiar
as empresas comprometidas com o controle de qualidade e gestão. O sucesso do prê-
mio Baldrige causou impacto imediato, influenciando um grupo de empresas europeias
(EFMQ) a fundarem em 1988 o Prêmio Europeu da Qualidade.
Sistema de Gestão Integrada 35

? E a qualidade no Brasil?

Segundo Alves (2006), um grupo de pessoas reunia-se na Câmara America-


na de Comércio (Amcham) no final da década de 1980, em São Paulo, para discutir a
crescente preocupação com a qualidade no Japão, nos Estados Unidos e na Europa. Os
países mais desenvolvidos já percebiam a necessidade de melhorar a gestão das empre-
sas e logo essa ideia contagiou o mundo
No Brasil, a busca da gestão veio com os critérios de excelência do Progra-
ma Nacional da Qualidade (PNQ) fundado em 1991. As reuniões abordavam o prêmio
americano Malcon Baldrige e a necessidade de uma movimentação nacional. A Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) constituiu um grupo de trabalho responsá-
vel pela tradução da família de normas ISO 9000 para o português.
Com a globalização das economias dos países, a criação do código do consu-
midor no Brasil, atendendo as exigências do usuário, as empresas foram desafiadas a
enfrentarem altos padrões de qualidade em um ambiente altamente competitivo.

Uma das soluções para esses desafios foi a aplicação prática do Círculo do
Controle da Qualidade (CCQ), com a integração dos funcionários das empresas em
equipes, em um ambiente de parceria.
36 Módulo 1

? O que é o Círculo do Controle da Qualidade?

Chiavenato (2009, p. 345), afirma que os Círculos de Controles da Qualidade


de origem japonesa foram criados em 1962 pelo professor Kaoru Ishikawa, para impul-
sionar a qualidade na indústria japonesa sem perder os contatos entre as universidades
e os operadores das fábricas.
No Brasil, o movimento do CCQ foi iniciado em 1972 pelas equipes de produ-
ção da Johnson & Johnson, que necessitava de um programa motivacional para a quali-
dade, depois da mudança da fábrica da cidade de São Paulo para São José dos Campos.
A mudança gerou dificuldades para os novos empregados que ainda não tinham a
cultura da empresa. Com o sucesso obtido, a ideia foi acolhida por várias empresas do
Estado de São Paulo, chegando em 1981 com mais de 100 empresas tendo os CCQs
implantados.
O CCQ pode ser definido como uma ferramenta aplicada com um peque-
no grupo de funcionários da empresa, treinados da mesma maneira na compreensão
dos objetivos de melhoria de desempenho, redução dos custos, aumento da eficiência,
visando a atingir a qualidade dos seus produtos ou de seu trabalho.
Confira os objetivos do CCQ:
a )  aumentar a motivação e autorrealização dos funcionários, com sua participação
nas propostas de solução de dificuldades na produção da empresa;
b )  concorrer para a formação da cultura da qualidade e a disseminação da prática de
autocontrole e prevenção de falhas;
c )  garantir a qualidade do produto;
d )  conseguir novas ideias;
e )  aumentar a produtividade do trabalho;
f )  reduzir custos e diminuir perdas;
g )  melhorar a comunicação e o relacionamento humano, tanto no sentido horizontal
como no vertical.

? Quais são os tipos de clientes da qualidade?


Sistema de Gestão Integrada 37

Para satisfazer as necessidades dos clientes de uma organização empresarial,


vários tipos de clientes devem ser considerados:

Figura 8 - Tipos de clientes

Acompanhe quem são cada um desses clientes:

ÎÎclientes externos – são de fora da organização, os compradores e fornecedores;


ÎÎclientes internos – são os de dentro da organização, incluindo os funcionários;
ÎÎcontroladores ou investidores – emprestam capital à empresa, vital para o seu
funcionamento;
ÎÎsociedade – é a responsável pela regulação das leis que regem o mercado, pela
delegação de poder pelo voto e sofre diretamente as consequências com os impactos
causados ao meio ambiente.

Você viu nesta aula como surgiu a prática da gestão no Japão, na América do
Norte e no Brasil. Como implementar todas essas ferramentas na empresa será o as-
sunto a seguir. Dedicação e disciplina fazem parte da sua trajetória de aprendizagem.
38 Módulo 1

Aula 6
Conceituando o 5S

Os tipos de ferramentas que são utilizadas nos processos de qualidade e os


meios de implantar na empresa serão apresentados a partir de agora.

? Você já ouviu falar em housekeeping?

Qualquer visitante, ao chegar em uma empresa industrial ou comercial, obser-


va inicialmente a limpeza, a organização e a sinalização de seus ambientes. Em muitos
casos, a “bagunça” é tão grande que causa preocupação sobre a qualidade dos produ-
tos.
A limpeza, organização, ordem e asseio por si só não garantem a qualidade e a
produtividade, mas a sua falta certamente contribui com a falta de qualidade e a baixa
produtividade. A sociedade está atenta e cada vez mais exigente, obrigando melhorias
nas empresas, pressionadas pelos órgãos de proteção da poluição sonora e visual, a
destinação dos resíduos e o controle dos efluentes e emissões.

NOTA

Segundo Chiavenato (2009 p. 342), os japoneses metodizaram a forma de fazer


a organização geral da empresa (housekeeping), utilizando a sistemática conhecida
como 5s.

Conheça agora o que significa cada “S”.


Que tal avaliar com anda a sua organização pessoal? Aproveite todas as dicas
para organizar suas coisas.
Sistema de Gestão Integrada 39

Figura 9 - 5S´s

ÎÎSEIRI (Liberação de área): separar os itens em necessários e desnecessários.


Livrar-se dos desnecessários, lembrando que o descarte deve ter uma correta desti-
nação, sem impactar o meio ambiente.

DICA

Como é difícil distinguir o necessário do desnecessário, os especialistas sugerem,


na dúvida, livrar-se do item

As desvantagens de armazenar ou guardar coisas inúteis são que a ocupação de espa-


ços nobres como arquivos, armários, gavetas, máquinas com materiais desnecessários
atrapalha a disposição e dificultam o manuseio.

ÎÎSEITON (Organização): separar e acondicionar os materiais de forma organiza-


da e adequada, de modo a serem facilmente localizados, retirados e usados.

DICA

Tudo deve ter seu lugar previamente definido. Aquilo que tem uso frequente
deve estar mais a mão.
40 Módulo 1

A organização sempre acompanha a liberação de áreas, pois uma vez que as coisas
estão organizadas, só se mantém o necessário no local. O uso de etiquetas especifi-
cando o que está sendo armazenado da forma mais clara possível diminui o tempo de
recuperação dos documentos.

ÎÎSEISO (Limpeza): manter os itens e o local de trabalho em que são armaze-


nados e usados sempre limpos. Limpar, checar, verificar as máquinas e ferramentas
de forma regular. Mostrar as melhorias obtidas, por meio de tabelas, de gráficos ou
outros dispositivos que facilitem a visualização e a produtividade. Os colaboradores
devem manter limpos não somente o chão ao redor da máquina, interna e externa-
mente, mas as bancadas e paredes caso estejam próximas a uma. Não dependurar
nada, como objetos pessoais e pôsteres nas paredes.

ÎÎSEIKETSU (Padronização asseio e arrumação): os 3S já vistos são práti-


cas que se faz, se executa. A padronização aqui deve ser entendida como um “es-
tado de espírito”, isto é, hábito arraigado que faz com que, de modo padronizado
ou “automatizado”, como reflexos condicionados, se pratique os 3s anteriores. Os
equipamentos e os locais devem estar limpos, de modo a garantir a segurança. O que
estiver danificado, usado e inútil deve ser removido do local de trabalho. A segurança
é um requisito primordial, pois barulho, fumaça, cabos e fios no chão ou aéreos, de-
sorganizados, criam condições inseguras de trabalho. Tudo deve ter seu lugar próprio
e devem ser minimizadas as perdas com vazamento de óleo, desperdício de eletricida-
de, entre outros.
Sistema de Gestão Integrada 41

ÎÎSHITSUQUE (Disciplina): significa manter de forma disciplinada tudo o que


leva à melhoria do local de trabalho, da qualidade e da segurança do colaborador.
Significa incorporar o hábito do uso de equipamentos de proteção contra acidentes
no trabalho, o uso de uniformes, crachá, de manter limpo e organizado o local de
trabalho. A disciplina é o coroamento dos 4S anteriores e pode ser conseguida com a
persistência e responsabilidade dos gerentes e supervisores sobre o comportamento
de seus colaboradores.

ATENÇÃO

O 5S tem aplicação em qualquer


tipo de organização, grande ou pe-
quena, como escritórios, canteiros
de obras, fundições ou qualquer lu-
gar considerado sujo por natureza.

Assim como não deve existir um nível aceitável de não conformidades, tam-
bém não deve existir um nível aceitável de sujeira, desordem e desorganização no local
de trabalho.
A tese do housekeeping é que não é necessária alta tecnologia para aplicá-lo,
pelo contrário, trata-se de algo simples, acessível a qualquer pessoa por menor que seja
o nível de instrução. É tão somente uma questão cultural. É nesse aspecto, isto é, da cul-
tura, que as empresas devem agir, partindo da conscientização da administração, fazen-
do com que as pessoas façam corretamente as coisas simples, como parte integrante
de um programa just in time (JIT) de melhoria contínua.

Se as pessoas não podem fazer corretamente as coisas simples,


como irão fazer as complicadas?
42 Módulo 1

Uma empresa, para se nivelar internacionalmente, deve passar por uma mu-
dança cultural, passando pelo entendimento de que 5S é responsabilidade de todos.

Deve ser compreendido, por exemplo, que a limpeza não é só responsabili-


dade dos faxineiros, mas sim de todos os colaboradores, havendo uma relação eviden-
te entre padrões de limpeza, organização, ordem e asseio do trabalho e das atitudes
gerenciais. É crescente a utilização do 5S pelas empresas com o interesse de organizar
e dar um novo visual organizacional em todos os setores da organização.
E aí? Importante aplicar os 5S, certo? Essa prática é extremamente importante
nas organizações, pois melhora a qualidade em todos os aspectos.
Confira agora o assunto da próxima aula. Preparado mais uma viagem aos
caminhos do conhecimento?
Sistema de Gestão Integrada 43

Aula 7
O que significa melhoria contínua (KAIZEN)?

Martins (2005) afirma que essa palavra japonesa se refere à prática de peque-
nas mudanças para se atingir a melhoria contínua, por meio de métodos, técnicas e da
criatividade dos trabalhadores no seu local de trabalho, em quaisquer níveis hierárqui-
cos, sem maiores investimentos.

?
Curiosidade

Introduzido na administração por Masaaki Imai em 1986, tem sido


associado à ideia de melhoria contínua no trabalho e na vida social.

Enquanto o just in time (JIT) leva para o conceito de uma filosofia organiza-
cional e comportamental, o Kaizen pressupõe uma cultura com foco na eliminação de
perdas nos sistemas organizacionais, implicando na melhoria entendida como mudança
para melhor e na continuidade demonstrada em ações permanentes de mudança, não
devendo haver nem um dia na empresa sem alguma espécie de melhoria.
Conheça a seguir algums motivos que esfriam as ações do Kaizen, desmoti-
vando aqueles que querem mudar para melhor:
ÎÎestou muito ocupado para estudar o assunto;
ÎÎé uma boa ideia, porém prematura;
ÎÎnão está previsto no orçamento;
ÎÎa teoria é diferente da prática;
ÎÎacho que isso não vem ao encontro das políticas corporativas;
ÎÎnão é da nossa alçada, deixe outros pensarem sobre o assunto!;
44 Módulo 1

ÎÎvocê está satisfeito com o seu trabalho?;


ÎÎnão é melhoria, é bom-senso!;
ÎÎjá sei o resultado mesmo que a gente não faça!;
ÎÎeu não serei responsável por isso!;
ÎÎVocê não pode pensar em algo melhor?
ÎÎNão seria melhor se agíssemos assim?

? Então, o que fazer para combater o comodismo?

Veja algumas ações sugeridas para combater o comodismo:


ÎÎdescarte as ideias fixas e convencionais;
ÎÎpense em como fazer e não no porquê não pode ser feito;
ÎÎnão apresente desculpas;
ÎÎcomece por questionar as práticas correntes;
ÎÎnão procure a perfeição;
ÎÎfaça-o imediatamente, mesmo que seja para atingir somente 50% dos objetivos;
ÎÎcorrija o erro imediatamente, caso cometa;
ÎÎnão gaste dinheiro com Kaizen, use a criatividade;
ÎÎa cratividade surge com as necessidades;
ÎÎfaça a pergunta «por quê?» pelo menos cinco vezes e procure as causas-raízes;
ÎÎprocure se aconselhar com dez pessoas e não somente com uma.

As sugestões Kaizen são infinitas. E você, como parte integrante de uma orga-
nização, deverá estar preparado para propor ações de melhoria. Explore esse conteúdo.
A próxima etapa vem cheia de novidades. Aproveite. Explore todas as oportunidades de
aprendizagem.
Sistema de Gestão Integrada 45

Aula 8
O que é a ISO?

Conforme afirma Cerqueira (2007, p. 83), a ISO (International Organization for


Standardization), com sede em Genebra, na Suíça, foi fundada em 1946 com o propósito
de desenvolver e promover um sistema normativo utilizado mundialmente por mais de
100 países que integram essa importante organização.

? No Brasil, essa norma é atendida?

Sim, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) representa essa


organização no Brasil. A ISO possui uma família de normas que trata da qualidade: a ISO
série 9000.
Nessa família está a ISO 9001, que trata dos requisitos para um sistema de
gestão. Uma empresa que implanta o sistema de gestão da qualidade em conformidade
com a norma ISO 9001 está em condições de certificá-lo e obter o “selo de conformi-
dade ISO 9001”.

A versão brasileira denomina-se ABNT NBR ISO 9001.

A ISO 9001 é uma norma de sistema de gestão que verifica e atesta a consis-
tência de seus processos, ao medir e monitorá-los com o objetivo de aumentar a sua
competitividade e, com isso, assegurar a satisfação de seus clientes.
O certificado ISO 9001 representa o reconhecimento nacional e internacional
da qualidade, de boas práticas de gestão e de um bom relacionamento com os clientes
e fornecedores.
46 Módulo 1

Atesta também o bom desenvolvimento dos colaboradores, criando maior


competitividade no mercado, com a otimização dos processos e a redução de custos. A
família de normas ISO 9000 é composta por:
ÎÎNorma 9000, com a fundamentação e definições;
ÎÎNorma 9001, com os requisitos;
ÎÎNorma 9004, com as diretrizes para a melhoria de desempenho.

Periodicamente essas normas passam por revisões para atualização com os


avanços tecnológicos, sociais e da legislação.

O que é Sistema de Gestão da Qualidade ISO?

Conforme você estudou anteriormente, as organizações passaram a imple-


mentar sistemas estruturados e auditáveis, visando ao alcance da garantia formal da
qualidade. Um sistema de gestão da qualidade é constituído por princípios relacionados
e seguidos por uma organização no seu dia a dia, baseando-se na aplicação dos oito
princípios estabelecidos pela norma ISO de gestão da qualidade, que são:

1. foco no cliente;
2. liderança sobre objetivos comuns;
3. envolvimento de todos;
4. considerar o impacto de decisões em outros processos;
5. ver as coisas como processos;
6. melhorar, melhorar;
7. decidir após ter os dados;
8. benefícios mútuos entre clientes e fornecedores.
Nesta aula você pôde perceber a importância da ISO para as empresas. Que
tal agora percorrer mais um trajeto de aprendizagem?
Sistema de Gestão Integrada 47

Aula 9
Para que serve a ISO?

Veja bem! É uma norma que visa a prevenção de falhas por meio de uma série
de ações. Mas que ações são essas? Isso é o que você verá agora.
ÎÎA empresa precisa estar totalmente comprometida com a qualidade para satisfazer
as necessidades dos seus clientes, desde a presidência até os operadores.
ÎÎExistência de instruções de trabalho formalizando todas as atividades que afetam a
qualidade.
ÎÎExistência de treinamentos para perceber necessidades, controlar a execução e
verificar a sua eficácia.
ÎÎAtendimento aos requisitos da norma escolhida, em função da complexidade do
produto ou serviço.

? E no Brasil, quais as principais dificuldades de implantação da norma?

ÎÎNível empresarial – Gerencial/administrativo – se os negócios vão bem, o empre-


sário acha que não necessita “gastar” com a qualidade e, quando o negócio vai mal,
não tem dinheiro para “gastar” com qualidade;
ÎÎNível do operário – profissionais analfabetos e sem qualificação. Isso vem mu-
dando, pois já é possível a todos a visualização da importância de se produzir com
qualidade.

? Quais são as formas de implementação do sistema da qualidade?

Após o treinamento das pessoas da organização, a disponibilização completa


dos materiais e recursos do sistema de gestão, e após iniciada a implantação em data
formalmente determinada, devem ser seguidos segue os seguintes passos, contendo
ações e práticas necessárias. Acompanhe.
48 Módulo 1

a )  Auditorias internas: são realizadas pelo próprio pessoal da organização. Têm
como objetivo o funcionamento do sistema de gestão da qualidade.
b )  Auditorias de registro: são realizadas por empresas certificadoras e têm como
objetivo a obtenção da certificação ISO 9001.
c )  Controle da documentação: busca garantir o acesso das pessoas às versões
atualizadas dos documentos que necessitam.
d )  Controle de formulários: para não afetar a qualidade dos produtos da organi-
zação, devem ser controlados.
e )  Documentação do SGQ: o manual da qualidade, os procedimentos, as instru-
ções de trabalho e os registros devem ter linguagem que facilite a compreensão.
f )  Documentos do SGQ: todos os documentos relacionados ao negócio devem
ser controlados. Só não precisam ser controlados os documentos que não têm im-
pacto no produto. A extensão do controle depende da importância do documento.
g )  Evidências: todos os registros documentais, como as correspondências, atas de
reunições, notas de compras, recibos e outros constituem evidências pertinentes aos
critérios das auditorias e verificações.
h )  Fluxogramas: são ferramentas valiosas na descrição da interação de processos;
que podem descrever como processos ou atividades-chave se relacionam.
i )  Identificação dos documentos: todos os documentos devem estar identifica-
dos com data de revisão, origem (órgão, setor, departamento etc.) e título.
j )  Manual da qualidade: deve ser o mais simples possível. Não se coloca detalhes
no manual, que devem ir para os procedimentos escritos referenciados numericamen-
te no manual. Os documentos devem ter sempre fácil acesso e fácil leitura. O cumpri-
mento da norma propicia a melhoria continuada pela qual a organização tem oportu-
nidade de melhorar continuamente até destacar-se como uma excelente empresa. As
situações que não correspondem ao que está descrito no manual, nos procedimentos
e demais documentos da qualidade são denominadas não conformidades.
k )  Organização: é um grupo de pessoas com os mesmos objetivos: empresas,
órgãos públicos, escolas, ONGs etc.
l )  Política da qualidade: todos os colaboradores devem conhecer e entender a
política da qualidade.
m )  Procedimentos: quanto mais complicados os procedimentos, menos eles serão
entendidos e seguidos, portanto, eles deverão ser escritos da maneira mais simples
possível.
n )  Produto: para a ISO, produto é o que resulta do processo, incluindo os serviços.
Registros: são documentos que evidenciam o funcionamento do sistema de gestão da
qualidade.
Sistema de Gestão Integrada 49

o )  Requisito: necessidade ou expectativa implícita do cliente ou de forma man-


datória. A norma apresenta os requisitos do sistema de gestão em itens sequenciais
numerados de 4 a 8. Como exemplo, o requisito do item 5 (Responsabilidade da
direção), no subitem 5.1 (Comprometimento da direção). A alta direção da empresa
precisa evidenciar seu comprometimento com o sistema de gestão, comunicando
formalmente a importância do atendimento aos requisitos, estabelecendo a política
e os objetivos da qualidade, as reuniões periódicas de análise crítica e principalmente
a providência dos recursos para manutenção do sistema. Toda essa documentação e
registros constituem as evidências documentais que deverão ser mantidas de forma
organizada e apresentada no momento das auditorias do sistema.
p )  Responsabilidade pelo controle de documentos: todos os colaboradores
são responsáveis pelo controle desses documentos.
q )  Sistema: conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos que funcionam
de forma harmônica.

Você viu nesta aula que a qualidade é fator indispensável para o desenvolvi-
mento e crescimento de uma empresa. Para garantir essa qualidade existem normas
regulamentadoras que façam toda a diferença. Gostou do assunto? Sinta-se à vontade
para reler todo o conteúdo deste módulo, explorar outras fontes de pesquisa e com-
partilhar ideias com envolvidos no tema.

+
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto desta uni-
dade, consulte:

Saiba
Mais ÎÎASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR ISO 9000: sistemas de gestão da qualidade – fun-
damentos e vocabulário. Rio de Janeiro, RJ: 2000.
ÎÎ______. NBR ISO 9001: sistemas de gestão da qua-
lidade – requisitos. Rio de Janeiro, RJ: 2000.
ÎÎ______. NBR ISO 9004: sistemas de gestão da qua-
lidade – diretrizes para a melhoria do desempenho. Rio de
Janeiro, RJ: 2000.
ÎÎMARSHALL Jr., Isnard et al. Gestão da qualidade. 8. ed.
Rio de Janeiro: FGV, 2006.
50 Módulo 1

Colocando em prática

Chegou o momento de unir teoria e prática e avaliar seu desempenho em


relação ao que estudou no módulo. Agora você é convidado a realizar a atividade pro-
posta.
Vamos lá? Demonstre seus entendimentos e percepções sobre os caminhos
do conhecimento até o momento.

1. Sobre a ISO, marque V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas:

( ) A sigla ISO, que em inglês significa Sistema Internacional de Organização


para Normalização, é uma organização fundada em 1946 e sediada em Genebra, na
Suíça.
( ) A ISO, que em inglês significa Sistema Internacional de Oganização para
Comercialização, foi fundada em 1946 e está sediada em Nova York.
( ) É um sistema que permite que as organizações controlem a qualidade de
seus produtos e serviços por meio da definição, acompanhamento e controle dos seus
processos de produção no seu dia a dia.
( ) Permite prever falhas e defeitos e, quando ocorrem, são detetados e cor-
rigidos por meio de ações de melhoria contínua dos processos.
( ) É um sistema que permite que as organizações controlem a qualidade
apenas de seus produtos, tendo em vista que os serviços não se adéquam à definição,
acompanhamento e controle dos seus processos de produção no seu dia a dia.
Sistema de Gestão Integrada 51

2. Sobre os oito princípios da ISO aplicados às empresas, marque com um “x” as


alternativas corretas:

( ) Foco no cliente.
( ) Liderança estabelecendo os objetivos comuns.
( ) Envolvimento de das pessoas de todos os níveis da organização.
( ) Consideração das atividades e recursos como processos.
( ) Visão das atividades de forma sistêmica, mesmo os processos inter-rela-
cionados.
( ) Desempenho da organização com o objetivo de melhoria contínua.
( ) Decisões baseadas em dados e evidências.
( ) Busca de benefícios mútuos com os fornecedores.

3. Leia as frases a seguir e escolha a alternativa correta sobre o conceito de qualidade


e produtividade:

a )  ( ) Capacidade de produzir mais e melhor em menor tempo.


b )  ( ) Capacidade de produzir mais em maior tempo.
c )  ( ) Capacidade de produzir muito e melhor de uma só vez.
d )  ( ) Capacidade de produzir muito repetidas vezes.
e )  ( ) Todas as alternativas estão erradas.
52 Módulo 1

RELEMBRANDO

Caro aluno, você conheceu alguns conceitos da qualidade, bem como uma
ferramenta importante do sistema de qualidade e como utilizá-la. Continuando os seus
estudos pelos módulos a seguir aprenderá como se utiliza qualidade integrada a outras
ferramentas e como esses processos podem melhorar a produtividade da empresa.

Hora da pausa

Que tal parar um pouquinho para se alongar? Assim você relaxa seu corpo e
a mente, voltando aos estudos com mais disposição e entusiasmo. Aproveite a dica a
seguir da fisioterapeuta Taisa Vendramini.
Observe qual sua postura neste momento: sua cabeça deve estar equilibrada,
os ombros alinhados com o quadril e este bem apoiado na cadeira, os pés apoiados
no chão. Evite que, ao longo do tempo, sua cabeça fique à frente do corpo, os ombros
enrolados e o quadril escorregando na cadeira. Esse vício postural pode causar uma sé-
rie de complicações à saúde. Corrija sua posição e alongue-se! Retome suas atividades
somente após 10 minutos de pausa.
Sistema de Gestão Integrada 53

MÓDULO 2
Meio Ambiente

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste módulo, você terá subsídios para:

ÎÎAvaliar as questões ambientais atuais.


ÎÎIdentificar os aspectos e impactos ambientais.
ÎÎConhecer os conceitos aplicados a um sistema de gestão ISO 14000.
ÎÎAnalisar a importância de um sistema de gestão ambiental.

Aulas

Acompanhe, neste módulo, o estudo das seguintes aulas:

ÎÎ AULA 1: Impactos ambientais

ÎÎ AULA 2: Conceituando meio ambiente

ÎÎ AULA 3: Ferramentas do meio ambiente

ÎÎ AULA 4: A linha do tempo

ÎÎ AULA 5: Conferência ECO-92

ÎÎ AULA 6: A Agenda 21

ÎÎ AULA 7: Legislação (federal, estadual e municipal)

ÎÎ AULA 8: ISO 14000

ÎÎ AULA 9: Política ambiental

ÎÎ AULA 10: Biodiversidade


54 Módulo 2

Para início de conversa

A partir de agora você terá a oportunidade de aprender e discutir sobre a


maior preocupação mundial do nosso tempo, a questão ambiental. Neste tema você
verá também que a melhor forma de uma empresa conseguir resolver as questões
legais com os órgãos ambientais é a implantação de sistemas e práticas que possam
contribuir com a preservação da vida no nosso planeta Terra. Prepare-se para fazer
muitas descobertas, tornando sua aprendizagem muito mais significativa.

Bons estudos!

Aula 1
Impactos ambientais

Você já deve ter percebido que o assunto meio ambiente jamais foi tão discu-
tido como atualmente, afinal é um assunto que acaba despertando o interesse de todos
e, cada vez mais, as pessoas estão se conscientizando de que, para um mundo melhor
existir, há a necessidade da colaboração coletiva.
Quando se fala em meio ambiente, as pessoas lembram apenas da Floresta
Amazônica, porém acabam esquecendo de que o problema vai além das queimadas que
afetam todo nosso planeta.

DICA

Calma! Não se preocupe. Aqui você verá medidas simples que você mesmo
pode tomar para tornar o planeta um lugar mais agradável e seguro.
Sistema de Gestão Integrada 55

No princípio da humanidade o homem tinha uma relação de aceitação com o


meio ambiente.

NOTA

Segundo Cerqueira (2007, p. 95), com o passar do tempo o homem descobriu


o fogo, usando-o em seu benefício, mas causando impacto quase desprezível à
natureza. Só depois que o homem passou a cultivar alimentos e criar animais
que a devastação passou a ser considerável. Daí surgiu o principio do impacto
ambiental.
Uma vez que o homem, para criar seus animais e plantar seus alimentos, teria
que derrubar árvores, essas árvores serviam como lenha e também para cons-
truir abrigos seguros e confortáveis.
56 Módulo 2

Impactos globais

Provavelmente você já conhece algumas medidas que podem ser tomadas para
que a devastação do meio ambiente seja reduzida. E aposto que você também tem uma
ideia para contribuir com o meio ambiente.

? O que é impacto ambiental?

É toda alteração verificada no meio ambiente, resultante das atividades


humanas na exploração e utilização de recursos naturais, transformando-os em produ-
tos e serviços para servir ao homem.

? O que fazer para diminuir os impactos ambientais?

Temos que ter consciência de que a Terra é a nossa casa, por isso devemos
cuidar muito bem dela. Não poluir. A Terra não é um produto que, quando estraga, a
gente apenas troca.
Sistema de Gestão Integrada 57

Tem muitas coisas que você conhece que podemos fazer para evitar o aumen-
to da poluição.Vamos relembrar algumas delas?
a )  Reflorestar as áreas desmatadas.
b )  Criar um processo para despoluir os mananciais, como os rios, lagos, nascentes.
c )  Aplicar os conhecimentos sobre o desenvolvimento sustentável.
d )  Usar os recursos naturais de forma consciente.
e )  Evitar consumir produtos que poluam.
f )  Educar as crianças para conscientizar as gerações futuras para preservar o meio
ambiente.
g )  Garantir o cumprimento das leis sobre proteção e preservação ambiental etc.

? O que é poluição?

É o ato de contaminar as águas, o solo e o ar. Essa contaminação acontece


com a incorreta destinação dos dejetos domésticos, hospitalares, resíduos industriais,
emissões gasosas, entre outros, no meio ambiente.

? O que as empresas estão fazendo para reduzir a poluição?

Em relação à alteração do clima, pouca coisa está sendo feita, mas várias em-
presas tomam medidas de segurança para não contaminar o solo, visando a não serem
punidas pela fiscalização ambiental. Como exemplo, empresas fabricantes de papéis
plantam árvores para substituir as extraídas das florestas.

? O que é efeito estufa?

É um fenômeno natural em que uma camada de gás mantém a terra aquecida


ao impedir que o calor gerado pelos raios solares seja dissipado para o espaço, provo-
cando o aumento da temperatura (efeito estufa). O que vem ocorrendo com o cha-
mado efeito estufa é causado pelas inúmeras atividades humanas, alterando o clima e
levando a um aquecimento maior do planeta.
58 Módulo 2

A figura a seguir representa o processo do efeito estufa.

Figura 10 - Processo do efeito estufa

Essa situação é bastante complicada. Saiba que muitos países contribuem para
o aumento do efeito estufa.Confira quais são:

Tabela 1 - Países emissores de gases e suas contribuições para o efeito estufa

Estados Unidos 25,5%


China 11,9 %
Indonésia 7,4%
Brasil 5,85%
Rússia 4,8%
Índia 4,5%
Japão 3,1%
Alemanha 2,5 %
Malásia 2,1%
Canadá 1,8%
Sistema de Gestão Integrada 59

O Brasil ocupa o 16º lugar, comparado a outros países emissores de gás car-
bônico para gerar energia. Mas considerando também os gases de efeito estufa libera-
dos pelas queimadas e pela agropecuária, o país é o quarto maior poluidor em termos
percentuais em relação às emissões totais de gases do efeito estufa.
Viu como os impactos ambientais causados ao meio ambiente são muitos e
por diversos fatores?
Prepare-se para estudar os meios utilizados para prevenir esse tipo de impac-
tos e as ferramentas usadas para auxiliar organizações não governamentais (ONGs), os
governantes e todos que lutam por um meio ambiente equilibrado.
É bastante preocupante a questão da contaminação do meio ambiente por
parte das empresas. Devemos acompanhar as constantes informações sobre o assunto
para aprofundar seus conhecimentos, certo? Que tal primeiro compreender o conceito
de meio ambiente?

Aula 2
Conceituando meio ambiente

Bem, até o momento você já pôde perceber a gravidade dos impactos ambien-
tais e dos efeitos negativos ao meio ambiente se este não for bem cuidado e preserva-
do.
Você agora terá oportunidade de analisar alguns conceitos a respeito do as-
sunto e aprender como é importante conhecer o meio ambiente onde se vive.
60 Módulo 2

A resolução CONAMA 306 (2002) define: “meio ambiente é o


conjunto de condições, leis e interações físicas, químicas, bioló-
gicas, sociais, culturais e urbanísticas que permite, abriga e rege
a vida em todas as suas formas”.

A ISO 14001:2004, segundo Fang (2001, p. 75), define: “circunvi-


zinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água,
solo, recursos naturais, flora fauna, seres humanos e suas inter-
-relações”. “Uma organização é responsável pelo meio ambien-
te em seu entorno, devendo cuidar do cumprimento da legisla-
ção e das normas pertinentes, visando a proteção ambiental”.

Muitas fábricas estrangeiras possuem atividades com processos danosos ao


meio ambiente e, por isso, são restringidas no seu país de origem devido às exigências
das leis locais e transferem ou mudam suas atividades de produção para outros países
onde não haja restrições ou lei proibitiva. Muitos desses países se encontram em fase
de desenvolvimento, necessitando da entrada de capital para alavancar as suas ativida-
des e, portanto, submetem a sua população aos riscos ambientais gerados na transfor-
mação dos seus produtos. Esse é o caso do Brasil, um país ainda em fase de industriali-
zação.

A Constituição Federal, no artigo 225, estabelece que a sociedade e


o poder público devem defender e preservar o meio ambiente para
as gerações presentes e futuras, pois todo esse direito, por ser um
bem de uso comum, é essencial à qualidade de vida e deve ser manti-
do equilibrado.

Com o Sistema de Gestão Integrada (SGI) isso está começando a mudar, pois
a empresa que quer melhorar os seus processos industriais deve agir com a conscien-
tização de que tudo no planeta faz parte de um sistema totalmente interligado. Nesse
contexto, grupos ambientalistas e organizações internacionais cobram das empresas o
respeito à natureza ao transformar suas matérias-primas.
Sistema de Gestão Integrada 61

ATENÇÃO

A sociedade sempre será responsável


pela preservação do meio ambien-
te e por cuidar para que as conse-
quências não afetem a qualidade de
vida da atual e das futuras gerações.

Lima (2007, p.11) afirma que “O meio ambiente, com as suas


condições físicas e químicas, juntamente com os ecossistemas
naturais, constitui o hábitat do homem, dentro de uma reali-
dade que leva em consideração as dimensões do tempo e do
espaço. Pode-se considerar tal realidade tanto histórica como
social. A realidade histórica compreende o processo de trans-
formação das condições naturais do meio pelo homem, por
causa de suas atividades. Já a realidade leva em consideração a
forma em que o homem vive e se organiza em sociedade, pro-
duzindo bens e serviços destinados a atender ‘as necessidades
e sobrevivência de sua espécie”.

Já segundo Rebouças (2009), o termo “meio ambiente” é considerado pelo


pensamento geral como sinônimo de natureza, local a ser apreciado, respeitado e
preservado. Entretanto, há necessidade de uma reflexão mais profunda sobre o tema,
considerando a ideia de que o ser humano pertence ao meio ambiente, no qual possui
vínculos naturais para a sua sobrevivência.
Por meio da natureza, o homem reencontra sua origem e a sua identidade
cultural e biológica, uma espécie de diversidade “biocultural”.
Outra definição sobre o termo “meio ambiente” o coloca como significação
de recursos, de gerador de matéria-prima e energia.
62 Módulo 2

Nesta segunda definição, a área da educação ambiental considera o conceito


de consumo responsável, defendendo o acesso às matérias-prima naturais de maneira
comum.
Na terceira concepção da palavra, quando falamos em “meio ambiente”
considerando as problemáticas e questões, surgem as pesquisas e as ações em prol das
soluções a degradação que favorecem o desequilíbrio natural de um determinado meio.
ÎΓMeio ambiente”, no sentido de ecossistema, é um conjunto de realidades ambien-
tais, considerando a diversidade do lugar e a sua complexidade.
ÎΓMeio ambiente”, como lugar onde se vive, é referente à vida cotidiana: casa, esco-
la, e trabalho.
ÎÎMeio ambiente, como biosfera, surge para explicação da realidade social e ambien-
tal do planeta Terra como a matriz de toda espécie de vida.

O termo “meio ambiente” também pode designar um território de uso huma-


no e de demais espécies.
Sistema de Gestão Integrada 63

Áreas de preservação permanente

A Lei Federal nº 4.771/1965, conhecida como Código Florestal, determina a


proteção das florestas nativas. Define como áreas de preservação permanente os locais
de conservação obrigatória da vegetação, delimitando uma faixa de 10 a 500 metros
nas margens dos rios (dependendo da largura do curso d’água), à beira de lagos e de
reservatórios de água, os topos de morro, encostas com declividade superior a 45° e
locais acima de 1.800 metros de altitude. A Resolução CONAMA nº 303/2002 dispõe
sobre parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente.

Gestão dos recursos hídricos

Pode-se definir a gestão de recursos hídricos como sendo o conjunto de


ações destinadas a regular o uso, o controle e a proteção dos recursos hídricos, em
conformidade com a legislação e normas pertinentes. Integra projetos e atividades com
o objetivo de promover a recuperação e a preservação da qualidade e quantidade dos
recursos das bacias hidrográficas brasileiras e atua na recuperação e preservação de
nascentes, mananciais e cursos d’água em áreas urbanas.
Na gestão de recursos hídricos, pode-se abranger os seguintes tópicos:
ÎÎdesassoreamento;
ÎÎcontrole de erosão;
ÎÎcontenção de encostas;
ÎÎremanejamento/reassentamento de população;
ÎÎuso e ocupação do solo para preservação de mananciais;
ÎÎimplantação de parques para controle de erosão e preservação de mananciais;
ÎÎrecomposição de rede de drenagem;
ÎÎrecomposição de vegetação ciliar.

Impacto Ambiental

A Resolução Normativa CONAMA 001/86 considera “impacto ambiental


qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:
1. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
2. as atividades sociais e econômicas;
3. a biota;
4. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
5. a qualidade dos recursos ambientais.”
64 Módulo 2

Mata ciliar

É a formação vegetal localizada nas margens dos corpos de água, como


córregos, lagos, represas e nascentes. A mata ciliar, também conhecida como floresta
ripária, é considerada pelo Código Florestal Federal como “área de preservação perma-
nente” e possui diversas funções ambientais, devendo ter uma extensão preservada de
acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente.

Meio ambiente

É o conjunto de fatores físicos, químicos e bióticos que são, cotidianamente,


utilizados para definir o termo natureza. Meio ambiente é o lugar em que vivemos, do
qual depende a nossa sobrevivência e a forma em que vivemos, tratando-se de um meio
extremamente dinâmico.

Recursos hídricos

De acordo com a Lei n˚ 9.433, de 8 de janeiro de 1997, refere-se à água como


um recurso natural limitado, disponível, de uso prioritário ao consumo humano e aos
animais. Tem domínio público e valor econômico.
Sistema de Gestão Integrada 65

Turismo sustentável

É um modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental que tem


como objetivo principal assegurar as necessidades dos turistas sem comprometer
recursos para as gerações futuras e garantir a melhoria das condições de emprego e
renda da população local, sem interferir na cultura e na biodiversidade.

Aula 3
Ferramentas do meio ambiente

Você sabe que os impactos ambientais diminuem o tempo de vida em nosso


planeta.
Você irá conhecer agora as ferramentas utilizadas para contornar a devastação
e aumentar o tempo de vida em nosso planeta.

? Você já deve ter ouvido falar em sustentabilidade, certo? Não?

Então não se preocupe, fique atento às informações a seguir para compreen-


der melhor esse conceito.
66 Módulo 2

Define as atividades humanas ecologicamente corretas, economicamente


viáveis, socialmente justas e culturalmente aceitas que visam a suprir as necessidades
humanas atuais sem o comprometimento das futuras gerações. A sustentabilidade
relaciona-se diretamente ao desenvolvimento em geral sem agredir o meio ambiente,
utilizando inteligentemente os recursos naturais para que eles se mantenham no futuro.
Essas ações de sustentabilidade oferecem alguns benefícios, vamos ver juntos
quais são?
Garantem um planeta saudável com boas condições para o desenvolvimen-
to das mais variadas formas de vida, entre elas a humana. Assim as próximas gerações
terão os recursos naturais necessários para sua sobrevivência, possibilitando uma boa
qualidade de vida para seus descendentes.
E sobre desenvolvimento sustentável, você já ouviu falar? Essa é uma atividade
capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer as necessidades
das gerações futuras. É a atividade que não acaba com os recursos para o futuro. Esse
termo teve origem na Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento pelas
Nações Unidas com intuito de discutir alternativas para melhorar o desenvolvimento
econômico e a conservação ambiental.

? Você conhece uma unidade de conservação?

É uma área de proteção ambiental, mas que não é um bem público. Existem
vários tipos de unidades de conservação de uso sustentável. Essas unidades permitem
que pessoas habitem nelas. E tem objetivo de associar a conservação da natureza com
o uso dos recursos naturais.

NOTA

Abreu (2008) afirma que o termo sustentabilidade, nas questões ambientais,


surgiu na década de 1980, conceituado por Lester Brown, que foi o fundador do
Wordwatch Institute.
Sistema de Gestão Integrada 67

Fundada em 1974 pelo fazendeiro e economista Lester Brown, o


Worldwatch foi o primeiro instituto de pesquisa independente de-
dicado à análise de preocupações ambientais globais. Worldwatch
rapidamente se tornou reconhecido por líderes de opinião em todo
o mundo para sua análise acessível, baseada em fatos sobre questões
globais críticas. Agora, sob a liderança do especialista em energia
renovável Christopher Flavin, o Worldwatch desenvolve soluções
inovadoras para problemas intratáveis, enfatizando uma mistura de
liderança do governo, empresa do setor privado e ação do cidadão,
que podem fazer do futuro sustentável uma realidade.

A definição se tornou um padrão seguido em todo o mundo, com pequenas


diferenças, afirmando que uma comunidade é dita sustentável quando as suas necessi-
dades são satisfeitas de forma plena, preservando as condições para outras gerações.
Assim, as atividades processadas por agrupamentos humanos não devem prejudicar a
renovação da natureza e nem destruir esses recursos para não permitir a escassez às
gerações vindouras.

?
Então, como podemos aplicar a sustentabilidade ambiental em
empreendimentos?
68 Módulo 2

O empreendimento mais do que favorável à preservação natural deve enqua-


drar-se conceitualmente à sustentabilidade e também corresponder a critérios como:
ÎÎser correto do ponto de vista ecológico;
ÎÎser economicamente viável;
ÎÎser socialmente justo;
ÎÎser culturalmente aceito.

Assim, empreendimentos que se baseiam nas premissas sustentáveis devem ser


capazes de impactar positivamente as comunidades envolvidas, tanto no presente como
no futuro. Por meio da interligação entre o empreendimento e o bem-estar das pesso-
as afetadas por eles, pode ser observada pela forma de uso dos recursos naturais, bem
como no trato dos resíduos decorrentes da implantação do referido empreendimento.
Assim, cabe às agências reguladoras governamentais estabelecer as regras e fis-
calizar o cumprimento dentro do conceito de sustentabilidade. O poder público, aliado
aos empreendedores, deve agir de forma que o impacto causado pelos empreendimen-
tos, principalmente pelos resíduos gerados a partir das obras de construção, bem como
no funcionamento posterior do projeto, sejam os mínimos possíveis.

! Importante

É muito importante que as próprias agências e a população em geral


deem prioridade aos empreendimentos que apliquem as práticas e
determinações de forma sustentável.

Assim, acumulam-se as energias necessárias bem como as condições favoráveis


à concepção, criação e manutenção da visão empresarial mais consciente e atenta para
os aspectos ambientais e os impactos de seus empreendimentos. Antes de tornar-se
uma dificuldade, a aplicação dos conceitos sustentáveis pode tornar-se poderosa aliada
nas vendas e na criação de imagem positiva para as empresas que adotam essa visão. O
grande entrave para a criação da “visão sustentável” no setor de construção civil são
os altos custos de determinados elementos que permitem alcançar a sustentabilidade.
Esses fatores criam na mente de grande parte dos empreendedores a equivocada ideia
da elevação de custos e de que os possíveis benefícios obtidos com a sustentabilida-
de não serão suficientes para o rápido retorno do investimento ou mesmo vão gerar
um prejuízo final. Essa é, na verdade, uma visão distorcida do que realmente ocorre,
principalmente pela pouca cultura da sustentabilidade do setor produtivo no nosso
país. Felizmente, essa visão arcaica vem se modificando e os exemplos de sucesso dos
Sistema de Gestão Integrada 69

empreendimentos dos setores imobiliário e comerciais em geral, baseados nos concei-


tos sustentáveis, têm contribuído para a mudança e para a rápida ampliação de investi-
mentos onde se aplicam esses conceitos. Podemos seguir adiante? A próxima etapa traz
a linha do tempo que levará você a uma viagem histórica para entender que os proble-
mas ambientais são de longa data.

Aula 4
A linha do tempo

Você estudou os impactos ambientais e as ferramentas de proteção ao meio


ambiente. Analisando o passado, você poderá entender como começou a preocupação
com o meio ambiente.

? Mas sabe o que é linha do tempo?

É uma sequência de datas em ordem dos acontecimentos. Por meio dela, to-
mamos conhecimento dos principais fatos acontecidos no meio ambiente.
Na linha do tempo você pode listar os principais fatos e personagens da his-
tória e fazer uma comparação entre os acontecimentos, de acordo com o período e a
época desejada.
70 Módulo 2

? Quando surgiu a linha do tempo?

No século XIX, por meio dos historiadores com a necessidade de comparar


os fatos acontecidos na história. Para compreender melhor como funciona a linha do
tempo, confira como foi retratada a história da Amazônia.

Peixoto (2009) afirma que há sinais desse movimento desde a época do des-
cobrimento, mas foi na gestão do presidente Vargas, de 1930 a 1945, que a ocupação da
floresta passou a ser vista como estratégica para o nosso país, ficando conhecida como
a Marcha para o Oeste.
Foram anos de incentivos governamentais para atividades exploratórias da Flo-
resta Amazônica. Foram construídas estradas para o desenvolvimento da região. Após o
período Vargas, durante o regime militar a política para desenvolvimento da Amazônia
ficou conhecida pelo lema “Integrar para não Entregar”.
Junto com a ocupação e o desenvolvimento da região veio também a destrui-
ção do bioma. Estimativas dão conta de que, na década de 1970, a devastação da mata
tenha atingido 14 milhões de hectares, devendo atingir 70 milhões atualmente.
Saiba quais foram os principais momentos dessa história:
Sistema de Gestão Integrada 71

Nos primórdios: Os portugueses descobrem a


Amazônia

Durante muitos anos, grande parte da hoje conhecida região amazônica já era
propriedade portuguesa em 1494. Entretanto, somente a partir de 1540 iniciaram as
expedições à região. Apesar de a maior parte da terra estar sob domínio dos espanhóis,
foram os portugueses que se preocuparam com a área para protegê-la da invasão de
outros países, como Inglaterra, França e Holanda.
Em 1637, Portugal encomenda a primeira grande expedição à região, ocupan-
do aproximadamente duas mil pessoas. Nesse contexto, os frutos como o cacau e a
castanha ganham uma forte conotação comercial. Em 1750, com o Tratado de Madri,
Portugal passa a ter direito sobre as terras ocupadas na região Norte. Daí iniciou-se o
estabelecimento da fronteira brasileira na região amazônica, culminando com a anexa-
ção do estado do Acre no século XX.

Fim do século XIX: surge o ouro negro

Outro grande marco na história da ocupação da Amazônia foi a Revolução


Industrial. A Inglaterra, ampliando seus negócios fabris, identificou na floresta brasileira
uma importante matéria-prima: o látex, extraído da seringueira, para a produção da
borracha conhecida como touro negro, que posteriormente passou a ser explorada
nos países asiáticos.
72 Módulo 2

Uma segunda chance à borracha brasileira

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, os produtos


da Ásia passaram para o domínio dos inimigos, levando os países aliados à Inglaterra a
colocarem a borracha brasileira novamente na rota do comércio mundial. Os Estados
Unidos, em plena expansão, tinham especial interesse na borracha brasileira, levando o
governo local da época a firmar um acordo com os americanos, no qual eles investiriam
recursos financeiros no Brasil, que se encarregaria de providenciar mão de obra para
os seringais da Amazônia. Novamente o período de prosperidade durou pouco, pois,
terminada a guerra, os Estados Unidos suspenderam os investimentos e a extração do
látex entrou em decadência econômica.

Anos 1960: “Integrar para não Entregar”

No início do governo militar, em 1964, houve impacto na ocupação da Amazô-


nia. Com um discurso nacionalista, os militares pregaram a unificação do país e a ne-
cessidade de proteger a floresta contra o risco de sua “internacionalização”, levando o
governo Castelo Branco a falar, em 1966, em “Integrar para não Entregar”.

Anos 1970: o perigo do desmatamento

Após anos de incentivos à produção e à ocupação da Amazônia, apareceram os


vestígios da devastação. Em 1978, a área desmatada chegava a 14 milhões de hectares.
Sistema de Gestão Integrada 73

Em outro local do planeta, em 1974, Frank Rowland e Mario Molina consegui-


ram provar que alguns componentes dos aerossóis utilizados em refrigeração destroem
a camada de ozônio em torno do planeta. O assunto da descoberta ganhou repercus-
são internacional e os desmatamentos nas florestas também passaram a ser questiona-
dos mundialmente.

! Importante

Recentemente uma Medida Provisória do governo brasileiro permi-


te a regularização de propriedades de até 60 mil hectares ocupadas
irregularmente, mas com boa intenção de explorar.

Só para se ter uma idéia, a população atual da Amazônia Legal chega a 7 mi-
lhões de pessoas.

Anos 1980: o ambientalismo de Chico Mendes

As discussões sobre meio ambiente mudaram o tom a partir do assassinato


do líder sindical Chico Mendes, em 1988, se tornando um marco divisor no panorama
histórico da Amazônia.
74 Módulo 2

ATENÇÃO

Foi a partir desse crime que o governo


brasileiro passa ser pressionado por
entidades nacionais e internacionais
sobre suas políticas para a Amazônia.

O governo brasileiro adota algumas ações reativas, mas, segundo os historia-


dores e ambientalistas, as ações são ainda pontuais e incipientes, não sendo capazes de
resolver definitivamente os problemas na região.

Anos 1990: o impacto da soja

A realização da Conferência das Nações Unidas na cidade do Rio de Janeiro, a


Eco-92, coloca definitivamente a questão ambiental e amazônica no centro dos princi-
pais debates mundiais. Essa conferência será assunto da próxima aula. Aguarde! A ideia
de que as florestas precisam ser protegidas ganha a imaginação da população mundial.
Enquanto isso, o cultivo da soja atravessa o país e chega à Amazônia. O grão, que a
partir da década de 1970 situa-se entre os principais produtos de exportação nacional,
adapta-se ao solo do cerrado, tornando-se um dos grandes vilões do desmatamento.
Sistema de Gestão Integrada 75

A produção atrai novos migrantes, vindos da região do Sul e Sudeste do país.


O resultado disso foi que, na década de 1990, atingiu-se a área total desmatada de 41
milhões de hectares.

Anos 2000

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a po-


pulação da Amazônia Legal atingiu 21 milhões de habitantes em 2000. A pecuária passa
a ser responsável por grandes desmatamentos. Entre os anos de 1990 e 2003, o reba-
nho bovino da Amazônia Legal cresceu 240%, chegando a 64 milhões de cabeças.
De 2003 a 2009, o governo brasileiro abriu mão de 81 milhões de hectares
de terras da União para a solução de questões agrárias, da preservação ambiental ou de
questões indígenas. Estima-se que 67 milhões de hectares de terras federais continuam
oficialmente sob a responsabilidade da União.

Em fevereiro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou


ao Congresso Nacional a Medida Provisória de número 458, preven-
do a transferência dessas terras. Em junho a medida foi sancionada,
se transformando em lei, enquanto que a área desmatada da Amazô-
nia chegava a 70 milhões de hectares.

Viu? Todas as ações ao longo do tempo deixaram sua marca no Brasil e os im-
pactos ambientes são muitos nos dias atuais. Prepare-se para conhecer uma importante
ação internacional para discutir as questões ambientais. E sabe quem foi sede dessa
discussão? Rio de Janeiro! A nossa tão conhecida “cidade maravilhosa, coração do meu
Brasil”.
76 Módulo 2

Aula 5
Conferência ECO-92

? O que é a ECO-92?

Foi um evento que aconteceu em junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro,


entre representantes de quase todos os países, com o intuito de buscar meios que
pudessem diminuir a degradação ambiental. Os representantes dos países e continentes
encontraram-se para decidir que medidas tomar para reduzir a degradação do meio
ambiente e preservar recursos para a existência de outras gerações.

ATENÇÃO
Essa conferência internacional conso-
lidou o conceito de desenvolvimento
sustentável e contribuiu para a mais
ampla constatação de que os danos am-
bientais são majoritariamente de res-
ponsabilidade dos países desenvolvidos.

A intenção, nesse encontro, era discutir um modelo de desenvolvimento


sustentável, buscando um crescimento econômico menos consumista e mais propício
ao equilíbrio das questões ecológicas.
Foi reconhecida a necessidade de apoiar financeiramente os países em desen-
volvimento, bem como fornecer apoio tecnológico para o desenvolvimento sustentável.
Naquela oportunidade, as necessidades dos países em desenvolvimento tornaram-
-se mais bem estruturadas e o ambiente político propiciou a concordância dos países
desenvolvidos com as responsabilidades comuns, porém diferentes e proporcionais ao
impacto de cada um. A percepção da complexidade do tema, além da visão anterior,
ficou mais clara nas relações diplomáticas, embora seu impacto tenha sido menor do
ponto de vista da opinião pública.
Sistema de Gestão Integrada 77

? Qual foi e o objetivo da ECO-92?

Abrir novos caminhos para a manifestação ambiental, colocando os interesses


globais como principal preocupação com o meio ambiente.
Os compromissos adotados na conferência foram a realização de duas con-
venções:
ÎÎmudança do clima;
ÎÎbiodiversidade e proteção das florestas.

? No Brasil, mudou alguma coisa após a ECO-92?

Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, a ECO-92 fez mudar a política am-
biental. Na outra reunião global, em Kyoto, foram traçadas metas de redução de impac-
tos para serem atingidas até 2012. Houve também progressos nas questões da redução
do aquecimento global. No Brasil, alguns objetivos foram conquistados com a Agenda
21, aprovada durante a ECO-92.
78 Módulo 2

Havia ocorrido uma conferência anteriormente em 1972 em Estocolmo, mas


na ECO-92, com a participação maciça de chefes de Estado, ficou evidente a impor-
tância atribuída às questões ambientais desde o início dos anos 1990. Enquanto isso, as
Organizações Não Governamentais (ONGs) fizeram um encontro paralelo no Ater-
ro do Flamengo, no Rio de Janeiro, com livre participação mediante pagamento. Além
do encontro paralelo, as ONGs, sem o direito de deliberar, também participaram dos
debates de 1992.
Devido à insegurança da cidade do Rio de Janeiro, durante todo o encontro as
Forças Armadas brasileiras protegeram a cidade, gerando uma sensação de segurança.

?
Curiosidade

O então presidente Collor de Mello transferiu a capital de Brasília


para o Rio de Janeiro no período do evento. Durante toda a ativida-
de, o Rio voltou a ser a capital do país, como foi de 1763 até 1960.

A ECO-92 frutificou a elaboração dos seguintes documentos oficiais (Wikipé-


dia, 2010):
ÎÎCarta da Terra;
ÎÎtrês convenções:
ÎÎBiodiversidade;
ÎÎDesertificação;
ÎÎMudanças climáticas.
ÎÎdeclaração de princípios sobre florestas;
ÎÎDeclaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento;
ÎÎ Agenda 21 (documento base para a elaboração do plano de preservação do meio
ambiente de cada país envolvido com o tema).

Não foi só em 1992 que as autoridades começaram a discutir o assunto.


Outro evento aconteceu anteriormente. Esse tema tão abordado teve o seu primeiro
grande evento na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 na Suécia.
Francisco (2010) afirma que a preocupação com os problemas ambientais vem
se intensificando a cada ano, pois é necessária uma rápida mudança no comportamento
das pessoas para que a degradação do meio ambiente não se agrave.
Sistema de Gestão Integrada 79

Um dos resultados dos debates sobre as alterações do clima global foi a ela-
boração do Protocolo de Kioto em 1997, que objetiva a redução da emissão de gases
causadores do efeito de estufa. Porém os modelos de produção e consumo estabeleci-
dos nos eventos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento, do ponto de vista
ambiental, não foram implementados, intensificando o aquecimento global. A ECO-92 foi
um marco para o Brasil, mas ainda é preocupante o fato de que toda a discussão gerada
nessa convenção não despertou a atenção merecida para concretizar ações de melho-
rias para que nosso planeta continue em desenvolvimento e de maneira sustentável.

Aula 6
A Agenda 21

Agora você vai estudar a Agenda 21 e descobrir o que a mesma relata. Não se
preocupe! O assunto pode até ser diferente, mas você vai gostar.

? O que é Agenda 21?

É um instrumento de planejamento que ajuda a construção de meios


sustentáveis, com bases geográficas diferenciadas, e faz com que haja harmonia entre os
métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
80 Módulo 2

Essa agenda foi resultado da ECO-92. Os 179 representantes de Estado assina-


ram a Agenda 21 Global, que se constitui em um programa de ação em um documento
de 40 capítulos, na mais abrangente tentativa de promoção, em escala mundial de um
novo padrão denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi
usado no sentido de propor intenções, desejo de mudança para esse novo modelo de
desenvolvimento no século XXI.

A Agenda 21 Brasileira
Com um planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável, rea-
lizado após uma ampla consulta à população brasileira, o trabalho foi coordenado pela
Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS), constru-
ído a partir das diretrizes da Agenda 21 formalizada no evento ECO-92, distribuída à
sociedade brasileira no final do ano de 2002.
O fórum é composto por representantes do governo e da sociedade civil, com
a responsabilidade pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável
que estabelece prioridades locais e elabora projetos e ações de curto, médio e longo
prazo.

? Onde ocorre a Agenda 21?

Segundo o Ministério de Meio e Ambiente (MMA), pode ser construída e


implementada em municípios ou em quaisquer outros arranjos territoriais, como bacias
hidrográficas, regiões metropolitanas e consórcios intermunicipais, por exemplo.
E o meio empresarial também foi contemplado com a Agenda 21. As empresas
devem utilizar essa ferramenta de planejamento democrático e participativo para fazer
com que negócios e atividades de sustentabilidade sejam valorizadas, com ênfase nas
questões sociais e ambientais.
De um modo geral, a sociedade espera das empresas públicas ou privadas não
só respostas para suas demandas de consumo, mas também a participação nas ques-
tões sociais e ambientais que afetam a sociedade. A Agenda 21 empresarial dá direito
às empresas de se adequarem às exigências do desenvolvimento sustentável. Essa ação
faz aumentar o crescimento econômico das empresas no mercado. Continue atento! A
seguir você estudará o meio ambiente amparado pela legislação ambiental.
Sistema de Gestão Integrada 81

Aula 7
Legislação (federal, estadual e municipal)

? O que é legislação ambiental?

Cerqueira (2007, p. 371) afirma tratar-se de um conjunto de leis criadas para


proteger de maneira adequada o uso devido do meio ambiente. “Todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como um bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
poder de difundi-lo e preservá-lo para o presente e futuras gerações.”
Por isso, cabe ao distrito federal, estado e municípios elaborarem normas para
proteger o meio ambiente.

DICA

Você sabia que a legislação ambiental brasileira é uma das mais avançadas do mundo?
82 Módulo 2

Confira o que trata a legislação nas duas esferas públicas:

Legislação ambiental federal

É um conjunto de leis criadas em âmbito federal que visa a proteger o meio


ambiente. Essas leis são exigidas por órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais (IbamaCXA)e Conselho Nacional do Meio Ambiente
(ConamaCXA). São órgãos com poderes para aplicar punições quando necessário.
Também são leis que dão suporte às legislações dos estados e municípios.

Legislação estadual

São leis criadas por cada estado estabelecendo poderes aos órgãos para exigir
o cumprimento da legislação e até punir com multas aqueles que causarem danos ao
meio ambiente.
A contribuição do estado é fundamental para o desafio de equilibrar o ecos-
sistema. Afinal, a Constituição brasileira estabelece que o meio ambiente é bem de
uso comum do povo e que o estado está incumbido de defender e preservar o meio
ambiente para as futuras gerações.

NOTA

Cerqueira (2007, p. 374) afirma que a legislação ambiental brasileira é uma das
mais completas do mundo. Apesar de não serem cumpridas de maneira adequa-
da, as 17 leis ambientais de maior importância, se praticadas, podem preservar o
imenso patrimônio ambiental do país.

Conheça a seguir o que estabelece cada um dessas leis ambientais brasileira.


Sistema de Gestão Integrada 83

1. Lei da Ação Civil Pública – número 7.347, de 24/07/1985


Lei de interesses difusos, versa sobre ação civil pública e a responsabilidade
sobre os danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico,
turístico ou paisagístico.

2. Lei dos Agrotóxicos – número 7.802, de 10/07/1989


Envolve da pesquisa à fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, a
utilização, aplicação e a destinação da embalagem.

3. Lei da Área de Proteção Ambiental – número 6.902, de 27/04/1981


Criou as “Estações Ecológicas”, trata das áreas representativas dos ecossis-
temas nacionais. Estabelece que 90% delas deve permanecer intocadas e 10 % podem
sofrer alterações para fins científicos.

4. Lei das Atividades Nucleares – número 6.453, de 17/10/1977


Trata das questões das responsabilidades civil e criminal por danos com a
atividade nucleares.

5. Lei de Crimes Ambientais – número 9.605, de 12/02/1998


Reorganiza as questões relacionadas às infrações e punições sobre atividade
ambiental.

6. Lei da Engenharia Genética – número 8.974, de 05/01/1995


Esta lei estabelece normas para todas as atividades envolvendo organismos
modificados, até sua comercialização, consumo e liberação no meio ambiente.

7. Lei da Exploração Mineral – número 7.805, de 18/07/1989


Estabelece a regulamentação das atividades de garimpos. Obrigatório o licen-
ciamento ambiental prévio junto ao órgão ambiental competente.

8. Lei da Fauna Silvestre – número 5.197, de 03/01/1967


A lei classifica como crime o uso, a perseguição,a captura de animais silves-
tres, a caça e a comercialização de espécies da fauna silvestre e de produtos deriva-
dos de sua caça. Proíbe também a introdução de espécie exótica estrangeira e a caça
amadorística sem autorização do Ibama.
84 Módulo 2

9. Lei das Florestas – número 4.771, de 15/09/1965


Determina a proteção de florestas nativas como área de preservação
permanente (APP). Exige a preservação, na região Sudeste do país, de 20 % da cober-
tura arbórea, e a averbação em cartório de registro de imóveis.

10. Lei do Gerenciamento Costeiro – número 7.661, de 16/05/1988


Define as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento da Costa
brasileira como espaço geográfico de interação do ar, do mar e do solo, abrangendo
uma faixa marítima e outra terrestre.

11. Lei da criação do Ibama – número 7.735, de 22/02/1989


Criou o Ibama, incorporando a Secretaria Especial Ambiental e as agências
federais na área de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. O Instituto tem a
competência sobre a política nacional ambiental, atuando para a conservação, a fiscali-
zação, o controle e fomento do uso racional dos recursos.

12. Lei do Parcelamento do Solo Urbano – número 6.766, de 19/12/1979


Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibindo o parcelamento
em áreas de preservação e de perigo à saúde em terrenos alagadiços.

13. Lei do Patrimônio Cultural – decreto-lei número 25, de 30/11/1937


Lei que organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
incluindo os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, além
dos sítios e paisagens de valor notável pela natureza ou a partir de uma intervenção
humana.

14. Lei da Política Agrícola – número 8.171, de 17/01/1991


Disciplina a fiscalização do uso racional do solo, da água, da fauna e da flora.

15. Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – número 6.938, de 17/01/1981


É considerada a principal lei ambiental, definindo que o poluidor é obrigado a
indenizar danos ambientais que causar, tendo ou não culpa. Estabelece a obrigatorie-
dade dos estudos e respectivos relatórios de impacto ambiental (EIA-RIMA).

16. Lei de Recursos Hídricos – número 9.433, de 08/01/1997


Determina que a água é um recurso limitado, dotado de valor econômico,
que pode ter usos múltiplos, como no consumo doméstico, na geração de energia, na
navegação e no transporte.
Sistema de Gestão Integrada 85

17. Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – número 6.803, de
02/07/1980
Atribui aos estados e municípios o estabelecimento de limites e padrões
para a instalação e licenciamento das indústrias, exigindo o Estudo de Impacto Am-
biental.

Não seria por falta de leis que ações prejudiciais ao meio ambiente ficariam
impunes. Cabe a toda a sociedade aplicar as ações corretas, seja na sua casa, cidade,
empresa, assim podemos melhorar nossa qualidade de vida e contribuir com o meio
ambiente do qual fazemos parte.
Podemos prosseguir? ISO será o assunto da próxima aula. Faça da sua aprendi-
zagem um processo de construção de conhecimento.

Aula 8
ISO 14000

Inicialmente você vai recordar alguns assuntos já abordados no Módulo 1, o


que facilitará o seu entendimento sobre ISO 14000, como ela surgiu e sua importância.

NOTA

Segundo Fang (2001, p. 75), ISO trata-se de uma organização denominada Orga-
nização Internacional para Normalização (em inglês, International Organization
for Standardization), instituída em 1947, que tem sua sede em Genebra, na Suíça.

Fazem parte da organização mais de 120 nações, que participam como mem-
bros. A organização foi criada para criar normas técnicas visando a padronizar os
produtos e serviços no continente europeu, sendo adotada por países dos demais
continentes.
Entre essas normas, temos a ISO 14000, que é um conjunto de normas que
definem parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental para as empresas (privadas e
públicas).
86 Módulo 2

Foi criada para reduzir o impacto ambiental causado pelas empresas.

Muitas empresas que atuam no Brasil aplicam a norma pra facilitar a gestão da
redução dos prejuízos e impactos causados à natureza.

? O que as empresas precisam fazer para receber a certificação


ISO 14000?

As empresas necessitam definir a política ambiental, elaborar o manual com


os procedimentos e instruções de trabalho e as auditorias internas. Quando a empresa
estiver segura com a gestão do sistema, deve requer uma auditoria externa por cer-
tificadora independente e credenciada junto aos órgãos governamentais, no Brasil, o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

A ISO da gestão ambiental

As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental foram inicialmente elaboradas


visando ao “manejo ambiental”, que significa “o que a organização faz para minimizar os
efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades”.
Assim sendo, essas normas fomentam a prevenção de contaminações dos am-
bientes, orientando a empresa em relação a:
ÎÎestruturação;
ÎÎforma de operação da norma;
ÎÎna gestão dos dados armazenados, de como recuperá-los e disponibilizá-los, bem
como aos resultados, considerando as exigências de mercado e a satisfação do cliente;
ÎÎquestões ambientais.
Sistema de Gestão Integrada 87

Tal como as normas ISO da qualidade (9000), as normas ambientais (14000)


disponibilizam a implementação prática de seus critérios. Entretanto, cumprem a finali-
dade de propiciar o planejamento das proteções ambientais, incluindo planos dirigidos
à tomada de decisão gerencial visando a proteção aos impactos ambientais, tais como
a poluição do solo, da água, do ar, da flora e fauna, além de processos escolhidos como
significativos no contexto ambiental.
A norma ISO 14001 estabelece o sistema de gestão ambiental da organização,
com a finalidade de:
ÎÎavaliar as consequências ambientais das atividades, produtos e serviços da organi-
zação;
ÎÎatender as demandas da sociedade;
ÎÎdefinir políticas e objetivos conforme as variáveis estabelecidas pela empresa, bus-
cando atender as suas necessidades, relativas à redução de seus impactos bem como
o uso planejado dos recursos naturais;
ÎÎreduzir custos na prestação de serviços e em prevenção;
ÎÎaplicar esse sistema nas atividades com potencial efeito ao meio ambiente;
ÎÎaplicar à organização como um todo.

Ressalta-se que tanto as normas ISO 9000 como as ISO 14000 não se aplicam
a padrões de fabricação de produtos. Essas normas são utilizadas para aplicação no sis-
tema de gestão da organização, sendo a primeira para a gestão da qualidade dos produ-
tos e serviços e a segunda para gestão do sistema de proteção ambiental dos impactos
gerados nas suas atividades.

Portanto, são a natureza do trabalho desenvolvido na empresa e suas


particularidades que determinam os padrões que ela deverá estabe-
lecer.
88 Módulo 2

Aspecto geral da ISO 14000

Quase 100% dos setores produtivos internacionais são representados nos


comitês da ISO por membros de mais de 100 países, que são classificados como:
ÎΓP” (de Participantes);
ÎΓO” (de Observadores).

A maior diferença entre ambos é que os membros “P” têm direito a voto
nos vários comitês e subcomitês técnicos. Para exercitar essas prerrogativas, exige-se
que os países estejam em dia com suas obrigações e atuem diretamente no processo
de elaboração e aperfeiçoamento normativo. No caso do meio ambiente, quanto mais
aumentam as cobranças para melhoria da qualidade ambiental e a preocupação com a
saúde humana, as organizações de todos os portes vêm de forma crescente atentando
para o potencial impacto de suas atividades, seja produtos ou serviços. O desempenho
nas questões ambientais organizacionais ganha peso maior no interesse das partes
interessadas.
Para o alcance de uma performance ambiental sólida, é necessário um com-
prometimento organizacional e a implantação de uma gestão sistêmica e da melhoria
continuada.

Figura 11 - Gestão sistêmica


Sistema de Gestão Integrada 89

! Importante

O objetivo geral da ISO 14000 é fornecer informações técnicas às


empresas para implantar e aprimorar seu Sistema de Gestão Am-
biental (SGA).

Isso significa dizer que a norma é coerente com o desenvolvimento sustentá-


vel e compatível com as diferentes estruturas culturais, sociais e organizacionais.
Um SGA organiza e dá consistência aos esforços empresariais sobre as ques-
tões do meio ambiente com a alocação de recursos, a escolha dos responsáveis, pela
criação de procedimentos e das auditorias dos processos. As diretrizes da norma
14000 propiciam ajuda prática para sua implementação ou aperfeiçoamento, e também
auxilia as empresas no processo efetivo do início ao aprimoramento do Sistema de
Gestão Ambiental. O sistema permite o aprimoramento da habilidade empresarial no
atendimento ao desempenho ambiental, assegurando a coerência com os requisitos
normativos nacionais e/ou internacionais. A ISO 14000, além das diretrizes e princípios
para o desenvolvimento do sistema de gestão ambiental, permite a compatibilidade
com outros sistemas de gestão, bem como a possibilidade de aplicação a qualquer orga-
nização, independentemente do porte, tipo ou estágio de maturidade, interessada em
desenvolver, implementar e/ou aprimorar um SGA.

Princípios e elementos de um Sistema de Gestão


Ambiental
 
O ciclo do Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) segue a visão básica
de uma organização que subscreve os seguintes princípios:

Uma organização deve focalizar no propósito daquilo que precisa ser feito
Princípio 1 para garantir um compromisso com o desenvolvimento do SGA e definir sua
política.
Princípio 2 Uma organização deve planejar o cumprimento da política ambiental.
Para uma efetiva implantação, a empresa deve preparar a capacidade das pesso-
Princípio 3
as para alcançar a sua política, objetivos e metas.
Princípio 4 Uma organização deve medir, monitorar e avaliar sua performance ambiental.

Uma organização deve rever continuamente o aperfeiçoamento do seu sistema


Princípio 5
de gestão ambiental, objetivando aprimorar sua performance ambiental geral.

Quadro 2 - Princípios e elementos de um SGA


Fonte: Fang (2001, p. 77)
90 Módulo 2

Com esses princípios em mente, o SGA propicia uma estrutura na organização


que permite o contínuo monitoramento e a renovação, visando a efetiva orientação
para as suas atividades ambientais. Para tanto, todos os membros da organização devem
ser responsáveis pela melhoria ambiental. Acompanhe a seguir o que a política ambien-
tal propõe para defender o meio ambiente.Vamos lá?

Aula 9
Política ambiental

Política ambiental é um documento em forma de declaração, expondo in-


tenções e princípios em relação ao desempenho ambiental, propondo ação e definição
de objetivos e metas ambientais. De certa forma, são ideias que visam a criar uma boa
imagem da organização e, ao mesmo tempo, defender o meio ambiente.
E no Brasil, há uma política ambiental? Sim, a política ambiental brasileira surgiu
ao longo das últimas quatro décadas, resultante da ação de movimentos sociais locais e
de cobranças internacionais. Do pós-guerra até 1972, ano da Conferência de Estocol-
mo, não existiam políticas para o meio ambiente, mas estas surgiram como resultado
das propostas feitas na capital sueca. Na pauta da conferência constaram temas sobre a
exploração dos recursos naturais, o desbravamento do território, as questões rurais e
sanitárias, além dos interesses econômicos internacionais.

? Qual é o objetivo da política ambiental?

O principal objetivo é a definição de princípios, instrumentos e diretrizes que


resultem em uma melhor conservação do meio ambiente.
Veja agora o quadro a seguir, que mostra uma das ações da política de âmbito
nacional sobre a proteção ambiental em áreas específicas.
Sistema de Gestão Integrada 91

Proteção integral Uso sustentável


Região/Estado
Área em hectares % Área em hectares %
Norte 3.650.216,80 0,94 16.336.378,85 4,22
Acre - - 48.404,07 0,32
Amapá 615   886.533,12 6,18
Amazonas 2.320.733,45 1,47 5.912.691,00 3,75
Pará 27.417,00 0,02 5.541.003,00 4,42
Tocantins 273.839,72 0,98 2.137.116,66 7,68
Roraima 1,63 0,00 - 0,00
Rondônia 1.027.610,00 4,31 1.810.631,00 7,59
Nordeste 625.352,15 0,40 6.734.104,74 4,32
Maranhão 548.312,00 1,65 4.256.750,62 12,79
Piauí 8 0,00 221.451 0,88
Ceará 3.927 0,03 50.283 0,34
Rio Grande do Norte 3.336 0,06 5.006 0,09
Paraíba 2.986 0,05 26.825 0,47
Pernambuco 6.878 0,07 72.950 0,74
Alagoas 1.266,15 0,05 159.807,12 5,72
Sergipe - - 54.413 2,47
Bahia 58.639,00 0,10 1.886.619,00 3,33
Sudeste 1.443.712,83 1,56 2.823.713,67 3,05
Minas Gerais 362.893,10 0,62 981.849,00 1,67
São Paulo 1.010.722,85 4,07 1.741.375,00 7,01
Rio de Janeiro 59.218,88 1,36 65.960,67 1,51
Espírito Santo 10.878,00 0,24 34.529,00 0,75
Sul 241.154,00 0,42 1.090.331,58 1,89
Rio Grande do Sul 60.276 0,21 152.355 0,54
Santa Catarina 107.899,00 1,14 1.004,67 0,01
Paraná 72.979,00 0,37 936.971,91 4,69
Centro-Oeste 985.868,28 0,61 1.142.548,00 0,71
Mato Grosso 709.075,28 0,78 771.040,00 0,85
Mato Grosso do Sul 181.610 0,51 76.228 0,21
Goiás 75.496 0,22 123.975 0,36
Distrito Federal 19.687 3,39 171.305 29,46
TOTAL 5.960.435,78 0,698 26.984.528,84 3,161
Quadro 3 - Unidades de conservação estaduais brasileiras
Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (2001)
92 Módulo 2

Políticas ambientais e as organizações não gover-


namentais

Cerqueira (2007, p. 407) afirma que as organizações não governamentais


(ONGs) são constituídas por organizações formadas no seio da sociedade civil, orga-
nizadas para o desenvolvimento de ações de interesse público. Somente por meio da
força da sociedade é que se pode obter avanços reais no papel de exigir a ação regu-
ladora do estado. A iniciativa privada cria as possibilidades por meio da ação de grupos
não governamentais, buscando apoio aos projetos de interesse social e coletivo. Com
o suporte da iniciativa privada, criam-se maiores possibilidades para a organização não
governamental sobreviver e atuar.
O Estado, como regulador, não deve depender somente de recursos públicos,
portanto a ONG deve buscar recursos na iniciativa privada para sua sobrevivência.
Não importa o caráter relevante do objetivo almejado, por mais expressiva que seja a
sua atuação, a longo prazo a ONG deve recorrer a um conselho formado por pesso-
as independentes, com real compromisso com a entidade e sua causa. Deve também
firmar sólidas alianças com empresas da iniciativa privada e, para apoio efetivo aos seus
projetos e programas, é necessária uma longa experiência na obtenção de recursos e
na promoção de eventos de marketing.
Na América do Norte, na Europa e mesmo no Brasil, existem muitas pessoas
bem-intencionadas e com muita vontade de promover mudanças efetivas para mudan-
ças positivas na qualidade ambiental do planeta. O que se pode observar, contudo, é
o fracasso de muitas organizações, que, sem o apoio da iniciativa privada, tiveram que
mudar os seus projetos ou mesmo encerrar as atividades da ONG.

A SOS Mata Atlântica se destaca entre as ONGs brasileiras devido


às sólidas parcerias que estabeleceu com o setor privado e pelo seu
expressivo número de afiliados.
Sistema de Gestão Integrada 93

A coordenadora da entidade, Márcia Makiko Hirota, faz uma análise com o


objetivo de comprovar a sua forte participação com a iniciativa privada, bem como a
sua importância no cenário das ONGs ambientalistas brasileiras e, mais especificamen-
te, destaca o resultado do sucesso de suas parcerias em atividades técnicas, científicas e
políticas em prol da sociedade.
Ela, como aluna de mestrado, tem como objetivo em sua dissertação estudar
o papel das ONGs, avaliando a eficácia das parcerias visando à obtenção de recursos.
Essa é uma tentativa de saber se a performance dessas organizações se deve ao seu
envolvimento com o setor privado. Para o estudo, foram escolhidas ONGs com exem-
plos que encaixam-se aos objetivos do trabalho, que utilizou as mais diversas fontes de
informação, avaliadas pela autora conforme a sua linha de pesquisa:
O papel das organizações não governamentais ambientalistas no campo da
gestão do meio ambiente em seus aspectos políticos, sociais e econômicos, bem como
sua orientação estratégica para o alcance de seus objetivos.

? Como captar recursos privados para uma ONG?


94 Módulo 2

Esse é o desafio de toda pessoa que trabalha captando recursos para ONGs.
O capital privado foge da ignorância, do analfabetismo, da pobreza, mas é atraído pelo
sucesso e pela excelência. Sucesso atrai sucesso.

Nesse sentido, a Fundação SOS Mata Atlântica se tornou um marco


no movimento ambientalista brasileiro, tornando-se factível e viável
para a atração do capital privado para a entidade.

A SOS, contando com cerca de 100 mil associados, viabilizou a geração de


lideranças na área ambiental, propiciando a fundação de outras ONGs quando sediou o
Fórum Global, na Rio-92.
A SOS, ainda hoje, é a entidade coordenadora da Rede de ONGs da Mata
Atlântica, atuando na articulação da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilate-
rais e do Fórum Social Mundial. Durante os seus 15 anos de atividades, a entidade criou
sólidas parcerias com o setor privado e desenvolveu projetos técnicos e científicos res-
peitados no Brasil e no exterior, se fortaleceu e se profissionalizou.Vale destacar que a
entidade vem cumprindo a sua missão de conservar a Mata Atlântica e, principalmente,
trazendo a conscientização da existência e importância desse bioma para os brasileiros.
Sendo o capital privado um covarde, fugitivo das políticas e das regiões sem incentivos
e sem apoio governamental, o trabalho de captação por meio da SOS há mais de uma
década teve muitos desafios.

Em um país com pouca ou quase nenhuma cultura filantrópica, é fá-


cil realizar campanhas de captação de recursos e apoio empresarial?
Sistema de Gestão Integrada 95

Não, não é nada fácil. Em um país com pouca ou quase nenhuma cultura filan-
trópica, torna-se difícil realizar campanhas de captação e de obtenção de efetivo apoio
empresarial.
O sucesso de qualquer ONG depende das parcerias feitas, bem como do seu
Plano Geral de Trabalho e das ferramentas utilizadas e muito, muito trabalho com os
seus mantenedores. Também depende de saber definir os possíveis doadores e estimu-
lá-los ao máximo para se envolverem com o trabalho – todos os participantes, desde o
boy ao presidente da empresa –, para se conseguir o sucesso. Nesse estudo de caso, a
SOS demonstra que se fortaleceu ao longo dos anos, provando com um trabalho sério
e fiel à sua missão, que conseguiu agregar valor à sua marca, firmando sólidas parcerias
com a iniciativa privada, governo e com a sociedade civil organizada.

! Importante

A SOS tornou-se um expoente entre as ONGs brasileiras, possuin-


do o maior potencial para seguir as recomendações sugeridas neste
trabalho.

As conclusões e recomendações produto desta pesquisa são oferecidas e dis-


ponibilizadas à comunidade empenhada na proteção e melhoria do nosso meio ambien-
te.
Você conheceu ou já visitou uma ONG? Não? É uma ótima experiência, quem
sabe você se interessa e participa, contribuindo assim para uma sociedade mais cons-
ciente e responsável. Em seguida, você vai adentrar no assunto da biodiversidade, e
será uma ótima oportunidade para agregar novos conhecimentos sobre um tema tão
discutido atualmente.
96 Módulo 2

Aula 10
Biodiversidade

Você já passou pelos mais variados assuntos relacionados ao meio ambiente.


Agora você irá conhecer biodiversidade. É diferente, não é? Mas não é complicado.
Fique tranquilo.Vamos começar?

? Mas o que é biodiversidade mesmo?

Biodiversidade, ou diversidade biológica, trata-se da diversidade da natu-


reza viva, ou seja, a variedade e a variabilidade entre os organismos vivos e as complexi-
dades ecológicas nas quais elas ocorrem. São as mais variadas formas de vidas existen-
tes no nosso planeta e a diferença entre indivíduos das mesmas espécies, como a cor
dos olhos, também a diversidade biológica como o número de espécies, bem como os
processos ecológicos relacionados à absorção de energia por espécies existentes em
algum local.

O Brasil é o país que tem a maior biodiversidade de flora e fauna do


planeta em suas regiões geográficas pouco conhecidas por cientistas
e pesquisadores.

Os números da biodiversidade brasileira aumentam na medida em que cresce


o conhecimento.
Sistema de Gestão Integrada 97

A biodiversidade brasileira

Segundo Rizzo (2008), quando o Brasil é citado “lá fora”, logo os estrangeiros
lembram-se do futebol, do carnaval e da Amazônia. Já se for falar em Amazônia, lem-
bram-se das matas, dos animais, dos rios, dos peixes e, claro, da biodiversidade. Para os
estudiosos, essa é a maior riqueza do Brasil.

! Importante

A Floresta Amazônica é, hoje, responsável pela maior riqueza natural


do mundo, com 5,5 milhões de metros quadrados, possuindo um
terço de toda a espécie viva no planeta.

No entanto, a exploração sustentável dessa riqueza não vem ocorrendo. Os


governantes deixam muito a desejar nessa área. Faltam políticas voltadas para a pesqui-
sa e para o desenvolvimento da região. O Brasil é um país que sempre sofreu e sofre
com a exploração indevida, impensada e insustentável. Os portugueses, no período do
Brasil Colônia, devastavam grandes áreas de matas e plantavam o que era conveniente
para aquele momento. Depois da República, os governos defendiam interesses da elite
dominante. A preservação dos recursos naturais nunca foi foco dos governantes.
98 Módulo 2

Os especialistas de plantão estão preocupados com tanta exploração indevida.


O mercado internacional atual tem aumentado a procura pela biodiversidade brasileira,
com o interesse em pesquisas e descobertas de plantas que possam principalmente
combater doenças. No entanto, a visão do governo é otimista e, para expor isso, o
artigo da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, denominado “Uma conferên-
cia pela vida”, publicado na Folha de São Paulo em fevereiro de 2006, apresentava um
cenário positivo para a Amazônia. “Considerando a conservação da biodiversidade, os
dados são animadores. Dá conta da criação, a partir de 2003, de 15 milhões de hectares
em unidades de conservação, somente na Amazônia, correspondendo a mais de 50% do
total de toda a história brasileira. Em outros biomas, como a Mata Atlântica, o Cerrado,
o Pantanal e a Caatinga, foram criados cerca de 700 mil hectares de áreas protegidas”.

Silva alerta:

“O Brasil perde cerca de 300 bilhões de dólares por ano com a


destruição da Amazônia, num ritmo acelerado de desmatamen-
tos e queimadas, graças à irresponsabilidade, ganância e incom-
petência dos governos. Se continuar esse modelo indevido de
exploração, ‘em menos de 10 anos, todas as plantas medicinais
existentes estarão extintas’. apenas 1 hectar da floresta pode
conter 300 espécies de árvores. A floresta temperada dos
Estados Unidos possui 13% do número de espécies de árvo-
res amazônicas. A Floresta Amazônica é considerada a grande
‘caixa-preta’ da biodiversidade mundial. As estimativas apontam
a existência de um número maior do que 10 milhões de espé-
cies vivas em toda a floresta, mas o número real é incalculável”.
Sistema de Gestão Integrada 99

Devemos considerar que a ação humana equivocada no nosso planeta atinge


todos os seres vivos existentes. Até mesmo o clima vem sofrendo grandes mudanças
alterando as estações do ano, que não são mais bem definidas como eram antigamente.

ATENÇÃO
Devemos nos posicionar tanto poli-
ticamente como tecnicamente para
proteger a vida natural e biológica
do planeta da ganância econômi-
ca do homem, que expõe a riscos a
existência de vários biomas naturais.

Esses biomas possuem uma imensa diversidade de espécies vegetais e animais


que, se preservados, podem ser úteis para a produção medicamentosa, podendo até
garantir a sobrevivência desse mesmo homem. Em suma, o que não podemos é deixar
a natureza ser explorada da forma como está! Você pode fazer a sua parte. Como?
Pesquisando, lendo mais sobre o assunto, avaliando sua postura em relação ao consumo
sustentável, melhorando sua qualidade de vida. Essas atitudes já podem ser um bom
começo, concorda?

+
Acesse o endereço

ÎÎ<http://www.mma.gov.br/conama> e conheça o Conselho


Saiba
Mais Nacional do Meio Ambiente.
100 Módulo 2

Colocando em prática

Que tal, agora, responder as questões a seguir? Aproveite este momento para
rever o conteúdo estudado e tornar sua aprendizagem significativa.

1. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira

( 1 ) Definição de CONAMA ( ) Normas e diretrizes para a gestão ambiental.

( 2 ) Rio ECO-92 ( ) Órgão com poderes para aplicar punições


quando necessário.

( 3 ) ISO 14000 ( ) Evento ambiental no Rio de Janeiro em 1992.

2. Sobre as definições, marque V ou F:

( ) Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pelo choque da relação


do homem com o meio ambiente, surgindo com a evolução humana no planeta.
( ) A legislação ambiental é composta por leis criadas para proteger especifi-
camente as florestas da região amazônica.
( ) Desenvolvimento sustentável é a atividade capaz de suprir as necessida-
des da geração atual, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
( ) A Agenda 21 é um instrumento de planejamento que ajuda na constru-
ção de meios sustentaveis, mas infelizmente com bases geográficas diferenciadas, e faz
a desarmonização entre os métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência
econômica.
( ) Biodiversidade é entendida como as mais variadas formas de vida existen-
tes no nosso planeta.
Sistema de Gestão Integrada 101

RELEMBRANDO

Neste módulo você aprendeu como o nosso meio ambiente é importante e


como o Sistema de Gestão Integrada precisa trabalhar em prol do correto andamento
dos processos nas empresas. No próximo módulo, você é convidado a compreender a
importância de preservar também a saúde do trabalhador.

Hora da pausa

Que tal colocar em práticas algumas dicas de preservação? Você também é


responsável pela conservação do nosso planeta.

1. Preserve a vegetação nativa. Não desmate! Não coloque fogo!


2. Não compre nem tenha animais silvestre em casa.
3. Não maltrate animais silvestres ou domésticos.
4. Separe o lixo em casa e no trabalho e coloque na rua no dia da coleta seletiva no
bairro.
5. Não jogue lixo no chão. Carregue-o até a lixeira mais próxima. Ensine às crianças
dando o exemplo.
6. Recicle ou reaprove tudo o que puder.
7. Reduza o consumo, especialmente do que não puder ser reaproveitado ou recicla-
do.
8. Não contribua com a poluição sonora e/ou visual.
9. Não desperdice água, esse é um dos recursos mais importantes e frágeis do plane-
ta. Feche torneiras, conserte vazamentos, não use mangueiras para lavar calçadas,
aproveite água de chuva.
10. Não desperdice energia elétrica: desligue aparelhos, verifique sobrecargas, apague as
luzes.
11. Ensine às crianças amor e respeito pela natureza.
12. Faça sua higiene e cuide da sua saúde!
13. Evite jogar materiais não degradáveis (plásticos ou outros) no ambiente.

Vamos fazer a nossa parte!


Sistema de Gestão Integrada 103

MÓDULO 3
Saúde e Segurança no Trabalho (SST)

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste módulo, você terá subsídios para:

ÎÎCompreender os principais aspecto s da segurança do trabalho e a sua importância


como uma ferramenta capaz de proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador e evitar prejuízos para as empresas.

Aulas

Acompanhe, neste módulo, o estudo das seguintes aulas:

ÎÎ AULA 1: A linha do tempo na segurança do trabalho

ÎÎ AULA 2: O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

ÎÎ AULA 3: Normas Regulamentadoras (NRs)

ÎÎ AULA 4: Estatísticas de acidentes

ÎÎ AULA 5: Higiene ocupacional

ÎÎ AULA 6: Programas de Saúde Segurança do Trabalho (SST)

ÎÎ AULA 7: Política de Saúde e Segurança do Trabalho (SST)

ÎÎ AULA 8: As Normas SA 8000 e BS 8800

ÎÎ AULA 9: O Sistema OHSAS – origem e aplicação

ÎÎ AULA 10: AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


104 Módulo 3

Para início de conversa

A segurança do trabalho visa melhorar as condições de trabalho com o objeti-


vo de prevenir acidentes e doenças ocupacionais e bem como contribuir com a melho-
ria da qualidade de vida no trabalha e evitar prejuízos para as empresas.
Este módulo visa proporcionar, a compreensão deste assunto realmente
importante que é a segurança no trabalho e repassar informações que proporcione a
prevenção de acidentes e doenças no trabalho na empresa ou na vida cotidiana. Certa-
mente, a partir deste estudo com o engajamento de todos, os resultados de prevenção
e melhoria não demorarão a aparecer.
Então, em frente que esse módulo será um show!

Aula 1
A linha do tempo na segurança do trabalho

Em um mundo cada dia mais afetado pelas novas tecnologias, a disseminação


de informação sobre a prevenção de acidentes e doenças do trabalho torna-se prioritá-
ria para a melhoria das condições de trabalho e a obtenção da qualidade nos ambientes
de trabalho.

A empresa que investe na educação para o trabalho bem feito e


seguro permite que haja cada vez mais trabalhadores e empresários
conscientes da importância da saúde e segurança.
Sistema de Gestão Integrada 105

Considerando que segurança do trabalho faz parte da responsabilidade social


empresarial, é indispensável que a organização empresarial se preocupe com a pro-
moção de iniciativas que possibilite a redução dos acidentes e suas consequências que
impactam as famílias e a sociedade.
Vários profissionais atuam na área de segurança nas empresas, sempre visando
ao bem-estar dos trabalhadores. São eles: engenheiro de segurança do trabalho, médico
do trabalho, técnico em segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar de
enfermagem do trabalho.
Vamos acompanhar um breve histórico da segurança do trabalho no mundo e
no Brasil?
Segundo Oliveira (2001, p. 56 e 57) a linha do tempo a seguir explica a evolu-
ção do assunto.
Hipócrates, em seus escritos que datam de quatro séculos antes de Cristo,
relatou a existência de moléstias entre mineiros e metalúrgicos.
Galeno, que no segundo século referenciou várias moléstias profissionais entre
trabalhadores das ilhas do Mediterrâneo.
Georgius Agrícola, em 1556, publicava o livro «De Re Metallica”, obra que dis-
cute as doenças comuns entre os mineiros, como a “asma dos mineiros”.
106 Módulo 3

1697 – foi elaborada a primeira monografia sobre as relações entre trabalho e


doença, de Paraselso. Em especial a relação da intoxicação por mercúrio e os principais
sintomas da doença profissional foram por ele assinalados.
1700 – publicada na Itália a obra “De Morbis Artificum Diatriba” (As doenças
dos trabalhadores), por Bernardino Ramazzini, médico cognominado o “Pai da Medicina
do Trabalho” pela realização dessa obra.
1760 a 1830 – aconteceu a Revolução Industrial na Inglaterra, se configu-
rando a organização das indústrias da forma como ocorre até hoje.

Nesse período eram recrutados para trabalhar nas empresas homens, mulhe-
res, crianças e idosos. Nessa mesma época, observou-se que as pessoas ficavam muito
doentes trabalhando.
1802 – foi publicada a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabeleceu
o limite de 12 horas diárias de trabalho e houve a proibição do trabalho noturno e a
introdução de medidas de higiene nas fábricas.
1830 – Robert Baker recomenda aos empregadores a contratação de um
médico para visitar as fábricas e verificar a influência do trabalho nas crianças.
1833 – foi publicada a “Lei das Fábricas”, que estabeleceu medidas de prote-
ção como:
ÎÎ inspeção nas fábricas;
ÎÎidade mínima de 9 anos para o trabalho;
ÎÎproibição do trabalho noturno aos menores de 18 anos;
ÎÎlimitação da jornada para 12 horas diárias de trabalho e 69 horas por semana.
Sistema de Gestão Integrada 107

1897 – o Ministério do Trabalho Britânico instituiu e passou a realizar ins-


peções nas fábricas, realizando exames periódicos de saúde do trabalhador, além de
propor o estudo das doenças profissionais, principalmente nas pequenas fábricas que
não dispunham de serviço médico próprio.
1919 – foi fundada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com
o objetivo de estudar, desenvolver e difundir as recomendações das formas de relações
do trabalho.

Essa organização, desde então, se tornou um referencial nos assuntos de Segu-


rança e Saúde do Trabalhador.

! Importante

Nessa mesma época surgiu simultaneamente em outros países euro-


peus e nos Estados Unidos uma legislação em defesa do trabalhador.
Começa uma era de proteção para trabalhadores de diversas indús-
trias, criando assim melhores condições de trabalho para todos os
seus operários.
108 Módulo 3

História da segurança do trabalho no Brasil

Nessa data foi publicado o decreto 16.027, criando o Conselho Nacional do Traba-
1923
lho, iniciando a adoção de medidas para proteger os trabalhadores.

Foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), iniciando uma nova era para
1943 os trabalhadores brasileiros. Considerado como o marco inicial na organização do
trabalho e na prevenção de doenças e acidentes do trabalho no Brasil.

O Ministério do Trabalho tornou obrigatório o serviço de medicina do trabalho e a


1972
engenharia de segurança nas empresas.

Foi publicada uma portaria estabelecendo as Normas Regulamentadoras (NRs),


consideradas tão importante como a CLT, pois essas normas em conjunto são
1978
aliadas dos profissionais da área de segurança e saúde no trabalho, que lutam por
condições mais dignas para todos os trabalhadores.

Quadro 4 - História da seguranã do trabalho no Brasil

Como você viu, a segurança do trabalho já existe há muito tempo em outros


países, sendo que no Brasil os debates sobre o tema surgiram bem depois. Na próxi-
ma aula você estudará a importância da segurança para a prevenção de acidentes no
trabalho.

Aula 2
O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Na aula anterior você conheceu a história da segurança do trabalho no mun-


do e no Brasil. A partir de agora você estudará sobre a Organização Internacional do
Trabalho (OIT).
Devemos sempre lembrar que por trás de qualquer instrumento de trabalho
está o homem, construindo a riqueza de uma nação. Então, para avaliar a importância
da segurança do trabalho, pode-se pensar que, enquanto uma indústria automobilísti-
ca é capaz de produzir 1.000 automóveis em um só dia, ela necessita de pessoas que
levam 20 anos, no mínimo, para serem formadas. E essa mesma indústria não produz
esses veículos sem a contribuição do trabalho humano.
Sistema de Gestão Integrada 109

História da OIT

Você já viu anteriormente que OIT, é a sigla para a Organização Internacio-


nal do Trabalho. Foi criada pela Conferência de Paz das Nações Unidas logo depois da
Primeira Guerra Mundial. Essa conferência converteu-se na Parte XIII do Tratado de
Versalhes. Com a grande depressão provocada pela Segunda Guerra Mundial, a OIT,
baseando-se na “Declaração da Filadélfia”, criou a “Carta das Nações Unidas” e a De-
claração Universal dos Direitos Humanos (OLIVEIRA, 2001, p. 56).
Em 1969, no seu 50º aniversário, a Organização recebeu o Prêmio Nobel da
Paz. Na solenidade de entrega, o presidente do Comitê do Prêmio disse em seu dis-
curso que a OIT tratava-se de “uma das raras criações institucionais das quais a raça
humana pode se orgulhar”.

? E o que dizem os documentos publicados pela OIT para os seus


países-membros?

Os documentos publicados pela OIT para os seus países-membros reafirmam


a obrigação destes em respeitar, promover e aplicar os princípios refletidos nas con-
venções fundamentais realizadas pela entidade, mesmo não ratificadas pelos Estados
membros.
110 Módulo 3

! Importante

Desde 1999, a OIT trabalha para manter seus valores e objetivos


visando à criação de uma agenda social para a continuidade do pro-
cesso de equilíbrio frente à globalização, com eficiência econômica e
equidade social.

Fundamentos

A OIT funda-se no princípio de que a paz universal e permanente só podem


ocorrer com a justiça social. Com importantes conquistas sociais na sociedade in-
dustrial, a OIT se constitui internacionalmente a possibilidade de abordagem dessas
questões na busca de soluções para a melhoria das condições de trabalho nos países-
-membros em todo o mundo.

NOTA

“... se alguma nação não adotar condições humanas de trabalho, essa omissão
constitui um obstáculo aos esforços de outras nações que desejam melhorar as
condições dos trabalhadores em seus próprios países.”

Constituição da OIT

Estrutura

A OIT é um importante órgão ligado às Nações Unidas que conta com uma
estrutura tripartite, onde participam as representações dos governos, dos empregado-
res e dos trabalhadores nas suas atividades em igualdade de condições.

? E como é dirigida a OIT?


Sistema de Gestão Integrada 111

Dirigida pelo Conselho Administrativo, a OIT promove reuniões três vezes


por ano na sua sede na cidade de Genebra, na Suíça. Esse conselho é responsável pela
elaboração e acompanhamento das políticas e programas desenvolvidos pela organiza-
ção, também pela eleição da Diretoria Geral e pela elaboração do orçamento do biênio.
Anualmente, no mês de junho, ocorre uma conferência de âmbito internacional, consti-
tuindo um fórum permanente onde são discutidos os mais diversos temas do trabalho:
O Secretariado, que fica no escritório central da OIT, é um órgão permanente
que sedia as operações e a maioria das atividades relacionadas com a administração, a
pesquisa, estudos e publicações, e também as reuniões tripartites setoriais das comis-
sões e dos comitês.
A estrutura da OIT é constituída por 31 escritórios regionais em vários paí-
ses, incluindo o escritório do Brasil, contando também com 11 correspondentes que
colaboram com as atividades planejadas, como os programas, projetos e as atividades
técnicas em cooperação com os órgãos prevencionistas dos vários países-membros.

a oit no Brasil

O escritório da OIT no Brasil atua conforme as orientações estratégicas da


organização, nas atividades próprias e em cooperação com o escritório de Lima, no
Peru, ligados ao escritório central de Genebra.
Esse escritório cria, implementa e desenvolve projetos e atividades de coope-
ração técnica no território brasileiro. As atividades desenvolvidas visam ao aperfeiço-
amento das normas e das relações trabalhistas e também a elaboração de políticas de
emprego, formação profissional e de proteção social.
112 Módulo 3

No contexto de promoção do Trabalho Decente, a OIT Brasil oferece


cooperação técnica aos programas prioritários de cunho social do governo brasileiro.
Alguns desses programas são o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo,
o Programa Fome Zero e o Primeiro Emprego. Também há programas em parceria com
entidades não governamentais, que são:
ÎÎerradicação do trabalho infantil;
ÎÎcombate à exploração sexual de menores;
ÎÎpromoção de igualdade de gênero e de raça visando ao combate à pobreza;
ÎÎgeração de empregos;
ÎÎfortalecimento do diálogo social;
ÎÎproteção social.

Você viu nesta aula como é importante a Organização Internacional do Traba-


lho para a conquista do trabalho decente no mundo.
Na próxima aula você conhecerá as normas de segurança e saúde no trabalho,
vamos em frente!

Aula 3
Normas Regulamentadoras (NRs)

Você já deve ter ouvido falar das normas regulamentadoras, certo?


Pois é, são essas normas que complementam o artigo 200 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) e que propõem que as empresas ofereçam ambientes com
melhores condições de trabalho para os seus funcionários.
Nesta aula você estudará as 33 normas regulamentadoras e verá o quanto são
importantes para a saúde dos trabalhadores e para um ambiente equilibrado dos locais
de trabalho.
Aproveite para explorar todas as informações disponíveis aqui.
A PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO Nº 3.214, DE
8 DE JUNHO DE 1978 aprovou as Normas Regulamentadoras, no Capítulo V, Título II
da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.
Segundo Cerqueira (2007, p. 152), a publicação diz que o Ministro de Estado
do Trabalho, no uso de suas atribuições e conforme o artigo 200 da Consolidação das
Leis do Trabalho e a redação da Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, no seu arti-
go primeiro, aprova as Normas Regulamentadoras da Consolidação das Leis do Traba-
lho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, conforme segue:
Sistema de Gestão Integrada 113

NR 1 – Disposições Gerais

Estabelece competências relativas às Normas Regulamentado-


ras no âmbito dos órgãos governamentais, define os principais
termos usados nas normas e estabelece as obrigações gerais
do empregador e do empregado.

NR 2 – Inspeção Prévia

Estabelece os procedimentos para se iniciar as atividades de


qualquer estabelecimento, visando a obter do órgão regional
do Ministério do Trabalho e Emprego a aprovação de suas ins-
talações e o certificado de aprovação de instalações.

NR 3 – Embargo ou Interdição

Estabelece para a organização que apresente grave e iminente


risco aos trabalhadores a possibilidade de interdição do setor
de serviço, da máquina ou equipamento, bem como o embargo
da obra, sem as providências adotadas para a prevenção de
acidentes de doenças do trabalho.

NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Se-


gurança e em Medicina do Trabalho

Para o dimensionamento das empresas sobre a obrigatoria-


mente de manter o Serviço Especializado em Engenharia de Se-
gurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promo-
ver a saúde e proteger a integridade do trabalhador. O serviço
será composto, quando for o caso, pelos seguintes profissionais:
ÎÎengenheiro do trabalho;
ÎÎmédico do trabalho;
ÎÎenfermeiro do trabalho;
ÎÎtécnico em segurança do trabalho;
ÎÎauxiliar de enfermagem do trabalho.
114 Módulo 3

NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Tem o objetivo de prevenir acidentes e doenças decorrentes


do trabalho, de modo a tornar compatível e de forma perma-
nente a promoção da saúde do trabalhador nos ambientes de
trabalho.

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Considera-se Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo


dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalha-
dor, destinado à sua proteção aos riscos suscetíveis de ameaçar
a segurança e a saúde no trabalho.

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-


cional (PCMSO)

Tem o objetivo de promoção e preservação da saúde do con-


junto dos trabalhadores. O PCMSO organiza a realização de
exames admissionais, periódicos, complementares, demissionais,
de retorno ao trabalho e mudança de função.

NR 8 – Edificações

Estabelece os requisitos técnicos mínimos para as edificações,


visando a garantir o conforto e segurança aos que nelas traba-
lham.
Sistema de Gestão Integrada 115

NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


(PPRA)

Visa a preservação da saúde e da integridade dos trabalhado-


res, com a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle
de riscos existentes ou que venham a existir no ambiente de
trabalho, levando em conta ainda a proteção do meio ambiente
e dos recursos naturais.

NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Ele-


tricidade

Estabelece os requisitos e condições mínimas, objetivando a


implementação de sistemas de prevenção e medidas de contro-
le, para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que
interajam em instalações e sistemas elétricos e serviços com
eletricidade de forma direta ou indireta.

NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e


Manuseio de Materiais

Estabelece os requisitos de segurança para operar elevadores


e guindastes, equipamentos de transporte industrial e máquinas
transportadoras. Estabelece ainda medidas de segurança no
transporte e empilhamento de sacas e na armazenagem.

NR 12 – Máquinas e Equipamentos

Estabelece os requisitos mínimos de segurança do trabalho


para instalações e áreas de trabalho, máquinas e equipamentos,
importação, venda e locação.

NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão

Estabelece os requisitos de segurança relativos à instalação,


documentação, funcionamento, manutenção, atividades de
inspeção e treinamento para operação de caldeiras e vasos sob
pressão.

NR 14 – Fornos

Estabelece os requisitos mínimos necessários para a constru-


ção e funcionamento de fornos.

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres

Define limites de tolerância e as atividades consideradas insalu-


bres e os graus de insalubridade relacionada em 14 anexos:
116 Módulo 3

Anexo nº 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou


intermitente

Anexo nº 2 – Limites de tolerância para ruídos de impacto

Anexo nº 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor

Anexo nº 4 – (Revogado)

Anexo nº 5 – Radiações ionizantes

Anexo nº 6 – Trabalho sob condições hiperbáricas

Anexo nº 7 – Radiações não ionizantes

Anexo nº 8 – Vibrações

Anexo nº 9 – Frio

Anexo nº 10 – Umidade

Anexo nº 11 – Agentes químicos cuja insalubridade é caracteri-


zada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho

Anexo nº 12 – Limites de tolerância para poeiras minerais

Anexo nº 13 – Agentes químicos

Anexo nº 13 A – Benzeno

Anexo nº 14 – Agentes biológicos

NR 16 – Atividades e Operações Perigosas

Estabelece as atividades e operações perigosas assim como


áreas de risco para fins de pagamento do adicional de pericu-
losidade aos trabalhadores em situações relacionadas com os
seus anexos:

Anexo nº 1 – Atividades e operações perigosas com explosivos

Anexo nº 2 – Atividades e operações perigosas com inflamáveis

Anexo nº 3 – Atividades perigosas com radiações ionizantes ou


substâncias radiotivas.

NR 17 – Ergonomia

Estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condi-


ções de trabalho às características psicofisiológicas dos traba-
lhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente.
Sistema de Gestão Integrada 117

NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na


Indústria da Construção

Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento


e de organização, que objetivam a implementação de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho
na indústria da construção.

NR 19 – Explosivos

Define e classifica os explosivos e normas de segurança para o


manuseio e transporte. Estabelece os requisitos para a constru-
ção de depósitos de explosivos.

NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

Define e classifica líquidos combustíveis e estabelece normas


de segurança para a armazenagem desses produtos, inclusive
para os gases liquefeitos.

NR 21 – Trabalhos a Céu Aberto

Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhado-


res contra a insolação, calor, frio, umidade e ventos inconve-
nientes.

NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

Objetiva disciplinar os preceitos a serem observados na organi-


zação do trabalho, de forma a tornar compatível o planejamen-
to e o desenvolvimento da atividade da mineração, buscando
permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores.

NR 23 – Proteção Contra Incêndios

Estabelece as necessidades que as empresas devem possuir


para proteção contra incêndios e planejar rotas de fuga e/ou
saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal. No caso de
incêndio, dispor de equipamento suficiente para combater o
fogo em seu início e manter pessoas treinadas no uso correto
desses equipamentos.

NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais


de Trabalho

Estabelece parâmetros a serem observados nos locais de


trabalho relativos às instalações sanitárias, vestiários, refeitórios,
cozinhas, alojamento e dá outros dispositivos pertinentes à
norma.
118 Módulo 3

NR 25 – Resíduos Industriais

Estabelece critérios para a eliminação de resíduos industriais


sólidos, líquidos e gasosos no ambiente.

NR 26 – Sinalização de Segurança

Determina as cores a serem utilizadas nos locais de trabalho,


visando a prevenção de acidentes, a identificação dos equipa-
mentos de segurança, a delimitação de áreas, a identificação
das canalizações de líquidos e gases empregados nas indústrias,
advertindo contra riscos.

NR 27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança


do Trabalho

REVOGADA pela PORTARIA n.º 262, de 29 de maio de 2005,


DOU de 30/05/2008.

NR 28 – Fiscalização e Penalidades

Fiscaliza o cumprimento das disposições legais sobre segurança


e saúde do trabalhador pelo agente da inspeção do trabalho,
ao lavrar auto de infração pelo descumprimento das Normas
Regulamentadoras.

NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

Regula a proteção contra acidentes e doenças profissionais, os


primeiros socorros a acidentados e as condições de segurança
e saúde aos trabalhadores portuários.

NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

Objetiva regulamentar as condições de segurança e saúde dos


trabalhadores aquaviários.

NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,


Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura.

Objetiva estabelecer a organização do trabalho e torná-lo


compatível com o planejamento e o desenvolvimento das ativi-
dades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e
aquicultura, relativas à segurança e à saúde no trabalho.

NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços


de Saúde

Estabelece as diretrizes para as medidas de proteção dos traba-


lhadores nos serviços de saúde e nas atividades de promoção e
assistência à saúde em geral.
Sistema de Gestão Integrada 119

NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços


Confinados

Estabelece os requisitos para trabalhos em espaços confinados,


com a identificação, o reconhecimento, a avaliação, o monitora-
mento e o controle dos riscos, de forma a garantir permanen-
temente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem
direta ou indiretamente nesses espaços.

ATENÇÃO

Estão em discussão as normas: NR


34 – Trabalho na Indústria Naval, a NR
35 – Gestão da Segurança do Traba-
lho e a NR 36 – Trabalho em Alturas.

Você pôde conferir nesta aula os objetivos de cada uma das normas e a im-
portância destas para a aplicação da segurança no mundo do trabalho.
Estaremos esperando você na próxima aula, onde veremos um pouco sobre as
estatísticas de acidentes e doenças ocupacionais. Até lá!

Aula 4
Estatísticas de acidentes

A partir de agora você é convidado a conhecer como são feitas as estatísticas


de acidentes no trabalho. Não, não se preocupe que você não terá de estudar mate-
mática. Mas você irá entender como os acidentes são informados e medidos no país e,
assim, qual o melhor meio para prevenir acidentes nos locais de trabalho.
Então vá em frente que esta aula é muito interessante.
120 Módulo 3

Estatísticas de acidentes e doenças ocupacionais

Os dados estatísticos do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS),


informados por meio da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), indicam a situ-
ação dos acidentes e doenças do trabalho. Esses dados não refletem o todo por não
incluírem os funcionários do serviço público e nem os que trabalham na informalidade,
mesmo assim representa uma amostragem importante da situação ocupacional brasilei-
ra, por se tratar de milhões de trabalhadores.

Segundo Oliveira (2001, p. 76), o artigo 19 da Lei 8.213, de 24


de julho de 1991, diz que “acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço de uma empresa, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter
temporário ou permanente”.

Pode causar desde um simples afastamento, a perda da capacidade para o tra-


balho ou até mesmo a morte do segurado. A incapacidade para o trabalho decorrente
dos riscos ambientais do trabalho gera o pagamento de benefícios ao empregado, ao
trabalhador avulso e ao segurado especial no exercício de suas atividades.
Sistema de Gestão Integrada 121

Também são considerados como acidentes do trabalho:

ÎÎo acidente ocorrido no trajeto da casa para o trabalho;


ÎÎdoença profissional decorrente do trabalho exercido de forma peculiar a determi-
nada atividade;
ÎÎdoença do trabalho adquirida em condições especiais em que o trabalho é realizado.

ATENÇÃO
Para que o acidente ou a doença seja con-
siderado como acidente do trabalho, deve
ser caracterizado pela perícia médica do
INSS, que procederá ao nexo da causa
entre o acidente e a lesão, a doença e o
trabalho, bem como a causa da morte e o
acidente.

Na conclusão da perícia médica, o médico perito emite documento conclu-


sivo pelo retorno ao trabalho ou afastamento. Comparando com as últimas décadas,
os acidentes do trabalho tiveram redução nas décadas de 1980 e 1990, mas voltaram a
subir na atual década. Importante lembrar que o aparente crescimento é relativo e de
difícil mensuração, podendo indicar também melhor precisão na forma de apropriação
das informações/notificações. As estatísticas apresentadas a seguir informam dados
pela média do país por óbitos, por partes do corpo atingidas, pela idade do trabalhador,
década e pela região do país.

Tabela 2 - Acidentes do trabalho ocorridos nos últimos 36 anos no Brasil

Média de acidentes por décadas em 36 anos


Média dos anos 1970: 1.575.566
Média dos anos 1980: 1.118.071
Média dos anos 1990: 470.210
Média dos anos 2000: 486.785
Média geral: 923.578
Fonte: Anuário Brasileiro da Revista Proteção (2010, p. 3)
122 Módulo 3

Como se pode ver, o número de acidentes no país vem decrescendo, mas


ainda é muito alto para as tecnologias e avanços conquistados. É preciso um grande
esforço para a melhoria das condições dos locais de trabalho, para a redução desses
números para patamares aceitáveis.
O trabalhador desperta cedo para não perder a hora, despede-se da esposa
e filhos e parte para a lida. O esforço tem recompensa: um salário. O problema é que
nem todos conseguem alcançar o final do mês para usufruir do ordenado. A cada ano,
milhões de famílias têm seu ritual diário de despedida quebrado e o pior: muitos deles
para sempre.

Tabela 3 - Acidentes fatais ocorridos nos últimos 36 anos no Brasil

Total de óbitos por décadas em 36 anos


Média dos anos 1970: 3.604
Média dos anos 1980: 4.672
Média dos anos 1990: 3.925
Média dos anos 2000: 2.833
Média geral: 3.782
Fonte: Anuário Brasileiro da Revista Proteção (2010, p. 3)

Conforme estimativa da OIT, cerca de 2 milhões de pessoas morrem durante


o exercício da profissão anualmente em todo o mundo.
Quedas, amputações, queimaduras e esmagamentos são ameaças que atormen-
tam trabalhadores.

Tabela 4 - Partes do corpo mais afetadas pelos acidentes do trabalho no Brasil

Partes do corpo mais afetadas – Ano 2008


Membros inferiores 103.115
Cabeça e pescoço 32.447
Membros superiores 270.965
Tórax e quadril 80.602
Articulações e tecido conjuntivo 73.502
Traumas, estresse, transtornos 186.891
Total 747.663
Fonte: Anuário Brasileiro da Revista Proteção (2010, p. 3)
Sistema de Gestão Integrada 123

Tabela 5 - Registro dos acidentes por idade

Acidentes registrados por idade


Até 19 anos 26.106
20 a 24 anos 123.814
25 a 29 anos 139.757
35 a 39 anos 97.507
40 a 44 anos 85.914
45 a 49 anos 69.465
50 a 54 anos 50.177
Total 592.740
Fonte: Anuário Brasileiro da Revista Proteção (2010, p. 3)

No Brasil, a cada três horas um trabalhador perde a vida no trabalho inseguro.


Esse cenário não é nada animador frente aos dados de acidentes com e sem mortes. As
empresas e entidades prevencionistas firmam convênios e realizam empreendimentos
visando a difundir os conceitos da prevenção de acidentes e doenças, mas é preciso,
acima de tudo, maiores esforços concentrados para que a cultura empresarial e laboral
seja mudada para a melhoria das condições de trabalho no Brasil.
É importante salientar que a prevenção de acidentes do trabalho é um assunto
de interesse de todos, do trabalhador, que negocia sua força de trabalho e não a sua
saúde, e da empresa, para a rentabilidade e a produtividade do seu negócio, que depen-
dem de trabalhadores sadios. Também é interesse do governo, que tem pelo menos 4%
do Produto Interno Bruto (PIB) absorvido pelos acidentes do trabalho.

! Importante

A segurança do trabalho depende de todos e cabe aos trabalhadores


e empregadores melhorarem juntos as condições de trabalho para
que cada um faça a sua parte e diminuam os alarmantes índices de
acidentes nos ambientes laborais.
124 Módulo 3

Espero que você tenha entendido o quanto é importante medir a quantidade


de acidentes que ocorrem no país e o porque de tantas estatísticas. Existe uma máxima
no meio empresarial de que “não se pode gerenciar o que não pode ser medido”.
Para continuar explorando o tema, você é convidado a estudar higiene ocupa-
cional. Aproveite o assunto para agregar novos conhecimentos.

Aula 5
Higiene ocupacional

Você irá estudar agora um pouco sobre higiene ocupacional, ou do trabalho,


que é uma parte muito sensível da segurança do trabalho.
Esse assunto é muito interessante!

? Você já ouviu falar em higiene ocupacional?


Sistema de Gestão Integrada 125

A higiene ocupacional, do trabalho ou industrial, é um campo de estudos das


condições de trabalho e da prevenção das doenças que possam ser adquiridas por eles.
O termo higiene ocupacional é o preferido pelos especialistas para caracterizar o cam-
po de atuação desse conhecimento.

Seu campo de atuação cresce a cada dia, tornando-se necessário estudar e es-
tar atualizado em com outras ciências, como medicina, segurança, ergonomia, sociologia,
entre outras.
Segundo Saliba (2009, p. 143), a higiene ocupacional é considerada uma ciência
porque está baseada em fatos que podem ser analisados e comprovados, por método
científico, por meio da física, química, bioquímica, toxicologia, engenharia e saúde públi-
ca. Deve se levar em conta também a individualidade de cada trabalhador e as caracte-
rísticas da atividade e do local de trabalho.

ATENÇÃO

As ações da higiene ocupacional são


de caráter preventivo e se fundamen-
tam na prevenção de riscos a que os
trabalhadores possam estar expostos.
126 Módulo 3

A American Industrial Hygiene Association (AIHA) e a American Conference of


Governamental Industrial Hygienist (ACGIH) definem que a higiene ocupacional trata da
antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle dos riscos originados nos
ambientes laborais e que possam ser prejudiciais à saúde e ao bem-estar dos trabalha-
dores, tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambien-
te.

De acordo com Faria Junior (1991), a Organização Mundial da


Saúde define saúde como “[...] um estado de completo bem-es-
tar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Levando- se em conta que o homem é um ser que se distingue
não somente por suas atividades físicas, mas também por seus
atributos mentais, espirituais e morais e por sua adaptação ao
meio em que vive”.

Para atingir objetivos de manutenção da saúde, a classe trabalhadora trava uma


constante batalha com o intuito de manter o ambiente saudável pra se trabalhar com
plena tranquilidade, sem sofrer nenhum tipo de risco e problemas durante a sua vida.

A higiene ocupacional e o trabalhador

Os profissionais da higiene e da saúde ocupacional trabalham de forma inte-


grada na busca do controle dos agentes e fatores de risco ocupacionais nos ambientes
de trabalho e na redução dos impactos à saúde que esses possam causar.

? Existe alguma ferramenta para controlar os riscos ocupacionais?

Sim, há ferramentas de trabalho utilizadas nesse controle como o mapa de


riscos, o Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais (PPRA) e o Programa de
Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), que são elaborados por profissionais
capacitados, capazes reconhecer, avaliar e controlar esses agentes de riscos.
Para facilitar o entendimento, veja que esses agentes de riscos ocupacionais
são divididos em cinco grupos:
a )  agentes físicos (ruídos, temperaturas, vibrações, radiações por vários tipos de
ondas físicas e eletromagnéticas, exposição solar);
b )  agentes químicos (poeiras, gases e vapores);
c )  agentes biológicos (microrganismos patológicos);
Sistema de Gestão Integrada 127

d )  fatores ergonômicos (condições que submetem o trabalhador a esforços físicos


intensos ou a pressões psicológicas);
e )  riscos de acidentes (situações que expõem os trabalhadores a lesões ou aciden-
tes fatais, relativas aos local de trabalho, como: pisos irregulares, instalações elétricas,
máquinas desprotegidas, falta de capacitação etc.).

A equipe técnica de engenharia de segurança e higiene ocupacional identifica


e monitora esses agentes com equipamentos especiais, medindo suas intensidades ou
concentrações. A equipe de medicina do trabalho, com esses levantamentos e pela fun-
ção exercida, efetua o controle da saúde dos trabalhadores. Esse controle é primordial
para a redução das estatísticas já vistas, que são resultantes da falta de controle e que
acabam impactando na Previdência Social, seja com as aposentadorias precoces, seja
pelo pagamento de pensões aos familiares das vítimas com acidentes incapacitantes ou
fatais.

A higiene industrial e a comunidade

A higiene mais voltada para a indústria estabelece um direcionamento para


prevenir riscos à saúde e ao bem-estar não só dos trabalhadores, mas a um possível im-
pacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. Segundo Cerqueira (2007, p. 382),
essa visão se amplificou depois da ocorrência de grandes desastres industriais com
grande degradação do ambiental e que causaram consequências à saúde em decorrên-
cia da exposição aos riscos existentes.Veja alguns exemplos:
128 Módulo 3

Poluição em Minamata

Em 1956, pescadores dessa baía japonesa apresentaram uma doença denomi-


nada Mal de Minamata, que causava paralisias e podia matar. Logo ficou claro que os
casos surgiram porque uma indústria de fertilizantes, a Chisso Corporation, lançou no
oceano, durante 40 anos, 27 toneladas de mercúrio, contaminando peixes e frutos do
mar. Por ter provocado a morte de centenas de pessoas, a região só foi declarada livre
de mercúrio em 1997, quando foram retiradas as redes que cercavam os peixes para
não nadarem para outras águas.

Vazamento em Bhopal

Na madrugada de 3 de dezembro de 1984 vazaram 45 toneladas de gases


tóxicos de um tanque da fábrica de agrotóxicos da Union Carbide, instalada na cidade de
Bhopal, na Índia. Duas mil e quinhentas pessoas morreram por meio do contato com
substâncias letais. Outras 150 mil sofreram com queimaduras que atingiram os olhos
e o sistema respiratório. São constantes os protestos para a retirada dos resíduos da
área. Até hoje, o solo e a água estão contaminados por metais pesados e cancerígenos
derivados do cloro.

Césio em Goiânia

O acidente radiológico de Goiânia foi um grave caso de contaminação radio-


ativa provocada por um equipamento de radioterapias furtado das instalações de um
hospital desativado, na área central da cidade de Goiânia. Em 13 de setembro de 1987,
o instrumento roubado foi desmontado e as partes distribuídas para terceiros, espa-
lhando contaminação que afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas.
Percebeu como é importante controlar os riscos?Esses são alguns exemplos
da vasta lista de graves acidentes acontecidos no mundo e que não deveriam ter ocor-
rido. Por isso, a higiene ocupacional tende a ser reconhecida como ciência, para que se
fortaleça e aperfeiçoe seus métodos, trabalhando em prol de uma sociedade ambiental-
mente segura, mais humana para trabalhadores e suas famílias, sem riscos à saúde.
Com o assunto desta aula você aprendeu como é importante prevenir riscos
de danos à saúde nas empresas e para a sociedade, propiciando uma vida saudável. A
seguir você conhecerá os programas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).Vamos
saber o que significa e qual a grande importância desses programas.
Sistema de Gestão Integrada 129

Aula 6
Programas de Saúde Segurança do Trabalho (SST)

Para conhecer em detalhes os programas de Saúde Segurança do Trabalho é


só acompanhar nossa aula, que começa agora.
Vamos lá!
De acordo com Saliba (2009, p. 315), a OIT destaca que as necessidades de
segurança do trabalho são particularmente acentuadas nos países em desenvolvimento
e nos recém-industrializados, tal como o Brasil. Nos países em desenvolvimento vivem
mais de 80% dos trabalhadores do mundo. Em países recentemente industrializados,
como o Brasil, muitos homens, mulheres e jovens trabalham em condições precárias
e perigosas. Nas regiões brasileiras mais pobres, a sobrevivência de toda a família do
trabalhador depende de seu trabalho.

Tradicionalmente, as despesas com prevenção em segurança no trabalho são


encaradas pela maioria das organizações brasileiras como um custo adicional, não
podendo ser escolhido como objetivo prioritário. Por esse motivo, muitas empresas
implementam ações mínimas para assegurar apenas o cumprimento da legislação, sem o
real comprometimento na implementação de políticas efetivas de prevenção e práticas
em Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
130 Módulo 3

? Mas não há nenhuma perspectiva para mudar essa situação?

Sim, essa atitude em relação à SST felizmente está gradualmente mudando en-
tre as empresas mais bem informadas e abertas, sendo substituída pelo entendimento
de que a saúde, a segurança e o bem estar dos trabalhadores são componentes que fa-
zem parte da responsabilidade social, podendo melhorar a produtividade e o equilíbrio
econômico-financeiro. Muitas indústrias ainda não perceberam os verdadeiros benefí-
cios para um melhor desempenho em SST e como chegar a esses padrões, portanto,
necessitam do apoio e orientação de instituições prevencionistas, como:
ÎÎFundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDA-
CENTRO);
ÎÎAssociação Brasileira para Prevenção de Acidentes (ABPA);
ÎÎ Serviço Social da Indústria (SESI).

! Importante

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Ministério do Traba-


lho e Emprego (MTE) e o Ministério da Saúde estão entre as insti-
tuições brasileiras comprometidas com a segurança do trabalho e
reconhecem a importância de estabelecer padrões de segurança e
saúde ocupacional.

Esses padrões devem ser praticados de forma efetiva e existindo uma lacuna
na disponibilidade de recurso humano necessário para melhorar as práticas de SST
em todos os setores produtivos, especialmente entre as pequenas e médias empresas
(PMEs) do setor industrial.

? E como o SESI colabora na saúde e segurança dos trabalhadores?


Sistema de Gestão Integrada 131

O SESI é uma instituição brasileira mantida pela indústria que objetiva oferecer
serviços e programas sociais, com a responsabilidade de trabalhar junto ao setor indus-
trial. O SESI visa especialmente a uma maior atenção para as empresas que apresentam
maiores carências nessa área, buscando alcançar as metas estabelecidas pelo MTE e a
melhoria geral das práticas de SST em todo o país.
O assunto é bem interessante, certo? Acompanhe o que estabelece o Ministé-
rio do Trabalho.
Ministério do Trabalho e Emprego e a legislação obrigatória:
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabeleceu vários programas em
Segurança e Saúde no Trabalho (SST) de cumprimento obrigatório, com o objetivo de
reduzir os acidentes e as doenças relacionadas ao trabalho, dentre eles:
ÎÎO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO, NR 7);
ÎÎO Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA, NR 9);
ÎÎO Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Constru-
ção (PCMAT, NR 18);
ÎÎO Programa de Gestão de Riscos (PGR, NR 22) para o trabalho em mineração.

Essas regulamentações e esses programas obrigatórios fornecem um contexto


regulamentar para a política e a prática em SST na indústria brasileira que, por vários
motivos, não produziram os resultados desejados.

Como acontece em todo o mundo, as mulheres brasileiras participam cada vez


mais da força de trabalho em setores que incluem agricultura e indústrias alimentícias
(agroindústria), indústrias de construção e manufatura. As mulheres representam cerca
de 42% da população trabalhadora e, em seus anos férteis, são suscetíveis aos efeitos
colaterais específicos da reprodução.
132 Módulo 3

Geralmente sofrem problemas musculares e ósseos, porque os equipamentos


que elas utilizam no trabalho nem sempre são adaptados à constituição e à fisiologia
das mulheres, que também são vulneráveis a problemas relacionados ao estresse, resul-
tante de atitudes discriminatórias e da sobrecarga de jornada de trabalho, considerando
os compromissos domésticos.

Entre os fatores que afetam as boas práticas da SST na indústria brasileira


estão:
ÎÎa falta de conscientização entre as empresas, especialmente as pequenas e médias,
sobre o valor econômico das práticas sustentáveis em SST;
ÎÎacesso limitado à informações relevantes de SST e a falta de entendimento das
informações disponíveis para implementar práticas que reduzam as doenças, os aci-
dentes típicos e óbitos;
ÎÎa ausência de sistemas de gestão de qualidade para monitorar e dar apoio ao con-
trole de riscos e vulnerabilidade de SST;
ÎÎbaixa capacidade de desenvolver a implementação de melhorias de forma continu-
ada em SST no local de trabalho;
ÎÎcumprimento superficial dos regulamentos e dos programas;
ÎÎum precário sistema de notificação de acidentes, doenças e mortes relacionadas
ao trabalho, resultando em dados imprecisos e não confiáveis;
ÎÎum sistema nacional de seguro de acidente que não oferece reembolso por servi-
ços médicos prestados a empregados;
ÎÎa ausência de um fórum de arbitragem imparcial em casos de SST sobre as leis
civis e trabalhistas;
ÎÎuma divisão artificial entre as políticas e os programas para serviços de saúde do
trabalho e de saúde em geral.

Nesse contexto, os programas de Saúde e Segurança no Trabalho são excelen-


tes ferramentas para auxiliar os profissionais da área a obterem melhores parâmetros
para avaliar os riscos de acidentes, propiciando assim a melhoria dos processos relacio-
nados a segurança do trabalho na empresa.
Viu como é importante o gerenciamento de ações de saúde e segurança do
trabalho?
Por meio desses programas, as empresas têm a oportunidade de melhorarem
seus controles em Segurança e Saúde no Trabalho (SST), visando a proteção da saúde
e da integridade física dos seus operários. Todos os programas têm como objetivo a
melhoria das condições de vida no trabalho com a melhoria dos ambientes e, acima de
tudo, o bem-estar de todas as pessoas da empresa.
Prepare-se para percorrer mais uma etapa de aprendizagem. Confira o assunto
a seguir: política de SST.
Sistema de Gestão Integrada 133

Aula 7
Política de Saúde e Segurança do Trabalho (SST)

Quer saber de que forma esses programas de segurança e saúde no trabalho


são implementados e desenvolvidos? Confira nesta aula.
Segundo Cerqueira (2007, p. 136), as políticas empresariais sobre segurança no
trabalho têm como objetivo conseguir a excelência no bem-estar e no trabalho seguro
dos seus funcionários.
E quem define essas políticas? Veja bem, além das instituições que você conhe-
ceu nas aulas anteriores, essas políticas também são definidas pela alta administração
das empresas, bem como aprovadas e estabelecidas pelos seus gestores.

A importância que a empresa atribui à definição de uma política é o resultado


do comprometimento em manter condições de vida saudável aos profissionais, clientes
e fornecedores que com ela convivem e criar uma boa imagem perante os acionistas e
a sociedade em geral.
As estratégias empresariais, os procedimentos e as instruções de serviços es-
tabelecidos pela organização empresarial devem garantir o compromisso de manter o
bem-estar dos empregados, assegurando a prática contínua, com os seguintes objetivos:
a )  estar alinhada com a política interna da empresa;
b )  implantar e manter em pleno funcionamento o Sistema de Gestão Corporativo;
c )  atender aos requisitos legais aplicáveis ao negócio relativos à Saúde e Segurança
do Trabalho;
d )  buscar a melhoria contínua dos processos referentes à segurança do trabalho e
saúde ocupacional;
134 Módulo 3

e )  prover treinamentos adequados aos funcionários, assegurando que os mesmos


possam compreender as normas e desempenhar suas funções com segurança;
f )  promover o envolvimento do funcionário com a prevenção e na prática de um
estilo de vida saudável;
g )  ser pró-ativo quanto ao desenvolvimento e manutenção dos ambientes de traba-
lho seguros e saudáveis;
h )  antecipar, identificar, eliminar e controlar os potenciais riscos à saúde dos funcio-
nários, colaboradores, bem como as pessoas envolvidas com as atividades da empresa;
i )  incentivar a participação de todos os prestadores de serviços envolvidos nos
programas de segurança do trabalho e saúde ocupacional, assegurando o atendimento
aos requisitos legais aplicáveis;
j )  prover recursos necessários para o cumprimento dessa política e disponibilizar
para todas as partes interessadas.

Você percebeu que são muitos os objetivos para assegurar a qualidade de vida
dos trabalhadores. Cabe a cada organização definir as suas estratégias de implantação.
Pronto para prosseguir? Novas descobertas estão por vir. Aproveite todas as
oportunidades de aprendizagem.
Sistema de Gestão Integrada 135

Aula 8
As Normas SA 8000 e BS 8800

Você estudará agora as normas que tratam da responsabilidade social e da


segurança dos trabalhadores em geral. Vamos aos estudos!
Segundo Cerqueira (2007, p. 136), a norma SA 8000, sobre a responsabilidade
social das empresas, foi desenvolvida a partir de 1997, com revisões para atualização
pela Social Accountability International (SAI), organização da iniciativa privada
sediada nos Estados Unidos, com representações em vários países.

É uma norma de aplicação voluntária, baseada nas convenções da Organização


Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os
direitos da Criança e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela abrange nove
temas, vamos conhecer?
1. Trabalho infantil.
2. Trabalho forçado.
3. Segurança e saúde no trabalho.
4. Liberdade de associação e direito à negociação coletiva.
5. Discriminação.
6. Práticas disciplinares.
7. Horário de trabalho.
8. Remuneração.
9. Sistemas de gestão.
136 Módulo 3

O sistema de certificação SA 8000 é estruturado em moldes similares às


organizações certificadoras de Sistemas de Gestão da Qualidade (ISO 9000) e Ambien-
tal (ISO 14000). A certificação de empresas com base na norma SA 8000 implica na
utilização de técnicas de auditoria das normas ISO. A aplicação desse sistema preconiza
a implementação de ações como:
ÎÎprevenção e correção de falhas;
ÎÎde estímulo ao processo de melhoria contínua;
ÎÎfoco na documentação de comprovação da eficácia do sistema.

O sistema de certificação SA 8000 inclui elementos fundamentais para a audi-


toria e monitoramento social, tais como:
ÎÎconjunto de padrões específicos de desempenho e requisitos mínimos;
ÎÎexigências aos auditores para que consultem e entrevistem as partes interessa-
das, tais como Organizações Não Governamentais (ONGs), sindicatos patronais de
trabalhadores;
ÎÎmecanismos de reclamação e apelação, que permitem aos trabalhadores individu-
ais, às organizações e outras partes interessadas o questionamento sobre não confor-
midades em empresas certificadas pela SA 8000.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu


e publicou a norma brasileira de responsabilidades social, a NBR
16.000 ABNT/INMETRO, que já está disponível para as empresas
interessadas. O sistema internacional ISO, também já elaborou e
disponibilizou a ISO 26000, destinada à gestão e à certificação dos
Sistemas de Gestão da Responsabilidade Social Empresarial.

A Norma BS 8800

British Standards (BS) é o órgão responsável pela elaboração das normas


técnicas aplicadas na Inglaterra. A BS 8800, norma de gestão da Segurança e da Saúde
do Trabalho é compatível com o sistema de gerenciamento da segurança do trabalho,
conforme você estudou anteriormente. Essa norma foi desenvolvida em 15 meses e pu-
blicada em maio de 1996. A legislação sobre segurança no trabalho está a cada dia mais
exigente, levando à necessidade de implantação de uma norma como a BS 8800, pois
a empresa, além de atender a legislação, introduz um sistema de melhoria continuada
Sistema de Gestão Integrada 137

do sistema que trará ganhos à organização. Quando foi concebida, não estava prevista
a sua certificação, entretanto as empresas, diante da necessidade de comprovação da
preocupação com a questão da segurança, recorrem à certificação nesse sistema junto
a entidades certificadoras da área da qualidade, de forma similar à certificação pelas
normas ISO 9000 e ISO 14000.
Veja alguns exemplos das etapas necessárias para a certificação:
1. Comprometimento da alta administração, buscando os benefícios gerados com a
implantação da norma, mas consciente das dificuldades administrativas e operacio-
nais bem como dos investimentos necessários, como o tempo das pessoas, recur-
sos financeiros para consultoria, treinamento, além dos custos da certificação.
2. Seleção e designação formal de um coordenador, que terá uma importante função
nesse processo. O coordenador, além dos conhecimentos específicos sobre qualida-
de, deve ter características como: facilidade de comunicação, fácil acesso aos mem-
bros da organização e conhecimento da instituição etc.
3. Formação do comitê de coordenação. O comitê é normalmente formado pela dire-
toria, pelos gerentes ou chefes e pelo coordenador e tem como responsabilidade a
análise crítica do sistema implantado.
4. Treinamento para mudança da forma de atuação das pessoas, só conseguido por
meio de um adequado plano educativo.
5. Divulgação da política de segurança expressando o comprometimento da organiza-
ção com o processo de segurança do trabalho, elaborada pelos membros do comitê.
6. Palestras sobre qualidade para todos os funcionários, com a adesão de todos. Para
isso eles precisam ser informados sobre todo o processo em curso e conhecer os
conceitos básicos de segurança.
7. Divulgação constante para a introdução do assunto sobre segurança na cultura da
organização.
8. Estudo de cada um dos requisitos da norma com diagnóstico de situações relativas
aos requisitos, estudando, interpretando e adaptando às necessidades da empresa.
138 Módulo 3

9. Plano de trabalho para implantação e atendimento aos requisitos da norma BS


8800 e desenvolvimento de ações que envolvem recursos com o acompanhamento
sistemático.
10. Formação de grupos de trabalho com a participação dos funcionários para elabora-
ção das instruções de trabalho, para que o processo reflita a realidade e possa ser
mantido no futuro. Isso permite obter o comprometimento para a efetiva utilização
da documentação.
11. Elaboração do manual de segurança, documento exigido pela norma, que detalha o
sistema implantado, que também será utilizado nas auditorias.
12. Treinamento dos funcionários sobre a documentação, ressaltando que os procedi-
mentos, instruções de trabalho, para que as operações sejam realizadas de forma
padronizada, assegurando a sua qualidade.
13. Formação dos auditores internos para as práticas do sistema de auditoria, avaliação
e manutenção com utilização do plano de auditoria de segurança.
14. Realização das auditorias internas que indicarão pontos do sistema que não estão
sendo seguidos e, portanto, precisam ser melhorados.
15. Implantação das ações corretivas das não conformidades, que permitem a intro-
dução de melhorias no sistema de segurança, visando melhorar os indicadores
da empresa e assegurar o retorno do investimento feito por meio da redução do
retrabalho.
16. Seleção da entidade certificadora. Para escolher a entidade certificadora é necessá-
rio identificar a expectativa dos clientes.
17. Realização da pré-auditoria ou avaliação simulada, utilizada por muitas empresas,
com resultados positivos.
18. Realização de auditoria de certificação do sistema de gestão da segurança, momento
em que as práticas são comparadas com os padrões estabelecidos na documentação.

A BS 8800 trata-se de um guia de diretrizes reconhecido mundialmente para


implantação de um sistema de gerenciamento das práticas de prevenção de acidentes e
doenças ocupacionais. Resumidamente consta na norma:
ÎÎnotas explicativas sobre o guia;
ÎÎelementos do Sistema de Gestão da SST;
ÎÎpolíticas de SST;
ÎÎplanejamento;
ÎÎimplantação e operação;
ÎÎverificação e ações corretivas;
ÎÎanálise crítica pela administração.

Você terminou mais uma aula que abordou o sistema inglês de gestão da segu-
rança e saúde no trabalho. É muito importante conhecer como acontece a certificação
de uma empresa. E mais importante ainda é saber que são necessárias várias ações para
obter a certificação.
Continue atento para assimilar mais um assunto interessante para o seu de-
senvolvimento.
Sistema de Gestão Integrada 139

Aula 9
O Sistema OHSAS – origem e aplicação

Você agora vai estudar sobre o sistema de gestão OHSAS, voltado para a saú-
de do trabalhador. Consiste em mais uma ferramenta usada para melhorar a prevenção
contra os acidentes e preservar a integridade física no ambiente do trabalho.

A Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional pode ser defini-


da como um conjunto de regras, ferramentas e procedimentos que
visam a eliminar, neutralizar ou reduzir a lesão e os danos decorren-
tes das atividades.

OHSAS

A OHSAS 18001, segundo Cerqueira (2007, p. 269), é um sistema de gestão da


saúde e segurança no trabalho que permite a uma empresa melhorar e controlar o de-
sempenho estabelecido por ela mesma em relação à prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais do trabalhador.
OHSAS é a sigla de Occupational Health and Safety Assessment Services e a tra-
dução para o português é Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional.
Possui similaridade com outros sistemas, como objetivos, indicadores, metas e
planos de ação, como você viu na Aula 5, sobre os Programas de Saúde Segurança do
Trabalho.
A implantação da OHSAS 18001 vem retratar a preocupação que a empresa
tem em melhorar a sua gestão de segurança do trabalho zelando pela integridade física
de seus colaboradores e parceiros e evitando perdas desnecessárias com os acidentes,
as doenças do trabalho e suas consequências.
É muito importante que todos da empresa participem no processo de implan-
tação desses sistemas, para o processo de gerenciamento dar certo.
140 Módulo 3

A certificação pela OHSAS acentua a abordagem de minimizar riscos com a


implementação da norma, reduzindo os acidentes e as doenças no trabalho, as paradas
com perda de tempo e, consequentemente, os custos para a empresa e a sociedade.
Estes são os possíveis benefícios de um sistema de gestão:
a )  integração das responsabilidades sobre saúde e segurança no trabalho em todas as
atividades da organização;
b )  adoção de boas práticas em Saúde e Segurança do Trabalho;
c )  manutenção de um meio ambiente de trabalho seguro;
d )  redução dos riscos de acidentes e incidentes nas operações;
e )  evidências do funcionamento da saúde e segurança na empresa;
f )  permissão da existência de um sistema de gestão integrado;
g )  promoção de melhoria da eficiência nas organizações;
h )  eliminação ou redução de multas e demais sanções ou ações judiciais decorrentes
do cumprimento das exigências legais, contratuais e sociais;
i )  detecção de oportunidades de melhoria no desempenho global da empresa;
j )  possibilidade de redução de custos com seguros;
k )  respostas às demandas de clientes e acionistas;
l )  melhoria da imagem da empresa;
m )  motivação do pessoal.

É importante reforçar que a eficiência do sistema depende do compromisso


de todos, inclusive da gerência e da direção superior no processo como um todo.
Nesta aula você viu o quanto é importante uma norma que complemente os
sistemas de gestão de segurança do trabalho.Viu também o quanto essa norma pode
beneficiar a empresa no seu desempenho com a redução de custos e de problemas
e principalmente propiciar uma efetiva preservação da qualidade de vida dos seus
trabalhadores.
Sistema de Gestão Integrada 141

Aula 10
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Como na segurança do trabalho não podemos deixar de falar em todo tipo de


prevenção, você irá estudar sobre as DST/AIDS, a forma de contágio e meios de pre-
venção dessas doenças.
Estamos na última aula deste módulo, então aproveite bem e vá em frente!

NOTA

Segundo Rachid (2007 p. 11), a AIDS (sigla em inglês para Síndrome da Imuno-
deficiência Adquirida – Acquired Immune Deficiency Syndrome),após a infecção do
organismo, manifesta-se pelo vírus da imunodeficiência humana, o HIV (em inglês,
Human Immunodeficiency Virus)

Embora você já tenha o conceito da sigla, precisa entender o que significa cada
uma das palavras que a compõe. Confira.

Síndrome
Grupo de sinais e sintomas que, uma vez considerados em conjunto, caracteri-
zam uma doença.

Imunodeficiência
Inabilidade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger con-
tra microorganismos invasores, tais como: vírus, bactérias, protozoários etc.

Adquirida
A AIDS é causada por um fator externo, a infecção pelo HIV. Esse vírus tem
um longo período de incubação antes de aparecerem os sintomas da doença, com a
infecção das células do sangue, comprometendo o sistema nervoso com a supressão do
sistema imune.
142 Módulo 3

ATENÇÃO
A AIDS é uma doença complexa, uma síndrome,
não se caracterizando por apenas um sintoma.
Na realidade, o vírus HIV destrói os linfócitos que
são células defensoras do organismo, deixando o
indivíduo vulnerável a outras infecções e doen-
ças oportunistas, que se instalam quando o siste-
ma imunológico do indivíduo está enfraquecido.

Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era quase uma sentença de


morte. Atualmente, a AIDS passa a ter um perfil crônico, pois a pessoa infectada pelo
HIV pode viver com o vírus incubado, sem sintoma ou sinal. Isso tem sido possível
graças aos avanços da tecnologia, com o desenvolvimento de pesquisas e a produção
de medicamentos cada vez mais eficazes. A experiência com o tratamento tem possibi-
litado aos infectados uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade.

? E quais são as formas de contágio?


Sistema de Gestão Integrada 143

O HIV pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite
materno

Assim transmite Assim não transmite


Sexo vaginal sem camisinha Sexo, usando corretamente a camisinha
Sexo anal sem camisinha Beijo no rosto ou na boca
Sexo oral sem camisinha Suor e lágrima
Compartilhar seringa ou agulha Picada de inseto
Transfusão de sangue contaminado Aperto de mão ou abraço
Infecção na gravidez, parto e aleitamento Talheres/copos
Instrumentos cortantes não esterilizados Assento de ônibus
Piscina, banheiros, ar e doação de sangue
Sabonete/toalha/lençóis

AIDS em números no Brasil

De 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de AIDS no país,


que, divididos por regiões, apresentam:
144 Módulo 3

Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a incidência de AIDS tende à estabi-


lização.
No Norte e Nordeste, apresenta crescimento.

ATENÇÃO

A Organização Mundial de Saúde


(OMS) afirma que o Brasil apresenta
um índice de infecção pelo HIV de
0,6% na população de 15 a 49 anos.

Em 2006, considerando dados preliminares, foram registrados 32.628 casos da


doença. No ano de 2005, foram notificados 35.965 casos, com uma taxa de incidência
de 19,5 casos de AIDS a cada 100 mil habitantes.
Dados do ano 2000 apontam que, cinco anos após o diagnóstico, 90% dos
contaminados com AIDS no Sudeste estavam vivos, 82% na região Sul, 81% na região
Nordeste, 80% na região Centro-Oeste e 78% na região Norte.
Na série histórica, foram identificados entre os homens 314.294 casos de
AIDS e, entre as mulheres, 159.793. Ao longo do tempo, a razão entre os sexos vem
diminuindo, apresentando 15 casos da doença em homens para 1 em mulher em 1985,
sendo atualmente 1,5 para 1. Na faixa etária de 13 a 19 anos, houve inversão na pro-
porção de gênero a partir de 1998.
Em ambos os sexos, a maior parte dos casos se concentra na faixa etária de
25 a 49 anos. Porém, tem havido um acréscimo acentuado de casos na população acima
de 50 anos, em ambos os sexos.
Em 2005, foram identificados 700 casos de AIDS na população de menores de
cinco anos, com taxa de 3,9 por 100 mil habitantes.
Considerando por regiões, indica que:
ÎÎregião Sul (6,1);
ÎÎSudeste (4,4);
ÎÎNordeste (3,1);
ÎÎNorte (2,7);
ÎÎCentro-Oeste (2,6).
Sistema de Gestão Integrada 145

Em 2004, pesquisa de abrangência nacional estimou a existência no Brasil de


593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos de idade, com HIV e com AIDS (0,61%). Destes,
208 mil são mulheres (0,42%) e 385 mil são homens (0,80%).

As pesquisas mostraram que:


ÎÎ91% da população brasileira com idade entre 15 e 54 anos citaram a relação sexu-
al como forma de contágio do HIV.
ÎÎ94% fazem uso de preservativo como forma de prevenção da infecção.

O conhecimento sobre este assunto apresenta-se maior entre as pessoas:


ÎÎde 25 a 39 anos de idade;
ÎÎmais escolarizados;
ÎÎresidentes nas regiões Sul e Sudeste.

Os indicadores relacionados ao uso de preservativos mostram que 38% dos


entrevistados utilizaram preservativo na última relação sexual, independentemente da
parceria, sendo 57% quando considerados apenas os jovens de 15 a 24 anos.

+
Saiba
Mais
Para conhecer mais sobre o tema, acesse

ÎÎ<http://www.segurancaetrabalho.com.br>.
146 Módulo 3

RELEMBRANDO

Você conheceu importantes aspectos sobre a segurança do trabalho e pôde


perceber que esse assunto afeta o dia a dia no mundo do trabalho produtivo, consi-
derando que empregados satisfeitos e saudáveis geram lucratividade para os negócios
sem afastamento e com muito menos desperdício. Para complementar os seus estudos,
a próxima etapa traz responsabilidade social como último tema do ciclo do Sistema de
Gestão Integrada.

Colocando em prática

Agora chegou o momento de realizar a atividade proposta, para que você pos-
sa avaliar sua aprendizagem em relação ao conteúdo estudado neste módulo.

1. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira:

( ) A Função da O I T ( ) Só há paz universal com a justiça


social.

( ) A COMISÃO INTERNA CIPA ( ) Preservar a vida e promover a


saúde do trabalhador.

( ) A OHSAS 18.0001 ( ) Gestão da Segurança e Saúde no


Trabalho.
Sistema de Gestão Integrada 147

2. Sobre as definições, marque V para as alternativas verdadeiras ou F para as alterna-


tivas falsas:

( ) Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto


utilizado individualmente pelo trabalhador, destinado à sua proteção em situações pas-
síveis de comprometer sua a segurança e saúde no trabalho.
( ) A norma NR 7, com o título Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional (PCMSO), tem como objetivo a promoção e a preservação da saúde do
trabalhador, estabelecendo que ele é obrigado a apresentar a carteira de saúde para ser
admitido na empresa.
( ) A higiene ocupacional, conhecida como higiene do trabalho ou higiene
industrial, é a ciência que se dedica ao estudo dos ambientes de trabalho e das formas
de prevenção de doenças que possam ser causadas por eles.
( ) As estatísticas sobre a segurança do trabalho trazem os dados sobre aci-
dentes e doenças do trabalho ocorridos no país obtidos por meio da ficha de Comuni-
cação de Acidente do Trabalho (CAT), que não é de preenchimento obrigatório.
( ) A AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, se manifesta pela infec-
ção do organismo humano com o HIV,Vírus da Imunodeficiência Humana.

Hora da pausa

Melhore seu dia de trabalho


Para muitas pessoas, o trabalho é o principal foco de estresse. Existem, no
entanto, algumas medidas que podem transformar as horas de trabalho mais agradáveis,
com mais qualidade e segurança. A seguir, conheça algumas dicas do livro 101 Maneiras
de ter um Ótimo Dia de Trabalho.
Respire: tome consciência da sua respiração o dia inteiro. Quando perceber
que se esqueceu disso, faça três respirações lentas, profundas, suaves, e retome o traba-
lho.
Mude de ares: gaste alguns minutos para ir a um andar diferente, a outro ba-
nheiro ou a um lugar a que você raramente vá. Se possível, passe algum tempo lá para
se acalmar, respirar ou apenas ficar em silêncio.
Renove-se: jogue fora o que é desnecessário, tente terminar o serviço de um
modo inteiramente diferente.Pense em algo que você gostaria de participar e arrume
um jeito de realizar isso.
148 Módulo 3

Beba água: beba pelo menos dois copos de água pela manhã e à tarde,
principalmente se você trabalha em lugar com ar condicionado.Você vai perceber que
terá menos vontade de comer doces, de fumar ou de roer as unhas. E certamente terá
muito mais energia!
Procure o equilíbrio: compare as prioridades: Em qual atividade você gasta
mais tempo? Corresponde ao que você considera prioritário? Você precisa optar.Veja
como conciliar a situação real e a ideal.
Seja compreensivo: da próxima vez que receber críticas sobre seu traba-
lho, leve em conta estes pontos: não é fácil dizer a uma pessoa o que você achou do
trabalho dela. Quem faz um comentário ou uma crítica está mais tenso do que quem
ouve. Se ninguém comentasse nada, não saberíamos em que mudar. As críticas podem
ser uma oportunidade de crescimento.
Respeite o fundamental: não despreze suas necessidades básicas. Coma
bem, beba muita água, faça exercícios, respire ar fresco, descanse, durma cedo. Não
deixe o trabalho determinar essas coisas. Garanta espaço para suas necessidades essen-
ciais.
Reorganize-se: às vezes, apenas mudar as pastas de lugar, arrastar a mesa
para o outro lado ou mudar a disposição dos quadros pode fazer uma grande diferença.
Deixe as farpas de lado: Da próxima vez que você estiver irritado com
alguma coisa, largue tudo e dê uma volta. Jogue água no rosto, tome um suco, respire
fundo algumas vezes. Depois, volte e continue o que estava fazendo.
Sistema de Gestão Integrada 149

MÓDULO 4
Responsabilidade Social Empresarial

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste módulo, você terá subsídios para:

ÎÎCompreender o papel social da empresa.

Aulas

Acompanhe, neste módulo, o estudo das seguintes aulas:

ÎÎ AULA 1: A função social da empresa

ÎÎ AULA 2: A vulnerabilidade e a ética da responsabilidade social

ÎÎ AULA 3: A responsabilidade social no Brasil

ÎÎ AULA 4: A sustentabilidade e a gestão empresarial

ÎÎ AULA 5: Ações filantrópicas empresariais

ÎÎ AULA 6: Aplicando o SGI


150 Módulo 4

Para início de conversa

Caro aluno, o que levaria o fundador e proprietário da gigante empresa de


informática Microsoft a doar grande parte de sua fortuna para as causas sociais? Por
que vários cientistas e milionários estrangeiros, em seus períodos de férias, vão para os
países pobres dar assistência às populações extremamente carentes?
Bem, essas e outras questões você verá neste módulo.
Bons estudos!

Aula 1
A função social da empresa

Nesta aula você entenderá o papel social da empresa como geradora de


lucros, mas também de empregos, impostos e sua importância no contexto social. Para
percorrer os caminhos da aprendizagem você precisará reunir motivação e disciplina e
assim muitas descobertas serão proporcionadas.

? Você sabe o que é uma organização socialmente responsável?

A responsabilidade social de uma empresa, segundo Ferreira


(1990, p. 20), implica em que ela seja responsável pelos impac-
tos decorrentes de suas práticas e ações gerenciais, que vão
muito além do interesse comercial.

As pessoas que se associam a uma empresa respondem legalmente ou mo-


ralmente pelos atos corporativos que afetem o bem-estar de alguém ou da sociedade.
Esse tema faz parte de diversos tipos de manifestações políticas e ideológicas, com a
crescente introdução de conceitos que influenciam e orientam o discurso empresarial
contemporâneo.

Simões (2005, p. 57) afirma que, para produzir, “a empresa con-


some recursos da natureza que é patrimônio gratuito da huma-
nidade; utiliza capitais financeiros que pertencem à sociedade;
utiliza a capacidade de trabalho da sociedade e subsiste em
função da organização do Estado viabilizado pela sociedade. A
empresa gira em função da sociedade e do que a ela pertence
e, em troca, no mínimo deve prestar contas da eficiência com
que usa todos esses recursos”.
Sistema de Gestão Integrada 151

Transformações políticas que influenciaram as prá-


ticas da Responsabilidade Social Empresarial (RSE)

Segundo Vianna (1997, p. 72), o estado de bem-estar social, ou welfare state,


constitui-se numa forma de regulação social das atividades de interesse público, como:
ÎÎeducação;
ÎÎsaúde;
ÎÎprevidência social;
ÎÎhabitação;
ÎÎassistência social.

Inclui as políticas de investimento público regulatórias do volume de recursos


ofertados e das taxas de juros praticadas, o comportamento do emprego, do salário e
da economia dos países, cujo principal foco é o nível de renda da população trabalha-
dora.
Após a Segunda Guerra Mundial, passou-se ao confronto das teses do bem-
-estar social e do liberalismo econômico (neoliberalismo).
No neoliberalismo, o livre mercado propicia o contexto institucional para a
afirmação das liberdades individuais na promoção da prosperidade econômica. Apro-
fundou-se a discussão entre os defensores do fortalecimento do intervencionismo
burocrático-estatal (economia de estado), com os defensores do sistema de mercados
livres, autorregulados (neoliberalismo), que defendem ser o mais eficiente para a aloca-
ção dos recursos econômicos, propagando que o domínio do Estado sobre as ativida-
des econômicas deve ser reduzido ao mínimo indispensável.
Friedrich Hayek, em seu livro O Caminho da Servidão, de 1944, alerta para a
ameaça à liberdade e aos direitos individuais pelos movimentos políticos totalitários de
esquerda e de direita na Europa. Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia de 1976,
afirma que a ação individual constitui a base da iniciativa econômica, no qual o mercado
regula a riqueza e a renda. Afirma que o capitalismo competitivo, organizado por meio
de empresas privadas, exercita a liberdade econômica, cabendo ao Estado o papel de
promover as condições positivas para a competitividade entre os concorrentes e as
regras dos contratos privados.

? Qual é a função social da empresa no contexto da responsabili-


dade social?
152 Módulo 4

O terceiro setor é a denominação dada às entidades públicas não estatais e às


iniciativas privadas de interesse público. O terceiro setor é composto por organizações
sem fins lucrativos, criadas e mantidas voluntariamente com o caráter não governa-
mental que praticam ações de caridade, filantropia e mecenato (ação de patrocinar ou
proteger as ciências e artes), com a ampliação de seus horizontes de atuação levando
em consideração o conceito de cidadania e as iniciativas da sociedade civil.
As organizações não governamentais (ONGs) atuam na área social, sem fins
lucrativos, pautadas em princípios e valores da cidadania.

Segundo Friedman (1997), a visão clássica e conservadora das responsabilida-


des das empresas diz respeito apenas à dimensão econômica. As empresas devem limi-
tar as suas responsabilidades sociais à maximização dos lucros e à obediência às leis. Os
conflitos com a sociedade devem ser tratados de forma política, enquanto que sansões
legais impetradas pelo poder público devem ser tratadas dentro da área econômica.
Os objetivos dos homens de negócios devem ser o lucro máximo para os acionistas da
empresa.
Os administradores não devem avaliar e decidir apenas por questões de res-
ponsabilidade de ordem social. Entender a visão de economistas e suas ideias liberais
sobre a sociedade leva ao entendimento das razões pelas quais as corporações devem
focar prioritariamente o mundo dos negócios.
Para melhor entendimento da questão, a sociedade pode ser dividida por áreas
funcionais, veja:
Sistema de Gestão Integrada 153

ÎÎa função política está a cargo das organizações de representação, como partidos
políticos e sindicatos;
ÎÎa função social, associada ao bem-estar geral a cargo do governo;
ÎÎà área de negócios cabe a função econômica em que se pressupõe a maximização
dos lucros e a manutenção de uma economia dinâmica.

ATENÇÃO

Somente a independência dessas áre-


as propicia a liberdade, a individuali-
dade e a competitividade no mercado.

A partir das décadas de 1980 e 1990, afloraram os argumentos a favor da


lógica do mercado (modelo neoliberal), pressionadas pela globalização das economias
dos países, influenciando nas discussões sobre a responsabilidade social empresarial e
se tornando um grande desafio a ser vencido para não se tornar mais uma ferramenta
de gestão que às vezes prescinde dos cumprimentos das exigências legais obrigatórias.
Por outro lado, a temática envolvendo a sustentabilidade e a responsabilidade social se
baseia em ideias que levam em consideração o desenvolvimento socioambiental. Esses
conceitos não se alinham à concepção de livre mercado, com o estabelecimento de
relações transparentes entre os interessados nas relações com as empresas e com o
objetivo de efetiva preocupação com a justiça econômica, social e ambiental nas organi-
zações.
Com esse estudo, compreendeu qual é a função social da empresa, como as
mudanças políticas influenciam essa responsabilidade e a importância e o crescimento
do terceiro setor da economia?
Na próxima aula você estudará a vulnerabilidade e a ética na responsabilidade
social, vamos em frente!
154 Módulo 4

Aula 2
A vulnerabilidade e a ética da responsabilidade social

Aqui você é convidado a entender o papel da empresa como geradora de


lucros, mas também de empregos e impostos e sua importância no contexto social.

? Como se define responsabilidade social empresarial?

Ferreira (2005, p. 42) orienta sobre a definição do Instituto


Ethos: “Responsabilidade social é uma forma de gestão definida
pela relação ética e transparente da empresa com todos os
quais ela se relaciona. Pelo estabelecimento de metas empre-
sariais que se relacionam com a sustentabilidade da sociedade,
preservando recursos naturais e culturais para gerações futu-
ras, com respeito à diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais”.

A Norma Brasileira de Responsabilidade Social (NBR 16001), estabelecida pela


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), trata o tema como sendo “a rela-
ção ética e transparente com as partes interessadas visando a produzir com foco no
desenvolvimento sustentável” (ABNT, 2005, p. 5).

? O que se define por vulnerabilidade nas ações socialmente res-


ponsáveis?

Segundo Ferreira (2005, p. 42), a prática de ações socialmente responsáveis


implica considerar a vulnerabilidade (ou suscetibilidade) de todas as partes interessadas,
envolvendo a cultura, a visão e os valores da empresa, e a afirmação de sua política,
seus objetivos e missão. Ao adotar seus valores, uma empresa socialmente responsável
cria espaços e oportunidades internos de diálogo e de reconhecimento dos limites de
sua atuação.
Sistema de Gestão Integrada 155

A noção desses limites estimula e potencializa motivações e transformações


para a concretização de programas sociais. A responsabilidade, segundo Buber (1982),
pode ser compreendida como uma prestação de contas daquilo que nos foi confia-
do. Essa prestação de contas cria relação interpessoal entre mim e quem a mim algo
confiou. Pressupondo a existência do outro, independente da minha vontade, leva a
uma situação de apelo que exige uma resposta. Toda ação responsável nasce da minha
resposta e do diálogo entre aqueles que se relacionam.

O exercício da responsabilidade deve estar vinculado a um perma-


nente processo de aprendizagem e interação inerente a uma di-
mensão social, considerando que empresas são organizações sociais
e que todos que com ela se relacionam encontram-se dentro do
mesmo contexto do ponto de vista social.
156 Módulo 4

Os atuais debates envolvem a necessidade de construir uma nova ética na


vida contemporânea. Como exemplo, a experimentação científica com seres humanos.
A geração atual tem por obrigação moral tornar possível a continuidade e a perenida-
de da vida bem como as condições para a sobrevivência das futuras gerações. Agir de
forma responsável socialmente implica ver as consequências para o outro, conhecer os
próprios limites e exercer o permanente papel de crítica e de atualização de hábitos
herdados.

! Importante

Uma empresa socialmente responsável é aquela que também investe


na qualidade de vida de seus funcionários e dependentes e no am-
biente de trabalho saudável, além de preservar o meio ambiente e
incentivar as ações sociais.

O Instituto Ethos faz referência à responsabilidade social como “pensar nas


pessoas e no meio ambiente antes de agir – ou agir sempre considerando o impacto
às pessoas e ao meio ambiente de maneira construtiva”. As empresas podem praticar a
responsabilidade social, mas as pessoas também.
Sistema de Gestão Integrada 157

? Como convivem a vulnerabilidade e a ética da responsabilidade social?

Buber (1982 apud FERREIRA, 2005), afirma que o princípio do diálogo é a base
do pensamento e deve ter como ponto de partida o outro, reconhecendo a vulnerabi-
lidade de ambos que se relacionam. Reconhecer o valor do outro como primordial é
pré-requisito para o estabelecimento do diálogo, ultrapassando o que pode ser dito.
A alteridade, (entendida como a concepção que parte do pressuposto básico
de que todo homem social interage e interdepende de outros indivíduos) e a vulnerabi-
lidade são dois alicerces fundamentais para a ética nos tempos modernos. O desafio da
questão ética da alteridade implica no reconhecimento de que o outro com quem nos
encontramos tem o valor primordial. Não basta somente o reconhecimento de que a
alteridade seja um valor, devemos reconhecer como um alto valor a relação estabeleci-
da com os outros em condições de vulnerabilidade. Quando é estabelecida uma rela-
ção com o outro, interfere-se em sua condição de existência, assim como este outro
também pode interferir na nossa. A partir dessas considerações deve-se compreender
as relações entre empresas e seus diversos interlocutores. Na maior parte dos casos,
esses interlocutores são a parte frágil e vulnerável da relação.

Uma empresa responsável é aquela que, acolhendo as diversas rela-


ções, mantém uma estrutura organizacional que internaliza o reco-
nhecimento da fragilidade e da vulnerabilidade das pessoas, das suas
relações, e cria condições autênticas de diálogo para atendimento
das diversas demandas e necessidades surgidas nessas relações.

A ação responsável do ponto de vista social está vinculada ao papel de cada


um dos diversos atores sociais e à interação entre eles. Na época contemporânea, os
dois fundamentos necessários para esse exercício são:
ÎÎalteridade, uma vez que a relação se dá no encontro com o outro;
ÎÎa vulnerabilidade, que remete á assimetria das relações.
158 Módulo 4

O exemplo que remete ao tema da sustentabilidade são os impactos que as


relações do presente podem ter sobre as gerações futuras. A responsabilidade social da
empresa associa-se ao reconhecimento de limites funcionando como uma espécie de
freio na forma como até o momento muitas empresas produziram seus bens e servi-
ços. Esse freio aponta para como o setor privado pode contribuir com o desenvolvi-
mento sustentável. Segundo Bartholo (2002), a necessidade ética é como uma morada
imaginária onde as pessoas estabelecem limites e no seu interior encontramos abrigo
e asseguramos a continuidade de nossas vidas. As portas e as janelas permitem a inte-
ração comunicativa com o mundo. Não somos apenas seres de necessidades materiais.
Para além da dimensão biológico-material, vivemos imersos no mundo da cultura, onde
nossas moradas adquirem as dimensões imateriais dos valores.

! Importante

A estrutura organizacional e o ambiente gerado devem favorecer


tanto a transmissão como a recepção de informações com as partes
interessadas, de modo que, por meio do sistema de gestão, ocorra
um fluxo de comunicação e a empresa consiga difundir sua cultura e
seus valores de forma interativa, bem como incorporar aquilo que é
percebido como um valor para a sociedade.

? Como se caracteriza a perspectiva histórica da responsabilidade social?


Sistema de Gestão Integrada 159

Ferreira (2005, p. 75) afirma que as primeiras manifestações socialmente res-


ponsáveis foram as filantrópicas pontuais, pela boa vontade de empresários e dirigentes
de empresas. Ao longo do tempo, com a mudança e as transformações na sociedade e
nas empresas, a questão da responsabilidade social empresarial foi mudando de caráter
até chegar à situação contemporânea. Atualmente se defende a inserção das práticas
socialmente responsáveis na estratégia empresarial como um diferencial competitivo
para o posicionamento no mercado, fato que demanda uma preparação específica das
empresas para esse fim, pois não se trata mais de desenvolver ações pontuais.

ATENÇÃO
Para compreensão da responsabilida-
de social empresarial, torna-se neces-
sário conhecer a perspectiva histórica
e destacar os relacionamentos entre
as empresas e a sociedade em que
elas se inserem.

As primeiras manifestações socialmente responsáveis foram filantrópicas e


pontuais, praticadas pela boa vontade de empresários e dirigentes de empresas. Com
as mudanças e transformações na sociedade, a responsabilidade social empresarial foi
mudando até se chegar à situação contemporânea, em que se defende a inserção das
práticas socialmente responsáveis na estratégia empresarial como um diferencial com-
petitivo. O posicionamento no mercado, também demanda uma preparação específica
das empresas para esse fim, pois não se trata mais de desenvolver ações filantrópicas
pontuais. Nesse sentido, para uma melhor compreensão do tema torna-se necessário
conhecer os aspectos históricos e evidenciar as formas de relacionamento entre as
empresas e a sociedade em que elas se inserem.
Nessa aula você conheceu qual é a função social da empresa, como as mu-
danças políticas influenciam essa responsabilidade e a importância e o crescimento do
terceiro setor da economia.
Na próxima aula você terá a oportunidade de conhecer a responsabilidade
social no Brasil.
160 Módulo 4

Aula 3
A responsabilidade social no Brasil

Caro aluno, aqui você vai conhecer como surgiu a RSE no Brasil e quais foram
os documentos inspiradores para a sua criação.

? Como surgiu a RSE no Brasil?

Ferreira (2005, p. 51) afirma que o início da mudança de mentalidade do


empresariado brasileiro pôde ser observado a partir da década de 1960. Mas somente
a partir do final dos anos 1980 que as empresas iniciaram seus investimentos sociais,
mudando da prática da filantropia para o desenvolvimento de ações sociais sustentá-
veis. Já na década de 1990 começa-se a profissionalização das ações sociais empresariais
de forma sistêmica, planejada estrategicamente, divulgadas e utilizadas como diferencial
competitivo para o posicionamento no mercado.
Organizações que contribuíram para a difusão e a consolidação das ideias,
segundo Sucupira (1998):
Sistema de Gestão Integrada 161

1. A criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ACDE), que em


1965 publicou uma carta de princípios cristãos para dirigentes de empresas aler-
tando para as consequências negativas sobre o afastamento desses princípios, como
desníveis econômicos, atraso de regiões do país, conflito de classes e a importância
de suas responsabilidades sociais.
2. O Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE).
3. Grupo de Fundações e Empresas (GIFE).
4. Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, em 1990, ano da promulgação do Esta-
tuto da Criança e do Adolescente (ECA).
5. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE).
6. Instituto Ethos de Responsabilidade Social, criado por Oded Grajew em 1998.
7. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), criada em 1975 para informar as
condições sociais relacionadas aos trabalhadores nas empresas com informações
laborais específicas.

? Quais são os ducumentos inspiradores da sustentabilidade e da RSE?

A Responsabilidade Social Empresarial, no contexto internacional, trata de


temas atuais como:
ÎÎmeio ambiente;
ÎÎdesenvolvimento sustentável;
ÎÎdireitos humanos e do trabalho.

Esses temas fazem parte da pauta de discussão dos países-membros das Na-
ções Unidas, motivando a elaboração de diretrizes para a orientação conceitual RSE,
que orientam a produção de padrões, acordos, recomendações, códigos que viabilizam
e ajudam a melhor compreensão por parte das organizações.
Ferreira (2005, p. 51) enumera a seguir alguns dos principais documentos inspi-
radores para a sustentabilidade e a RSE, acompanhe:
ÎÎDeclaração Universal dos Direitos Humanos da ONU;
ÎÎDeclaração da OIT sobre os princípios fundamentais do trabalho;
ÎÎDeclaração tripartite sobre empresas multinacionais da OIT;
ÎÎDiretrizes para empresas multinacionais da OCDE;
ÎÎDeclaração do Rio e a Agenda 21, documentos que tratam da proteção do meio
ambiente, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza.
162 Módulo 4

Caro aluno, você estudou como surgiu a RSE no Brasil e quais foram os docu-
mentos inspiradores para a sua criação.
Na próxima aula você aprenderá sobre a sustentabilidade e a gestão empresa-
rial.Vamos para mais um percurso de aprendizagem?

Aula 4
A sustentabilidade e a gestão empresarial

A partir de agora você vai conhecer aspectos do desenvolvimento sustentável


e aspectos da responsabilidade social na gestão empresarial.

? Quais são os princípios e direitos fundamentais do trabalho?

Esses documentos mundialmente aceitos impactam diretamente na atividade


empresarial, atribuindo obrigações e responsabilidades sobre direitos e considerando
as empresas como legítimas participantes no cumprimento dos direitos humanos, base-
ados no ideário de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa. A ONU e
a OIT expediram a Declaração sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do Traba-
lho por meio das convenções coletivas. Conheça-as:
ÎÎLiberdade de organização e negociações coletivas (convenções da OIT);
ÎÎProibição de trabalho forçado (convenções da OIT);
ÎÎProibição de trabalho infantil (convenções da OIT);
ÎÎProibição de discriminação no trabalho e na profissão (convenções da OIT).

? Quais são os acordos e convenções sobre o desenvolvimento


sustentável?

O desenvolvimento sustentável tem sido muito discutido no âmbito da res-


ponsabilidade social como uma preocupação universal das Nações Unidas com origem
na Conferência sobre o Meio Ambiente, a Rio 92. A partir daí intensificou-se a discus-
são internacional, aumentando a realização de convenções sobre o tema. Dos principais
acordos existentes, antes e após o evento do Rio, destacam-se:
Sistema de Gestão Integrada 163

a )  Diretivas da OCDE para multinacionais (1976);


b )  Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio (1985);
c )  Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro (1992);
d )  Diversidade Biológica (1992);
e )  Convenção Aarhus (1998), estabelecendo pela primeira vez uma relação entre os
direitos humanos e os direitos ambientais etc.
f )  Convenção de Roterdã sobre o Consentimento Prévio Informado, (1998);
g )  Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (2000);
h )  Protocolo de Kioto;
i )  Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP, de
2001);
j )  Relatório Stern (2006);
k )  Relatório IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).

? Quais são as normas sobre a responsabilidade das corporações?

Os documentos que visam a atualizar as diretrizes da ONU para empresas,


aprovados em assembleia sobre a responsabilidade das corporações relativa aos direi-
tos humanos, são:
ÎÎDeclaração Universal dos Direitos Humanos;
ÎÎCarta das Nações Unidas;
ÎÎDeclaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social;
ÎÎDeclaração dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, da OIT;
ÎÎDiretrizes da OCDE e o Global Compact.

O objetivo dessas diretrizes da ONU é dar poderes aos governos para estes
exigirem das organizações o respeito pelos direitos humanos, soberania e desenvol-
vimento econômico local, além de tratar da RSE sobre direitos humanos, trabalhistas,
do consumidor e do meio ambiente. Cabe às organizações cumprirem, respeitarem e
promoverem essas diretrizes.

? Quais as dimensões da sustentabilidade?


164 Módulo 4

Ferreira (2005 p. 34) afirma que Elkington criou, em 1994, o triple botton line,
que sintetiza as dimensões conceituais da ideia de desenvolvimento sustentável no
meio empresarial, constituída pelas dimensões econômica, social e ambiental.

As discussões sobre desenvolvimento sustentável e responsabilidade social


no mundo corporativo são frequentemente associadas e denominadas “sustentabilida-
de nos negócios”, composto por estratégias, ações e práticas empresariais que não se
baseiam somente na dimensão econômica, mas também incorpora os aspectos sociais e
ambientais de forma integrada.
A incorporação da sustentabilidade requer a compreensão das formas finan-
ceira e física do capital e também do significado do capital social, e humano e natural,
bem como uma forma de relação com as partes interessadas.

? Como ocorre a gestão da responsabilidade social empresarial


na prática?

Ocorre quando a empresa passa da prática voltada para o seu público interno
para o público externo. Para o público interno, ocorre na gestão da qualidade de vida
no trabalho e das ações dos recursos humanos da empresa. Para o público externo,
ações de fomento ao desenvolvimento social da comunidade local. Muitas empresas
de pequeno e médio porte praticam ações de doação para entidades assistenciais,
praticam a filantropia, não tendo uma forma estruturada de gestão como uma ativi-
Sistema de Gestão Integrada 165

dade permanente. As grandes organizações empresariais praticam ações sociais de


forma estruturada, dentro do conceito de responsabilidade social, tendo como visão as
dimensões econômicas, ambientais e sociais expressas na sua política de gestão estabe-
lecida pela alta administração. Publica o balanço social de suas ações em sites e veículos
próprios, como boletins e revistas especializadas, buscando dar transparência e prestar
contas aos acionistas e à sociedade em geral.
Exemplo de política empresarial de gestão integrada:

A nossa empresa produz e comercializa produtos, oferecendo soluções com-


pletas, inovadoras e de classe mundial para mercados nacional e internacional e se
compromete a desenvolver sustentavelmente, expressas por:
ÎÎassegurar o cumprimento aos requisitos aplicáveis do SGI;
ÎÎprevenir a não conformidade em produtos e serviços;
ÎÎprevenir a poluição e riscos ao ar, água, solo e comunidade;
ÎÎusar os recursos naturais de maneira ecoeficiente;
ÎÎprevenir acidentes e riscos à segurança e saúde ocupacional;
ÎÎmelhorar continuamente os sistemas, processos e produtos;
ÎÎdesenvolver continuamente os seus colaboradores;
ÎÎinteragir com as partes interessadas de maneira responsável e ética;
ÎÎbuscar formas de acompanhamento de seus processos.

? Qual a estrutura empresarial necessária?

A organização empresarial deve vincular de forma sistêmica as funções de pro-


dução, marketing, finanças, desenvolvimento de produtos, serviços de recursos humanos,
engenharia, suporte técnico, manutenção e outras, com as atividades da responsabilida-
de social, adotando uma estrutura compatível com a sua realidade.
A estrutura para a prática da responsabilidade social empresarial pode ser
constituída de três formas básicas:
166 Módulo 4

A empresa desenvolve as ações de RSE com a utilização da sua


Opção interna própria estrutura organizacional, incluindo essas atividades no seu
organograma.

A empresa cria uma organização própria para desenvolver as ações


Opção externa
sociais como uma fundação sem fins lucrativos.

Parceria com Apontando recursos, não operando diretamente as ações de res-


outras instituições ponsabilidade social.

Quadro 5 - Estrutura da responsabilidade social

Você acabou de conhecer aspectos do desenvolvimento sustentável e da ges-


tão de responsabilidade social das empresas.
Na próxima aula você terá oportunidade de avaliar e compreender as ques-
tões apresentadas na aula inicial do módulo. Será um belo momento para efetivar sua
aprendizagem. Pronto para mais este desafio?

Aula 5
Ações filantrópicas empresariais

Você sabia que empresários milionários americanos doam suas fortunas para
obras sociais?
Não sabia? Pois é, isso acontece.Veja por quê!

? Você sabe quem é Bill Gates?


Sistema de Gestão Integrada 167

?
Curiosidade

Bill Gates é, sem dúvida, um dos homens mais famosos do mundo,


não só pela sua grande fortuna, acumulada em 58 bilhões de dólares,
mas também por ser o responsável pela criação do SO Windows. É
o pai do sistema operacional Windows.

Ele optou por doar grande parte da sua fortuna para uma empresa do terceiro
setor, segundo matéria na Revista Veja (2006, p. 39). Uma forte razão é que nos EUA é
vantajoso criar fundações beneficentes com objetivos sociais e colocar os filhos para
comandá-las.
Os impostos de transferência de herança direta chegam a um valor maior do
que 60%. Também pode ser deduzida no imposto de renda boa parte do dinheiro em-
pregado com filantropia. A outra razão importante é que após conquistar uma imensa
fortuna, uma das maiores do mundo, o empresário Bill Gates tem realmente se dedica-
do às causas humanitárias, sociais e ambientais.
168 Módulo 4

Nos Estados Unidos, grandes doações preservam o bom nome das famílias
que delas se beneficiam, gerando benefícios sociais. Os pioneiros dessa prática foram:
ÎÎJohn D. Rockefeller, da Standard Oil;
ÎÎAndrew Carnegie, do setor siderúrgico.

As doações norte-americanas atingem 260 bilhões de dólares anuais. Utilizan-


do critérios empresariais, o mundialmente famoso doador Bill Gates, e também outros
jovens milionários, projetam uma máxima eficiência e elevados retornos para seus in-
vestimentos sociais. Praticam suas ações de filantropia utilizando critérios empresariais
para a autossuficiência dos projetos sociais, que, segundo eles, não podem se tornar
“ralos de dinheiro”. Os projetos visam a criar fontes próprias de renda e autossuficiên-
cia financeira de pessoas de baixa renda.
Os programas de microcrédito, que rendem juros baixos que remuneram o
capital investido, são um exemplo.

? Mas como são escolhidos os projetos?

Os projetos são escolhidos conforme o retorno econômico ou social que


podem gerar. Essas fundações têm objetivos claros, como descobrir a vacina contra a
AIDS ou a malária etc. Também devem ter transparência passando por auditorias exter-
nas, apresentando e publicando seus relatórios e resultados anuais de suas atividades.

Responsabilidade social da empresa

Val Junior (2009) aborda que no atual contexto econômico a visão social, junto
com a obtenção do lucro, paralelamente às mudanças dos paradigmas da sociedade,
faz aumentar a preocupação das pessoas com o bem-estar pessoal e da coletividade.
As empresas têm o desafio de ficarem atentas para o pronto acompanhamento e até
a antecipação às mudanças sociais, bem como produzirem diferenciais que garantam
vantagem competitiva e sustentável a longo prazo.
Enquanto algumas empresas pensam em buscar qualidade, outras já buscam
antecipar o futuro e apresentam produtos diferenciados. Entretanto, a implantação de
gestão ambiental, a atitude de produzir sem agredir o ambiente, de respeitar a coletivi-
dade e os consumidores, de agir com responsabilidade social são verdadeiros diferen-
ciais no mercado diante da relevância de assuntos como consciência e cidadania.
Sistema de Gestão Integrada 169

ATENÇÃO
Responsabilidade social hoje pode ser
a diferença entre sobreviver no mer-
cado ou não. É, portanto, um conceito
estratégico, e quem não estiver aten-
to a esse diferencial pode até sair do
mercado.

Empresas que investem no social e seguem a tendência tanto mercadológica


como legal estão modificando seus próprios conceitos, pois melhoram a qualidade de
vida de seus funcionários, da coletividade e, em reflexo, tem maior produtividade e
aceitação social.
A responsabilidade social exige da empresa uma gestão efetiva da sua força de
trabalho, do ambiente de trabalho, da qualidade de vida da sociedade e dos trabalhado-
res.
O uso da responsabilidade social é uma forma de se obter benefícios, mas, ao
mesmo tempo, é uma oportunidade de agir de acordo com os ditames constitucionais,
recebendo as benesses e garantias estatais e ainda promover o bem-estar da socieda-
de e agregar valor à empresa, melhorando a vida da coletividade, da empresa e de sua
imagem no mercado, o que trará, com certeza, maior desenvolvimento econômico (Val
Júnior e Gesteiro, 2009).
170 Módulo 4

No atual contexto econômico, onde se dá importância ao social e não somen-


te à obtenção do lucro, acompanhando as tendências de mudanças do comportamento
da sociedade, aumenta a preocupação das pessoas com o bem-estar geral das pessoas.
É um novo desafio para as empresas que devem estar atentas e prontas para
acompanharem e anteciparem as consequências das mudanças sociais, buscando produ-
zirem diferenciais que garantam a elas uma vantagem competitiva e sustentável a longo
prazo.
A prática da responsabilidade social da empresa pressupõe uma gestão efetiva
da sua força de trabalho em investimentos na melhoria do ambiente de trabalho, da
manutenção da qualidade de vida dos colaboradores e da sociedade envolvida.
A ação empresarial com responsabilidade social pode ser uma forma de se
obter benefícios, bem como uma oportunidade de agir de acordo com a constituição
federal, angariando os incentivos e as garantias estatais, promovendo o bem-estar social
e gerando agregação de valor para a corporação. Assim pode haver melhoria nas con-
dições de vida da coletividade, na imagem no mercado, com o consequente desenvolvi-
mento econômico.

? Quais são os objetivos e benefícios adquiridos por empresas com


práticas sociais?

A prática da responsabilidade social empresarial busca:


a )  a proteção de sua reputação, preservação e ampliação da imagem perante a socie-
dade, tendo a credibilidade conquistada como um diferencial competitivo;
b )  utilização da imagem como diferenciação perante a concorrência;
c )  satisfação dos acionistas e consumidores pela criação de valor;
d )  geração de mídia espontânea para a divulgação da imagem;
e )  formação de futuros consumidores pela contribuição ao desenvolvimento da
comunidade;
f )  fidelização de clientes por oferecer mais que suas obrigações além de conquistar
nova clientela melhor qualificada;
g )  segurança patrimonial e laboral ampliada com o cuidado espontâneo oferecido
pelos moradores da vizinhança;
h )  proteção contra ações negativas de consumidores, evitando boicote no consumo,
ou rápido restabelecimento da credibilidade caso ocorra qualquer prejuízo a consu-
midores;
i )  reconhecimento dos profissionais por serem valorizados pela empresa;
j )  engajamento dos colaboradores fazendo o máximo para atingir os objetivos da
empresa;
Sistema de Gestão Integrada 171

k )  controle reduzido com menor quantidade de auditorias e inspeções de órgãos


externos de fiscalização;
l )  aumento de investidores individuais e institucionais, percebendo garantia de
retorno pela dedução fiscal concedida às empresas socialmente responsáveis, que
podem abater do imposto de renda o valor utilizado em atividades sociais.

A responsabilidade social está se transformando em uma importante


estratégia para as empresas brasileiras. Além do preço e da qualida-
de, a prática da RSE já é uma forma de satisfazer os seus clientes ou
mesmo conquistá-los.

A empresa sempre foi restrita ao seu próprio ambiente, mas atualmente está
ampliando sua atuação junto á comunidade para garantir sua sobrevivência.
Das práticas puramente assistencialistas, as empresas passam a investir no
social de forma séria, aplicando as metodologias mais adequadas, baseadas em estudos
científicos com o efetivo acompanhamento do desempenho de suas práticas, além de
atender aos preceitos jurídicos necessários.
Então quer dizer que as empresas estão mudando o foco social? Correto. As
empresas que investem com foco social estão mudando os seus conceitos e, por con-
sequência, melhorando a qualidade de vida de seus funcionários, conseguindo apresen-
tar maior produtividade.
172 Módulo 4

Também se preocupam com o meio ambiente e com o desenvolvimento da


comunidade, sendo que dessa forma conseguem melhor acesso ao capital com o cres-
cente apoio de investidores. Tais empresas procuram melhorar a estruturação de suas
ações sociais, dando maior visibilidade dessas práticas por meio da publicação do seu
balanço social.

Aula 6
Aplicando o SGI

A figura a seguir foi apresentada a você no início do curso, lembra-se? Durante


os seus estudos você viu que uma organização empresarial pode utilizar seus sistemas
internos de gestão de forma simplificada. Foi considerada uma coordenação do Sistema
de Gestão Integrada (SGI), composta pelos sistemas de gestão da qualidade, ambiental
e da segurança e saúde do trabalho com a gestão da responsabilidade social.
Um exemplo mais prático para você compreender melhor o assunto:
Uma empresa industrial multinacional de grande porte localizada na nos-
sa região recentemente certificou o seu SGI, que consta das seguintes normas: ISO
9001:2008, ISO 14001 e OHSAS 18001. Essa empresa desenvolve ações de Responsabi-
lidade Social Empresarial, mas ainda não as incluiu na certificação do SGI.
Para implantar o seu SGI, ela realizou várias mudanças, reimplantou o progra-
ma 5S e também realizou um remapeamento de processos. Passou a realizar rotinei-
ramente as atividades de treinamento e envolvimento para entendimento do sistema,
realização de diagnóstico, definição da política do SGI, dos objetivos e metas e do
cronograma de trabalho.
Também elaborou o Manual do SGI, a documentação do programa, preparou
os auditores internos, realizou seminários para nivelamento de informações e a im-
plementação do sistema com auditorias internas e análises críticas pela alta direção,
com planos de ação e propostas de melhoria contínua do sistema. Segundo afirmou o
engenheiro coordenador do sistema na empresa, a filosofia atual é “não se busca as não
conformidades em si, mas sim as ações de tratamento e adequações das mesmas”.
Sistema de Gestão Integrada 173

Figura 12 - SGI simplificado


Fonte: adaptado de Rosa (2010)

+
Saiba
Mais
Acesse <http://www.bosch.com.br/br/responsabilidade_
social/visao_bosch/index.html> e conheça como essa empresa
atua no âmbito social.
174 Módulo 4

RELEMBRANDO

Finalizando este módulo sobre responsabilidade social, você pode verificar que
a RSE fortalece a função social da empresa, propiciando o aumento e a melhoria das
relações sociais com respeito às pessoas, a comunidade, o meio ambiente, colaborando
para a construção de uma sociedade mais justa e uma melhor condição para a vida,
considerando os aspectos éticos e legais da convivência humana.

Colocando em prática

Mais uma vez você é convidado a realizar a atividade proposta. Se for necessá-
rio, reveja os conteúdos estudados. Será muito importante verificar, na prática, a com-
preensão dos conceitos estudados.

1. Nas definições abaixo, marque V para as alternativas verdadeiras ou F para as alter-


nativas falsas:

( ) O Instituto Ethos destaca “a responsabilidade social como uma forma


de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo
a redução das desigualdades sociais”.
( ) A responsabilidade social empresarial (RSE), na prática, se diferencia pelo
porte das empresas. As de pequeno e médio porte fazem doações para entidades as-
sistenciais, praticando a filantropia de forma sustentável. As grandes corporações fazem
práticas desestruturadas, sem a visão das dimensões econômicas, ambientais e sociais,
sem uma política de gestão estabelecida pela alta administração e sem publicar o balan-
ço social de suas atividades.
Sistema de Gestão Integrada 175

( ) Até o final da década de 1980 muitas empresas brasileiras praticavam do-


ações como atividade filantrópica. Na década de 1990, as empresas passaram a praticar
ações sociais empresariais de forma sistêmica e planejada estrategicamente, realizando
balanço contábil e utilizando as informações como diferencial competitivo para melho-
ria do posicionamento da marca no mercado.
( ) As dimensões da sustentabilidade surgiram em 1994 sobre a ideia do tri-
ple botton line, que sintetiza o desenvolvimento sustentável empresarial sob a ótica das
dimensões econômica, social e ambiental, denominadas “sustentabilidade nos negócios”.
Entretanto, as dimensões da sustentabilidade envolvem toda a atividade empresarial na
busca apenas do resultado econômico positivo, não incorporando as atividades sociais
e nem as atividades relacionadas aos aspectos da proteção ambiental de forma integra-
da.
( ) A estrutura necessária para a prática empresarial da RSE envolve, pela
opção interna, o desenvolvimento das ações de RSE dentro da sua própria estrutura
organizacional, mantendo essas atividades no seu organograma. Pela opção externa, a
empresa cria uma organização própria para desenvolver as ações sociais, como uma
fundação sem fins lucrativos ou forma parceria com outras instituições aportando re-
cursos, não operando diretamente as ações de responsabilidade social.

2. Sobre a aplicação do SGI, marque a atelrnativa falsa entre as frases abaixo:

( ) As empresas certificam o SGI constando das seguintes normas: ISO 9001;


ISO 14001; OHSAS 18001. A maioria delas desenvolve ações de responsabilidade social
empresarial, sem fazer parte da certificação do SGI.
( ) As empresas que implantam o SGI produzem a documentação do progra-
ma, preparam os auditores internos, realizam seminários para nivelamento de infor-
mações e implementam o sistema com auditorias internas e análises críticas da alta
direção, com planos de ação e propostas de melhorias contínuas do sistema. Esse é um
processo muito burocrático e que não compensa muito ser implantado.
( ) Fazem parte da política do SGI das empresas as seguintes diretrizes:
assegurar o cumprimento dos requisitos aplicáveis; prevenir a não conformidade em
produtos e serviços; prevenir a poluição e riscos ao ar, água, solo e comunidade; usar
os recursos naturais de maneira eco-eficiente; prevenir perigos e riscos à segurança e
saúde ocupacional dos empregados e usuários; melhorar continuamente os sistemas,
processos e produtos; desenvolver continuamente os seus colaboradores; interagir
com as partes interessadas de maneira responsável e ética; buscar formas de acompa-
nhamento de seus processos.
176 Módulo 4

Hora da pausa

O trabalho voluntário é uma ação de cidadania e solidariedade que enriquece


a vida pessoal de quem o faz e contribui para a transformação da sociedade. Ser volun-
tário é dedicar espontaneamente parte do tempo para trabalhar em prol do bem social
e comunitário.
Que tal uma experiência como essa? Pense com carinho no assunto. Pesquise,
busque informações. Às vezes, bem próximo a você, tem alguém precisando do seu
apoio. E o melhor, os frutos colhidos serão saborosos.
Sistema de Gestão Integrada 177

PALAVRAS DO AUTOR

Caro aluno, como foi dito no início dos nossos estudos, você pôde perceber a impor-
tância dos assuntos abordados tanto para o desempenho das suas atividades profissio-
nais como na vida pessoal.
Os sistemas da qualidade aliados à tecnologia estão presentes em todos os produtos e
serviços que realizamos, compramos e utilizamos.
As questões ambientais fazem parte do cotidiano e os nossos bons hábitos implicam a
sobrevivência da raça humana e as gerações futuras do nosso planeta.
A segurança e a saúde do trabalho tem a fundamental importância de reduzir o núme-
ro de acidentes e doenças de todos que trabalham, garantindo os sonhos de um futuro
melhor. Também é um importante conhecimento a ser aplicado no lar e no nosso dia a
dia.
A Responsabilidade Social Empresarial é uma forma de compensação que as empresas
fazem visando a retribuir com projetos sociais os recursos materiais e humanos que
utilizam para obter lucro e que pertencem à sociedade em que vivemos.
O Sistema Integrado de Gestão (SGI) é uma forma atual de administrar, racionalizando
o tempo, otimizando recursos e tempo na obtenção dos resultados. Espero que todo o
conteúdo do curso possa contribuir para o seu crescimento profissional e consequen-
temente o sucesso seja o resultado final.

Luiz Eurípedes Ferreira Rosa


Sistema de Gestão Integrada 179

CONHECENDO O AUTOR

Luiz Eurípedes Ferreira Rosa, graduado em Engenharia Civil pelo Instituto Politécnico
de Ribeirão Preto (SP) em 1976; com especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 1991 e mestrado em Engenha-
ria de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2003. Possui
curso de extensão em Responsabilidade Social Empresarial pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2005 e vários cursos de capacitação em Saúde e Seguran-
ça do Trabalho, Meio Ambiente e Qualidade.
Sistema de Gestão Integrada 181

G Glossário

Alteridade: é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo homem


social interage e interdepende de outros indivíduos.
Vulnerabilidade – qualidade do que é vulnerável ou suscetível.
Biota: conjunto de seres vivos de um ecossistema, incluindo a flora, a fauna, os fungos
e outros grupos de organismos.
Bioma: conjunto de diferentes ecossistemas que possuem certos níveis de homoge-
neidade. São as comunidades biológicas. São as populações dos organismos da fauna e
da flora interagindo entre si com o ambiente físico.
Tripartite: termo utilizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para
designar os participantes de três categorias nas decisões, em situação de igualdade, na
qualidade de representantes de governos, empregadores e empregados, nas atividades
dos diversos órgãos da organização.
Liberalismo esconômico ou neoliberalismo: oriundo do liberalismo econômico
clássico. Trata-se de uma doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mer-
cado, com restrições à intervenção estatal na economia de um país.
Sistema de Gestão Integrada 183

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