Bons estudos!
O Brasil, a partir da década de 50, tornou-se um país cada vez mais urbanizado e
industrializado. Campo e cidade passaram a coexistir e a apresentar muitas divergências
entre si e desigualdades sociais. Para Marcos Napolitano (2006), a cultura popular das
comunidades camponesas, com a migração para as cidades e o crescente acesso aos
meios de comunicação de massa, como o rádio, as revistas, o jornal e a televisão, entrou
em forte diálogo com elementos de uma cultura cada vez mais ligada ao lazer dos centros
urbanos e das novas classes trabalhadoras. “Por sua vez, a cultura de elite tradicional,
herdada do século XIX, também passou a coexistir com novos meios e linguagens artístico-
culturais modernos e cosmopolitas”, conforme o autor. (2006, p. 8).
A música popular brasileira (MPB) foi provavelmente o setor engajado da cultura que
mais se fez notar no Brasil. No período que vai de 1966 a 1968, ela ganhou força ao
chegar à televisão em “festivais da canção” e assim fez jus à grande massa, tendo uma
boa penetração nos setores populares até os anos 1980. Mas a Tv também dava lugar a
uma programação alienante, como diziam os esquerdistas mais radicais. Foi nessa disputa,
entre o que se pensava ser emancipador e o que era rigidamente tachado de alienação, que
a Indústria Cultural Brasileira conseguiu agradar aos vários setores da população. Pode-se
dizer que ela inclusive gerou artigos de qualidade reconhecida, nos vários âmbitos da arte
e da cultura brasileira.
Importa mencionar que a dicotomia “alienação das massas pela Indústria Cultural” x
“consciência das massas trazida por artistas engajados” – tida como uma ideia simplória
e pouco esclarecedora da complexidade do fenômeno cultural –, encontrou opositores
bastante qualificados. Contestando qualquer tipo de conservadorismo e classificação radical,
essas pessoas viam o híbrido entre o erudito, o massivo e o popular tradicional como algo
bastante interessante e produtivo. E entendiam a cultura brasileira como dialógica, como
locus de interação criativa entre o nacional e o estrangeiro, entre o brega e o sofisticado,
entre o subdesenvolvimento e a ultramodernidade, entre o local e o global/universal. O
tropicalismo é um bom exemplo desse modo de pensar.
e na Cultura
Anos 1950 a 1980 – Nos anos 1970 e 1980, muitos artistas da poesia, da música e do teatro
adotaram o selo de “independentes”. No entanto, vale salientar que grande parte desse universo
underground foi posteriormente absorvido pelo mercado, como aconteceu com o rock brasileiro
da década de 80, segundo Marcos Napolitano (2006). Nas artes plásticas, a experimentação era
a marca visível das instalações, das vivências estéticas com o corpo e com a paisagem urbana de
um mundo globalizado. Com a arte participativa e sensorial de Hélio Oiticica e Lígia Clark, entre
outros, o Brasil entrava de vez no rol da arte contemporânea mundial.
Havia também a artemídia que, como disse Arlindo Machado (2004, p. 10), tanto no
exterior quanto no Brasil, lutava para desprogramar a própria mídia. Distorcia suas funções
simbólicas, “obrigando-as a funcionar fora de seus parâmetros conhecidos e a explicitar os
seus mecanismos de controle e sedução”. Um bom exemplo de artista que trabalhou nessa
direção foi a baiana Letícia Parente, um das pioneiras da videoarte no Brasil.
Munida de linha e agulha, Letícia bordava o solado do próprio pé com a inscrição “Made
in Brazil”, em uma videoarte realizada no ano de 1975. A arte de Letícia fazia eco aos trabalhos
dos norte-americanos Vito Aconti, Joan Jonas e Peter Campus, em que eles se debruçavam
sobre os seus própios corpos e existências, abordando-os com ares de Narciso.
É o que dizem os críticos … Mas será que não seria também este o modo de ela
evidenciar, em suas mãos e pés de mulher-artista-brasileira, os dolorosos caminhos das
artes, em meio ao cenário internacional, cada vez mais globalizado? Quem sabe…
Supervisão Administrativa
Denise de Castro Gomes
O trabalho Arte e Cultura Brasileira- Unidade 4 Utopia Massificação e Globalidade de Carmen Luisa Chaves Cavalcante, Núcleo de
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4.0 Internacional.