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A Coroa da Shekiná

Escola dos Profetas


2018
Primeira Parte
Purificar o Coração
Purificar o coração

1 Deus formou o teu coração, e só para ele é que o fez, para só Ele ser o único Mestre do
teu coração.
2 Ele diz: “dá-me o teu coração”, ao dares-lhe o teu coração deves deixar de o considerar
teu, mas a partir desse momento deves abraçar a verdade de que a tua vida interior só a
Deus pertence.
3 Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus (Mt 5,8) na pureza é
possível receber de Deus aquilo que “os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o
coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Co
2,9).
4 A pureza esvazia o coração da ilusão, o coração vazio retorna ao seu estado original,
informe e vazio, as trevas cobrem o abismo desse vazio e o espírito move-se na sua
superfície.
5 Cristo é a luz que resplandece no interior do coração, ao dizer “haja luz”, o Pai diz
“forme-se Cristo”, Cristo é a nova luz e inicia a nova criação no interior do coração
humano.
6 As instruções deste tratado são simples e diretas, pretendem apenas dirigir a alma à
pureza interior necessária, para que esta alcance dois objetivos: a nova criação de Cristo
no seu interior e a expressão perfeita do amor de Deus e dos humanos na sua existência.
7 Para purificar o coração a alma necessita de abraçar a Sabedoria, o temor do Senhor é
o princípio da Sabedoria.
8 A Sabedoria é a suprema compreensão da lei, conforme Cristo a compreendia e
ensinava, é a inscrição da lei no coração e na vida humana.
9 O temor do Senhor adquire-se na prática de dez atributos da alma humana, ao reunirmos
estes dez atributos formamos a imagem da bondade de Deus representada na Sabedoria
Personificada.
10 A imagem da bondade de Deus é a face da Virgem, a imagem de Deus é o próprio
Cristo, a Virgem representa simbolicamente um atributo da grandeza de Deus, apenas
um, a sua bondade. Cristo é a manifestação em carne da identidade do Pai.
11 A bondade de Deus expressa-se em dez atributos, quem guardar o seu coração e
praticar estas dez virtudes, purifica-se e torna-se um espelho resplandecente da bondade
de Deus.
12 Primeiro temos que transmitir o brilho da bondade de Deus, a suprema imagem do seu
atributo mais importante. Depois Cristo forma-se em nós e já não somos nós que vivemos
mas Cristo vive em nós.
O Espelho da Bondade de Deus
1 Nestes ditos a alma encontra instruções diretas à prática do evangelho no interior do
coração, somente os puros de coração verão a Deus, nada mais importa do que alcançar
a Presença do Senhor.
2 Os hipócritas chamam Jesus de Senhor, mas não se prostraram diante dele como Rei e
não se tornaram seus escravos. Nós já o entronizamos no nosso coração e prostramo-nos
diante da sua majestade, reconhecendo que somos seus escravos e que a mais ninguém
devemos obedecer.
3 Se este Rei é o nosso Senhor, escutemos as suas palavras e obedeçamos à sua voz,
escondamos dentro de nós cada palavra e cada olhar oferecido pelo nosso mestre. O seu
reino é a pérola de grande valor que adorna o nosso coração.
4 Limpemos assim o palácio onde ele habita, os corredores que os anjos percorrem, os
espelhos onde as visões surgem, o coração será purificado por todos os que desejarem ser
filhos amados.
5 A santidade não é difícil nem impossível, não é igual para todos, porque a santidade só
existe no coração e cada coração é único e desenhado por Deus para o seu deleite.
6 Ao purificarem os vossos corações e cultivarem as dez virtudes, cada um de vocês de
uma forma mais bela e mais original vão começar a sentir o rosto da bondade de Deus no
vosso interior.
7 Cada uma das virtudes tem um ritmo de crescimento, mas cada uma contribui para a
formação do espelho, este espelho vai refletir em vocês a bondade de Deus, para que os
outros a vejam e se queiram converter a um Deus tão belo e tão grandioso.
8 Ao serem puros e esvaziados da maldade e da ilusão, o próprio Pai, dirá ao seu Filho
para se formar no vosso interior e dessa forma vocês serão uma imagem do próprio Cristo.
9 Estes mistérios serão explicados nas próximas linhas, meditem em sequência cada uma
destas instruções, para que entendam o fluir do espírito santo no vosso interior.
10 Dez são as virtudes que formam o espelho da bondade de Deus, este espelho é uma
imagem da Sabedoria a face feminina de Deus. A primeira virtude é a obediência total, a
segunda é a oração contínua, a terceira é a fé viva, a quarta é a paciência heroica, a quinta
que se encontra no meio é aquela que une as virtudes superiores com as virtudes
inferiores. Esta virtude tem que estar sempre presente em cada uma das outras abraçando
todas e sendo o contorno do espelho, é a virtude da humildade profunda. A sexta virtude
é doçura angélica, a sétima virtude que manifesta a perfeição do amor de Deus pela sua
Shekináh é a mortificação universal, a oitava virtude é a pureza celestial, a nona virtude
é o silêncio e a décima virtude é o amor maternal supremo.
11 Estas virtudes formam uma escada que ascende até realidades interiores únicas, os
céus do coração repletos de anjos, querubins e serafins, os dons dos sete espíritos de Deus,
o brilho da pérola de grande valor. A prática destas virtudes é sequencial e progressiva,
Deus não tem pressa, mas à medida que a alma se entrega as coisas acontecem.
12 Cada uma destas virtudes tem segredos e mistérios, como acima referimos, elas não
expressam Cristo, elas preparam o coração e a personalidade humana em todos os seus
aspetos de forma a que esta receba Cristo de forma perfeita. Antes de transportamos em
nós a imagem do Cristo ressuscitado, devemos ter uma purificação que nos permita ver
Deus, refletindo como espelho a bondade de Deus, reunida nos dez atributos importantes
que Ele ofereceu à alma humana.
O Coração é a Coroa do Corpo

1 Guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4,23) nas escrituras
o coração é o centro da vida humana, da decisão e do discernimento. Alguns profetas
ainda afirmaram ser o lugar onde Deus colocaria os mandamentos e Jesus afirmou ser o
lugar onde se veria Deus.
O coração está assim ligado à vida espiritual e à santidade humana. Quando alguém quer
deixar de pecar com o corpo deve primeiro cessar esse pecado no coração.
2 Todos os pecados começam no coração e expressam-se pelos membros do corpo, a
linguagem inicia-se no coração e expressa-se pela língua. Nalguns textos encontramos
referências daquilo que abomina o Senhor, essas sete abominações são cometidas por
órgãos do corpo usados por determinados pecados como meios de expressão. Estes
pecados abrigam-se no coração.
3 Seis são as coisas que o Senhor aborrece, e sete as que a sua alma abomina: olhos
altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina
projetos iníquos, pés apressados para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o
que semeia discórdias entre irmãos (Pv 6,16-19)
4 O coração fala por sete línguas de amor: a humildade que se opõe ao orgulho, a
generosidade que se opõe à avareza, a bondade que se opõe à inveja, a paciência que se
opõe à ira, a castidade que se opõe à impureza, o domínio próprio que se opõe à gula e a
diligência que se opõe à preguiça.
5 O coração impuro tem um olhar egoísta e comunica-se com os outros a partir destes
sete atributos impuros: orgulho, avareza, inveja, ira, impureza, gula e preguiça. É nestes
estados conscientes interiores que ocorrem as sete abominações condenadas pelo Senhor:
o olhar altivo que julga os outros e despreza-os, a avareza que leva o coração a apegar-se
ao conforto e àquilo que tem nunca partilhando com os outros a sua vida, o coração que
transborda de inveja que deseja sempre o mal aos outros e alegra-se na infelicidade do
seu próximo. A ira explosiva que apenas revela a necessidade deste orgulho dobrar e
subjugar os outros à sua vontade, a impureza interior que se exprime no descontrolo e na
existência não como ser humano, mas como demónio. A gula representa a falta de
domínio que o homem tem sobre o seu estômago e a sua língua, ele não controla os seus
apetites, impulsos, desejos e palavras, como Judas ele será usado para trair Cristo e fazer
os seguidores da luz sofrerem. A preguiça é o egoísmo na forma mais pura da
irresponsabilidade, a alma nega o seu papel, as suas obrigações e prejudica todos à sua
volta.
6 O pecado é sempre uma falta de amor, quando o coração não ama peca, porque até no
desinteresse surge espaço para um destes estados conscientes interiores ganhar forma e
força. Ao olhar para o interior do coração cada um de nós deve reconhecer quais são os
estados interiores dominantes e como os devemos corrigir para caminharmos no caminho
da justiça.
7 Aqui começa a correção do corpo a partir do coração: olhar humilde cheio de
compaixão, não olhamos para julgar mas sim para ajudar, se virmos o outro a pecar
oramos por ele e oramos para não cair no mesmo pecado. Não somos superiores a
ninguém porque o único que é superior é Deus, os humanos são todos iguais em termos
de condição humana sendo apenas diferentes na sua interioridade, só Deus poderá julgar,
porque é divino, os humanos não têm os elementos necessários para o fazer. Língua
verdadeira, palavras honestas sinceras e ausentes de segundas intenções, tudo o que
comunicarmos não deve ter uma intenção de destruir nada. Quando não mentimos
podemos silenciar a verdade quando não é sábio contá-la assim imitamos Deus ou então
contamos a verdade desde que Deus nos tenha dirigido nesse sentido.
Mãos prontas para levantar quem caiu, limpar quem está sujo, alimentar os famintos, dar
de beber aos que têm sede, abençoar os amaldiçoados, libertar os endemoniados, curar os
enfermos, glorificar a Deus.
Que o toque das tuas mãos, seja sempre o toque do amor de Deus sobre aqueles que o
sentem, as mãos representam a maneira de vivermos.
Coração que pensa no amor de Deus, que pensa na beleza, na paz, na sabedoria, naquilo
que tem que melhorar em si, naquilo que tem que apreciar nos outros ainda que eles não
sejam perfeitos.
Nunca desejes mal a ninguém, se pensares nesses termos, arrepende-te e pede perdão a
Deus, abençoando a pessoa três vezes seguidas.
Pés apressados para aprender a fazer o bem, para ouvir apenas aquilo que interessa e
produzir boas sementes no íntimo, pés apressados para abençoar e ajudar os outros, para
orar e combater as trevas.
Quando o coração está nervoso, senta-te e silencia os teus lábios, não digas nada que
depois te arrependas nem te apresses a discutir.
Testemunha verdadeira que testifica a obra de Jesus na terra, nunca mintas nem nunca
utilizes a tua língua para prejudicares ninguém.
Quando fores falar de uma pessoa pergunta a ti mesmo, qual a utilidade dessa conversa,
se a poderias ter à frente da pessoa e se estás a ajudá-la a aproximar-se de Deus ou a
afastar-se dele. Pelas tuas palavras serás julgado no dia do juízo.
E o que semeia amor, paz, tolerância, compreensão e alegria entre os irmãos, esse é aquele
que faz a alma do Senhor sorrir.
Guarda estes mandamentos e rapidamente caminharás na santidade, não penses que a
santidade é impossível e extensa, ela começa no coração e na mudança de atitude perante
o egoísmo que tu tens privando os outros do amor de Deus.
Quando és egoísta roubas a todos aqueles que te rodeiam a oportunidade de eles sentirem
e viverem o amor de Deus através da tua vida.
8 As sete abominações devem ser corrigidas pelas sete práticas corretas, as sete práticas
tornam-se possíveis pelas sete atitudes interiores corretas: humildade, generosidade,
bondade, paciência, castidade, domínio próprio e diligência (autodisciplina). Para
conseguires praticar as sete práticas deves arrepender-te das sete abominações e cultivares
em ti as sete atitudes interiores corretas.
9 Jesus ainda nos deixou duas verdades importantes ligadas ao coração: a boca fala do
que o coração está cheio, se o coração é puro significa que as palavras têm que ser puras
também. Quando falares fala por amor, com humildade, pensando na forma como as tuas
palavras vão afetar os outros e experimenta na fase inicial teres longos períodos de
silêncio. Não fales dentro da tua mente, mas cala-te para ouvires Jesus, e não fales
descontroladamente, mas dá um sentido ao teu discurso, serás mais feliz e os que te
rodeiam agradecem essa demonstração de amor. Se o teu olho for mau todo o teu corpo
estará em trevas, o olhar é a perceção quando a alma é arrogante e orgulhosa ela acredita
que tem o direito de nunca ser contrariada nem desagradada, nunca terá que conviver com
a diferença e a fraqueza dos outros. Esta alma quer ser deus e quer esmagar os outros à
sua volta, ela vê o mal em tudo e em todos, negando-se a ver Deus até nas coisas mais
simples.
10 É pelo olhar e pelo falar que o coração é santificado, quando o coração é impuro e
pecador ele quer ser admirado pelos olhares humanos por isso diz coisas que não são
sinceras e manipula a perceção dos outros. Não manipules ninguém, deseja apenas
agradar a Deus, fala com o teu próximo com respeito, não o humilhes nem o maltrates.
Não sejas ríspido a falar, que o teu discurso seja doce e carregado de sabedoria.
As pessoas precisam de tempo para evoluir, Deus tem misericórdia e compaixão infinita
e tu deves ser perfeito como o teu Pai celestial é perfeito.
11 Jesus ensinou-nos que devemos orar pelos nossos inimigos e abençoá-los estas duas
atitudes explicam-nos como é que é possível amarmos os nossos inimigos.
Não orando contra eles nem lhes desejando mal e não os amaldiçoando. Deus fará justiça
e quem faz mal aos seus filhos terá que o enfrentar como justo juíz.
12 A nossa ilusão que somos sempre melhores do que todos aqueles que nos enervam,
fazem de nós o nosso maior inimigo, ao não assumirmos o nosso pecado nem o
corrigirmos estamos a condenar-nos a uma hipocrisia abismal.
Por isso estas instruções são diretas e verdadeiras observem o vosso interior e admitam
perante Deus o que vos está a atrapalhar o caminho, corrijam-se com as atitudes interiores
corretas que vos vão permitir vocês viverem as sete práticas corretas. Desta forma
coração é purificado e sendo a coroa do corpo vai purificando cada aspeto essencial dele.
Purificar o Corpo através do Coração

1 A santidade é uma consciência interior que a mente tem perante Deus, quanto maior for
a perceção da presença de Deus, maior será o temor e a reverência à sua essência.
2 O corpo não é nem nunca foi o inimigo da santidade, o corpo é templo do Espírito Santo
e quando Jesus ensinou que o Pai seria adorado em espírito e em verdade, ele estava a
falar da adoração no corpo.
3 A mente adota sete atitudes interiores corretas para corrigir o pecado e iniciar o processo
de obediência a Deus. Estas atitudes levam a comportamentos físicos que se expressam
por determinados órgãos do corpo. É necessário purificarmos estes órgãos para
alcançarmos a presença mais profunda do Espírito de Deus em nós.
4 A nossa mente está diretamente ligada à língua e à garganta, o discurso mental deve ser
controlado assim como o discurso exterior. Para isso é necessário controlar a respiração.
Ao respirarmos devemos reter o ar por longos períodos de tempo de forma a esvaziarmos
os pensamentos, devemos repetir versículos da palavra ou nomes divinos mentalmente
para purificarmos a mente e cessarmos o discurso interior. Mais à frente alguns exercícios
serão fornecidos.
5 Por agora importa referir que devemos controlar o discurso interior da mente
silenciando-o, devemos cultivar diariamente um período de meditação e de oração
permanente. Devemos parar de usar a boca como instrumento de maldição e condenação,
o nosso discurso deve ser trabalhado a todo o custo.
6 O olhar não deve olhar com inveja, cobiça, julgamento ou desprezo, devemos chorar
com os que choram e alegrarmo-nos com os que se alegram.
7 Educar o corpo a servir a Deus implica abdicarmos de algum tempo livre ainda que este
seja pouco para servirmos a Deus nalgo útil e válido para o reino dele.
8 O jejum deverá ser feito uma vez por semana e quando necessário deverá ser
acompanhado de outro tipo de privações para fomentar o desapego do conforto, do
comodismo e da atitude de sermos tudo menos servos.
9 Renunciar a pequenos prazeres ainda que seja uma renúncia temporária permite grandes
progressos espirituais interiores principalmente a virtude da humildade.
10 Tomar a decisão de não discutir durante um determinado período de tempo, desta
forma só Deus é que nos pode defender e aprendemos a confiar mais nele.
11 A oração dos salmos em voz alta de forma sistemática educa o corpo a estar na
presença do Senhor, a meditação em silêncio também, a oração sem cessar, a respiração
controlada que alivie a mente de distrações e a leitura do evangelho.
12 Se nenhumas das sete abominações e das sete formas impuras do coração dominarem
de momento o vosso interior, vocês já estão em santidade e não são escravos do pecado,
o vosso corpo é purificado e perceciona a presença divina.
O Arrependimento Verdadeiro

1 O arrependimento é uma procura constante da glória de Deus na fraqueza humana.


2 O arrependimento é paixão, fogo que arde numa alma que pensa mais em Deus do que
em si mesma.
3 Não dificultes esta palavra pensando que ela está muito distante do teu coração, o seu
significado é mudança de mentalidade por causa do Reino dos Céus.
4 Nós arrependemo-nos para aceitar a mensagem de Jesus e entrarmos no Reino dos Céus,
isto significa, que mudamos de mentalidade em relação àquilo que em nós é real e
verdadeiro para o nosso pecado e que tem nos afastado de Deus até aqui.
5 Quando te arrependes conscientemente de estares a viver muito aquém do teu potencial,
sendo uma alma mesquinha, egoísta e irracional, tu abraças uma nova forma de viver que
é muito superior à antiga.
6 Por isso adotas as sete atitudes interiores corretas, desenvolves as sete práticas
verdadeiras e começas a esvaziar o teu coração do egoísmo e da ignorância dando espaço
ao amor do Pai.
7 Este é o evangelho de Jesus, só conseguirás amar o Pai com perfeição quando viveres
e transbordares no seu amor, o coração fala por sete línguas toda a perfeição do amor de
Deus.
8 Nós não nos arrependemos para fugir de um inferno ou para entrar num céu, nós
arrependemo-nos para ver Deus e experimentar o seu Reino aqui e agora. Arrependemo-
nos para levar a sua justiça e o seu amor a todos aqueles que necessitam a vivem à nossa
volta. O mundo precisa de amor e de luz, as suas dores são insuportáveis e ele veio chamar
os doentes não os justos.
9 Quando uma alma se arrepende, ela não só comete um ato de amor para com Deus como
também ama a humanidade inteira. Quando cada um de vocês se arrepende de um pecado
escondido por mais insignificante que este seja, na verdade vos digo, que vocês estão a
abraçar cada pessoa deste mundo, a amá-la e a cuidar dela. Porque é por causa do nosso
pecado que o mundo sofre e não consegue ver Deus, é por causa do nosso arrependimento
que o mundo poderá ter a oportunidade de ver e sentir o amor de Deus.
10 A tua preocupação apenas deve ser o Reino dos Céus no teu coração, procura cultivar
as virtudes, meditar, controlar os teus pensamentos, sentires coisas boas e doces,
alegrares-te e desejares o bem a todos.
Ora pelos pecadores e ora muito para que eles se venham a salvar.
11 Viver em arrependimento é viver uma vida de devoção em que queremos oferecer a
Deus os nossos pensamentos, as nossas atitudes, a maneira como tratamos os outros, e os
nossos sorrisos, as nossas lágrimas, as dores e o prazer, tudo pertence ao nosso Senhor.
12 Quando caíres levanta-te, quando pecares continua no caminho, porque ele é ansioso
como o Pai do filho pródigo e mal te vê ao longe já corre para ti para te abraçar e beijar o
teu rosto, colocar um anel no teu dedo e festejar, não existe um Deus em todo o universo
que ame tanto os pecadores como o nosso.
A Crucificação do Velho Homem

1 Certa vez numa visão vi alguém semelhante a mim, com um olhar repleto de escuridão
e maldade. Ele estava crucificado numa cruz contorcendo-se de dores, a carne do seu
corpo tinha vermes e cheirava mal.
2 A voz dizia uma frase não totalmente desconhecida que já me tinha sido dita
anteriormente: “mata o pecado, se não o pecado mata-te a ti.”
3 Eu sou a tua vida, eu sou a tua morte, terás que descer à escuridão do abismo para
poderes ascender à clareza dos céus. Nele vivemos, mas nele morremos, nele entramos
naquela escuridão interior que diariamente escondemos dos outros por vergonha ou por
medo.
4 Aquele lado selvagem e destruidor que habita em nós sabotando a nossa vida e os nossos
relacionamentos, esse homem egoísta que trai Jesus, terá que morrer para nós que
nascemos de novo possamos viver.
5 Ele não morre de qualquer maneira, ele tem que morrer na cruz, a nossa cruz fica no
topo do nosso crânio, o nosso gólgota é o nosso crânio, esse homem e os seus
comportamentos devem ser crucificados, condenados à morte por nos amaldiçoarem.
6 O nosso pecado amaldiçoa-nos a nós e aos outros, quando crucificamos o velho homem,
temos que compreender que esse homem é inconsciente ele não conhece Deus nem a vida
de Deus. O processo de crucificação é doloroso interiormente.
7 A conversão tem as suas alegrias e consolos, mas também tem os seus tormentos e as
suas angústias, negar a vontade egoísta e os instintos de uma vida inteira pode ser um
processo difícil e horrendo. Daí ser necessário facilitarmos o grau de ação da conversão,
se o processo é por si só difícil, devemos então certificarmo-nos que estamos a fazer o
que é necessário.
8 A purificação do coração é a base, a crucificação do velho homem alude mais à
crucificação da velha imagem que tínhamos de nós mesmos.
9 O cristianismo é a religião da imagem, Deus decidiu aparecer inscrito num corpo
humano, sofredor e glorificado, habitou e formou-se dentro de o interior de uma mulher.
Quando ocorre esta intervenção de Deus na história, pela primeira vez os homens
associarem a identidade de Deus a um corpo e a uma forma humana. Isto acaba com a
idolatria, porque em vez de adorar uma imagem o cristão encontra a beleza e a glória de
Deus numa imagem feia e fraca de um humano crucificado.
10 O corpo e aquilo que ele faz, representa no mundo do novo testamento a identidade,
os judeus eram judeus porque circuncidavam os seus corpos, os cristãos tornaram-se
cristãos porque carregavam em si a morte e a vida de Cristo, eles eram membros do corpo
de Cristo.
11 Quando crucificamos o velho homem, crucificamos esse velho corpo que nos
representava antes de sermos membros de um novo corpo. Esse velho homem é uma
identidade, o corpo do pecado dá-nos uma identidade especifica em que somos definidos
pelos impulsos e pelos instintos dos nossos desejos, a lista das obras da carne ilustra
perfeitamente este ponto de vista.
Esse corpo será crucificado, significa que a nossa nova identidade que tem um novo corpo
condena a anterior, agora somos definidos pela nossa fé, pela razão da nossa existência e
pela escolha deliberada das nossas ações.
Já não são os impulsos da carne, já não é a antiga identidade, mas sim a nova que nos
define.
12 Aceitemos esta morte de braços abertos, a morte é sempre uma passagem, um
momento transitório. A crucificação demonstra a permanência do amor face à
transitoriedade dos fenómenos da existência, os pecados, as maldições, a dor, o
sofrimento, as esperanças messiânicas, tudo isso se dissolve, mas o amor expresso na cruz
é o símbolo da eternidade.
A nossa crucificação educa-nos a reconhecermos a transitoriedade da nossa existência,
todos os nossos apegos, todas as nossas ideias acerca de Deus, todas as nossas esperanças,
todas as fraquezas, um dia vão dissolver-se e deixar de existir, somente o amor de Deus
é a realidade permanente em nós e por esse mesmo motivo reunimos força suficiente para
nos sacrificarmos numa cruz.
Um texto importante para reflexão acerca da qualidade do tempo encontra-se em
Eclesiastes 3, 1-8. Na bíblia o tempo não é quantitativo é qualitativo, ao longo da
existência humana várias experiências devem ter lugar na alma, não há como fugir delas,
mas antes deverá ser cultivada uma atitude sábia de as saber abraçar com fé e aceitação,
procurando compreender cada uma da melhor forma.
A crucificação será esse ponto de convergência entre as várias experiências interiores,
aceitemos todas e deixemos Deus transformar o nosso interior.
A Prática das Dez Virtudes

1 O Espelho da bondade de Deus reflete o brilho da sua glória, as dez virtudes que formam
a sua imagem diferem das sete atitudes interiores e das sete práticas corretas.
Isto porque estas dez virtudes são resultado da graça de Deus que opera no interior, a ideia
das atitudes e das práticas corretas é criar as condições necessárias para uma entrega mais
profunda.
2 Estas virtudes começam numa escala progressiva, e estão ligadas a partes do corpo
humano. A primeira virtude é a obediência total, esta obediência implica uma prontidão
a responder a todo e qualquer chamado de Deus, um desejo ardente e sincero de cumprir
todos os mandamentos em todos os momentos e todas as situações. O termo obediência
total torna-se em si extremo e assustador por levar muitos a pensarem que é impossível
alguém ter esse atributo. Na verdade, devemos ler com atenção a intenção desta virtude,
a obediência total acontece quando qualquer um de nós em todas as situações do nosso
dia a dia, em todas as interações e relações que temos com os outros decidimos aplicar
aquilo que temos aprendido até aqui e decidimos viver baseados no Reino dos Céus. Com
humilde e com a preocupação de estudarmos e aprendermos mais podemos ter sempre
uma obediência total.
3 A segunda virtude é a oração contínua, esta oração ocorre mentalmente ou nalguma
dimensão do coração, a mente pode ocupar-se de várias tarefas, mas uma parte
continuamente permanece fixa em Deus lembrando-se dele ao longo do dia. Ao lembrar-
se de Deus ora, intercedendo também pelos outros e meditando interiormente em várias
coisas que não pertencem a esta dimensão. Nesta virtude é nos descrito um estado interior
permanente e constante que permanece ligado às realidades espirituais ainda que
exteriormente haja outras ocupações.
4 A terceira virtude é a fé viva, esta fé não é teórica nem abstrata, mas baseia-se
completamente na experiência interior e real que a pessoa tenha vivido. Por causa de ser
algo que a pessoa experimentou, mais facilmente obedece de todo o coração a Deus e
mais facilmente ora constantemente. A fé desta pessoa está literalmente viva o que
significa que influencia os outros não porque prega mas porque a sua fé fala através de
si. A quarta virtude é a paciência heroica, permanecer firme e desapegado dos fenómenos
exteriores e das perturbações interiores, aceitar de forma consciente e resoluta as
diferentes formas de tempo. A paciência expressa a entrega de Jesus na cruz, a paciência
resolve muitos problemas e previne ainda mais. Esta virtude é a base de todas as outras
apesar de não estar em primeiro lugar, ela está presente no início de qualquer virtude.
Por esse motivo todos devem orar pelo dom da paciência e pela capacidade de suportar
sofrimentos.
5 A quinta virtude é a humildade profunda, a diferença entre a humildade e a humildade
profunda é que a humildade profunda ocorre quando a alma descobre de verdade quem é
perante Deus. A pessoa fica tão quebrantada e tão reduzida à sua insignificância perante
o Criador do universo que ela começa a desenvolver uma humildade profunda. Ela não
sabe para que é que serve, ela já não sente necessidade de olhar para os outros de forma
crítica, ela está desligada de muitos dos laços normais e leve diante dos olhos de Deus.
A humildade profunda leva a alma a não sentir o olhar dos homens, por isso não se sente
ofendida quando atacada ela só consegue sentir o olhar de Deus.
6 A sexta virtude é a doçura angélica, a doçura está diretamente relacionada com a língua
e a linguagem. O som da personalidade e a maneira como tratamos os outros revela muito
da nossa natureza. Esta doçura é sobrenatural, se não for Deus a dar a pessoa não a
consegue alcançar, o coração tem que estar aberto à presença e tem que permitir ao
Espírito Santo fluir em si.
A doçura conquista fortalezas e derruba muralhas desarmando as pessoas mais maldosas.
A doçura impressiona os ímpios e prova que a presença de Deus é real entre nós. Esta
virtude na prática expressa capacidades interiores como a misericórdia, a mansidão e a
pacificação.
7 A sétima virtude é a mortificação universal, em termos gerais esta é a imitação perfeita
de Deus, quando uma pessoa está disposta a morrer para si mesmo e para os seus desejos
interiores para servir Deus e a verdade, ela manifesta a mortificação universal.
Esta virtude leva a pessoa a esquecer-se de si própria, para compreendermos melhor
vamos comparar a dois apaixonados, eles esquecem-se individualmente de cada um e
anulam-se para poder agradar o outro e amá-lo com mais intensidade. É justamente isto
que acontece nesta situação a alma anula-se de tal forma porque se esquece de si própria
para amar intensamente Deus em todos os seres.
8 A oitava virtude é a pureza celestial, esta virtude também é uma obra sobrenatural de
Deus, ao contrário da pureza que qualquer um pode trabalhar interiormente de corrigir
questões de falhas morais a pureza celestial está intimamente ligada à revelação interior
da noção de pureza. Isto significa que esta virtude é uma espécie de estágio onde a alma
recebe revelações profundas e é visitada por visões, aqui são lhe ensinadas verdades
profundas que ela muitas das vezes não pode transmitir aos outros. Esta pureza não
pertence à dimensão humana daí ser por vezes mal compreendida e mal interpretada, esta
pureza é transmitida àqueles que estão a ser preparados para as duas últimas virtudes.
9 A nona virtude mantém o caráter preparatório e iniciático da virtude anterior, aqui o
processo de purificação celestial culmina no silêncio, este silêncio é o silêncio de Deus.
Mas também é a capacidade de aguentar as piores tribulações vivendo uma paz e um
silêncio interior proveniente do trono de Deus. Nesta virtude a alma aproxima-se do trono
de Deus e começa interiormente a experimentar longos períodos de silêncio mental.
O silêncio mental é muito importante, porque o falar constante prejudica a vida interior,
reduz a capacidade de concentração, não beneficia em nada a sensibilidade espiritual e é
esgotante em termos psicológicos. O silêncio por sua vez transmite grandes quantidades
de energia à vida mental, confere paz, concentração, facilidade contemplativa e mais
comunhão com Deus.
A meditação e o mergulhar nos mistérios de Deus são duas atividades necessárias para a
experiência concreta do silêncio. Mas ainda assim esta virtude é um atributo de Deus,
para quem já começou a desenvolver as outras.
10 A décima virtude é o amor maternal supremo, neste esquema temos que ter presente o
facto de aludirmos à tradição judaica da cabala que vê na Shekiná uma presença feminina
que representa a ação espiritual de Deus no mundo visível. Aludimos ainda ao judaísmo
helenista do tempo de Jesus e a algumas correntes rabínicas da altura que liam os targums
e os textos sapienciais como mensagens da Sabedoria, a face feminina de Deus e ainda
aludimos à tradição católica que associa as mesmas dez virtudes à figura da Virgem
Maria. Três tradições distintas e divergentes associam os mesmos atributos a uma
possível natureza feminina de Deus.
Por causa destas caraterísticas estarem presentes na bíblia e nas tradições religiosas
associadas ao texto bíblico, quisemos aqui explorá-las de uma forma atual que se encaixe
nas nossas crenças.
O símbolo do espírito santo na tradição cristã primitiva, ainda hoje presenta na igreja
copta, bizantina e siríaca era este ser chamado de Mãe de Jesus. Sabemos em hebraico
que o termo espírito é feminino Ruach e também reunimos elementos em várias formas
de cristianismo grego que chamavam Maria de Sophia a Sabedoria do Antigo Testamento.
O mundo teológico destes cristãos era simbólico e metafórico, as verdades eram
assimiladas pela fé contemplativa e não pela literalidade das afirmações escritas, ainda
hoje a igreja ortodoxa difere-se do catolicismo e do protestantismo por declarar os seus
dogmas mistérios contemplativos e não dogmas infalíveis.
Desta forma é benéfico imitar Deus em tudo e ele na sua profunda sabedoria usou
símbolos e imagens nos textos bíblicos e nas visões para levar a nossa mente a
compreensões mais profundas dele.
Por isso a imagem da Sabedoria personificada justifica a mulher também ter sido criada
à imagem e semelhança de Deus. Deus tem uma semelhança feminina assim como tem
uma masculina, a Sabedoria assume esse papel em inúmeros livros, no evoluir do
judaísmo tornou-se a Shekiná e na cristandade os cristãos atribuíram à figura da Virgem
Maria esses elementos.
Com estes símbolos podemos trabalhar de forma organizada e sincera todos os traços
interiores exigidos por Deus para entrarmos no seu Reino e guardarmos de forma perfeita
o seu Evangelho.
A literatura sapiencial frequentemente citada pelo próprio Jesus alude à religião interior
da Sabedoria de Deus no coração humano.
12 Voltando à nossa décima virtude ela representa o amor maternal de Deus pelo mundo,
a energia de Deus que gera Cristo no interior dos discípulos, a presença amorosa de Deus
no meio dos homens. Esta virtude cultiva naqueles que a adquirem uma capacidade de
amar maternalmente todos à sua volta, e uma necessidade de cuidar das pessoas como
uma mãe cuida de um filho. Também liga-se diretamente a Jesus, concedendo a essa
pessoa uma ligação estreita com ele, em que a pessoa sente-se maternalmente unida a
Cristo.
Meditar o Amor do Pai

1 A meditação é a concentração da mente em Deus, colocando a atenção no centro do


peito enquanto se respira lentamente pelo nariz.
2 Quando nos concentramos no centro do peito, tentamos escutar as batidas do coração e
sondar o amor de Deus a envolver-nos.
3 Antes da meditação a mente poderá rever o seu dia, mentalmente com imaginação, e
verificar onde errou, onde acertou e onde poderia ter sido melhor, ao pedir a Deus direção
e perdão a mente deve contemplar o amor com que Deus a ama.
4 Aqui a única verdadeira verdade da fé é a alma saber que Deus a ama
incondicionalmente, e sentir esse amor a abraçá-la e a envolvê-la.
5 A respiração deverá ser feita lentamente apenas pelo nariz, o tempo da expiração deverá
ser o dobro da inspiração. O corpo deve estar sentado confortavelmente e os olhos
semicerrados ou fechados, a atenção deve concentrar-se num ponto de atenção que
colocamos no centro do nosso peito.
6 Sabemos que a essência do Pai é amor e que a única forma de conhecermos o amor do
Pai é através de Jesus.
7 Nesta altura começamos a refletir sobre estas verdades profundas, sobre a forma como
fomos amados e salvos, as coisas que temos recebido e as promessas daquilo que iremos
receber.
8 O Pai ama o Filho e tudo põe na sua mão. Quem crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3,35)
Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém
conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11,27)
9 Somente o Filho nos revela o Pai ao nosso coração de forma perfeita e sobrenatural,
para cada um meditar o amor de Deus em seu coração deverá sentir a presença, os
sentimentos e as atitudes do Filho no seu coração.
10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu,
que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. (Jo
15,10) É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. (Jo
15,12)
11 É ao guardar os mandamentos e procurar aperfeiçoar esta prática interiormente que a
perceção da presença do amor vai progredindo. Amar os outros da forma como Jesus nos
ama deverá ser o maior tema da nossa meditação.
12 Durante a meditação a mente deve ponderar sobre o caráter e sobre as atitudes,
pensamentos e sentimentos, tudo deve ser analisado sem critica apenas por revisão.
O objetivo é termos consciência daquilo que se passa dentro de nós sem estarmos sujeitos
a nenhum tipo de ilusão, devemos acima de tudo crer que o amor do Pai permanece
inalterável ainda que por vezes dentro de nós aconteçam situações que nos afastem desse
amor.
Contemplar a Vida de Cristo

1 A contemplação é uma atitude natural da meditação constante e persistente, sendo assim


um estado de espírito em que a mente começa a observar os fenómenos exteriores com o
olhar da fé.
2 Contemplar a vida de Cristo tem como único propósito compreender a vontade de Deus
na vida interior e exterior. Cristo na sua vida, nos seus gestos, nos seus silêncios, nos seus
ensinamentos, nos seus milagres e na sua cruz, ensinou-nos muito mais acerca de Deus
do que todos os livros da bíblia reunidos.
3 Para contemplar é necessário ler o evangelho todos os dias e ponderar as palavras de
Jesus que devem ser meditadas interiormente sempre com o propósito de querermos
compreender como é que estas se poderão aplicar ao nosso íntimo.
4 As linhas gerais de contemplação passam pelo seu nascimento, a apresentação no
templo, o batismo, a tentação no deserto, o anúncio do Reino, os milagres e a luta contra
o mal, a demonstração da misericórdia de Deus e a sua morte.
5 O corpo mais importante de literatura atribuído a Jesus é o sermão do monte que tem
em si dois pilares fundamentais cheios de mistérios: as bem-aventuranças e o pai-nosso.
Só nesses dois lugares toda a vida de Cristo se oculta.
6 A tentação e todos os ensinos das parábolas culminando no grande mandamento, tornam
o evangelho a revelação interior no coração da lei de Deus.
7 Três faculdades mentais deverão ser consagradas ao serviço de Deus para de forma
perfeita contemplarem os mistérios de Cristo: a imaginação que corresponde ao Espírito
Santo, esta imaginação é santa porque a mente apenas se propõe a imaginar o episódio da
vida de Cristo que leu na escritura, ao imaginar e sentir que ali se encontra vai absorver a
situação interiormente com uma força tremenda, o espírito santo dirige a faculdade
imaginativa durante a oração.
A segunda é a concentração que corresponde a Cristo, aqui a mente não pode distrair-se
com nada, por isso ao ler o evangelho em voz alta a pessoa deve recolher-se intimamente,
entrar no texto pela imaginação e concentrar o seu coração em Cristo, nada mais deverá
para ela ser aqui desejo. Para ajudar a mente a concentrar-se referi que a respiração deve
ser lenta e observar períodos demorados de retenção, a mente deverá afirmar
continuamente nomes de Deus, o nome de Jesus ou versículos, estas não são vãs
repetições, são imitações dos anjos que estão diante do trono a orar sem cessar (Is 6, 3).
A terceira é a escuta interior, a mente absorve porque não faz perguntas, mas em silêncio
aguarda sabedoria. Aqui temos uma atitude que facilita tudo o que foi tratado até agora e
por isso corresponde ao Pai, o discípulo leva a sua atitude de meditação e oração para lá
dos momentos em que as realiza. Ao longo do seu dia quando se lembra de Deus evoca
esse episódio da vida de Cristo e procura por ele ser instruído.
8 A concentração na morte de Cristo também é importante porque explora o aspeto do
sofrimento e da perseguição injusta que os justos sofrem nas mãos dos ímpios. A tentação
e os mandamentos inscritos na oração do Pai nosso e nos bem-aventuranças reúnem os
elementos necessários à transformação interior e à guarda dos mandamentos.
9 Nós escondemos a nossa vida na vida de Cristo, o nosso coração oculta-se no coração
de Cristo e sempre que meditamos ou oramos devemos imaginar que é nesse coração que
estamos a entrar.
10 Jesus também é o nosso templo, o caminho por onde caminhamos, a verdade que nos
torna verdadeiros e a vida que nos vivifica. Ele será sempre o elemento central da nossa
meditação.
11 Contemplar a Vida de Cristo produz muito mais frutos interiores do que meditar as
escrituras por si mesmas. Deus falou pelo seu Filho e manifestou a glória e a verdade por
Ele, as escrituras são testemunhos humanos registados acerca da obra de Deus mas Jesus
foi o Pai em carne.
12 Como Ele ensinou, somente Ele revelava o Pai e Nele estão ocultos todos os mistérios
e tesouros escondidos da sabedoria de Deus.
Aprender com o Exemplo de Maria

1 Maria foi a mãe de Jesus e dela o anjo Gabriel disse: “Salvé, ó cheia de graça, o Senhor
está contigo!” (Lc 1,28) “Maria não temas, pois achas-te graça diante de Deus” (Lc 1,30).
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” (Lc 1,42).
2 Na figura de Maria encontramos as dez virtudes que formam o espelho da bondade de
Deus, apesar das poucas palavras que dela temos registo as mais importantes foram:
“Fazei o que Ele vos disser!” (Jo 2,5) É com base nestas palavras que compreendemos
que todo e qualquer tipo de respeito ou pretensão que exista em imitar a atitude de Maria
resume-se a fazer tudo o que Jesus disser.
3 Sendo esta a frase que resume as dez virtudes, Maria conseguiu alcança-las porque foi
cheia de graça diante de Deus. O Deus que em lugar algum habitou fez do ventre de Maria
a sua habitação por nove meses.
4 A primeira virtude da Obediência total foi demonstrada por Maria ao longo de toda a
sua vida, quando o anjo anunciou que ela teria um filho fora do casamento o que poderia
ter provocado a sua morte ela obedeceu a Deus: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em
mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38). Isto é a obediência total estar disposta a entregar
tudo inclusive o seu sonho futuro de casar com o seu noivo para realizar a vontade de
Deus. A segunda virtude é a oração contínua que Maria teve constantemente vários
versículos afirmam que ela guardava as coisas no coração onde meditava nelas
constantemente. As capacidades de oração de Maria podem explicar o motivo pelo qual
ela conseguiu ver o Arcanjo Gabriel.
5 A terceira virtude, a fé viva de Maria permitiu-lhe abraçar o chamado de Deus, Maria
trouxe Jesus ao mundo uma leitura justa do seu papel nas escrituras é o facto de ela ter
sido escolhida como canal para Deus assumir uma forma humana, portanto a encarnação
ocorreu dentro do seu ventre e cumpriu-se quando ela o deu à luz. Jesus foi maior do que
Moisés, Maria foi maior do que qualquer profeta ela não anunciou a vinda de Cristo ela
submeteu-se a Deus para que Cristo nela fosse gerado e todas essas profecias fossem
tornadas reais. A fé de Maria não é assim um acreditar nas escrituras somente por
acreditar mas saber que participou na realização da vontade de Deus no mundo dos
homens.
6 A quarta virtude é a paciência heroica, desde o começo que José queria divorciar-se de
Maria, depois o anjo ajudou-a mas mal ela teve Jesus, Herodes tentou matar todos os
bebés daquela região. Ela teve que fugir para o Egito, sem saber para onde ia, onde iria
ficar e com o medo constante de ser apanhada pelos inimigos do seu filho. A paciência
de Maria foi uma forma de ela conseguir obedecer a Deus face a todos os perigos e
contrariedades que surgiram no seu caminho.
5 A quinta virtude é a humildade profunda, Maria tinha esta virtude claramente definida
no seu cântico afirmou: “a minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em
Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva” (Lc 1,47-48). Para
além da entrega incondicional ao chamado do anjo Gabriel, Maria ainda teve a
oportunidade de pedir publicamente a outros que fizessem tudo o que Jesus viesse a dizer.
Outro traço importante é que em Lucas nos primeiros capítulos o texto indica-nos que
Maria obedecia a Deus e fazia a vontade do Pai de Jesus, quando Jesus mais à frente
afirma que a sua mãe e os seus irmãos é quem faz a vontade do seu Pai. Ele está a sublinhar
que a sua mãe de facto era a sua mãe, sendo o seu problema na possível distorção que as
pessoas quisessem atribuir à relação dos dois. Ele nunca afirmou que a mãe dele não fazia
a vontade do Pai e não era santa.
6 A sexta virtude, doçura angélica tem a sua manifestação em Maria que sempre foi doce,
simples e calma, ajudando todos os que pudesse ajudar, ela educou Jesus e deu-lhe
excelentes exemplos, sendo uma mulher judaica piedosa e devota a Deus.
7 A sétima virtude é a mortificação universal,
Os Dois Querubins da Arca
Segunda Parte
O Grande Mandamento
Amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente
Amar o Próximo
O Cumprimento da Lei
O Reino dos Céus
Terceira Parte

A nossa Mãe Sabedoria


A Presença da Sabedoria
O Temor do Senhor
O Poder dos Símbolos no mundo espiritual
A Alma Apaixonada por Deus
A Religião do Coração
Imagens, Nomes, Sensações
Quarta Parte

A Disciplina da Humildade

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