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DIREITO TRIBUTARIO 10FEV2014 GISELLE BARROS

EDUARDO MANEIRA.
10 DE FEVEREIRO DE 2014- Giselle Barros
PROVA 26 DE MAIO- Questões de caso concreto com consulta.
PROVA 2ª CHAMADA / PF – 04 JUNHO

Nós estudaremos (dir. tributário I) o Sistema Tributário Nacional na Constituição. No


direito tributário II, estudaremos o Código Tributário Nacional, as normas gerais de direito
tributário e alguma coisa dos impostos em espécie que nos remete para a legislação ordinária,
mas o direito tributário I, basicamente, é o Sistema Tributário Nacional na Constituição.

Bibliografia:
 Constituição e o CTN. (A todo instante, vamos nos socorrer do CTN, do
conceito de tributo, espécies tributárias, por exemplo, que estarão no CTN).
 Aliomar Baleeiro. Direito Tributário Brasileiro
 Aliomar Baleeiro. Limitações constitucionais ao Poder de Tributar.
(Livro clássico e muito completo. Essas suas obras foram atualizadas pela prof. Misabel
Abreu Machado Derzi. Ambas da editora Gen.)
 Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso de direito tributário
 Hugo de Brito Machado. Curso de direito tributário.
 Luciano Amaro da Silva. Curso de direito tributário.
 Paulo de Barros Carvalho. Curso de direito tributário.
 Eduardo Sabbag. Manual de Direito Tributário. *
 Ricardo Alexandre. Direito Tributário Esquematizado. *
*São cursos para preparatório para concurso. Não há maior aprofundamento, mas
dá para o gasto.
 Ricardo Lobo Torres. Curso de Direito Tributário e Financeiro (financeiro não é o
nosso caso).
 Leandro Paulsen. Código Tributário Nacional Comentado.

A Constituição, quanto ao Sistema Tributário Nacional, trata de três grandes temas.


Desses três grandes temas, nós vamos estudar dois. Os temas são: Dos princípios
constitucionais tributários (princípios da legalidade, anterioridade, irretroatividade, princípio
da não cumulatividade, do não conflito, os grandes princípios), e estes princípios que o Aliomar

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Baleeiro chama das limitações constitucionais ao Poder Tributário, então um tópico, grande
tema é o estudo dos princípios constitucionais e das imunidades tributárias. As imunidades
tributárias são também limitações constitucionais ao poder tributário. Então vamos estudar
imunidades e princípios constitucionais. Além disso, nós vamos estudar a Repartição de
Competência Tributária. Talvez, são as coisas mais importantes que tem na Constituição de
matéria tributária. O Brasil é uma República Federativa. Então, se nós estamos falando de
federação, nós estamos falando de mais de uma pessoa política titular de competências. E, no
caso aqui, nós vamos falar de competências tributárias. Como que a Constituição reparte a
competência tributária entre a União, os Estados-membros e os Municípios? Os municípios
que tem status de ente federal. Os municípios também são considerados pessoas jurídicas de
direito público que integram a federação. Então esse é um ponto fundamental.
Depois, o Sistema Tributário Nacional trata da repartição das receitas tributárias. Isso
nós não vamos estudar. Repartição de receitas, princípios orçamentários, o que deve reger o
orçamento, quais são as leis que tratam do orçamento, lei de plano plurianual, lei de diretrizes
orçamentárias, a lei orçamentária propriamente dita, como se formam os Fundos de
participação, Fundos de participação dos estados das receitas da União, Fundo de participação
dos Municípios, das receitas dos estados, e da União, isso é matéria de direito financeiro
(eletiva na faculdade). E nós não vamos estudar.
O direito tributário cuida da relação jurídica fazenda pública/contribuinte até o
momento que o dinheiro cai no caixa, até o momento em que o dinheiro entra nos cofres
públicos. Como que esse dinheiro vai ser gasto, de que modo esse dinheiro vai ser repartido, aí
nós saímos da seara do direito tributário e vamos para a seara do direito financeiro, que não
vai ser objeto aqui do nosso estudo. Então, nós vamos começar pela repartição de
competências tributárias, do primeiro artigo que inaugura o Sistema Tributário Nacional na
Constituição, art. 145.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,

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identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

É uma redação que de plano já revela quais são as pessoas que tem competência
tributária. Quando o art. 145 diz “a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios,
poderão instituir os seguintes tributos [...]” a CF está dizendo que estas pessoas têm
competência tributária. O que é competência Tributária? A competência tributária é esse
poder outorgado pela Constituição a essas pessoas políticas para instituir estes tributos. São
titulares da competência tributária, e podem instituir tributos por lei. Como vamos ver, a
instituição do tributo é sempre por lei. O que é exercer a competência tributária? É criar o
tributo por meio de lei. Então, quando o art. 145 diz “a União, os estados, o Distrito Federal e
os municípios, poderão instituir os seguintes tributos [...]” a primeira mensagem é que estas
são as pessoas titulares de competência tributária. E aí diz os seguintes tributos: impostos
taxas e contribuição de melhorias.
A segunda mensagem é que tributo é gênero que comporta pelo menos estas três
espécies: impostos, taxas e contribuições de melhores. As espécies tributárias não se esgotam
nessas três, mais adiante a CF/88 vai falar dos empréstimos compulsórios e mais adiante das
contribuições sociais. No art. 145 ela fala só de impostos, taxas e contribuições de melhoria
porque essas são três espécies que a União, estados, Distrito Federal e municípios podem
instituir. O artigo 148 fala do empréstimo compulsório e o artigo 149 fala das contribuições
sociais. Aí são espécies que só a União pode instituir, por isso está descolado lá do art. 145.
Qual é o papel fundamental da Constituição? É repartir a competência tributária entre
estas pessoas. Quem pode instituir o quê? Ah, todos podem? Mas o imposto de renda é de
quem? O IPTU é de quem? O ICMS é de quem? Essa repartição quem vai fazer é a Constituição.
Mas baseado em que? Qual é o insumo doutrinário do legislador constituinte para fazer essa
repartição de competência? Em que critério ele se baseou? Então, a Constituição se baseou
numa doutrina que no Brasil foi divulgada/formulada por um professor de SP, Geraldo Ataliba,
que classificava os tributos em (i) tributos vinculados a uma atuação estatal e (ii) tributos não
vinculados a uma atuação estatal.
O que dizia? Qual a base desta doutrina? Alguns tributos, os fatos que vão gerar o
dever de pagá-los são fatos vinculados a uma coação estatal. Então estes tributos cujos fatos
geram dever de pagá-los estão vinculados a uma coação estatal são chamados de tributos
vinculados. Por exemplo, as taxas. O que gera o dever de pagar a taxa? A taxa tem sempre
uma natureza contraprestacional. Eu pago taxa por uma prestação de serviço público ou em

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razão do exercício do exercício do poder de polícia. Eu vou querer um alvará, eu vou pedir/
solicitar uma expedição de uma certidão, requerer uma emissão de um passaporte. Então,
assim, eu vou requerer na polícia federal um passaporte, tem que ter um preço, é uma taxa
que você paga para receber individualizadamente. Taxas e contribuições de melhoria,
contribuições de melhoria sempre decorrem de uma obra pública que acarreta valorização do
imóvel do particular. Nós vamos estudar isso detalhadamente, mas vou só dizer o seguinte: as
espécies tributárias, taxas e contribuições de melhorias são tributos vinculados a uma atuação
estatal. O que gera o dever de pagar uma taxa ou uma contribuição de melhoria é uma
atuação do estado diretamente ao contribuinte que paga. O passaporte é expedido para você.
Então, portanto você paga. Não é uma coisa difusa. Se alguém fala assim: “eu pago todo ano
uma taxa de 50 reais para o passaporte, mas não é para mim não, é o custo do seguinte
passaporte”, e aí deixaria de ser taxa. Taxa é assim: estou pagando por uma certidão para ser
expedida em meu nome, estou pagando por um passaporte que vai ser emitido em meu
nome.
Então, em relação às taxas e às contribuições de melhorias, o legislador constituinte,
ele falou assim: “eu não tenho que me preocupar com a repartição de competência tributária
dos tributos vinculados, taxas e contribuições de melhoria”. Por quê? Precede a competência
tributária uma competência administrativa. Quem tem competência tributária para cobrar
taxa pela expedição de passaporte? Quem tiver competência administrativa para expedir o
passaporte. Quem tem competência tributaria para cobrar a taxa por alvará de funcionamento
de bar, restaurante e similares? Quem tiver competência administrativa para autorizar o
funcionamento de bares e restaurantes. E assim por diante. Ou seja, em matéria de tributos
vinculados, a competência tributaria é definida pela competência administrativa, por quê?
Porque aquele tributo vai ter, por causa da ocorrência de um fato prestado pelo Estado, de um
fato que o estado vai realizar, uma prestação de serviço público, poder de polícia, então isso
vai gerar o dever de pagar o tributo vinculado. Então não vai, a CF, se não precisaria de mais
300 artigos, fala assim, “compete ao município as seguintes taxas, compete ao estado as
seguintes taxas”, isso não existe, não há denominação para essas taxas. Então a fiscalização do
meio ambiente de empresas potencialmente poluidoras é feita pelo IBAMA, o IBAMA cobra
uma taxa correspondente. Quem é responsável pela justiça civil, comercial, penal, no Brasil, é
o Estado, as taxas judiciais são cobradas pelo estado. Matéria de Justiça federal, as taxas são
cobradas pela União federal, e assim por diante. Bom, temos outra espécie tributária, que são
os impostos, e aí que a coisa complica. Por quê? O que gera o dever de pagar o imposto não é
uma contraprestação estatal, é a ocorrência de fatos praticados pelo contribuinte, seja ele
pessoa física ou pessoa jurídica, fatos de conteúdo econômico, que revelem capacidade

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econômica de contribuir. Então, o que gera o dever de pagar o imposto são fatos eleitos pelo
constituinte e depois especificados, detalhados, na legislação, mas que são fatos desvinculados
de uma atuação estatal direta. São fatos realizados pelo cidadão, pela pessoa jurídica de
conteúdo econômico que revelam capacidade econômica de contribuir. Ex: imposto sobre a
renda, imposto sobre importação/exportação, sobre propriedade de imóvel rural/urbano,
sobre a circulação de mercadorias e sobre a prestação de serviços.
Isso tudo são fatos que são praticados, eu presto serviços como advogado, o outro
como médico, qual a atuação estatal aí? Nenhuma, mas é um fato que eu realizo e que revela
uma capacidade econômica de contribuir. Eu cobro 500 reais numa consulta, logo eu pratiquei
um fato que revela uma capacidade de contribuir um imposto sobre serviço para o município.
Esses mesmos 500 reais revelam que eu tenho renda, que vou ser tributado pelo imposto de
renda. Como são fatos desvinculados de uma atuação estatal direta a repartição de
competência em relação aos impostos tem que ser expressa na CF tem que ser privativa, tem
que ser rígida, a CF tem que ser autoritária nesse ser, a CF tem q dizer, compete à união
instituir, e enumera quais são os impostos da União, imposto sobre a renda em provento de
qualquer natureza, imposto sobre produtos industrializados, ela enumera no art. 153 quais são
os impostos da União, enumera no art. 155 quais são os impostos dos estados, e enumera no
art. 156 quais são os impostos dos municípios, que somando todos chegamos a 12 impostos.
Quando vocês escutarem dizer que o Brasil tem mais de 100 impostos, não, o Brasil pode ter
mais de 200 tributos, porque se você contar cada taxa que cada município cobra, cada taxa
que cada estado/união cobra, aí não sei nem fazer essa conta, porque vai depende muito, mas
impostos não. Impostos, os municípios cobram três, IPTU ISS e ITBI (imposto sobre
propriedade territorial urbana, imposto sobre os serviços, imposto sobre transmissão de bens
imóveis). Você compra um apt. Vai pagar ITBI, vai comprar um terreno, paga ITBI. Os estados
cobram três, ICMS, ITCD (imposto transmissão causa mortis) e IPVA (imposto sobre
propriedade de veículo automotor. E a União cobra os demais: imposto de renda, IPI, imposto
de exportação, de importação, IOF (imposto sobre operações financeiras), ITR (imposto
territorial rural). Há uma autorização na constituição para união cobrar impostos sobre
grandes fortunas. Nunca cobrou, nunca instituiu, é um imposto difícil de instituir, eu acho que
é uma inercia do legislador que é bem vinda. Esse negócio de imposto sobre grandes fortunas,
no Brasil ou em qualquer lugar, leia-se mais um imposto para a classe média pagar. As grandes
fortunas estão protegidas em grandes corporações. A pessoa física classe média que tem
patrimônio no seu nome. Um projeto de lei que está no congresso sobre grandes fortunas,
considera grandes fortunas um patrimônio acima de 2 milhões de reais, que aí você vai ter que
pagar não sei quantos por cento por ano, é um IPTU extra. Aí é aquele negócio, o cara, médico,

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dentista, advogado, leva uma vida e aí quando esta 60 anos de idade quita o apt. dele, se for
na zona sul de cara vale 2 milhões, Daí fala assim quitou o apt., agora troca. ...Um imóvel de 3
quartos na zona sul vale 2 milhões, pronto, você vai ter que pagar cem mil por ano. Tomara
que não passe, porque isso, grande fortuna para esse conceito, é grande fortuna para pessoa
física. Eu advogo para pessoa jurídica e pessoa física. Eu sou mais rico que todos meus clientes
bilionários. Porque eles não tem nada no nome deles. Eu vou cair na grande fortuna, mas o
dono do banco não tem nada, então não funciona. Então está lá a previsão que ainda não foi
exercida.
Na frança eles aumentaram, eu tenho amigos que tem imóvel na França, lá patrimônio
acima de dois milhões de euros já se considera grande fortuna, é aquela história, nenhum está
com nome na sua, tanto que atinge a pessoa física. A pessoa física não tem como, a pessoa
jurídica passa. Essas coisas não funcionam. Ex: a tributação da prestação de serviço pelo lucro
presumido diminuiu enormemente a sonegação. Vocês podem reparar o seguinte: se vocês
forem ao médico, ou dentista que é Pessoa Jurídica, a secretária automaticamente, você paga
a consulta, já está emitindo o recibo, por quê? PJ a taxa é 11 %, 12% do imposto de renda. Se
for pessoa física é 27,5 %. Aí se o cara não é PJ, a secretária, com maior constrangimento
pergunta “com recibo ou sem recibo?”. Paga um tributo enorme.
Quando a carga é razoável, é muito bom pagar imposto, uma coisa é pagar 15% outra
coisa é 27%.
Bom voltando, os impostos são repartidos expressamente, são nominados,
enumerados, para que possa se organizar e evitar conflitos de competência, bitributação,
invasão de competência em relação de impostos, tem que fazer estudo porque são estudos
não vinculados a uma atuação estatal.
O Sistema Tributário Nacional tem várias distorções. Assim, Sendo reducionista, o que
se tributa no mundo todo é a renda, que pode, ainda ampliando um pouco, se tributa a renda,
o patrimônio e o consumo. Voltando a ser reducionista, se tributa a renda auferida, se tributa
a renda acumulada (que é o patrimônio), e se tributa a renda gasta (que é o consumo). Em
qualquer lugar são essas três manifestações de capacidades econômicas que vão ser
tributadas. Você na hora que ganha tem imposto sobre a renda, daquilo que você ganhou
parte você vai gastar e vai pagar imposto sobre o consumo que no Brasil é altíssimo.
Se você for somar ICMS, IPI, a carga tributaria no Brasil é enorme no consumo,
principalmente na venda de produtos e mercadorias. O Brasil tem uma média de 14 a 20 % em
alguns serviços chega até mais. O consumo de energia elétrica no Brasil é altíssimo. Chega em
casa e pega a conta da light, ela discrimina, o quê que é o valor da energia e o valor de cada

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imposto que incide sobre a energia. Vocês vão se assustar ao ver o tamanho da carga
tributária.
Então nos temos a renda no momento em que você ganha, no momento que você
gasta e a diferença entre o que você ganha e o que você gasta é o que você vai guardar, ou
imobilizando ou aplicando, sobre esse patrimônio, mobiliário ou imobiliário, vai ter o
pagamento de imposto. Se você comprar um carro tem o IPVA, quando compra o carro tem
ICMS no consumo, mas o carro passa a ser patrimônio seu, e por isso você vai pagar
anualmente o IPVA. Se comprar casa vai pagar o IPTU, se compra a fazendo vai pagar o ITR, se
você pega o dinheiro e mantém o dinheiro aplicado no banco você vai pagar o imposto de
rendo sobre aquela aplicação financeira, não tem para onde correr. E aí, por isso que muitos
criticam. Quanto menos se ganha, menos se guarda. Por isso, se fala que há uma injustiça na
tributação brasileira, porque a pessoa quanto menos ganha, ganha para gastar. Uma pessoa
que ganha mil reais ela gasta mil reais. Uma pessoa que ganha 10 mil reais pode ser que ela
gaste 7, 8, e guarde 3, 2. E sobre o gasto, há uma tributação muito elevada. Então isso às vezes
gera uma injustiça. E Na tabela hoje há uma defasagem grande de correção. Há 10 anos, 2004,
quem ganhava 10 salários mínimos estava na faixa de isenção. Hoje, 10 salários mínimos estão
na faixa da alíquota máxima de 27,5%. E tem muitas despesas. É uma carga pesada, têm
algumas distorções, em alguns lugares a carga é menor, o PIB é menor. Em outros é maior. Na
Europa principalmente, países como Suíça, Suécia e Dinamarca, a carga é em torno de 50%,
mas lá você tem um retorno efetivo. Aqui, você paga uma carga alta, mas você tem que ter
segurança privada, plano de saúde. Então a carga é pesada, pelo retorno que há. O transporte
público não é muita coisa, não precisa dizer. Nós vamos tratar depois dos assuntos de modo
mais sério. Mas para vocês terem uma visão do que nós vamos estudar. Vamos estudar a
questão da repartição da competência tributária, e para isso vamos ver o conceito de tributo,
conceito de imposto, taxa, contribuição, os limites para o exercício dessa competência
tributária, como que se dá, as diferenças entre competência tributaria e capacidade tributária
ativa, diferença entre imunidades que são ou não incidentes. E aí vocês vão ter uma visão boa
do sistema tributário nacional, mesmo que vocês não se tornem tributaristas vocês estarão um
pouco mais esclarecidos. Vocês lembram, há dois anos, quando a alíquota do IPI subiu p carros
estrangeiros de uma hora para outra? Carros de procedência estrangeira cuja empresa não
tinha estabelecimento industrial no Brasil. Era uma forma de forçar as empresas estrangeiras,
principalmente Coreanas, a montar fábrica no Brasil. O IPI aumentou do dia para o outro. Há
um principio chamado da anterioridade. Subiu hoje tem que esperar 90 dias. Esperar a virada
do ano. Não pode ser assim. Quando saiu isso, no mesmo dia o Marco Aurélio com liminar
suspendeu o decreto. O governo às vezes comete umas besteiras. Vocês vão ver o papel da lei

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complementar em matéria tributária que é importantíssimo. Se tivesse feito por lei
complementar não tinha problema nenhum.
E os princípios constitucionais tributários no Brasil, que é um sistema tributário
garantista.. o sistema tributário nacional é muito pró-contribuinte, mas há sempre um choque
no dia a dia, a legislação infraconstitucional nem sempre segue esses princípios, então é um
conflito permanente. Nós vamos estudar o principio da não cumulatividade, ICMS, IPI, agora
PIS e COFINS. Tem tanta coisa em torno disso, tanto litígio, o direito tributário é muito amplo.

RIO, 12 DE FEVEREIRO DE 2014 - LUIZ CLAUDIO


DIREITO TRIBUTARIO
EDUARDO MANEIRA
HOJE VAMOS COMEÇAR COM O ARTIGO 145 DA CF QUE INAUGURA O SISTEMA
TRIBUTÁRIO NACIONAL E DO QUAL NÓS JÁ FALAMOS SOBRE ISTO NA AULA PASSADA.
LEIAMOS O ARTIGO.

TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Seção I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

EU DISSE AQUI, NA SEGUNDA-FEIRA QUE ESSE ARTIGO 145 QUE INAUGURA O


SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL , ELE REVELA ALGUMAS COISAS FUNDAMENTAIS.
PRIMEIRO: ELE ENUMERA, ELE DIZ QUAIS SÃO AS PESSOAS TITULARES DA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, OU SEJA, AQUELAS PESSOAS POLÍTICAS QUE COMPÕE A FEDE
AÇÃO, A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL A QUEM A CONSTITUIÇÃO OUTORGOU R
PODERES PARA INSTITUIR TRIBUTOS POR LEI: UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E
MUNICÍPIOS.
EXERCER A COMPETENCIA TRIBUTARIA SIGNIFICA INSTITUIR TRIBUTO POR LEI. ENTÃO
PRESSUPÕE QUE A PESSOA TITULAR DE COMPETÊNCIA, TENHA UM PODER LEGISLATIVO.
ESTA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA NÃO PODE SER CONFUNDIDA COM CAPACIDADE
TRIBUTARIA ATIVA. A CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA É INERENTE A COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA, OU SEJA, EM REGRA, A PESSOA TITULAR DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA SERÁ A
PESSOA QUALIFICADA NA LEI COMO SUJEITO ATIVO DAQUELA RELAÇÃO JURÍDICA. DAQUELA
OBRIGAÇÃO. MAS ATENÇÃO: A COMPETENCIA TRIBUTARIA É PODER OUTORGADO PELA
CONSTITUIÇÃO. A CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA PODE SER DELEGADA POR LEI.
EXEMPLIFICO E EXPLICO: A UNIÃO TEM DENTRO DAS SUAS ATRIBUIÇÕES
ADMINISTRATIVAS, A FISCALIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE, A FISCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS,
DAS ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS. ELA, UNIÃO, PODE NO EXERCICIO DESSA
FUNÇÃO, NO SEU EXERCICIO DE PODER DE POLICIA, PODE INSTITUIR, POR LEI, UMA TAXA QUE
??? UMA CONTRAPRESTAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE SEU PODER DE POLÍCIA. E ELA O FÊZ. A
UNIÃO INSTITUIU UMA TAXA DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. SÓ QUE, ELA TEM A
COMPETÊNCIA, ELA INSTITUIU A LEI, SÓ QUE, MAS NA HORA DE ELABORAR A LEI, ELA ELEGEU

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OUTRA PESSOA PARA SER O SUJEITO ATIVO DESTA TAXA. ELA ESCOLHEU PARA SER O SUJEITO
ATIVO DESSA TAXA UMA AUTARQUIA CHAMADA IBAMA.
ENTÃO, QUEM É A PESSOA QUALIFICADA NA LEI DA TAXA DE FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL PARA ESTAR NO PÓLO ATIVO DA RELAÇÃO JURÍDICA QUE CONSTISTE NO DIREITO
DE UM EXIGIR O PAGAMENTO DA TAXA E OUTRO DE PAGAR, NESSE CASO, QUEM É O SUJEITO
ATIVO É O IBAMA, NÃO A UNIÃO. POR QUE É O IBAMA? PORQUE A UNIÃO EXERCEU A SUA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PARA INSTITUIR UMA TAXA SOBRE FISCALIZAÇÃO, DELEGOU A
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA PARA UMA TERCEIRA PESSOA, NO CASO, O IBAMA. ISTO
OCORRE E PODE OCORRER EM RELAÇÃO AS TAXAS E CONTRIBUIÇÕES, MAS NÃO OCORRE EM
RELAÇÃO AOS IMPOSTOS. NÃO HÁ ESSA DIVISÃO, ESSA POSSÍVEL DICOTOMIA ENTRE SUJEITO
ATIVO E PESSOA COMPETENTE EM RELAÇÃO AOS IMPOSTOS.
QUEM TEM COMPETENCIA PARA INSTITUIR IMPOSTO SOBRE A RENDA É A UNIÃO.
QUEM É SUJEITO ATIVO SOBRE IMPOSTO SOBRE A RENDA É A UNIÃO.
QUEM TEM A COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR O IPTU, ISS É O MUNICÍPIO. QUEM É
SUJEITO ATIVO É O MUNICÍPIO.
MAS EM RELAÇÃO AS TAXAS, EM RELAÇÃO À ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES, POR
QUESTÕES DE CONVENIENCIA ADMINISTRATIVA, ELEGE-SE COMO SUJEITO ATIVO UMA
TERCEIRA PESSOA QUE NÃO SEJA AQUELA TITULAR DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.
ENTÃO SÃO DOIS CONCEITOS IMPORTANTES. É IMPORTANTE DESDE DE AGORA VOCES
SABEREM DISTINGUIR COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – É O PODER OUTORGADO PELA CF AS PESSOAS POLÍTICAS
QUE INTEGRAM A FEDERAÇÃO PARA INSTITUIR TRIBUTO POR LEI. ISTO É COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA É PODER DE INSTITUIR POR LEI. QUEM OUTORGA
ESTE PODER? A CONSTITUIÇÃO.
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA – É ESTAR QUALIFICADO NA LEI COMO SUJEITO ATIVO
DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA.

NA HORA DE SE EXERCER A COMPETENCIA TRIBUTÁRIA É NECESSÁRIO FAZER UMA LEI


PARA INSTITUIR O TRIBUTO. QUEM A LEI VAI ESCOLHER PARA SER O SUJEITO ATIVO – AQUELE
QUE TEM O DIREITO SUBJETIVO DE EXIGIR O PAGAMENTO DAQUELE TRIBUTO – ESTE É O
SUJEITO ATIVO, ELE É QUEM TEM CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA.
ENTÃO SÃO CONCEITOS DISTINTOS: CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA E COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA.
AS PESSOAS QUE ESTÃO NO CAPUT DO ARTIGO 145 SÃO TITULARES DE COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA.TERÃO, AO EXERCER ESTA COMPETÊNCIA, CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA. QUE
PODE SER DELEGADA. SE PODE SER DELEGADA POR ELA É PORQUE A CAPACIDADE É DELAS,
ASSIM ELA PODE DELEGAR.
A UNIÃO DELEGA PARA O IBAMA A CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA DE COBRAR UMA
TAXA DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL.
HAVIA, EM RELAÇÃO A CIDE – QUE VEREMOS ADIANTE: CONTRIBUIÇÃO DE
INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO - HÁ VÁRIAS DELEGAÇÕES. ANCINE, INSS ETC.
TODAS ESSAS PESSOAS PODEM CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA, MAS NÃO TÊM
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.
POR QUE NÃO TÊM COMPETÊNCIA TRIBUTARIA? PORQUE NÃO FAZEM LEI. O INSS NÃO
FAZ LEI. O IBAMA NÃO FAZ LEI. LOGO, NÃO TÊM COMPETENCIA TRIBUTÁRIA. PARA TER
COMPETENCIA TRIBUTRARIA TEM QUE TER COMPETENCIA PARA FAZEER LEI, TEM QUE TER
UM PODER LEGISLATIVO
EXERCER A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA É FAZER LEI, CONSTITUINDO TRIBUTO.
ENTÃO, O ARTIGO 145 REVELA AS PESSOAS TITULARES DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.
NO BRASIL ISTO É UMA COISA PROBLEMÁTICA. NO BRASIL, NÓS COLOCAMOS NA
CONSTITUIÇÃO OS MUNICIPIOS NO STATUS DE PESSOA POLÍTICA QUE INTEGRA A FEDERAÇÃO.
GRAVEM MUITO BEM ISTO. A FEDERAÇÃO É A UNIÃO DE ESTADOS MEMBROS. NO BRASIL

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MUNICÍPIO INTEGRAR A FEDERAÇÃO, NA POSIÇÃO DE MEMBRO COMPONETE DO ESTADO. O
QUE GERA PROBLEMAS.
SÃO DIVERSOS OS PROBLEMAS, POR EXEMPLO, NA QUESTÃO DO ISS COBRADO DE
DIVERSAS EMPRESAS QUE TEM ATUAÇÃO EM VÁRIAS CIDADES. A QUESTÃO QUE SE PODE
COLOCAR EM UMA CONSULTA SINGELA É ONDE A EMPRESA QUE TEM ATUAÇÃO EM VÁRIOS
MUNÍCIPIOS DEVE RECOLHER O ISS?
A RESPOSTA É SURREAL. TAL SITUAÇÃO É COMPLEXA. POIS VAI DEPENDER, VAI SER DE
ACORDO COM A LEI COMPLEMENTAR DE CADA MUNICIPIO, OU DE ACORDO COM A
LEGISLAÇÃO ENTRE OS MUNICIPIO E DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
ISTO É UMA COISA QUE DECORRE DESSE PROBLEMA. O BRASIL POSSUI MAIS DE 5.000
MUNICÍPIOS.
A MESMA COISA É ESSA COMPETENCIA. POR ISSO NÓS VAMOS VER A IMPORTANCIA
DAS NORMAS GERAIS PARA EVITAR CONFLITOS ENTRE OS ENTES: MUNICÍPIOS, ESTADOS.
O ARTIGO 145, ENTÃO, DIZ QUEM TEM COMPETENCIA TRIBUTARIA. UNIÃO, ESTADOS,
MUNICÍPIOS E O DF. O DISTRITO FEDERAL TEM COMPETENCIA PARA INSTITUIR TANTO OS
TRIBUTOS ESTADUAIS QUANTO OS TRIBUTOS MUNICPAIS. O DF INSTITUI TANTO O ISS
QUANTO O IPTU. O ITBI, O ICMS, O IPVA. OUS SEJA, SE CONCENTRA NO DF AS COMPETENCIAS
DE INSTITUIR TRIBUTOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS.

A CF ADOTOU A TÉCNICA DE REPARTIÇÃO DE COMPETENCIA COM BASE NA


DOUTRINA QUE CLASSIFICA OS TRIBUTOS EM VINCULADOS E NÃO-VINCULADOS, OU SEJA,
UMA TECNICA DE VINCULAÇÃO OU NÃO VINCULAÇÃO A UMA ATUAÇÃO ESTATAL.
OS IMPOSTOS SÃO UMA ESPÉCIE DE TRIBUTO NÃO VINCULADOS A UMA ATUAÇÃO
ESTATAL. ISSO SIGNIFICA QUE O QUE VAI GERAR O DEVER DE PAGAR O IMPOSTO NÃO É UMA
ATUAÇÃO DO ESTADO RELACIONADA DIRETAMENTE A QUEM PAGA O IMPOSTO. É O FATO, O
QUE VAI GERAR O DEVER DE PAGAR O IMPOSTO É UM FATO PRATICADO PELO CONTRIBUINTE,
FATO DE VALOR ECONOMICO, OU SEJA, FATO DE CONTEÚDO ECONÔMICO QUE REVELA
CAPACIDADE ECONÔMICA DE CONTRIBUIR.
ENTÃO, ALGUÉM QUE TEM RENDA, SALÁRIO, RECEITA, INDUSTRIALIZA, IMPORTA,
EXPORTA, PRESTA SERVIÇOS, QUE É PROPRIETÁRIO, VENDE, COMPRA, ETC. ESTES FATOS, NO
ENTENDIMENTO DO LEGISLADOR CONSTITUINTE, SÃO FATOS QUE REVELAM CAPACIDADE
ECONOMICA DE CONTRIBUIR E SÃO FATOS, ENTÃO, QUE GERAM UMA OBRIGAÇÃO DE PAGAR
IMPOSTO. MAS SÃO FATOS DESVINCULADOS DE UMA ATUAÇÃO ESTATAL. EU TRABALHO,
LOGO TENHO SALÁRIO. SOBRE ESTE SALÁRIO INCIDIRÁ O IMPOSTO SOBRE A RENDA, O
IMPOSTO DE RENDA. OS IMPOSTOS NÃO SÃO VINCULADOS. HÁ UMA RÍGIDA DISTRIBUUIÇÃO
DE COMPETENCIA, REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA. HÁ UMA REPARTIÇÃO RÍGIDA. OS
IMPOSTOS SÃO NOMINADOS, ENUMERADOS. ESTÃO EXPRESSOS NA CONSTITUIÇÃO E HÁ UMA
REPARTIÇÃO RÍGIDA. AOS MUNICÍPIOS CABE INSTITUIR TRES IIMPOSTOS, ESTADOS TRES
IMPOSTOS, UNIÃO SETE IMPOSTOS, INCLUÍDO AÍ O IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS,
QUE NUNCA FOI INSTITUÍDO.
ESSA COMPETÊNCIA, NÓ DIZEMOS QUE É UMA COMPETÊNCIA PRIVATIVA. SOMENTE A
UNIÃO PODE INSTITUIR OS IMPOSTOS ENUMERARDOS NO ARTIGO 153.

. Seção III
DOS IMPOSTOS DA UNIÃO
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;

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VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados
nos incisos I, II, IV e V.
§ 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade
e da progressividade, na forma da lei;
II - não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre
rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela
previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda
total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do
trabalho. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação com o montante cobrado nas anteriores;
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
exterior.
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital
pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 4º - O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de
forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não
incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só
ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem,
na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer
outra forma de renúncia fiscal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003) (Regulamento)
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de
que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a
alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território,
conforme a origem;
II - setenta por cento para o Município de origem.
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

SOMENTE OS ESTADOS PODEM INSTITUIR OS IMPOSTOS ENUMERARDOS NO ARTIGO


155.

Seção IV
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir:
I - impostos sobre:
a) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de

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serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
c) propriedade de veículos automotores
II - adicional de até cinco por cento do que for pago à União por pessoas
físicas ou jurídicas domiciliadas nos respectivos territórios, a título do imposto
previsto no art. 153, III, incidente sobre lucros, ganhos e rendimentos de
capital.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - propriedade de veículos automotores. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1º O imposto previsto no inciso I, a
§ 1.º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao
Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao
Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o
doador, ou ao Distrito Federal;
III - terá competência para sua instituição regulada por lei
complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve
o seu inventário processado no exterior;
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
§ 2º - O imposto previsto no inciso I, b, atenderá ao seguinte:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com
o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo
Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da
legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido
nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das
mercadorias e dos serviços;
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da
República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de
seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e
prestações, interestaduais e de exportação;
V - é facultado ao Senado Federal:
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante
resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus
membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver
conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de
iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas
operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações
interestaduais;
VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e
serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do
imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;

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VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado
da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a
alíquota interna e a interestadual;
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda
quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do
estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior, cabendo o
imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário da
mercadoria ou do serviço;
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por
pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto,
qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no
exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos
Municípios;
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem ao exterior produtos
industrializados, excluídos os semi-elaborados definidos em lei
complementar;
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem
sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas
operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e
energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e
gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do
imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre
contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento
responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e
das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior,
serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa
para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do
Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto
incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que
não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a
integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou
serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do "caput"
deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo incidirá sobre operações
relativas a energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e
minerais do País.
§ 3.º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e
o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre operações relativas
a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,

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combustíveis e minerais do País. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste
artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de
petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no
inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem
e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas
operações com as demais mercadorias; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 33, de 2001)
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados,
e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo,
destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de
origem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação
dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o
seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser
diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad
valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto
ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre
concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, b.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive
as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas
mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º,
XII, g. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 6º O imposto previsto no inciso III: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
utilização.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

SOMENTE OS MUNICÍPIOS PODEM INSTITUIR OS IMPOSTOS ENUMERARDOS NO


ARTIGO 156.

Seção V
DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo
diesel;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155,
II, definidos em lei complementar.(Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)

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IV - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155,
I, b, definidos em lei complementar. (Revogado pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)
§ 1º - O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos
termos de lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da função
social da propriedade.
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art.
182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do
imóvel.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados
ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
II - compete ao Município da situação do bem.
§ 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a incidência do
imposto estadual previsto no art. 155, I, b, sobre a mesma operação.
§ 3.º Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei
complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - fixar as suas alíquotas máximas; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste
artigo, cabe à lei complementar:(Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 37, de 2002)
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 4º Cabe à lei complementar:
I - fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos III e IV;
II - excluir da incidência do imposto previsto no inciso IV exportações de
serviços para o exterior. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

IMPORTANTE: A CONSTITUIÇÃO NÃO INSTITUI NENHUM IMPOSTO. A CONSTITUIÇÃO


NÃO INSTITUI DIRETAMENTE NENHUM IMPOSTO, MAS AUTORIIZA AS PESSOAS TITULARES DE
COMPETENCIA A INSTITUIREM IMPOSTOS. ELA NÃO INSTITUE. NÃO EXERCER A COMPETÊNCIA,
É OUTRA COISA. A CF NÃO CRIA, MAS AUTORIZA SUA CRIAÇÃO. EXEMPLO É O IMPOSTO
SOBRE GRANDES FORTUNAS, A CF AUTORIZOU QUE A UNIÃO INSTITUI-SE POR LEI O IMPOSTO.
COMAO A UNIÃO NÃO EXERCEU ESSA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, LOGO, ESTE IMPOSTO NÃO
EXISTE.
REPETINDO: A UNIÃO NÃO CRIA DIRETAMENTE NENHUM IMPOSTO, ELA AUTORIZA A
CRIAR.
OS IMPOSTOS MUNICIPAIS SÓ PODEM SER INSTITUÍDOS PELOS MUNICÍPIOS, OS
ESTADUAIS PELOS ESTADOS E ASSIM SUCESSIVAMENTE.
O MUNICIPIO NÃO PODE INSTITUIR NENHUM OUTRO IMPOSTO, ALÉM DAQUELES
TRES IMPOSTOS PREVISTOS NO ARTIGO 156 DA CF.
SOMENTE A UNIÃO É TITULAR DO QUE SE CHAMA DE COMPETENCIA RESIDUAL. A
UNIÃO PODE INSTITUIR POR LEI COMPLEMENTAR NOS TERMOS DO QUE DISPOE O ARTIGO
154, I DA CONSTITUIÇÃO. ATRIBUI A UNIÃO COMPETÊNCIA RESIDUAL.
Art. 154. A União poderá instituir:

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I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

ELA TEM COMPETENCIA RESIDUAL, PODE INSTITUIR IMPOSTOS NÃO PREVISTOS NOA
ARTIGO 153, DESDE QUE SEJAM NÃO CUMULATIVOS. HÁ POSSIBILIDADE DE A UNIÃO EXERCER
A COMPETÊNCIA RESIDUAL NOS TERMOS DO ARTIGO 154. ENTRETANTO, ESTA POSSIBILIDADE
DE EXERCER A COMPETENCIA RESIDUAL É REMOTA POIS A UNIÃO NÃO PODE INVADIR A
COMPETENCIA DOS MUNICIPIO E ESTADOS.
OBSERVEM QUE O ARTIGO 154 DIZ QUE ELA PODE CRIAR OUTROS E DESDE QUE ESTES
OUTROS NÃO TENHAM COMO FATO GERADOR, COMO BASE DE CÁLCULO, OS JÁ PREVISTOS.
ELA TEM QUE CRIAR, POR LEI COMPLEMENTAR, ALGO NOVO, DIFERENTE. NÃO PODE SER
ALGO QUE JÁ TENHA UM FATO GERADOR DETERMINADO, QUE TENHA O MESMO FATO
GERADOR E BASE DE CÁLCULO JÁ EXISTENTE, POIS SE O FIZER ESTARÁ INVADINDO A
COMPETÊNCIA DOS MUNICIPIOS OU DOS ESTADOS.
EXEMPLO: SE A UNIÃO CRIASSE UM IMPOSTO SOBRE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. UM
IMPOSTO FEDERAL SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. A UNIÃO ESTARIA INVADINDO A
COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS. COMPETE AOS MUNICÍPIOS INSTITUIREM IMPOSTO SOBRE A
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
SE A UNIÃO, POR EXEMPLO, CRIAR UM IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO
AUTOMOTOR, ELA ESTARIA INVADINDO A COMPETÊNCIA DOS ESTADOS. PORQUE COMPETE
AOS ESTADOS INSTITUIR IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ISTO
NÃO É PERMITIDO.
ESSA INVASÃO DE COMPETÊNCIA LEVARIA A UMA BITRITUTAÇÃO. DUAS PESSOAS
JURIDICAS CRIANDO, INSTITUINDO IMPOSTOS DISTITNTOS SOBRE O MESMO FATO. A
BITRIBUTAÇÃO NÃO É PERMITIDA NA CONSTITUIÇÃO.
MAS VEJAM O SEGUINTE, QUANDO O SUPREMO. A BITRIBUTAÇÃO SÃO DUAS PESSOAS
COBRANDO IMPOSTOS DISTINTOS SOBRE O MESMO FATO, POR EXEMPLO, SER PROPRIETÁRIO
DE VEÍCULO AUTOMOTOR, EXISTIR UM IMPOSTO ESTADUAL SOBRE VEÍCULO AUTOMOTOR E
UM IMPOSTO FEDERAL SOBRE VEÍCULO AUTOMOTOR. ISTO NÃO É PERMITIDO. É
INCONSTITUICIONAL.
ENTRETANTO, O STF ADMITIU, O QUE ELE CHAMA, NÃO DE BITRIBUTAÇÃO, MAS DE
BIS IN IDEM – DOIS SOBRE O MESMO, QUE É A UNIÃO OU A PESSOA TITULAR DA
COMPETENCIA, NO CASO A UNIÃO, EXERCER ESSA COMPETENCIA DE MODO FRACIONADO.
EX. A UNIÃO TEM COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA
BRUTA DAS EMPRESAS. ELA EXERCEU. ELA EXERCE NA TÉCNICA DO BIS IN IDEM. O STF DIZ QUE
É CONSTITUCIONAL. O SUPREMO DISSE QUE É EXPRESSAMENTE CONSTITUCIONAL. É UMA
TÉCNICA.
TEMOS HOJE SOBRE A RECEITA DUAS CONTRIBUIÇÕES: O PIS E O COFINS. ORA, EU
PODIA. A UNIÃO NÃO ESTÁ INVADINDO A COMPETÊNCIA DE NINGUÉM. NÃO HÁ QUE SE
FALAR EM BITRIBUTAÇÃO PORQUE NÃO SÃO DUAS PESSOAS JURÍDICAS. É UMA SÓ. A UNIÃO.
UNIÃO VOCE PODE EXERCER COMPETENCIA TRIBUTARIA SOBRE O LUCRO DAS
EMPRESAS, VOCE PODE INSTITUIR CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA DAS EMPRESAS.
ELA PODIA INSTITUIR UMA CONTRIBUIÇÃO COM UMA LEI, UMA ALIQUOTA MAIOR.
ENTRETANTO, POR RAZÕES HISTÓRICAS, NO PASSADO EXISTIA O PIS. DEPOIS FOI CRIADO O
COFINS. TEM DUAS CONTRIBUIÇÕES. SE VOCÊS LEREM A LEI DO PIS E DO COFINS, VOCÊS
VERIFICARÃO QUE O FATO GERADOR É O MESMO. O FATO GERADOR É ABSOLUTAMENTE
IDÊNTICO.

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AS ALÍQUOTAS DO PIS E DO COFINS VARIAM, CONFORME PODE SER OBSERVADOS NO
EXTRATOS DOS SITES ABAIXO:

http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/pispasepcofins/regincidenci
acumulativa.htm
Base de cálculo
A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, no regime de
incidência cumulativa, é o faturamento mensal, que corresponde à receita bruta, assim
entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o
tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.
(Lei nº 9.718, de 1998, art. 3º, § 1º)
Exclusões da Base de Cálculo
Para fins de determinação da base de cálculo, podem ser excluídos do
faturamento, quando o tenham integrado, os valores: (Lei nº 9.718, de 1998, art. 3º, §
2º, com alterações da MP 2.158-35/2001; IN SRF nº 247, de 2002, art. 23):
a. das receitas isentas ou não alcançadas pela incidência da
contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero);
b. das vendas canceladas;
c. dos descontos incondicionais concedidos;
d. do IPI;
e. do ICMS, quando destacado em nota fiscal e cobrado pelo vendedor
dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário;
f. das reversões de provisões;
g. das recuperações de créditos baixados como perdas, que não
representem ingresso de novas receitas;
h. dos resultados positivos da avaliação de investimentos pelo valor do
patrimônio líquido;
i. dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo
custo de aquisição, que tenham sido computados como receita;
j. das receitas não-operacionais, decorrentes da venda de bens do
ativo permanente.
Alíquotas
As alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no regime de
incidência cumulativa, são, respectivamente, de sessenta e cinco centésimos por cento
(0,65%) e de três por cento (3%).
Apuração e Pagamento
A apuração e o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins
serão efetuados mensalmente, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da
pessoa jurídica.
O pagamento deverá ser efetuado até o último dia útil do 2º (segundo)
decêndio subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores.
O pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com a
incidência cumulativa, será efetuado sob os códigos de receita 8109 e 2172
Acesse a página pagamentos para mais informações a respeito.

http://www.portaltributario.com.br/artigos/pis-cofins-regimes.htm
PIS E COFINS – SÍNTESE DOS REGIMES DE APURAÇÃO
Equipe Portal Tributário
Uma década atrás determinar as contribuições do PIS e da COFINS era uma tarefa
razoavelmente simples, pois estas incidiam, basicamente, sobre o faturamento ajustado, às
alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente. Havia poucas exceções e as regras eram até certo
ponto claras e facilmente compreensíveis.
Nos últimos anos, no entanto, o que era relativamente fácil ficou extremamente
complicado e as contribuições passaram a incidir sob os regimes cumulativos, não cumulativos,
de substituição tributária, monofásicos, alíquotas zero, por volume, etc. Nesse período as
importações também passaram a ser tributadas.
A seguir destacam-se, em linhas gerais, os regimes de incidência do PIS e da COFINS.
Alertamos, no entanto, que devido à complexidade e dinâmica legislativa, é imperativo que o
leitor aprofunde os detalhes de cada caso para possibilitar sua aplicação prática.
1) Regime de Incidência Cumulativa
A base de cálculo é a receita operacional bruta da pessoa jurídica, sem deduções em
relação a custos, despesas e encargos. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente, de 0,65% e de 3%.
As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação
do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido ou arbitrado estão
sujeitas à incidência cumulativa.
As pessoas jurídicas, ainda que sujeitas á incidência não cumulativa, submetem à
incidência cumulativa as receitas elencadas no artigo 10, da Lei 10.833/2003.
2) Regime de Incidência Não Cumulativa

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Os regimes de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS foram
instituídos em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004, respectivamente. O diploma legal da
Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa é a Lei 10.637/2002, e o da COFINS a Lei
10.833/2003.
Neste regime é permitido o desconto de créditos apurados com base em custos,
despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente, de 1,65% e de 7,6%.
As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação
do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no Lucro Real estão sujeitas à incidência não
cumulativa, exceto: as instituições financeiras, as cooperativas de crédito, as pessoas jurídicas
que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros, as operadoras de
planos de assistência à saúde, as empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de
transporte de valores de que trata a Lei 7.102/1983, e as sociedades cooperativas (exceto as
sociedades cooperativas de produção agropecuária e as sociedades cooperativas de consumo).
3) Regimes Diferenciados
A característica comum é alguma diferenciação em relação à apuração da base de
cálculo e/ou alíquota. A maioria dos regimes diferenciados se refere à incidência especial em
relação ao tipo de receita e não a pessoas jurídicas, devendo a pessoa jurídica calcular ainda a
Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS no regime de incidência não cumulativa ou
cumulativa, conforme o caso, sobre as demais receitas.
De modo geral, os regimes diferenciados podem ser subdivididos em:
a) Base de cálculo e alíquotas diferenciadas, onde se enquadram: as instituições
financeiras, as entidades sem fins lucrativos e as pessoas jurídicas de direito público interno;
b) Base de cálculo diferenciada: as empresas de fomento comercial (factoring), as
operações de câmbio, realizadas por instituição autorizada pelo Banco Central do Brasil e as
receitas relativas às operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda;
c) Substituição Tributária: cigarros e veículos novos da pessoa jurídica fabricante;
d) Alíquotas Concentradas: combustíveis, querosene de aviação, produtos
farmacêuticos, veículos, pneus novos de borracha, bebidas, embalagens e biodiesel e;
e) Alíquotas Reduzidas: nafta petroquímica, papel imune, destinado á impressão de
periódicos, papel destinado à impressão de jornais, determinados produtos hortícolas e frutas,
aeronaves, suas partes, peças etc., semens e embriões, Zona Franca de Manaus (ZFM),
concessionários de veículos, fertilizantes, defensivos agrícolas e outros, gás natural canalizado,
carvão mineral, produtos químicos e farmacêuticos, livros, combustíveis, bebidas e
embalagens, receitas financeiras, Programa de Inclusão Digital e outros Regimes Especiais.
Como se não bastasse todo esse carnaval feito em torno dessas contribuições, a
Fazenda Nacional elevou em aproximadamente 45% a arrecadação do PIS e 70% a arrecadação
da COFINS, superando em muito o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB nacional do
mesmo período. Ou seja, apenas remodelando o que já existia o Governo conseguiu extrair
ainda mais do contribuinte.

ISTO É UMA TÉCNICA. NÃO HÁ JUSTIFICATIVA PARA QUE SEJAM DUAS ALÍQUOTAS,
EM VEZ DE UMA. AO INVÉS DE SE FALAR ASSIM: SOBRE A RECEITA EXISTIA UMA
CONTRTIBUIÇÃO DE 9 %, O QUE TODOS DIRIAM TRATAR-SE UM ABSURDO. CRIA-SE UMA DE
3%, OUTRA DE 5%, QUE ACABA DANDO NO MESMO.
ENTÃO ESSE BIS IN IDEM PODE SER UMA TÉCNICA. TALVEZ NÃO SEJA A MELHOR
TÉCNICA. PODE DAR MAIS TRABALHO. PODE EXIGIR MAIS DE UMA LEI. DUAS CONTRIBUIÇÕES
COM NOMES DISTINTOS. MAS A RIGOR NÃO HÁ INCONSTITUUCIONALIDADE. PORQUE A
INCOONSTITUCIONALIDADE DA BITRIBUTAÇÃO DECORRE DA INVASÃO DE COMPETENCIA, OU
SEJA, INVADIU-SE A COMPETÊNCIA PRIVATIVA DE ALGUÉM.
AGORA FALA ASSIM. VOCE PODE TRIBUTAR. QUEM PODE TRIBUTAR A RECEITA? A
UNIÃO. SE ELA VAI INSTITUIR UMA, DUAS OU MAIS CONTRIBUIÇÕES SOBRE A RECEITA, NÃO SE
PODE FALAR QUE ELA ESTÁ INVADINDO A COMPETÊNCIA DE NINGUÉM.
ENTÃO ESTA TÉCNICA DE BIS IN IDEM É AUTORIZADA.
A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO, QUANDO CRIOU-SE CONTRIBUILÇÃO SOCIAL SOBRE O
LUCRO DAS EMPRESAS – CSLL, QUE É UMA AUTORIZAÇÃO DADA PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988
PARA A UNIÃO INSTITUIR ESTA CONTRIBUIÇÃO. OS CONTRIBUINTES FORAM A JUSTIÇA E
FALARAM: NÃO. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO É INCONSTITUCIONAL PORQUE
TEM O MESMO FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA.
ENTRETANTO, O STF DISSE QUE TRATAVA-SE DE UM BIS IN IDEM
CONSTITUCIONALMENTE AUTORIZADO.

18
QUANDO VOCÊ TEM TRATADOS INTERNACIONAIS QUE O BRASIL CELEBRA EM
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ETC. DÁ-SE A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO O
MESMO TRATAMENTO DADO AO IMPOSTO DE RENDA. VOCE TEM QUE HARMONIZAR A
LINGUAGEM PARA AS PESSOAS ENTENDEREM.
AS PESSOAS FALARÃO: QUANDO SE TRIBUTA A RENDA NO BRASIL? OS TRATADOS
ESCLARECEM. SÓ NO IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA E TAMBÉM NA CONTRIBUIÇÃO
SOCIAL SOBRE O LUCRO. AMBOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO.
AS PESSOAS PODEM QUESTIONAR: POR QUE TEM DOIS IMPOSTOS?
UM É IMPOSTO. A RECEITA. O DESTINO DA RECEITA DE IMPOSTO É DEFINIDO PELA LEI
ORÇAMENTÁRIA, VAI PARA O CAIXA DO TESOURO,A LEI QUE VAI DEFINIR. NÃO É DINHEIRO
CARIMBADO.
JÁ A CONTRIBUIÇÃO – NO CASO A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – É UMA
CONTRIBUIÇÃO DESTINADA A SEGURIDADE SOCIAL.
AI O ESTRANGEIRO, PERGUNTA, AH, ENTÃO QUEM ARRECADA A CONTRIBUIÇÃO
SOCIAL SOBRE O LUCRO É OUTRO ÓRGÃO? A RESPOSTA É NÃO. É O MESMO ÓRGÃO QUE
ARRECADA.
AI O ESTRANGEIRO, CONTINUA: AH, MESMO SENDO O MESMO ÓRGÃO, DESTINA-SE A
RECEITA AUFERIDA PARA A SEGURIDADE SOCIAL? A RESPOSTA É: TAMBÉM NÃO. POIS CAI NO
CAIXA NORMAL. CAIXA ÚNICA.
O QUE JUSTIFICA É A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO É DIFERENTE DO
IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA PORQUE SE DESTINA A SEGURIDADE SOCIAL, MAS O
QUE NA PRÁTICA NÃO OCORRE, POIS CAI NO CAIXA NO TESOURO. NÃO HÁ CARIMBO PARA
ESTE DINHEIRO SER UTILIZADO NA SEGURIDADE SOCIAL.
A SEGURIDADE SOCIAL VIROU UM CONCEITO AMPLÍSSIMO. O CONCEITO DE
SEGURIDADE SOCIAL, HOJE, É UM CONCEITO QUE ABRANGE MUITA COISA: SAÚDE,
ASSISTÊNCIA SOCIAL ETC. TUDO PODE SER SEGURIDADE SOCIAL, DEPENDENDO O DISCURSO
POLÍTICO DE QUEM ESTÁ NO PODER.
O LULA, POR EXEMPLO, FEZ UMA JOGADA “INTELIGENTE” EM TERMOS DE DISCURSO
POLÍTICO. AI VOCE VÊ QUE AS COISAS CONFORME VOCÊ CONCEBE AS COISAS.
SEMPRE SE FALOU DO DÉFICIT DA PREVIDENCIA – GASTA-SE MAIS COOM A
APOSENTADORIA DO QUE COM O QUE SE ARRECADA COM OS TRABALHADORES NA ATIVA.
ENTÃO, O GRANDE DESAFIO DE TODO O MINISTRO DA PREVIDÊNCIA EM TODO O GOVERNO É
EQUILIBRAR AS CONTAS DA PREVIDÊNCIA. SÃO VÁRIOS OS DISCURSOSO: DISVINCULAR A
CORREÇÃO DOS PROVENTOS DO SALÁRIO MÍNIMO ETC.
O LULA, POLITICAMENTE, DISSE QUE RESOLVEU O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA. COMO? É
UMA QUESTÃO POLÍTICA. É UMA QUESTÃO DE CONTABILIZAÇÃO. QUANDO SE FALA EM
DÉFICIT DA PREVIDENCIA – FALA -SE EM QUANTO EM GASTA COM O PAGAMENTO DE
APOSENTADORIAS E EM QUANTO SE ARRECADA COM A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
INCIDENTE SOBRE A FOLHA DE SALÁRIO, OU SEJA, QUEM ESTÁ NA ATIVA ESTÁ
CONTRIBUINDO O SUFICIENTE PARA PAGAR A APOSENTADORIA DE QUEM SE APOSENTOU?
NÃO. ESTA CONTA NÃO FECHA. O TRABALHADOR DE HOJE, EM UMA ESPÉCIE DE PACTO, PAGA
A CONTRIBUIÇÃO PARA QUE O APOSENTADO POSSA DESCANSAR.
O GOVERNO LULA DISSE O SEGUINTE: A CONTA NÃO É ESTA. NÃO É O QUE SE
ARRECADA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS E O QUE SE GASTA COM A APOSENTADORIA.
PORQUE O ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO DIZ O SEGUINTE:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o
lucro;
II - dos trabalhadores;

19
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando
o orçamento da União.
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma
integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência
social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Vide Medida Provisória nº 526, de
2011) (Vide Lei nº 12.453, de 2011)
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção
ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
§ 8º - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e
o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador
artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade
social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
§ 9° As contribuições sociais previstas no inciso I deste artigo poderão ter
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da
utilização intensiva de mão-de-obra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho.(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema
único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva
contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais
de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao
fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-
cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição
gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente
sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

LULA, ENTÃO, FEZ O SEGUINTE:


DESPESA COM APOSENTORIA – 10

20
RECEITAS – PIS, COFINS, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ETC..Y.
PASSOU COM ESTA MANEIRA DE CONTABILIZAR A SER SUPERAVITÁRIA A
PREVIDÊNCIA, EM VEZ DE DEFICITÁRIA, CONFORME CÁLCULO ANTERIOR.
SE EU PEGAR APENAS A CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIO, DARÁ PREJUÍZO.
ENTRETANTO, SE EU SOMAR TODAS AS CONTRIBUIÇÕES, SERÁ SUPERAVITÁRIO.
A CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITA – LUGAR NENHUM DO MUNDO TRIBUTA RECEITA,
SÓ O BRASIL.
PORQUE SE VOCE ANALISAR BEM, RECEITA NÃO REVELA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
VOCÊ PODE TER RECEITA E PREJUÍZO. A RECEITA POR SI SÓ NÃO REVELA CAPACIDADE
CONTRIBUTIVA. O BRASIL É O ÚNICO QUE COBRA IMPOSTO SOBRE RECEITA.
O SUJEITO PODE TER RECEITA DE UM BILHÃO E TER MARGEM DE LUCRO DE 1%,
ENQUANTO UM SUJEITO PODE TER RECEITA DE 100 MILHÕES E MARGEM DE LUCRO DE 50%. A
RECEITA POR SI SÓ NÃO REVELA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
O GOVERNO PETISTA AGRUPOU AS RUBRICAS E ASSIM, TEORICAMENTE, “ACABOU”
COM O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA. É SÓ SABER COMO AGRUPAR CONTABILMENTE AS FONTES
DE RECEITA E AS DESPESAS.
SE VOCÊ LEVAR EM CONTA QUE A APOSENTADORIA DEVE SER PAGA COM AQUILO
QUE SE ARRECADA SOBRE FOLHA DE PAGAMENTO, ELA CONTINUA DEFICITÁRIA.
ENTRETANTO, SE VOCE LEVAR EM CONTA UMA NOVA METODOLOGIA JUNTO A RECEITA DA
FOLHA DE PAGAMENTO, ACRESCENTANDO OUTRAS R
FONTES CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL – DESPESAS COM
APOSENTADORIA. RECORREREI A TODAS AS FONTES QUE A CONSTITUIÇÃO PERMITE QUE EU
UTILIZE.
A QUESTÕES QUE SÓ EXISTEM NO BRASIL. POR EXEMPLO, A TRIBUTAÇÃO DE RECEITA
É SÓ NO BRAISL. ASSIM COMO HÁ COISAS QUE SÓ TEM NO JAPÃO, NA CHINA. ETC. ESTAS
SITUAÇÕES SÃO SEMPRE QUESTIONÁVEIS.
VOLTANDO A QUESTÃO DA TRIBUTAÇÃO DA RECEITA QUE SÓ EXISTE NO BRASIL. O
BRASIL É MAIS INTELIGENTE QUE OS OUTROS? É ESTRANHO PENSAR-SE ASSIM. OUTRO
EXEMPLO DE COISA QUE SÓ EXISTE NO BRASIL É A BUROCRACIA CARTORÁRIA QUE EXISTE NO
BRASIL PARA, POR EXEMPLO, REGISTRAR UM IMÓVEL. LÁ FORA A COISA É BASTANTE
SIMPLIFICADA. OS TITULARES DE CARTÓRIOS PAGAM IR ALTÍSSIMOS. TEM RENDA ALTÍSSIMA.
OUTRA COISA, ESTRANHA, É A EXISTÊNCIA DO PRECATÓRIO. O ESTADO DIZ ATRAVÉS
DE SEU ÓRGÃO DO JUDICIÁRIO QUE DEVE A VOCÊ QUE MOVEU UMA AÇÃO, UM VALOR X.
VOCE SE VALE DO ESTADO PARA EXECUTAR O ESTADO. VAI RECEBER EM X ANOS. É ESTRANHO.
O ESTRANGEIRO NÃO CONSEGUE ENTENDER CERTOS INSTITUTOS.
CARTÓRIO. SÓ NO BRASIL. PRECATÓRIO. SÓ NO BRASIL. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA. SÓ
NO BRASIL.
O DETALHE, NA REALIDADE, É QUE O ESTADO NÃO TRIBUTA A RECEITA , MAS A
EXPECTATIVA DE RECEITA. É ASSIM, A TÍTULO DE SE TRIBUTAR A RECEITA, TRIBUTA-SE A
INADIMPLÊNCIA. SE VOCE EMITE A COBRANÇA POR UMA PRESTAÇÃO DE UM SERVIÇO,
INDEPENDENTEMENTE DE RECEBER OU NÃO, ESTA É TRIBUTADA INDEPENDENTEMENTE DO
PAGAMENTO O NÃO DA COBRANÇA. AQUELA POTENCIAL RECEITA É TRIBUTADA. É O
ABSURDO DO ABSURDO. TRIBUTA-SE A RECEITA NO BRASIL PELO REGIME DE COMPETÊNCIA
NÃO PELO REGIME DE CAIXA.
ENTÃO, ASSIM, NÃO TRIBUTAR A RECEITA EFETIVA JÁ É UM ABSURDO, MAS TRIBUTAR
A RECEITA EM POTENCIAL É PIOR AINDA.
TRIBUTA-SE, POR EXEMPLO, NO BRASIL, A RECEITA DE TERCEIROS. AQUELE DINHEIRO
QUE PASSA PELO SEU CAIXA, MAS QUE NÃO É SEU, OU SEJA, DESPREZA-SE ATÉ A RECEITA DE
TERCEIROS, COBRANDO-SE PELO TOTAL.
EX. CASO DE EMPRESA DE PROPAGANDA QUE FAZ UM CONTRATO COM A COCA-COLA
NO VALOR DE R$ 100 (MILHOES), COBRA-SE PELO TOTAL, INDEPENDENTE DE HAVER ALI
RECEITA DE TERCEIRO, COMO, POR EXEMPLO, X PARA A TV GLOBO, Y PARA A REVISTA GLOBO.

21
A AGENCIA DE PUBLICIDADE VAI PAGAR O IMPOSTO SOBRE A RECEITA TOTAL, NÃO PODENDO
DESCONTAR OS VALORES DE TERCEIROS. MESMO SENDO APENAS O AGENCIADOR.
A MESMA COISA OCORRE COM AS AGÊNCIAS DE TURISMO, POR EXEMPLO, VOCE
COMPRA UMA PASSAGEM AÉREA COM UMA AGÊNCIA, ELA SERÁ TRIBUTADA PELO PREÇO
TOTAL DA PASSAGEM, APESAR DE ELA TER QUE REPASSAR GRANDE PARTE DAQUELE VALOR
PARA COMPANHIA AÉREA.
COBRA-SE A INADIMPLÊNCIA (POTENCIAL DE RECEITA), COBRA-SE A RECEITA DE
TERCEIROS E COBRA-SE ATÉ REEMBOLSO. REEMBOOLSO É DESPESA. POR EXEMPLO, VOCÊ
COBRA DO CLIENTE, HOSPEDAGEM EM HOTÉIS, PASSAGENS, JANTAR ETC. QUANDO ELE TE
REEMBOLSA, VOCE SERÁ TRIBUTADO SOBRE AQUELE REEMBOLSO COMO SE ELE FOSSE
RECEITA, INDEPENDEMENTE DA NATUREZA CONTÁBIL DO LANÇAMENTO.
TODO E QUALQUER INGRESSO NO CAIXA É CONSIDERADO RECEITA. É A DISTORÇÃO DA
DISTORÇÃO. O JUDICIÁRIO CORRIGE, NA MAIORIA DAS VEZES, ESTAS DISTORÇOES.
ARTIGO 145 - VOLTANDO A COMPETENCIA RESIDUAL NÃO SE CONFUNDE. A
COMPETÊNCIA RESIDUAL HOJE É LIMITADA. POR QUÊ? ELA NÃO PODE LEVAR À BITRIBUTAÇÃO
OU A INVASÃO DE COMPETENCIA. O BIS IDEM NÃO TEM NADA A VER COM A COMPETENCIA
RESIDUAL. O BIS IDEM É, EU TENHO A COMPETÊNCIA ORIGINAL DADA PELA CONSTITUIÇÃO
PARA TRIBUTAR UM DETERMINADO FATO SÓ QUE, EM VEZ DE TRIBUTAR COM UM ÚNICO
TRIBUTO, EU TRIBUTO COM DOIS. MAS NESTE CASO TEMOS O BIS IN IDEM, NÃO TEMOS A
BITRIBUÇÃO. É EU UTILIZAR DA TÉCNICA DO BIS IN IDEM E EXERCER A MINHA COMPETÊNCIA,
QUE NESTE CASO NÃO É RESIDUAL.
A CF NO ARTIGO 145 FALA EM INSTITUIR OS SEGUINTES TRIBUTOS, QUE É GÊNERO
QUE COMPORTA AS SEGUINTES ESPÉCIES, NO ARTIGO 145: IMPOSTOS, TAXAS E
CONTRIBUIÇÕES.

TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Seção I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

AGORA NÓS TEMOS QUE VER O CONCEITO DE TRIBUTO PARA PODERMOS AVANÇAR.
VEJAMOS A DEFINIÇÃO CONTIDA NO ARTIGO 3 DO CTN:

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA – PRESTAÇÃO NO SENTIDO DE OBRIGAÇÃO.


NO SENTIDO DE OBRIGAÇÃO JURIDICA, RELAÇÃO JURIDICA OBRIGAÇÃO JURÍDICA QUE TEM
POR OBJETO O PAGAMENTO DE ALGUMA COISA DE NATUREZA PECUNIÁRIA, ALGUM VALOR
EM DINHEIRO. E COMPUSÓRIA, OBRIGAÇÃO OU PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA É PORQUE
DECORRE DE LEI. É OBRIGAÇÃO EX LEGE. NÃO É OBRIGAÇÃO EX VOLUNTATI, NÃO É
OBRIGAÇÃO CONTRATUAL, QUE DECORRE DAS VONTADES DAS PARTES. É UMA OBRIGAÇÃO
COMPULSÓRIA, EX LEGE. EU NÃO CONTRATO COM A PREFEITURA. EU NÃO DIGO PARA A
PREFEITURA: PREFEITURA, EU PAGO O IPTU E, EM TROCA DESSE PAGAMENTO, VOCE VAI
MANTER A CIDADE LIMPA. NÃO. EU NÃO FAÇO ISTO. NÃO HÁ NATUREZA CONTRATUAL DA
MINHA RELAÇÃO COM A PREFEITURA. HÁ UMA RELAÇÃO EX LEGE, HÁ UMA NATUREZA EX

22
LEGE COMPULSÓRIA. HÁ UMA LEI QUE FALA: POR SER PROPRIETARIO VOCÊ DEVE O IPTU.
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA. PRESTAÇÃO, OBRIGAÇÃO JURÍDICA, RELAÇÃO
JURÍDICA QUE TENHA POR OBJETO O PAGAMENTO DE ALGUM VALOR EM DINHEIRO.
COMPULSÓRIA PARA DISTINGUIR A OBRIGAÇÃO EX VOLUNTATI DA OBRIGAÇÃO EX LEGE.
NINGUÉM PAGA. NINGUÉM CONTRATA O PAGAMENTO DE TRIBUTO. O PAGAMENTO DE
TRIBUTO É UMA OBRIGAÇÃO LEGAL.
- EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA SE POSSA EXPRIMIR – SOA REDUNTANTE. POR
SER PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA É EM MOEDA CUJO VALOR NESSA SE POSSA EXPRIMIR HOUVE,
VALORES DE REFERENCIA FISCAL QUE EXPRIMIAM O VALOR DE UMA MOEDA: UFIR, OTNS, ETC.
- QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO – ESTA É UMA DAS NOTAS MAIS
IMPORTANTES DO CONCEITO DE TRIBUTO. O QUE GERA O DEVER DE PAGAR TRIBUTO É UM
FATO LÍCITO. TRIBUTO NÃO É SANÇÃO DE ATO ILÍCITO. TRIBUTO É UMA OBRIGAÇÃO
COMPULSÓRIA DECORRENTE DA OCORRENCIA DE UM FATO LÍCITO. ENTÃO, O QUE AFASTA O
CONCEITO DE TRIBUTO DO CONEITO DE MULTA. A MULTA É UMA PRESTAÇÃO QUE TAMBÉM É
COMPULSÓRIA, MAS É UMA PENALIDADE PECUNIÁRIA. A MULTA É SANÇÃO. O TRIBUTO NÃO
É PENALIDADE PECUNIÁRIA, PORQUE NÃO É SANÇÃO DE ATO ILÍCITO. VEREMOS, ADIANTE,
QUE SE FAZ UMA CONFUSÃO MUITO GRANDE EM RELAÇÃO A ISSO.
EX.; EQUIVOCADO FALAR EM TRIBUTAR A RENDA DO TRAFICANTE, DO BICHEIRO, DO
CONTRAVENTOR OU DE QUEM QUER QUE SEJA, PORQUE O DINHEIRO NÃO TEM CHEIRO. ISTO
ESTA ERRADO. É UM GRANDE EQUÍVOCO.
SE O ESTADO TRIBUTAR A RENDA DO TRAFICANTE, POR EXEMPLO, O ESTADO ESTARÁ
SE TORNANDO SÓCIO DO TRAFICANTE.
A DIFERENÇA É A SEGUINTE: A RENDA QUE TEM ORIGEM NO ÍLICITO NÃO É
TRIBUTÁVEL, ELA É CONFISCADA. O ESTADO NÃO PODE TRIBUTAR O ILÍCITO, NÃO PODE SER
SÓCIO DO BANDIDO.
O TRIBUTO SEMPRE DECORRE DE UM FATO LÍCITO. ELE NÃO É PENALIDADE.

- INSTITUÍDA EM LEI – É OBRIGAÇÃO INSTITUIDA EM LEI, POR ISSO É COMPULSÓRIA,


EX LEGE, NÃO É VOLUNTÁRIA. OBRIGAÇÃO CONSTITUÍDA EM LEI.UM DOS PILARES DO DIREITO
TRIBUTÁRIO É O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
- COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRAVITA PLENAMENTE VINCULADA – A
ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO E DE EXIGENCIA DO TRIBUTO E ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
VINCULADA. AQUI ESTÁ SE DISTANCIANDO, SE DISTINGUINDO DAS ATIVIDADES
ADMINISTRATIVAS DISCRICIONÁRIAS, QUE SÃO AQUELAS NAS QUAIS O AGENTE PODE
AVALIAR A OPORTUNIDADE E A CONVENIENCIA DA PRÁTICA DO ATO. JÁ O ATO SENDO
VINCULADO, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM AVALIAR A OPORTUNIDADE E A CONVENIÊNCIA DA
PRÁTICA DO ATO DE FISCALIZAÇÃO. NÃO. VOCE TEM QUE FISCALIZAR NOS TERMOS DA LEI. É
VINCULAÇÃO À LEI. SEM MARGEM DE DISCRICIONARIEDADE.
QUANDO EU COMECEI A ATUAR NO CONTECIOSO TRIBUTÁRIO, EU TINHA QUE
COLOCAR EM TODO O MANDADO DE SEGURANÇA. VOCE IMPETRAVA UM MANDADO DE
SEGURANÇA PREVENTIVO: EX. VINHA UMA LEI INSTITUINDO UM TRIBUTO QUE VOCÊ
CONSIDERAVA INCONSTITUCIONAL. A LEI ERA DE UM ANO, A QUAL VOCE TERIA QUE
COMEÇAR A PAGAR NO ANO SEGUINTE. VOCÊ TINHA QUE EXPLICAR PARA O JUIZ.
O JUIZ DIZIA: QUAL É O ATO COATOR? NÃO HÁ ATO COATOR? ENTÃO É MANDADO DE
SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE, NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA.
AI TINHA QUE EXPLICAR O SEGUINTE: NÃO SR. JUIZ, É MANDADO DE SEGURO
PREVENTIVO CONTRA ATO IMINENTE. POR QUE? HÁ UMA LEI QUE INSTITUI UM TRIBUTO QUE
EU ACHO INCONSTITUCIONAL E O FISCAL VAI TER CUMPRIR A LEI, PORQUE A ATIVIDADE DELE
É PLENAMENTE VINCULADA. AO CUMPRIR A LEI, VAI SE CONFIGURAR O ATO COATOR. É O
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO CONTRA ATO IMINENTE. NÃO É MANDADO DE
SEGURANÇA CONTRA A LEI EM TESE. PORQUE O ATO VIRÁ NECESSARIAMENTE EM
DECORRENCIA DE SUA ATIVIDADE VINCULADA.

23
VOCE TINHA QUE MOSTRAR O CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA
PREVENTIVO QUE NÃO SE CONFUNDIA COM MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA A LEI EM
TESE. PORQUE A LEI EXISTIA E O ATO COATOR É IMINENTE EM RAZÃO DA ATIVIDADE
ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA.
ESTE É CONCEITO DE TRIBUTO QUE COMPORTA VÁRIAS ESPÉCIES. TRÊS DELAS ESTÃO
NO ARTIGO 145. ALÉM DELAS NÓS TEMOS:
- OS EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
- AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.

RIO, 17 DE FEVEREIRO DE 2014 – LUIZ CLAUDIO


DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. EDUARDO MANEIRA

NA AULA PASSADA VIMOS O CONCEITO DE TRIBUTO E HOJE VAMOS VOLTAR AO


ARTIGO 145,PARA VERMOS AS ESPECIES TRIBUTÁRIAS ALI REFERIDAS.
TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Seção I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

O CAPUT FALA DOS ENTES FEDERATIVOS COM COMPETENCIA TRIBUTÁRIA, OU SEJA,


QUE PODERÃO INSTITUIR TRIBUTOS. SENDO TRIBUTO, GÊNERO QUE COMPORTA AS
SEGUINTES ESPÉCIES:
O INCISO I – FALA EM IMPOSTOS. COMO JÁ DITO, IMPOSTOS SÃO TRIBUTOS NÃO
VINCULADOS A UMA CONTRAPRESTAÇÃO ESTATAL, A UMA ATUÇÃO ESTATAL. O QUE GERA O
DEVER DE PAGAR IMPOSTO É OCORRÊNCIA DE UMA FATO ECONÔMICO REVELADOR DE
CAPACIDADE ECONÔMICA DE CONTRIBUIR. E PELO CONCEITO DE TRIBUTO QUE NÓS VIMOS
NO ARTIGO 3 DO CTN, ESTE FATO DEVE SER UM FATO LÍCITO, OU SEJA, DEVE DECORRER DE
FATO LÍCITO. ENTÃO O FATO QUE GERA O DEVER DE PAGAR IMPOSTO É UM FATO LICITO. É
UM FATO QUE REVELA CAPACIDADE ECONOMICA PARA JUSTIFICAR A COBRANÇA DESSA
EXAÇÃO.
O ARTIGO 16 DO CTN ARTIGO 16 DÁ O CONCEITO DE IMPOSTO:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

OU SEJA, O IMPOSTO É UM TRIBUTO NÃO VINCULADO A UMA ATUAÇÃO ESTATAL.


TEM COMO FATO GERADOR UMA SITUAÇÃO INDEPENDENTE DE QUALQUER ATIVIDADE
ESTATAL ESPECÍFICA, RELATIVA AO CONTRIBUINTE.
E QUE SITUAÇÃO É ESTA? É UM FATO DE CONTEUDO ECONOMICO QUE REVELA
CAPACIDADE ECONOMICA DE CONTRIBUIR.
RELEMBRANDO, O QUE JÁ FOI DITO, HOJE NÓS TEMOS OS IMPOSTOS FEDERAIS,
ENUMERADOS NO ARTIGO 153, ESTADUAIS NO ARTIGO 155, MUNICIPAIS 156, TODOS OS

24
DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. A UNIÃO É TITULAR DA CHAMADA
COMPETENCIA RESIDUAL. HOJE NÃO HÁ NENHUM IMPOSTO QUE SEJA RESULTADO DO
EXERCICIO DESSA COMPETENCIA RESIDUAL, OU SEJA, SÓ TEMOS OS IMPOSTOS PREVISTOS NO
ARTIGO 153, OU SEJA, NÃO TEMOS NENHUM IMPOSTO CRIADO PELA UNIÃO QUE NÃO OS
PREVISTOS, ENUMERADOS NO ARTIGO 153 DA CF. LEITURA DO ARTIGO 16, CTN.

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

A ESTRUTURA DE NORMA PARA AJUDAR A ENXERGAR O QUE TRATAMOS, IRÁ NOS


ACOMPANHAR NO TRIBUTÁRIO I E NO TRIBUTÁRIO II. AJUDARÁ A ENTENDER A DINÂMICA DA
TRIBUTAÇÃO. FATO GERADOR, OBRIGAÇÃO, HIPOTESE DE INCIDENCIA. ANTES DE
AVANÇARMOS VEREMOS A ESTRUTURA DA NORMA TRIBUTÁRIA.

NORMA TRIBUTÁRIA – ESTRUTURA DA NORMA TRIBUTARIA.


TODA A NORMA TRIBUTAR VAI IMPOR O DEVER DE PAGAR O TRIBUTO. TEM
ESTRUTURA DUAL. COMO AS DEMAIS NORMAS JURIDICAS.
HIPÓTESE >>>>>>>>>>>> CONSEQUÊNCIA
COMO ESTAMOS TRATANDO DE TRIBUTO, DE NORMA TRIBUTÁRIA E, COMO VOCES JÁ
CONHECEM O CONCEITO DE TRIBUTO: QUE É PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA, QUE
NÃO DECORRE DE SANÇÃO DE ATO ILÍCITO.
HIPOTESE DA NORMA TRIBUTÁRIA >>>>> SEMPRE HAVERÁ A DESCRIÇÃO HIPOTÉTICA
DE UM FATO LÍCITO. ESTE FATO, QUANDO DEIXA DE SER FATO HIPOTETICO E PASSA A SER UM
FATO REAL. ESTE FATO REAL QUE ESTAVA DESCRITO HIPOTETICAMENTE NA NORMA, SOFRE A
INCIDÊNCIA DA NORMA.
CONSEQUENCIA – QUANDO DEIXA DE SER FATO HIPOTETICO E PASSA A SER REAL. ESTE
FATO REAL QUE ESTAVA DESCRITO HIPOTETICAMENTE NA NORMA, SOFRE A INCIDÊNCIA DA
NORMA E SE TRANSFORMA EM UM FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. ESTÁ
OBRIGAÇÃO FICA ALOJADA NA CONSEQUÊNCIA DA NORMA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA QUE
TEM POR OBJETO O PAGAMENTO DE TRIBUTO.
ENTÃO ASSIM: HIPOTETICAMENTE:
SE TIVER RENDA >>> PAGAR IMPOSTO DE RENDA
SE TIVER RENDA – É HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.
A CONSEQUÊNCIA – QUAL A CONSEQUÊNCIA, A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA DE QUEM
TEM RENDA? PAGAR O IMPOSTO DE RENDA. PASSA A SER UMA OBRIGAÇÃO TRBUTÁRIA DE
PAGAR O IMPOSTO.
SE FOR PROPRIETÁRIO DE VEÍCULO AUTOMOTOR >>> PAGAR IPVA
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DE IPVA (DE PAGAR IPVA) – SE FOR PROPRIETÁRIO DE
VEÍCULO AUTOMOTOR
ALGUÉM COMPRA UM AUTOMÓVEL – TORNA-SE DE FATO, PROPRIETÁRIO DE UM
VEÍCULO AUTOMOTOR – ESTE FATO É UM FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR O
IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR.
A DOUTRINA SEPARA O QUE MUITAS VEZES A LEGISLAÇÃO, O DIREITO POSITIVO NÃO
O FAZ.
A DOUTRINA NORMALMENTE TRATA A HIPÓTESE DA NORMA ASSIM:
ENQUANTO DESCRIÇÃO HIPOTETICA – FALA-SE EM HIPÓTESE DE INCIDENCIA
ENQUANTO FATO REAL – FALA-SE EM FATO GERADOR.

A LEGISLAÇÃO TRATA TANTO A HIPÓTESE, O FATO EM ABASTRATO, QUANTO O FATO


CONCRETO COMO FATO GERADOR. NORMALMENTE A LEGISLAÇÃO NÃO FAZ ESSA DISTINÇÃO
DO FATO DESCRITO HIPOTÉTICAMENTE DO FATO REAL.

25
EXEMPLO: QUAL É O FATO GERADOR PARA INCIDENCIA DO IMPOSTO DE RENDA – TER
RENDA. QUAL É O FATO GERADOR DO IPTU, SER PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL URBANO. QUAL É
O FATO GERADOR DO IPVA, SER PROPRIETÁRIO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. QUAL É O FATO
GERADOR DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, PROMOVER IMPORTAÇÃO ETC.
QUAL É A OBRIGAÇÃO, A CONSEQUÊNCIA DE EU SER PROPRIETÁRIO DE UM VEÍCULO
AUTOMOTOR, A CONSEQUÊNCIA É A OBRIGAÇÃO DE PAGAR IPVA.
QUAL É A CONSEQUÊNCIA DE EU TER RENDA, É A OBRIGAÇÃO DE PAGAR O IMPOSTO
SOBRE A RENDA.
QUAL É A CONSEQUÊNCIA DE EU SER PROPRIETÁRIO DE UM IMÓVEL URBANO, PAGAR
O IPTU.
ESTÁ É A ESTRUTURA. É LÓGICA DE OBRIGAÇÕES EX LEGE.
É IGUAL AO DIREITO PENAL. SE MATAR...PENA DE ....SE ROUBAR...PENA...
HIPÓTESE >>> CONSEQUÊNCIA
SE OCORREU, DEIXA DE SER HIPOTESE, VIRA FATO E GERA A CONSEQUÊNCIA.
PASSA A SER UM FATO GRAVADO PELA NORMA E QUE VAI GERAR AS CONSEQUENCIAS
JURÍDICAS, JÁ PREVISTAS NA NORMA.
ESTRUTURA DUAL: HIPÓTESE ----CONSEQUÊNCIA.
SE VENDER MERCADORIS>>>>PAGAR ICMS...ETC.
SE PRESTAR SERVIÇO>>>

TODAS AS VEZES QUE LEREM A EXPRESSÃO O FATO GERADOR. VOLTANDO AO ARTIGO


16 DO CTN QUE TRATA DO CONCEITO DE IMPOSTO:

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

POR ISSO QUE IMPOSTO É CHAMENTO DE TRIBUTO NÃO VINCULADO A UMA


CONTRAPRESTAÇÃO ESTATAL.
VOLTANDO AO ARTIGO 145 DA CF, INCISO II.
TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
Seção I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

TAXA – É OUTRA ESPECIE TRIBUTÁRIA. TAXA É TRIBUTO VINCULADO POR EXCELENCIA.


SÃO DOIS TIPOS DE TAXAS QUE PODEM SER COBRADAS. TAXA PELO EXERCICIO DE PODER DE
POLICIA (CF 145, II – PRIMEIRA PARTE), É O ESTADO EXERCENDO O SEU PODER DE POLÍCIA:
CONCEDENDO ALVARÁ, AUTORIZANDO UMA MANIFESTAÇÃO PÚBLICA, UM SHOW,
AUTORIZANDO UM BAR A FUNCIONAR, UM DOCUMENTO QUE SE EXPEDE, POR EXEMPLO,
PASSAPORTE, RG. TUDO É EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. É O ESTADO EXERCENDO O SEU
PODER DE POLÍCIA. ELE COBRA POR ISSO. É UMA DAS TAXAS POSSÍVEIS DE SER COBRADA. AS
TAXAS QUE SE ENQUANDRAM NESSE CONCEITO DE PODER DE POLÍCIA QUE ESTÁ NO CTN
ARTIGO 78:

26
CTN Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

TUDO VOCES VÊM O ESTADO EXERCENDO O PODER DE POLICIA. NA HORA QUE O


INMETRO ESTÁ LÁ MEDINDO UMA MERCADORIA PARA VERIFICAR SE ELA ESTÁ DENTRO DAS
ESPECIFICAÇÕES QUE ELA DIZ QUE ESTÁ. TODAS AS FUNÇÕES DO ESTADO DE FISCALIZAÇÃO,
QUE NÃO SEJAM DE ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS, SÃO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA.
AUTORIZAÇÕES, CONCESSÕES DE ALVARÁ, EXPEDIÇÕES DE DOCUMENTOS ETC. ISTO É O
ESTADO EXERCENDO O PODER DE POLÍCIA.
ESTE EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA É REMUNERADO POR MEIO DE TAXA. ESTAS
TAXAS DO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA NÃO PODEM SER. VEREMOS E COMPAREMOS
COM AS TAXAS PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOES PÚBLICOS ESPECÍFICOS. E DIVISÍVEIS.

TEMOS AS TAXAS PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, ESPECÍFICOS E


DIVISIVEIS (CF 145, II- SEGUNDA PARTE), É A PARTE FUNDAMENTAL DO CONCEITO DE SERVIÇO
PUBLICO QUE PODE SER REMUNERADO POR TAXA.

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;

ENTÃO NÃO É QUALQUER SERVIÇO PUBLICO QUE PODE SER REMUNERADO PELA
TAXA. POR QUE? A MÁQUINA ESTATAL, ELA É SUSTENDA PELO CONJUNTO DE TRIBUTOS
ARRECADOS. ELA É MANTIDA PELAS RECEITAS DA MÁQUINA ESTATAL. ELA É MANTIDA PELAS
RECEITAS ORIGINÁRIAS E PELAS RECEITAS DERIVADAS. O ESTADO, POR EXEMPLO, QUANDO É
ACIONISTA DA PETROBRAS OU DO BANCO DO BRASIL, RECEBE DIVIDENDOS. ISTO SÃO
RECEITAS DA MÁQUINA ESTATAL.
ENTÃO, EM REGRA, O SERVIÇO PUBLICO É CUSTEADO PELA ARRECADAÇÃO GERAL,
MAS A CONSTITUIÇÃO AUTORIZA O SEGUINTE, ALGUNS SERVIÇOS, AQUELES SERVIÇOS QUE
SÃO ESPECIFICOS E DIVISIVEIS, OU SEJA, AQUELES SERVIÇOS QUE VOCÊ CONSEGUE
IDENTIFICAR DE MODO DESTACADO O BENEFICIÁRIO DELE. ESTE, VOCÊ PODE COBRAR
DAQUELE QUE SE BENEFICIA ESPECIFICAMENTE, DESTACADAMENTE DO GRUPO DO SERVIÇO
PÚBLICO, ESTE BENEFICIÁRIO DESSE SERVIÇO, PODE REMUNERAR ESTE SERVIÇO, POR UMA
TAXA PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO.
ENTÃO NÃO É CABÍVEL, POR EXEMPLO, COBRAR TAXA DE SEGURANÇA PÚBLICA, POIS
NÃO PODE SE ESPECIFICAR E DIVIDIR ESSE TIPO DE SERVIÇO. NÃO SE TEM COMO DIZER QUE A
SEGURANÇA PÚBLICA PODE SER PRESTADA DE FORMA ESPECÍFICA E DIVISÍVEL.
EM SÃO PAULO TENTOU-SE, HÁ TEMPOS ATRÁS, INSTITUIR A TELETAXA, COBRADA DE
TODAS AS LINHAS TELEFÔNICAS PARA SEGURANÇA PÚBLICA. O PROJETO DE LEI MORREU NO
NASCEDOURO.
TAXA DE SEGURANÇA, TAXA DE DESPOLUIÇÃO DO AMBIENTE. ISTO É UMA
OBRIGAÇÃO DO ESTADO. NÃO HÁ UMA ESPECIFICIDADE. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA,
DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF TODAS AS VEZES QUE CHEGOU NO SUPREMO A
TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA.

27
HOJE TEMOS A CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINIÇÃO PUBLICA. QUANDO FALAMOS EM
CONTRIBUIÇÃO, QUASE TUDO PODE.
FALOU DO ARTIGO ESCRITO PELO PROFESSOR MARCO AURÉLIO GRECO SOBRE
CONTRIBUIÇÕES UM IMPOSTO SUI GENERES.
CRIARÃO A CONTRIBUIÇÃO NA CF. AS TAXAS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA QUE OS
MUNICÍPIOS CRIARAM TODAS FORAM DECLARADAS DE INCONSTITUCIONAIS PELO STF.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR SOBRE QUE NÃO CABE ADIN SOBRE LEI MUNICIPAL, OU
SEJA, NÃO CABE CONTROLE CONCENTRADO DE LEI MUNICIPAL. O STF FAZ CONTROLE
CONCENTRADO, ADINS DE LEIS FEDERAL E LEIS ESTADUAIS. ELE NÃO FAZ CONROLE
CONCENTRADO DE LEIS MUNICIPAIS. A QUANTIDADE DE MUNICÍPIOS FAZ COM QUE SE TORNE
INVIÁVEL TAL CONTROLE PELO STF.
ENTÃO AS LEIS MUNICIPAIS QUE INSTITUE TAXA DE ILUMINAÇÃO PUBLICA SÓ
CHEGAM AO STF ATRAVÉS DE RECURSO EXTRAORDINARIO, EM CONTROLE DIFUSO. O STF
PODE SE MANIFESTAR SOBRE A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI MUNICIPAL PELA VIA DO
CONTROLE DIFUSO, RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HÁ UM ABUSO DO EXERCÍCIO LIGERENTE
DOS MUNICIPIOS AO REPETIREM VÁRIAS VEZES LEIS TRATANDO DOS MESMO ASSUNTO.
OS MUNICIPIOS E AS COMPANHIAS ENERGÉTICA TINHAM GRANDE INTERESSE NA
TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, PORQUE ERA UMA FORMA DLE GARANTIR O PAGAMENTO DA
ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM DIA. É INVIÁVEL CORTAR A ILUMINAÇÃO PÚBLICA DOS MUNÍCIPIOS
POR NÃO PAGAMENTO.
AS TAXAS ERAM INCONSTITUCIONAIS PORQUE NÃO ERAM ESPECÍFICAS E INDIVISIVEIS,
NÃO PODENDO SER REMUNRADO POR TAXA. O SERVIÇO PUBLICO TEM QUE SER CUSTEADO
PELO TOTAL DA RECEITA E NÃO POR TAXAS ESPECÍFICAS E DIVISÍVEIS.
VÁRIAS TAXAS FORAM DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS E OUTRAS QUE NÃO O
FORAM, SÃO COBRADAS MUITAS VEZES SEM MUITA SUSTENTAÇÃO.
A QUESTÃO DAS TAXAS DE INCÊNDIO. VOCE PARTE DO PRESSUPOSTO DE QUE TODOS
IREMOS PRECISAR. PORQUE É ASSIM, QUANDO VOCE FALA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
PÚBLICO POTENCIAL. EFETIVO OU POTENCIAL. NÃO É ASSIM: OLHA O CORPO DE BOMBEIROS
ESTÁ AQUI, SUA CASA NÃO PEGOU FOGO PORQUE VOCÊ NÃO QUIS.
A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO ESPECIFICO E DIVISÍVEL, EFETIVO OU POTENCIAL,
COMO POR EXEMPLO, A COLETA DE LIXO. O CAMINHAO DE LIXO VAI PASSAR TODOS OS DIAS
NA PORTA DA SUA CASA, QUER VOCE TENHA LIXO OU NÃO. VOCÊ NÃO PODE SE DISPENSAR
DO PAGAMENTO, NO CASO DE VOCE ESTAR EM FÉRIAS, VIAJANDO. NESSE CASO, DO LIXO,SE
JUSTIFICA A COBRANÇA DA TAXA PELA PRESTAÇÃO EFETIVA OU PONTENCIAL. PORQUE O
SERVIÇO FOI COLOCADO A SUA DISPOSIÇÃO. NÃO DÁ PARA COMPARAR ISTO COM A TAXA
COBRADA EM FAVOR DOS BOMBEIROS..O QUE SE PODERIA ERA TER UMA TAXA DE INSPEÇÃO,
DE FISCALIZAÇÃO EM FAVOR DOS BOMBEIROS. AI NÃO SERIA PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO,
MAS PELO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. VOU NO SEU PRÉDIO E VEJO SE TEM EXTINTOR,
SE TEM PORTA DE BLOQUEIO DE FOGO ETC. O QUE NÃO SE PODE É COBRAR UM TAXA POR
UM SERVIÇO POTENCIALMENTE PRESTADO. SERIA A MESMA COISA SE TODO MÊS DE
FEVEREIRO, A GENTE RECEBESSE DA POLÍCIA FEDERAL TAXA PELA EXPEDIÇÃO DE PASSAPORTE.
AI VOCÊ DIRIA, MAS EU NÃO PEDI NADA. E AI O AGENTE FALASSE ASSIM: NÃO TIROU PORQUE
NÃO QUIS, A POLICIA FEDERAL ESTÁ LÁ. NÃO EXISTE ISTO. A TAXA DE INCENDIO PARTE DE
UMA PRESUNÇÃO EQUIVOCADA, POIS NÃO HÁ A EFETIVA PRESTAÇÃO NEM DE FISCALIZAÇÃO
NEM REPRESSIVA. VOCE PAGA POR MANTER UMA ESTRUTURA DE CORPO DE BOMBEIRO. NÃO
VEJO ATENDIMENTO ESPECEFÍCO E DIVISÍVEL, ESTÁ SE COBRANDO GERAL. NÃO SE PODE
COBRAR TAXA DE SEGURANÇA PÚBLICA, TAXA DE DESPOLUIÇÃO DA BAIA DA GUANABARA,
ETC. NÃO É ESTE O ESPÍRITO DA TAXA.

TEMOSENTÃO DOIS TIPOS DE TAXAS

28
- PELA PRESTAÇÃO DO SERVIÇOS – EFFETIVAMENTE PRESTADO OU POTENCIALMENTE
PRESTADO. POTENCIALMENTE PRESTADO É QUANDO O SERVIÇO ESTÁ À DISPOSIÇÃO. COMO
EU DISSE, ESTÁ É UMA TAXA. A OUTRA É A SEGUINTE.
- EXERCICIO DO PODER DE POLICIA – A TAXA DO EXERCICIO DE PODER DE POLÍCIA, AO
CONTRÁRIO DA TAXA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ESPECÍFICO E DIVISÍVEL, ELA JAMAIS
PODERÁ SER POTENCIALMENTE PRESTADA. O EXERCICIO DO PODER DE POLICIA TEM QUE SER
EFETIVAMENTE PRESTADO PARA SER COBRADO, OU SEJA, A TAXA PELO REGULAR EXERCÍCIO
DO PODER DE POLÍCIA. VOCÊ NÃO PODE COBRAR PELA ESTRUTURA PARA MANTER O POSTO
DA POLICIA FEDERAL PARA EMITIR PASSAPORTE, POR ESTAR Á DISPOSIÇÃO. SÓ POSSO
COBRAR TAXA DE EXPEDIÇÃO DE PASSAPORT PARA QUEM O REQUEREU E PARA QUEM EU
EXPEDI. PAGA-SE A TAXA DESSE EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. NÃO PODE SER
POTENCIALMENTE PRESTADO.
AQUI, UMA COISA, IMPORTANTE EM RELAÇÃO A TAXA – HÁ MUITA CONFUSÃO ENTRE
TAXA PELO EXERCICIO DE PODER DE POLICIA, QUE TEM QUE SER EFETIVA, MAS ESTA
PRESTAÇÃO EFETIVA PODE SER PRESUMIDA. ISTO É IMPORTANTE. NÃO SE PODE CONFUNDIR
PRESTAÇÃO DE PODER DE, EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POTENCIAL OU COLOCADO A
DISPOSIÇÃO, ISTO NÃO SE PODE. A DIFERENÇA É MUITO GRANDE. MAS PODE, DE ACORDO
COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO, PRESUMIR A EFETIVA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. A
DIFERENÇA É MUITO GRANDE.
ISTO COMEÇOU COM A TAXA DE FISCALIZAÇÃO DO IBAMA. COMEÇOU-SE A
QUESTIONAR A CONSTITUCIONALIDADE DA TAXA DE FISCALIZAÇÃO DO IBAMA. QUE AS
EMPRESAS QUESTIONARAM ESTAS TAXAS, DIZENDO ASSIM: EU QUERO QUE O IBAMA PROVE
QUE FISCALIZOU A MINHA INDÚSTRIA. A MINHA SIDERURGIA, A MINHA EMPRESA DE
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO. NÃO HÁ EFETIVA PRESTAÇÃO. PORQUE NÃO HÁ PROVA. O STF
PEGOU E FALOU O SEGUINTE: VOCÊ, EMPRESA, É QUE TERÁ QUE FAZER PROVA DE QUE ELE
NÃO FOI LÁ, DE QUE O IBAMA NÃO FISCALIZALOU A EMPRESA. HÁ UMA PRESUNÇÃO DE
EFETIVA FISCALIZAÇÃO, NA MEDIDA QUE HÁ UM ORGÃO, CRIADO, EXISTENTE, COM UM
CORPO DE FUNCIONÁRIOS, COM ESTRUTURA, FUNCIONARIOS PARA FISCALIZAR. O ÓRGÃO
EXISTE PARA FISCALIZAR. SE EXISTE UM ÓRGÃO, O IBAMA, QUE TEM 1000 FISCAIS
CONCURSADOS QUE TÊM O DEVER DE FISCALIZAR EMPRESAS, SE TEM ESCRITÓRIO COM
ESTRUTURA, SE TEM CARROS, SE TEM HELICÓPTEROS. SE TEM TUDO ISTO, EU POSSO
PRESUMIR QUE HÁ FISCALIZAÇÃO.
O STF DISSE QUE A EFETIVA OU O EFETIVO EXERCICIO REGULAR DO PODER DE POLICIA
JAMAIS PODE SER DISPENSADO, MAS ESTÁ EFETIVIDADE PODE SER PRESUMIDA. ATENÇÃO,
MAS NÃO PODE SER DISPENSADA.
QUANDO O SUPREMO FALOU ISTO, GRANDE PARTE DO PODER JUDICCIARIO
COMEÇOU A INTERPRETAR ESTÁ DECISÃO DO SUPREMO NO SENTIDO DE QUE O STF HAVIA
DITO QUE PODIA HAVER POTENCIAL EXERCICIO REGULAR DO PODER DE POLICIA. NÃO. MAS
NÃO FOI ISTO QUE O STF DISSE. O STF DISSE QUE ELE TEM QUE SER EFETIVO, ELE NÃO PODE
SER POTENCIAL. ISTO É UMA COISA QUE ESTÁ CRIANDO MUITA CONFUSÃO.NÃO PODE HAVER
O POTENCIAL EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLICIA. NÃO, ELE TEM QUE SER EFETIVO.
ELE NÃO PODE SER POTENCIAL. ISTO É UMA COISA QUE ESTÁ CRIANDO MUITA CONFUSÃO NO
MEIO DO JUDICIÁRIO, NAS INSTÂNCIAS INFERIORES. AS VEZES A PESSOA CITA ESTÁ
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO PARA DIZER QUE HÁ UMA POTENCIAL, UM POTENCIAL
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. ISTO NÃO EXISTE. O PODER DE POLÍCIA OU É EXERCICIDO
OU NÃO. NÃO CABE POTENCIAL EXERCICIO REGULAR DE PODER DE POLÍCIA. CABE POTENCIAL
PRESTAÇÃO DE SERVIÇÕ, NÃO DE EXERCICIO DE PODER DE POLICIA. A POTENCIAL PRESTAÇÃO
DE SERVIÇO PODE SER DE COLETA DE LIXA, DE ESGOTO.
UM EXEMPLO DE ONDE HÁ ESTA CONFUSÃO. AS EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES E
ENERGIA. VÁRIOS MUNICÍPIOS COBRAM UMA TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE POSTE. A QUESTÃO
ABSURDA DA TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE POSTE. HÁ UMA IMPOSSIBILIDADE LÓGICA PELO
OBJETO DO EXERCICIO DE POLICIA. UM DOS MUNICÍPIOS QUE COBRA ESTA TAXA É O

29
MUNICÍPIO DE BARRA MANSA. ORA BOLAS, POSTE NÃO ANDA. POSTE FICA PARADO, ENTÃO,
COMO SE FISCALIZA POSTE? NÃO TEM COMO TER EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA
EM FISCALIZAÇÃO DE POSTE. MAIOR ABSURDO É QUE TEM JUÍZES QUE FALAM ASSIM: MAS
PODE SER POTENCIAL!!!!!!
ENTÃO HÁ UMA CONFUSÃO. ISTO SE COBRA: TAXA PELO USO DO SOLO. DAS
COMPANHIAS ENERGÉTICA É COBRADO POR POSTE EXISTENTE NO MUNICÍPIO. DAS
COMPANHIAS TELEFÔNICAS, COBRA-SE POR ORELHÃO. OS VALORES SÃO ALTOS.
TÁ SE COBRANDO O QUÊ? COM O NOME DE TAXA ESTÁ SE COBRANDO OUTRA COISA.
PORQUE NÃO HÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESPECÍFICO E DIVISÍVEL E NEM HÁ EXERCÍCIO
REGULAR DO PODER DE POLÍCIA. HÁ UMA IMPOSSIBILILDADE LÓGICA PELO OBJETO DE
QUALQUER EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA.
VOCÊ PODE COBRAR TAXAS POR OUTRAS COISAS. FISCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÃO DE
POSTO. ISTO PODE. SABER SE ELE ESTÁ NUM DISTANCIAMENTO CORRETO DA RUA. SE O POSTE
NÃO FOI INSTALADO NO MEIO DE UMA ENTRADA DE UMA GARAGEM. SE ELE ESTÁ
ATRAPALHANDO UMA ÁRVORE OU VICE VERSA. ISTO É OUTRA COISA.
VOCÊ PODE COBRAR TAXA DE EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA REGULARMENTE,
PERIODICAMENTE SE A ATIVIDFADE FISCALIZADA POR PERIÓDICA. O QUE NÃO É O CASO.
VOCE PODE COBRAR PELA FISCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÃO. VOCÊ PODE COBRAR PARA
VERIFICAR SE AS POSTURAS MUNICIPAIS. SE AS POSTURAS PÚBLICAS ESTÃO SENDO
CUMPRIDAS. AGORA, FISCALIZAR ANUALMENTE O POSTE, É DIZER QUE O POSTE ANDA.
ABSURDO!!!!! NÃO HÁ NENHUMA RAZOABILIDADE NESTA TAXA DE POSTE, ORELHÃO, OU QUE
QUER QUE SEJA. MUITAS VEZES SE CONFUNDE O QUE JUSTIFICA ESSA COBRANÇA É A
POSSIBILIDADE DE COBRANÇA POTENCIAL QUE NÃO PRECISA SER PROVADA PELA
FISCALIZAÇÃO. HÁ UMA IMPOSSIBILIDADE PORQUE NÃO HÁ OBJETO POSSÍVEL.
O CTN A PARTIR DO ARTIGO 77 TRATA DAS TAXAS:
TÍTULO IV
Taxas
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições
(NOTA DO PROF. VINCULADOS, AO CONTRÁRIO DOS IMPOSTOS), têm
como fato gerador o exercício regular do poder de polícia (NOTA DO PROF.
O PRÓPRIO FATO GERADOR AFASTA QUALQUER POSSIBILIDADE DE
POTENCIAL EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA- PORQUE É O
REGULAR EXERCÍCIO, TEM QUE SER EFETIVO), ou a utilização, efetiva
ou potencial (NOTA DO PROFESSOR, AI É OUTRA TAXA), de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do
capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de 30.1.1967)

HOJE, O SERVIÇO PÚBLICO ESPECÍFICO E DIVISÍVEL PRESTADO AO CONTRIBUINTE OU


POSTO A SUA DISPOSIÇÃO, REMUNERADO POR TAXA É CADA VEZ MAIS RARO. POR QUE? A
TAXA TEM NATUREZA TRIBUTARIA, ELA SÓ PODE SER COBRADA SE O SERVIÇO PUBLICO FOR
PRESTADO POR QUEM TEM COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR ESTE TRIBUTO, ESTA TAXA. DESSE
MODO, SÓ SE PODE COBRAR TAXA POR SERVIÇO PRESTADO PELA UNIÃO, PELO ESTADO, PELO
DISTRITO FEDERAL, PELOS MUNICÍPIOS, POR UMA AUTARQUIA OU FUNDAÇÃO PÚBLICA
CRIADA POR UM DESSES ENTES A QUE A LEI JUSTIFIQUE.
NÃO SE COBRA TAXA POR SERVIÇOS PÚBLICOS CONCEDIDOS. DADOS EM CONCESSÃO.
E QUE HOJE SÃO A MAIORIA. OS SERVIÇOS PÚBLICOS CONCEDIDOS.
EX. TELECOMUNICAÇÕES, ENERGIA, MESMO A MAIORIA DO SERVIÇO PRESTADOS DE
FORNECIMENTO DE AGUA POTAVEL, DE TRATAMENTO DE ESGOTO, ETC. A MAIORIA DESSES

30
SERVIÇOS SÃO FEITOS POR EMPRESAS CONCECIOSSIONARIA DE SERVIÇOS PÚBULICO QUE SÃO
REMUNERADAS POR TARIFAS.
ATENÇÃO: TARIFAS TEM REGIME DIFERENTE. O REGIME DE TARIFA OU PREÇO
PÚBLICO É UM REGIME QUE ESTÁ NO ÂMBITO DO DIREITO PRIVADO. QUEM FIXA O VALOR DA
TARIFA E OS AUMENTOS DAS TARIFAS E DOS PREÇOS PÚBLICOS NÃO É A LEI. CONFORME SE
FAZ OBRIGATORIAMENTE COM AS TAXAS, OU SEJA, A LEI SE APLICA AS TAXAS. VOCÊ TEM
TODA UMA POLÍTICA DE FIXAÇÃO DE TARÍFAS, TEM UM PARÂMETRO LEGAL, MAS ESTA TARIFA
É DETERMINADA POR AGÊNCIAS REGULADORAS, POR ÓRGÃOS DO EXECUTIVO. ESSA TARIFA
PODE SAIR POR PORTARIA, DNAI COMO SAEM AS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA, PORTARIA
ANATEL ETC.
JÁ AS TAXAS NÃO. AS TAXAS TÊM QUE SE SUBEMTER A TODOS OS PRINCÍPIOS
TRIBUTÁRIOS. TEM QUE TER LEI, RESPEITAR O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ETC.
ENTÃO, HOJE, A MAIORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS, OESPAÇO DAS TAXAS NO SERVIÇO
PÚBLICO DIMINUIU, NA MEDIDA QUE DIMINUIU O SERVIÇO PUBLICO PRESTADO
DIRETAMENTE POR UM ENTE ESTATAL, DIMINUIU-SE O NÚMERO DE TAXAS DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO.
HOJE A MAIORIA DOS SERVIÇOS PUBLICO É PRESTADO POR EMPRESAS
CONCESSÍONÁRIAS DO SERVIÇO PÚBULICO.
ENTÃO A TAXA ELA É, VAMOS DIZER, NA TEORIA, POR TER NATUREZA TRIBUTARIA, ELA
É EX LEGE, É COMPULSÓRIA. A EXIGÊNCIA É COMPULSÓRIA. SE O SERVIÇO ESTÁ POSTO A SUA
DISPOSIÇÃO, VOCE SE UTILIZANDO OU NÃO DELE, TEM QUE PAGAR A TAXA MÍNIMA FIXADA
EM LEI.
JÁ A TARIFA É UM CONTRATO. EU, POR EXEMPLO, CONTRATO O MEU TELEFONE
CELULAR: COM A TIM, OI, CLARO, VIVO. DEPENDENDO DA POLÍTICA QUE CADA UMA TEM
PARA CONQUISTAR O MERCADO. UMA COBRA 15 DE ASSINATURA, OUTRA COBRA 5, OUTRA
NADA. ASSIM, É UM CONTRATO QUE TEM NATUREZA DE OBRIGAÇÃO EX VOLUNTATE,
AUTONOMIA DA VONTADE PRIVADA, QUE DECORRE DA VONTADE DAS PARTES, MAS NA
VERDADE, NÓS SABEMOS, TRATA-SE DE CONTRATO DE ADESÃO.
O USUÁRIO, AQUELE QUE RECEBE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO TEM MUITO POUCA
MARGEM PARA IMPOR CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE LHE ATENDAM. ELE ADERE OU NÃO
AO CONTRATO. MAS A NATUREZA, ENTRETANTO, É DIFERENTE. A NATUREZA É CONTRATUAL.
POSSO OPTAR ATÉ POR TER OU NÃO UM CELULAR.
AGORA EU NÃO POSSO OPTAR, EM UM REGIMA DLE TAXA, POR EXEMPLO, MORAR EM
IPANEMA E FALAR ASSIM: EU NÃO PRECISO DE ESGOTO NEM DE INSTALAÇÃO DE AGUA NÃO.
ISTO NÃO PODE. NÃO É OPÇÃO SUA. O SERVIÇO VAI ESTAR A SUA DISPOSIÇÃO. VOCE DEU
DESCARGA, TEM LÁ O SERVIÇO SENDO PRESTADO. ISTO É REGIME DE DIREITO PÚBLICO. É
COMPULSÓRIO. POR LEI ETC. O OUTRO, TARIFA, É REGIME PRIVADO. VESTIBULAR PARA AS
FACULDADE É UMA TAXA.
PEDÁGIO É TARIFA. HÁ ALGUMAS DISTORÇÕES. A TARIFA, COMO NÃO É
COMPULSÓRIA, É DE REGIME DE DIREITO PRIVADO, CONTRATUUAL. FACULTATIVA É DA
NATUREZA DO CONTRATO. EU COMPRO OU NÃO. EU VENDO OU NÃO. EU ALUGO OU NÃO. EU
CONTRATO ESTE SERVIÇO CONCEDIDO OU NÃO.
O PEDÁGIO TEM UM PROBLEMA NO BRASIL. O PEDÁGIO ACABA VIRANDO
COMPULSÓRIO. EM TESE O NOSSO PEDÁGIO CARECE DE HAVER UMA ESTRADA SEM PEDÁGIO.
EM OUTROS PAÍSES, NORMALMENTE, EXISTE UMA ESTRADA GRATUÍTA, PARALELA AQUELA
ESTRADA QUE TEM PEDÁGIO. PORQUE É FACULTATIVO. NO BRASIL VOCÊ NÃO TEM OPÇÃO.
ENTÃO TEM, POR EXEMPLO, TARIFAS QUE SE COBRAM, QUANDO VOCE COMPRA
BILHETE AÉREO QUE TEM LÁ AS TARIFAS AEROPORTUÁRIAS. QUANDO A INFRAERO COBRA AS
TARIFAS DE POUSO E DECOLAGEM. TEM MUITA TARIFA.
AGORA, POR FALAR NISSO, EU TENHO UMA POSTURA PRAGMÁTICA: QUANDO QUE É
TAXAW QUANDO QUE É TARIFA? DEPENDE DO REGIME JURÍDICO QUE FOI ESCOLHIDO.
PORQUE JURIDICAMENTE NÃO DÁ PARA VOCÊ TEORIZAR EM TORNO DISSO, PORQUE FICA

31
IDEOLÓGICO. SE VOCE PEGAR OS LIVROS MAIS ANTIGOS, VERÁ QUE ELES FALAM QUE OS
SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS SÓ PODEM SER REMUNERADOS POR TAXAS, ENQUANTO OS
QUE NÃO SÃO ESSENCIAIS PODEM SER REMUNERADOS POR TARIFAS. A QUESTÃO É: O QUE É
SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL? DEPENDE. É IDEOLÓGICO SE VOCE FALAR ASSIM: ESTE SERVIÇO
TEM QUE SER POR TAXA. AQUELE TEM QUE SER POR TARIFA.
A QUESTÃO DA ESSENCIALIDADE É VARIÁVEL, OU SEJA, DEPENDE. TEM PARTIDOS QUE
ACHAM QUE O ESTADO TEM QUE SER MÍNIMO. JÁ OUTROS QUE ACHAM QUE ELE TEM QUE
SER MÁXIMO. DESSE MODO, NÃO É O DIREITO QUE VAI DIZER ISTO.
ENTÃO DEPENDE DO REGIME JURÍDICO ADOTADO. ENTÃO, NO CASO POR EXEMPLO,
DE UM SERVIÇO SER PRESTADO POR UMA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO, EM UM
CONTRATO DE CONCESSÃO E O PREÇO DAQUELE SERVIÇO É DEFINIDO POR AGÊNCIA
REGULADORA, ESTAMOS TRATANDO DE TARIFA. AGORA, SE O SERVIÇO É PRESTADO
DIRETAMENTE PELO ESTADO, SE O VALOR DAQUELE SERVIÇO É FIXA POR LEI. SE ATENDE O
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ETC. NÓS ESTAMOS TRATANDO DE TAXA. AINDA HÁ CIDADES
QUE TÊM O SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO REMUNERADO POR TAXA PORQUE A PREFEITURA É
QUE EXPLORA O SERVIÇO. ELA É QUE É RESPONSÁVEL PELO SERVIÇO, PELA SECRETARIA DE
OBRAS. ELA É QUE CUIDA DE FAZER O TRATAMENTO DE ESGOTO E O FORNECIMENTO DE
ÁGUA E REMUNERA POR TAXA. ELA PODE COBRAR PELA POTENCIALIDADE. ELA PODE COBRAR
COMPULSORIAMENTE.
EXEMPLO DE UBERLANDIA – COLETA DE ESGOTO E FORNECIMENTO, QUANDO
EXPLORADO PELA PREFEITURA, COBRADO ATRAVÉS DE TAXA. APÓS FOI FEITA LICITAÇÃO E
PASSOU-SE A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. MUDOU O REGIME DE TAXA PARA O REGIME DE
TARIFA, MAS O SERVIÇO, NA ESSÊNCIA, É O MESMO: COLETA DE ESGOTO E FORNECIMENTO
DE ÁGUA. ENTRETANTO NUM REGIME JURÍDICO DE TAXA E PASSOU A SER EM REGIME
JURÍDICO DE TARIFA.
ENTÃO, NÓS JÁ TIVEMOS, ESSES SERVIÇOS PÚBLICOS QUE CONHECEMOS, EM REGIME
DE TAXA. ENTRETANTO, HOUVE UMA DIMINUIÇÃO DA PRESENÇA DO ESTADO NA PRESTAÇÃO
DESSES SERVIÇOS DIRETAMENTE E HOJE A MAIORIA É REGIME DE PREÇO OU TARIFA QUE NÃO
SE DISTINGUEM DAS TAXAS.
EM RESUMO, PARA ENCERRAR, POR ORA, ESSA QUESTÃO DE TAXAS. AS TAXAS PODEM
SER PELO EXERCICIO REGULAR DO PODER DE POLICIA. AS TAXAS PELO EXERCÍCIO REGULAR DO
PODER DE POLÍCIA TEM QUE SER EFETIVAS. O EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA TEM
QUE SER EFETIVO. NÃO PODENDO SER POTENCIAL, MAS ATENÇÃO, DE ACORDO COM A
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO, ESTE EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA PODE SER
PRESUMIDO.
AS TAXAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, ESSE SERVIÇO PÚBLICO TEM QUE SER
ESPECIFICO E DIVISIVEL. ISTO SIGNIFICA QUE VOCÊ TEM, QUE DO CONJUNTO DOS SERVIÇOS
PRESTADOS, TER ELEMENTOS, CONDIÇOES DE DESTACAR CADA UM DOS BENEFICIÁRIOS DO
SERVIÇO. A IDENTIFICAÇÃO DESSE BENEFICIÁRIO DE MODO DESTACADO DO TODO. SE NÃO
PUDER, NÃO ATENDEU A ESSA ESPECIFICIDADE E DIVISIBILIDADADE. ESSE SERVIÇO ESPECIFICO
E DIVISIVEL, ELE PODE SER EFETIVA OU POTENCIALMENTE PRESTADO.BASTA QUE ESTEJA À
DISPOSIÇÃO DO USUÁRIO. ENTÃO, POTENCIALMENTE PRESTADO É AQUELE SERVIÇO PUBLICO
ESPECÍFICO E DIVISÍVEL QUE ESTÁ A DISPOSIÇÃO DO USUÁRIO E QUE NÃO FOI UTILIZADO
(CASO DE COLETA DE LIXO, ESGOTO ETC. ATENÇÃO POTENCIAL: É ESTAR A DISPOSIÇÃO.
SERVIÇO PÚBLICO ESPECÍFICIO E DIVISÍVEL, AO CONTRÁRIO DO EXERCÍCIO REGULAR
DE PODER DE POLÍCIA QUE TEM QUE SER EFETIVO. A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PUBLICO
ESPECÍFICO E DIVISÍVEL PODE SER EFETIVA OU POTENCIAL. O QUE SIGNIFICA POTENCIAL?
ESTAR À DISPOSIÇÃO. O EXEMPLO É O CAMINHÃO DE LIXO QUE PASSA NA PORTA DE SUA
CASA. SE VOCÊ NÃO PRODUZIU LIXO, NÃO HOUVE A EFETIVIDADE DA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO, MAS O SERVIÇO ESTAVA A SUA DISPOSIÇÃO. O SERVIÇO FOI POTENCIALMENTE
PRESTADO, PORQUE ESTAVA À DISPOSIÇÃO.

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O TERCEIRO TRIBUTO QUE ESTÁ NO ARTIGO 145 SÃO AS CONTRIBUIÇÕES DE
MELHORIA.
- CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA.
- A CONTRIBUIÇÃO É ESPÉCIE DO GENERO TRIBUTO – CONCEITO. ESTÁ NA CF DESDE
1967, OU 1965. O PROFESSOR NUNCA VIU CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA LEGITIMAMENTE
INSTITUIDA. AS POUCAS JURISPRUDÊNCIA SOBRE CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA QUE EU VI,
FORAM PARA AS DECLARAR INCONSTITUCIONAL. POR QUE? A SUA EFETIVAÇÃO, TAL COMO
ESTÁ NA CONSTITUIÇÃO E PRINCIPALMENTE NO CTN. A CF FALA POUCO, MAS O CTN FALA
MUITO. É MUITO DIFÍCIL DE CUMPRIR.

CF/88 ARTIGO 145, III:


III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.(NOTA
DO PROF. É A ÚNICA COISA QUE FALA A CONSTITUIÇÃO SOBRE
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA)

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (NOTA DO PROFESSOR: JÁ


O CTN TRATA DA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA EM SEUS ARTIGOS
82 E 83)

TÍTULO V
Contribuição de Melhoria
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.(NOTA DO PROF. É UMA EQUAÇÃO
QUE NÃO SE FECHA)
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada
pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da
valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela
contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para
impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no
inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da
sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada
pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I,
pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos
fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte
deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de
seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

COMO JÁ DITO, É UMA EQUAÇÃO QUE NÃO SE FECHA. ENTÃO ASSIM, EU POSSO
COBRAR A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA EM FACE DE OBRA PÚBLICAL, MAS ESSA OBRA
PÚBLICA TEM QUE TER POR CONSEQUENCIA A VALORIZAÇÃO DO IMÓVEL DO PARTICULAR. A
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. VOCÊ NÃOPODE ARRECADAR MAIS DO CUSTO TOTAL DA OBRA
E TEM QUE SER NA PROPORÇÃO DE VALORIZAÇÃO DE CADA IMÓVEL BENEFICIADO. NÃO SE

33
CHEGA A ESTA CONTA. VOCE FAZ UMA OBRA PÚBLICA DA CANALIZAÇÃO DE UM CÓRREGO.
PRIMEIRO VOCE NÃO SABE CHEGAR AO VALOR TOTAL DESSA OBRA. É DIFÍCIL. SEGUNDO,
VOCE IDENTIFICAR OS IMÓVEIS BENEFICIADOS E EM QUE MEDIDA. SÃO OS IMÓVEIS
ESTABELECIDOS, LOCALIZADOS NAQUELA AVENIDA? OU BAIRRO? OU NO BAIRRO SEGUINTE? É
MUITO DIFICIL, CRIAR, ESTABELECER ESTA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA É MUITO USADA NA EUROPA. NA ITÁLIA, PARA
MANUTENÇÃO DAS ESTRADAS VICINAIS QUE VÃO BENEFICIAR AS PROPRIEDADES
PRODUTORAS RURAIS, LIGANDO ESSAS PROPRIEDADES ÀS RODOVIAS PRINCIPAIS.
QUEM ACHAR UMA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA LEGITIMADA PELO PODER
JUDICIÁRIO, GANHA UM PONTO NA PROVA.!!!!!!!! EU ATÉ HOJE, NÃO VI. AS VEZES HÁ COISA
INFORMAL, COM O PREFEITO, COM O ADMINISTRADOR REGIONAL. NÃO SE ENQUADRA NAS
EXIGÊNCIAS DO CTN PARA SER CHAMADA DE CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
O ARTIGO 145, §2º DA CF. LEITURA.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo
própria de impostos.

O §2º DO ARTIGO 145 DA CF É MUITO IMPORTANTE. POR QUE? PORQUE A BASE DE


CALCULO TEM QUE ESTAR VINCULADA, ELA TEM QUE ESPELHAR NA CONSEQUENCIA O QUE É
O FATO GERADOR. ELA TESTA O FATO GERADOR.
O QUE É A BASE DE CÁLCULO? DESCRIÇÃO HIPOTÉTICA DE UM FATO LÍCITO. HIPÓTESE
DE INCIDÊNCIA. O FATO OCORRIDO É O FATO GERADOR, QUE VAI TER POR CONSEQUÊNCIA A
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA DE PAGAR IMPOSTO.
QUANTO PAGAR? EU PRECISO DE UMA BASE DE CÁLCULO E DE UM ALÍQUOTA, QUE É
UM PERCENTUAL SOBRE ESTA BASE DE CÁLCULO, PARA SE CHEGAR NO MONTANTE DO
IMPOSTO.
ALGUNS IMPOSTOS SÃO MAIS COMPLEXOS, MAS VAMOS DIZER ASSIM:
O IPVA, QUAL É O FATO GERADOR, EU SOU PROPRIETÁRIO DE UM GOL. QUANTO
CUSTA UM GOL? R$ 30.000,00. QUAL É A BASE DE CÁLCULO DO IPVA? R$ 30.000,00. QUAL É A
ALÍQUOTA? 2%. QUANTO EU VOU PAGAR DE IPVA? 2% DE R$ 30.000,00, QUE VAI DAR UM
TOTAL DE R$ 600,00. VEJAM QUE HÁ UMA LÓGICA, HÁ UMA PROJEÇÃO DO FATO GERADOR
PARA A BASE DE CÁLCULO.
QUAL É O FATO GERADOR? SER PROPRIETARIO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. A BASE DE
CALCULO TEM QUE SER O VEÍCULO, NÃO O SALÁRIO DO PROPRIETÁRIO. A BASE DE CÁLCULO
NÃO PODE SER O VALOR DO IMÓVEL DO PROPRIETÁRIO. SE O FATO GERADOR É SER
PROPRITEÁTRIO DO VEÍCULO, A BASE DE CÁLCULO TEM QUE TER ALGUMA COISA A VER COM
O VEÍCULO.
SER PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL URBANO. QUAL É A BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO
SOBRE PROPRIEDADE DE IMÓVEL URBANO? TEM QUE SER O VALOR DO IMÓVEL. NÃO PODE
SER A RENDA DO PROPRIETÁRIO. NÃO PODE SER O VALOR DO CARRO DO PROPRIETÁRIO DO
IMÓVEL.
A BASE DE CÁLCULO NA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA OU EM QUALQUER OBRIGAÇÃO
JURIDICA, VOCÊ DEVE FAZER AS SEGUINTES PERGUNTAS:
QUEM DEVE PAGAR? AQUI VOCE VAI SABER QUE É O SUJEITO PASSIVO.

34
A QUEM SE DEVE PAGAR? VOCE VAI SABER QUE É O SUJEITO ATIVO.
QUANTO SE DEVE PAGAR? PARA RESPONDER A ESTA PERGUNTA VOCE TEM QUE
SABER QUAL É A BASE DE CÁLCULO, SOBRE A QUAL VAI INCIDIR UMA ALÍQUOTA, QUE É UM
PERCENTUAL. O RESULTADO É O VALOR A PAGAR.
EX.; IMPOSTO SOBRE SERVIÇO, ALÍQUOTA DE 5%. SOBRE O QUÊ? O VALOR DO
SERVIÇO. HOTEL, DIÁRIA DE R$ 300,00. TOTAL DA NOTA: R$ 315,00( 300,00 DA DIÁRIA E 15 DE
ISS). BASE DE CÁLCULO R$ 300,00.
PORQUE O PARAGRAFO 2º DO ARTIGO 145 FALA ASSIM:
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo
própria de impostos
ELE FALA QUE A BASE DE CÁLCULO DAS TAXAS NÃO PODE SER A MESMA BASE DE
CÁLCULO DO IMPOSTO. POR QUE? NÓS SABEMOS, POR EXEMPLO, QUE OS MUNICÍPIOS SÓ
PODEM CRIAR 3 (TRÊS) IMPOSTOS. OS ESTADOS SÓ 3 (TRÊS) IMPOSTOS. A UNIÃO SÓ 6 (SEIS)
IMPOSTOS. ENTÃO, É PARA EVITAR A PRÁTICA DE SE CRIAR TAXAS COM CARACTERISTICAS DE
IMPOSTO.
COMO É QUE VOCÊ VAI VERIFICAR SE A TAXA TEM CARACTERÍSTICA DE IMPOSTO? VAI
LÁ VEJA A BASE DE CALCULO DA TAXA. SE NÃO TIVER VÍNCULO COM O SERVIÇO ESTATAL.
ELES ESTARÃO CHAMANDO DE TAXA, ALGO QUE É IMPOSTO.
EXEMPLO: O IPVA É A BASE CÁLCULO É O VALOR DO VEICULO, PODENDO, ASSIM, UM
IPVA SER DIFERENTE DE OUTRO. ENTRETANTO, A TAXA DE LICENCIAMENTO DO VEÍCULO NÃO
PODE TER POR BASE O VALOR DO AUTOMÓVEL.
PORQUE SE NÃO, FALARIA ASSIM: A TAXA DE LICENCIAMENTO, PORQUE EU TENHO
UM CARRO DE R$ 100.000,00, SERÁ MAIS CARA QUE A TAXA DE LICENCIAMENTO DE UM
CARRO QUE CUSTE R$ 50.000,00? O IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DO VEÍCULO PODE,
PORQUE A BASE DE CÁLCULO VAI SER DIFERENTE. É 2% SOBRE O VALOR DO VEÍCULO. LOGO,
SE O VEÍCULO VALE MAIS, EU PAGAREI MAIS.
ENTRETANTO, PARA TER A TAXA DE LICENCIAMENTO, ELA NÃO PODE SE REFERENCIAR
NO VALOR DO AUTOMÓVEL, POIS AI ELA ESTARIA SE VALENDO DE UMA BASE CÁLCULO
PRÓPRIA DE IMPOSTO.
ISSO É IMPORTANTE. POR ISSO É QUE É ERRADO O MODO MITIGADO COMO O
SUPREMO TRATOU ISTO COM RESPEITO AS TAXAS JUDICIAIS.
O STF TRATOU DE MODO MITIGADO AS TAXAS JUDICIAIS, DIZENDO QUE AS TAXAS
NÃO PODEM TER POR BASE O VALOR DA CAUSA. O STF DISSE QUE PODE, MAS DESDE QUE AS
TAXAS JUDICIAIS TENHAM UM TETO.
AI VOCE FALA ASSIM: VOCE ESTÁ DISCUTINDO EM AÇÃO DECLARATÓRIA, QUESTÃO DE
DIREITO SE O IMPOSTO INCIDE OU NÃO INCIDE EM UMA REMESSA PARA O EXTERIOR, POR
EXEMPLO. O PROCESSO SERÁ PEQUENO, POUCAS PÁGINAS, POIS É UMA TESE APRESENTADA
NA INICIAL, UMA CONTESTAÇÃO, UMA SENTENÇA. ENTRETANTO, ESTOU DISCUTINDO ALI UM
VALOR ALTO. EU NÃO VOU PAGAR UM VALOR ALTO POR CAUSA DO VALOR DA CAUSA. AS
VEZES UMA AÇÃO DE DIVÓRCIO, POSSESSÓRIA, INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE ETC VAI
GASTAR MUITO MAIS TEMPO DO APARELHO JUDICIAL, MAS O VALOR DA CAUSA SERÁ
PEQUENO.
O QUE DEVE SER REFERÊNCIA PARA A COBRANÇA DA TAXA É O TRABALHO PÚBLICO DÁ
E NÃO OS VALORES ENVOLVIDOS, POIS SE VOCÊ FOR LEVAR EM CONTA VALOR, ESTAREMOS
FALANDO DE BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE IMPOSTO E NÃO DE TAXA.
HÁ DESDOBRAMENTOS. SE FOR FALAR TAXA. TOMAR CUIDADO COM A BASE DE
CÁLCULO.
RIO, 19 DE FEVEREIRO DE 2014 – LORENA CHIROL
Transcrição Direito Tributário – Dia 19/02/2014 – Lorena Chirol
Aula com o monitor

35
O que distingue a lei complementar da lei ordinária? Alguém? Bom, lei
complementar ela tem o quórum diferenciado da lei ordinária, a aprovação das matérias
submetidas à aprovação de lei complementar se dá por maioria absoluta, artigo 69 da CF:
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Esse é o rito processual legislativo para a aprovação de uma lei complementar, ela
deve ser submetida à votação nas duas casas, pelo sistema federativo bicameral, na
câmara dos deputados e no senado federal, por aprovação de maioria absoluta.
Qual a diferença entre a aprovação de maioria absoluta e maioria simples?
Ambos os quóruns representam metade mais 1, mas a diferença entre eles é que
enquanto a lei ordinária refere-se ao quórum de metade mais 1 dos membros presentes da
votação da matéria, a lei complementar demanda um quórum de metade mais 1 dos
membros existentes, ou seja, se você tem 100 parlamentares e a matéria pode ser
regulamentada por lei ordinária, você submete aquela matéria à votação do plenário, só
que dos 100 membros do nosso parlamento apenas 70 estão presentes, você precisa de 35
mais 1 = 36 para conseguir a aprovação daquela matéria, seria diferente se esta matéria
precisasse de aprovação por lei complementar precisar-se-ia de 50 mais 1 = 51, dos 70
presentes.
Ambas são leis federais, no sentido de que são produzidas pela união através do
congresso nacional, do poder legislativo, porém a lei complementar é dotada de uma
vocação nacional, ela ostenta um caráter nacional, o que não significa que existe uma
relação de hierarquia entre a lei complementar e a lei ordinária, a diferença na verdade é
que a lei complementar obriga todos os entes da federação, União, Estados, DF e
Município, ao passo que a lei ordinária só obriga a União.
Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,
e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá
instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por
Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de
recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada

36
qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes
federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Ou seja, temos uma tríplice função, dirimir conflitos de competência tributária,


regular limitações ao poder de tributar, e aqui vamos falar dos artigos 150 e 152, e
estabelecer normas gerais em matéria tributária.
Nesse inciso III quando ele fala em normas gerais em matéria de legislação tributária, a
que lei vocês entendem que cumpre com essa função? Estabelecer normas gerais do papel
tributário?

É código tributário nacional. Percebam que o artigo 146, inciso III sujeita o
estabelecimento de normas gerais de matéria tributária a reserva de lei complementar,
mas í eu to dizendo para vocês que o CTN é a lei 5172, ou seja, é uma lei ordinária, só que
apesar dela ser formalmente uma lei ordinária o STF tem jurisprudência pacifica no
sentido de que o CTN foi recepcionado como lei complementar pela ordem constitucional.
Na verdade aqui o que tivemos foi que o CTN foi promulgado em 1966 e em 1967 nós
tivemos uma nova constituição, que diferentemente da de 1946, sujeitava que o
estabelecimento de normas gerais em matéria tributária à reserva de lei complementar,
enquanto a constituição de 1946 não tinha essa exigência, então o que se teve foi o
fenômeno da recepção. Entendeu-se que o CTN foi recepcionado no status de lei
complementar, então é no CTN que você vai encontrar as normas gerais em matéria
tributária, não de forma exaustiva, pois a algumas outras regulamentações.

Nós temos também nas espécies tributárias, de acordo com a CF e essa é uma
corrente adotada pelo STF, nós temos 5 espécies tributárias, é a corrente chamada
pentapartida. Essas espécies tributárias seriam: impostos; taxas; contribuições de
melhoria (art. 145 CF) que são de competência tanto da união quanto dos estados e
municípios; as contribuições especiais (art. 149, 195, 239 da CF); e também os
empréstimos compulsórios.

Essas contribuições especiais que alguns chamam de parafiscais e os empréstimos


compulsórios, são de competência exclusiva da união, os estados e municípios não podem
instituir essas contribuições e justamente os empréstimos compulsórios, artigo 148, eles
só podem ser instituídos por meio de lei complementar.

Os empréstimos compulsórios, artigo 148, só podem ser instituídos por meio de lei
complementar, além deles nós temos o IGF, imposto sobre grandes fortunas, artigo 153,
inciso VII da CF, também só pode ser instituído por meio de lei complementar, mas até
hoje não foi instituído.
O exercício da competência tributária é facultativo, o IGF é a prova viva disso, a CF
outorga a competência, mas a União até hoje não instituiu esse imposto, com exceção da
competência tributária, alguns autores, como Paulo de Barros Carvalho de São Paulo, é no
sentido de que o único imposto que teria o exercício de sua competência obrigatória seria
o ICMS, então não poderiam os estados deixar de instituir esse imposto, pois acarretaria
prejuízo as demais unidades federativas e em consequência ao pacto federativo, então a
competência do ICMS seria obrigatória.

37
Outro imposto que só pode ser instituído por lei complementar são os impostos
residuais, artigo 154, inciso I da CF.

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Então a União tem competência exclusiva para instituir impostos residuais através
de lei complementar, desde que sejam não-cumulativos e que seja possível reduzir o
montante pago a título de tributo na operação subsequente e que você tenha uma base de
cálculo com fato gerador próprio. Por fim, nós também temos no campo de competência
residual da união a possibilidade de instituição por lei complementar de contribuições
especiais, artigo 194, parágrafo 4o.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;
II - dos trabalhadores;
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento
da União.
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma
integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social,
tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Vide Medida Provisória nº 526, de
2011) (Vide Lei nº 12.453, de 2011)
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou
expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

A União possui competência residual para instituir imposto de contribuição


residual desde que os mesmos sejam não cumulativos e tenham fato gerador e base de
cálculo próprios.

38
A lei complementar se destina a regular também alguns enfoques específicos, o
primeiro deles é o ISS, imposto sobre serviços de qualquer natureza, artigo 156, inciso III.
No artigo 156 no parágrafo terceiro:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 37, de 2002)
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Bom, quanto ao inciso I da fixação de alíquotas máximas e mínimas, na verdade a


alíquota mínima do imposto vai estar prevista do artigo 88 do ADCT e a alíquota máxima
do imposto estará no artigo 8o, inciso II da Lei Complementar 116 de 2003, que é a norma
complementar que regulamenta o ISS, então no artigo 88, inciso I da ADCT prevê uma
alíquota de 2% e a alíquota máxima é de 5%.

Quanto a essa exclusão da incidência sobre exportações e serviços, a lei


complementar 116 de 2003 prevê no artigo 2o, inciso I a isenção do imposto sobre as
exportações, é uma isenção e não uma imunidade. Não confundam, imunidade decorre
diretamente da Constituição. A isenção decorre da legislação infraconstitucional.

Continuando, outro imposto que também tem suas normas gerais submetidas a
reserva de lei complementar, o ICMS, está previsto no artigo 155, inciso II da CF. Nesse
artigo o parágrafo 2o, inciso XII tem inúmeras alíneas sobre toda a matéria com reserva de
lei complementar. No caso essa lei complementar é a 87 de 1995, ela estabelece normas
gerais em matéria de ICMS.

Ainda no artigo 155 que trata dos impostos de competência dos estados e do
distrito federal, nos temos no inciso I o ITCMD, o imposto sobre transmissão causa mortis
e doação, lá no parágrafo primeiro, inciso III:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1.º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3,
de 1993)
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário
processado no exterior;

Então ele reserva à lei complementar a tarefa de fixar critérios de competência


para a cobrança do ITCMD.
Continuando, também sujeito a reserva de lei complementar, nós temos as contribuições
sociais, artigo 195, parágrafo 11, diz assim:

39
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que
tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado
em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Ou seja, o constituinte reserva a lei complementar a tarefa de fixar os valores a


serem eventualmente perdoados pela fazenda a título de contribuição sobre a folha de
pagamentos e a contribuição paga pelo empregado, pergunta: medida provisória pode
regular matéria sujeita a regulamentação por lei complementar?

Pode ou não pode? Medida provisória tem o status de que? Lei ordinária ou lei
complementar? Lei ordinária.

Então por ter status de lei ordinária a medida provisória não poderá jamais regular
matéria sujeita a regulação por lei complementar, artigo 62, parágrafo 1o, inciso III da CF:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)

Indo para as funções, para aquela tríplice função, dirimir conflito de competência, o
inciso I, do artigo 146 da CF. Essa hipótese na verdade é nos casos em que você tem dúvida
a cerca de qual ente é o competente para a cobrança daquele tributo. Por exemplo, você
tem um imóvel que se situa mais próximo do campo do que da cidade, porém a prefeitura
baixa um decreto que considera aquela área uma área de expansão urbana e por causa
disso o proprietário fica em duvida se ele tem que recolher o ITR ou o IPTU, o proprietário
entende que deve o ITR que é muito mais barato ao passo que a fazenda entende que ele
deve o IPTU, a lei complementar vem justamente para dirimir esses conflitos de
competência, nesse caso aqui que estamos tratando ela entende que sendo a área
considerada de expansão cabe a cobrança do IPTU e, portanto o ente competente nesse
caso é o município e não a União que cobra o ITR.

Outra hipótese, ICMS, você quer importar um carro, só que você contrata uma
empresa, uma trading company para fazer essa importação, só que essa empresa se situa
em SP e você reside no RJ, a quem cabe a cobrança do ICMS, a SP ou ao RJ? Quem é o
importador para fins jurídicos e tributários? A lei complementar para resolver essa
questão determina que o contribuinte é o destinatário jurídico das mercadorias
importadas que no caso seria a pessoa que importou, o destinatário então quem importou
o veículo, apenas usou SP como intermediário para a importação.

Outro exemplo ISS há hipóteses em que o município competente para a cobrança é


o do estabelecimento prestador do serviço e há hipóteses em que o município competente
é aquele da efetiva prestação do serviço. Então dependendo do serviço que está sendo
prestado pode haver uma dúvida quanto ao correto pagamento do serviço, de modo que
você fique numa situação de incerteza.

Continuando, inciso II, regular as limitações ao poder de tributar, as limitações no


sentido de dar aplicabilidade a essas limitações constitucionais, exemplo, artigo 150,

40
inciso VI, alínea “c”, que fala das imunidades das entidades de assistência social e de
educação:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

No caso quem fixa esses requisitos é o próprio CTN no seu artigo 14, façam a
remissão. Diz assim:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância


dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título
de lucro ou participação no seu resultado;
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a
qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus
objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a
autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são
exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das
entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos
constitutivos.

Ou seja, essa imunidade dessas instituições ó é aplicável desde que se atenda a


esses requisitos.

Continuando, normas gerais em direito tributário, a gente falou que as vezes para
instituir outras vezes para regular e vimos que em algumas hipóteses a lei complementar
vai regular hipóteses específicas, a questão é a gente falou no início da aula que a lei
complementar demanda a aprovação por um quórum mais exigente, então vocês
imaginem a dificuldade que é para se aprovar uma lei complementar no nosso país.
Porque parlamentar pouco comparece as sessões e precisa-se de uma quantidade
considerável deles.

Obviamente tem algumas matérias que até hoje não possuem lei complementar
para regula-las, e aí a dúvida é, poderiam os estados legislar sobre essa matéria em
substituição à essa lei complementar face essa inércia do congresso nacional?

É divido, a doutrina se divide e a jurisprudência também, porque o artigo 24,


parágrafo 3o da CF ele trata da competência legislativa plena dos estados:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

41
Ou seja, se a CF sujeita determinada matéria a regulamentação por lei
complementar, mas até hoje o congresso não editou tal lei complementar, os estados
poderão exercer sua competência legislativa plena no sentido de dispor sobre essas
matérias, e a justificativa seria a de dar aplicabilidade ao próprio sistema tributário. Peço
que vocês combinem o artigo 24, parágrafo 3o com o artigo 34, parágrafo 3o do ADCT:

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do
quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da
Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas
posteriores.
§ 3º - Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão editar as leis necessárias à aplicação do sistema tributário
nacional nela previsto.

Ou seja, uma vez a CF prevendo todo o sistema tributário nacional estabelecendo


matérias que se sujeitam a regulamentação por lei complementar, eventual inércia por
parte do congresso não obsta que os estados disponham sobre tal matéria de modo que
exerçam sua competência tributária plena.

Ocorre que existe em contrapartida um risco em você possibilitar aos estados


dispor sobre essas matérias. Você imagina em uma federação como a nossa, cada um
dispõe sobre a forma que melhor entende, então é complicado porque você passa a ter
incongruências entre as legislações estaduais.

Na verdade a função precípua da lei complementar é estabilizar, dar uniformidade


às matérias e por isso é muito complicado. É preciso uma articulação, é preciso que se
debata muito o assunto.

A gente tem dois casos em que o STF entendeu ser possível esse exercício da
competência legislativa plena por parte dos estados, o primeiro caso é o do IPVA, no artigo
155, inciso III da competência dos estados, foi previsto no ordenamento jurídico após o
CTN, então o IPVA veio depois, e por causa disso o CTN não dispõe sobre o IPVA, no
entanto não temos no nosso ordenamento legislação que disponha sobre IPVA, então o
IPVA não tem lei complementar estabelecendo normas gerais, no entanto, o STF entendeu
que os estados poderiam legislar sobre a matéria, senão caso contrário, os estados não
poderiam cobrar o IPVA.

Além do IPVA, temos o ITCMD, eu falei aqui que a CF reservava à lei complementar
a fixação de critérios de competência quando o legislador tiver domicílio no exterior ou o
inventário no exterior, mas o STF entendeu que o ITCMD relativo à bens móveis pode ser
regulado por legislação estadual ante a ausência de uma lei complementar de normas
gerais. Isto porque a situação é um pouco parecida com a do IPVA, parecida porque o CTN
no artigo 35 fala sobre o ITBI e esse imposto abarcava tanto o ITBI quanto o ITCMD,
porque essa transmissão era tanto inter vivos quanto causa mortis, posteriormente a CF
tirou a transmissão inter vivos e outorgou a competência aos municípios para instituir o
ITBI, ao passo que a de sucessão causa mortis continuou com os estados, no entanto a
constituição alargou essa competência, porque por mais que você entenda que essa
transmissão incluía as próprias doações, na verdade era uma transmissão relativa à bens
imóveis e hoje a constituição não faz essa distinção, é relativa tanto a bens móveis quanto
imóveis, não haveria uma lei no tocante a essa transmissão causa mortis quanto a bens

42
móveis, mesmo assim o supremo entendeu que os estados poderiam exercer sua
competência legislativa plena.

Aqui o artigo 24, parágrafo 2o trata da competência suplementar dos estados:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

Aqui cuidado, não estamos falando da competência legislativa plena em


decorrência da ausência de uma lei complementar, aqui a gente está falando, por exemplo,
da existência de uma lei complementar e do seu detalhamento na legislação estadual. Você
especifica, aperfeiçoa, mas você não pode inovar.

Na competência legislativa plena você por si só já está inovando, porque não há lei
complementar. Então você tem uma liberdade para legislar sobre aquela matéria dentro
dos limites da constituição.

Mas na competência suplementar, é exatamente no sentido de completar, de


aperfeiçoar e não de inovar.

Bom, vamos às alíneas do inciso III do artigo 146 da CF. Falamos que cabe à lei
complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,
e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)

Na alínea a, percebam a definição de tributos e suas espécies cabe a lei


complementar, de todas as espécies tributárias, porém em relação aos impostos você tem
um adicional, que é definir o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes, reparem
aqui estamos falando de impostos, uma espécie tributária, se você olhar o artigo 43, ele vai
tratar do fato gerador do imposto de renda, o artigo 35 vai tratar do fato gerador do ITBI,
você também tem o fato gerador de todos os tributos, quando não você vai ter em outras
leis complementares essa definição, porém em relação aos impostos temos esse adicional,
da base de cálculo, dos fatos geradores e dos contribuintes. Mas ele não menciona as
alíquotas.

O professor Eduardo disse o que é alíquota? Alguém sabe? Alíquota é o seguinte:


vendi seu lápis a 10 reais, a base de cálculo é o aspecto quantitativo, é o valor dessa

43
operação, no caso para fins de ICMS que estamos tratando, mais o cálculo que é o
montante sobre o qual incidirá a alíquota, é o montante que deve ser considerado para fins
de cálculo do tributo, nesse montante aplicar-se-á um percentual definido em lei para que
você chegue ao valor do tributo devido, esse percentual é a alíquota.

Então se você vende o seu lápis por 10 reais e a lei prevê uma alíquota de 10%
sobre o valor da operação de venda, você vai pegar os 10 reais e multiplicar por 10% e daí
você terá o saldo devedor que será de 1 real, o valor que deverá ser pago, alíquota é isso.
Então aqui na alínea a, a gente não tem a alíquota sujeita a reserva de lei complementar,
então cabe aos estados, aos municípios, a própria união estabelecer as alíquotas que
entendem serem cabíveis.

Contudo veremos posteriormente que há hipóteses em que a própria constituição


outorga a competência ao senado federal para fixar alíquotas máximas e mínimas de
alguns impostos, mas no geral, alíquota pode ser fixada em lei, sempre lei.

Alínea b, obrigação tributária é aquela que decorre do fato gerador, que é aquela
hipótese em que o legislador elege como tributável e se terá uma obrigação de pagar ou
fisco ou até mesmo cumprir algum dever instrumental, como apresentar o imposto de
renda.

O lançamento é o ato ou procedimento através do qual você constitui o crédito


tributário, você diz que você apura ou quantifica. Isso também está sujeito a reserva de lei
complementar.

Prescrição e decadência. Prescrição é a perda do direito de cobrança do crédito


tributário em decurso de um lapso temporal que no caso é de 5 anos da constituição
definitiva do crédito. A decadência é a perda do direito de lançar aquele crédito. Então em
um ocorre o fato gerador, mas em decorrência de um lapso temporal perde-se o direito de
formalizar aquela operação em face do contribuinte. Ao passo que na prescrição você tem
a ocorrência do fato gerador, nasce a obrigação tributária, lança-se aquele tributo porém o
estado lato sensu não ajuíza a ação de cobrança, a execução fiscal e por causa disso perde o
direito de cobrar aquele tributo.

Aqui eu peço que vocês façam remissão para a súmula vinculante no 8, ela trata da
inconstitucionalidade do artigo 45 da lei 8212 de 1991 que previa um prazo decadencial
de 10 anos para fins de lançamento de crédito decorrente de débito previdenciário. O
Supremo entendeu que cabe ao CTN essa estipulação, no caso aos artigos 150, parágrafo 4o
e 173.

Porque a lei 8212 na verdade é uma lei ordinária que no caso essa matéria está
sujeita à lei complementar.

Quanto à alínea c não temos muito o que comentar.

Na alínea d, estamos falando do simples nacional, ou do super simples, o que é


isso? O artigo 170, inciso IX e artigo 179 da CF preveem um tratamento tributário
favorecido para as microempresas e as empresas de pequeno porte como meio de
estimular o pequeno empresário e por conta disso, foi criado o simples. O simples foi
criado pela lei 9317 de 1993, que nada mais é do que um regime especial à época que foi

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criado que previa o recolhimento mensal de impostos e contribuições federais de uma
maneira simplificada, com um único momento de arrecadação, calculava-se e pagava-se
em uma tacada só, era uma tributação favorecida.

Posteriormente veio a emenda constitucional 42 de 2003, que segundo alguns foi a


mini reforma tributária, nessa emenda, acrescentou-se justamente essa alínea d ao artigo
146, inciso III da CF, sujeitando o tratamento tributário favorecido à reserva de lei
complementar, só que ela foi além, porque não só sujeitou à lei complementar como
estendeu os tributos abarcados por esse regime simplificado e aí ficou nessa pendência de
uma lei complementar e veio essa lei complementar, que é a lei 123 de 2006 que cria o
simples nacional ou super simples, que passou a abarcar tributos federais, estaduais e
municipais. Mantendo de certa forma os mesmos moldes, o pagamento unificado, a adesão
é facultativa.

Atualmente como impostos abarcados temos o IRPJ, o IPI, o ICMS e o ISS. De


contribuições temos as federais, que são a contribuição ao PIS, a COFINS, ambas incidentes
sobre a receita bruta da empresa, a CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido) e a
contribuição previdenciária patronal, a CPP.

Gente, não confundam contribuição melhoria, que é a prevista no artigo 145, inciso
III da CF e no 81 do CTN, ela é da competência tanto dos estados quanto dos municípios e
da união, todos podem instituir. Só que é uma figura em desuso, quase não se tem, pois se
precisa fazer um levantamento de todos os custos da obra antes de instituir essa
contribuição. Então se eu vou criar uma via que liga barra da tijuca a sei lá onde, vai
valorizar os imóveis da região, eu calculei e o custo é de um milhão, você terá que ir de
imóvel a imóvel, óbvio que um imóvel de 200 m2 não terá a mesma valorização de um de
100 m2 então você precisa fazer um levantamento individualizado da valorização para que
posteriormente você defina os valores a serem pagos a titulo de contribuição de melhoria,
porque você não utiliza isso? Porque obra pública aqui no Brasil é sempre superfaturada e
se você utiliza isso você só pode gastar o que está previsto na obra, no orçamento, não se
admite emenda ao orçamento, por isso está em desuso.

Já a contribuição especial é de competência exclusiva da união, só ela pode instituir


aí você terá contribuições sociais, de intervenção de domínio econômico e outros tipos,
mas todas de competência exclusiva da união.
RIO, 24 DE FEVEREIRO DE 2014 - DALISSA

(desenho da pirâmide)
Vamos continuar o estudo do sistema tributário nacional na Constituição
analisando as fontes normativas do direito tributário. Para entender o fenômeno da
normatização em matéria tributária, que tem uma peculiaridade no Brasil por sermos
uma República Federativa, a lei complementar tem um papel muito importante como
uma dessas fontes.
O professor português Alberto Pinheiro Xavier diz que o direito tributário tem
uma tipificação/normatização em graus, ou seja, a Constituição em matéria tributária,
no que se refere à qualificação ou especificação dos impostos, é muito restrita, ela diz,
45
por exemplo: “compete à união instituir impostos sobre: renda e proventos de
qualquer natureza”, mas em relação ao imposto de renda ela não diz mais nada, ai
vem a lei complementar e diz qual é a renda, qual a base de cálculo para a renda, etc,
depois vem a lei ordinária e institui o imposta de renda,.. então vem a CF autorizando a
União instituir o imposto sobre a renda, depois vem o CTN estabelecendo as normas
gerais desse imposto e depois a legislação ordinária instituindo esse impostos em
detalhes.
Vamos localizar a posição da lei complementar dentre as fontes normativas do
direito tributário. A principal, a base de toda a fonte normativa é a CF, com princípios
constitucionais tributários, etc. A lei complementar tem um papel importantíssimo
previsto no artigo 146 da CF:
“Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de
competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios;”.
Dispor sobre conflitos de competência é o primeiro papel da lei complementar.
Em regra, o nosso sistema é estruturado para que não haja conflito de competência,
pois como nós vimos nas aulas anteriores, a competência tributária em relação aos
tributos vinculados, taxas e contribuições de melhorias, essa competência tributária é
precedida de um competência administrativa, ou seja, quem tem competência
administrativa para prestar aquele serviço público específico, ou quem tem
competência administrativa para exercer aquele poder de polícia, tem
consequentemente a competência tributária para instituir a taxa corresponde, e a
mesma coisa em relação às contribuições de melhoria.
E em relação aos impostos, o que gera o dever de pagá-los são fatos praticados
pelo contribuinte, de conteúdo econômico, que revele capacidade de contribuir. A CF
faz uma repartição rígida de competência, dá nome aos impostos, realiza uma
repartição privativa entre as pessoas titulares para evitar o conflito de competência, a
bitributação, invasão de competência, mas pode em algumas situações ocorrer conflito
de competência de impostos que em determinado momento possuem fatos geradores
que se aproximam, uma zona cinzenta em relação a alguns impostos em que há
dúvidas ou conflitos em relação aos entes tributantes.
Algumas questões que hoje veem surgindo e que podem gerar conflito, por
exemplo, em relação a essas novas mídias que vem surgindo ligadas a área tecnológica
de comunicação, até que ponto é prestação de serviço de comunicação ou é prestação
de serviço estrito senso que pode gerar conflito entre os Municípios e os Estados. A
regra, a estrutura do sistema é que não haja conflito. Um exemplo de conflito entre
Municípios e Estados era na tributação de restaurantes, bares e similares, porque o
Município entendia que a atividade era de prestação de serviço e o Estado entendia
que havia ali uma venda de produto, de mercadoria. Hoje prevalece a tese dos
Estados, e os restaurantes pagam ICMS e pagam ISS quando há show, quando há
cobrança de couvert artístico. Outro exemplo de conflito de competência é em relação

46
às oficinas mecânicas, quando há prestação do serviço mecânico com o fornecimento
de peças, questionava-se se a cobrança seria pelo serviço total da oficina, e os
Municípios achavam que prevalecia ali o serviço mecânico. No fim, precisou vir uma lei
para dizer que a oficina é obrigada a emitir duas notas em separado, uma com a nota
da venda da peça que vai gerar o ICMS e outra com a hora trabalhada pelo mecânico
que vai gerar o ISS em relação à prestação de serviço. São exemplos de que apesar do
sistema ser estruturar para que não haja conflito de competência, em determinado
momento ele pode surgir.
O conflito, em regra, deve ser dirimido pelo Judiciário, há um caminho natural
para a solução de conflito, de litígios, que é o Judiciário, mas a CF faculta ao legislador
complementar a talhar esse caminho natural da solução pelo Poder Judiciário e a lei
complementar resolver essa questão de eventual conflito de competência, pois cabe à
lei complementar dispor sobre conflito de competência entre União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, isso fora eventuais conflitos que se possa haver entre Municípios
ou entre Estados.
O segundo papel é regular as limitações constitucionais ao poder de tributar
(artigo 146, II CF). É um papel restrito da lei complementar porque as maiorias das
limitações ao poder de tributar dispensam regulamentação infraconstitucional. Quais
são as limitações constitucionais ao poder de tributar? Os princípios constitucionais
tributários, que tem um papel fundamental de impor limites ao poder de tributar, e
essa função é vista pelos olhos do poder como uma limitação ao seu exercício, e vista
pelos olhos do contribuinte como um garantia constitucional. Então, os princípios
constitucionais tributários são ao mesmo tempo limites ao poder de tributar e
garantias do cidadão contribuinte.
Estes princípios dispensam regulamentação infraconstitucional, mas tem outra
limitação ao poder de tributar que consta na CF que são as imunidades tributarias, que
são desonerações tributarias com sede na CF. E ai, a lei complementar é chamada pela
CF em algumas situações para regular. Exemplo: é vedado cobrar tributos de entidades
de assistência social e instituições de ensino sem fins lucrativos nos termos da lei. Ai a
lei complementar que vai dizer quais os requistos que as instituições de educação e
assistência social têm que cumprir para fazer jus à desoneração, à imunidade. Então ai
sim é a lei complementar cumprindo seu papel de regular as limitações constitucionais
ao pode de tributar. Esse papel se restringe às imunidades que não são autoaplicáveis,
que não são bastante em si, que depende de regulamentação para ter eficácia.
O papel mais importante da lei complementar está no inciso III (artigo 146):
“III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

47
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto
no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12
e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)”.

Quando se fala em prescrição e decadência em matéria tributária nos estamos


falando de lei complementar. Olhem a abrangência do papel da lei complementar em
matéria tributária.
Há três ou quatro anos, o STF declarou inconstitucional um artigo da Lei 8212
que tratava das contribuições previdenciárias, contribuições de natureza tributária,
porque essa lei dizia que o prazo decadencial em relação às contribuições é de 10
anos, ai o STF levou 15 anos para julgar uma ADIN e dizer que era inconstitucional essa
prazo de 10 anos porque o CTN estipulava um prazo de 5 anos e de acordo com a CF,
no artigo 146, o prazo decadencial e prescricional em matéria tributária é definido por
lei complementar.
Então, a lei complementar vai conceituar as espécies tributárias, como vimos
no CTN com o conceito de impostos, de taxas, etc; e em relação aos impostos
discriminados na CF, a lei complementar vai dizer qual é o fato gerador, qual é a base
de cálculo, quem são os contribuintes, etc. Ou seja, a lei complementar tem um papel
importantíssimo, um papel de lei nacional que tem a função de complementar a CF, no
sentido de que as ordens parciais de poder, a legislação federal, estadual e municipal,
vão ter que obedecer, se guiar pelas normas gerais estabelecidas na lei complementar.
Assim, em matéria tributária há uma subordinação da lei ordinária em relação à lei
complementar, há uma hierarquia a ser obedecia, a lei complementar é mais
importante do que a lei ordinária. Em matéria tributária, o legislador ordinário ao
instituir um imposto deve obedecer ao que foi estabelecido na lei complementar,
porque se o legislador ordinário não obedecer as normas gerais da lei complementar,
essa lei ordinária vai ser inconstitucional.
Em regra, o exercício da competência tributária se dá por lei ordinária, a CF
outorga poder para as pessoas instituírem tributos; a legislação complementar
estabelece normas gerais em relação a esses tributos; e a legislação ordinária é um
instrumento através do qual as pessoas exercem a competência tributaria.
Qual é a lei complementar por excelência do nosso sistema tributário nacional?
É o CTN que é uma lei ordinária. Qual é a principal lei complementar do CTN? É a lei

48
ordinária nº 5172/66. O CTN é de 1966, ele veio logo depois da emenda constitucional
18 de 1965, que organizou o sistema tributário na Constituição. Essa emenda não
exigia lei complementar para estabelecer normas gerais em matéria tributária, podia
ser lei ordinária. Menos de um ano depois do CTN, veio a Constituição de 1967 que
dizia que normas gerais de matéria tributária deveriam ser estabelecidas por lei
complementar. Ai ocorreu o fenômeno da recepção, ou seja, a nova ordem
constitucional recepcionou o recente CTN naquilo que era compatível com a nova
Constitucição, e ao recepcioná-lo, o CTN passou a ter status de lei complementar, ou
seja, ele é formalmente uma lei ordinária, mas materialmente uma lei complementar,
de modo que só pode ser alterado por outra lei complementar, em razão do fenômeno
da recepção da constituição de 1967.
Quando a Constituição exige que determinada matéria seja implementada por
lei complementar, e essa matéria é tratada por lei ordinária, essa lei ordinária será
inconstitucional. Se a Constituição exige que determinada matéria seja tratada por lei
ordinária, e o Congresso a trata por lei complementar, essa lei complementar não é
inconstitucional, ela é formalmente lei complementar e materialmente lei ordinária,
exemplo: lei complementar nº 70/91 que instituiu o COFINS e foi objeto da primeira
Ação Declaratória de Constitucionalidade nº1. Quando o STF julgou a
constitucionalidade da CONFIS, vários Ministros disseram que era constitucional e nem
precisava de lei complementar porque as contribuições instituídas no exercício da
competência de quem está autorizado no artigo 195 da Constituição não precisa de lei
complementar, o próprio artigo já faz esse papel, ele já diz qual é o fato gerador, quem
é o contribuinte e qual é a base de cálculo, etc. Não precisa de lei complementar,
poderia ser lei ordinária direto.
Nessa lei complementar nº 70/91 tinha um dispositivo que dizia que as
sociedades de profissões regulamentadas estavam isentas da COFINS. Qual é a
principal sociedade de profissão regulamentada? Advocacia, ou seja, os escritórios de
advocacia estavam isentos da CONFINS. Contudo, em 1996 veio uma lei ordinária que
revogou essa isenção. Os escritórios de advocacia alegavam que essa revogação da
isenção da CONFIS era inconstitucional, pois lei ordinária não pode revogar lei
complementar. Mas quando a questão chegou ao STF, ele disse que já havia
demonstrado que a lei nº 70/91 é materialmente ordinária, e portanto, poderia haver
a referida revogação por outra lei ordinária. Assim, a lei complementar nº 70/91 foi
revogada integralmente pela lei ordinária nº 9718/96, porque a lei complementar nº
70 é formalmente lei complementar e materialmente lei ordinária. E outro motivo é a
recepção, porque o teste de constitucionalidade se faz no momento que ansce a lei
com a constituição vigente a época, então o CTN de 76 podia ser lei ordinária porque a
constituição vigente a época exigia lei ordinária, mas aí veio uma nova ordem
constitucional que e o recepcionou como lei complementar. Então, essa possibilidade
de uma lei ordinária material e formalmente se transformar em uma lei
complementar, só pode ocorrer com o fenômeno da recepção, ou seja, na
eventualidade de uma nova ordem constitucional recepcionar assim.

49
Se a Constituição exige uma lei complementar e se faz uma lei ordinária, é
inconstitucional, mas se a Constituição exige uma lei ordinária e se faz uma lei
complementar esta lei não é inconstitucional, apena é materialmente uma lei
ordinária, o que significa que ela pode ser modificada por outra lei ordinária. Se uma
lei ordinária é recepcionada por uma nova ordem constitucional, o fenômeno da
recepção pode levar essa lei ordinária a se transformar em razão da matéria em uma
lei complementar.
Então, qual a diferença básica entre a lei ordinária federal e a lei complementar
federal? Ambas são produzidas pelo Congresso Nacional; ambas têm validade em todo
território nacional; mas a lei ordinária federal está a serviço da União Federal, ela trata
de matérias de competência da União Federal, enquanto a lei complementar é
chamada de lei nacional, está a serviço da constituição, ela complementa a
Constituição naquilo que ela pede.
Quando eu sei se é lei complementar ou lei ordinária? Quando a constituição
diz que é lei, é lei ordinária, e quando diz que é lei complementar é lei complementar.
Mas em matéria tributaria exige-se uma interpretação sistemática disso, porque o
artigo 146, inciso II, fala: “Cabe à lei complementar: regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar” dentre as limitações estão as imunidades, e
quando vai se tratar de imunidades, fala-se, principalmente no artigo 150, VI, c): “Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, instituir impostos sobre: c)patrimônio,
renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”, ou seja, não fala no requisitos da lei
complementar, apenas da lei, portanto, lei ordinária. Mas ai, o STF disse que essa lei
deve ser lei complementar porque assim exige o artigo 146.
A lei ordinária é o instrumento através do qual se exerce a competência
tributária, os impostos em geral, são instituídos por lei ordinária, mas há exceções:
como os empréstimos compulsórios nos termos do artigo 148 devem ser instituídos
por lei complementar. Esta lei complementar do artigo 148 que tem o papel de
instituir empréstimos compulsórios não tem relação alguma de hierarquia com
nenhuma lei ordinária, ela tem um papel especifico de instituir um tributo de
competência da união chamado empréstimo compulsório, essa não é uma lei nacional,
não é uma lei que está complementando a Constituição, é uma lei a serviço da união
mas que para se poder instituir empréstimo compulsório a lei exige um quorum
qualificado, o quorum qualificado da lei complementar. Mas tudo o que foi dito sobre
a lei complementar no artigo 146, não se aplica a lei complementar do artigo 148, o
próprio caput já mostra isso quando diz que ‘a União, mediante lei complementar,
poderá instituir empréstimo compulsório’, é uma lei que está a serviço da União, mas a
Constituição não quis facilitar e disse que para a União criar empréstimo compulsório
era necessário o quorum da lei complementar.

50
Além dos empréstimos compulsórios, a União pode instituir impostos residuais,
competência residual da União para instituir impostos não previstos na Constituição,
com base em lei complementar, artigo 154. Os impostos extraordinários de guerra
devem também ser instituídos por lei complementar.
Recapitulando a função da lei complementar: dispor sobre conflito de
competência; regular limitações ao poder de tributar; estabelecer normas gerais em
matéria tributária; e instituir diretamente três tributos. Quando ela está exercendo
essa função de instituir tributos, ela refere-se na verdade ao quorum qualificado de lei
complementar, não tem hierarquia nem nada, ela está instituindo tributos da União,
que são: os empréstimos compulsórios, impostos sobre a competência residual, e
impostos extraordinários de guerra.
A lei ordinária é a lei pela qual se exercem as competências tributárias, que
institui todos os impostos.
“Art 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.”
As medidas provisórias serão adotadas com força de lei ordinária.
Até já se questionou se seria possível regular matéria de lei complementar por
medida provisória, se na hora de converter a medida provisória eu tiver um quorum de
lei complementar? Não, porque a medida provisória tem força de lei desde o inicio, e
por isso ela vai ter força de lei ordinária. A medida provisória está no nível da lei
ordinária.

RIO, 26 FEVEREIRO - DALISSA (NÃO HOUVE GRAVAÇÃO – SÓ


TEMOS ESTAS ANOTAÇÕES – SE ALGUÉM TIVER MAIS ANOTAÇÕES
ME ENVIE PARA ENRIQUECER A AULA DESSE DIA).
Aula 26/02 – DALISSA
*Verificar se há o áudio desse dia, ou qualquer outro material.

Aula dia 26 de fevereiro de 2014

51
As leis complementares estaduais e municipais não passam de leis ordinárias que foram
aprovadas com quorum qualificado.

A norma tributária tem estrutura dual: hipótese e consequência.

Base de cálculo é a mensuração do fato gerador e contribuinte é aquele que tem o dever de
pagar o tributo

art 148 CF/88 leitura

Hoje pela jurisprudência do STF, emprestimo compulsorio é uma especie tributaria. Alguns
ainda afirmam que é um imposto restituível, mas prevalece o entendimento de que é uma
espécie autonôma. Hoje, não temos emprestimo compulsorio.

Art. 154 CF/88: leitura

A União poderá instituir, por meio de lei complementar. A CF atribui à Uniao competencia
residual.

Art. 195,§4º CF/88 é uma remissao ao art 154,I. Este diz que precisa ser lei complementar e
que não tenha base de calculo já existente

RIO, 03 MARÇO - FERIADO


RIO, 05 MARÇO - FERIADO
RIO, 10 DE MARÇO DE 2014 – CARINA BARBOSA

Prof. Eduardo - Tributário – 10/03/2014

Começamos no artigo 145 (CF/88), já falamos de repartição de competência, de


impostos, de taxas (pela prestação de serviço público e pelo exercício do poder de polícia), dos
empréstimos compulsórios (artigo 148 CF/88), dos empréstimos compulsórios na época do
Plano Cruzado (que foram declarados inconstitucionais) e hoje vamos ver o artigo 149 CF/88
que fala das contribuições sociais.

Hoje elas têm uma relevância enorme como espécie tributária. Já se questionou isso
no passado, mas atualmente não há mais dúvidas que elas têm natureza tributária. O STF em
várias oportunidades afirmou a natureza tributária das contribuições sociais.

Há uma discussão doutrinária (professor não considera essa discussão relevante) a


respeito de a contribuição social ser espécie autônoma de tributo (espécie contribuição social)

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ou se enquadrariam em uma daquelas três espécies do art. 145 da CF (impostos, taxas e
contribuições de melhoria).

Quem acredita que só existem três espécies tributárias, defendem que as contribuições
sociais seriam impostos finalísticos, ao contrário dos impostos em geral, que você arrecada e é
o orçamento que define para onde vai o dinheiro. Nas contribuições sociais não teria essa
liberdade em relação às receitas oriundas dessas contribuições, porque elas precisariam ter o
destino previamente definido constitucionalmente. Ex: As contribuições para a seguridade
social teriam que ir para a seguridade social; assim como as contribuições de interesse de
categoria econômico ou profissional teriam que ir para os órgãos que representam essas
categorias profissionais.

O fato é que o STF nunca se ocupou muito com essa questão. O importante é que tem
natureza tributária. Tendo natureza tributária se submete aos princípios constitucionais
tributários de limitações constitucionais. Assim, tendo natureza tributária só pode ser
instituído por lei e se submete a vários outros princípios que ainda iremos estudar.

O art. 149 da CF fala de contribuições sociais:

“Art. 149.Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no


domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e
150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que
alude o dispositivo.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição,


cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e
assistência social.”

Então, quando se fala de contribuições sociais no artigo 149(e esse faz referência ao
art.195) , nós estamos falando em:

a) contribuições destinadas à seguridade social – previstas no artigo 195 CF/88.


Quando se fala em contribuição social pode se dizer que essa é um gênero das contribuições e
que nós vamos ter as contribuições destinadas a seguridade social;

b) as contribuições de intervenção no domínio econômico, que hoje são várias e cada


vez tem mais importância. São as chamadas CIDEs. Ex: CIDE combustível. Quando você pega a
conta de telefone, vai estar embutido no preço a contribuição ao FUST (Fundo de
Universalização do Sistema de Telecomunicação) que é uma CIDE. Contribuição sobre o
combustível hoje está zerada, mas já chegou 70/80 centavos do preço da gasolina. Como o
preço do combustível hoje está defasado, os especialistas dizem que a PETROBRAS está tendo
prejuízo porque está segurando o preço do combustível como instrumento de segurar a
inflação, essa CIDE que estava no preço da gasolina foi zerada para minimizar essa defasagem
do preço do combustível.

Quando a gente vai ao cinema, o preço do bilhete tem uma contribuição à ANCINE
(Agência Nacional de Cinema), essa contribuição também é uma CIDE.

53
Nós vamos ver com mais cuidado essas CIDEs, quantas são, quais os fatos geradores...
Hoje elas têm um relevante papel para a União no que diz respeito à arrecadação.

c) E tem também as contribuições de interesse das categorias profissionais ou


econômicas, contribuição que se paga à OAB, ao CREA, ao Conselho Regional de Medicina, que
se paga ao SENAI, ao SESI, são contribuições de interesse e categoria profissional ou
econômica, setor de comércio, de indústria, setor de transporte e assim vai...

Das contribuições, as mais importantes são as destinadas à seguridade social. Estão


arroladas no artigo 195 da CF/88. Quando a gente classifica os tributos em vinculados e não
vinculados a uma atuação estatal, cujo os fatos geradores estão vinculados a uma atuação
estatal ou não, os fatos geradores das contribuições sociais destinadas à seguridade social têm
características de impostos.

As contribuições se revestem de outras características que podem fazer delas uma


espécie autônoma, mas os fatos geradores previstos no artigo 195 da CF/88 são típicos de
impostos, ou seja, o que gera o dever de pagar essas contribuições são fatos praticados pelos
contribuintes não vinculados a uma atuação estatal.

Se vocês forem ao artigo 195, I da CF/88 vocês vão ver:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,


incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a


qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de


1998)

c) o lucro;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo


contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele


equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

54
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o
orçamento da União.

§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma


integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e
assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como


estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção


ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,


majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas


após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades


beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em
lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador


artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para
a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão


ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho.(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único


de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a
respectiva contrapartida de recursos.(Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de


que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior
ao fixado em lei complementar.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

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§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-
cumulativas.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual,


total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela
incidente sobre a receita ou o faturamento.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)”

Esta primeira (195, I, a) era a contribuição que antes se fazia ao INSS. Hoje o INSS e
Receita Federal se unificaram em um órgão, Receita Federal do Brasil. Houve uma unificação.
Mas é a contribuição que sempre se pagou, antes era INPS, hoje é INSS. É incidente sobre a
folha de salários onde o empregado paga uma parte e o empregador paga outra parte.

Esta redação é da Emenda n° 20 de 98. Na redação original da CF/88 falava só ‘folha de


salários’. A lei que veio instituir essa contribuição, com base na autorização constitucional,
instituiu a contribuição sobre salários e sobre outras remunerações pagas pela empresa: pro
labore ao profissional autônomo, retirada de sócio, pagamento ao diretor estatutário...

O STF declarou inconstitucional as contribuições que incidiam sobre qualquer


remuneração que não tivesse a natureza salarial, falando que a CF/88 fala em folha de salários.
Algumas remunerações não tem natureza salarial então não pode incidir a contribuição
previdenciária sobre esses valores.

Poderia o Governo ter instituído essas contribuições por meio de lei complementar,
que seria uma nova fonte de custeio, mas fez por lei ordinária, foi declarada inconstitucional.

O STF então fez a emenda 20 de 98 que ampliou, ao invés de falar só folha de salários
falou folha de salários ou qualquer outra remuneração paga pela empresa à pessoa física.

Hoje qualquer remuneração paga pela empresa incide uma contribuição previdenciária
destinada à seguridade social.

Pergunta inaudível do aluno.

Resposta: Participação dos lucros não tem natureza salarial. Quando foi acrescentado o
PLR, tem incidência do Imposto de Renda. Essa PLR (participação dos lucros e resultados da
empresa) está prevista na CF/88 e diz que está desvinculada da remuneração, para afastar a
incidência da contribuição previdenciária sobre a remuneração. Mas o problema é que hoje a
Receita está sendo muito dura para admitir que esses pagamentos feitos à título de PLR sejam
mesmo à título de PLR. Eles alegam que está pagando como se fosse PLR, mas que na verdade
é salário mesmo, porque o programa de instituição de PLR não tem regras claras, não tem
metas, o sindicato tinha que participar, entre outras desculpas. Hoje tem uma lei que
regulamenta isso e fica cada vez mais difícil para as empresas conseguirem cumprir, de acordo
com a interpretação da Receita, com o que a lei exige para se configurar como PLR. Sendo PLR
não há dúvida que não se incide contribuições previdenciárias. Mas há casos de cobranças de
contribuição previdenciária de PLR e que a Receita entende que não é PLR, porque foi assinado

56
acordo com os empregados no ano em que se pagou a PLR, aí alegam que teria que ter sido no
ano anterior, para que no ano seguinte se cumprisse as metas e depois fosse feito o
pagamento. Então há uma série de questões que a Receita tem colocado que está
descaracterizando esses pagamentos. Mas quando se fala em PLR nós estamos afastando a
contribuição previdenciária.

Voltando... a Emenda alterou e hoje fala em qualquer remuneração. Tinha empresa


que terceirizava todos seus empregados para não pagar essa contribuição.

A segunda é a alínea b. Receita ou faturamento. Na redação original só se falava em


faturamento. A emenda 20 de 98 acrescentou a expressão Receita. Qual a diferença? E aqui
também houve uma polêmica enorme, declaração de inconstitucionalidade da lei 9.718/98
artigo 3°, etc. Porque está a expressão receita ou faturamento? Faturamento é a receita
proveniente da venda de mercadorias e serviços. O conceito de receita é mais amplo.
Faturamento é aquela receita decorrente da atividade da empresa. Acrescentou-se a expressão
receita para poder se alcançar a receita financeira das empresas.

Numa fábrica de automóveis, a atividade não é financeira, é de produzir e vender


automóveis. No conceito de faturamento, a base de cálculo da contribuição sobre faturamento
a minha receita decorrente da venda de automóveis. No conceito de receita que é mais amplo,
as receitas decorrentes da venda de automóveis e das obrigações financeiras que eu faço. Os
juros que recebo das minhas obrigações financeiras estão no conceito de receita e não no
conceito de faturamento. Essa foi uma questão amplamente debatida no STF, quando julgou
inconstitucional o artigo 3° da lei 9.718/98, que ampliava a base de cálculo da COFINS para
alcançar as receitas financeiras das empresas em geral.

Receita financeira está fora do conceito de faturamento. O Governo deveria ter


instituído através de lei complementar, fez por lei ordinária. Para consertar a lei ordinária, o
Governo fez uma Emenda nº 20 para tentar salvar a lei 9718. O STF falou que a lei 9718 já
nasceu morta, é uma norma natimorta, porque quando ela foi publicada, a Constituição só
falava em faturamento, não falava em receita, então não salva essa lei, tem que fazer outra. E o
Governo fez outra lei.

Estou dando uma geral para vocês verem que a fonte do custeio é a receita. Só o Brasil,
no mundo, tributa a Receita (receita bruta e faturamento). Nenhum outro país tributa receita,
porque tem ciência das finanças e economia geral e sabem que a receita não revela a
capacidade contributiva. O simples fato de você ter receita não significa que você tenha a
capacidade de contribuir. O que revela a capacidade contributiva é o lucro. É a diferença entre
receitas e despesas. A receita por si só não.

Pergunta do aluno: Então seria uma bitributação? Porque vai ter uma contribuição
social sobre o lucro também.

Resposta: Não. Nós tributamos a receita e o lucro. Mas já há um bis in idem sobre a
própria receita, porque hoje nós temos uma contribuição chamada COFINS e outra chamada
PIS. Ambas incidem sobre a receita.

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Qual a diferença entre bitributação e bis in idem? Bitributação é quando duas pessoas
distintas tributam o mesmo fato, Estado e Município, por exemplo. Bitributação é
absolutamente inconstitucional, porque se ocorre bitributação necessariamente ocorreu uma
invasão de competência. O nosso sistema é feito por uma repartição mista de competência,
cada um institui sobre um fato. Se um mesmo fato está sofrendo dupla incidência, por duas
pessoas distintas, há uma bitributação, uma invasão de competência, uma
inconstitucionalidade.

O bis in idem ocorre quando a mesma pessoa política, que tem competência para
tributar determinado fato, o faz não com um tributo, mas com dois. Sobre a receita e o
faturamento, que é de competência da União, a União ao invés de criar só uma contribuição,
criou duas: a COFINS e o PIS, que são leis que se vocês lerem vão ver que são tributos
idênticos. Se somar a alíquota das duas, o impacto é grande, são 9.25% sobre a receita. Então,
dividiram essa porcentagem em dois para mascarar. 9.25%, isso não existe em nenhum outro
lugar.Nos outros países existe tributação do imposto de renda com base no lucro presumido,
uma presunção de lucro que o contribuinte adere ou não. Mas não há tributação da receita. As
vezes uma empresa tem receita alta mas trabalha com prejuízo. Hoje no Brasil se tributa a
receita, a título de se tributar a receita, tributa-se a não receita, esse é um assunto que causa
inconformismo.

EX: A LIGHT tem um milhão de clientes. Emite as cobranças de um milhão de clientes,


mas só recebe de 900 mil. Há inadimplência. Se eu cobro e essa pessoa não paga, eu não posso
dizer que esse não pagamento é fato gerador de um tributo que seja a receita. E o fisco cobra.
Ele diz que você cobrou, se não pagou o problema é seu. O fato de cobrar é fato gerador da
contribuição sobre a receita, ou seja, a título de receita se tributa a inadimplência, a não
receita.

O STF confundiu o fato gerador da receita com o fato gerador do ICMS. Qual o fato
gerador do ICMS? A venda da mercadoria. Se o comprador da mercadoria não pagou, o fato
gerador do ICMS ocorreu, que é a venda. Pelo fato de ter havido a venda, quem vendeu já deve
ICMS, mesmo que não tenha recebido por ela. O fato que gera o dever de pagar é vender. Já o
fato que gera o dever de pagar o COFINS não é vender, é auferir receita. Então é só no
momento que eu tenho receita. Mas eles confundiram. Essa coisa não está resolvida não.

Contribuição social sobre o lucro é um bis in idem também ao imposto de renda de


pessoa jurídica. O STF falou que é um bis in idem constitucionalmente autorizado, porque a
própria Constituição no artigo 195, I, c fala da contribuição social sobre o lucro e no imposto de
renda.

Nos Tratados Internacionais que o Brasil é parte considera-se contribuição social e


imposto de renda a mesma coisa.

*Nós impetramos um mandado de segurança, porque um fiscal autuou um fundo de


pensão com previdência privada fechada por não pagamento de contribuição social sobre o
lucro. A lei complementar que regula a instituição dos fundos de previdência social privada fala
'serão instituídas sobre a forma de fundação ou instituição, sem fins lucrativos...', ou seja, os
fundos de pensão de previdência privada fechada são proibidos por lei de obter lucro. Mas eles

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tem resultado positivo? Tem. Na legislação própria chama-se superavit. Eles tem resultado
positivo por quê? O que é ter lucro? Lucro é poder pagar dividendo ao acionista. Se a atividade
tem resultado positivo mas esse resultado é reinvestido na instituição ou para cumprir os
objetos dela...o fundo de pensão do Banco do Brasil, PREVI, tem por objetivo complementar a
aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil. Então, a PREVI é sócia da Vale do Rio Doce?
É. Recebe dividendos da Vale? Recebe. E faz o que com esse dinheiro? Complementa a
aposentadoria do universo de patrocinados. Então ela não tem lucro, ela não pode ter lucro. E
nunca se cobrou imposto de renda à pessoa jurídica, desses fundos. O que se discutia na
Justiça era se esses fundos podiam pagar imposto de renda sobre aplicação financeira ou não.
Se havia um fato gerador autônomo nas aplicações financeiras, então o imposto de renda
retido na fonte das aplicações financeiras. Mas nunca se questionou, nunca se cobrou o
imposto de renda da pessoa jurídica dos fundos de pensão. Quando o fiscal veio cobrando a
contribuição social sobre o lucro, o professor disse não ter maior coerência. Se ele está
cobrando contribuição social sobre o lucro, ele também teria que cobrar o IRPJ (Imposto de
Renda de pessoa jurídica). Mas a entidade representante dos fundos quis impetrar um
mandado de segurança preventivo para cessar uma eventual onda de autuações de
contribuição social sobre o lucro. Aqui no TRF teve um julgamento e falaram que a lei
complementar fala ' sem fins lucrativos', mas o fato da lei falar isso não está impedindo de ter
lucro. Foi para o STF, o Ministro negou seguimento ao recurso falando que não havia
repercussão geral. Não há coerência alguma nessas decisões.

O que há de melhor em fontes de arrecadação, foi entregue para a seguridade social.


Folhas de pagamento ou folhas de salário em geral, receita ou faturamento e lucro. Não tem
para onde correr. A arrecadação está muito concentrada na União e a União tem que repartir
parte da arrecadação do IR, do IPI, etc. As contribuições sociais não são repartidas para os
demais entes federativos, ficando com a União. Então a União '‘faz graça’' com o IPI, onde
pouco mais de 40% vai para os Estados e Municípios. COFINS e PIS, por exemplo, a União não
renuncia, porque ela não tem que repartir, ela concentra a arrecadação dessas contribuições.

O Governo Lula foi muito inteligente, fazendo um discurso de que zerou o deficit da
previdência. Nunca nenhum presidente conseguiu isso e como num passe de mágica se zera
isso? Ele não tomou nenhuma medida drástica nem nada. Ele só mudou o modo de
contabilizar. Quando os especialistas dizem que a previdência é deficitária, eles contabilizam
pegando o que se gasta com aposentadoria e o que se arrecada com os trabalhadores que
estão na ativa. Então, quando se fala que a previdência é deficitária, das três fontes de receita
da previdência ou da seguridade forem receita ou faturamento e lucro, quando se fala que é
deficitária só pega a primeira fonte, porque guarda correspondência direta. Paga-se a
aposentadoria com que se arrecada de quem está na ativa, ou seja, eu estou pagando hoje
para quem está aposentado. Então, essa conta não fecha, porque há ainda muita
informalidade, muitas pessoas que estão na ativa trabalhando não pagam contribuição
previdenciária.

Houve, há uns 10/15 anos atrás uma aposentadoria massificada, para quem não
pagava mesmo a contribuição. Foi uma grande distribuição de renda. Aposentaram pessoas
mais humildes, milhões de pessoas que nunca tinham contribuído. Então, essa conta não
fecha.

59
Apesar da aposentadoria pública, que não é de servidor, é a geral, ir defasando, a conta
não fecha. Gasta-se mais com aposentadoria do que se arrecada sobre folha de salários. O que
o Governo Lula fez? De um lado tem-se a despesa de aposentadoria, mas do lado das entradas
não se levou em conta só que o que arrecada sobre folha de salários, mas também o que se
arrecada com COFINS, PIS, contribuição social sobre o lucro, porque tudo isso é contribuição
destinada a seguridade social. Se somar o que o Governo arrecada com PIS, COFINS,
contribuição social sobre o lucro e folha de salários, este valor é mais do que suficiente para
arcar com todas as aposentadorias. Então, é só um modo de mudar o plano de contabilidade
pública da previdência. Colocou que as fontes de receita eram essas todas e a despesa são as
aposentadorias, assim sobrou dinheiro, disse que não há mais problema na previdência.

Mas na verdade não é essa conta. Quando se fala em seguridade social se fala mais do
que em aposentadoria, você está falando de assistência social, de saúde, de uma série de
outras coisas que esse dinheiro teria que fazer parte. Hoje, essas contribuições sobre a receita
acho que seriam mais importante para a União do que o Imposto de renda de pessoa jurídica,
porque existem maneiras de fazer planejamento sobre o lucro, que é a base de cálculo do
imposto de renda, sobre a receita não existe, faturou é receita.

São contribuições de extrema relevância no que se refere a arrecadação para a União,


estrategicamente como fonte de receita de custeio para a previdência e para o caixa em geral.
A União hoje tem esse desequilíbrio federativo, a União arrecada muito mais do que os Estados
e Municípios, não é pela repartição de impostos, mas sim por estar concentrado na União a
competência para instituir as contribuições.

A União pode criar outras contribuições além das previstas no art. 195, desde que seja
por Lei Complementar e que já não tenham fato gerador previsto. Trata-se da Competência
Residual da União. O exercício da competência residual é difícil, porque não se pode criar
contribuição de fato que já existe e uma das exigências é que seja não cumulativo, não pode
haver uma incidência em cascata sobre o mesmo evento. Ex: A caneta sai da fábrica para a loja,
da loja para a papelaria, e da papelaria para a livraria. A mesma caneta foi vendida 3 vezes. A
não cumulatividade é impedir que o mesmo imposto incida integralmente sobre cada venda, e
aí seria imposto cumulativo. A não cumulatividade é o antídoto dessa cumulatividade que
ocorreria numa venda em cascata.

Aí, criou-se a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Toda


operação no ambiente bancário, toda movimentação financeira no ambiente bancário pagava
CPMF. Começou em 93 como IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira), foi
extinto e foi criada a CPMF. Essa CPMF não foi criada com base no exercício de competência
residual, veio em uma Emenda Constitucional. Por que não foi feito através de lei
complementar? Pois havia o receio de a Lei Complementar ser considerada inconstitucional
pelo fato de poder haver a alegação de que várias transações seriam do mesmo dinheiro e que
haveria, portanto, a cumulação de tributação (que não é permitida pelo nosso ordenamento).

Todas as vezes que se fala em reforma tributária, vem alguém e fala em imposto único.
Se isso fosse possível, isso seria adotado no mundo inteiro. Um professor da FGV chegou a
fórmula de que o imposto único seria exatamente como a CPMF, substituiria todos os impostos
pelo imposto sobre movimentação financeira. A CPMF era 0,38%, era uma boa arrecadação,

60
mas para substituir todos os impostos a alíquota teria que ser 5/6%, o que seria absolutamente
inviável. No bojo da reforma tributária em 93, veio a ideia do imposto único, que substituiria
todos os outros. Gostaram da ideia e criaram o IPMF, e o imposto único passou a ser mais um
imposto, que depois virou uma contribuição.

No mundo, num raciocínio reducionista, tributa-se uma coisa, a renda. Esta renda se
apresenta de três formas: renda auferida (em sentido estrito), renda consumida (impostos
sobre o consumo) e a renda poupada (patrimônio). São as três manifestações de riqueza que o
mundo tributa, e o Brasil também. Ou seja, a renda, o consumo e o patrimônio.

Mas para você ter patrimônio, ele é o reflexo de uma renda poupada. O consumo é
reflexo de uma renda consumida, portanto se você não tiver renda você não consegue pagar
tributo.

No Brasil há muitas distorções pelo fato de o sujeito que recebe pouco, não consegue
poupar, consumindo todo o dinheiro que aufere. Ocorre que, no Brasil, os tributos por
consumo são os mais altos (tributação média de 25%), de modo que, por mais que esse sujeito
seja isento do Imposto sobre a Renda, acaba sendo o que é mais prejudicado por tributações.

RIO, 12 DE MARÇO – CARINA

Prof. Eduardo -Tributário - 12/03/2014

Professor disse que ia enviar um artigo dele sobre as CIDES para encerrar a questão das
contribuições do artigo 195, além de alguns outros sobre espécies tributárias que podem
ajudar a entender o conteúdo.

Na última aula falamos sobre as contribuições sociais destinadas a seguridade social


que estão lá no artigo 195, contribuição sobre folha de salário e qualquer remuneração paga
pelo empregador, a contribuição sobre receita e faturamento e a contribuição sobre o lucro.
Todas estas contribuições foram instituídas logo depois da Constituição de 88. A CF é de
outubro de 88 e vieram leis em dezembro de 88 instituindo essas contribuições para a
seguridade social.

Algumas delas nós vamos voltar quando formos estudar os princípios constitucionais
tributários, principalmente os princípios da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade,

61
que os contribuintes alegaram que esses princípios estavam sendo afrontados quando essas
contribuições foram instituídas.

O contecioso tributário em torno dessas contribuições talvez tenha sido o maior


contencioso tributário num período de tempo logo após a regulamentação da constituição.
Isso gerou um volume de contencioso enorme. A regulamentação da constituição e os planos
econômicos heterodoxos, plano cruzado, plano collor, etc, fizeram que o povo descobrisse a
Justiça Federal. A Justiça Federal era para poucos, tinham poucos juízes federais, era fechada...

Com a regulamentação da constituição de 88 e essa quantidade de planos econômicos,


os expurgos inflacionários, correção de poupança e de fundo de garantia, a Justiça Federal se
transformou no que ela é hoje. Até hoje ainda há um desdobramento dessa regulamentação
do artigo 195. Quando foi instituída a contribuição social sobre o lucro, que nada mais é do que
um bis in idem do imposto de renda da pessoa jurídica, Lei 7.689/88. Tem repercussão até
hoje.

Os contribuintes entraram na Justiça dizendo que era inconstitucional, alegava que


tinha que ser instituído por lei complementar, pois o artigo 149 fala em lei complementar, que
as contribuições devem observar o artigo 146 I, II, III que fala de lei complementar e que
estaria se valendo do mesmo fato gerador da base de cálculo do imposto de renda e que seria
inconstitucional.

O Brasil tem 5 Tribunais Regionais Federais, os 5 declararam inconstitucional a


contribuição social sobre o lucro. A Fazenda Nacional, contra as decisões dos tribunais,
impetrou Recurso Extraordinário.

Quando esses recursos extraordinários chegaram no Supremo, centenas se não eram


milhares, não sei ao certo,o Ministro Celso Mello, logo no primeiro caso, negou seguimento ao
recurso por não estar prequestionado. Como se trata de uma decisão que declarou a
inconstitucionalidade de uma lei em um Tribunal Regional Federal, esta declaração de
inconstitucionalidade é feita ou pelo Pleno ou por um órgão especial do Tribunal, é questão de
reserva de plenário.

Uma turma do TRF não pode declarar inconstitucionalidade de uma lei. Se for para
fazer, suscita arguição de inconstitucionalidade e o órgão pleno ou o órgão especial dentro do
tribunal declaram a inconstitucionalidade que vai orientar as decisões de turma.

E o Celso Mello disse que a Fazenda Nacional recorreu da decisão da Turma, mas ela
deveria instruir ou deveria ter instruído o seu Recurso Extraordinário com a decisão do Pleno
ou do Órgão especial, decisão que foi a base da decisão da turma. Como não juntou, ele negou
seguimento ao recurso. Dezenas, centenas, de recursos extraordinários tiveram seguimento
negado e transitaram em julgado.

A Fazenda Nacional aprendeu, nas decisões futuras do TRF iriam juntar o acórdão na
íntegra, não da decisão recorrida, mas da decisão que embasou a decisão recorrida, que é a
decisão do pleno. Quando começou a juntar, o Supremo reconheceu o recurso, porque estava
prequestionado, e julgou constitucional a contribuição social sobre o lucro. Enquanto 5

62
Tribunais Regionais Federais declarararm a inconstitucionalidade da contribuição, o Supremo
julgou constitucional a contribuição social sobre o lucro, menos para o ano de 88.

Nós vamos ver aqui, na hora de estudar os princípios, porque em 88 ele declarou
inconstitucional. A lei era de dezembro, entrou em vigor 90 dias depois, ou seja, em fevereiro
de 89, e não podia gravar o lucro de 88, porque feria o princípio da irretroatividade. Mas para
89 em diante julgou constitucional.

Aí surgiu, pela primeira vez, a Fazenda passou a ajuizar ações rescisórias contra as
decisões transitadas em julgado proferidas pelos TRFs, daquela primeira leva que não estava
prequestionada. Surgiu então uma polêmica enorme, primeiramente questionando se cabe
rescisória em matéria tributária e quais os efeitos da rescisória. Essas rescisórias foram julgadas
procedentes, por agora, em 2005, 2008. Julga procedente, mas e aí?

Qual é o efeito se é uma decisão proferida em matéria tributária? Efeito ex nunc ou ex


tunc? Se eu tenho uma liminar para suspender um tributo e essa liminar cai, eu posso pagar
aquele tributo num prazo de 30 dias da cassação da liminar sem multa e sem juros. Agora, se
eu fico anos sem pagar o tributo, por uma decisão transitada em julgado favorável? Se esta
decisão é rescindida por uma ação rescisória, eu vou ter que pagar multa por ter cumprido com
uma decisão judicial? O Supremo ainda não se pronunciou sobre isso. E o primeiro caso que o
Supremo vai examinar é exatamente rescisória de contribuição social sobre o lucro.

Quais os efeitos? Ex nunc, ex tunc? Pode ser parcialmente ex tunc, no sentido de que
eu cobro para trás o principal mas não posso cobrar multa, etc? Esse é um dos assuntos
interessantes que nós temos em direito tributário e que envolve direito tributário material e o
processo constitucional tributário. É assunto que está na pauta desde 89.

Direito Tributário tem muita novidade mas tem muita coisa antiga que não acaba.
Outro exemplo é o conceito de receita e faturamento que até hoje se discute.

O Supremo declarou inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei 9718, que alargou a base


de cálculo da COFINS para alcançar as receitas financeiras. Aí o Supremo falou que o conceito
de faturamento é receita proveniente da venda de serviços ou de mercadorias; não alcança as
receitas financeiras, ou seja, aquelas receitas que não são da atividade , que não são receitas
operacionais. Se eu vendo sapatos, mas aplico parte do dinheiro, o faturamento é referente da
venda de sapatos. O Supremo declarou inconstitucional o alargamento da base de cálculo.

O Supremo não conseguiu fazer uma Súmula, porque ao definir faturamento como
receita decorrente da venda de serviços ou mercadorias, um Ministro do Supremo questionou
o faturamento , por exemplo, do Shopping Center, da Seguradora,do banco, e viram que iriam
deixar esse pessoal todo de fora.

Então veio a proposta de Súmula dizendo que considera faturamento a receita


proveniente da atividade empresarial. Mas não foi isso que foi decidido. No acórdão não fala
isso. Então essa proposta de súmula vinvulante da lei 9718 está parada no pleno há 8 anos.

Então, esse conceito de faturamento que está na constituição de 88 até hoje não há
um consenso do que realmente significa. Tanto que não conseguiram fazer a Súmula.. Hoje

63
ainda está indefinida a tributação de algumas atividades, ex. Locação de veículos. O STF
declarou que locação de bens móveis não é prestação de serviço. É uma obrigação de dar, não
de fazer, então não tem prestação de serviço. Não tendo prestação de serviço, não tem ISS.

Quando essas locadoras vão renovar suas frotas e vendem seus automóveis usados,
que são milhares, não incide ICMS, porque ela não está vendendo mercadoria, o negócio dela
não é vender automóvel. Ela está simplesmente renovando seu ativo. Quando você vende um
ativo, aquilo não é mercadoria para fins de ICMS. Então, elas vendem carro sem pagar ICMS,
alugam carro sem pagar ISS, e a rigor, não são contribuintes da COFINS.

Então não pode um segmento da economia ter todas essas atividades e não poder se
tributar porque não se enquadra nos conceitos. Isso criou uma situação de perplexidade no
Tribunal. Dizem que juiz pode decidir errado ou certo só não pode ser perplexo, porque aí não
decide nada.

Então, essas são as contribuições mais importantes e que ainda o seu perfil
constitucional exige um pronunciamento definitivo do Supremo, principalmente nesse conceito
de faturamento e receita.

Na questão do lucro, os efeitos das ações rescisórias , tem muitas empresas que estão
ainda discutindo isso em ação rescisória , esta questão de trânsito em julgado, vários
escritórios de advocacia ganharam o direito de não pagar COFINS por conta daquela isenção
que a lei complementar 70 de 91 deu, que o STJ deu e que depois o Supremo entendeu de
modo contrário, dizendo que estava revogada a isenção, com coisas julgadas em favor de vários
escritórios, que hoje são réus em ações rescisórias. E ainda tem uma questão mais grave, a
questão que o Supremo vai ter que enfrentar, pois a Procuradoria está dizendo que não precisa
de ação rescisória, se depois há um entendimento contrário do Supremo, é a tese da
relativização da coisa julgada em face de decisão superveniente do Supremo.

Continuando...

Contribuição de Interveção no Domínio Econômico, qual é o problema dessas CIDEs,


que também estão lá no artigo 149? Não há nenhum balizamento constitucional sobre elas. Só
está lá no artigo 149:”Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,
de intervenção no domínio econômico ...” o que é isso? O CTN fala? Não. Tem alguma lei
complementar que fala o que sejam as contribuições? Não. Antes da constituição de 88, já
tinham algumas CIDEs (Contribuições de intervenção do domínio econômico), que eram a
Contribuição para o Instituto do Açúcar e do Álcool (Contribuição ao IAA), Contribuição ao IBC (
Instituto Brasileiro de Café) e Contribuição que se chamava Adicional do Frete para Renovação
da Marinha Mercante (AFRMM). Tinham essas 3 contribuições que tinham como característica
financiar ou custear a intervenção estatal em determinado setor econômico.

Então, por exemplo, havia o Instituto Brasileiro de Café que regulava preço do café no
mercado interno e se possível no mercado externo, o IBC fazia o papel de regulador de estoque
de café do Brasil para manter preço bom e competitivo no exterior, fazer propaganda do café
do Brasil lá fora. Com a redemocratização, esses órgãos foram extintos e com uma

64
mentalidade também de desregulamentação da economia, menos intervencionista, acabaram
com o IBC e com o IAA e consequentemente com suas respectivas contribuições.

Foi mantido o AFRMM. Para entender um pouco o que é CIDE, vale a pena ver esse
precedente do Supremo, que declarou constitucional esse Adicional de Frete para Renovação
da Marinha Mercante (AFRMM). Por que? Com a Constituição de 88, as empresas disseram
que o AFRMM é uma contribuição de intervenção do domínio econômico, ele não foi
recepcionado pela Constituição de 88, porque ele incide sobre o valor do transporte marítimo,
e sobre o valor do transporte marítimo desde a Constituição de 88 já tem um imposto, ICMS
sobre transporte. Então, não pode ter 2 tributos sobre o mesmo fato.

O Supremo falou que pode nesse caso porque um é imposto sobre serviço de
transporte, e o outro é uma contribuição de intervenção no domínio econômico, que também
é sobre o valor do transporte, mas o fato gerador tem um plus. Tem um fato do contribuinte
que é o transporte, mas tem um fato estatal que é a intervenção no setor da marinha
mercante, esse dinheiro vai ser usado para investimento em construção de navios, renovação
da frota, etc, e isso dá a essa contribuição uma característica que a distingue dos impostos em
geral.

Quando o Supremo falou que o Adicional do Frete tá ótimo, o Governo falou que só
pode criar 6 impostos, que estão previstos na Constituição, a maior dificuldade é de criar
imposto novo de competência residual, mas o Supremo abriu uma brecha com nome de CIDE,
eu posso criar qualquer coisa. Criaram mais de 10!

Adicional de Tarifa Portuária (ATP), é uma CIDE. Contribuição ao FUST (Fundo de


Universalização do Sistema de Telecomunicações), é uma CIDE. FUNTTEL (Fundo de
Universalização Tecnológica), é uma CIDE. CIDE Royalties, quando você paga por serviços ,
prestadores de serviço no estrangeiro , sem transferência de tecnologia. Tem a CIDE
combustível, tem a CIDE para o CONDECINE, para fomento da atividade de cinema.

Qual é o problema dessas CIDEs? Por não ter nenhum regramento constitucional e
nem de normas gerais no CTN, com nome de CIDEs tem se criado verdadeiros impostos. Por
que? Os fatos geradores são desvinculados de atuação estatal? A base de cálculo do FUST e do
FUNTTEL é a receita das empresas de telecomunicação. Você pega a base do CIDE royalties,
pagamento que empresa brasileira faz a prestador de serviço estrangeiro que presta serviço de
tecnologia no Brasil sem a transferência dessa tecnologia.

Você paga para o cara que tem um serviço especializado trabalhar aqui , tudo que você
paga para ele, 10% desse pagamento é de CIDE royalties, para criar um fundo de
desenvolvimento a pesquisa. Mas o que acontece é que no papel se coloca tudo, mas na
realidade só se cobra o tributo, não tem fundo, não tem desenvolvimento de pesquisa, não
tem universalização de tecnologia, não tem nada.

Estão sendo criados impostos com nome de CIDE. Uma outra CIDE ,contribuição sobre
a folha de salário se paga ao INCRA ( Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária).

Todos os empregadores que tem folha de pagamento pagam contribuição ao INCRA.


Para que? Intervenção na política agrária e fundiária brasileira. E aí distorce.

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Qual o grande problema hoje? A doutrina, na ausência de lei, tenta criar um
balizamento. Fala que primeiro, para legitimar a cobrança de uma CIDE, você tem que ter uma
real e verdadeira política de intervenção em determinado setor econômico.

Segundo, se é de intervenção, não pode ser permanente, tem que ser temporário. É
uma contradição entre termos se falar em intervenção permanente.

E terceiro, se eu estou cobrando para fazer intervenção em determinado setor, o


universo de contribuintes tem que ter vínculo com este setor que está sofrendo intervenção. É
o que eles chamam de referibilidade para definir o universo de contribuintes, ou seja, se eu
estou querendo desenvolver o setor de telecomunicação, eu só posso cobrar CIDE das
empresas de telefonia. Se eu estou querendo desenvolver o setor portuário, eu só posso
cobrar das empresas ligadas ao setor portuário, seja de transporte marítimo, seja os grandes
estaleiros. Aí, de certa forma, isto é atendido.

Mas aí vem a contribuição ao INCRA. Qual a referibilidade? Teria que ser então uma
contribuição devida só para as empresas agroindustriais, as folhas de pagamento das empresas
agroindustriais. Aí o Supremo fala que não, que a Reforma Agrária é de interesse de todo
brasileiro. Mas então perde a característica de CIDE, passa a ser de um imposto, de um imposto
sobre a folha de salário para fazer Reforma Agrária, imposto que não está previsto na
Constituição.

Então hoje, quando se fala em Reforma Tributária, tem que mexer nos impostos sobre
o consumo e nas contribuições. Tem que pôr barreiras constitucionais, limites constitucionais à
criação de CIDEs, que hoje acho que nós temos 11, e que nós pagamos sem nem saber. E
temos uma infinadade de projetos de lei criando CIDE.

Nós temos na Constituição, lá no artigo 149-A, a contribuição de iluminação pública. O


que é isso? A maioria dos Municípios tinha uma taxa de iluminação pública, declarada
inconstitucional pelo Supremo, porque taxa de iluminação pública não cumpria com os
requisitos constitucionais de ser prestação de serviço específica e divisível. A iluminação de
uma rua, de um logradouro, de uma praça, de um cemitério, quem é o beneficiário
individualizadamente falando? Não tem. É um serviço para toda a comunidade que você não
consegue fazer a individualização do beneficiário. Então, o Supremo declarou inconstitucional a
taxa de iluminação pública.

Os Municípios falaram que não iam ficar sem aquela receita não. O que fazer? Então
cria uma contribuição. Cria uma contribuição que ninguém sabe o que é. E fizeram exatamente
isso. Criaram a contribuição de iluminação pública, que nada mais é do que a taxa de
iluminação pública com o nome de contribuição.

O Rio foi uma das últimas cidades, que eu saiba, a criar essa contribuição, Eduardo
Paes acho que criou no ano passado ou retrasado. Vários jornais falando que era
inconstitucional a taxa de iluminação pública do prefeito...mas ele não criou taxa. Ele criou
contribuição e sendo contribuição é constitucional. Então virou um cheque em branco, na hora
que você rotula de contribuição qualquer nova exação e isso é uma questão de fato muito
problemática, que precisa ser enfrentada.

66
Por ora, nós encerramos essas espécies tributárias, e podemos voltar a elas na hora de
aplicação dos princípios, mas vocês já tiveram um panorama. Eu vou só fazer uma introdução
do que nós vamos começar a ver na próxima aula.

Nós vamos começar a estudar os princípios constitucionais tributários. Tem 2


sobreprincípios que iluminam e conspiram o sistema tributário nacional que é o princípio
Republicano e o princípio Federativo. Quais são os princípios constitucionais tributários? Tem
que saber antes que somos uma República Federativa. Por que? Porque qualquer assunto que
trate de repartição de competência, limitações à competência, o que é competência de União,
de Estado, de Município , isso só cabe, num ambiente de uma Federação, obviamente, que o
Brasil é.

Legalidade, anterioridade, irretroatividade, não surpresa, proteção da confiança, tudo


isso exige um ambiente democrático republicano.

Nós somos um país republicano e federativo. A partir daí que o sistema tributário se
estrutura. E aí nós vamos estudar os princípios, separando-os em dois blocos. Um bloco de
princípios vinculados ao valor Segurança Jurídica. Quando eu quero concretizar o valor
segurança jurídica, eu vou me valer do princípio da legalidade, anterioridade e
irretroatividade.

Eu preciso ter previsão em lei daquilo que eu vou pagar. Além de ter previsão em lei,
eu tenho que ter prévio conhecimento dessa lei num espaço de tempo razoável. Lei publicada
hoje só vale a partir do primeiro dia do exercício seguinte, preciso de um interregno, de um
lapso temporal para ter conhecimento da lei e me planejar. E essa lei não pode retroagir, ela
só pode alcançar fatos futuros.

De outro lado temos o bloco Justiça e Isonomia. Os princípios vinculados ao valor


Justiça e aí nós temos o princípio da isonomia tributária, princípio da capacidade contributiva e
princípio do não confisco. O tributo não pode ter efeito confiscatório.

Dentro, para concretização desses princípios, eu coloquei algumas regras ligadas ao


valor Justiça: Seletividade e Progressividade. Seletividade é graduar de acordo com a
essencialidade do produto.

Então aqui temos dois blocos de princípios, os vinculados à segurança jurídica e


princípios vinculados à Justiça.

E depois eu tenho princípios ou regras operacionais. E o principal deles, que vai nos
demandar mais tempo, é o princípio da não cumulatividade, aplicável ao ICMS, ao IPI, ao PIS e
COFINS. Não é um princípio ligado ao valor segurança, ao valor Justiça, mas tem um caráter
operacional. Quanto eu vou pagar de imposto? Então tem toda uma regra estabelecida
constitucionalmente para se chegar ao quantum debeatur desses impostos que incidem sobre
o consumo.

Quando houver conflito de princípios,se em determinado caso concreto eu não sei se


aplico o princípio da isonomia ou da legalidade, como eu vou ponderar?

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Nós vamos fazer alguns exercícios de aplicação desses princípios nos valendo dos
postulados da razoabilidade e da proporcionalidade. Tem um caráter de como aplicar os
princípios. Se eu não tiver um princípio embaixo eu não tenho utilidade para a razoabilidade e
para a proporcionalidade, pois elas vão me ajudar na hora de fazer a aplicação desses
princípios.

RIO, 17 MARÇO 2014 – FERNANDA NORO


Direito Tributário
Aula 17/03 – Fernanda Noro

Nós vamos começar a falar hoje dos Princípios Constitucionais Tributários e,


conforme eu havia dito, nós vamos estudar os princípios em blocos. O primeiro dos
blocos é legalidade, anterioridade e irretroatividade. São princípios que concretizam
ou que buscam dar eficácia ao valor segurança jurídica.
Então, princípio da legalidade ou princípio geral fundamental. Nosso sistema tributário,
os pilares do nosso sistema tributário, o sistema tributário brasileiro, é legalidade e
isonomia e, muitas vezes, como princípios gerais fundamentais. Um vinculado ao valor
segurança e o outro vinculado ao valor justiça.
O princípio da irretroatividade é uma peculiaridade do Brasil por estar expresso na
Constituição. A maioria dos países que adotado o Estado Democrático de Direito, a
irretroatividade é inerente ao estado democrático: uma lei nova não pode alcançar fatos
passados. Então, essa peculiaridade como princípio expresso na Constituição é uma
peculiaridade bem brasileira, que reforça a segurança jurídica, deixando de modo
expresso que a lei só pode alcançar fatos futuros.
O princípio da legalidade está previsto no artigo 150, I da Constituição.

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”

Esse princípio da legalidade que está previsto no art 150, I possui uma única exceção,
que está no art 153, § 1°.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

68
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou


valores mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os


limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V.

Não há exceções ao princípio da legalidade no que se referem às instituições de tributos,


mas as alíquotas de alguns tributos podem ser alteradas por ato do Executivo. Quais
impostos podem ter suas alíquotas alteradas por ato do Executivo, atendidos os
requisitos da lei? São aqueles que dispostos no art. 153, § 1°.
Normalmente se tem que a lei que institui o IPI diz que a alíquota do IPI pode variar de
0 a 100, por exemplo. E dentro dessa faixa de 0 a 100, ato do Executivo pode alterar
essa faixa.
Por que esses impostos estão excepcionados pelo princípio da legalidade no que se
referem à alteração ou modificação de alíquota, pra mais ou para menos? Porque são
impostos com uma forte missão, função ou papel extra fiscal. Qual é a função fiscal de
um imposto? Arrecadar. Quando se fala em função fiscal, fala-se em arrecadação. Esses
impostos aduaneiros, impostos sobre exportação, importação, sobre produtos
industrializados, operações financeiras e cambiais, além de possuírem uma função
arrecadatória, são instrumentos, ferramentas de política econômica, que exigem, para
cumprir esse papel, agilidade; exigem uma certa carta branca para o Executivo poder
manusear as alíquotas desses impostos, a fim de fazer valer seus planos e projetos. E o
Executivo faz isso com muita freqüência...
Esses impostos são alterados por meio de Decreto do Executivo. Podem elevar a
alíquota ao máximo ou reduzí-la ao mínimo. Em vez de dar isenção, o governo faz um
decreto alterando a alíquota para baixa, para o mínimo. Se o governo não quer cobrar
IPTU de um imóvel de determinadas característica, ele manda um projeto de lei
concedendo isenção.
A alíquota existe para se chegar ao valor do tributo. Não faz muito sentido a alíquota
zero. É uma técnica em relação a esses quatro impostos que podem ter essas alíquotas
alteradas pelo Executivo.
A fixação de alíquota, com exceção dos impostos previstos no art. 153 § 1°, deve ser
feita obrigatoriamente por lei.

69
O Código Tributário Nacional, em seu art. 97, vai explicitar o conteúdo do princípio da
legalidade em matéria tributária; o que será matéria de lei.

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o


disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária


principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do
seu sujeito passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo,


ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões


contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela
definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos


tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua


base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto


no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo.

Quando fala-se “ somente a lei estabelecerá”, no geral, essa lei é ordinária. Somente em
alguns casos será por meio de lei complementar (empréstimos compulsórios e impostos
residuais). Há polêmica quanto à medida provisória (art. 62, CRFB/88), antigamente
não havia o § 2°.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República


poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de


impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

70
O STF estabeleceu que a medida provisória pode instituir ou majorar tributos, mas essa
instituição ou majoração só vale depois que a medida provisória for convertida em lei e
depois que essa lei cumprir com os prazos fixados pelo princípio da anterioridade, ou
prazo de 90 dias (vacatio legis de 90 dias para as contribuições sociais). Ou seja,
transformou a medida provisória em um projeto de lei. Depois, dispôs que a medida
provisória poderia instituir ou majorar tributos, por si só.
Com a Emenda Constitucional n° 32/2001, voltou-se a regular a questão da medida
provisória de acordo com a primeira jurisprudência do STF – “pode, mas tem que
converter em lei e respeitar o princípio da anterioridade”. Todavia, ressalta-se que essa
Emenda fala apenas em impostos, e não em tributos. Portanto, ficou a dúvida se a
medida provisória pode instituir ou majorar as contribuições sociais. Ainda não há
resposta, mas para o Professor, a medida provisória não pode instituir ou majorar
tributos.
A medida provisória, em geral, tem força de lei ordinária. Os tratados e as convenções
internacionais (art. 98 do CTN) devem ser tratados como lei especial dentro do
ordenamento jurídico, em face da lei genérica; nesse aspecto, ele se sobrepõe a lei
ordinária.
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou
modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela
que lhes sobrevenha.

Em relação ao ICMS, a lei ordinária segue a seguinte lógica: quem tem competência
para tributar, tem competência para desonerar, conceder isenção. Há uma exceção: os
Estados não podem conceder isenção de ICMS por lei, autonomamente, pois eles
precisam de autorização dos outros Estados para conceder qualquer incentivo fiscal, por
meio de um instrumento chamado de convênio, convênios de ICMS. São normas
baixadas por um colegiado de secretários da fazenda, que autorizam os estados-
membros a concederem isenção e incentivos fiscais. Esses convênios de ICMS são um
dos mecanismos previstos na Constituição para se evitar a guerra fiscal, cujo resultado é
um fracasso, pois a guerra fiscal está ai.

RIO, 19 MARÇO 2014 – FENANDA NORO

Nós falamos na aula passada que as exceções ao princípio da legalidade são aquelas
previstas no art. 153, § 1° da CRFB/88, no que se refere à alteração de alíquotas dos
impostos ali enumerados. Há mais duas exceções que foram apresentadas a Constituição
por meio de Emendas Constitucionais. Acréscimo esse, que o Professor diz não saber se
é constitucional, mas que não foram questionados. Essas exceções estão previstas nos
artigos 155, § 4°, IV e 177, § 4°, I, b.

71
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o


seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação


dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g,
observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)

a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser


diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)

b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad


valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o
produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de
livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)

c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o


disposto no art. 150, III, b.(Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)

Art. 177. Constituem monopólio da União:

§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio


econômico relativa às atividades de importação ou comercialização
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 33, de 2001)

a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 33, de 2001)

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe


aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)

Art. 177 – é a chamada CIDE (contribuição de intervenção no domínio econômico)


COMBUSTIVEL, cuja alíquota pode ser reduzida e restabelecida por ato do Poder
Executivo. A razão de ser exceção ao princípio da legalidade é a mesma do art. 153, §
1°, essa cide combustível tem uma função extra fiscal de instrumento de política
econômica, de fixação do preço da gasolina, álcool, etc. Então, por exemplo, apesar do

72
preço da gasolina estar defasado, segundo especialistas, a cide combustível há 3 anos
atrás era 80 centavos, hoje é zero.
Art. 155 – Está-se falando do ICMS e aqui há uma autorização. Na hipótese (arrt. 155,
§2°, XII, h) em que tiver lei complementar falando o combustível vai sofrer incidência
única do ICMS, as alíquotas serão definidas mediante deliberação dos Estados e do
Distrito Federal e poderão ser reduzidas e restabelecidas não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, §3°, b.
Essa possibilidade do art. 155, §4°, IV, que diz respeito sobre ICMS sobre combustível,
incidindo uma única vez e não em todas as operações, não há lei complementar
dispondo sobre isso. Então, há essa possibilidade, essa autorização constitucional, mas
que não é exercida nesta hipótese.
O Tratado Internacional, quando trata de matéria tributária, não é uma exceção ao
princípio da legalidade, pois para que ele seja inserido em nossa legislação é necessária
sua aprovação, ratificação pelo Congresso Nacional, o que dá a ele legitimidade de lei.
A medida provisória, em relação aos impostos, após a EC 32, pode instituir impostos,
mas eles só podem ser exigidos após ser convertido em lei e respeitado o princípio da
anterioridade.
A regra é assim, quem tem o poder de tributar, tem o poder de isentar. A desoneração, a
dispensa de pagamento deve ser feita por lei. O tributo estadual ICMS não basta a lei
estadual dar a isenção. Os estados não têm autonomia tributária para conceder isenção
por ICMS; eles precisam de autorização de um colegiado formado por todos os estados,
e a unanimidade autoriza os estados que pleiteiam qualquer pedido de concessão de
isenção, esse órgão, por meio desse instrumento normativo convênio, que autoriza.
Como funciona isso, qual é o quorum? Lei complementar 24/1975 (foi recepcionada
pela CRFB/88). A base constitucional está no art 155, § 2°, XII, g.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

XII - cabe à lei complementar:

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do


Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.

Cabe a lei complementar (LC 24/1975) dizer como os estados podem conceder
isenções. Ela diz como os estados devem se organizar em um colegiado chamado
Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que tem um representante de cada
estado (normalmente são secretários da fazenda) e esse Confaz vai expedir um convênio
ICMS. Hoje, a maioria dos estados faz outra coisa. Tem uma lei delegada, que fala o
seguinte: “tendo uma autorização de convênio ICMS expedido pelo Confaz para a
73
isenção de ICMS, fica delegada ao Governador do Estado a implementar essa isenção
por meio de decreto”.
Por que se tem feito desse jeito? Para se evitar a guerra fiscal, o leilão dos estados
concedendo isenção de ICMS para atrair investimentos, que se exige esse convênio,
pois o convênio só é expedido, se for unanimidade. A guerra fiscal existe, pois ignoram
o Confaz.
A tributação deve ser neutra. A carga tributária deveria ser a mesma em todos os
estados. Contudo, ressalta o Professor, que a neutralidade fiscal prejudicaria os países
periféricos. A guerra fiscal é uma decorrência das desigualdades regionais.
Então, aqui tem os convênios ICMS e as resoluções do senado que tem um papel
importante na fixação de alíquotas do ICMS interestadual e intermunicipal, que a rigor,
também não pode dizer que há uma exceção ao princípio da legalidade, pois este é um
instrumento normativo do próprio parlamento do senado federal e trata de uma questão
federativa.
Por hora, o princípio da legalidade é isso. Estou tratando das pessoas formais do
princípio da legalidade.
Agora há outra questão importante acerca desse princípio: o que é o princípio da
legalidade? A lei tributária pode e deve vincular conceitos genéricos, cláusulas
genéricas ou deve ser uma estrita legalidade (ou legalidade como tipo)? Ou seja, qual é
a margem de liberdade que o Executivo tem na aplicação da legislação tributária? Isto é,
quando a lei tributária fala em “tributar salário”, eu devo interpretar salário tal como
está na CLT, tal como é compreendido pelo direito do trabalho ou posso interpretar
como qualquer remuneração paga pelo empregador? Essa é uma questão muito
importante! Há duas correntes doutrinárias: princípio da legalidade com conceitos
abertos, cláusulas gerais; e princípio da legalidade com especificidade conceitual,
conceitos fechados. Dependendo da forma como eu interpreto a legalidade, posso
tributar por analogia ou não, eu posso permitir cláusulas gerais antielisivas para evitar
planejamento tributário ou não. É uma questão de fundo do princípio da legalidade.

RIO, 24 DE MARÇO DE 2014 – RENATA


AULA DIA 24 DE MARÇO DE 2014 – RENATA
Dando continuidade a ultima aula, o principio da anterioridade que é um principio
conexo ao principio da legalidade, quando dentro daquele bloco de princípios que pretendem
dar eficácia ao valor de segurança jurídica, então o tributo so pode ser decidido ou vetado por
meio de lei, a anterioridade é um reforço a segurança jurídica não basta que haja lei precisa
haver tambem uma vacatio legis especial dentro da comunicação da lei que institui e majora e
sua entrada em vigor. Entao o principio da anterioridade é um principio especial de vacatio
legis em ateria tributaria, aplicada a norma de conteúdo tributário. Há uma regra especial de
vacatio legis que foge aquela da lei de introduçao ao codigo civil, É uma regra de sede
constitucional, de caráter principiologico. Regra no sentido de ser contundente, de dar
margem a pouca abstração mas principio por carregar valores axiológicos de segurança jurídica
e etc.
Entao o principio da anterioridade por ser uma regra de vacatio legis diz respeito a
vigência, postergação da vigência. Alguns autores falam que a anterioridade diz respeito a

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eficácia da lei, mas não é. Na verdade, isso ate é bastante claro, quando se fala em vacatio
legis nós estamos postergando a vigência da lei. A vigência é atributo da lei, a eficácia é
atributo da norma. Se eu postergo a vigência da lei eu impeço a incidência automática pq a lei
estando em vigor, se o fato ocorre há uma incidência automática da norma contida na lei
sobre aquele fato. Como é que eu impeço que a norma incida sobre o fato ? Eu postergo a
vigência da lei. Entao, uma coisa importante é distinguir : vigência é atributo da lei e a eficácia
é atributo da norma, o que incide sobre o fato é a norma e não a lei, a lei incide sobre a mesa
,a norma incide sobre o fato. Então a lei é um veiculo da norma, a norma é aquilo que se extrai
da lei. A lei nº 5.172, que institui o código tributário, esta lei contem inúmeras normas
identificadas principalmente por quem tem formação jurídica. A diferença entre nós e um
engenheiro é de que o engenheiro vai ler a literalidade da lei, já aquele que tem formação
jurídica extrai da lei a norma contida nela. O prof diz que a lei é a partitura e a norma é a
musica que vc tira dela. Entao quando se fala em anterioridade, em vacatio legis, lei publicada
hoje produz efeitos em 1 de janeiro do ano seguinte, eu estou tratando de postergação de
vigência. A eficácia é a qualidade da norma de produzir efeitos, então ocorre o fato, a lei esta
em vigor, e a lei estando em vigor faz com que a norma contida nesta lei incida sobre o fato.
Ao incidir sobre o fato vai produzir efeitos jurídicos, essa qualidade da norma em produzir
efeitos jurídicos dá-se o nome de eficácia. Por isso, vocês devem conhecer aquela classificação
do Jose Afonso da Silva das normas quanto a sua eficácia, normas de eficácia plena, de eficácia
contida, e de eficácia limitada. A CF esta em vigor desde 5 de outubro de 1988, data em que foi
publicada, mas há normas na constituição que não entraram em vigor pois são normas de
eficácia limitada e necessitam de um complemento para funcionarem, esse complemento são
as leis complementares, enquanto não vier a lei complementar ela não produzirá efeitos.
Está na constituição que a União poderá instituir imposto sobre grande fortuna, esta
sera uma norma ineficaz enquanto não for complementada por uma lei que institua a
cobrança desse tributo . Entao há essa diferença. Eficacia plena, produz todos os efeitos que
lhe são próprios de imediato; eficácia limitada, contida, eu preciso de um complemento
normativo para que produza efeitos , ou uma lei ordinária, ou complementar que somada a
norma produz seus efeitos. Se precisa da soma de mais de um elemento normativo para que a
norma seja eficaz. Entao aqui nos estamos falando de principio da anterioridade como
principio regra de vacatio legis aplicado a matéria tributaria. O Art. 150, III, b que é da redação
original da constituição diz:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, nossa lei orçamentária tem
validade entre 1 de janeiro a 31 de dezembro do ano seguinte. Já nos Estados Unidos, salvo
engano, o exercício financeiro é de outubro a 30 de setembro, isso pode variar, o exercício
financeiro pode ser semestral, pode haver dois exercícios financeiros. Mas no Brasil não, aqui o
exercício financeiro coincide com o ano civil. Entao o que diz a regra geral da anterioridade: lei
que institui ou majora tributo publicada no decorrer do ano so entra em vigor no primeiro dia
do ano seguinte. Por ex, se a lei é publicada hoje, dia 24 de março, ela so será publicada no dia
1 de janeiro. Se for publicada dia 1 de julho, so entra em vigor dia 1 de janeiro; se for publicada
dia 1 de agosto, so entra em vigor dia 1 de janeiro. Pela redação do art. 150, III, b, a lei que
fosse publicada no dia 31 de dezembro, so entraria em vigor dia 1 de janeiro. Entao essas leis
de final de ano, esses presentes de natal que sempre vem do governo no final do ano

75
aumentando tributos começaram a mitigar, enfraquecer o principio da anterioridade. Que
segurança jurídica é essa? Que previsibilidade ? que tempo de preparação para uma nova
carga tributária se tem, se a lei aumenta o tributo dia 31 de dezembro e passa a valer no dia 1
de janeiro. Isso passou a se questionado na medida em que o governo começou a aumentar as
leis que tem essa praxe de aumentar tributos no final do ano. Entre 1991 a lei 8383/91
aumentou vários tributos e contribuições federais, essa lei foi publicada em 31 de dezembro,
ai houve um questionamento de que, na verdade, essa lei nao circulou nesse ano, e o governo
disse que circulou, sendo declarada constitucional pois cumpriu formalmente com o principio
da anterioridade. Mas não cumpriu com o espirito do principio da anterioridade, que era evitar
que o contribuinte fosse surpreendido no inicio do ano com uma nova legislação. Por essas e
outras criou-se a emenda constitucional nº 42/2003, que acrescentou a alínea c ao art 150,
que diz:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
Entao, reforçou o principio da anterioridade, dizendo que não basta que se vire o ano
para poder cobrar, deve-se ter somada a essa exigência um lapso temporal de 90 dias para
cobrar o tributo, ou seja, uma lei de 1 de dezembro vai entrar em vigor dia 1 de março e não
dia 1 de janeiro, pois deve-se preservar a virada do ano e um prazo mínimo de 90 dias entre a
publicação da lei e a entrada em vigor de sua vigência. Entao, uma lei publicada dia 1 de
agosto, entra em vigência dia 1 de janeiro, publicada dia 1 de setembro, entra em vigência dia
1 de janeiro, agora publicada em 1 de novembro não pode entrar em vigência dia 1 de janeiro,
pois deve-se respeitar o prazo de 90 dias, e a publicada dia 1 de dezembro também. Ai vai se
estar atendida a exigência da virada do ano e do lapso temporal de 90 dias.
Esse principio da anterioridade, na verdade, é uma distorção pois ele foi pra CF/88
após a jurisprudência do STF ter feito uma mitigação do chamado principio da anualidade.
Antes na constituição de 46 existia o principio da anualidade, e na constituição de 1947
também. Esse principio da anualidade é que exigia-se duas leis para que o tributo fosse
exigido. Uma lei material que majorava ou institua o tributo e uma lei orçamentaria falando
que ‘’para o ano que vem pode cobrar o tributo instituído por tal lei’’. Como a lei orçamentária
tinha um prazo, de que deveria estar aprovada ate setembro para vigorar no ano seguinte,
ganhava-se assim, a lei que institua o tributo publicado esse ano so valia no ano seguinte que é
quando entrava em vigor a lei orçamentária, que estava autorizando cobrar aquele tributo.
Entao era o principio da anualidade, a lei que institua mais a lei que autorizava a cobrança. Ai
começou a ocorrer o seguinte: a lei orçamentaria ficava pronta e o governo vinha e aumentava
o tributo depois. Ai o STF em decisão equivocada disse que bastava que a lei que instituísse o
tributo tivesse sido publicada antes de entrar em vigor a lei orçamentária. Ai o legislador
lançou a regra, de que lei que institui ou majora tributo so pode entrar em vigor no primeiro
dia do exercício do ano seguinte, ou seja, junto com a lei orçamentaria. Mas se acabou com
essa exigência da anualidade. E acabando com a exigência da anualidade, permitiu-se que uma
lei publicada em 31 de dezembro entrasse em vigor em 1 de janeiro, e ai também é nesse
ambiente todo de desqualificação da lei orçamentaria decorre de uma realidade fática triste
do Brasil das ultimas três quatro décadas em que o orçamento não era mais levado a serio,
pois não espelhava a realidade, o orçamento principalmente em época de inflação alta foi
ficando defasado, passando a ser descontrolado, quase virando uma festa de ficção, pois o

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orçamento é uma lei (chamado de ato condição) em sentido formal, que faz previsões de
receita e autorizações de despesa, ele autoriza fazer despesas e faz previsões de receita e foi
se distanciando da realidade por conta de orçamentos que não são cumpridos, aprovados, ou
eram feitos com base na moeda corrente e iam se defasando. O problema era criado pelo
executivo e o legislativo aprovava ou rejeitava. Hoje, após a constituição de 1988 os
parlamentares começaram a fazer emendas ao orçamento, podiam legislar também sobre o
orçamento, criou-se a comissão permanente para legislar sobre o orçamento, que deu
margem aos anões do orçamento, vocês não se lembram disso, mas agora recentemente
quando um funcionário do Senado foi preso de uma prisão que foi decretada em 94, 96 ele foi
preso agora. Essa comissão tinha cerca de 8 parlamentares e todos eram baixinhos, então a
mídia cunhou de os Anões do Orçamento. Antes o orçamento so era criado pelo executivo e
aprovado ou rejeitado pelo legislativo, e agora o congresso poderia falar sobre o orçamento,
portanto essa primeira comissão permanente foi alvo de muita corrupção, isso foi em 1993.
Um dos deputados que fazia parte da comissão, fazia um esquema de bilhetes de loteria da
caixa, ele descobria a pessoa que ganhou na loteria 200 mil reais, por exemplo, e envia um
agente dele oferecendo 250 mil reais a essa pessoa, depois ele pegava o bilhete da loteria e
lavava o dinheiro.
Entao o principio d anterioridade descolou do orçamento. Entao eu tenho a lei que
institui o tributo e a lei orçamentaria contempla esse tributo e na hora que a lei orçamentaria
entrar em vigor, aquele tributo instituído em outra lei pode ser exigido. Isso era a anualidade.
Agora, a anterioridade é mais direta: lei que institui ou majora tributo entra em vigor no
primeiro do dia do exercício do ano seguinte, exercício financeiro que coincide com o ano civil.
Como eu disse, varias leis começaram a ser publicadas no final do ano e ai a segurança jurídica
pretendida pela anterioridade ficou fragilizada, vindo a emenda nº 42 dizendo que além de se
esperar a virada do ano, deve-se esperar o lapso temporal de 90 dias.
O art 150, §1º trata das exceções ao principio da anterioridade e das exceções ao art.
150, III, c que estipula o prazo de 90 dias da publicação da lei que se soma a exigência da
virada do ano para lei entrar em vigor.
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153,
I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos
arts. 155, III, e 156, I
Pergunta aluno: No caso do Imposto de Renda, a cobrança é relativa a creditos sobre o
ano calendário anterior, então quanto a alíquota, se a lei foi publicada em 2013 e passou a
vigorar em 2014 so que atinente a créditos de 2013, se eu mudo a alíquota pela lei de 2013,
ela so vai valer em 2015 atinente ao calendário de 2014 ? É na data do lançamento ou na data
da constituição do crédito?
Prof: Quanto ao imposto de renda, se eu mudasse a alíquota em dezembro de 2014,
ele valeria para o ano calendário de 2014 daquela declaração que eu vou apresentar em 2015.
Pq os rendimentos de 2014 que serão consolidados em 2015 e serão regidos pela lei publicada
em dezembro de 2013. Os rendimentos são do ano calendário de 2014 que serão declarados
em 2015 respaldados pela lei publicada em 2013.
Exceções ao principio da anterioridade: art. 150, §1º fala que a vedação do art. 150, III,
b, de vedar a cobrança de tributos nos mesmo exercício financeiro em que a lei foi publicada
não se aplicada ao art. 148, I que fala sobre o empréstimo compulsório; art 153, I, II, IV e V,
que falam sobre os impostos excepcionados no principio da legalidade no que se refere a
alteração de alíquota. Entao aqueles impostos que podem ter sua alíquota alterada por ato
executivo, pois precisam de executoriedade, devido a sua carga tributária, como imposto de

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exportação, de importação, se pode alterar por ato do executivo, estando no principio da
legalidade, por coerencia também deve estar na anterioridade. E o art. 154, II que fala dos
impostos extraordinários de guerra. Entao principio da anterioridade tirando empréstimo
compulsório de guerra e imposto extraordinário de guerra, as exceções do principio da
anterioridade do art,150, III, b são as mesmas exceções do art. 153, §1º que se aplica ao
principio da legalidade. Por uma questão de logica, as exceções ao lapso de 90 dias que se
somam a exigência da virada do ano deveriam ser as mesmas mas não são. O art 150, § 1º diz
sobre as vedações. Quando ele fala ‘’ e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V’’ o prof diz que não entendeu. O art 153, III é imposto
de renda, ou seja, esse lapso de 90 dias excepcional o imposto de renda. Para o imposto de
renda basta que a lei seja publica dia 30 de dezembro e a alíquota passa a valer dia 1 de
janeiro. Mas esse art das exceções deixou de fora o IPI, e não faz sentido o IPI não estar
excepcionado. Se o IPI esta excepcionado da legalidade, esta excepcionado da anterioridade,
por que vai se impor um lapso de 90 dias para entrada em vigor de uma lei que majore bem?!
Carlos Roberto Carraro diz que isso foi um erro material, quando digitaram a emenda era pra
pôr 403, mas os contribuintes estão se aproveitando. E o governo, não sei se já falei, há uns 2
anos resolveu aumentar a alíquota do IPI, diminuiu a alíquota dos carros e depois aumentou. O
governo aumentou a alíquota dos carros estrangeiros para forçar essas empresas a fixarem
sede aqui no Brasil. Por exemplo, a Volkswagen possui fabrica no Brasil e com isso poderia
trazer carros da Alemanha com a alíquota baixa. Porém, uma empresa chinesa que não tivesse
fabrica aqui no país e quisesse trazer carro importado teria a alíquota aumentada.
Na hora que saiu o decreto que continha essa norma de aumentar a alíquota, eu
escrevi um artigo dizendo que o decreto poderia entrar em vigor imediatamente se o inciso IV
tivesse aqui na exceção (o art 150, §1º so fala do art 153 incisos I, II, III e V. Não fala do IV) O
aumento da alíquota do IPI deve aguardar um prazo de 90 dias previsto no art 150,III, c, tendo
em vista que o paragrafo 1º não excepciona o IPI desse lapso de 90 dias. No mesmo dia a
associação dos importadores de veiculo entrou com a Adin, e o ministro Marco Aurelio
concedeu liminar afirmando que ‘’não pode cobrar o aumento enquanto não se passar os 90
dias da publicação do decreto.’’ Tem lógica? Não. Se queiram excepcionar o imposto de renda
desse prazo de 90 dias tudo bem mas excluir o IPI não faz sentido, pois ele é excepcionado do
principio da legalidade, é excepcionado do principio da anterioridade, sempre teve suas
alíquotas alteradas do dia pra noite mas ao ser excepcionado da legalidade e da anterioridade,
agora para haver o aumento da alíquota deve se aguardar o prazo de 90 dias. No caso das
geladeiras, fogões, se impõe um período de 1 de março a 1 de setembro para reduzir a
alíquota. Entao o IPI foi excepcionado da legalidade e da anterioridade, mas não foi
excepcionado do prazo de 90 dias. Além dessa diferença em relação ao art 150, III, b, há mais
exceções ao lapso de 90 dias. Art. 150, paragrafo 1º ‘’ não se aplica aos tributos previstos nos
arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; , não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153,
I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III,
e 156, I’’. Essa emenda é dezembro de 2003, e dezembro geralmente é o mês onde os Estados
e os Municipios baixam as tabelas de valores de automóveis e imóveis para fins de cobrança
de IPTU e IPVA. Entao eu acho que por essa razão de estar excepcionado do prazo de 90 dias, a
base de calculo do IPTU e do IPVA fez parte inclusive de uma negociação entre os
governadores e os prefeitos que resolveram pela base de calculo do IPTU e do IPVA estarem
excepcionadas do prazo de 90 dias, podendo ser divulgadas em dezembro de cada ano com
vigência pro ano seguinte. Entao na verdade essa alínea c, acrescida pela Emenda nº 42 é um
reforço a anterioridade mas ela tem mais exceções do que anterioridade propriamente dita. E
o art. 195, §6º trata de uma regra especial de vacatio legis aplicável as contribuições sociais

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destinadas a seguridade social previstas no art 195. Para as contribuições sociais previstas no
art. 195, sobre as quais já falamos, contribuição sobre a folha de salarios, contribuição sobre o
faturamento e receita, e contribuição sobre o lucro das pessoas jurídicas, a regra de vacatio
legis é a apenas o lapso temporal de 90 dias. A essas contribuições sociais destinadas a
seguridade social não se aplica o art. 150, III, b, não se aplica a exigência da virada do ano. Isso
desde a constituição originaria. Art. 195, §6º LEITURA.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado,
não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

Entao, COFINS, se eu aumento a alíquota da COFINS hoje eu posso exigir como


aumento daqui a 90 dias não é necessário esperar a virada do ano, como dispõe o art. 195,
§6º. Entao esse é o principio da anterioridade aplicável a instituição e majoração de tributos.
Principio da anterioridade que é um principio conexo a legalidade, e da maior densidade a
legalidade, é a anterioridade da lei, que diz respeito sobre a vigência da lei e não eficácia da
norma. Posterga a vigência da lei para impedir que a norma nela contida incida sobre o fato e
produza os efeitos que lhe são próprios. A incidência da norma é automática, você não impede
a incidência da norma de lei em vigor. Uma lei que estão em vigor e socorre um fato, a norma
que estão contida nela incide automaticamente no fato. Como você impede que uma norma
incida sobre um fato? Voce tem que postergar, adiar a vigência da lei que carrega aquela
norma. Entao a anteriorioridade, vacatio legis esta ligada a vigência, a vigência que é atributo
da lei , e eficácia é atributo da norma. O que incide é a norma e ao incidir produz os efeitos
jurídicos que lhe são próprios. A isso se da o nome de eficácia jurídica, que é o atributo da
norma de produzir efeitos jurídicos.
Eu estou com uma lei de SS pro ano de 2014, ai hoje vem uma nova lei de SS que so
entrara em vigor em 1 de janeiro de 2015 . O que revoga uma lei é a entrada de outra. Entao
se eu não tratasse da anterioridade como postergação de vigência ao publicar uma lei nova de
SS hoje, eu estaria revogando a lei que estava sendo aplicada. Ai esta nova não pode produzir
efeitos ate 1 de janeiro, eu fico sem lei de SS ? Entao, obviamente isso diz respeito a
anterioridade como regra especial de vacatio legis que prorroga a eficácia.
Aqui tem alguns desdobramentos importantes quanto a anterioridade, dentre eles, eu
posso ter essa visão de que a anterioridade extrapola a lei no sentido de que, hoje cada vez
mais o poder judiciário tem uma postura de ativismo judicial, ou seja, cada vez mais, o
judiciário é legislador. Entao aquela decisão do poder judiciário que tem um conteúdo
normativo pode se submeter ou deve submeter ao principio da anterioridade? Entao, quando
se modula efeitos, quando se aplica uma sumula vinculante, esta tem as características de uma
norma em abstrato, ela não esta mais resolvendo o caso concreto, ela extrapola os limites da
lide, a sumula vinculante tem característica de uma norma produzida pelo legislativo. Entao se
essa sumula vinculante tem para os contribuintes que não foram partes no processo onde ela
foi apontada, e se ela tem efeito de majorar o tributo para os outros contribuintes, eu posso
dizer que aquela sumula vinculante se aplica o principio da anterioridade ? Pq eu estou
equiparando a sumula vinculante a lei. Entao, para o prof, quando há um vácuo legislativo
onde se tem questões em que o legislador corre atrás da realidade, e ate a ciência pode estar a
frente d alei, como no caso de células tronco, vc pode chegar a uma solução judicial com
aplicação de princípios e etc. A regra é que o judiciário é legislador negativo, ele deixa de

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aplicar uma norma, ele não pode aplicar uma norma como regra, pois isso é papel do
legislativo. Eu acho que hoje o STF tem exagerado em muitas questões. O legislativo esta cada
vez mais inoperante, o executivo esta sempre ‘’levando’’. Bom termino por aqui hoje e tenho
que completar essa questão da anterioridade que sempre cai em prova: como se da a
aplicação da anterioridade nos casos de lei que revogam isenções, ou seja, determinadas
pessoas que estão desordenadas de pagar por força de uma lei que concede isenção. Essa lei
de isenção é revogada. A revogação da lei de isenção equivale ou não a uma reconstituição ou
uma majoração dos tributos para o fim de aplicação do principio da anterioridade. Essa é uma
questão importante que vamos ver na próxima aula junto com o principio da não
retroatividade.

RIO, 26 MARÇO – NÃO HOUVE AULA


RIO, 31 MARÇO – NÃO HOUVE AULA

RIO, 02 DE ABRIL DE 2014 - MARCOS PAULO


Temos até o momento anterioridade e legalidade. Vamos acabar anterioridade. Artigo
150, III, B é a anterioridade na sua modulação original, forma original na Constituição
de 88. O disposto no artigo 150, III, C soma-se ao 150, III, B para exigir além da virada
do ano, o prazo de 90 dias.

Seção II
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado


à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação


equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os


houver instituído ou aumentado;

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b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos


interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de
vias conservadas pelo Poder Público;

VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,


das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras


musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)

§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts.
153, I, II, IV e V, e 154, II.

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I,
153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo
dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações


instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao


patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem


somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades
essenciais das entidades nelas mencionadas.

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§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

§ 6º - Qualquer anistia ou remissão, que envolva matéria tributária ou


previdenciária, só poderá ser concedida através de lei específica, federal, estadual ou
municipal.

§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de


crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que
regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de


responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva
ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia
paga, caso não se realize o fato gerador presumido.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

O artigo 195, § 6, trata apenas do período de 90 dias aplicados apenas às


contribuições destinadas à seguridade social arroladas no artigo 195 e o artigo 150, §
1, trata das exceções ao princípio da anterioridade. Portanto, tanto do artigo 150, III, B
quanto o artigo 150, III, C. Agora vamos ver de que modo o código tributário nacional
tratou a anterioridade. Está no artigo 104 do CTN o seguinte:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

CTN:

Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra
a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a
renda:

I - que instituem ou majoram tais impostos;

II - que definem novas hipóteses de incidência;

III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais
favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.

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Qual é o problema do artigo 104, CTN? Tal artigo, que reflete no código
tributário o princípio da anterioridade, restringe a anterioridade aos impostos sobre o
patrimônio e a renda. Lembrando que o código é de 1966 e o sistema tributário vigente
á época era a Emenda Constitucional nº 18 de 1965. Por tal emenda, a anterioridade
só era aplicada aos impostos sobre patrimônio ou renda. Já o código tributário
nacional reproduziu o que estava na Constituição vigente à época. Então, o artigo 104,
caput, inciso I está derrogado pela CF/88, porque a atual constituição traz o princípio
da anterioridade como regra, “é vedado cobrar tributos”, e traz as exceções a essa
regra. O artigo 104 do CTN diz, pelo contrário, “a anterioridade se aplica apenas aos
impostos sobre patrimônio e renda”. Então, como o raio de alcance do CTN é muito
menos que o da CF, como a CF é de 88 e o CTN de 66, o artigo 104 CTN combinado
com o inciso I está derrogado pela CF/88.
Entretanto, o artigo 104 vai além, diz que definem novas hipóteses de
incidência, ou seja, novas hipóteses de incidência sobre o patrimônio ou renda. Tal
inciso II também está derrogado. Já sobre o inciso III, levanta-se uma questão: como
se aplica o princípio da anterioridade aos casos de extinção e revogação de isenção?
Quando veio a CF/88 ampliando a anterioridade, a maior parte da doutrina defendeu
que o artigo 104 do CTN está totalmente revogado, uma vez que restringe a
anterioridade aos casos de impostos sobre patrimônio e renda e a CF/88 fala dos
tributos em geral. O STF falou que não, o artigo 104 do CTN está parcialmente
revogado, porque continua em vigor nas hipóteses de redução ou extinção. Por quê?
(criticável a posição do Supremo, mas consistente) A CF, seja a de 1946, seja a EC de
1965, seja a de 1867 ou 1969, todas as vezes que tratou de anterioridade falou-se em
instituição ou majoração de tributos. A CF nunca estendeu a regra da anterioridade
para os casos de revogação de isenção, e quem fez isso foi o CTN dentro de uma
lógica entendeu que revogar a isenção é restituir um tributo (posição de Rubens
Gomes de Souza). Então a regra diz que eu não pago nada e quando vê se aplica a
isenção, eu volto a pagar, como se aquele tributo estivesse sendo restituído. Então os
mesmos cuidados que se deve ter para uma lei que institui ou majora tributo, se deve
ter uma lei que revogue a isenção, na qual o efeito prático é a restituição do tributo
para aquela pessoa outrora isenta.
Essa era a regra, mas é verdade que a CF sempre – ao tratar de anterioridade
– não prevê na constituição algo como “lei que tenha instituído, majorado ou revogado
a isenção”. Essa revogação de isenção pelo mesmo tratamento de instituição ou
majoração de tributo, quem deu foi o artigo 104 do CTN. Então o que diz o Supremo (e
hoje é a posição que prevalece)? Quando se trata de instituição e majoração de tributo
e você quer saber qual a extensão, qual o princípio da anterioridade que se aplica,
esquece que existe CTN e vai só pela CF, veja qual é a regra e quais são as
exceções, porque assim vai saber sobre quais tributos se aplica a anterioridade. Deve
consultar, portanto, apenas a constituição, porque é ela que trata da instituição e
majoração de tributo e a parte do artigo 104 que trata disso está superada. Agora,
quando se trata de revogação ou extinção de isenção, esqueça a constituição e vá
apenas pelo CTN. Então o caput do artigo 104 CTN, quando combinado com o inciso I
e II, está revogado, quando está combinado com o inciso III está em vigor.
Então, consequência prática: norma ou lei que revoga a isenção de impostos
sobre patrimônio e renda vale o primeiro dia do exercício seguinte. O que revoga
qualquer outro imposto, vale no DIA seguinte. Então, impostos sobre patrimônio e
renda (IPTU, IPVA, ITR...), tendo uma lei de revogação, tal imposto volta a ser exigido
no primeiro dia do exercício seguinte. EX: tem uma lei que concedia isenção de ISS e

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foi revogada hoje, então amanhã já pode cobrar o ISS. Por quê? Porque estou
tratando de isenção em que a regra é a não da anterioridade (a não ser para os casos
de imposto sobre patrimônio e renda, nos termos do artigo 104). E o artigo 178, ele
está referido no artigo 104, porque as isenções podem se dar por prazo indeterminado
e de modo incondicional (é o que diz o artigo 178). Então, nesse caso pode-se revogar
e cobrá-lo imediatamente, com exceção do imposto sobre patrimônio e renda. Agora,
se a isenção é dada por prazo determinado e sob condição, aí não há que se falar
sobre regra de anterioridade, tendo que se cumprir o prazo estabelecido na lei que
concedeu a isenção. EX: a lei prevê isenção por 10 anos, então será este o prazo
irrevogável. Agora, se a lei é por prazo indeterminado (“fica isento o serviço...”) aí o
prefeito decide revogar, no dia seguinte ele pode cobrar o imposto.
Assim, se isenção é concedida por prazo indeterminado e for imposto sobre
patrimônio e renda, respeita-se a anterioridade. Já nos demais casos pode-se cobrar
imediatamente. A regra de anterioridade no CTN se aplica única e exclusivamente aos
casos de revogação de isenção, não se aplica aos casos de majoração ou instituição
de tributo porque nestas hipóteses encontra-se (o artigo 104 CTN) revogado pela
constituição de 88. EX: uma lei municipal majora, em seu artigo 1º, o IPTU de 0,9%
para 1,2% sobre o valor venal do imóvel. Já em seu artigo 2º prevê a revogação de
todas as isenções de ISS. Lei publicada em 02 de abril de 2014. Que dia ela entra em
vigor? No que se refere à majoração do IPTU, 1º de janeiro de 2015, aplicando o
artigo 150, III, b CF. Tal imposto não está no rol de exceções do § 1º (quais são as
exceções mesmo? Impostos sobre consumo, de guerra, 4 federais...). Sobre a
revogação de isenção de ISS, esquece a CF e vai no artigo 104 do CTN. Assim, a
revogação do ISS, por se tratar de imposto sobre serviço, entra em vigor dia 03 de
abril de 2014. Essa é uma questão que sempre gosto de dar em prova. Sobre o
mesmo caso em tela, se houvesse revogação de isenção de IPTU, quando ela entraria
em vigor? 1º de janeiro de 2015, porque é imposto sobre patrimônio (atenção ao artigo
104 CTN).
Crítica contundente da doutrina: a mesma lógica que conduziu o constituinte
para ampliar o raio de ação da anterioridade, quando se fala em instituição,
revogação, majoração, isenção, possuem o mesmo efeito. Entretanto, não foi assim
que entendeu o STF, porque de fato a CF hora nenhuma assevera “aplica-se a
anterioridade nos casos de isenção”. Não, só fala em instituição e majoração, tendo o
CTN estendido. Com isso, encerramos até o momento a anterioridade.
Com isso, no bloco de princípios que tenham o princípio geral fundamental da
legalidade (que ganha maior intensidade com a anterioridade), temos por fim como
princípio conexo à legalidade o princípio da irretroatividade. Como eu disse, logo que
introduzi esse tema, acho que o Brasil que contempla a irretroatividade como princípio
expresso. A maioria dos países europeus, mesmo os que têm constituições analíticas,
irretroatividade é um princípio implícito que se extrai do próprio Estado Democrático de
Direito, não necessitando dizer expressamente que a lei não pode retroagir para
alcançar fatos passados.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado


à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

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II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei


que os houver instituído ou aumentado;

Não há exceção à irretroatividade. Lei nenhuma pode retroagir para majorar,


instituir tributos retroativamente. Quando a lei pode retroagir? Para beneficiar, na
hipótese por exemplo, de lei nova para multa menor. No caso de mudança de alíquota
de imposto, mantém a alíquota antiga.
Só que no artigo 106 do CTN, prevê:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a


aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou


omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de
pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao
tempo da sua prática.

Há uma certa contradição entre termos, como exemplo, “lei interpretativa”?


Houve uma tentativa de se fazer uma lei interpretativa mas foi declarada
inconstitucional pelo STF. Tal lei iria ensinar a contar prazo decadencial. Então, em
princípio, pode haver uma lei meramente interpretativa que retroaja ao objeto
interpretado. Tal lei não irá criar algo novo ou modificar algo existente. Hoje temos
alguma lei interpretativa? Não! Inciso II, a mesma regra que baliza o direito penal de
que a lei retroage quando é benéfica na aplicação de pena para caso que não
transitou em julgado. No caso tributário, está sendo cobrado um imposto com alíquota
de 27,5% e uma multa de 75%. Vem uma lei nova e define a alíquota do imposto de
renda em 30%, mas em compensação a multa é de 50%. Para meu caso que ainda
não foi definitivamente julgado, a alíquota do imposto de renda continua 27,5%, por
quê? Não muda a alíquota do imposto... exemplo ruim, vamos imaginar que a alíquota
do imposto tenha sido reduzida para 20%. Não retroagiria alíquota do imposto porque
em minha obrigação principal eu devo o imposto de renda no montante devido quando
o fato gerador ocorreu. Agora a multa, que na época era 75% e hoje é 50%, o meu
caso ainda não foi julgado, eu como contribuinte eu só lembro a autoridade da lei
nova, porque é obrigação cobrar a multa reduzida.

85
Mas o que eu estou dizendo e que extrapola o direito positivo é o que vem
ocorrendo hoje em casos quando se trata de tribunal superior é sempre assim, como é
a funcionalidade, a dinâmica dos poderes? O ato de um poder legislativo, a lei, se
volta para o futuro. Olha-se o passado, os princípios da constituição social e legislo
projetando o futuro, uma vez que tal norma será aplicada a fatos que irão ocorrer a
partir de sua vigência. Então a lei se volta pro futuro. Já a decisão judicial se volta para
o passado. Estou julgando fatos ocorridos, resolvendo litígios entre partes que já
ocorreram. Sempre se entendeu que o processo judicial tem um caráter subjetivo entre
partes, mas isso está mudando, uma vez que o processo está se tornando cada vez
mais objetivo, na medida que eu tenho controle concentrado em que se pode
concentrar em abstrato uma lei, eu não estou julgando um caso com base na lei, mas
sim, julgando a própria lei (o que ocorre na ADIN). Não se julga 1 caso em que para
julgá-lo precisa decidir sobre a constitucionalidade da lei, é uma declaração incidental.
No controle concentrado julga-se a lei em abstrato, não é incidentalmente. Nos casos
de controle concentrado, casos em que se edita súmula vinculante, casos em que
julga recursos extraordinários, o que tem de característica nesses processos? A
decisão judicial extrapola as partes envolvidas no processo, não está envolvendo
litígios entre partes, ela tem uma característica de abstração que assemelha ao ato
produzido no legislativo, no sentido de ser norma geral e abstrata aplicável a todos.
Então, a mudança de jurisprudência de processo cada vez menos subjetivo e mais
objetivo, uma decisão que eu profiro aqui mudando a jurisprudência de anos, ela não
deveria poder retroagir.
Ocorre nas experiências europeias de controle de constitucionalidade, de
processos objetivos, quando há mudança de entendimento da corte, nem no caso em
que se originou o entendimento se aplica tal decisório, apenas nos próximos. O novo
entendimento é aplicável apenas ao caso seguinte. Eu não posso fazer retroagir. Isso
é uma coisa que estamos importando, um modelo de julgar de acordo com
precedentes, de acordo com jurisprudência, mas sem adotar todos os outros
mecanismos. O Supremo menos, mas o STJ muda muito de entendimento. EX: ISS.
Decreto-lei 406/68, artigo 12. A que município pago ISS? Ao município do
estabelecimento prestador do serviço. Exceção: caso de construção civil será cobrado
onde a obra estiver sendo executada. EX: eu como advogado, possuo ações em mais
de 200 municípios. Pagarei ISS em 200 municípios diferentes? Não, pago onde fica
meu escritório. Ano de 2000 deu uma louca no STJ e decidiu mudar o entendimento,
defendendo que o ISS se torna devido onde o serviço é prestado e não mais onde
está o estabelecimento prestador, deixando de aplicar o artigo 12. Pronto, mudou.
Nesse meio tempo, veio uma discussão que era assim: “arrendamento mercantil,
leasing financeiro, paga ISS ou não?”. Em 2009 o STF decidiu que ISS incide sobre
arrendamento mercantil na modalidade financeira, se for leasing operacional não,
separa a locação. Em 2012, o STJ voltou atrás, decidindo que o ISS incide onde está
o estabelecimento prestador. O que acontece, há milhares de ações discutindo se o
leasing financeiro é devido ou não devido e quem estava cobrando o leasing
financeiro? O município onde o negócio era feito. Como rediscutir e pedir
ressarcimento? Os municípios gastaram o dinheiro e pagaram com precatório. É um
esboço sobre a confusão dessa mudança de decisão.
Outro exemplo, adicional de hora extra, férias, não incidem contribuição
previdenciária, segundo STJ. O STF provavelmente vai quebrar esse entendimento e
a confusão irá tomar forma.

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Assim, encerramos esse bloco de legalidade, anterioridade e irretroatividade
com essas reflexões que deixo pra vocês no sentido de que muitas vezes eu entendo
que pra esses princípios serem efetivos, eles teriam que ser aplicados não só à lei em
sentido formal e material, mas em decisões do judiciário que são sumuladas, que
representam mudança de jurisprudência, isso deveria ser justificativa pra modulação
dos efeitos das decisões judiciais. Hoje, o STF não pode modular os efeitos de suas
decisões? Não pode pegar a lei 9869 e dizer que é inconstitucional? Entendo que uma
das coisas que deveriam fundamentar eventual modulação é uma mudança de
jurisprudência que poderia levar a ter efeito da retroatividade, porque muitas vezes a
declaração de inconstitucionalidade tem que ser modulada mesmo.
Há alguns casos emblemáticos, como a criação do município Luiz Eduardo
Magalhães, em Bahia. Foi criado inconstitucionalmente, porque não cumpriu várias
normas. O caso chegou ao Supremo. A declaração do município foi inconstitucional?
Não. Mas existe um município, tem lei, gente nasceu, casou e morreu lá, cobrou-se
imposto. Então vamos modular a decisão, dar um prazo para regularização. O Eros
Grau usou essa expressão: “não se pode ignorar a força normativa dos fatos”. É
inconstitucional, mas eu não posso ignorar a existência de um município. Então há
alguns casos que o Supremo modulou, e modulou bem. Mas entendo que pode
modular também em casos que há uma mudança brusca de direção, de um
entendimento jurisprudencial, para evitar maiores surpresas.
Encerrados esses três princípios, vamos para outro bloco dos princípios
vinculados ao valor justiça. Então aqui, legalidade, anterioridade e irretroatividade se
vinculam ao valor segurança jurídica. Agora os princípios vinculados ao valor justiça:
princípio da isonomia, capacidade contributiva e não confisco são os principais. Artigo
150, inciso II, CF, princípio geral fundamental da isonomia:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação


equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;

Princípio da capacidade contributiva - artigo 145, § 1º CF:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,


de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados


segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os

87
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.

Princípio do não confisco – artigo 150, IV CF:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Quando falo em justiça ou isonomia, isso exige um critério comparativo, é igual


perante quem? A isonomia é em relação a quem? É a lógica aristotélica, tratamento
igual a quem está em posições diferentes é injustiça. Já tratamento diferente a quem
está na mesma posição também é desigual. Deve-se trata desigualmente os
desiguais.

RIO, 07 DE ABRIL DE 2014. DARA


AISHA
DIREITO TRIBUTARIO
Continuação de Princípios:
Há um clamor por justiça como nós começamos a falar.

● Princípio da Isonomia: Geral e fundamental. Artigo 150, II CRFB.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,


é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em


situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

Este princípio segue a lógica Aristotélica, igualdade aos iguais e


desigualdade aos desiguais.

88
Tem duas vertente:
- O dever de tratar desigualmente os desiguais.
- Proibição de tratar desigualmente os iguais, não podendo ser
levado em conta nenhuma daquelas características da pessoa humana com
relação ao sexo, cor e clero, tampouco em razão de cargo ou função.
Apesar de parecer obvio, não é tão obvio assim. Foram anos de
reivindicações.
Cita o filme O Mordomo da Casa Branca, história de mordomo negro
que viveu na Casa Branca. Cita as diferenças salariais que existiam entre
pessoas de diferente etnias.
Assim, quando se fala no artigo que é vedada a distinção em relação
às funções, não é por acaso. Sempre houve um tratamento privilegiado a
determinadas camadas e funções. Até 88 existia uma série de privilégios a
determinados grupos. Era muito comum que fossem dadas a membros do
judiciário e legislativo, por exemplo, uma série de taxas, sem natureza salarial
que, por essa razão, não incidiam imposto de renda.
Ainda vemos uma série de tentativas de criação de artifícios a fim de
beneficiar alguns grupos, justamente o que o artigo buscou coibir. Neste
sentido vemos uma evolução da sociedade, pois hoje essa questão está mais
transparente.
Professor fala sobre o contracheque da faculdade, considera
inconcebível. Segundo ele vem o salário no valor de R$ 500,00 e uma verba
dita “complementar” de mais R$ 200,00 e, em seguida, uma série de siglas que
vão acrescentando mais valores. Ele justifica que isso seria um “cacoete” do
serviço público que leva um tempo para ser alterado.
Para o professor o princípio da isonomia exige uma análise
comparativa. “Eu estou sendo tratado em relação a quem?”; “Eu mereço ser
tratado de forma desigual em relação a quem?” Não se fala em justiça, sem
que se fale em isonomia.
Basta se dar um bombom a uma criança e dois ao seu irmão, ele
logo se perguntará qual foi o motivo da diferenciação.
Esse critério comparativo, muitas vezes é o que vai balizar a
aplicação deste princípio.
Vale ressaltar que aqui estamos falando da isonomia em matéria
tributária, então vale ressaltar sua intima relação com o próximo princípio.

● Princípio da Capacidade Contributiva: Artigo 145, parágrafo 1º


CRFB c/c artigo 150, IV CRFB.

89
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

c/c

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,


é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Os pontos importantes desse parágrafo 1º do artigo 145 são:


- O início “sempre que é possível”, então existe a possibilidade de
não ser possível.
- Não fala “os tributos”, fala “os impostos”. O motivo para isso está
relacionado àquela classificação que vimos de tributos vinculados e não
vinculados, ou seja, os que tem fato gerador, uma atividade estatal vinculada, e
os tributos que não são vinculados, que são os impostos.
Os impostos são gerados por fatos desvinculados de atividade
estatal, são atos praticados pelos contribuintes e revelam conteúdo econômico
e capacidade econômica de contribuir. São sempre fatos realizados pelo
contribuinte, de conteúdo econômico, que revelam capacidade de contribuir,
tais como: Comércios de serviços; Importação; Exportação, entre tantos outros.
As taxas são remunerações de serviços. Exemplos são o poder de
polícia, o custo de passaporte, o custo de uma carteira de motorista, a coleta
de lixo. Esses fatos nada estão relacionados à capacidade contributiva de cada
um. Só são relacionadas ao custo da atividade estatal que está sendo colocada
a sua disposição e está sendo diretamente prestada a você.

90
Assim, quando se fala em capacidade econômica, se está falando
em imposto. Pois eles gravam fatos econômicos realizados pelo contribuinte.
Pode até ocorrer de serem concedidas isenções de algumas taxas,
por exemplo em casos de declaração de estado de pobreza. No entanto, isso
não é da natureza do tributo Taxa, não é da natureza do tributo Taxa o respeito
às condições específicas.
Já no caso do tributo Imposto este respeito às condições específicas
é inerente à sua natureza. E ainda, o imposto é graduado de acordo com
capacidade contributiva do indivíduo.
Os valores da taxas são fixos, não são gradativos de acordo com a
capacidade de econômica de quem está utilizando o serviço. Já o imposto
SEMPRE que possível devem ser graduados de acordo com a capacidade
contributiva dos indivíduos.
O motivo da terminologia “sempre que possível” está relacionada a
diferenciação entre os impostos existente.
Os impostos que gravam o patrimônio e a renda, chamados
Impostos Diretos, que tem por característica o fato de o contribuinte que está
localizado no pólo passivo e tem a obrigação de pagar o imposto, é aquele que
terá de arcar com o ônus. Nestes casos, é possível realizar a gradação do
imposto de acordo com a capacidade econômica do contribuinte.
Exemplo:
Eu sou proprietário,
Logo eu devo IPTU.
Ainda,
Eu tenho renda pois tenho um trabalho,
Logo eu devo o Imposto sobre a Renda. Arco com os ônus desse
imposto.
Assim, quanto maior a capacidade econômica do sujeito, maior será
a alíquota do imposto. Pode ser em relação ao valor do imóvel, por exemplo,
quanto maior o valor do imóvel, maior a alíquota do imposto que incidirá sobre
ele.
No entanto, nos casos dos impostos sobre o consumo, chamados
Impostos Indiretos, nós temos um fenômeno de o contribuinte de direito
(pessoa qualificada na lei para estar no polo passivo e pagar o imposto sobre o
consumo) não ser o contribuinte de fato.
Exemplo Clássico:
ICMS e IPI – Quem paga o ICMS embutido no preço de um carro, ou
de uma geladeira?

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Resposta:
Contribuinte de Direito – Aquele que vende. Será a Riachuelo, a
Casa e Vídeo, entre outros.
Contribuinte de Fato: Consumidor. Aquele que arca com o ônus de
fato, já que no valor do bem será acrescido o imposto. Na própria conta da
Light nós temos isso de forma bem didática.
Assim, nos casos dos impostos indiretos a figura do contribuinte se
divide em dois: A empresa (contribuinte de direito); e o Consumidor
(contribuinte de fato. Desta forma, em relação aos impostos diretos não é
possível que seja feita essa graduação de acordo com a capacidade
contributiva.
Daí a ressalva do artigo.
Para que você entendam melhor. Quando o governo federal quer
conceder isenção de ICMS e IPI para um taxista adquirir o veículo dele, por
exemplo, como ele procederá?
Ele busca o contribuinte de direito (no caso do exemplo as marcas
de carros) e dispensa o ICMS sobre os veículos vendidos para os taxistas,
claro que, para que isso funcione e seja dada a isenção, deverá ser exigida
pela concessionária a autorização deste taxista, a declaração de que ele ficará
com o carro por um período mínimo de 3 anos, entre outros vários documentos
do taxista.
Ou seja, a isenção alcança o taxista, mas quem é isento é o
contribuinte de direito que não repassará o valor do imposto ao contribuinte de
fato que, de forma indireta, terá sido poupado de pagar aquele imposto.
Assim, na intenção de gerar a isenção ao consumidor, o governo
deverá dar a isenção ao fornecedor.
Isso funciona inclusive nas compras do poder público. O governo
editará uma lei concedendo isenção de imposto sobre a venda de determinado
produto ou serviço, quando o comprador for o próprio poder público.
Em relação ao impostos diretos sobre patrimônio e renda a
graduação da carga tributária deverá levar em conta a capacidade contributiva
do indivíduo. Quanto maior a base tributável, maior deverá ser a alíquota. E a
essa proporcionalidade se dá o nome de Progressividade.
A progressividade é uma ferramenta utilizada para graduar a carga
tributável. Se você ganha R$ 700,00 a sua carga de IR será 0, se você ganha
R$ 1.000,00 a alíquota será de 7,5%, e se você ganha R$ 1.500,00 a alíquota
será de 15%, e assim sucessivamente.
Claro que esta gradação é injusta, por exemplo, um jogador de
futebol que ganha R$ 100.000,00 por mês, o imposto dele será de R$
10.000,00. No entanto, esse R$ 10.000,00 para quem ganha R$ 100.00,00 é,

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proporcionalmente, menos do que R$ 1.000,00 serão para quem ganha R$
10.000,00. Mesmo assim essa alíquota tem sua razão de ser.
Qual o limite desta progressividade? Essa progressividade pode ir
até quando o tributo não ganhar caráter confiscatório. Ou seja, o limite da
progressividade é o confisco. Basicamente seria dizer que eu não posso ter
que vender meu bem para pagar o bem que incide sobre ele. Assim, o não
confisco vale para qualquer coisa, limitando essa gradação.
Vale ressaltar que não há jurisprudência sobre o que seria esse
limite. Existem alguns parâmetros, mas nada que prevaleça muito. Alguns que
o professor já disse ter visto algumas vezes são os de que a alíquota não deve
ultrapassar 50%, sob o risco de se tornar confiscatória, mas isso é muito
relativo.
Uma coisa é uma alíquota sobre IR e outra é uma alíquota sobre um
patrimônio, o mesmo percentual nos dois casos pode ser confiscatório para um
caso e não ser para o outro. Não há como criar alguma regra legal, ou
parâmetro que delimite essa progressividade.
Áudio inaudível.
Ele sugere a pesquisa da discussão sobre a criação previdenciária
de contribuição para os servidores públicos inativos. Até porque essa
contribuição tem um caráter sinalagmático, né? Eu contribuo para me
aposentar e me aposento pois contribuí. Então qual seria a lógica do
aposentador dever contribuição? Você continua pagando para o que está na
ativa poder se aposentar um dia?
O importante dessa discussão é em relação à alíquota de 22%, além
de 27% do IR, que foi imposta e foi julgada confiscatória pelo STF. Afinal, 50%
dos rendimentos dos servidores iria para tributos.
Professor fala um pouco sobre a facilidade que existe de serem
feitas as declarações de IR aqui no Brasil, ele julga que nossos critérios de
medição da capacidade contributiva são muito superficiais e geram uma série
de injustiças. Cita como exemplo os limites de devolução dos valores de
educação dos dependentes. Ele diz que esses limites distorcem a sua
capacidade contributiva.
Por conta do exposto, a carga tributária de outros países, apesar de
maior, é compensada na ausência de limites de resgate de alguns valores
comprovadamente gastos. Na França, por exemplo, a alíquota pode chegar a
até 47%, no entanto, se apenas um dos cônjuges tem renda é permitido que a
renda total seja dividida por dois, o que ameniza o impacto da alíquota alta.
No nosso sistema podemos fazer abatimentos com dependentes,
educação e saúde. Depois disso acabou. E ainda há a questão do IR
relacionados ao patrimônio que não pode ser atualizado ao longo do tempo, de
acordo com as suas alterações.

93
Desta forma, quando esse imóvel vai ser vendido você pagará 15%
sobre o rendimento (imposto sobre bem imóvel), sem poder descontar nada. A
única hipótese em que isso será amenizado é a de compra de outro imóvel no
prazo de 6 meses.
Isso é muito verificado na hora dos inventários, além de imposto pela
Transmissão causa mortis, na hora da transmissão dos bens do morto para os
herdeiros, na hora da atualização dos valores, você pagará também o IR sobre
bem imobiliário no valor histórico.
Aluno questiona sobre a existência de jurisprudência que defende o
não pagamento nesses casos de inventário. O professor afirma que depende,
quando se transmite por R$ 100.000,00, não será pago, somente deverá
imposto na hora que o herdeiro for vender o bem, no entanto, afirma que há
divergência nesses casos.
Em suma, é um imposto elevado sobre essa valorização imobiliária
que sequer pode ser considerada real, afinal não é levado em consideração o
índice de inflação, ou seja, a atualização só se dá na base tributária, os
R$ 100.000,00 pagos a 10 anos hoje seriam R$ 200.000,00, mas isso não é
levado em consideração.
Voltando aos princípio, esses citados são princípios que possuem
grau de abstração mais elevados do que os princípio ligados à segurança
jurídica que são extremamente mais objetivos e concretos, ou se tem lei ou
não.
Aqui se pergunta: Em relação aos imposto sobre o consumo não se
faz nada? Não existe como medir a capacidade econômica do contribuinte de
fato?
Na verdade a única tentativa é em relação ao Princípio da
Seletividade que é aplicável para o ICMS e o IPI, em que a alíquota sobre o
consumo será graduada de acordo com a essencialidade do produto. Assim,
produtos que integram a cesta básica, os remédios essenciais, terão alíquota
mais baixa.
Por outro lado, o consumo que terá a maior alíquota será o de
telefonia, o que contraria a regra, afinal ninguém duvida que seja importante o
serviço de telefonia.
Apesar de algumas defasagens nesse princípio ele deverá ser
observado. Assim, não há progressividade nos imposto indiretos, mas deverá
ser observada a essencialidade, o princípio da seletividade.
Áudio Inaudível...
Quando volta o áudio ele falava de setores que estão no sistema de
isenção tributária. Quanto mais desorganizado o setor, mais fácil é a
sonegação. Por outro lado, quanto mais organizado o setor, mais difícil menos
favorável será essa sonegação.

94
Em um setor automobilístico, ou alimentício, a sonegação é bem
mais difícil. Uma coisa é o dono do boteco sonegar, outra é uma grande
empresa, até porque não vale a pena, a empresa corre o risco de “quebrar”, ele
ficaria na mão dos gerentes.
Esses grandes setores fiscalizam o pagamento de imposto até para
sua própria sobrevivência.
Para o professor as receitas estão incomodadas com negócios na
internet que cada vez vem ganhando mais espaço e não são tributados. Para o
professor não há como tributar a renda por esses serviços, ele acredita que o
caminho seria tributar de forma diferenciada os que estão comercializando pelo
meio eletrônico, afinal o serviço ou os produtos são de difícil controle, uma vez
que são feitos em uma esfera alheia ao físico. Ele não vê como criar ICMS e
ISS na internet.
Ele sugere a tributação da receita e não da atividade. Por exemplo,
no aluguel de um filme pelo sistema Now, criado pelo NET, no ato de se pagar
o valor, essa receita aqui deveria ser tributada. Existe uma série de discussões
sobre a natureza desses serviços. O mesmo acontece com livros eletrônicos,
revistas, entre outros.
Para ele, essa novas mídias estão transformando os fatos geradores
rígido e imutáveis em fatos geradores voláteis, “A volatilidade dos fatos
geradores”. Ele sugere uma solução pragmática, que seja tributado apenas o
resultado e não a atividade, que parem de ser discutidas as nomenclaturas e a
natureza dessas atividades e que sejam olhados os resultados.
Aluno faz pergunta sobre como a Isonomia pode ser observada em
relação às empresas que trabalham com os mesmo produtos e serviços, fora
do mundo digital, de forma tangível.
Resposta: Pois é, por isso que ele defende que uma forma de
compensação seria uma tributação diferenciada desses bens intangíveis, mas
não da atividade. Qualquer receita pode ser palpável, já a atividade fica difícil.
Ele sugere que no comando da despesa, seja ela via cartão de crédito, ordem
de pagamento, ou qualquer outro meio, seja feita uma retenção, direto na fonte.
A tendência é que isso seja cada vez mais importante e recorrente,
daí a necessidade de ser pensado. Ele acredita que a geração dele será a
última a ter a necessidade de sentir o papel, de comprar o jornal impresso.
Assim, possivelmente tudo isso ganhará corpo, toda essa mídia digital passará
direto.
Ele brinca que depois do Breaking Bad ninguém mais vai querer
assistir às novelas do Manoel Carlos e que isso, obviamente, tem uma
influência na economia.

95
RIO, 09 ABRIL – NÃO HOUVE AULA
TRABALHO
RIO, 14 ABRIL – NÃO HOUVE AULA
RIO, 16 ABRIL – NÃO HOUVE AULA
RIO, 21 ABRIL – FERIADO
RIO, 23 ABRIL – FERIADO
RIO, 28 DE ABRIL DE 2014. DARA AISHA
DIREITO TRIBUTARIO

Hoje faremos uma introdução do assunto que deverá tomar umas


três aulas. Geralmente o professor brinca com as turmas que a complexidade
do sistema tributário no Brasil se revela no Princípio da Não Cumulatividade. É
talvez o tema de maior número de questões a serem resolvidas.
Aplicável ao ICMS, ao IPI, ao PIS e a COFINS, bem como a
eventuais impostos residuais.
Artigo 150 da CRFB c/c artigo 153, § 3º, II da CRFB. Tratam do IPI e
falam dessa não cumulatividade.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:

C/C

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

96
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os


limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.

§ 2º - O imposto previsto no inciso III:

I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da


progressividade, na forma da lei;

§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores;

(...)

Mais ou menos a mesma coisa está dita em relação ao ICMS no


artigo 155, § 2º, I da CRFB.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações


de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

§ 1.º O imposto previsto no inciso I:

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao


Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal

II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado


onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao
Distrito Federal;

III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o


seu inventário processado no exterior;

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IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com
o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo
Distrito Federal;

(...)

Já ao PIS e à COFINS temos o artigo 195, § 12 da CRFB.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,


de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma


da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não


incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
de previdência social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele


equiparar.

(...)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais
as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão
não-cumulativas.

(...)

Em relação aos impostos residuais, teremos o artigo 154, I


da CRFB.

Art. 154. A União poderá instituir:

98
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

A não cumulatividade é o antídoto da cumulatividade, isto é, é o


mecanismo que a Constituição se vale para evitar a cumulatividade ou o “efeito
em cascata” na tributação. Isso ocorre especialmente nos impostos de
consumo.
Não há que se falar de cumulatividade do IR, não há que se falar em
cumulatividade do IPTU, ou do IPVA, não há que se falar em cumulatividade de
Impostos Diretos (aqueles que incidem sobre a renda e patrimônio).
Quando uma caneta é vendida, cada venda incidirá um imposto
sobre essa vendo. Assim, a Pilot vende para uma distribuidora de canetas,
incide o imposto, em seguida a distribuidora vende para uma papelaria,
novamente incidirá o imposto. Quando a papelaria vender a caneta pagará
novamente o imposto.
Desta forma, a caneta que foi objeto de quatro transferências, sofreu
a incidência quatro vezes de imposto sobre a venda –ICMS -, se não fosse o
princípio da não cumulatividade haveria uma incidência cumulativa do imposto,
para cada venda, um imposto sobre a venda.
Neste sentido, o princípio dirá à papelaria que o valor do imposto por
ela pago será compensado pelo valor pago na operação anterior, para que se
evite a cumulatividade.
Exemplo:

Indústria têxtil ------- Confecção ------Atacado------Varejo-----Consumidor

Operação simulada.
As mercadorias passarão por várias etapas aqui. Indústria Têxtil
vende R$ 1.000,00 em materiais para a Confecção produzir roupas de cama.
Essa Confecção transforma esses R$ 1.000,00 de tecido em R$ 2.000,00 de
lençóis e vende para o Atacado por esse preço. O Atacado venderá para o
Varejo por R$ 3.000,00. E o Varejo venderá ao Consumidor por R$ 4.000,00.
Para facilitar a nossa conta, aqui no exemplo, o ICMS terá uma
alíquota de 10% em todas as operações.

99
Assim, na primeira venda (Indústria – Confecção) o valor de
R$ 1.000,00 sofrerá a influência da alíquota e destacará na nota dela o valor de
R$ 100,00 relativos aos 10% do imposto. Assim, no livro contábil serão
debitados R$ 100,00 para o pagamento no final do mês ser pago o imposto.
A Confecção comprará R$ 1.000,00 de tecido e terá na nota o
destaque de R$ 100,00. Assim, a Confecção irá se creditar deste valor, quando
se compra, o ICMS destacado na nota é crédito desse comprador, pois assim,
quando forem transformados os R$ 1.000,00 de tecido em R$ 2.000,00 de
lençóis, existirá uma incidência de R$ 200,00 de imposto.
Desta forma, quando se vende, se debita, e quando se compra, se
credita. Assim, a Confecção teve R$ 100,00 de crédito na compra e R$ 200,00
de débito, tendo um resultado final de R$ 100,00.
Em seguimento, quando o Atacado comprar os lençóis por
R$ 2.000,00, ele terá um crédito de R$ 200,00 da mesma forma que, quando
for vender ao Varejo por R$ 3.000,00, terá um débito de R$ 300,00, pagando
no final do mês R$ 100,00.
O mesmo acontecerá com o Varejo quando for vender. Assim, a
mercadoria chegará ao final (ao Consumidor) pelo valor de R$ 4.000,00, com o
imposto destacado de R$ 400,00 que foram pagos em 4 parcelas de R$ 100,00
por cada operação de compra e venda realizada. Essa é a não cumulatividade
na sua excelência.
Caso fosse cumulativo e não existisse o mecanismo da
compensação, o valor de imposto que teria sido pago teria sido de R$ 100,00
da primeira operação, somados aos R$ 200,00 da segunda operação, mais os
R$ 300,00 da terceira e mais os R$ 400,00 da quarta, totalizando o montante
de R$ 1.000,00 de imposto.
A consequência provável seria que o valor do Consumidor não seria
R$ 4.000,00, e sim R$ 4.600,00/ R$ 4.700,00, pois ocorreria um “efeito
cascata”. Esse mecanismo permite que, independente de quantas sejam as
operações realizadas, o imposto só incida sobre o valor acrescido.
Por essa razão, fora do Brasil, com exceção do EUA, o nosso ICMS
é chamado IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que tributa a venda de
mercadoria, quanto à venda do serviço. N Argentina, França, Chile, Portugal,
entre outros, é observado que em qualquer nota terá o “IVA”.
Essa sim é a compensação no seu modelo ideal, uma vez que só
será tributado o valor que foi agregado ao bem ou serviço.
O professor fez um exemplo ideal, já que, na prática, a Indústria
Têxtil possivelmente já terá um crédito acumulado de outra operação e não
pagará os R$ 100,00 do imposto. Da mesma forma como a Confecção terá
outros créditos além do tecido, assim não pagará também os R$ 100,00.

100
O exemplo aqui dado é ideal, mas não real. Quanto mais complexa a
atividade, maior o número de produtos que serão comprados, e maior o
número de créditos terá aquela empresa, daí a grande complicação do
assunto.
Depois veremos os critérios para a tomada do crédito. Se eu compro
o tecido para fazer o meu lençol, por exemplo, eu tomo o crédito
imediatamente. No entanto, se eu compro o tecido para fazer meu lençol na
máquina de costura, essa máquina também me dará crédito, mas ela será
classificada como ativo permanente, portanto eu não posso tomar esse crédito
de uma única vez, eu terei de tomar o crédito em 48 meses, pois que é do ativo
permanente terá o crédito integral.
Isso tudo será visto mais adiante. Aqui o mecanismo é simples:
Comprei por R$ 10,00, me creditei, vendi por R$ 15,00, pago a diferença.
Outros mecanismos de se aplicar a não cumulatividade:

- Base de Cálculo Contra Base Cálculo: O Brasil não adota.


É feita a conta da seguinte forma → Comprei por R$ 1.000,00 e
vendi por R$ 2.000,00, essa é a base de cálculo do imposto. Eu vou verificar
quanto que incide o imposto sobre R$ 1.000,00, e essa será a conta base
contra base.
- Imposto Contra Imposto:
Aqui a conta é feita da seguinte forma → Não me interessa qual a
base, o pensamento será: “Quanto que eu já paguei de imposto?” “R$ 100,00”
“Se eu fosse pagar na segunda operação quanto eu pagaria?” “R$ 200,00”.
Faço essa diferença que será igual a R$ 100,00.

Tudo bem. Por que o Brasil não adota Base x Base?


Observem que se estivermos falando de alíquotas idênticas tanto faz
qual o mecanismo escolhido, mas se estivermos lidando com alíquotas
diferentes isso fica complicado. Nós não temos uma alíquota única, assim se
for utilizado o mecanismo Base x Base o resultado pode ser inferior ao que
deveria ser pago. Já no mecanismo Imposto X Imposto não.
Por exemplo, se a Indústria Têxtil do nosso exemplo estiver em São
Paulo e a Confecção no Rio, quando a venda é São Paulo → Rio de Janeiro a
alíquota é de 12%, logo o crédito do Rio será de R$ 120,00. Se a Confecção no
Rio for vender para o Varejo no Rio também, a alíquota será de 18%, assim o
valor será de R$ 360,00.

101
No mecanismo Imposto x Imposto, essa operação a haverá um
débito de R$ 360,00 e um crédito de R$ 120,00. A Confecção pagaria
R$ 240,00.
Já no mecanismo Base x Base essa pergunta seria “por quanto foi
que você comprou e por quanto você vendeu”, assim, a operação seria
diferente e a Confecção pagaria R$ 180,00.
Claro que existem alguns malefícios desse mecanismo de Imposto x
Imposto. Por exemplo, em casos onde exista isenção de imposto por alguma
razão. Assim, a empresa terá débito de um lado e nenhum crédito de outro.
Para o professor isso é o governo fazendo favor com o chapéu alheio.
Pergunta inaudível. O professor diz que acreditar existir um
problema de fiscalização.
Observem que o imposto vem embutido no preço, e não precisava
ser assim. Qual o jeito mais fácil? Nós estamos tão acostumados com isso que
em algumas situações no assustamos. Nos EUA, você vai fazer uma compra
de uma calça e vê o preço de $ 50,00, quando você for ao caixa você será
cobrado em $ 50,00 mais 12%, um total de $ 56,00. Isso é o imposto sobre o
preço.
No Brasil você compra uma calça por R$ 100,00, na nota virá o valor
de 18% do ICMS, o preço já está embutido no preço o que gera uma
majoração da alíquota, afinal você está dizendo que a calça custou R$ 82,00 e
que o ICMS é R$ 18,00, no entanto, R$ 18,00 é mais do que 18% de R$ 82,00,
certo?
Se você compra uma calça por R$ 100,00 e eu digo que tem 18% de
imposto é uma coisa, mas quando o valor está embutido, proporcionalmente,
você pagará mais. Isso é fisco sendo esperto, pois é muito mais fácil pra
empresa o cálculo por fora. Na verdade se burla o máximo da alíquota
permitida.
Desta forma, a primeira peculiaridade do nosso imposto sobre
consumo é que o cálculo da não cumulatividade não é calculado sobre o valor
agregado, e sim no método Imposto x Imposto, nós temos uma grande
variedade de alíquotas. Por essa razão, no Brasil não se fala em imposto sobre
o valor agregado, já que isso é típico de sistemas que aplicam o mecanismo da
Base x Base.
O Brasil fez o seguinte: Na venda de produto industrializado teremos
a incidência de IPI. E a venda de qualquer produto, industrializado ou não,
sofre a incidência do ICMS. Desta forma, os produtos industrializados sofrem a
incidência de IPI e de ICMS.
Já a venda de serviço, qualquer serviço, é tributada no Brasil pelo
ISS (Imposto Sobre Serviço). Ou seja, o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado)
que o mundo adota, no Brasil foi fatiado em três outros impostos.

102
O serviço ficou com o Município (ISS), o Estado ficou com o toda a
venda de produtos (ICMS) e a União com a venda do produto industrializado
(IPI).
Isso gerou uma diversidade de alíquotas única. A alíquota do IVA é a
mesma, a exceção do serviço cuja alíquota é menor, o que também tem uma
lógica que o ISS também segue. Em quase toda a Europa a alíquota do IVA de
serviço é de 7% e a demais é, no geral, de 11%, exceto em Portugal que tem
uma alíquota de 23%.
Professor ressalta a dificuldade na devolução dos impostos pagos
pelo estrangeiro que vem ao Brasil. Enquanto na Europa é possível receber a
compensação do imposto de um país de entrada, por exemplo, em outro país
de saída, no Brasil vemos como isso fica confuso pelo fato de o preço ser
embutido e as alíquotas serem diversas.
Resumindo, o nosso ”valor agregado” é dividido em três
competências. E aqui surge outro problema: O nosso imposto sobre o serviço é
cumulativo, não existe não cumulatividade para o ISS. Assim, se você for
contratar um serviço de construção de uma casa, você não terá compensação
na hora da contratação dos diversos serviços, a incidência de serviço não é
compensatória.
No Brasil temos 5.000 municípios, consequentemente, temos 5.000
competências, como é possível fazer compensação? Como você controlar
isso? É muito precário o controle de finanças do município. Os países da EU
fazem compensação entre si, mas os municípios do Brasil não.
Outra questão que ficará é a que será iniciada na próxima aula, em
relação ao que dará crédito e o que não dará crédito? No Brasil existem dois
critérios: Crédito Físico; E Crédito Financeiro.

● Crédito Financeiro:
O mundo adota. Nele tudo o que eu compro para minha atividade,
me “dá” crédito, bem como tudo o que eu vendo, eu pago a diferença. É o
crédito amplo

● Crédito Físico:
Criação brasileira. Nele tudo o que eu compro e que se incorpora no
que eu vou vender, se “dá” crédito, no entanto, aquilo que eu compro e que não
se incorpora no que eu vendo, não se “dá” crédito.
Como nosso crédito não é amplo exige um trabalho de perícia para
que eles sejam classificados a fim de se determinar se darão ou não crédito.
Surgem conceitos que são só nossos:

103
× Produto Intermediário → Não é nem bem de uso e consumo, nem
é matéria prima. No geral exige perícia para sua determinação.
Exemplo clássico: A lixa na indústria moveleira. Ela não se incorpora
ao móvel, mas ela é consumida na fabricação do móvel. Matérias primas aqui
são a madeira, o verniz e o prego. No entanto, a lixa irá se consumir durante o
lixamento do móvel, sem se incorporar no móvel.
Outro exemplo: Correias que transportam o minério. Se consumem
durante o processo sem se incorporar. Dará crédito.
Mais um exemplo: Glosa de crédito de fita crepe em uso de
escritórios. Seriam bem de uso e consumo se utilizado pela secretária, por
exemplo. No entanto, em determinadas situações, dependendo da atividade
desempenhada, podem ser considerados produtos intermediários.
Outra questão é quanto a esta classificação entre o que dará crédito
e o que não dará, nos serviços? Na indústria é mais fácil, mais corpóreo, mais
concreto. Por outro lado, nos serviços essa classificação fica muito abstrata.
Para tentar resolver essa questão relativa aos serviços, a doutrina
vem desenvolvendo uma diferenciação entre o que é essencial à atividade e o
que não é.

RIO, 30 DE ABRIL DE 2014. DARA AISHA


DIREITO TRIBUTARIO

Professor faz uma breve revisão sobre o grande exemplo da


Indústria Têxtil – Confecção – Atacado – Varejo – Consumidor:
As mercadorias passarão por várias etapas aqui. Indústria Têxtil vende
R$ 1.000,00 em materiais para a Confecção produzir roupas de cama. Essa
Confecção transforma esses R$ 1.000,00 de tecido em R$ 2.000,00 de lençóis
e vende para o Atacado por esse preço. O Atacado venderá para o Varejo por
R$ 3.000,00. E o Varejo venderá ao Consumidor por R$ 4.000,00.

Para facilitar a nossa conta, aqui no exemplo, o ICMS terá uma alíquota
de 10% em todas as operações.

Assim, na primeira venda (Indústria – Confecção) o valor de R$ 1.000,00


sofrerá a influência da alíquota e destacará na nota dela o valor de R$ 100,00
relativos aos 10% do imposto. Assim, no livro contábil serão debitados
R$ 100,00 para o pagamento no final do mês ser pago o imposto.

A Confecção comprará R$ 1.000,00 de tecido e terá na nota o destaque


de R$ 100,00. Assim, a Confecção irá se creditar deste valor, quando se
compra, o ICMS destacado na nota é crédito desse comprador, pois assim,
quando forem transformados os R$ 1.000,00 de tecido em R$ 2.000,00 de
lençóis, existirá uma incidência de R$ 200,00 de imposto.

104
Desta forma, quando se vende, se debita, e quando se compra, se
credita. Assim, a Confecção teve R$ 100,00 de crédito na compra e R$ 200,00
de débito, tendo um resultado final de R$ 100,00.

Em seguimento, quando o Atacado comprar os lençóis por R$ 2.000,00,


ele terá um crédito de R$ 200,00 da mesma forma que, quando for vender ao
Varejo por R$ 3.000,00, terá um débito de R$ 300,00, pagando no final do mês
R$ 100,00.

O mesmo acontecerá com o Varejo quando for vender. Assim, a


mercadoria chegará ao final (ao Consumidor) pelo valor de R$ 4.000,00, com o
imposto destacado de R$ 400,00 que foram pagos em 4 parcelas de R$ 100,00
por cada operação de compra e venda realizada. Essa é a não cumulatividade
na sua excelência.

Relembra ainda os mecanismos de impedir a cumulatividade: Base x


Base; e Imposto contra Imposto. Aqui no Brasil se calcula por Imposto, em
cada operação se calcula a alíquota sobre o valor cheio e abate-se o valor do
imposto que foi pago na operação anterior.
Fala que as alíquotas diferentes podem causar alterações no
mecanismo Base x Base. No Brasil a diferença da alíquota pode decorrer de
produtos diferentes terem alíquotas diferente e, pode ocorrer, o que é mais
grave, de o mesmo produto ter alíquotas diferente devido à natureza da
atividade, se é uma operação interna, ou seja dentro do estado, ou se é uma
operação interestadual.
As operações interestaduais têm suas alíquotas definidas por
resolução do Senado. Quando se vende para estado do Sul e do Sudeste, a
exceção do Espírito Santo, a alíquota é de 12%. No entanto, quando se vende
para os estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste, essa alíquota passa para
7%. Assim, há variação de alíquotas interestaduais fixada por resolução do
Senado.
Já a alíquota interna, que não pode ser inferior à interestadual, ou
seja, 12%. Para se praticar alíquota diferente de 12% internamente é preciso
ter uma autorização do CONFAZ.
Outro ponto que ele relembra é em relação ao sistema de crédito. O
que dá crédito e o que não dá crédito? Relembra o sistema de crédito
financeiro e o crédito físico.
● Crédito Financeiro:

O mundo adota. Nele tudo o que eu compro para minha atividade, me


“dá” crédito, bem como tudo o que eu vendo, eu pago a diferença. É o crédito
amplo

● Crédito Físico:

Criação brasileira. Nele tudo o que eu compro e que se incorpora no que


eu vou vender, se “dá” crédito, no entanto, aquilo que eu compro e que não se
incorpora no que eu vendo, não se “dá” crédito.

105
Sobre o crédito físico: A linha e o tecido que eu compro da Indústria
Têxtil me dão crédito. A tinta que eu compro para tingir o tecido me dá crédito.
Ou seja, tudo aquilo que fisicamente é incorporado ao bem, dará crédito para
fins de não cumulatividade.
Essa é a garantia mínima do crédito físico. A Constituição delimita
isso, a legislação pode avançar e “dar” mais. Neste sentido a Lei
Complementar nº 87/96 deu um pouco mais do que a CRFB dizendo que além
dos bens que se incorporam ao produto que será vendido, pode-se tomar
crédito daquilo que irá compor o ativo permanente ou imobilizado do
contribuinte, desde que este ativo esteja ligado à atividade produtivo.
Se a empresa compra um carro para o diretor, você não pode tomar
crédito, mas se a confecção compra uma máquina de costura, ela integra o
processo produtivo da roupa de cama, logo ela tomará crédito divido em 48
meses, a fim de que seja evitado um crédito muito amplo de uma única vez, a
empresa passe por um longo período sem pagar o imposto.
Os bens de uso e consumo (materiais de escritório, de faxina, entre
outros) também não darão crédito.
Assim, o que dá crédito e não dá crédito em cada setor é fruto de
uma longa caminhada. Aqui entram as figuras dos insumos ou matéria primas,
dos ativos permanentes e dos produtos intermediários, que não tem uma vida
útil longa como a dos ativos permanente e, tampouco, se integram ao produto.
Exemplo da lixa:
A lixa na indústria moveleira. Ela não se incorpora ao móvel, mas ela é
consumida na fabricação do móvel. Matérias primas aqui são a madeira, o verniz e
o prego. No entanto, a lixa irá se consumir durante o lixamento do móvel, sem se
incorporar no móvel.

Até a CRFB/88, o ICMS atendia pelo nome ICM (Imposto sobre a


Circulação de Mercadorias), a inclusão do “S” foi para dois serviços
específicos, sendo eles, o serviço de comunicação e serviços de transportes.
Esses são os únicos que sofrem incidência do ICMS, e existe um longo
caminho a ser percorrido sobre o que dá crédito e que não dá nesses setores.
A jurisprudência vem sendo construída no sentido de determinar o
que se incorpora nessas atividades e o que não se incorpora.
Por exemplo, no transporte ferroviário as peças de reposição de um
vagão são insumos ou ativos permanentes? Se forem considerados insumos
terão crédito imediato, já se forem considerados ativos, o crédito será
fracionado nas 48 parcelas.
E no caso dos batentes que são colocados entre os trilhos? Dão
crédito ou não? E no caso do óleo consumido pela locomotiva?

106
Vem ganhando corpo o raciocínio de que na prestação do serviço, e
aqui não há que se falar em crédito físico, aquilo que é consumido ou utilizado
na atividade da empresa.
Por exemplo, o óleo, ou o carvão são essenciais à atividade, a
locomotiva não se movimenta sem eles. Há ainda a areia, que apesar de
poucos saberem é extremamente necessária ao sistema de frenagem das
locomotivas.
Existem várias questões polêmicas como a da energia elétrica, mais
especificamente, sobre o ICMS sobre a energia elétrica. Dá crédito ou não dá
crédito?
Para a legislação, para as indústrias o ICMS incidente sobre a
energia elétrica dá crédito. Assim, a CSN, a Companhia Siderúrgica Tubarão.
No entanto, e um supermercado? O Pão de Açúcar perdeu, na opinião do
professor injustamente, uma ação de creditamento referente à energia elétrica,
afinal vamos pensar, o supermercado funciona sem luz? Da mesma forma,
uma padaria não precisa de energia para produzir seus bolos e pães?
O STJ decidiu que não. Não tem característica industrial. No
entanto, para o setor de telecomunicações foi dado, e para fins de creditamento
de ICMS, a prestação de serviço de telecomunicação como um processo, é um
serviço com características de indústria no sentido de que você não transmite a
mensagem por pulsos, tecnincamente, sem energia.
Essa foi uma grande vitória do setor. Essas situações vão sendo
conquistadas conforme se vai compreendendo cada atividade realizada, e vai
se ampliando ou não.
Hoje uma coisa que muito se discute é em relação à empresa da
área de mineração e siderurgia, que são extremamente poluentes, e tem cada
vez mais o dever de cuidar dos resíduos do processo industrial. Assim, vem
sendo discutida a possibilidade de que os gastos com essa preservação sejam
creditáveis, afinal, os gastos de preservação dessas industrias são decorrentes
do processo industrial, certo?
Agora vamos avançar na matéria.
Pergunta: E quando o produto final é isento?
Resposta: Nós vamos ver agora.
Em relação ao IPI: Artigo 153, parágrafo 3ª, inciso II da CRFB, a
saber:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

107
III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou


valores mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os


limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.

§ 2º - O imposto previsto no inciso III:

I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da


progressividade, na forma da lei;

§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores;

(...)

Trata esse artigo da não cumulatividade do IPI, isto é, será


compensado o que for devido em cada operação, com o montante cobrado nas
anteriores.
Aqui vale também a ressalva da possibilidade de que trata o artigo
154, em relação aos impostos residuais, a saber:

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo


anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Quando se fala que o imposto deve ser não cumulativo estou me


referindo ao imposto que pode ser potencialmente cumulativo, caso não seja
adotada a não cumulatividade.

108
Desta forma, para que a interpretação deste último artigo esteja
correta devemos entender que, quando se diz que podem ser criados impostos
residuais desde que não cumulativos, só uma interpretação deve ser dada que
é a de que a CRFB proíbe impostos residuais cumulativos.
Vemos que, se for criado imposto residual sobre a propriedade de
jatinho (IPVA federal que não existe, inclusive hoje a propriedade de aeronave
não é tributada, apenas temos a tributação de veículo automotor 1), por
exemplo. Afinal não existe nenhum outro imposto que incide sobre isso, logo
não existiria problema, aqui não caberia o conceito de imposto cumulativo, uma
vez que o imposto sobre a propriedade só incide uma vez.
Ou seja, não é que, obrigatoriamente, o imposto residual tenha que
ser não cumulativo. O que a CRFB diz é que se você for criar um imposto, ele
não pode ser cumulativo, mas ela diz “desde que não seja cumulativo”, assim,
se eu criar um imposto sobre a propriedade não há de se falar em não
cumulatividade.

Assim, não há obrigatoriedade de se criar um imposto desigual


sobre o consumo, e aí não cumulativo. Se eu criar um imposto sobre a
propriedade ele não é cumulativo, essa não cumulatividade não se aplica sobre
o imposto sobre a propriedade.
Então, quando se diz “desde que sejam não cumulativos” os novos
impostos, o que a CRFB está querendo dizer é que eventuais novos impostos
não podem ser cumulativos, não quer dizer que, necessariamente, tenham que
ser não cumulativos, uma vez que esse conceito não se aplica a impostos que
incidam sobre o patrimônio.
Agora passamos para o artigo 155 da CRFB que trata do ICMS, a
saber:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações


de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

§ 1.º O imposto previsto no inciso I:

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao


Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal

1
Segundo a Jurisprudência do STF, dentro do conceito de veículo automotor temos apensa os
automóveis (carros, caminhões e afins) e as motocicletas, não alcançando aeronaves e embarcações.
Todos os que rodam sobre trilhos, ou no mar, ou no rio, ou no ar, não é considerado automotor.

109
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado
onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao
Distrito Federal;

III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o


seu inventário processado no exterior;

IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com
o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo
Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da


legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas


operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos


serviços;

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou


de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros,
estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de
exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução


de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito


específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da
maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;

(...)

Observe que ele fala “pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito
Federal”, isto se dá pelo fato de o ICMS ser estadual e o IPI federal. Quando a
Confecção do Rio de Janeiro compra algo de São Paulo, este dinheiro que
ficou em São Paulo vem na forma de crédito para o Rio. O Rio vai receber só a
diferença, então se fala que se compensa o que foi pago na operação anterior
independente de qual foi estado em que isso foi pago. O crédito vem junto com
a mercadoria.

110
Assim, o artigo 155 vai avançando e fala que o efeito da isenção
Voltamos ao nosso exemplo Indústria Têxtil – Confecção – Atacado
– Varejo – Consumidor. A Indústria Têxtil vende por R$ 1.000,00 e se debita de
R$ 100,00. A Confecção compra e se credita de R$ 100,00. Aqui, essa
empresa que faz roupas de cama, por exemplo, a Santista 2 que vendia por
R$ 2.000,00, no entanto, por estar em região incentivada ele tinha isenção.
Assim, quando ele vendia para um Atacado em São Paulo, qual
seria a consequência nos termos do artigo? Normalmente nessa operação a
Confecção teria um débito de R$ 200,00 que seria compensado pelos
R$ 100,00 de crédito, certo?
No entanto, no caso de isenção ou não incidência não implicará
crédito para a compensação do devido nas operações seguintes, ou seja, a
Confecção que teria a sua venda para o Atacado como uma operação isenta,
não terá direito ao crédito, isto é, o Atacado comprará sem crédito.
Da mesma forma, a Confecção também não terá o crédito da
operação anterior, devendo estornar o crédito recebido na compra da Indústria
Têxtil. Em suma, a consequência da isenção da operação de venda da
Confecção para o Atacado será o estorno do crédito recebido pela compra da
Indústria Têxtil.
Ou seja, a Indústria Têxtil pagará R$ 100,00, a Confecção pagará 0,
pois está isenta, e o Atacado vai pagar R$ 300,00. Desta forma, a isenção dá
um lucro e tanto para quem concede a isenção.
Observe que, caso não fosse uma hipótese de isenção, na “terceira
etapa” (quando da arrecadação do imposto a ser pago pelo Atacado) a
arrecadação seria de R$ 300,00, enquanto no caso da isenção a arrecadação
na mesma operação é de R$ 400,00 (os R$ 100,00 pagos pelo Indústria Têxtil
somados aos R$ 300,00 do Atacado).
Quais os problemas que verificamos na prática? A microempresas e
de pequeno porte não pagam o ICMS, a sua tributação se dá seguinte forma:
Todos os tributos da atividade dela são unidos para serem pagos de uma única
só vez, isto é, ela paga um percentual sobre a sua receita que substitui todos
os impostos que seriam devidos.
Desta forma, fica impossível separar o que é ICMS da parcela paga
por essa microempresas e empresas de pequeno porte. A consequência mais
imediata é a de que as microempresas e empresas de pequeno porte ficam em
desvantagem, já que se uma empresa grande tem como fornecedora uma
empresa de pequeno porte, por exemplo, ela não poderá tomar crédito das
compras realizadas desta “empresinha”.

2
Professor fala que quase todas essa indústrias eram do José de Alencar, e que, quase todas elas, estão
em região incentivada, região da SUDENE.

111
Por esta razão, as microempresas e empresas de pequeno porte
perdem competitividade em relação às empresas de grande porte que também
são fornecedoras. Se a operação é realizada com a grade empresa terá crédito
de ICMS/IPI, por outro lado, se a compra é feita de uma microempresa ou de
pequeno porte, não será originado crédito desta operação.
Na esteira deste raciocínio, as microempresas terão de apresentar
um preço mais baixo para que possam competir com as grandes empresas.
Em relação à isenção propriamente dita, existe uma das ações de
maior impacto no STF, inclusive várias teses de doutorados foram originadas
nessa questão. O STF, antes da CRFB/88, (EC nº 12/75) para o ICM e para o
IPI que dizia que “imposto isento era imposto pago para quem compra”.
Em outras palavras, se é dada isenção para a Confecção, e com
isso ela fica dispensada de pagar R$ 200,00, “parabéns pro estado”, mas para
o Atacado esse imposto é como se fosse imposto pago, aqui foi criada a figura
do Crédito Presumido.
Assim, é problema do estado se ele não quer cobrar o imposto, mas
não é o Atacado quem deve sofrer com isso, ele deve se creditar para poder
pagar o que normalmente pagaria, ou do contrário está sendo dada uma
isenção e “cobrada a conta” de quem compra.
Essa jurisprudência tinha toda a lógica. No entanto, com advento da
CRFB/88, foi expressamente vetada essa possibilidade de crédito para o
Atacado. E o que se pode fazer? É claro que não podemos falar que o
constituinte originário é inconstitucional, logo, para o professor ele só foi
“burro”.
Então, foi criada uma distorção e, infelizmente, para o ICMS, quando
é dada isenção em uma operação, a cadeia seguinte pagará por isso. Isso gera
um desequilíbrio na não cumulatividade. Isso está lá no artigo 155 da CRFB.
Por outro lado, em relação ao IPI não existe nada disso. As
empresas engarrafadoras (não são a Coca-Cola, embora a Coca também
tivesse as tivesse, elas apenas compravam o xarope e gaseificavam) logo
depois da entrada em vigência da CRFB/88, embora ainda existam essas
demandas, entraram com uma ação que agora será explicada.
O que aconteceu foi que o governo incentivou a fábrica da Coca ser
transferida para o estado do Amazonas (começou até a ser feito o Guaraná a
partir disso) onde a alíquota, antes de 13%, passou a ser 0.
Desta forma, as engarrafadoras vieram questionar que antes
compravam e tomavam um crédito de, vamos supor, R$ 130,00 e vendiam o
refrigerantes tendo que pagar R$ 200,00, tendo como diferença apenas
R$ 70,00 e agora deixariam de ter crédito e teriam de pagar R$ 200,00, por
conta da isenção dada à Coca Cola.

112
Neste sentido, a vedação que traz o artigo 155 da CRFB para o
ICMS, no sentido de que há a proibição de crédito na isenção seguinte nos
casos de isenção na anterior, não se repete para o IPI no artigo 153.
Logo, elas vieram buscar o seu Crédito Presumido de 13% para ser
abatido do débito na venda do refrigerante e tiveram seu pedido acolhido pelo
STF. Uma dessas empresas no RS conseguiu o crédito presumido da isenção,
assim, todas as outras seguiram e começaram a tomar o mesmo crédito
presumido.

Essa era uma jurisprudência que remontava a EC nº 12/75 e que


se manteve para o IPI fazendo com que várias empresas, antes mesmo
de terem suas ações deferidas, tomassem crédito presumido.
Diante de tamanha confusão, cerca de 5 anos atrás, o STF mudou a
sua jurisprudência. Em uma interpretação literal feita pelo ministro Marco
Aurélio, dentre outros, que entendia que a CRFB fala que compensa-se na
operação seguinte o que foi pago, assim, se há isenção nada foi pago, logo,
não há de se falar em crédito.
Hoje isso está liquidado no STF. Aqui falamos da Coca Cola, mas
isso alcançou quase todas as empresas do setor petroquímico que pegaram
crédito em insumo, por exemplo, Odebrecht, Oriente Lemos, entre outros.
O único ponto da discussão ainda não julgado é se serão atribuídos
efeitos prospectivos à decisão que alterou esse entendimento do STF, a fim de
atingir todos os que tomaram crédito presumido.
Professor cita a tese de titular da MISABEL BLÀ sobre alteração de
jurisprudência consolidada, possibilidade de efeitos prospectivos, e diz que ela
se baseia muito nesse histórico do crédito presumido do ICMS e do IPI, na
mudança da CRFB e da jurisprudência. Ele cita também uma tese de
doutorado da UERJ do Fábio Martins de Andrade que também é baseada
nisso.
Vale ressaltar que, a prática do IPI é de aplicação de uma técnica de
que, quando se quer desonerar determinado produto, ao invés de se dar
isenção, se fixa a alíquota em 0. Assim, quando da mudança do entendimento,
o ministro Eros Grau disse que não existia mudança, uma vez que não existia
decisão transitada em julgado em relação à alíquota 0, apensa em relação à
isenção.
Por esta razão, não foi dado efeito prospectivo nos casos de alíquota
0. No entanto, e nos casos de isenção? Aí tem decisões transitadas em
julgado. Eles agora estão diante de uma “sinuca de bico” e essa questão está
rolando lá. O professor nem sabe dizer quem é o relator, pode ser que seja o
Fux.
Professor cita um caso de variação de alíquotas, ele foi defender um
cliente no STF e perdeu de 10x0 ou 11x0, apesar dos muitos elogios que ouviu.
O caso era de distorção, o cliente era uma distribuidora de quase tudo (canetas
113
Bic, helicópteros e um pouco de tudo que existe entre eles), chamada
Distribuidora Martins.
Sua sede era em Uberlândia, mas quase todos seus clientes eram
do Nordeste e Centro Oeste e os fornecedores de São Paulo, Rio, ou seja,
Sudeste. Devido às diferenças de alíquotas a Martins tinha uma defasagem.
Vamos supor que ela, em Minas, comprasse R$ 1.000,00 de São
Paulo, com alíquota de 12%, logo, crédito de R$ 120,00. Temos de entender
que esse crédito é referente a um imposto sobre consumo que ela mesma
pagou. Nos EUA, ninguém paga imposto sobre o consumo durante as
operações, só o consumidor lá no caixa. A indústria não paga imposto sobre
consumo.
No entanto, para o professor, aqui no Brasil esse mesmo mecanismo
não funcionaria. O consumidor não pegaria nota e não pagaria, o vendedor
também não recolheria e o imposto sobre consumo se tornaria ficção.
Assim, o que fazemos é antecipar o recebimento do imposto devido
pelo consumidor por meio da indústria que, por sua vez, sempre exigirá nota
para que possa receber os créditos da operações que forem realizadas. Desta
forma, o sistema é harmônico, para que se sonegue tem que existir um acordo
com todo mundo, o que é difícil, afinal, quanto mais sofisticada a empresa,
menor o interesse em sonegar3.
Neste sentido, o imposto é antecipado e “passado para frente”, não
há interesse de que a empresa arque com o ônus financeiro do imposto sobre
consumo, quem tem que arcar é o consumidor, tanto que na sua formulação
ideal a carga é sempre repassada adiante4.
A Martins então quando tem esse crédito de R$ 120,00 ela tem o
dever de passar esse crédito para “frente”. Ela então comprava por
R$ 1.000,00 e creditava R$ 120,00, mas ela trabalha com a margem bem
apetada, e vendia por R$ 1.100,00 para empresas do Centro Oeste e do
Nordeste.
A própria localização da empresa é estratégica, existe um posto
próximo de Uberlândia chamado “Trevão” que é referência pelos caminhões de
distribuidoras. E grande parte das empresas de distribuição se encontram por
lá.
Quando a empresa ia vender pelo R$ 1.100,00, ela fazia essa
operação com empresas que ficavam numa região de alíquota 7%. Ou seja, ela

3
Essas grandes empresas tem mecanismo de pressionar o Congresso para a edição de leis que lhe são
favoráveis. A sonegação “sem nota” não funciona para as grandes empresas, elas perderiam controle de
estoque e quebrariam “na mão” de seus gerentinhos e funcionários.
4
Têxtil: paga R$ 100,00 – Confecção: crédito de R$ 100,00 e paga R$ 200,00 – Atacado: crédito de
R$ 200,00 e paga R$ 300,00 – Varejo: crédito de R$ 300,00 e paga R$ 400,00 – Consumidor paga os
R$ 400,00.

114
só se debitava de R$ 77,00, tendo um crédito de R$ 43,00 e isso está errado.
Economicamente significa que a empresa não conseguiu repassar o imposto.
Em outros países, quando isso ocorre, hipóteses tipicamente em
operações de exportações, o fisco devolve esse valor de crédito. Atenção aqui.
O crédito é perante o fisco.
No entanto, o negócio da Distribuidora Martins funcionava de uma
forma que gerava um acúmulo de crédito, ela sempre tinha crédito em 12% e
débito em 7%, a sua margem de lucro não era capaz de compensar essa
diferença de alíquota.
Após serem aconselhadas por um consultor, foi aberta uma filial no
DF, pois quando São Paulo vende para o DF, que também é região Centro
Oeste, a alíquota também é de 7%, fechando a conta. E as compras deixaram
de ser feitas por Uberlândia e passaram a ser feitas por Brasília.
Porém, o Estado de São Paulo entrou com uma Ação Cível
Originária no STF afirmando que a situação configurada era uma simulação,
pois em Brasília só existia um escritório e toda a estrutura da empresa se
manteve em Uberlândia.
Assim, o que eles faziam era negociar as compras com o Sudeste
por Brasília e pedir para que tudo fosse entregue em Uberlândia. Para o
professor o STF errou nessa decisão de dar provimento ao pedido de São
Paulo.
Vale ressaltar que os exportadores tem a prerrogativa de pagarem
seus fornecedores do crédito de ICMS, que nessas operações tem a força do
Real. Uma exportadora pode pagar sua conta de Luz com crédito, assim a
Light pegaria aquele crédito e abateria do débito dela. Isso não é permitido nos
casos de acúmulo de crédito.
O crédito acumulado fica preso dentro da contabilidade da empresa,
não há como “desovar”, e ele fica contando como ativo, inclusive para fins de
base de cálculo para o IR. Ou seja, uma tragédia. Não existe momento de
descarte desse crédito. Há disposição de que a legislação estadual irá dispor
sobre esse crédito acumulado, mas nunca fazem a lei.

RIO, 05 DE MAIO DE 2014 - BARBARA


Transcrição Direito Tributário 05/05/2014

115
Não cumulatividade
Vamos dar ênfase à incidência do Princípio da Não Cumulatividade sobre o ICMS, por
duas razões: (i) é o imposto sobre o qual a Constituição mais se dedica, existem muitos
dispositivos sobre este, (ii) o ICMS estruturar-se no princípio da não cumulatividade.

A partir do que já foi visto graficamente - como é o débito, como é o crédito, como se
calcula – veremos regras constitucionais suplementares que levam ao esquema da não
cumulatividade, o qual examinaremos.

Em relação ao ICMS, diferentemente do IPI, há uma regra constitucional de que nos


casos de não incidência ou isenção a consequência é a não implicação de crédito para frente e
determina o estorno do crédito da operação anterior.

Em relação ao IPI não tem essa regra na Constituição, mas recente jurisprudência do
STF estendeu para o IPI essa mesma regra. Proibiu a tomada de crédito para operação seguinte
e determinou estornar o crédito da operação anterior.

Exemplo: O caso das engarrafadoras de Coca-Cola.

As engarrafadoras de Coca-Cola entraram na justiça pedindo direito ao crédito


presumido de IPI. O xarope era fabricado no Rio de Janeiro e tinha uma alíquota de 13%, a
engarrafadora tomava o crédito de 13%. Na hora em que colocava o gás no xarope e
engarrafava, vendia o refrigerante o qual tinha incidência de 30%. A engarrafadora tomava 13
de crédito, 30 de débito e pagava a diferença de 17%.

Quando a Recofarma (Coca) se mudou para a região da Amazônia passou a ter isenção
na fabricação do xarope. Qual foi a consequência? Quem fabricava o xarope não pagava
imposto, mas quem engarrafava esse xarope passou a pagar aquilo que habitualmente já
pagava mais 13%, o total de 30% - valor integral da alíquota. Porque com a isenção da
Recofarma, as engarrafadoras perderam o crédito de 13%.

Havia uma jurisprudência antiga no Supremo reformada, modificada recentemente


que dizia assim: “o imposto isento é imposto pago para o adquirente”, ou seja, se aquele que
vende tem isenção - Parabéns para ele, mas aquele que compra, compra como se o imposto
tivesse sido pago, por isso que se chama crédito presumido.

O gráfico demostra que a isenção sem crédito presumido é fazer favor com chapéu
alheio.

Fábrica Engarrafadora
Vende por 2000
1000 1000 Imposto 400
Compra
Imposto 130 Crédito 130 Crédito – 130
Paga 270
Vende por 2000
1000 Imposto 400
Compra
1000
Isenção Crédito - 0
-
Paga 400

116
As engarrafadoras queriam crédito presumido de 130. O crédito é presumido porque
efetivamente não houve pagamento, é presumido só para que a não cumulatividade não seja
prejudicada. Porque aqui a União dispensou a fábrica (Recofarma) de pagar 130, mas em
compensação atribuiu às engarrafadoras o ônus de pagar pela fábrica. Na prática é isso. Sem
ter combinado nada, é literalmente fazer favor com chapéu alheio, mas esta é a situação atual.

Tanto para o ICMS que tem regra na Constituição e como para o IPI que não tem, mas
que se aplicou a mesma regra do ICMS, quando há isenção, no caso para fábrica, as
consequências são (i) não dar crédito para as operações seguintes e (ii) eventuais créditos
obtidos pela fábrica na compra de matéria prima devem ser estornados.

Quando se julgou isso no Supremo havia uma dificuldade compreensível: se eu vendo


sem incidência do imposto, de quanto será o credito presumido?

No caso da Coca-Cola, as engarrafadoras queriam crédito presumido equivalente ao


imposto que se pagava antes da isenção, que era 13%. Mas há alguns produtos, e aí veio a
dificuldade e talvez um dos motivos pelo qual o Supremo mudou a jurisprudência. A indústria
Petroquímica também sofreu muito com essa jurisprudência; aquelas empresas instaladas no
Polo de Camaçari, principais autoras e.g. Brastemp, utilizavam várias matérias primas nunca
tinham sido tributadas. Aí o Supremo falou: você quer crédito presumido? Tudo Bem! Mas de
quanto? Qual é a referência? Se os produtos nunca foram tributados antes?

As empresas pleiteavam crédito presumido na mesma alíquota que seus produtos


eram tributados na saída. Então se o produto sai numa alíquota de 20%, queriam que as
matérias primas tivessem crédito presumido de 20%, assim pagariam apenas aqueles valores;
se eu comprei por 10 e vendi por 20 e se na venda de 20 a alíquota é 20%, queriam crédito
presumido de 10 na entrada.

O Ministro Marco Aurélio disse: “Isso não está certo, não”. Ele deu o exemplo da
indústria tabagista:

Na indústria tabagista, o cigarro é fortemente tributado na saída por razões


extrafiscais, como evitar o seu consumo e etc. Então, se o cigarro tem uma alíquota na saída
de 130% não se posso dar crédito presumido de 130% na entrada, porque assim perde-se o
objetivo da tributação.

Aí começou uma discussão nesse sentido que levou a esse entendimento: uma leitura
literal do art. 155, § 2.º, I da CF/88.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

III - propriedade de veículos automotores.

§ 1.º (...)

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

117
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o
montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo
Distrito Federal;

(...)

O entendimento é: Se na operação anterior não se cobrou nada, não tem o que se


compensar.

Assim, mudou o entendimento jurisprudencial e o crédito presumido foi proibido.

Contudo, houve um desdobramento na Indústria Farmacêutica: Os laboratórios


farmacêuticos compravam matérias primas tributadas e vendiam remédios com isenção, de
modo que a Indústria Farmacêutica queria a manutenção do crédito para outros remédios os
quais não eram isentos.

O mesmo laboratório faz remédio para diabetes, que tem isenção, e também faz
remédio Viagra, que não tem isenção. A Ind. Farm.queria a somatória da entrada das matérias
primas; ao invés de compensar produto a produto, queria compensar tudo o que entrou no
mês como crédito e tudo o que saiu no mês como débito.

Os laboratórios fabricam uma cesta de produtos, alguns com isenção e outros sem
isenção, tinham uma entrada de crédito e uma saída de débito, queriam pagar a diferença dos
montantes, débito - crédito. Perderam!

O Supremo disse que se o laboratório tem matéria prima para fazer o remédio da
diabetes e sendo este remédio isento, o laboratório deveria estornar o crédito da entrada. Isso
nem na literalidade do texto da Constituição dá para ver! Crítica: a Constituição diz apenas
para compensar na operação seguinte o que foi cobrado na operação anterior, não manda
estornar, pois aí nem se fala em crédito presumido, é crédito real! Mesmo assim o Supremo
mandou, neste caso, se você está vendendo um remédio com isenção a matéria prima, mesmo
que tributada, deve ter seu respectivo crédito estornado. Essa é a jurisprudência que voga, o
Professor acha que não vai se alterar.

O que está sendo discutido no Supremo agora em relação, por exemplo, a esse xarope
da Coca-Cola é se a mudança de jurisprudência pode levar o Supremo a dar efeitos
prospectivos5. Ou seja, as empresas que tenham tomado crédito acreditando na consolidação
da jurisprudência do Tribunal; a mudança de jurisprudência seria a partir da publicação
daquela decisão e etc e etc.

5
O STF passou, recentemente, a modular os efeitos das decisões que lhe são submetidas em sede de controle
difuso de constitucionalidade. Para isso, os fundamentos utilizados são (i) a necessidade de garantir a segurança
jurídica diante de mutações jurisprudenciais drásticas dos Tribunais – requisito fundamental para aplicação destes
efeitos; (ii) as previsões infraconstitucionais para modulação dos efeitos temporais em controle concentrado,
aplicadas por analogia em decisões judiciais em sede de controle difuso ou, ainda, (iii) argumentos como a redução
dos impactos econômicos e sociais que estas decisões teriam se a elas fosse aplicado o efeito retroativo.
A primeira decisão com repercussão em que a modulação de efeitos foi utilizada em controle difuso de
constitucionalidade foi o caso da redução do número de vereadores nas câmaras municipais, no qual declarada a
inconstitucionalidade, foram aplicados efeitos prospectivos ou pro futuro, preservando, neste caso concreto, o
interesse público

http://jus.com.br/artigos/10642/a-aplicacao-de-efeitos-prospectivos#ixzz31iR4dj7x

118
Nos países que adotam essa novidade no Brasil, a vinculação do precedente, a súmula
vinculante, a decisão proferida em recurso repetitivo ou em recurso extraordinário que tem
repercussão geral, aí é aquela decisão que irradia além desse processo, vai para outros. A
maioria dos países europeus adota isso, como Alemanha.

Se eu mudo a jurisprudência, se um entendimento é modificado no julgamento


daquele recurso extraordinário, essa mudança não se aplica ao recurso extraordinário que
provocou a mudança! Ele provocou a mudança de entendimento, mas para não ser
prejudicado, a mudança não será aplicada a ele. O Supremo diz que até o recurso entendiam
assim e a partir de agora vão entender assado, então saibam os outros que a partir de agora o
entendimento da Corte é esse.

Ou seja, para que a decisão judicial que tem um efeito além das partes do processo
não possa ter efeitos retroativos como a lei. Uma mudança de jurisprudência com força
vinculante, uma súmula vinculante, tem os mesmos efeitos da lei, porque ela passa a alcançar
um universo muito maior de contribuintes e passa a ser uma norma em abstrato. Ao invés de
ser uma sentença, uma norma em concreto, para resolver a lide que tem duas partes
demandando uma súmula vinculante tem a mesma força que a lei, porque ela é em abstrato e
ela alcança todas as situações que se subsumirem àquela norma.

Aqui é o mecanismo da não cumulatividade que já foi visto, o que entra é crédito, o
que sai é débito e paga-se a diferença, o cálculo base e contra base, imposto e contra imposto,
a tomada de créditos pelo critério do crédito fisco, pelo critério do crédito financeiro.

Além disso, veremos o que mais a Constituição fala em relação ao ICMS que repercute
na não cumulatividade: art. 155, § 2.º, IV.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da


República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de
seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e
prestações, interestaduais e de exportação;

Hoje toda exportação é imune. Então, não há alíquota fixada por resolução do Senado
para exportação, porque toda e qualquer exportação é imune. Antes apenas as exportações
de produtos industrializados eram imunes, agora toda e qualquer exportação é imune devido
Emenda Constitucional.

As alíquotas interestaduais são fixadas pelo Senado Federal de maneira que quando os
estados do Sul e do Sudeste, com exceção do Espírito Santo, vendem para os estados do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste mais o Espírito Santo a alíquota interestadual é de 7%; todas
as demais operações interestaduais a alíquota é de 12%. Ou seja, se o Nordeste vende para p
Nordeste é de 12%, se o Sudeste vende para o Sudeste ou para Sul é de 12%, se o Nordeste
vende para o Sudeste é de 12%.

119
Quando que é 7%? Apenas quando o Sul e o Sudeste, menos Espírito Santo, vendem
para o Norte, Nordeste, Centro Oeste e Espírito Santo.

Qual é a ideia? Distribuir melhor a arrecadação do ICMS. A lógica é a seguinte: os


estados mais ricos são os mais industrializados e os que produzem mais, então eles vendem
mais que os outros Estados. São Paulo vende mais para o Nordeste do que o Nordeste vende
para São Paulo. A lógica: SP vende para o NE na alíquota de 7% para que chegue só um crédito
de 7% para o NE, assim na hora em que o NE for vender na alíquota de 20, 18 ou 12% irá
abater apenas 7%; quando o NE vende para o SP a alíquota é de 12%, vai um crédito de 12%. É
para tentar equilibrar um pouquinho essa distribuição.

Então a alíquota normal é 12%, mas se o S e o SE vendem para demais regiões é de 7%.

Outra regra importante:


Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante


resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus
membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito


específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa
da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;

VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos


termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações
relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não
poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;

(...)

XII - cabe à lei complementar:

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito


Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.

Então de acordo com a Constituição, a alíquota interna de ICMS não pode ser inferior a
12%, que é a regra da alíquota externa. Assim, o ICMS não pode ter alíquota inferior a 12%. Os
estados vão legislar sobre seu imposto, mas sabem que a alíquota inferior a 12% não pode.

A lógica é que a operação interestadual não pode dar prejuízo ao estado. Então
quando se compra a 12 e se vende a 12 não há prejuízo, porque ganha-se pelo menos o valor
acrescido ao bem vendido. Compra-se por 1.000, crédito de 120, vende-se por 1.100, crédito
de 132, vou ganhar 12. Agora quando compra-se por 12 e vende-se na alíquota de 7, há

120
prejuízo! Para evitar esse prejuízo a alíquota interna não pode ser menor que a alíquota
interestadual.

Para praticar uma alíquota menor precisa-se, nos termos do inciso XII “g”, autorização
dos outros estados.
Art 155, § 2.º, XII - cabe à lei complementar:

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito


Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.

Essa lei complementar existe desde 75 e foi recepcionada pela Constituição de 88; é a
Lei Complementar 24/75.

Esta Lei criou um órgão chamado CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária)
que é um Conselho que reúne todos os estados, representados por seus Secretários da
Fazenda, e é presidido pelo Ministro da Fazenda. Eles vão deliberar sobre isenção, incentivos e
benefício fiscal – tudo o que for abaixo de 12% da alíquota interna é isenção, incentivos e
benefício fiscal. Então se um estado quiser alíquota inferior a 12% deve ter autorização
UNÂNIME dos membros do CONFAZ.

Os Estados reunidos em Brasília no dia 05 de maio de 2014 resolvem autorizar o


Estado do Rio de Janeiro a conceder isenção na venda do leite in natura. O RJ conhece a
autorização, deve ter uma lei delegada dizendo ser autorizado pelo CONFAZ e basta um
decreto do governador para inserir essa isenção no regulamento do ICMS.

O que é a Guerra Fiscal? A Guerra Fiscal é o descumprimento dessa regra.

A Guerra Fiscal é o seguinte:

Rio de Janeiro:

- Oi Mercedes! Vem cá instalar uma fábrica no Rio, vou te cobrar só 5% de ICMS.

São Paulo:

- Mercedes, vem pra cá! Não.....Aqui é muito melhor que o Rio!

Minas Gerais:

- Não, Mercedes, vem para Minas! Aqui tem o pão de queijo...

O que acontece? Quando se instala essa guerra e o CONFAZ tem que autorizar por
unanimidade, obviamente que não haverá essa autorização! Se existem três estados tentando
atrair a mesma indústria, basta um negar a isenção para o outro que acabou!

Para atrair empresa, impossibilitados de reduzir a alíquota por menos de 12% sem a
autorização unânime dos demais estados, os estados fazem uma lei estadual, um decreto
estadual ou às vezes uma portaria publicada no pé de página para ninguém ver, um ato
normativo, concedendo crédito! Essa é a Guerra Fiscal.

- Olha, Mercedes, você vai se instalar aqui, na hora que você for vender a alíquota é de
12%, mas para cada venda que fizer vou te dar crédito presumido de 11%, assim você só vai
pagar 1%.

121
Então quando a Mercedes, instalada em Minas, vende para São Paulo na nota fiscal de
venda estará demonstrando alíquota de 12%, ou seja, o carro chega em SP com crédito de 12.
O cara de SP vai vender esse carro na alíquota de 18 e vai recolher (pagar) a diferença que é 6.
Aí SP descobre e fala assim:

- Peraí! Estou recebendo um crédito de 12% desse carro que está vindo de Minas, mas
essa empresa está pagando só 1%, porque ela tem crédito presumido lá de 11. Então vou
aceitar o crédito só de 1% que é o valor real pago em Minas.

SP chega para o estabelecimento paulista que comprou o carro cuja nota apresenta
alíquota de 12% e determina que este estorne 11% alegando que o estabelecimento só tem
direito a 1% que é o que a Mercedes pagou em Minas.

O estabelecimento paulista diz:

- E o que eu tenho a ver com isso? Eu não sei que incentivo meus fornecedores têm em
seus estados de origem. O que eu faço é creditar o valor de ICMS destacado na nota fiscal! Não
tenho que fiscalizar os meus fornecedores, os fiscos, para ver se estão cumprindo norma de
CONFAS ou não, se recebem crédito presumido ou não. Eu aqui quero me creditar no valor da
nota fiscal.

A Guerra Fiscal é isso. Os estados fazem guerra entre si e a conta vai para o
contribuinte! Não é o contribuinte que recebeu o beneficio, é o contribuinte que comprou a
mercadoria beneficiada e não é obrigado a saber. O valor destacado na nota fiscal tem para o
comprador uma presunção absoluta de que aquele é o imposto.

Observe como a Lei Complementar 24 de 75 é contraditória na hora de punir quem


descumpre essas regras constitucionais que tentam evitar a Guerra Fiscal, art 8º da Lei Comp.
24/75:
Art. 8º - A inobservância dos dispositivos desta Lei acarretará,
cumulativamente:

I - a nulidade do ato e a ineficácia do crédito fiscal atribuído ao


estabelecimento recebedor da mercadoria;

Il - a exigibilidade do imposto não pago ou devolvido e a ineficácia


da lei ou ato que conceda remissão do débito correspondente.

Parágrafo único - As sanções previstas neste artigo poder-se-ão


acrescer a presunção de irregularidade das contas correspondentes ao
exercício, a juízo do Tribunal de Contas da União, e a suspensão do
pagamento das quotas referentes ao Fundo de Participação, ao Fundo
Especial e aos impostos referidos nos itens VIII e IX do art. 21 da Constituição
federal.

Há duas regras no dispositivo que são excludentes, porque a Lei Complementar


autoriza estornar o crédito do estabelecimento comprador e determina a cobrança da
diferença do estabelecimento (vendedor) que teve a mercadoria incentivada. Ora, se autoriza
a cobrança lá não pode anular o crédito!

A lei diz esse que pagou só 1% cobre os 11% de diferença e aquele que recebeu na
nota o destaque de 12% fique só com 1% de crédito.

Professor:

122
- Ô, lei, escolhe! Se você está mandando cobrar os 11, aquele que se creditou de 12%
está certo!

Ou anula o crédito de 12 e desiste de cobrar os 11 ou cobre os 11 e desiste de anular o


crédito! Não pode fazer as duas coisas.

O professor defende que a lei deve atacar sempre aquele que recebeu o benefício, ou
seja, comprar os 11% e permitir o crédito de 12% (desistir de anulá-lo). Quem comprou a
mercadoria incentivada não sabe, não fez nada!

Exemplo: Uma loja de roupas multimarcas no Rio de Janeiro compra calça fabricada
em São Paulo, vestido em Minas, camisa em Goiás, etc. e etc., tudo de alíquota de 12%
destacada em nota fiscal. Aí vem o Rio e diz que Minas Gerais concede um incentivo especial
para vestidos... O lojista não é obrigado a saber disso! Ele tem fornecedor de vários estados. A
loja deve ser fiel ao que está na nota fiscal, pois se credita do que está destacado.

Aí essas retaliações viram uma guerra totalmente insana. Vem a Secretaria da Fazenda
de São Paulo e baixa uma resolução declarando a Lei 11230 de Minas que concede incentivo é
inconstitucional, a Lei 11526 de Goiás é inconstitucional, ... O Secretário da Fazenda lista 50
leis de outros estados que ele declara inconstitucionalidade! Apenas dá trabalho para o
Procurador Geral de São Paulo que vai falar para entrar com ADIN no Supremo para pedir
liminar de suspensão da eficácia dessas leis. Entra com ADIN, mas demoooooora.

Hoje há uma guerra fiscal onde quem paga o pato é quem tem menos envolvimento
no caso, que é o estabelecimento que compra mercadoria beneficiada e é efetivamente
prejudicado.

Como o estado que pratica a guerra fiscal não é punido, o professor acha que a melhor
solução seria a existência de uma Câmara Arbitral entre os estados. Assim os estados
poderiam apontar seus prejuízos para o estado que o gerou ao conceder benefícios (crédito
presumido). Aquilo que seria estornado do estabelecimento comprador é o prejuízo causado
pela guerra fiscal. Esse prejuízo deveria ser compensado na repartição do fundo de
participação dos estados. Se não doer no bolso do estado, a guerra fiscal vai continuar. É o
contribuinte que arca com ônus.

Nessa guerra os estados, a médio e longo prazo, todos perdem muita arrecadação.

O imposto deve ser neutro. Neutralidade em matéria de tributação quer dizer que a
empresa na hora decidir aonde vai se instalar a última coisa que ela vai pensar é tributação,
pois a tributação é neutra. Não importa a localização da instalação o imposto é o mesmo,
assim a empresa analisa outros critérios para decidir como logística, infraestrutura, mercado,
etc.

Porém por esses critérios estados menos desenvolvidos não podem competir, por isso
praticam a guerra fiscal. O único meio de atrair uma empresa para o Pará, ao invés de Santa
Catarina é por meio de incentivo fiscal. A guerra fiscal decorre da desigualdade entre os
estados. A neutralidade é um problema para os estados que estão em posição desfavorável
para atrair empresas.

Não existe solução para a guerra fiscal que possa ser colocar em papel. O que precisa é
a União liderar essa questão fornecendo compensações aos estados desfavoráveis nessa
concorrência.

123
Os estados que menos fazem guerra fiscal são São Paulo e Minas Gerais, mas também
são os que mais tentam combater.

Concluindo, a guerra fiscal é quando os estados por legislações estaduais burlam de


algum modo a regra constitucional que diz que a alíquota é de 12% e que para baixa-la precisa
de autorização unânime dos demais estados (CONFAZ).

Os estados cumprem formalmente a alíquota de 12% mas dão vantagens que na


prática fazem com que a carga seja muito menor.

Todas essas questões que são colocadas quando chegam ao Supremo são julgadas e
declaradas inconstitucionais. Mas até o Supremo declarar inconstitucionais esses mecanismos
já está tarde. Já se passou 4 ou 5 anos.

Qualquer mudança relativa à guerra fiscal no Congresso não passa, porque as


bancadas dos estados mais pobres são a maioria. Então não adianta. O Brasil tem uma
estrutura bicameral, o Senado e a Câmara, sendo que o primeiro representa a federação, os
estados, tanto que, seja o estado de São Paulo ou o estado do Piauí ou Roraima, todos tem 3
senadores. Há muita distorção das competências, porque tudo o que está em votação na
Câmara tem que ir para o Senado. Tudo o que se vota na Câmara é votado no Senado! Por que
lei penal tem que passar no Senado? O que isso tem a ver com a federação? Deveria ser
votado no Senado apenas aquilo que interessa à federação. Porém nem tudo que passa no
Senado tem que ir para a Câmara.

E a Câmara, que tem os representantes do povo, dos eleitores, deveria ser


proporcional à população dos estados. No Brasil, 1 eleitor do Acre corresponde a 120 eleitores
de São Paulo, porque o Acre tem por volta de 150mil eleitores e 6 deputados federais de modo
um candidato se elege com que 3mil votos, já em São Paulo um candidato pode ter 130mil
votos e ainda ficar como suplente. É uma desproporção muito grande!

Os interesses do estado do Acre são defendidos pelos 3 senadores da mesma forma


que os interesses do estados de São Paulo são defendidos por seus 3 senadores. Agora aquilo
que é de representante do povo tem que ser proporcional ao número de eleitor, não precisa
ser exatamente igual, pelo menos uma proporção mais equilibrada.

Já se tentou de todo modo mexer nisso no Congresso, mas não consegue! Pois as
bancadas dos estados menos populosos não aceitam diminuir a representação. Então fica uma
representação complicada. Os estados mais populosos são prejudicados. Por isso é muito difícil
mudanças mais estruturais com essa proporção do Congresso. É muito difícil formar maioria.

Quando é caso de isenção de não incidência tem que estornar os créditos; quando é
de imunidade não tem que estornar, os créditos de ICMS são mantidos e valem como
dinheiro para o exportador. O exportador pode utilizar o crédito como moeda de pagamento
quando, por exemplo, for pagar a conta de luz.

Outra questão interessante, sobre o famoso diferencial de alíquota:


Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

124
VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a
consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á:

a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do


imposto;

b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;

VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da


localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a
alíquota interna e a interestadual;

Quando um contribuinte de direito6, que tem inscrição estadual e recolhe


ICMS, compra em outro estado, ele paga alíquota interestadual. Uma loja de material de
construção do RJ quando compra azulejo produzido em SP paga alíquota de 12%, na hora de
revender o azulejo a diferença entre os valores de compra e venda é o que fica para o estado
do RJ. A loja como contribuinte sempre compra na alíquota interestadual, como consumidor
final (para consumo próprio) compra mesmo que em outro estado na alíquota interna. O
consumidor final quando compra em outro estado para a alíquota interna do estado em que
reside. Quem mora no Rio e compra um carro em SP vai pagar a alíquota interna do Rio.

Ou seja, pratica-se a alíquota interna quando o comprador for consumidor final e


aplica-se a alíquota interestadual quando o comprador for contribuinte.

O diferencial de alíquota é quando o contribuinte compra na alíquota interestadual


mas compra para consumir, aí ele deverá pagar a diferença de alíquota (interestadual-interna)
para o estado em que ele está estabelecido.

Situação 1:

Fábrica de Azulejo em SP Loja de Material de Construção em RJ

Vende 1000 Compra 1000 Vende por 2000

Alíquota de 18% = 360


Alíquota de 12% = 120 Crédito 120
360 – 120 = paga 240

Situação 2 – A loja usa parte dos azulejos como consumidora final:

Fábrica de Azulejo em SP Loja de Material de Construção em RJ

Vende 1000 Compra 1000 para consumo

Alíquota de 18%
Alíquota de 12% = 120
18% - 12% = 6% = paga 60

A Loja de material de construção ao utilizar a mercadoria para consumo próprio terá


que pagar um diferencial de alíquota para o Rio de Janeiro. Ela comprou como contribuinte,

6
Nós somos contribuintes de fato, somos consumidores.

125
mas foi a compradora final (o consumidor) a então deverá pagar o diferencial de alíquota para
o estado de destino.

A alíquota interestadual é recolhida no estado de origem.

A alíquota interna e o diferencial de alíquota são recolhidos no estado de destino.

SP vendeu para o RJ: a alíquota interestadual é paga em SP e chega no RJ sob a forma


de crédito; o valor que for acrescentado na venda realizada no RJ cabe ao RJ.

Na Europa cobra-se no destino. No Brasil isso não funciona, primeiro porque se deixar
para cobrar no destino a sonegação seria maior, tem que se cobrar na origem, segundo porque
não temos barreiras alfandegárias entre os estados.

No Brasil o único caso que a cobrança de ICMS é feita no destino é em exportação. Sai
um produto do Brasil com 0 de ICMS e quando chega na Argentina para fazer o desembaraço
aduaneiro vai se recolher, para a Argentina, imposto sobre a venda do produto. Não se cobra
nada na origem e se cobra no destino. Por mais que haja MERCOSUL, há barreiras
alfandegárias entre os países. Nos estados brasileiros leva-se livremente mercadorias para
outros estados, então tem que cobrar na origem.

Os europeus estão vindo para o Brasil aprender a fazer cobrança na origem, lá está
uma confusão cobrando a venda do produto no destino. A unificação do IVA europeu vai exigir
a cobrança na origem.

No Brasil a regra é cobrar sempre na origem, exceto nas operações de exportação que
cobra-se no destino.

RIO, 07 MAIO – NÃO HOUVE AULA


RIO, 12 MAIO 2014 – LORRANE 35 MINUTOS INICIAIS
Direito tributário – 12 de maio.

Vamos começar hoje, as imunidades.

Campo de incidência de um tributo, esse circulo aqui bem feio é o campo de incidência de um
tributo, aqui de fora o campo de não-incidência, vamos imaginar.. IPVA, campo de incidência
do IPVA: ser proprietário de um veículo automotor, se você é proprietário de um veículo
automotor este fato está dentro do campo de incidência desse imposto chamado IPVA, se eu
for proprietário de uma bicicleta eu estou fora do campo de incidência do IPVA é o que se
chama não incidência pura, eu não preciso de nenhuma regra me desonerando do pagamento
do IPVA se eu for proprietário de uma bicicleta porque eu estou naturalmente fora do campo
de incidência do IPVA.

Agora, o que é a imunidade? Há o campo de incidência do tributo e há uma norma


constitucional que limita o exercício da competência tributária em relação aquele tributo,
limita em relação a determinados fatos e pessoas. Então vamos imaginar aqui, mantendo o
exemplo do IPVA, quando a constituição diz: é vedado a União, Estados e Municípios cobrar
impostos sobre o patrimônio uns dos outros, há aqui, no campo de incidência do imposto, uma
vedação constitucional, no caso o IPVA, que é um imposto estadual, a constituição diz assim:

126
eu me dou a competência para instituir o IPVA, mas os veículos de propriedade do município e
da União, vc não vai poder cobrar o imposto. O que a constituição faz ao determinar por meio
de um dispositivo esta proibição de se cobrar sobre o patrimônio da união e do município, ela
está dando imunidade tributária aos veículos de propriedade da união e dos municípios.

A imunidade fecha então, parte do campo de incidência do tributo, a constituição entrega para
o estado a competência para tributar o IPVA com esse formato aqui. É o campo de incidência
com essa vedação que está aqui decorrente de uma imunidade, é uma desoneração com sede
constitucional. Quando nós falamos de imunidade nós estamos falando de norma
constitucional que desonera determinadas pessoas do pagamento do tributo, funciona então,
as imunidades, que são constitucionais, são formas de limitações ao exercício do poder de
tributar, eu outorgo a competência ao ente tributante para instituir tal imposto, mas eu limito
o exercício desta competência com normas de imunidades, então o estado recebe a
competência para tributar a propriedade de veiculo automotor com este formato aqui, eu
posso tributar, mas não os de propriedade do município ou da união por força de uma
imunidade.

Aí eu exerço a competência tributária, como que eu exerço, instituindo tributo por lei, aí o
estado vai fazer uma lei instituindo o IPVA, ao fazer esta lei, o estado resolve que os veículos
que tenham mais de 20 anos de fabricação não devem pagar IPVA, resolve que os veículos
detinados aos hospitais que servem de ambulância pública ou privada, não devem pagar IPVA
e vai fazer constar isso lá na lei. Fazendo isso ele está concedendo isenção.

Enquanto a imunidade tem sede constitucional, a isenção tem sede legal.

Quem tem o poder de instituir o tributo por lei, tem o poder de conceder isenção a este
mesmo tributo por lei, esta é a regra com algumas exceções que nós vamos ver, por exemplo,
a do ICMS que não passa lei estadual, os estados não tem autonomia de conceder isenção do
ICMS precisam de autorização dos demais estados para se evitar a guerra fiscal, mas em geral,
é assim que funciona, eu recebo competência para instituir o imposto de renda e eu posso, no
exercício dessa competência conceder isenção.

Outra forma de desoneração tributária, uma técnica de desoneração tributária é a da alíquota


zero, aqueles impostos como o IPI, IOF, imposto de importação, imposto de exportação, que
são excepcionados do princípio da legalidade, excepcionados do princípio da anterioridade, no
que se refere a alíquota, podem ter as suas alíquotas alteradas por ato do executivo,
normalmente em relação a esses impostos, ao invés de o governo fazer um projeto de lei
concedendo isenção de IPI para geladeiras e fogões, a linha branca de produtos domésticos,
manda um projeto de lei pro congresso, tramita, aquilo é aprovado depois pra revogar precisa
de outra lei, o que ele faz, se estes impostos, do IPI por exemplo, está excepcionado da
legalidade e da anterioridade, o presidente da república baixa um decreto e diz que na
alíquota do IPI da geladeira e do fogão a partir do dia 1º de junho é zero, pronto, é a técnica de
desoneração para os impostos que estão excepcionados da legalidade e da anterioridade, pois
a isenção tem que ser por lei. Vc pode reduzir a alíquota a zero que o efeito econômico é o
mesmo da isenção, o decreto de forma muito..

Aluno: então a alíquota zero é mera discricionariedade, enquanto a isenção é ato vinculado a
lei.. a alíquota zero tem a ver com política econômica..

127
Prof: sim, mas aí, a fixação da alíquota zero é de competência do executivo por decreto......
tem que ter uma norma aí há uma vinculação da fiscalização e de todos os.... em relação ao
que está estabelecido em decreto presidencial que pode ser revogado, instituído,

aí vimos que o IPI não está excepcionado aquele prazo de 90 dias, se vc concede a alíquota
zero, para revogar, vc revoga hoje e aquela revogação produz efeito daqui a 90 dias.

Então, antes de entrarmos no estudo da imunidade, pra que vocês tenham a noção de onde se
situa a imunidade no contexto das desonerações, então nós temos o campo de incidência do
imposto, um campo de não incidência natural, que é o que dispensa norma, a não incidência
aqui é porque eu to longe do fato que vai gerar o dever de pagar, então, muitas vezes... a
constituição em momento algum fala a palavra imunidade, ela fala: é vedado cobrar, não
incide. Quando a constituição veda a cobrança, diz que não incide, ela está concedendo
imunidade, agora se ela precisa falar: o imposto não incide para tal situação, quer dizer que se
não fosse essa regra constitucional incidiria, então a distinção entre a não incidência natural e
a não incidência qualificada é essa.

Porque o IPVA não incide sobre propriedade de veículo da união, porque a constituição por
meio de uma norma de imunidade, assim o estabeleceu. Porque o IPVA não incide sobre a
propriedade de bicicleta, porque está fora do campo de incidência do tributo, então não
precisa de norma nenhuma pra falar que sobre bicicleta não se paga IPVA, pois está fora do
campo de incidência, este exemplo é bastante simples, mas muitas vezes a coisa se complica
em relação por exemplo, ao imposto de renda. O imposto de renda tem normas de imunidade
e normas de isenção e as vezes tem aquela entrada ou aquele dinheiro que é percebido por
aquela pessoa e que está fora do campo de incidência daquele imposto e muitas vezes há um
conflito entre o contribuinte e a receita em torno disso.

Por exemplo: verbas indenizatórias que a pessoa física pode receber, o conceito de
indenização é antagônico ao conceito de renda, renda é aquilo que você recebe e que soma ao
seu patrimônio, a indenização é a reparação de um dano, eu tive um prejuízo e por conta disso
eu estou sendo indenizado, então eu tinha 10, por conta de uma lesão eu fui pra 8 e tive uma
indenização de 2, voltei pra 10, isso não é rendimento tributável, pois não tem natureza de
renda, como um acréscimo, no acréscimo eu tenho 10, ganhei 2 fui pra 12, então há, por
exemplo, estes programas de adesão demissão voluntária em que a empresa acena para o
empregado que aderir, com verbas superiores aquelas previstas em lei, então assim, adira ao
programe que vc, cada ano que trabalho na Petrobrás vai ter direito a um salário extra e etc..
aquilo que está fora do que a CLT costuma pagar tem natureza indenizatória. Vc se demite
voluntáriamente mas eu vou criar um programa de indenização por sua adesão a este
programa, sobre estes valores não pode incidir Imposto de Renda. Ai a receita descobre e fala
assim: não! Não há na lei nenhuma norma concedendo isenção, aí a discussão é o seguinte: se
eu considerar que essa verba tem natureza indenizatória eu a coloco no campo de não
incidência natural, eu não preciso de uma norma concedendo a isenção porque a indenização
esta fora do conceito de renda, agora, se vc acha que a indenização tem natureza de renda ela
está aqui dentro, precisa de uma norma de isenção.

Eu já ganhei muito essa tese para empregados 15 anos atrás... se impetrava um MS contra o
empregado da receita; “ se abstenha de autuar a empresa e o empregado pela não retensão
do IR na fonte, pelo não pagamento do imposto”.... depois a jurisprudência do STJ começou a
oscilar e disse.. passa a ter natureza indenizatória se vc exigir do empregado demitido, algo
além do que a simples adesão do programa, por exemplo, vc esta sendo demitido da

128
Petrobras, mas vc não pode nos próximos 2 anos, a contar da demissão, trabalhar na loja x, vc
está proibido de trabalhar, se há este plus tem natureza indenizatória, se não há este plus é
uma mera liberalidade do patrão, hoje a questão está instável na jurisprudência.

A mesma coisa, indenizações que não sejam dessa natureza de plano de demissão voluntária,
indenização o tipo se batem no meu carro, e eu sou taxista, aí o STJ vai fazer a separação,
quanto valia o carro? 50 mil, se foi perda total, está aqui os 50 mil de indenização, estes 50 mil
estão fora do campo de incidência, mas ai o juiz condena: 50 mil pelo carro, mais 15 mil a
título de lucros cessantes, que foi o tempo que ele ficou parado esperando resolver esta
questão pra ele poder comprar um carro novo. Ai o STJ fala que os lucros cessantes não tem
natureza indenizatória, pois vc está calculando ali o valor que ele ganharia se estivesse
trabalhando, se ele estivesse trabalhando e recebendo aquele valor, ele iria pagar imposto
sobre aquele valor, o carro que ele perdeu e está sendo restituído em forma de dinheiro, aqui
há uma indenização sem imposto, mas a indenização a título de lucro cessante deve ser
tratado como lucro.

O instituto da indenização que é reparação de um dano, este se encontra fora do campo de


incidência do IR

Resposta a pergunta de aluno; ás vezes, o que acontece, isto era uma jurisprudência pacífica,
aí as pessoas começam a abusar, tipo, eu sou diretor de uma empresa e saio, aí eu recebo um
bonus de dinheiro de indenização de 4 milhões de dólares, principalmente para os grandes
executivos de grandes empresas que as vezes sai de uma grande empresa e vai para outra do
mesmo grupo e recebe uma bolada a título de indenização, aí a receita começo a dizer: isso aí
é remuneração. Sair do Friboi pra ceara, está no mesmo grupo, então quando começa a
abusar, as vezes vc tem uma coisa que esta funcionando e as pessoas abusam, há uma reação,
então hoje o STJ não é tão tanquilo quanto a indenização porque vc tem que caracterizar bem.
Eu acho que é indenização mesmo, porque vc abre Mao. O cara ta há 20 anos na Petrobras o
cara abre Mao de uma estabilidade na prática, ele é incentivado a abrir Mao dessa posição
confortável mediante uma indenização.

Outra resposta para aluno: mas aí vem outro abuso, sobre aviso prévio indenizado não haveria
incidência o INSS, eu acho que isso ta tranquilo, a jurisprudência esta nesse sentido, aí já há
decisões no STJ que não há incidência de contribuição previdenciária sobre hora extra, ora, se
aquilo que você recebe a titulo de hora extra, se não for considerado remuneração pelo
trabalho vai ser o que? Então vai abusando. Aí falam assim: já que não tem incidência sobre
aviso prévio indenizado, não tem sobre licença maternidade, hora extra, um terço de férias e
isso é aplicação equivocada da jurisprudência do Supremo.

Essa do um terço de férias, o que foi julgado no supremo e que o STJ interpretou de outro
jeito, o cara era servidor público federal aposentado, entrou falando que a CF garante a
equiparação do servidor da ativa, mas desde que eu me aposentei eu não recebo mais o terço
de férias. Ai a Ellen Grace disse, vc não recebe o terço de férias pois aposentado não tira férias
e aí no voto dela ela disse, este terço de férias tem a sua razão de ser, quando a pessoa sai de
férias ela sai da sua rotina e ela gasta mais do que o normal e este terço é pra indenizar estes
gastos. Ai o advogado esperto pega parte do voto pra fundamentar, diz que o supremo falou
que tem natureza indenizatória, aí o STJ vai e fala, já que tem natureza indenizatória não paga
INSS e foi isso. Aí tudo passou a ser indenizatório...

Outro questionamento de aluno: na verdade, incide contribuição previdenciária sobre tudo


aquilo que é considerado remuneração do empregado, é o salário de contribuição, quando a

129
constituição instituiu a PLR- participação nos lucros e resultados disse com todas as letras que
em hipótese alguma, a verba para PLR pode ser considerada remuneração, para evitar a
incidencia contribuição previdenciária, paga-se IR sobre PLR. Se a CF não dissesse isso talvez
incidiria. Este valor a título do PLR não pode Ser considerado remuneração, por via transversa
é como uma imunidade, a Constituição colocou no campo da não incidência.

Se tiver curiosidade eu tenho a lista de todas as regras de onde incidem a contribuição e INSS e
qual é a jurisprudência.

Bom, aqui vcs tiveram um panorama geral do campo de incidência, não incidência, isenção,
imunidade, alíquota zero. O que nós vamos estudar aqui são as imunidades, ou seja, as
desonerações previstas na constituição:

Art 150, inciso 6-A


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais


ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na
etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Essa é chamada de imunidade intergovernamental recíproca, a União não pode cobrar


imposto sobre o patrimônio dos estados, os estados não podem cobrar dos municípios e da
união e os municípios não podem cobrar dos estados e da união.

OBS-> fala-se em impostos e não tributos, não há imunidade de taxas e contribuições, muitas
vezes o que há é isenções de taxas e contribuições, a união não paga taxas judiciais aos
estados, os municípios não pagam aos estados por força de lei estadual que concede isenção.
A imunidade alcança impostos.

É uma decorrência do próprio principio federativo segundo o STF, tanto que ele considerou
essa imunidade cláusula pétria. A EC3 de 93 que criou o IPMF que dps foi extinto e substituído
pela CPMF a emenda 3 ao criar o IMPF ela colocou uma regrinha lá falando o seguinte: a
vedação do art. 150 inciso 6 A não se aplica ao IPMF. Ou seja ela queria que o IPMF incidisse
sobre movimentações financeiras dos municípios e dos estados. 3 estados do sul ajuizaram
uma ADIn contra a EC3 de 93 dizendo que a mitigação da imunidade intergovernamental era
inconstitucional porque feria o princípio federativo e se aparava em uma jurisprudência da
suprema corte americana que decidiu nesse sentido de que os estados não podiam cobrar

130
impostos um dos outros e que a união não podia cobrar impostos dos estados, a suprema
corte americana decidiu isso sem que houvesse na constituição americana nenhuma norma,
foi uma aplicação do princípio federativo e que tem uma frase famosa do juiz marshal que foi o
relator do caso que diz: “ poder de tributar é um poder de destruir, quem tem poder de
tributar tem poder de destruir”, então vc tem que proibir a cobrança de impostos entre
pessoas políticas para evitar que um possa destruir o outro, se a união pudesse cobrar imposto
do município ela poderia chegar ao ponto de retirar do município a sua autonomia, podia
destruir a municipalidade, isto de acordo com a jurisprudência americana que foi adotada
aqui. Esta é uma decisão muito importante do STF, que eu já disse aqui, o supremo teve a
ousadia declarar inconstitucional uma cláusula da própria constituição.

Até 35 min......

RIO, 12 DE MAIO DE 2014 – ANA LUISA (TRINTA E CINCO MINUTOS FINAIS)


DIREITO TRIBUTARIO. A PARTIR DE 35 MINUTOS
Então essa é uma decisão muito importante do Supremo Tribunal Federal. O Supremo teve a
ousadia de declarar inconstitucional uma cláusula da própria Constituição, que foi inserida na
Constituição por emenda, com base no artigo 60, § 4º, que trata das cláusulas pétreas (aquilo
que não pode ser modificado pelo poder derivado). Essa imunidade, que está no art. 150, VI, a,
não pode ser modificada por emenda à Constituição, porque ela está protegida pelo art. 60,
§4º, que diz o que não pode ser objeto de emenda e, dentre as coisas que não podem ser
objeto de emenda, está a forma federativa de Estado. Com base nisso, o Supremo declarou
inconstitucional. É muito bom esse acórdão, pois quase todos os ministros fizeram votos bem
fundamentados (ocorreu em 1993).

Impostos sobre Patrimônio, Renda e Serviços

A interpretação do que são impostos sobre patrimônio, renda e serviços deve ser a mais ampla
possível, não deve ser literal, como quem diz assim: imposto sobre patrimônio é IPVA, IPTU e
ITR. Literalidade seria isso, porque tem 3 impostos que incidem literalmente sobre o
patrimônio: imposto sobre a propriedade de veículo automotor, sobre a propriedade de
imóvel urbano e sobre a propriedade territorial rural (? 37:09), mas o Supremo dá uma
interpretação ampla, por exemplo a vedação em relação ao IPMF.

Da mesma forma o Supremo já declarou que não podia incidir IOF sobre as aplicações
financeiras dos estados e dos municípios, assim como Collor quis cobrar na época em que
governava por meio de resolução do Banco Central (cobrar IOF de município e de estado).

(Comentário: O presidente do Banco Central não sabia falar português, a ministra de


Economia, Zélia Cardoso, não sabia nada de economia, então naquela época estávamos bem.
Livro contando a biografia dela: Zélia, uma paixão (escrito por Fernando Sabino). Como foi
feito aquele bloqueio dos cruzados novos está presente no livro também. Zélia era uma
mulher de 30 e poucos anos, que não tinha currículo pra ser ministra da Economia; reuniu
Fazenda, Planejamento, porque o Collor reduziu muitos ministérios, então, por exemplo,
Ministro de Infra-estrutura pegou um monte de coisa, como transporte, etc, Economia idem.
Antes tinha Ministério de Administração, Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda,
Ministério da Previdência, enfim, tudo isso ficou debaixo do Ministério da Economia; era um
poder nunca antes visto, dado ao Ministro da Economia, que começa com o governo do
Collor.)

131
Ibrahim Eris, presidente do Banco Central, quis cobrar IOF de estados e municípios, mas o
Supremo se opôs a isso, disse que não podia, pois o dinheiro movimentado pelos municípios e
pelos estados integra o patrimônio mobiliário dos entes federados.

Então, há ampliação da interpretação do art. 150, VI, a, porque, se você questionar: IOF é
imposto sobre o patrimônio? Não, literalmente é imposto sobre operações financeiras em um
ambiente bancário, operações cambiais, operações de crédito, etc., mas que alcançam/
atingem o patrimônio. Dessa forma, estaria protegido pela imunidade, também alcançaria o
IOF. O mesmo ocorre com o IPMF.

Portanto, impostos sobre patrimônio, renda e serviços: não alcançam as taxas e contribuições
e deve se dar a esses impostos uma interpretação ampla.

2. Essa imunidade não alcança os impostos sobre o consumo, a não ser quando os entes
federados, e isso é hipótese remotíssima, sejam contribuintes de direito. Quando eles são
contribuintes de fato, eles não estão alcançados pela imunidade.

Observação: quando pode ser contribuinte de direito? Quando o Estado, município ou União
fizer as vezes de comerciante industrial ou produtor rural. Essa hipótese é remota ou
inexistente. Porém essa imunidade do art. 150, VI, a, se estende para as autarquias e
fundações públicas e pode ser, há alguns exemplos remotíssimos, que alguma autarquia ou
fundação pública seja contribuinte de direito mesmo, produza alguma coisa e, dessa forma,
esteja alcançado pela imunidade, mas como contribuintes de fato não.

Quando a União compra carro para a polícia federal, ela paga ICMS, IPI, paga o que for, porque
ela é contribuinte de fato, o contribuinte de direito já (43:55 ?) automóvel. Para que a União
não pague, precisa de uma lei federal, uma lei estadual, para dizer assim: Volkswagen, Toyota,
se você vender para a União, você estará isenta. Porque, se não tiver uma lei concedendo
isenção para as fábricas de automóvel, quando a União for comprar, ela vai pagar como o
contribuinte paga. Se um Corolla custa 80 mil, então irá pagar 80 mil, pois ela não está
pagando imposto, ela está comprando um carro que custa 80 mil. Porém, dentro desses 80 mil
tem ICMS, tem IPI, tem todos os impostos incidentes que não são alcançados pela imunidade.

Então, esta imunidade do art. 150, VI, a, não alcança o cafezinho que se toma em todas as
repartições públicas, que são comprados em supermercado e tal. Quando se faz uma licitação,
há embutido no preço do cafezinho o IPI, ICMS e tal, que o Estado, município, União, quando
compra, paga. Como consumidores, os governos pagam os impostos sobre o consumo.

Esta imunidade, art. 150, VI, a, se estende às autarquias e às fundações públicas, nos termos
da Constituição, conforme disposto no §2º do art. 150:

Art. 150. § 2º - A vedação do inciso VI, (a), é extensiva às autarquias e às fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Há dois precedentes do Supremo que estendem essa imunidade a empresas públicas.


Especificamente a jurisprudência do Supremo se refere aos CORREIOS, nas atividades dos
Correios exercidas com monopólio (é monopólio dos Correios entregar carta, só eles podem
fazer isso), e a INFRAERO.

Então, o conceito legal de carta tem que ser fechado. Há guerra nesse conceito de carta, pois
se questiona: conta de telefone, conta de energia, conta de cartão de crédito, isso é carta ou

132
não é? Porque, se for carta, só os Correios podem entregar e, para isso, há um mercado
enorme de concorrência, de empresas, de logísticas, de entregas, de correspondência que
trabalham nesse mercado.

Porém, em relação aos Correios, o STF já declarou a imunidade deles e recém já tinha
declarado daquilo que só os Correios podiam fazer. Mais recentemente, por 6x5, em uma
guerra interna dentro do Supremo, declarou-se que todas as receitas do Correio são imunes,
mesmo de atividades em que eles podem dividir, em que há concorrência. Logo, os Correios
foram beneficiados pela imunidade (recentíssima jurisprudência do Supremo), mesmo nas
outras atividades dos Correios, em que ele está concorrendo com a iniciativa privada. A receita
de fundo dessas atividades vai custear a atividade essencial dos Correios, porque eles não têm
direito de negar a entrega de carta em qualquer lugar do Brasil. E isso uma empresa privada
não vai querer fazer, porque o custo de uma entrega de carta de 80 centavos, 1 real, em um
lugar muito distante, é um prejuízo enorme. Dá dinheiro entregar SEDEX em São Paulo, mas
carta comum no Norte do país é um prejuízo enorme. Então, todas essas atividades dos
Correios são para custear, viabilizar economicamente a realização das suas atividades
essenciais.

Também a INFRAERO, que é empresa pública, não é autarquia nem fundação. O Supremo
reconheceu a imunidade da INFRAERO quanto aos seus patrimônios imobiliários onde estão os
aeroportos. Exemplo: aeroporto Santos Dumont não paga IPTU; aeroporto de Congonhas
idem, também não paga ISS das atividades de serviços prestados pela INFRAERO às
companhias aéreas, como as relacionadas à pouso, pois são imunes.

Apesar de a Constituição falar apenas em autarquia e fundação, esses são os dois únicos
precedentes que eu conheço de duas empresas públicas que tiveram o mesmo tratamento
que elas.

O que mais de imunidade intergovernamental? É cláusula pétrea, não alcança os impostos


sobre o consumo; art. 150, VI, a.

Art. 150, VI, b:

Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

b) templos de qualquer culto;

Imunidade dos templos de qualquer culto é uma imunidade objetiva, não estamos falando da
imunidade da instituição religiosa. A instituição religiosa não é imune por ser instituição
religiosa. A imunidade das instituições religiosas pode ocorrer, pode ser reconhecida, se essas
instituições forem enquadradas como instituições de assistência social sem fins lucrativos,
mas, por ser instituição religiosa, não há imunidade. Há imunidade do templo. Então, as Igrejas
católicas, os templos protestantes, os centros espíritas, as sedes da Universal do Reino de Deus
são imunes no que se refere ao imposto sobre o patrimônio.

Dúvida: aquele dinheirão que o Edir Macedo arrecada tem imunidade? Não, pois é o templo
que tem imunidade, é imunidade que se diz objetiva. Se o templo for um bem imóvel, não
paga IPTU; se for uma Kombi, não paga IPVA; se for uma fazenda, não paga ITR.Templo de
qualquer culto: imunidade, sem discriminação.

133
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Essa é a imunidade mais complicada. Primeiramente o seguinte: eu acho que este dispositivo
da alínea C deveria ser dividido em dois: (i) a imunidade dos partidos políticos, inclusive das
suas fundações e das entidades sindicais dos trabalhadores, ponto e vírgula, é assim que eu
leio. Depois tem (ii) as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei.

Por que eu falo isso? Porque podem ter instituições de educação e de assistência social com
fins lucrativos e sem fins lucrativos. Se eu fizer um lar para terceira idade para ricos, eu vou
cobrar 20 mil por mês para ficar em um lugar. Eu posso ter um colégio com fins lucrativos e
colégio sem fins lucrativos. Agora, eu posso ter, oficialmente, partido político com fins
lucrativos e sem fins lucrativos? Não posso. Eu posso ter entidade sindical com fins lucrativos
ou sem fins lucrativos? Não. Então, assim, se eu for do partido político, eu estou imune; se eu
for sindicato, eu estou imune. Porque você pode falar assim: o PT não prestou contas da
campanha dele de 2010, então perdeu a imunidade. Perde a imunidade, como assim? O PT vai
pagar imposto de renda quando? Ele distribui dividendo pra quem, pro diretório, pros filiados?
Se o PT ou o PSDB não prestar contas, ele pode ser punido pela legislação eleitoral e ter o seu
registro como partido cassado. Ele pode deixar de ser partido, pois, para manter o registro,
tem que prestar contas, tem que ser aprovado, dentre outros requisitos, mas você não pode
em reprimenda cobrar imposto de renda do partido. Nesse aspecto, eu acho que esse artigo
deve ser lido assim: a imunidade é do partido político e das suas fundações e das entidades
sindicais dos trabalhadores.

Agora, as instituições de educação e de assistência social SEM fins lucrativos, atendidos os


requisitos da lei. Qual lei? Como estamos tratando de uma limitação ao poder de tributar e
como o art. 146, CF diz que compete à lei complementar regular as limitações ao poder de
tributar, esta lei a que se refere o art. 150, VI, c, é LEI COMPLEMENTAR. Essa lei complementar
é o Código Tributário Nacional, que foi recepcionado pela CF/88 e, salvo engano, no art. 14 do
CTN estabelece os requisitos que as instituições de educação e de assistência social devem
cumprir para fazer jus à imunidade.

Art. 146 - Cabe à lei complementar:


II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos


seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
(Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;

134
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade
competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os
diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este
artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Então, o primeiro requisito: não pode distribuir lucro a qualquer título. Distribuição de lucro
NÃO, porém ter lucro não se confunde com ter resultado positivo. Eu, como instituição de
educação ou de assistência social sem fins lucrativos, posso ter mais receitas do que despesas,
mas isso na contabilidade própria das instituições de educação ou de assistência social, essa
diferença positiva operacional, ter mais receita do que despesa, a isso não se chama LUCRO, se
chama SUPERÁVIT, porque lucro é aquilo que está disponível para ser distribuído sobre a
forma de dividendos. Lucro é aquilo que eu posso distribuir aos acionistas, aos sócios, na
forma de dividendos. Se eu estou proibido de ter lucros, aquele superávit tem que ser
obrigatoriamente reinvestido na instituição, ele tem que ficar dentro da instituição e não pode
ser distribuído. Então o ideal, o melhor dos mundos seria que uma Santa Casa de Misericórdia
tivesse resultado positivo, que pudesse ter uma ala para atender; Santa Casa tem médicos de
excelência e tem uma ala privada, que vai dar um resultado positivo para poder bancar o
atendimento aos indigentes que vão à procura da Santa Casa. Se as instituições de assistência
social fossem autossustentáveis, seria o melhor, pois o resultado positivo seria reinvestido na
própria atividade. Isso em instituições de educação, idem.
Na verdade, essa é a imunidade mais polêmica que existe. Eu acho que não deveria estar na
Constituição como imunidade, acho que poderiam ser pontualmente concedidas isenções,
muito mais particularizadas, com exigências muito maiores, pois há muita picaretagem em
torno dessas imunidades de instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos
e, por conta do excesso de picaretagem, há muitas misturas a descomungados. Às vezes as
instituições são sérias, são fiscalizadas, incompreendidas e outras que não são se beneficiam.
Por quê? Porque pode acontecer de existir uma instituição, um colégio que dá muito dinheiro
e tem uma fundação de apoio, que é a proprietária desse colégio, que não distribui o lucro,
mas os diretores da fundação têm remunerações elevadíssimas. A fundação não distribui
lucro, mas ela tem avião, ilha em Angra para fazer palestra e levar os alunos, etc. Então, o que
se percebe é que há muitas manobras dessas instituições de educação e de assistência social,
muita distorção e isso às vezes prejudica aquelas que são sérias. Isso eu já vi, várias fundações
de apoio de universidades federais sendo prejudicadas, incompreendidas. Exemplo: Fundação
Christiano Ottoni, que abrigava as escolas de engenharia, perdeu imunidade, porque
desenvolveu um programa que começou a dar muito dinheiro, mas o dinheiro ficava lá.
Melhorou muito a escola de engenharia, que desenvolveu dentro da Fundação um programa
chamado Qualidade Total. A partir disso, começou a ter muitos clientes e o dinheiro realmente
era reinvestido em melhorias nas escolas de engenharia, pesquisa, mas a pressão foi tão
grande, quase uma perseguição, que decidiram acabar.
Isso é polêmico. Essas fundações de assistência social e de educação sem fins lucrativos, os
requisitos da lei são aqueles lá, que não tem... Eu já vi problema, por exemplo, de instituições
religiosas que falam que, como requisito tem que aplicar “integralmente, no País, os seus
recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais”. Mas toda instituição religiosa de
ensino tem que mandar um dinheirinho pro Vaticano. A Receita Federal já implicou muito com
isso, perdeu no Supremo, o Ives Granda defendeu as instituições de ensino, porque toda
instituição religiosa dá a sua contribuição ao Vaticano. A Receita alegou que elas não

135
aplicavam integralmente no país a receita, porém esse dispositivo foi elaborado para evitar
que não houvesse lucro aqui e fossem feitos investimento, negócios, atividades lá fora. Além
disso, a contribuição dada ao Vaticano era ínfima, logo o Supremo admitiu a manutenção da
imunidade, mesmo com essas regras de contribuição, levando em consideração o direito
canônico, tratado internacional já existente, etc. Sendo assim, foi mantida a imunidade e ficou
tudo bem.
Há um problema, que veremos na próxima aula: como convive a imunidade do art. 150, VI, c
com a do art. 195, §7º, que é imunidade para as entidades filantrópicas das contribuições
previdenciárias? Nesse caso, precisa-se cumprir com muitos mais requisitos do que os do art.
14 da CTN.
Voltaremos ao art. 150, VI, c. Depois tem o art. 150, VI, d, que eu vou trazer pra vocês o
leading case que será julgado no Supremo, que é imunidade do livro, jornal, periódico e papel
destinado a sua impressão. Está na pauta do Supremo; pode ser julgado ainda esse ano se essa
imunidade alcança ou não o livro eletrônico. Porque, quando se fala em livro, jornal, papel,
pensa-se “ah, lógico que alcança”, mas há uma literalidade “livro, jornal, periódico E O PAPEL
DESTINADO A SUA IMPRESSÃO” que faz com que vários interpretem que só pode ser LIVRO EM
PAPEL, jornal em PAPEL, periódico EM PAPEL.

RIO, 14 MAIO – NÃO HOUVE AULA


RIO, 19 DE MAIO DE 2014 – LUIZ CLAUDIO

DIREITO TRIBUTARIO
PROPOSTA NO CASO DE GREVE DA POLÍCIA. HAVERÁ UM TRABALHO COM QUATRO
QUESTÕES PARA SEREM RESPONDIDAS E ENTREGUES NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA.

VAMOS ACABAR AS IMUNIDADES. NÓS VIMOS NA AULA PASSADA AS CHAMADAS


IMUNIDADES GENÉRICAS QUE ALCANÇAM MAIS DE UM IMPOSTO. A IMUNIDADES DO ARTIGO
150, INCISO VI, ALÍNEAS a, b, c E d..
A IMUNIDADE INTERGOVERNAMENTAL RECIPROCA, QUE FOI DECLARADA CLÁUSULA
PÉTREA PELO SUPREMO. A IMUNIDADE INTERGOVERNAMENTAL POR SER UMA DECORRENCIA
DO PRINCIPIO FEDERATIVO. A IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO. A
IMUNIDADE DO LIVRO, JORNAL, PERIÓDICO, PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO.
EU DISSE AQUI A VOCÊS QUE ESSSA IMUNIDADE. A EXTENSÃO DESSA IMUNIDADE
ESTÁ NA PAUTA DO SUPREMO, PARA SABER SE ESSA IMUNIDADE DE JORNAL, PERIÓDICOS
ALCANÇA O LIVRO ELETRÕNICO. O ENTENDIMENTO DA RECEITA FEDERAL É DE QUE NÃO
ALCANÇA. SÓ ALCANÇA OS LIVROS DE PAPEL.
EM PRINCÍPIO HAVIA DECISÕES, ASSIM, MONOCRÁTICAS DO SUPREMO LEVANDO
TAMBÉM A ESSE ENTENDIMENTO. EU ESPERO QUE MUDE. EU ESPERO QUE ALCANCE O LIVRO
ELETRôNICO, O JORNAL ELETRÔNICO. A REVISTA ELETRÔNICA. NÃO FAZ SENTIDO O LIVRO EM
PAPEL TER IMUNIDADES E OUTROS LIVROS, O ELETRÔNICO, POR EXEMPLO, NÃO TER ESSA
IMUNIDADE.
TEMOS AINDA A IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, SUAS FUNDAÇOES. TEMOS A
IMUNIDADE DOS SINDICATOS DOS EMPREGADOS.

136
ALÉM DISSO, TEMOS A IMUNIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM
FINS LUCRATIVOS, ATENDIDOS OS REQUISITOS DA LEI. ATENÇÃO: ESSA LEI É LEI
COMPLEMENTAR, PORQUE ESTÁ REGULANDO UMA LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR. OS
REQUISITOS ESTÃO NO ARTIGO 14 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. TRATA DOS
REQUISITOS DAS IMUNIDADES das instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em
razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3,
de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público;
VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas
de leitura a laser.(Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de
15.10.2013)
§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos
previstos nos arts. 153, I, II, IV e V, e 154, II.
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do
inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos
previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias
e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

137
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior
não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados
com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas
aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c",
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre
mercadorias e serviços.
§ 6º - Qualquer anistia ou remissão, que envolva matéria
tributária ou previdenciária, só poderá ser concedida através de lei
específica, federal, estadual ou municipal.
§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão,
relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º,
XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação
tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou
contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga,
caso não se realize o fato gerador presumido.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é


subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades
nele referidas:
I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou
de suas rendas, a título de lucro ou participação no seu resultado;
I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos
na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas
em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo,
ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a
aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV
do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os
objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo,
previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

ESTAS SÃO AS IMUNIDADES GENÉRICAS, SOBRE AS QUAIS JÁ CONVERSAMOS NA AULA


PASSADA.

138
AGORA VEREMOS AS IMUNIDADES ESPECIFICAS DE CADA IMPOSTO, OU SEJA,
VEREMOS AS OUTRAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS. VEREMOS AS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS DE
CADA IMPOSTO OU DE CADA CONTRIBUIÇÃO.
VEJAMOS AS DIVERSAS HIPÓTESES DO ARTIGO 153;
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a
títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições
e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V.
§ 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da
universalidade e da progressividade, na forma da lei;
II - não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre
rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela
previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos,
cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do
trabalho. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido
em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
III - não incidirá sobre produtos industrializados
destinados ao exterior.
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de
capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 4º - O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas
fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas
em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que
não possua outro imóvel.
§ 4º O imposto previsto no inciso VI
do caput: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas
em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro
imóvel; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim
optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto
ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (Regulamento)
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo
financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à
incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste
artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de
um por cento, assegurada a transferência do montante da

139
arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o
Território, conforme a origem;
II - setenta por cento para o Município de origem.

VEJAMOS O ARTGIO 153, § 3º, INCISO III DA CF. A CONSTITUIÇÃO DISSE O SEGUINTE
EM RELAÇÃO AO IPI:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


IV - produtos industrializados;
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV: (ESTÁ ACIMA)
III - não incidirá sobre produtos industrializados
destinados ao exterior.

TEMOS AQUI, EM RELAÇÃO AO IPI, A IMUNIDADE EM RELAÇÃO AS OPERAÇÕES DE


EXPORTAÇÃO. TEMOS ENTÃO QUE EXPORTAÇÃO DE PRODUTO INDUSTRIALIZADO É IMUNE AO
IPI.
VEJAMOS AGORA O ARTIGO 153, §4º, INCISO II:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


VI - propriedade territorial rural;

§ 4º O imposto previsto no inciso VI


do caput: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)(INCISO VI ACIMA)
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas
em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro
imóvel; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

A IMUNIDADE ACIMA É A IMUNDADE DO IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. SE VOCÊ TEM


UM SÍTIO DE LAZER, IMÓVEL URBANO E OUTROS TIPOS. ESTES NÃO SÃO IMUNES.
ENTRETANTO, A GLEBA RURAL DA AGRICULTURA FAMILIAR. A AGROPECUÁRIA FAMILIAR QUE
É O ÚNICO IMÓVEL DAQUELA PESSOA E ESTA VIVE DAQUELE IMÓVEL. ESTA PROPRIEDADE
ESTÁ IMUNE.
AQUI NÃO É BEM. É UMA IMUNIDADE SIM. PORÉM, EM RELAÇÃO AO IOF É UMA
IMUNIDADE. ESTAMOS FALANDO DO ARTIGO 153, § 5º:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a


títulos ou valores mobiliários;

§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo


financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à
incidência do imposto de que trata o inciso V do “caput” deste
artigo (ESTA ACIMA), devido na operação de origem; a alíquota
mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

ISTO SIGNIFICA QUE AQUI HÁ UMA IMUNIDADE DO OURO COMO ATIVO


FINANCEIRO EM RELAÇÃO AO ICMS. VER O ARTIGO 153, §5º ACIMA. PORQUE VOCÊ TEM O
OURO COMPRADO EM BARRA. PESADO. VOCÊ COMPRA NA BALANÇA 100 GR de Ouro e O

140
JOALHEIRO VAI FAZER O ANEL, VAI FAZER O BRINCO. NESTE CASO, TEMOS UMA MERCADORIA
SOBRE A QUAL INCIDE ICMS.
ENTRETANTO, TEM O OURO TRATADO NA LEGISLAÇÃO BANCÁRIA QUE É O
ATIVO FINANCEIRO QUE VOCÊ VAI NO GERENTE DE BANCO E ELE FALA ASSIM: VOCE QUER
APLICAR EM CDB, VOCE QUER COMPRAR OURO. TEMOS NO CASO UM ATIVO FINANCEIRO.
DENTRO DE UM AMBIENTE BANCÁRIO. ESTE OURO É DESCARACTERIZADO NA CONSTITUIÇÃO
COMO MERCADORIA. PARA QUE NÃO INCIDA O ICMS, MAS PARA QUE INCIDA APENAS O IOF.
EM RELAÇÃO AOS TRIBUTOS FEDERAIS O QUE TEMOS É ISSO.
HAVIA UMA IMUNIDADE PARA IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS COM MAIS
DE 65 (SESSENTA E CINCO) ANOS DE IDADE, NOS TERMOS DA LEI. ESSA IMUNIDADE FOI
REVOGADA POR UMA EMENDA CONSTITUCIONAL.
HOJE NÓS TEMOS EM RELAÇÃO AOS IMPOSTOS FEDERAIS ESTAS HIPÓTESES QUE EU
ACABEI DE LER PARA VOCÊS.

VEJAMOS AGORA SOBRE OS IMPOSTOS ESTADUAIS. ESTÃO PREVISTOS NO ARTIGO


155:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - propriedade de veículos automotores. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1º O imposto previsto no inciso I, a
§ 1.º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,
compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete
ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver
domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
III - terá competência para sua instituição regulada por lei
complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado
ou teve o seu inventário processado no exterior;
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado
Federal;
§ 2º - O imposto previsto no inciso I, b, atenderá ao seguinte:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
outro Estado ou pelo Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em
contrário da legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante
devido nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações
anteriores;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das
mercadorias e dos serviços;

141
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente
da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às
operações e prestações, interestaduais e de exportação;
V - é facultado ao Senado Federal:
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas,
mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria
absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para
resolver conflito específico que envolva interesse de Estados,
mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por
dois terços de seus membros;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas
internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para
as operações interestaduais;
VII - em relação às operações e prestações que destinem
bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado,
adotar-se-á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for
contribuinte do imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for
contribuinte dele;
VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao
Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual;
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda
quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do
estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior,
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento
destinatário da mercadoria ou do serviço;
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do
exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte
habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como
sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado
onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário
da mercadoria, bem ou serviço;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
fornecidas com serviços não compreendidos na competência
tributária dos Municípios;
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem ao exterior produtos
industrializados, excluídos os semi-elaborados definidos em lei
complementar;
a) sobre operações que destinem mercadorias para o
exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
b) sobre operações que destinem a outros Estados
petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de

142
recepção livre e gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante
do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação,
realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à
industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois
impostos;
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do
estabelecimento responsável, o local das operações relativas à
circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o
exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso
X, "a"
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à
remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços
e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e
do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o
imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade,
hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto
a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou
serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do
"caput" deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo incidirá
sobre operações relativas a energia elétrica, combustíveis líquidos e
gasosos, lubrificantes e minerais do País.
§ 3.º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste
artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II
do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá
incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do
País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o
seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis
derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o
consumo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos
no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados
de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que
ocorre nas operações com as demais mercadorias; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus
derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I
deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao

143
Estado de origem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante
deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g,
observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser
diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada,
ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço
que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições
de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, b.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º,
inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão
estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do § 2º, XII, g. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
§ 6º O imposto previsto no inciso III: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
utilização.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

EM RELAÇÃO AO ICMS. VEJAMOS O ARTIGO 155, §2º, INCISO X:


LEITURA:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal


instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

X - não incidirá: (A CF NÃO FALA É IMUNE)


a) sobre operações que destinem ao exterior produtos
industrializados, excluídos os semi-elaborados definidos em lei
complementar;
a) sobre operações que destinem mercadorias para o
exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
b) sobre operações que destinem a outros Estados
petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)

144
A ALINEA a ACIMA, TRATA DA IMUNIDADE DE ICMS NA EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS E
NA EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. HÁ UMA QUESTÃO IMPORTANTE AQUI. VOCÊS SE LEMBRAM
QUE – PODE SER MATÉRIA DE PROVA – VIRTUAL OU PRESENCIAL - QUANDO ESTUDAMOS NÃO
CUMULATIVADADE – A REGRA DA NÃO CUMULATIVADE QUE FALA ASSIM: A NÃO INCIDÊNCIA
OU ISENÇÃO ACARRETARÁ A ANULAÇAO DO CRÉDITO DAS OPERAÇÕES ANTERIORES. ESTA É A
REGRA. SE EU VENDO COM ISENÇÃO, EU TIVE UMA ENTRADA QUE EU LANCEI CRÉDITO. SE EU
VENDO COM ISENÇÃO EU TENHO QUE ANULAR AQUELE CRÉDITO. ISTO PARA CASO DE
ISENÇÃO.
JÁ QUANDO FOR CASO DE IMUNIDADE, VOCÊ PODE MANTER O CRÉDITO. ESTÁ AQUUI
NO PARÁGRO 2º, INCISO X, ALÍNEA A DO ARTIGO 155.

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao


seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

X - não incidirá: (A CF NÃO FALA É IMUNE)


a) sobre operações que destinem mercadorias para o
exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas
operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

ENTÃO, ALÉM DE ASSEGURAR A MANUTAÇÃO A CONSTITUIÇÃO DETERMINA QUE SEJA


ASSEGURADO O APROVEITAMENTO DO CRÉDITO. AI VOCE PODE PERGUNTAR: COMO? SE EU
NÃO TENHO TRIBUTO A PAGAR, PORQUE É IMUNE, COMO É QUE EU APROVEITO AQUELE
CRÉDITO QUE ESTÁ LANÇADO?
A CONSTITUIÇÃO DETERMINA QUE ASSIM O FAÇA.
COMO SE FAZ? AS LEGISLAÇÕES ESTADUAIS AUTORIZAM ESSE CRÉDITO DAS
EXPORTADORAS. ELES SÃO TRATADOS COMO MOEDA, COM DINHEIRO. AS EXPORTADORAS
PODEM EMITIR NOTAS DE CRÉDITO PARA PAGAR FORNECEDORES, PARA TRANSFERIR PARA
OUTROS CONTRIBUINTES. NORMALMENTE FORNECEDOR, EU DEI EXEMPLO, A CSN COMPRA
ENERGIA ELÉTRICA DA LIGHT. TEM LÁ 25% DE ICMS. EXPORTA AÇO: ZERO DE ICMS. ELA FICA
COM AQUELE CRÉDITO ACUMULADO. ELA PAGA A PRÓXIMA CONTA DA LIGHT COM O
CRÉDITO DE ICMS ACUMULADO. ELA DIZ, POR EXEMPLO, EU TENHO UM MILHÃO DE CRÉDITO
DE ICMS, A CONTA DA LIGHT DEU DOIS MILHÕES. ELA PODE PAGAR COM UM MILHÃO EM
DINHEIRO E COM UM MILHÃO DE NOTA FISCAL DE CRÉDITO.
ELA PODE PELA LEI FAZER ISTO, POIS A CONSTITUIÇÃO ASSIM ASSEGURA.

PERGUNTA: ELA PODE USAR ESTA NOTA FISCAL DE CRÉDITO QUANTO AO ICMS PARA
PAGAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS?
PROFESSOR: NÃO. NÃO. QUALQUER IMUNIDADE DE ICMS SÓ PODE SER COMPENSADA
COM ICMS. O CRÉDITO, ALÉM DISSO, SÓ SE DÁ NO CASO DE EXPORTAÇÃO. QUALQUER
IMUNIDADE DE ICMS, MAS A ÚNICA QUE TEM É ESSA.
ATENÇÃO: AS DEMAIS HIPÓTESES SÃO DE ISENÇÃO.
A GARANTIA É SÓ ESSA. ENTRETANTO, TEM OUTRA IMUNIDADE:
b) sobre operações que destinem a outros Estados
petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e energia elétrica;

145
A MANUTENÇÃO DO CRÉDITO É DA EXPORTAÇÃO. É INCENTIVO AOS EXPORTADORES.
ESTÁ OUTRA IMUNIDADE, PREVISTA NA ALÍNEA b acima, É UMA IMUNIDADE QUE SÓ TRAZ
CONFUSÃO.
É UMA IMUNIDADE QUE FOI MITITGADA E DIMINIUIDA PELA JURISPRUDENCIA DO STF
EM UM ACÓRDÃO QUE FOI RELATOR O MINISTRO ILMAR GALVÃO:

RE 374933
EMENTA Recurso extraordinário. Tributário. Imunidade. Operações
interestaduais com Combustíveis e outros derivados de petróleo.
Artigo 155, § 2º, X, B, CF. Benefício que não se aplica ao consumidor final.
Entendimento pacífico do STF.
1. No RE nº 198.088/SP, Relator o Ministro Ilmar Galvão, julgado em 17 de
maio de 2000, o Plenário da Corte, por maioria, decidiu que a imunidade
prevista no art. 155, § 2º, X, b, da Constituição Federal incide apenas nas
operações interestaduais entre refinarias e distribuidoras, e não entre essas e o
consumidor final.
2. A benesse fiscal é outorgada às operações de comércio de petróleo e de
seus derivados entre estados federados excluídas aquelas operações
interestaduais realizadas entre a distribuidora e o consumidor final.
3. Recurso extraordinário não provido.

O ACÓRDÃO DIZ MAIS OU MENOS O SEGUINTE: SE VOCE DESTINA A OUTRA ESTADO,


GASOLINA, ÓLEO DIESEL ETC, HÁ UMA IMUNIDADE. NÃO PODE INCIDIR EM OPERAÇÕES
NTERESTADUAIS. O OBJETIVO DESSSA IMUINIDADE ERA QUE OS ESTADOS QUE NÃO
TIVESSEM REFINARIA, NÃO TIVESSEM O COMBUSTIVEL MAIS CARO DO QUE AQUELES
ESTADOS QUE TIVESSEM REFINARIA.
ENTÃO ASSIM, TEM REFINARIA NO RIO. TEM REFINARIA EM MINAS. PORÉM NÃO TEM
REFINARIA NO ESPÍRITO SANTO. ENTÃO QUANDO SE DESTINAR GASOLINA PARA O ESPÍRITO
SANTO, NÃO PODE HAVER INCIDÊNCIA DO ICMS. ESTÁ É A IDÉIA.
COMEÇOU A HAVER MUITA CONFUSÃO.
POR EXEMPLO, EU TENHO UMA INDUSTRIA E SOU CONTRIBUINTE EM MINAS, EM
BETIM, ONDE TEM UMA REFINARIA: GABRIEL PASSOS. LÁ EU TENHO A INDÚSTRIA CHAMADA
MAGNESITA. A MAGNESITA DIZ: É MELHOR EU COMPRAR GASOLINA NA REFINARIA DE
DUQUE DE CAIXAS, QUE É UM OPERAÇÃO INTERESTADUAL, DO QUE EU COMPRAR ALI DO
LADO, EM BETIM, QUE É UMA OPERAÇÃO ESTADUAL E, POR ISSO, TERÁ INCIDÊNCIA DO ICMS.
DO MESMO MODO, FARÁ UMA EMPRESA DO RIO. ELA PREFERIRÁ COMPRAR EM
GABRIEL PASSOS, DO QUE EM DUQUE DE CAXIAS, PELAS MESMAS RAZÕES ACIMA.

COMEÇOU A TER MUITA CONFUSÃO DESSA ORDEM.


OSTF DISSE, SENDO EXTREMAMENTE ATIVISTA, LEGISLANDO. O STF DISSE O SEGUINTE:
ORA, AS OPERAÇÕES INTERESETADUAIS QUE SERÃO OBJETO DE REVENDA INTERNA SÃO
IMUNES, OU SEJA, SE O COMBUSTIVEL QUE É COMPRADO NA REFINARIA DE DUQUE DE
CAIXAS, É COMPRADO POR UMA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEL, POR EXEMPLO, ALÊ
COMBUSTÍVEL, EM BH, QUE ESTÁ COMPRANDO PARA A SUA REDE DE POSTOS DE GASOLINA.
ESSA OPERAÇÃO É IMUNE. MAS SE QUEM ESTÁ COMPRANDO ESTE COMBUSTÍVEL, ESTE

146
DERIVADO DE PETRÓLEO É O CONSUMIDOR, POR EXEMPLO, A USIMINAS QUE ESTÁ VINDO Á
DUQUE DE CAIXAS COMPRAR PARA USAR, NESTE CASO, HÁ TRIBUTAÇÃO.
ENTÃO, O STF DISSE O SEGUINTE: AS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS SÃO IMUNES COM
DERIVADOS DE PETRÓLEO, DESDE QUE ESSAS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS TENHAM POR
OBJETIVO A REVENDA DESSES DERIVADOS DE PETRÓLEO.SE TIVER POR OBJETIVO O
CONSUMO, NÃO HÁ IMUNIDADE. SE EU COMPRO EM OUTRO ESTADO PARA CONSUMIR E
NÃO PARA REVENDER, NÃO HÁ IMUNIDADE. ESTE É O CONTEÚDO DA DECISÃO DO SUPREMO
NO RE 347933, TRANSCRITO ACIMA.
ALUNO: NÃO VAI HAVER TRIBUTAÇÃO ENTRE A REFINARIA E O REVENDEDOR, MAS
HAVERÁ TRIBUTAÇÃO PARA O CONSUMDOR FINAL.
PROFESSOR: CLARO. AI HAVERÁ TRIBUTAÇÃO. OBSERVE PORÉM QUE SE TRATA DE
UMA OPERAÇÃO INTERNA.
AGORA, SE A REFINARIA VENDE DIRETO PARA O CONSUMIDOR. MESMO QUE O
CONSUMIDOR ESTEJA EM OUTRO ESTADO HÁ TRIBUTAÇÃO. NO FUNDO, TODA OPERAÇÃO
INTERESTADUAL VAI SER TRIBUTADA PORQUE ADOTA-SE, VEREMOS NO PRÓXIMO SEMESTRE,
QUE PELO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA QUE É ADOTADO NAS OPERAÇÕES DE
COMBUSTÍVEIS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA. JÁ FALA ASSIM: ESTÁ OPERAÇÃO É
PARA REVENDA? SIM. E QUAL A OPERAÇÃO SEGUINTE? É, VAI SER UMA VENDA PARA O
CONSUMIDOR. ENTÃO, JÁ SE COBRA NA ORIGEM, POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA, ESTE
IMPOSTO, MAS POR CONTA DESSA OPERAÇÃO. VEREMOS ISTO MAIS A FRENTE.
A OPERAÇÃO INTERESTADUAL QUANDO É ENTRE A REFINARIA E O REVENDOR, O
DISTRIBUIDOR, É IMUNE. QUANDO FOR ENTRE A REFINARIA E O CONSUMIDOR FINAL, NÃO É
IMUNE.
O DITO ACIMA, NÃO ESTÁ ESCRITO NA CONSTITUIÇÃO. É UMA CONSTRUÇÃO
JURISPRUDENCIAL.
VOLTANDO A QUESTÃO DO OURO DISPOSTA NA ALINEA C.
X - não incidirá: (A CF NÃO FALA É IMUNE)
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

art. 153, § 5º;


§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo
financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à
incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste
artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de
um por cento, assegurada a transferência do montante da
arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)

VEJAMOS AGORA A IMUNIDADE QUE FOI ACRESCENTADA PELA


EMNDA 42, ALINEA D DO INCISO X DO ARTIGO 155.

X - não incidirá: (A CF NÃO FALA É IMUNE)


d) nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)

Esta IMUNIDADE QUE FOI ACRESCENTADA PELA EMNDA 42. EU SEMPRE IMAGINEI
QUE ESTA MODALIDADE DE RADIODIFUSÃO SONORA LIVRE E GRATUÍTA. ISTO PARA MIM

147
NUNCA HAVIA SIDO FATO GERADOR DE ICMS SOBRE COMUNICAÇÃO. POIS COMUNICAÇÃO É
VOCÊ PODER INTERAGIR NÉ? É ALGUÉM FALAR DE UM LADO E OUTRA PESSOA DE OUTRO
LADO, COMO, POR EXEMPLO, NO CASO DO TELEFONE. AGORA, A PESSOA QUE ESTÁ APENAS
ESCUTANDO O RÁDIO, FALAR QUE AQUILO É SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO. PRINCIPALMENTE
QUANDO ISTO É GRATUÍTO, POIS QUAL É A BASE DE CÁLCULO? NÃO HÁ, MAS COLOCARAM
AQUI PARA GARANTIR QUE NÃO HÁ INCIDÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO EM FACE DA REDE GLOBO,
REDE BANDEIRANTES E DEMAIS CANAIS.
O CONCEITO DE COMUNICAÇÃO DE DUAS PESSOAS UTILIZANDO TECNICIDADES É
OUTRA COISA, NÃO É ESTE O CASO. NÃO HÁ UMA COMUNICAÇÃO NO SENTIDO TÉCNICO.
ESSAS SÃO AS IMUNIDADES DO ICMS.
EM RELAÇÃO AOS IMPOSTOS ESTADUAIS NÃO TEMOS MAIS IMUNIDADES.
EM RELAÇÃO A ESSAS IMUNIDADES DE EXPORTAÇÃO DE PRODDUTOS É TRANQUILO.
VOCE SABE QUANDO SE TRATA DE BEM MATERIAL, É MUITO SIMPLES. É FÁCIL VOCÊ
VERIFICAR ESTA OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO.
ENTRETANTO, QUANDO SE TRATA DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇO A COISA É
COMPLICADA. ENTÃO HOJE, AINDA, HÁ UMA POLÊMICA, POR EXEMPLO, EM RELAÇÃO AO
SERVIÇO DE TRANSPORTE.
OS ESTADOS E VALE, POR EXEMPLO, BRIGAM NA JUSTIÇA POR CONTA DISSO. O
ESTADO DE MINAS, O ESTADO DO PARÁ.
SE O MINÉRIO DE FERRO PRODUZIDO EM ITABIRA E É VENDIDO PARA A CHINA. O QUE
A VALE ENTENDE E EU ACHO QUE COM TODA A RAZÃO: HÁ UM EXPORTAÇÃO DE SERVIÇO DE
TRANSPORTE. SE EU ESTOU EXPORTANDO MINÉRIO, AQUELE TRANSPORTE DE SERVIÇO DO
MINÉRIO, ELE TAMBÉM É UMA, O DESTINO É O EXTERIOR. JÁ O ESTADO DE MINAS ENTENDE É
QUE HÁ UM SERVIÇO DE TRANSPORTE INTERESTADUAL DE MINAS PARA O ESPÍRITO SANTO,
ONDE ESTÁ O PORTO, OU DE MINAS PARA SANTOS, ONDE ESTÁ O PORTO. E PARTIR DO
ESPIRITO SANTO OU DE SANTOS, HÁ UM SERVIÇO DE TRANSPORTE INTERNACIONAL QUE
ESTARIA IMUNE.
QUAL A DIFERENÇA DE UMA INTERPRETAÇÃO E OUTRA?
E MAIS, AS LEGISLAÇÕES DOS ESTADOS NESTE TIPO DE OPERAÇÃO FALAM ASSIM: A
OPERAÇÃO INTERESTADUAL FICA ISENTA E DE VITÓRIA OU DE SANTOS PARA FRENTE É IMUNE.
MESMO ASSIM, QUAL É A DIFERENÇA?
É A POSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DO CRÉTDITO: 155, § 1º, X, a

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito


Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - propriedade de veículos automotores. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1º O imposto previsto no inciso I, a
§ 1.º O imposto previsto no inciso I: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,
compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete
ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver
domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

148
III - terá competência para sua instituição regulada por lei
complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado
ou teve o seu inventário processado no exterior;
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado
Federal;
§ 2º - O imposto previsto no inciso I, b, atenderá ao seguinte:
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
outro Estado ou pelo Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em
contrário da legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante
devido nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações
anteriores;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das
mercadorias e dos serviços;
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente
da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às
operações e prestações, interestaduais e de exportação;
V - é facultado ao Senado Federal:
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas,
mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria
absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para
resolver conflito específico que envolva interesse de Estados,
mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por
dois terços de seus membros;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas
internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para
as operações interestaduais;
VII - em relação às operações e prestações que destinem
bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado,
adotar-se-á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for
contribuinte do imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for
contribuinte dele;
VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao
Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual;
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda
quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do
estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior,
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento
destinatário da mercadoria ou do serviço;
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do
exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte
habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como
sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado
onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário

149
da mercadoria, bem ou serviço;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
fornecidas com serviços não compreendidos na competência
tributária dos Municípios;
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem ao exterior produtos
industrializados, excluídos os semi-elaborados definidos em lei
complementar;
a) sobre operações que destinem mercadorias
para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e
o aproveitamento do montante do imposto cobrado
nas operações e prestações anteriores; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante
do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação,
realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à
industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois
impostos;
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do
estabelecimento responsável, o local das operações relativas à
circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o
exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso
X, "a"
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à
remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços
e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e
do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o
imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade,
hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto
a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou
serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do
"caput" deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo incidirá
sobre operações relativas a energia elétrica, combustíveis líquidos e
gasosos, lubrificantes e minerais do País.
§ 3.º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste
artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre

150
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II
do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá
incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do
País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o
seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis
derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o
consumo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás
natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos
no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados
de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que
ocorre nas operações com as demais mercadorias; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus
derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I
deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao
Estado de origem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante
deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g,
observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)
a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser
diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada,
ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço
que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições
de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, b.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
§ 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º,
inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão
estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito
Federal, nos termos do § 2º, XII, g. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
§ 6º O imposto previsto no inciso III: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
utilização.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

SE EU CONSIDERAR O SERVIÇO DE TRANSPORTE DESDE DE ITABIRA COMO UMA


OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO, OS CRÉDITOS DECORRENTES DA AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEL
DE TRANSPORTE PARA AQUELE TRANSPORTE DA MATÉRIA PRIMA, EU POSSO MANTER E
APROVEITAR. ENTRETANTO, SE FOR CONSIDERA OPERAÇÃO INTERESTADUAL ISENTA, EU

151
TENHO QUE ESTORNAR O CRÉDITO. ISTO DÁ UMA DIFERENÇA ENORME. ISTO NO SERVIÇO DE
TRANSPORTE.
AGORA, NO SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO É PIOR AINDA. AS VEZES ESTE SERVIÇO DE
SATÉLITE. ESTE SERVIÇOS DE DISPONIBILIDADE. AS PESSOAS NÃO SABEM COMO TRIBUTAR
ESTES SERVIÇOS. SE É IMUNE. SE NÃO É IMUNE. ONDE QUE ESTÃO OS DOMIICILIOS DOS
AGENTES DESSE NEGOCIO.
ALUNO: É SÓ TRIBUTAR NA COMPRA.
NÃO É TÃO SIMPLES. É UMA EXPORTAÇÃO? QUEM ESTÁ PRESTANDO O SERVIÇO?
ENTÃO TEM ALGUMAS COMPLICAÇÕES. MESMO NO SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO,
QUANDO VOCE PEGA SEU CELULAR E LIGA PARA UM AMIGO SEU QUE ESTÁ EM NY, HÁ UMA
COMUNICAÇÃO SUA COM ALGUÉM QUE ESTÁ NO EXTERIOR. ISTO HÁ UMA EXPORTAÇÃO DE
SERVIÇO DA OI POR EXEMPLO? ATENÇÃO: NÃO. O QUE HÁ NA REALIDADE É UMA
IMPORTAÇÃO TRIBUTÁVEL. PORQUE A OI ESTÁ TE PRESTANDO SERVIÇO E ELA ESTÁ
MPORTANDO, CONTRATANDO O SERVIÇO DA AT§T EM NY, QUE VAI POSSIBILITAR QUE ELA,
OI, UTILIZE AS ONDAS E TODOS OS SISTEMAS DA AT§T E SUA VOZ CHEGUE. ENTÃO QUANDO
EU FAÇO UMA LIGAÇÃO DE DDI (DISCAGEM DIRETA INTERNACIONAL), HÁ UMA IMPORTAÇÃO
DE SERVIÇO. AGORA, QUANDO EU RECEBO UMA LIGAÇÃO DO SEU AMIGO EM NY HÁ UMA
EXPORTAÇÃO DE SERVIÇO. NESTE ÚLTIMO CASO É A AT§T QUE VAI ESTAR CONTRATANDO A
OI.
É TRÁFICO, NA LINGAUGEM DE COMUNICAÇÃO, É TRAFICO ENTRANTE E TRÁFICO
SAINTE.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE SATÉLITE. TUDO QUE É IMAGTERIAL, SABER SE É
EXPORTAÇÃO OU NÃO É MAIS COMPLICADO. MAS DE QUALQUER MODO, A EXPORTAÇÃO DE
TODO E QUALQUER PRODUTO É IMUNE. E OS SERVIÇOS, TAMBÉM.
ESTA PARTE QUE EU DEI EXEMPLO DA OI É TRANQUILO.
A EXPORTAÇÃO – É O TRÁFICO ENTRANTE, POIS A OPERADORA LÁ DE FORA ESTÁ
CONTRATANDO COM A OPERADORA BRASILEIRA.
A IMPORTAÇÃO – É O TRÁFICO SAINTE.

EM RELAÇÃO AOS IMPOSTOS MUNICIPAIS


NÓS TEMOS AQUI UMA IMUNIDADE, O IMPOSTO PREVISTO NO INCISO II DO ARTIGO
156:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos
sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de
direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
cessão de direitos a sua aquisição;
III - vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos,
exceto óleo diesel;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.
155, II, definidos em lei complementar.(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
IV - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no
art. 155, I, b, definidos em lei complementar. (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1º - O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo,
nos termos de lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da
função social da propriedade.
§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se
refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I
poderá:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

152
I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o
uso do imóvel.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de
capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica,
salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;
II - compete ao Município da situação do bem.
§ 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a incidência
do imposto estadual previsto no art. 155, I, b, sobre a mesma
operação.
§ 3.º Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei
complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)
I - fixar as suas alíquotas máximas; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III
do caput deste artigo, cabe à lei complementar:(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;(Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos
e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 4º Cabe à lei complementar:
I - fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos
III e IV;
II - excluir da incidência do imposto previsto no inciso IV
exportações de serviços para o exterior. (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

O INCISO II, TRATA DO CHAMADO ITBI: IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS,


QUE É AQUELE QUE QUANDO VOCE VAI COMPRAR UM APARTAMENTO E UMA SALA, VOCE
TEM QUE REGISTRAR UMA ESCRITURA E PARA FAZÊ-LO, VOCÊ TEM QUE REGISTRAR ESTE
IMPOSTO.
ANTES DA CF. 1988 ERA UM IMPOSTO SÓ E ELE ERA DE COMPETENCIA DOS ESTADOS.
A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS POR CAUSA MORTIS OU POR ATO INTERVIVOS ERA
DE COMPETENCIA DOS ESTADOS. A CF. DE 1988 DIVIDIUU ESSA COMPETÊNCIA. CAUSA
MORTIS FICOU PARA O ESTADO E INTERVIVOS FICOU PARA OS MUNICÍPIOS.
ACRESCENTOU AINDA A QUESTÃO DA DOAÇÃO. POIS, ANTES DA CF 1988 NÃO SE
TRIBUTAVAM AS DOAÇÕES,QUE HOJE SÃO TRIBUTADAS PELO ESTADO.
IMPOSTO DE TRANSMISÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES, DOS ESTADOS.
IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE IMÓVEIS, DOS MUNICÍPIOS.
O IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS TEM ALÍQUOTA MÁXIMA DE 7 OU 8
POR CENTO, POR RESOLUÇÃO DO SENADO.
EU LI, ESTA NA MODA, O LIVRO DE UM ECONOMISTA FRANCÊS: THOMAS PIKETTY,
CUJO TÍTULO É: O CAPITAL DO SÉCULO XXI, FRANCES QUE DEFENDE A TRIBUTAÇÃO MAIS
PESADA DA HERANÇA DO PATRIMONIO.
NO BRASIL ALÍQUOTA MÁXIMA SOBRE HERANÇA É DE 8% CENTO, JÁ NOS EUA DE 50%.

153
NA FLORIDA, POR EXEMPLO, O IMPOSTO DE TRANSMMISSÃO CAUSA MORTIS É DE
50%.

POIS BEM, NO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS, HÁ UMA IMUNIDADE


QUE É O SEGUINTE: NÃO INCIDE NA HIPÓTESE DO ARTIGO, 156, §2º, I: LEITURA
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de
capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica,
salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;

.ENTÃO AQUI É O SEGUINTE, QUANDO VOCE EM OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS, fusão,


incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, OU QUANDO VOCÊ TRANSFERE O
BEM DA PESSOA FÍSICA PARA A PESSOA JURIDICA PARA A REALIZAÇÃO DE CAPITAL, HÁ
IMUNIDADE. AQUI, NÓS VEREMOS NO SEMESTRE QUE VEM A QUESTÃO DA SIMULAÇÃO,
NEGÓCIO jurídico Lícito, negócio jurídico ilícito.

VOCÊ TEM UMA PRESUNÇÃO DE SIMULAÇÃO.


POR EXEMPLO, TEMOS O CASO NO QUAL EU E VOCE RESOLVEMOS CONSTITUIR
UMAN EMPRESA AGROINDUSTRIAL. ESTA EMPRESA VAI TER UM CAPITAL SOCIAL DE
10.000.000,00. EU ENTRO COM 5.000,000,00 E VOCE ENTRA COM UMA PROPRIEDADE DE
5.000.000,00. TEM IMUNIDADE DE ITBI, NÃO TEM? ISENTA.
NÓS VAMOS INVESTIR EM UMA PLANTAÇÃO DE ÁRVORE DE MOGNO QUE LEVA
DEZESSEIS ANOS. DAQUI A DOIS MESES, AQUELA SOCIEDADE TÃO PROMISSORA É DESFEITA,
EU QUE ENTREI COM DINHEIRO, SAIO COM A FAZENDA E VOCE QUE ENTROU COM A
FAZENDA, SAI COM O DINHEIRO.
O FISCO MUNICIPAL, COMO TODO OS DEMAIS FISCOS, SÓ PENSA MALDADE E DIZ QUE
HÁ ALGUMA COISSA ERRADA NESSE NEGÓCIO. ESSES CARAS NÃO QUERIAM SER SÓCIOS, ALI
HÁ UMA SIMULAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE AGROINDRUSTRIAL E DESSA
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE HÁ UM NEGÓCIO LICITO, ENCOBRINDO OUTRO NEGÓCIO QUE
ERA A REAL INTENÇÃO, QUE ERA A VENDA DA PROPRIEDADE. VOCE QUERIA ME VENDER E EU
QUERIA COMPRAR, MAS NÓS, DE ACORDO COM O FISCO, BOLAMOS UMA ESTRATÉGIA, UMA
SIMULAÇÃO Para ficarmos livres DO PAGAMENTO DO ITBI.
AI EU DESCARACTERIZO AQUELE NEGOCIO JURÍDICO. É LÍCITO CONSTITUIR UMA
SOCIEDADE? É. É LICITO DESCONSTITUIR UMA SOCIEDADE? É. MAS HÁ UM VÍCIO DE
VONTADE. O QUE UM QUERIA DESDE O INÍCIO ERA COMPRAR, O OUTRO, VENDER, E AMBOS
NÃO QUERIAM PAGAR O IMPOSTO.
HÁ UMA PRESUNÇÃO. A PREFEITURA VAI LÁ E AUTUA E COBRA O ITBI. ENTRETANTO A
PREFEITURA TEM QUE DAR CHANCE DE DEFESA. PODE TER HAVIDO UMA SIMULAÇÃO OU NÃO
VAI TER QUE SE VER CASUISTICAMENTE.

A IMUNIDADE DO ITBI É PARA DINAMIZAR OS NEGÓCIOS E, DESSE MODO, NÃO FAZ


SENTIDO TRIBUTAR ESTA TRANSFERENCIA DE PATRIMONIO.
POR FIM, NÓS TEMOS AS IMUNIDADES DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A
SEGURIDADE SOCIAL QUE ESTÁ PREVISTO NO ARTIGO 195, § 7º DA CF.
O SUPREMO JÁ FALOU QUE É IMUNIDADE, E SÃO ALCANÇADAS APENAS AS
IMUNIDADES PREVISTAS NO ARTIGO 195 E, ATENÇÃO, IMPORTANTE, A CONSTITUIÇÃO USA A
EXPRESSÃO: ISENTA. IMPORTANTE DESTACAR QUE QUANDO A DESONERAÇÃO TEM SEDE
CONSTITUTIONAL, INDEPENDENTEMENTE DO NOME QUE SE DÊ, É IMUNIDADE. ENTÃO

154
QUANDO SE DIZ: É VEDADO COBRAR. NÃO INCIDE. OU AINDA QUE A CONSTITUIÇÃO DIGA:
SÃO ISENTAS. ELA ESTÁ DANDO IMUNIDADE. E ESTÁ, ADIANTE, NO ARTIGO 195, § 7º:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o
faturamento e o lucro;
II - dos trabalhadores;
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a
ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada
de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade
social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder
Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios. (Vide Medida Provisória nº 526, de 2011) (Vide Lei nº
12.453, de 2011)
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto
no art. 154, I.
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total.
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.
§ 8º - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o
garimpeiro e o pescador artesanal, bem como os respectivos
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a
seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o

155
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios
nos termos da lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 9° As contribuições sociais previstas no inciso I deste artigo
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da
atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-
obra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em
razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-deobra,
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o
sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de
recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições
sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em
montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais
as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput,
serão não-cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na
forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o
faturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

REPETINDO A LEITURA DO PARÁGRAFO:

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as


entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.

AQUI, AO CONTRÁRIO, DAQUELA IMUNIDADE DO ARTIGO 150, VI, c –


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

QUE O STF DESDE O PRIMEIRO MOMENTO NÃO TEVE NENHUYMA DUVIDA EM DIZER
QUE A LEI A QUE REFERE O ARTIGO 150, VI, c, ERA LEI COMPLEMENTAR, NO CASO DO ARTIGO
195, §7º , O STF AINDA NÃO FALOU SE É LEI COMPLEMENTAR OU SE É LEI ORDINÁRIA.

156
E, DESSE MODO, ATENDIDAS AS EXIGÊNCIAS DA LEI, O QUE TEMOS HOJE É LEI
ORDINÁRIA ESTABELECENDO ESTAS EXIGÊNCIAS. QUE SÃO MAIS RIGOROSAS. EU POSSO SER
IMUNE AOS IMPOSTOS POR ATENDER AOS REQUISTOS ESTABELECIDOS PELO CTN E NÃO
PAGAR IMPOSTO DE RENDA, MAS POSSO NÃO ATENDER OS REQUISITOS, AS EXIGÊNCIAS DO
195,§7º. ENTÃO EU SOU ASSISTENCIA SOCIAL PARA FINS DE IMPOSTO DE RENDA, MAS NÃO
EU NÃO CARACTERIZADO COMO ENTIDADE BENEFICIENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL PARA TER
IMUNIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES.
ISSO OCORRE COM UMA CERTA FREQUÊNCIA. POR QUE?
PARA EU SER IMUNE DO IMPOSTO DE RENDA, PRATICAMENTE , EU TENHO QUE SER
UMA ENTIDADE DE ASSISTENCIA SOCIAL QUE NÃO DISTRIBUA LUCRO.EU NÃO TENHO FINS
LUCRATIVOS. EU REINVISTO AQUELE DINHEIRO NA MINHA ATIVIDADE.
AGORA, PARA QUE EU SEJA IDENTIFICADO COMO UMA ENTIDADE BENEFICIENTE DE
ASSISTENCIA SOCIAL, NÃO BASTA EU NÃO DISTRIBUIR LUCRO, EUI TENHO QUE CUMPRIR UMA
SÉRIE DE REQUISITOS, UMA SÉRIE DE EXIGÊNCIAS: UNIVERSILADADE DA ASSISTENCIA SOCIAL,
CERTIFICADO OBTIDO JUNTO AO MINISTERIO DA PREVIDENCIA E ASSISTENCIA SOCIAL (MPAS).

QUALQUUER OUTRA DESONERAÇÃO: EXEMPLO, O MUNICPIO NÃO PAGA TAXA


JUDICIAL E CASO DE ISENÇÃO. É UMA DESONERAÇÃO LEGAL. QUALQUER OUTRA
DESONERAÇÃO QUE NÃO SEJA UMA DESSAS QUE NÓS VIMOS AQUI, NÃO SERÁ IMUNIDADE,
MAS ISENÇÃO. AS IMUNIDADE TEM SEDE CONSTITUCIONAL.

RIO, 21 MAIO – PROVA ÚNICA.

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