PSICANÁLISE DA UERJ
O artigo de Freud que tem como título a pergunta “Deve-se ensinar Psicanálise na
Universidade?” pode ter a mesma respondida com toda veemência: SIM, deve. O presente
trabalho sustenta que a Psicanálise pode se beneficiar muito com sua inserção na
Universidade, desde que esteja sempre articulada à pesquisa. Neste sentido, logo de saída
pretendemos discutir a especificidade da pesquisa em Psicanálise. Tal questão toca em
um ponto essencial no que diz respeito à práxis (a um só tempo teórica e clínica)
psicanalítica, em função de sua articulação intrínseca com o inconsciente. Na medida em
que o próprio Freud disse que em Psicanálise tratamento e pesquisa coincidem, é
interessante pensar a pesquisa associada à prática, não só clinica, mas em todos os âmbitos
em que a Psicanálise se presentifica na pólis, bem como articulada a possíveis campos de
conexão, seja na área da saúde, da educação, da justiça entre outros. Sem desconsiderar
que a abertura de novos campos de pesquisa e a ampliação da prática do psicanalista
introduz novos questionamentos, propomos também discutir a problemática da inserção
da Psicanálise na Universidade. Neste sentido, uma questão central se descortina: como
agir no âmbito universitário sem, no entanto, ceder quanto ao rigor e a ética da
Psicanálise? A teoria dos quatro discursos de Lacan configura-se como instrumento
crucial para pensarmos a inserção não só da psicanálise, mas do próprio psicanalista no
âmbito universitário. Se existem antinomias estruturais entre os discursos psicanalítico e
universitário, as quais evidenciam uma complexa relação, isso não implica que não
existam articulações possíveis entre ambos. Nossa aposta é de que a partir da
problematização desta relação seja possível extrair consequências éticas e discursivas na
relação de ambas com o sujeito e com o saber.