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A importância dos escravos na formação da cultura brasileira

Falar sobre a Religião dos Orixás não é tarefa fácil. Não se sabe ao certo quando e onde
surgiu, não existem levantamentos científicos consistentes que possam explicar sua
criação e sua origem. Certo é que se trata de uma Religião muito antiga, cultuada a
muitos séculos, antes mesmo do Cristianismo, tendo como alicerce principal a África
Antiga.
O que sabemos é que foi introduzida no Brasil através dos escravos trazidos,
originalmente da região de Angola, de natureza Bantu. Depois de quase 150 anos de
escravidão foram trazidos escravos da região que compreende a Nigéria, Benin e Togo,
os de origem Yoruba e Dahomey.
Em um primeiro momento estes escravos eram obrigados a seguirem doutrinas da Igreja
Católica, sendo batizados com nome europeus e ensinados de acordo com as tradições
católicas. Com o passar dos anos os escravos descobriram uma forma de continuar a
cultuar Orixá, sem serem perseguidos por seus Senhores: Os escravos faziam as
representações de Orixás e enterravam no chão. No local onde enterravam suas
representações os escravos colocavam imagens esculpidas de Santos Católicos e faziam
seus ritos sobre as imagens e dessa forma podiam continuar a cultuar e louvar Orixá em
uma forma sincretizada. A partir desse momento inicia-se o sincretismo que existe até
os dias de hoje.
Aproximadamente em 1830 fundou-se o primeiro Templo de Candomblé no Brasil,
mais precisamente na Bahia, o Ìlé Àsé Ìyá Nassó Oká, que mais tarde seria um dos
principais alicerces do Candomblé tradicional, tornando-se senão a mais importante
Casa de Candomblé do Brasil. Deste Templo originaram-se vários outros, que se
espalharam por todo o Brasil, tornando o Candomblé uma Religião difundida e
respeitada por muitos adeptos.
É sabido que muito de nossa cultura popular foi introduzida por escravos, danças,
ritmos, comidas, vestimentas, costumes, palavras. Vemos sempre na virada de ano,
pessoas que não são da Religião, pular 7 ondas e entregar flores para Iemanjá. São
tradições trazidas e introduzidas em nosso cotidiano pelos escravos a séculos atrás.
Quando vamos à Bahia, a primeira coisa que muitos turistas fazem é procurar uma
barraquinha que venda Acarajé, que é uma das comidas rituais do Candomblé, assim
como o Abará, o Vatapá, o Sarapatel, o Cuscus. Quando falamos em vestimentas,
falamos nas túnicas, nos abadas, nos turbantes, que também são vestimentas
originalmente utilizadas por escravos e que com o passar dos anos foram sendo
introduzidos no vestuário brasileiro. Quando falamos em palavras, temos diversas que
foram adaptadas ao português, como por exemplo: samba, capoeira, araçá, dendê,
mandinga, caruru, moleque, bagunça, dengo, fubá, entre outras muitas palavras de
origem africana e que são muito utilizadas no Brasil.
É fato que até os dias de hoje existe muito preconceito com os seguidores do
Candomblé. Muitos acreditam que o Candomblé cultua divindades malignas, demônios.
O que posso afirmar é que o Candomblé em sua essência cultua as forças da natureza. O
princípio da Religião está nos elementos vitais, como a terra, água, fogo e ar e todas as
variações que estes podem apresentar. No Candomblé, diferentemente de muitas outras
Religiões, não acredita-se um “demônios”. Nossa visão sobre estes é indiferente.
Acreditamos sim que o Bem e o Mal existem, mas que, como o equilíbrio deve ser
constante, estas duas energias devem sempre andar em harmonia e equilíbrio, sem
interferir um ao outro, para que possa existir vida, precisa-se dessas duas energias em
comunhão. A discriminação com os integrantes desta Religião se dá principalmente pela
utilização de animais em seus rituais. Sim, a utilização de animais existe e tem
explicação ritual para isso. Os animais utilizados são animais criados para este fim, não
sacrificamos animais em risco de extinção, nem tão pouco fazemos os sacrifícios
humanos, como muitos afirmam existir. Muito pelo contrário, um dos princípios dos
praticantes do Candomblé é a preservação da vida e da natureza.
Os sacrifícios são importantes em nossos rituais sim, mas como uma forma de energizar
e sacramentar um ritual. Utilizamos animais criados especificamente para este fim,
como galinhas, por exemplo. Como dito anteriormente o Candomblé baseia-se em
elementos da natureza, as folhas, os minerais, a água, o fogo, são elementos
indispensáveis para concretização de qualquer ritual religioso.

O Candomblé
O Candomblé é uma Religião Brasileira de Matriz Africana. Foi trazida por escravos
para o Brasil na época da escravatura. Mesmo fortemente combatida pelos Feitores e
pela Igreja Católica, não perdeu sua força e proliferou por todos estes séculos até a
abolição da escravatura em 1.888.
Quando afirmo que o Candomblé é uma Religião Brasileira com Matriz Africana,
explico o porquê de ser tão diferente do que se foi cultuado na África a séculos atrás. As
principais diferenças entre o Culto aos Orixás, realizado na África e o Candomblé,
realizado no Brasil são:
 Na África o Culto aos Orixás era realizado em tribos, geralmente familiares,
onde se cultuava apenas um Orixá, no Candomblé um mesmo Templo cultua
todos os Orixás do panteão Africano;
 Na África os ritos iniciáticos eram feitos em praça pública, com a presença de
toda aldeia. Já no Brasil estes mesmos ritos são restritos a pessoas que já sejam
iniciadas na Religião;
 Na África não existiam distinção de cores. Orixá utiliza qualquer cor,
diferentemente do Brasil, onde cada Orixá utiliza cores específicas.
Algumas outras diferenças podem ser notadas, mas sem tanta significância quanto estas.
O fato é que, na África atual a Religião dos Orixás perdeu espaço, diria que foi
praticamente extinta, sendo praticadas em algumas localidades entre a Nigéria e o
Benin, por tribos ainda resistentes a modernidade. Hoje, muitos africanos, fugindo da
miséria de sua região, chegam ao Brasil dizendo-se Sacerdotes Africanos, com a
simples intenção de ganhar dinheiro e fazer fama. Eles conseguem enganar muitas
pessoas pelo fato de falar fluentemente os dialetos utilizados no Candomblé,
principalmente o Yorubá. Esta prática está cada vez mais freqüente e deve ser tratada
com preocupação por parte dos seguidores do Candomblé, pois em sua grande maioria,
estes Sacerdotes Africanos são Mulçumanos e não tem nenhum tipo de vínculo com a
Religião dos Orixás, apenas falam com fluência o dialeto utilizado, mas nada tem a
acrescentar para o Candomblé.

O Candomblé divide-se em alguns cultos distintos, como enumero abaixo:

 Lesse-Orixá, que é o Candomblé tradicional, que cultua Orixá. É dividido em


Nações, entre as principais: Nação Angola, originária dos Povos Bantus da
África Meridional, que foram os primeiros escravos trazidos ao Brasil. Cultuam
Inkise, que, em uma tradução nada literal, seria o mesmo que Orixá. Nação
Ketú, originária do Povo Yorubá, trazidos ao Brasil por volta de 150 anos após
os primeiros Bantus trazidos da África, é a Nação com maior número de
seguidores no Brasil. Nação Jeje, originária do povo Ewe-Fon, mais
precisamente dos Povos Dahomeanos, atual Benin, confundiam-se com os
Yorubás por viverem no mesmo território, porém viviam em guerra. Seu dialeto
é diferente e seu culto baseia-se nos Vodun, que também um uma tradução nada
literal seria o mesmo que os Orixás Yorubanos.
 Lesse-Ifá, que é o culto a Orumilá, Deus da Adivinhação, um dos Orixás Funfun
que recebeu de Olodumare (Deus Supremo) o poder de adivinhar o futuro
através dos Oráculos de Ifá, que são: Merindinlogun, o popular “Jogo de
Búzios”, que se constitui de 21 conchas abertas manualmente pelo homem, e
que de acordo com o posicionamento de suas aberturas nos dá informações
sobre o passado, presente e futuro e o Opelé Ifá, que é uma corda com favas
rituais amarradas e que nos dá a previsão através também do posicionamento de
suas “caídas”. Este culto é restrito a pessoas iniciadas para este.
 Lesse-Egungun, que é o culto a Ancestralidade, aos antepassados, aos espíritos
dos mortos. É muito difundido na Ilha de Itaparica na Bahia. Este culto é restrito
aos homens e quem o pratica não pode de maneira alguma praticar o Lesse-
Orixá, pois são energias extremamente conflitantes.
 Geledé, ou culto das máscaras, foi criado pelas mulheres devido a restrição
imposta pelos homens em sua participação ao Lesse-Egungun, tornando dessa
forma sua participação restrita apenas as mulheres. Cultua também a
ancestralidade, mais precisamente a ancestralidade feminina. Nesse culto são
louvadas as Ìyá Mi Èyìèlé (Mãe Senhora dos Pássaros).

Em outras localidades do mundo existem outras formas de cultos afro-descendentes,


como por exemplo, a Santeria em Cuba e o Vodu na Costa Rica.
Nosso principal anseio é desmistificar a impressão errônea que muito tem sobre o
Candomblé. O Candomblé é uma Religião como qualquer outra e deve ser respeitada
com tal pelos que não praticam. A aceitação não deve ser imposta, mas sim conquistada.
Muitos que agridem e difamam o fazem sem saber ao certo o que atacam. A falta de
conhecimento do que tratam é o pior preconceito que existe, pois, além de nada saberem
sobre nossa Religião, nos denigrem e atacam nos atribuindo feitos que nunca em
hipótese nenhuma poderiam ser executados por seguidores do Candomblé. Muitos
confundem a “Magia Negra” com o Candomblé, mas mal sabem que a Magia Negra é
originária da Europa, onde existiam rituais macabros na época medieval, onde Reis
sacrificavam pessoas em prol de vitórias em guerras e a fim de acalmar os Deuses. O
estudo da Mitologia Grega e Romana nos dá total amparo para esta afirmação. Além
dos Gregos e Romanos, os Incas e Maias também realizavam sacrifícios humanos em
prol de acalmar os Deuses.
Candomblecista não sacrifica um irmão, não é princípio nosso muito pelo contrário, nós
praticamos a paz e a tolerância como forma de equilibrar nossa energia e nos elevarmos
aos “Céus”.

A Criação do Mundo pela Visão do Candomblé


O Candomblé, por ser uma religião passada através de palavras, baseia-se em lendas, o
que chamamos de Ìtán. Para tudo que fazemos no aspecto religioso temos um Ìtán que
nos estabelece um significado para isso.
De acordo com Ìtán, o Mundo foi criado por Olodumare, que é o Deus Supremo dos
Yorubás.
Olodumare vivia no Òrùn (céu), em harmonia com os Orixás Funfun e os Eborás, que
são Orixás de um patamar mais baixo que os Funfun.
Certa vez Olodumare consultou Orumilá, pois sentia-se entediado e queria fazer algo
para ocupar sua cabeça. Orumilá, após consultar o Oráculo, aconselhou Olodumare que
criasse um novo mundo, criando as coisas à imagem e semelhança dele e de seus
Orixás.
Ouvindo os conselhos de Orumilá, Olodumare convocou seus dois filhos, Obatalá, o
Homem que Veste Branco e Oduduwá, a Mulher que Usa Cor e atribuiu a Obatalá que
conduzisse os demais Orixás ao Àyíé (Terra) e fizesse daquele lugar a imagem e
semelhança de cada uma e entregou-lhe o Igbadú, que era uma cabaça com os Atin
(pós) originais que auxiliariam na criação do Mundo por parte dos Orixás, mas antes
mandou que Obatalá consultasse Orumilá para saber que tipo de oferendas eram
necessárias serem feitas para que tudo corresse bem durante a viajem até o Àyíé.
Obatalá seguiu o conselho de seu pai e consultou Orumilá, que determinou que fossem
feitas oferendas a Exú, para que este ajudasse no que fosse preciso.
Obatalá muito onipotente achou que não haveria a necessidade de se agradar Exú,
afinal, este não gostava de trabalhar e não poderia ajudar na criação do Mundo.
Obatalá convocou todos os Orixás e seguiu o caminho que os levariam ao Àyíé.
Como não havia feito às oferendas, Exú, revoltado em saber que não fora incluído na
expedição que criaria o Mundo, seguiu a expedição de longe, sorrateiramente, como se
soubesse que Obatalá iria se perder, o que realmente aconteceu. Obatalá se perdeu e não
achava o caminho indicado por seu Pai e, já quase sem água e quase sem comida, rogou
aos céus que fosse ajudado por Olodumare. Ouvindo a súplica do filho chamou por Exú,
o único que pode movimentar-se mais rápido que o sol e pediu a Exú que auxiliasse seu
filho, ou o mundo não poderia ser criado. Exú disse que iria ajudar, mas queria que
Oduduwá ficasse com a liderança da expedição, pois Oduduwá, ao saber do
determinado por Orumilá, fez o sacrifício que deveria ter sido feito por Obatalá.
Olodumare aceitou e Exú foi ao encontro da expedição e disse o trato feito com
Olodumare, o que revoltou Obatalá, que só seguiu a expedição na esperança do
Oduduwá não conseguir chegar ao final.
Ao chegar ao Àyíé, os Orixás ficaram maravilhados e começaram a dar forma ao
mundo, terra, água, fogo, vento, chuva, lama, folhas, animais. Criaram tudo, de acordo
com as orientações de Olodumare. Todavia o Igbadú não havia sido usado, até mesmo
por que Olodumare não havia explicado o que fazer com ele.
Olodumare ficou satisfeito com a criação do Mundo e deixou que os Orixás lá
vivessem, como forma de agradecimento.
Com o passar do tempo, os Orixás ficaram entediados e começaram a brigar entre si.
Olodumare não queria aquilo e foi a Orumilá perguntar como fazer para que isso
acabasse. Foi quando Orumilá determinou que o Igbadú fosse aberto e o Atin lá contido
fosse misturado a terra, para que surgissem os homens.
Olodumare ordenou que Oduduwá fizesse o determinado por Orumilá. Prontamente
Oduduwá encarregou-se de fazê-lo e colocou o Atin em contato com a terra e começou
a modelar um corpo humano, porém não foi o suficiente para se fazer a cabeça. O
homem havia sido criado sem uma cabeça em seu pescoço.
Horrorizado Olodumare mais uma vez recorreu a Orumilá, que, como bom conselheiro
e amigo que sempre foi, determinou que Olodumare mandasse Àjálà, o modelador,
esculpisse uma cabeça para colocar sobre o homem. Olodumare espantou-se e
questionou sobre Àjálà moldar a cabeça, uma vez que vivia embriagado com vinho de
palma e a muito tempo nenhum serviço que lhe era solicitado ficava bom, sempre ficava
torto ou inacabado. Foi quando Orumilá explicou que a função do homem na terra seria
esta, a de, com o passar dos anos, ir acertando sua cabeça, ir tornado-a perfeita, para ai
sim, poder um dia voltar ao Òrùn e descansar em paz.

A iniciação e seus mitos


Um Èlègún (iniciado) deve passar por vários procedimentos rituais que não cabem ser
descritos aqui. Todavia devo salientar que o preconceito parte do momento que deveria
ser o mais importante da vida religiosa dos seguidores do Candomblé.
Durante o ritual de iniciação, em muitos casos, a pessoa deve desprover-se de seus
cabelos. Este ritual simboliza a humildade e a submissão perante Orixá. O Èlègún deve
utilizar-se de um adorno em volta de seu pescoço, denominado Kele, que também parte
do princípio da submissão, é a representação do “cordão umbilical” que o feto utiliza
para ligar-se a sua mãe, neste caso o Orixá. Durante o período pós iniciático o Èlègún
deve resguardar-se das “horas cheias”, como 12:00 e 00:00, evitar levar sol e chuva
diretamente sobre sua cabeça, utilizar roupas brancas, andar de cabeça baixa, evitar
discutir, brigar, xingar, falar alto. Resgarda-se do sexo, bebidas alcoólicas, festas, não
deve receber visitas, entre outros resguardos básicos para um iniciado.
Estes procedimentos têm uma explicação simples: Quando iniciado, o Èlègún torna-se
uma espécie de feto, uma ser em desenvolvimento, e como tal, não deve ser
incomodado nem ter problemas externos ao útero.
Pois bem, quando as pessoas, em Estados que não têm o hábito de vê-los, passam na
rua, são motivos de chacota e piadas. Quando digo que isso acontece em Estados sem o
hábito, pois é notório nos Estados do Rio de Janeiro e Bahia que estas pessoas sofrem
muito menos discriminação, pois nestes dois estados o Candomblé é muito mais
difundido e aceito do que em muitos outros.
Quando uma pessoa inicia-se na Religião, esta passa por um tempo de reclusão, em
locais com determinados nomes rituais, que no Ketú pode ser chamado de Ronkó ou
Rondaime, dependendo do Àsé (Etnia) que seja ligado. Durante este tempo de reclusão
o iniciante passa por diversos procedimentos que visam “limpar” seu corpo, aproximar
seu Orixá, melhorar seu caminho, agradar aos Orixás, que são denominados Ebós. Estes
Ebós são preparados com diversos ingredientes, em sua grande maioria, grãos e ervas,
que são comumente achados em supermercados e consumidos em nosso dia-a-dia, como
forma de alimentos.
Durante o período de recolhimento a pessoa também toma diversos banhos de ervas
frescas, com o intuito de preparar seu corpo para o ritual iniciático que será feito após
passar por todos os Ebós e depois do ritual do Bori, que nada mais é que “dar comida” a
cabeça, em uma tradução aproximada. Durante a cerimônia do Bori, a pessoa recebe
alimentos que são oferecidos a Ìyá Òrí, que é um Orixá voltado a nossas cabeças e
também a Àjálà, que é o grande modelador das cabeças. Este ritual é tão importante
quanto o rito iniciático em si, pois nos dá força e tranqüilidade para seguir nossos
caminhos e tomar as melhores decisões.
Depois de passados os Ebós e o Bori, a pessoa passa pelo Lágbè e pelo Ìgbòsé, que são
os rituais de iniciação propriamente ditos. Durante estes rituais que o Èlègún faz a
raspagem de sua cabeça e sua iniciação para o Orixá que rege sua vida. Após estes
rituais o Èlègún passar pelo penúltimo ritual, que é denominado Queima de Efun, que,
ao contrário do nome, não queima nada com fogo, é um nome dado ao ato de se pintar a
cabeça do iniciado com Efun, que é uma espécie de giz ritual, preparado para tal função.
Este ritual representa a submissão de todos os Orixás à Olodumare, que é o Deus
Supremo dos Yorubás. Após este ritual ai sim existe a apresentação para sociedade, para
os seguidores da Religião, que é o ritual de Tirar Orunkó, que é o momento em que o
Orixá, incorporado no Èlègún, diz para todos qual o seu nome ritual, qual o seu Orunkó,
que traduzindo para o português significa literalmente “nome”. Após este momento o
Èlègún é reconhecido como um iniciado na Religião e é tratado como tal.
Após iniciado, o Èlègún deve tomar as demais “obrigações”, que seriam os rituais de
“aniversário”, que, no Candomblé, comemora-se diferente do cotidiano, comemora-se
em 1, 3, 7, 14 e 21 anos após o Èlègún iniciado. Estas “obrigações” são dadas com o
intuito de fortalecer a energia do Orixá e a energia vital do Èlègún.
Os Èlègúns recebem denominações de acordo com sua idade de iniciado: uma pessoa
recém iniciada até que complete 7 anos depois, recebe a denominação de Ìyáwò, que
traduzido para o português significa “esposa”. Após os 7 anos de iniciado o Èlègún
recebe o nome de Égbón ou Égbómì, que traduzido para o português significa “mais
velho”. Mas para que o Èlègún receba essa denominação ele precisa não só ter
alcançado os 7 anos de iniciado, mas também deve ter recebido sua Obrigação de 7
Anos.
É indispensável para os Èlègúns que tomem suas obrigações de idade, pois somente
após estas seu ciclo terminará, e ele chegará ao máximo grau perante Orixá.
Muitos vêem as obrigações como verdadeiras carnificinas, como pretexto para
sacrifícios animais. Muitos crêem que bebem sangue, sacrificam de forma vil e cruel os
animais envolvidos. Fazer rituais de magia negra e estabelecem pactos com o demônio.
Mitos que devem ser desfeitos de imediato. As obrigações, em grande parte de seus
procedimentos, não envolve sacrifícios animais, que, quando são sacrificados, o são de
forma digna e sem crueldade, diria que muito menos traumática do que em muitos
abatedouros e frigoríficos que existem.
O sacrifício animal se faz necessário e indispensável por motivos que também não
cabem ser debatidos aqui, mas sei que é importante dizer que não fere os direitos dos
animais, uma vez que toda sua carne é aproveitada no dia-a-dia de um Templo
Religioso, como almoço e jantar para as pessoas que ali estão para ajudar e participar
das obrigações ao Orixá e, como foi dito, são animais de consumo constante, como por
exemplo, galinhas, que são criadas para serem abatidas e consumidas por todos, até os
mesmos que não participam da Religião.

Cânticos, rezas e danças.


O Candomblé é uma Religião muito bonita aos olhos de muitos. É normal vermos
pessoas vindas do exterior irem aos Templos apreciar a cerimônia pública, ou o Sìré.
A base ritual do Candomblé se dá em rezas, cânticos e danças, todas entoadas pelo som
de instrumentos rituais, sejam Atabaques, Adjá, Xerém, Agogô, Xequerê.
Os cânticos e rezas são feitos em dialeto, que varia dependendo da Nação seguida pelo
Templo. Os ritmos dos cânticos, Orin, são entoados por atabaques, que são tocados
pelos Ògán, que são pessoas direcionadas pelos Orixás para este tipo de função
ritualística. O Ògán sempre será um homem, que tem a missão de entoar as cantigas e
tocar os atabaques em louvação ao Orixá. Cada Cantiga entoada tem uma parte da lenda
do Orixá louvado, sejam suas conquistas, sejam suas derrotas, seja seu temperamento.
As rezas, que são dividias em 3 tipos: Gbádúrá, Òfò e Òrìkì, são entoadas e
acompanhadas pelo Adjá ou Xerém, que são instrumentos sagrados que possuem um
som com o poder de “chamar” o Orixá. As rezas também, como os cânticos, são
entoados em dialeto ritual.
As danças são realizadas de acordo com as cantigas entoadas pelos Ògán e com o ritmo
estabelecido pelos atabaques. Todas as danças estão relacionadas, assim como as
cantigas, com as lendas dos Orixás. É uma das partes mais bonitas do ritual do
Candomblé, onde os Èlègún utilizam roupas rituais e dançam incorporados por seus
Orixás, representando sua pseudo-passagem pela terra.

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