O autor inicia sua obra com 1945 até o início de 1953, analisando que europeus viveram
sob o impacto da Segunda Guerra Mundial prevendo a Terceira. Um ponto ressaltado foi o
fracasso dos acordos de 1919, que ainda estava presente nas mentes dos estadistas e do público,
além disso a imposição do comunismo na Europa Oriental era uma lembrança da instabilidade
ocorrida pós Primeira Guerra Mundial, o autor declara, “O Golpe de Praga, as tensões em
Berlim e a Guerra da Coréia no Extremo Oriente eram lembretes constrangedores da série de
crises internacionais dos anos 30” 2.
Tony Judt afirma que em 1951, os aliados ocidentais declararam o fim do “estado de
guerra” com a Alemanha, mas com uma Guerra Fria cada vez mais intensa não havia um tratado
de paz e sem expectativa da formação de um acordo ou organização eficaz, afinal com crescente
rede de alianças, agências e acordos internacionais o cenário mostrava-se pouca garantia de
harmonia internacional.
Como afirma o autor, esses acontecimentos descortinavam-se diante de uma grande
corrida armamentista internacional.
1
Aluna do segundo termo de Relações Internacionais pela Universidade Federal de São Paulo.
2 JUDT, Tony. Pós-Guerra: História da Europa desde 1945. Edições 70: 2007, p. 285.
3 JUDT, Tony. Op. Cit., p. 287.
1
Judt mostra que “aquele recém-descoberto bem-estar” após um conflito militar de
proporções globais, dava lugar às incertezas da Guerra Fria. A internacionalização dos
confrontos políticos e o subseqüente envolvimento dos Estados Unidos contribuíram para
diminuir o ímpeto dos conflitos políticos internos, como explica o autor.
Nas decisões do cenário mundial, o que os russos não queriam era uma Alemanha
Ocidental remilitarizada.
Um fato diferenciado que o autor declara é a informação de que muitos líderes ocidentais
se sentiam aliviados com o surgimento do Muro de Berlim na época. Kennedy e outros líderes
ocidentais concordavam que “um muro através de Berlim era desfecho bem melhor do que uma
guerra”, de acordo com o cenário atual, Berlim era ponto de uma possível ignição de conflito
armado.
4
Ibid., p. 288.
5
Ibid., p. 288
2
O autor encerra a analisa de Berlim declarando que “O Muro pôs um ponto final à
carreira de Berlim como zona de crise no que tocava às questões européias e mundiais e Berlim
Ocidental iniciou um processo de declínio constante, rumo à irrelevância política”.6
Assim, após as questões que envolviam Berlim, as superpotências moveram-se com
rapidez ao que o autor considera “surpreendente” rumo à resolução das dúvidas da primeira
Guerra Fria. A estratégia americana e russa era manter as armas nucleares longe das mãos da
China e da Alemanha Ocidental e tal era a iniciativa do Tratado.
Em suma, as colocações de Tony Judt têm como viés a concepção do cenário político
europeu na década de 1950 e as mudanças que não se concretizaram. O ressurgimento de
Estados democráticos autônomos desprovidos de recursos e vontade para entrar em guerra,
como coloca o autor, e governados por homens maduros cuja convicção política era nula foi
uma questão colocada como não prevista pelo autor, devido ao ambiente de crise do pós-guerra,
identifica a falta de uma estratégia clara e bem firmada entre os Estados no cenário
internacional.
6 Ibid., p. 289.