PENSANDO O TEMPO
Na época em que mais um ano velho morre, para logo nascer outro novo, esse
pensamento do grande poeta mineiro norteará o presente texto. Para tal abordaremos
os costumes e símbolos ligados à passagem de ano.
Universalmente festejado desde tempos antigos - o Ano-Novo - independente da data em que
é comemorado, marca a transição de um ciclo de vida para outro, fechando um capítulo e
abrindo outro no misterioso livro da existência.
Tempo, em sua definição científica, é uma parte do sistema de medição utilizado para
seqüência de eventos, para comparar as durações dos eventos e os intervalos entre eles,
e para quantificar as taxas de variação, como o movimentos dos objetos.
Nos tempos antigos as pessoas contavam o tempo de forma bem menos imprecisa do
que hoje, por motivos, sobretudo, agro-pastoris ou religiosos. Os festejos pela
passagem de ano são exemplos disso. Assim, o estudo do céu, tempo, espaço, enfim,
do universo estava ligado à mitologia e astrologia.
No antigo Egito, o início do ano era determinado pela cheia do rio Nilo,
período que antecede a semeadura, sobretudo do trigo, nas terras férteis
do kemet ("terra negra" devido à matéria orgânica trazida nas cheias). Isso
ocorria entre setembro e fevereiro, época do outono e inverno no Hemisfério
Norte.
O mais antigo calendário solar foi criado pelos egípcios em 4236 a.C., que dividia o ano em 36
grupos de 10 dias, mais cinco suplementares dedicados às festas, acrescentando-se mais um
dia a cada quatro anos.
O festejo era chamado de Zagmug e durava 12 dias. Junto com o ano novo
chega o inverno no Hemisfério Norte e com ele os tais "monstros do caos".
Para provar sua fidelidade, o próprio rei deveria oferecer-se em sacrifício a
Marduk, visto que era necessário que lutasse ao lado do deus no Além.
... Febo [ou Apolo, o deus-Sol], vestido de púrpura sentava-se em um trono que brilhava
tanto quanto diamantes. À sua direita e à sua esquerda estavam o Dia, o Mês, e o Ano, e,
a intervalos regulares, as Horas. A primavera tinha a cabeça coroada de flores, o Verão
estava quase nu, tendo apenas uma grinalda feita de espigas de cereais maduros, o
Outono tinha os pés manchados [com o sumo de uvas pisadas, em um tonel, para produzir
o vinho] [...], e o gelado Inverno tinha o cabelo endurecido pela geada branca.
Apolo, em conversa com o filho, Faetonte, esclarece como conduz sua fulgurante e
incandescente carruagem (o sol) pela abóbada celeste.
[...] o céu está sempre girando e levando as estrelas consigo. Tenho de estar
perpetuamente atento para não ser arrastado por esse movimento.[...] Talvez creias que
haja florestas, cidades, moradas de deuses e palácios no caminho. Ao contrário, a estrada
passa por entre monstros aterradores: entre os chifres do Touro [constelação], em frente ao
Arqueiro [Sargitário], próxima à boca do Leão, e ao alcance das garras do Escorpião, de
um lado, e do Caranguejo [Câncer], do outro.
[Idem, p. 65, com adições]
Outro motivo que levou os gregos antigos a buscarem uma melhor contagem do
tempo foram os jogos olímpicos:
Não parece fora de propósito mencionar aqui os outros jogos nacionais que eram realizados na
Grécia. Em primeiro lugar, havia os Jogos Olímpicos ou Olimpíadas, estabelecidas, segundo a
tradição, pelo próprio Júpiter, e se realizavam em Olímpia, na Elida. Acorriam inúmeros
espectadores, de todas as partes da Grécia, bem como da Ásia, África e Sicília. Os jogos
realizavam-se no verão, de cinco em cinco anos, e duravam cinco dias. As Olimpíadas
serviam, ainda, para marcar o tempo no calendário. A primeira Olimpíada realizou-se, segundo
se acredita, no ano 776 a.C.
[p. 190]
Acreditavam que todo o universo era sustentado por um freixo (árvore) imensurável
chamado Ygdrasil. Uma de suas raízes se infiltrava pelo Asgard (morada dos deuses,
espécie de Olimpo) e era cuidada por certas "personificações do tempo": [as] três Norns,
deusas consideradas como donas do destino. Eram Urdur (o passado), Verdande (o presente)
e Skuld (o futuro) [ibidem, com adição].
Antiga gravura europeia retratando uma festa do cauim entre tupinambás no século XVI.
A bebida era produzida a partir da fermentação de frutos, grãos ou raízes nativos feita por
micro-organismos presentes na saliva humana: as jovens e mais belas mulheres eram
escolhidas para mascar os vegetais, que depois eram cuspidos em tigelas de barro, misturados
à água e deixados por alguns dias para que a fermentação natural produzisse álcool ao líquido.
Diferente do champanhe, o cauim tinha que ser bebido morno, mantido aquecido pelo calor de
uma fogueira próxima.
Nas antigas tribos tupinambás que habitavam o litoral brasileiro, até o final do século XVII
(época em que foram praticamente extintas pelos colonizadores portugueses), havia grandes
festas regadas a kaûi oucauim: bebida alcoólica fermentada (como a cerveja ou vinho) feita
principalmente de caju ou milho nativo. O amadurecimento desses vegetais na natureza, aqui
no Brasil, ocorre no auge do verão, por volta da virada do ano: entre dezembro e janeiro. Os
missionários cristãos, jesuítas, podem ter adaptado esses festejos nativos às festas de fim de
ano celebradas pelo calendário cristão, do Natal e Ano Novo, durante o processo de
catequização.
Nas sociedades antigas e medievais, nas quais a divisão entre o dia e a noite importava
mais do que nas sociedades contemporâneas acostumadas com o uso da luz artificial, a
contagem das horas começava com o nascer do sol. Este marcava o início da primeira
hora e o pôr-do-sol ocorria ao final da décima segunda hora (12h, a metade de 1 dia).
Com isso a duração das horas variava de acordo com a estação.
Por que o número 12 (doze) organiza certos aspectos do tempo?
Eis uma possibilidade, por causa da religião:
Cópia de pintura medieval grega representando os Doze Apóstolos
(parece que tal número de discípulos não foi estabelecido por acaso).
Os babilônios estabeleciam sua base numérica no doze e não na escala decimal, como a
nossa. Deles herdamos, por exemplo, os doze meses do ano, doze horas diurnas, doze horas
noturnas, doze signos e doze casas do zodíaco.
Os caldeus, os etruscos e os romanos (destes últimos vieram as bases das culturas ocidentais
atuais) dividiam seus deuses em doze grupos. E doze eram os Trabalhos de Hércules.
Na tradição judaico-cristã, o doze é uma cifra sagrada, um símbolo de pleno sentido, já que
eram doze os apóstolos, doze as tribos de Israel, doze as pedras preciosas do peitoral do sumo
sacerdote, doze as portas da cidade de Jerusalém, Adão e Eva foram expulsos do Paraíso às
12 horas do meio dia etc.
A escala musical está formada por doze graus cromáticos, as sete notas básicas mais os
"sustenidos" da mesmas (do, do#, re, re#, mi, fa, fa#, sol, sol#, la, la#, si). O compositor
austríaco modernista Arnold Schönberg aperfeiçoou a escala em seu sistema dodecafônico
serial.
Fonte: http://www.revistasextosentido.net/news/o-numero-12/
Aliás a palavra "oração" (prece religiosa) nasceu do termo "hora" (neste caso, canônica
ou litúrgica). A partir da Idade Média, os clérigos e demais crentes faziam suas orações
e demais atividades ao logo das 24h através de ofícios diurnos e noturnos.
O Ano Litúrgico, que é diferente do calendário civil, é composto por dois grandes ciclos, Natal e
Páscoa, e por um longo período de 33 ou 34 semanas, chamado Tempo Comum. O ciclo do
Ano Litúrgico tem início no Advento, preparação para a comemoração da chegada de Cristo
(Natal), que acontece após quatro semanas. Na semana seguinte, celebra-se a Epifania. O
ciclo litúrgico natalino termina com a celebração do Batismo do Senhor, início da missão de
Jesus que culmina com a Páscoa. Após o Batismo do Senhor, inicia-se a Primeira Parte do
Tempo Comum que se estende até a terça-feira anterior à Quarta-Feira de Cinzas. O Ciclo da
Páscoa começa na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, quando se inicia a Quaresma
(período de quarenta dias para recolhimento e castidade dos fiéis). No final, há a Semana
Santa, que começa no Domingo de Ramos, lembrança da entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém. De sexta a domingo celebra-se o Tríduo Pascal, com a Santa Ceia (quinta), a
Paixão (sexta), a Vigília (entre sexta e sábado), o Sábado de Aleluia e a Ressurreição do
Senhor (domingo). Cinquenta dias após a Páscoa há a solenidade do Pentecostes, que
assinala, do ponto de vista do Clero, o nascimento da Igreja (com a presença do Espírito Santo
aos Apóstolos e a Virgem). A Segunda Parte do Tempo Comum começa na segunda-feira após
o Domingo de Pentecostes, e se estende até o sábado anterior do primeiro domingo do
Advento, encerrando assim o ciclo. A cada ano a Igreja propõe diferentes leituras retiradas dos
Evangelhos Sinóticos (aceitos pela Igreja Católica). O Ano A está centrado em Mateus, o Ano B
em Marcos, o Ano C em Lucas, com inserções de João (também presente na liturgia de
ocasiões especiais). Exemplo: os anos 2013, 2014 e 2015 foram A, B e C respectivamente.
No chamado tempo italiano a primeira hora se inicia com o pôr-do-sol. As horas eram
numeradas de 1 a 24, perfazendo, assim, 1 dia completo. Essa forma de contá-las possuía a
vantagem de mostrar facilmente quantas ainda restavam sem a necessidade do uso de luz
artificial. Introduzida na Itália durante o século XIV, foi de uso comum até o século XVIII
e XIX em algumas regiões. Fonte: Wikipedia
Nossa concepção ocidental de horário surgiu no ritmo dos sinosdas igrejas, mosteiros e
abadias. O estudo sobre o tempo e o desenvolvimento de mecanismos da
contagem dele, no início, eram necessários para melhor orientar as pessoas para
ocotidiano religioso.
Dando corda no relógio (1875-80), de Alfred Stevens.
Com o tempo, produziram-se elegantes "contadores de tempo".
A palavra "sabático" foi acrescentada pelos hebreus, pois shabbat significa "repouso"
ou "cessar" (as atividades), ou seja, o sábado. Tempos depois, aquela semana que tinha
oito ou nove dias começou a ter sete (número cabalístico), e tudo se igualou para que
fosse o sétimo dia o de descanso (lembram do sétimo dia da Criação quando Deus
resolveu descansar, em Gênesis 2:2?).
Essa mudança foi oficializada pelo imperador Constantino, em 321 d.C, e devido à
influência do Império Romano, o padrão foi considerado em diversos cantos do mundo e
é mantido até os dias de hoje.
Fonte: http://www.ligadosnanet.com/curiosidades/saiba-por-que-a-semana-e-dividida-em-sete-
dias/
Muitos povos agrícolas e nômades determinavam seu ciclo anual em função dos movimentos
da lua. Os mais antigos calendários eram os lunares, porém, com o passar do tempo, as
autoridades religiosas acrescentaram mais meses [...]. Devido à divergências nos cálculos e
critérios adotados, surgiram calendários mistos soli-lunares até que, finalmente, a maior parte
dos países adotou o calendário solar
O satélite da Terra está atualmente 18 vezes mais longe do que quando se formou, há 4,5
bilhões de anos.
Sem a Lua, nosso planeta seria irreconhecível. Os oceanos quase não teriam marés, os dias
teriam outra duração e nós poderíamos não estar aqui, de acordo com alguns cientistas que
acreditam que a Lua foi fundamental para o início da vida em nosso planeta.
Mas como esse afastamento nos afeta e com que rapidez ele está ocorrendo?
Esse afastamento se deve à fricção entre a superfície da Terra e a enorme massa de água que
está sobre ela e faz com que, ao longo do tempo, a Terra gire um pouco mais lentamente sobre
o seu eixo.
Para cada ação há uma reação igual e oposta. Esta é a terceira lei de Newton.
A Terra e a Lua são unidas por uma espécie de abraço gravitacional. Então, à medida que o
movimento da Terra diminui, o da Lua acelera.
E, quando algo que está em órbita acelera, essa aceleração o empurra para fora.
A distância da Lua afeta nosso planeta de várias formas. Para começar, à medida em que a
Terra gira mais devagar, os dias ficam mais longos.
Além disso, os invernos serão muito mais frios e os verões, muito mais quentes.
Isso pode ter um efeito devastador sobre a Terra, ante a dificuldade dos animais em se adaptar
a extremos climáticos.
E se a força gravitacional da Lua torna-se mais fraca, as marés na Terra não serão tão
acentuadas.
No entanto, mesmo sem a Lua, existiriam marés - ainda que suaves - pelo efeito do Sol.
Nenhuma dessas consequências deve preocupar: as mudanças são sutis demais para que
possamos testemunhá-los.
A Lua nunca vai escapar da Terra. Mesmo que a Terra continue diminuindo sua velocidade, irá
girar na mesma velocidade em que orbita a Lua. Nesse momento, a Terra e a Lua vão chegar a
um equilíbrio e a Lua deixaria de se afastar.
Mas, muito antes que isso aconteça, o Sol vai se expandir até virar um gigante vermelho e
engolir, no processo, a Terra e seu satélite.
Dito isso, não há necessidade de se preocupar. Ainda faltam cerca de 5 bilhões de anos
para isso acontecer.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/03/150311_lua_terra_lab
Com o desenvolvimento da ciência moderna, a partir do Renascimento (séculos XV e
XVI), surgiu a astronomia como a conhecemos e Galileu Galilei (1564-1642) é
considerado o principal "pai" dela. O tempo passou a ser estudado e visto de modo
mais racional, abrindo caminho para sua capitalização(time is money), sobretudo após
o mercantilismo e a revolução industrial.
O astrônomo grego Hiparco de Niceia (c.190 a.C. - 120 a.C.) foi o primeiro a perceber a
duração igual do dia e da noite nos equinócios da primavera e do outono. Ele notou que
isso poderia nos dar um padrão para estabelecer uma duração fixa da hora.
Até o século XIV, não havia isso, pois geralmente adotavam os relógios solares (por mais
de três mil anos) e as sombras que marcavam os horários alteram-se conforme o
movimento de translação da Terra, que define as estações do ano (as variações do
tempo são menores apenas nos locais próximos à linha do Equador).
Antes as horas eram anunciadas apenas pelas badaladas dos sinos da igrejas, que eram
acionados pelos relógios, que dividiram os dias e noites em horas e minutos. A ideia foi
tirada da divisão do círculo feita por Cláudio Ptolomeu (c.90 - c.168) em graus de 60 min.
Agora havia um maior fracionamento do tempo, fato que influenciaria na crescente
"aceleração do cotidiano".
O Calendário de Júlio César (100-44 a.C.) consertou erros repetidos desde as Guerras Púnicas
(que ocorreram entre os romanos e cartagineses, chamados pelos primeiros de púnicos, nos
anos de 264 a.C a 146 a.C.). Antes da reforma juliana o ano variou de 10 a 12 meses e de 304
a 366 dias, pois um mês extra deveria ser adicionado pelos sacerdotes depois de certo
período, a fim de manter as estações alinhadas com o calendário. Porém os sacerdotes em
diversas vezes negligenciaram tal adição. Para realinhar a contagem do ano romana com as
estações, César, como "Pontifex Maximus" (Pontífice-Mor ou Sumo Sacerdote de Roma),
acrescentou dias suficientes para que o ano 46 a.C. tivesse 15 meses e 445 dias de duração, e
acrescentou outros dias aos meses do dito ano com o intuito de manter o calendário bastante
racional. O ano de 46 a.C. ficou conhecido como o "ano da confusão", após ele os anos foram
readequados ao tempo natural que conhecemos.
CURIOSIDADE:
UM ANO não tem exatos 365 dias: na verdade, o valor é 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12
segundos. Então, para compensar a “sobra”, a cada quatro anos um dia a mais é inserido.
Se esse ajuste não fosse feito, depois de 30 anos, um ano teria uma semana a menos e,
depois de alguns séculos, essa diferença seria de meses, o que bagunçaria o esquema das
estações do ano, por exemplo.
Anos bissextos são ignorados em vários países. Muitas pessoas não podem renovar suas
carteiras de motoristas ou abrir contas em bancos no dia 29 de fevereiro, uma vez que alguns
sistemas de computadores simplesmente não reconhecem a data como um dia legítimo. Até
mesmo o Google se confunde: há muitos bloggers que não conseguem atualizar seus perfis na
data.
Fonte: http://www.equilibriovida.com/2015/07/quebre-a-cabeca-com-estes-5-misterios-
intrigantes-a-respeito-do-tempo/
Em 1578, o papa Gregório XIII ordenou a construção de uma torre de 73 metros de altura, a
segunda mais alta do Vaticano, para estudos de medição astronômica para a formulação de um
calendário mais preciso. A Torre Gregoriana ou dos Ventos (por causa dos afrescos de
Circignani representando episódios bíblicos envolvendo os ventos) ficou pronta em 1580.
Na Sala do Meridiano, há uma linha meridiana horizontal traçada no chão. Na parede sul da
sala, à altura de cinco metros do solo, há um orifício através do qual, ao meio-dia, entra um raio
de sol (o orifício foi feito para que o raio saia da boca de um anjo de um afresco).
Assim, no ano seguinte, Gregório XIII publicou a bula Inter Gravissimas para que o dia 4 de
outubro de 1582 passasse a ser para o dia 15 daquele mês e ano: um pulo para que se fizesse
a devida correção no calendário, de acordo com o movimento da Terra e demais astros.
Atualmente o calendário gregoriano pode ser considerado de uso universal. Mesmo aqueles
povos que, por motivos religiosos, culturais ou outros, continuam agarrados aos seus
calendários tradicionais, utilizam o calendário gregoriano nas suas relações internacionais
[atividades civis].
Os países ortodoxos adotaram o calendário gregoriano para o ano civil (não para o religioso)
somente no início do século XX. A Rússia socialista, por exemplo, implantou o novo calendário
só em 1918. É por isso que a chamada “Revolução de Outubro”, de 1917, na verdade
aconteceu em novembro, segundo o calendário gregoriano.
Até hoje, as Igrejas ortodoxas do Oriente utilizam o calendário juliano para determinar as festas
religiosas, como a Páscoa e o Natal, que, por essa razão, quase nunca corresponde às datas
das celebrações católicas.
Apesar do ajuste nos anos bissextos, o ano do calendário gregoriano ainda tem cerca de 26
segundos a mais que o período orbital da Terra. Esta falha, no entanto, só acumula um dia a
mais a cada 3.323 anos.
Anos bissextos são ignorados em vários países. Muitas pessoas não podem renovar suas
carteiras de motoristas ou abrir contas em bancos no dia 29 de fevereiro, uma vez que alguns
sistemas de computadores simplesmente não reconhecem a data como um dia legítimo. Até
mesmo o Google se confunde: há muitos bloggers que não conseguem atualizar seus perfis na
data.
http://www.mat.uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm
http://pt.aleteia.org/2015/02/22/15-curiosidades-sobre-o-calendario-gregoriano-uma-mudanca-
que-literalmente-marcou-epoca/
O problema é que, mesmo com a hora fixa dos relógios mecânicos, não havia uma hora
exata em termos nacionais e mundiais. Cada cidade apresentava uma hora distinta. Por
exemplo, Salisbury (na Inglaterra) estava a mais de sete minutos adiantado do que
Londres (pois a primeira cidade fica a vários quilômetros mais a Oeste). Um horário
nacional era fundamental.
O fuso horário foi criado devido a necessidade de acertar os horários dos trens no
século XIX, até então o transporte mais rápido que existia. Escolheu-se a hora do distrito
londrino de Greenwich, porque era onde produziam os calendários náuticos mais
precisos do mundo, e por isso era adotado pelas marinhas mercantes de vários países.
Greenwich correspondeu à Grã-Bretanha o que hoje o horário de Brasília corresponde
ao Brasil: uma referência nacional de tempo. Graças às informações passadas pelo
telégrafo, cada localidade britânica acertava seu relógio de acordo com o horário de
Greenwich.
Em 1884, por ser o Império Britânico a maior potência mundial (sobretudo em termos de
mercado), esse horário foi adotado como base para os fusos horários internacionais.
Greenwich passou a ser o zero grau de longitude à linha do meridiano, e o mundo
acertava os relógios a partir do Reino Unido.
No século XX, o surgimento dos relógios industrializados mais baratos e o rádio (que
divulgava a hora certa) facilitou a regulagem da hora às pessoas, o que auxiliou muito o
comércio internacional. O processo de globalização intensificou-se com a
hora universal.
O TEMPO ATÔMICO
Hoje, o segundo é definido pela pulsação do elemento (átomo) Césio, com uma precisão
de um segundo para cada 138 milhões de anos. Para se ter ideia do avanço tecnológico
na contagem do tempo, o relógio Big Ben, construído em 1852, varia menos de 1
segundo por ano. O segundo do minuto não é mais baseado no movimento do planeta
ou das estrelas, mas na pulsação de um átomo, um movimento imutável, diferente da
Terra e do Universo.
O segundo intercalado, conhecido em inglês como leap second, ocorre sempre no último dia
de junho (30) ou dezembro (31), dependendo do ano, quando se adiciona um segundo ao UTC,
correção necessária para ajustar o horário ao TAI.
O ajuste é necessário por causa da velocidade de rotação do planeta Terra, que registra
variações, enquanto os relógios atômicos, que geram e mantêm a Hora Legal, possuem uma
precisão que chega a um segundo em milhões de anos.
Em 2015, por exemplo, a correção foi feita no dia 30 de junho, quando o relógio oficial registrou
a sequência 23h59min59s - 23h59min60s, para só então passar a 1º de julho (0h00min00s).
Como essa correção é feita no horário de Greenwich, no Brasil ela ocorreu três horas antes –
21h, no horário de Brasília. O acréscimo pode parecer pequeno, mas afeta diretamente alguns
sistemas de computadores e pode deixá-los lentos ou provocar erros.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/02/pesquisador-explica-o-
201csegundo-a-mais201d-de-2015