Brasília
2013
ii
Artigo de autoria de Mayara Iany Pereira Moreira e Suyanne Oliveira da Silva, intitulado
“ESTUDO COMPARATIVO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE DAS ARGAMASSAS
EMPREGADAS PARA ASSENTAMENTO DE ALVENARIAS E ENCUNHAMENTO”,
apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da
Universidade Católica de Brasília, em 22 de novembro de 2013, defendido e aprovado pela
banca examinadora abaixo assinada:
__________________________________________________
__________________________________________________
Brasília
2013
iii
EPÍGRAFE
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela vida. A minha amada mãe, pelo exemplo de vida, pelos
valores repassados, pelo amor, carinho e compressão; por incentivar o estudo e me
proporcionar à chance de realizá-los. A minha amiga Mayara Iany pela persistência,
companheirismo e confiança nessa jornada. Ao meu namorado Willian pelo carinho, ajuda e
companheirismo ao longo do curso. As amigas Apoema, Andressa e Cláudia por todas as
alegrias durante o curso. Ao professor Nielsen José Alves Dias pela orientação, confiança e
amizade.
Suyanne
Agradeço a Deus e Nossa Senhora, que me deram força e apoio em todos os momentos desta
jornada. Aos meus pais, por me proporcionar a oportunidade de estudar, por acreditar, apoiar,
confiar e me amar profundamente. A minha vó Ester que esteve em meus pensamentos e que
tenho certeza que está muito orgulhosa. A minha companheira Suyanne, pela amizade,
paciência, persistência e disponibilidade para a execução deste trabalho. Ao meu grande amor
Pedro, pela paciência, compreensão e amor demonstrado no meu dia a dia. As minhas irmãs,
sobrinhos e a toda a minha família e amigos que compreenderam a minha ausência, me deram
força, ajuda no desenvolvimento do trabalho e palavras de carinho. As minhas amigas
Vanessa, Cacau e Popo pelo companheirismo, paciência, amor, disponibilidade, por estarem
ao meu lado nessa caminhada sem me deixar desistir. Ao Professor Nielsen que apesar da
correria teve muita paciência e disponibilidade. Agradeço principalmente aos conhecimentos,
e por ajudar na minha formação e realização de um sonho.
Mayara
1
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. ARGAMASSAS
foram descobertos novos materiais com propriedades aglomerantes como: a cal, o gesso, e o
cimento Portland, que melhoram o desempenho das argamassas. A princípio, a alvenaria
funcionava como estrutura, logo após a descoberta do cimento Portland, a maioria das
estruturas passaram a ser construídas em concreto armado, possibilitando que as alvenarias
também tivessem função de vedação (CAVALHEIRO, 2013).
O assentamento de blocos cerâmicos para vedação é ainda considerado um método
arcaico, devido ao tempo gasto na produção, a falta de controle e o desperdício de materiais.
A fim de minimizar esses problemas, nos últimos anos foram desenvolvidas argamassas
industrializadas semi-prontas, que necessitam apenas a adição de água, e as prontas com
aditivos estabilizadores.
Segundo o código CP-121 walling da British Standards Institution (BSI) (apud
Sabbatini, 1998, p. 7),
As funções primárias das juntas de argamassa em uma parede de alvenaria são:
a. Unir solidamente as unidades de alvenaria e ajudá-las a resistir aos esforços
laterais;
b. Distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede por toda a área
resistente dos blocos;
c. Absorver as deformações naturais a que a alvenaria estiver sujeita;
d. Selar as juntas contra a penetração de água da chuva.
Sabbatini (1986, p. 4) cita que,
Para que a argamassa tenha capacidade de prover as funções citadas pela BSI, ela
deve apresentar as seguintes características:
a. Ter trabalhabilidade (consistência, plasticidade e coesão) suficiente para que
o pedreiro, produza com rendimento otimizado um trabalho satisfatório, rápido e
econômico;
b. Ter capacidade de retenção de água suficiente para que uma elevada sucção
do bloco não prejudique as suas funções primárias;
c. Adquirir rapidamente alguma resistência após assentada para resistir a
esforços que possam atuar durante a construção;
d. Desenvolver resistência adequada para não comprometer a alvenaria de que
faz parte. Não deve, no entanto, ser mais resistente que os blocos que ela une;
e. Ter adequada aderência aos blocos a fim de que a interface possa resistir a
esforços cisalhamentos e de tração e prover a alvenaria juntas estanques a água de
chuva;
f. Ser durável e não afetar a durabilidade de outros materiais ou da construção
como um todo;
g. Ter suficiente resistência (baixo módulo de deformação) de maneira a
acomodar as deformações intrínsecas (retração na secagem e de origem térmica) e as
4
Sabbatini (2002 apud Henz, 2009, p. 38) sugere uma classificação quanto aos tipos de
técnicas utilizadas para o encunhamento (Ver quadro 1).
Encunhamento Materiais
Tijolos inclinados a 45°
Com pré-tensionamento (rígido) Cunhas de concreto
Argamassa expansiva
Sem pré-tensionamento (resiliente) Argamassa com baixo módulo de elasticidade
2.3. Patologias
As causas das patologias das argamassas podem ser devido à ausência ou falha de
projeto, deficiência dos traços e características dos materiais e/ou especificação incorreta de
materiais, falta de qualificação da mão-de-obra acarretando erros de execução, não seguindo
as recomendações das normas técnicas e problemas de manutenção. (BAUER, 1994)
3. MATERIAS E MÉTODOS
3.1. Materiais
3.1.1. Agregados
O agregado utilizado foi areia média lavada de rio (areia natural), estocado no
laboratório. As Tabelas 1 e 2 apresentam a análise granulométrica e a caracterização física da
areia.
Resultado médio
Ensaios realizados Unidade Norma
Areia natural
Módulo de finura - NBR NM 248/03 2,38
Classificação - NBR 7211/09 fina-zona 2
Massa unitária - estado solto (g/cm³) NBR NM 45/06 1,489
Massa específica (g/cm³) NBR NM 52/09 2,628
Absorção de água (%) NBR NM 30/09 0,812
Teor de material pulverulento (%) NBR NM 46/09 2,3
8
3.1.2. Cimento
3.1.3. Cal
3.1.4. Aditivos
3.2.1. Dosagem
Aglomerante Agregado/Adição
Denominação do traço
Cimento Cal Areia Vedalite Braucryl Braucryl ecofachada Bianco Água
AE-1 Baucryl 5% 1 - 6 0,20% 5% - - 18%
AE-2 Baucryl 10% 1 - 6 0,20% 10% - - 18%
AE-3 Obra 1 1 1 10 - - - 0,30% 18%
AE-4 Obra 2 1 0,5 5 - - 0,02% - 18%
AA-1 Usual 1 - 7 0,05% - - - 18%
AA-2 Industrializada Alefix
AA-3 Industrializada Dundun
AA-4 Industrializada Biomassa
3.2.2. Mistura
Os corpos de prova AE-1, AE-2, AE-3, AE-4 e AA-1 no dia seguinte, a moldagem já
se encontravam rígidos propícios para a desforma, e continuaram em condições de
temperatura e umidade de laboratório até a idade prevista para o ensaio. Para as argamassas,
AA-2, AA-3 e AA-4 devido a demora no processo de pega optou-se pelo uso da estufa com
temperatura de 50ºc para acelerar este processo (Ver foto 2). A partir disto a desforma da AA-
2, foi realizada quando a mesma ficou rígida, logo após foi retirada da estufa e continuou nas
condições de laboratório até a idade prevista para o ensaio. Os corpos de prova da argamassa
AA-3, tiveram retração plástica no dia seguinte a sua moldagem, esse processo ocorre antes
do final da pega. Foi observado que as rachaduras estavam na superfície, e o fundo do corpo
de prova ainda estava em processo de pega, elas interferem significativamente nos resultados
do ensaio de módulo. Não houve cura do traço AA-4, mesmo em condições de estufa durante
28 dias. Pelos problemas de retração, os traços AA-2 e AA-3 foram moldados novamente,
permanecendo nas condições de estufa com temperatura de 50°c durante 7 dias, a fim de
11
realizar os ensaios de módulo de elasticidade dinâmico. Contudo o traço AA-3 após o dia da
moldagem, apresentou as mesmas rachaduras devido ao mesmo processo de retração plástica.
3.3. Ensaios
( )( )
(1)
( - )
Em que:
flexão (Ver foto 5) e à compressão (Ver foto 6) após o ensaio de módulo de elasticidade
dinâmico. Cada corpo-de-prova rompido na flexão resultou em duas metades que em seguida
foram rompidos à compressão.
Os corpos de prova foram rompidos aos 28 dias, utilizando uma prensa hidráulica
manual com indicador digital com capacidade de 100 toneladas força da marca Solotest.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tração
Módulo de
Densidade na Compressão
Argamassas Elasticidade
(kg/m³) flexão (MPa)
(MPa)
(MPa)
AE-1 1622,81 7650,8 1,7 2,61
AE-2 1586,5 6413,7 1,7 2,71
AE-3 1747,23 4546,6 0,9 2,05
AE-4 1665,18 7281,8 1,8 3,53
Módulo de Tração
Densidade Compressão
Argamassas Elasticidade na flexão
(kg/m³) (MPa)
(MPa) (MPa)
A argamassa AA-1 (Ver foto 11) apresentou o menor valor de módulo de elasticidade,
possuindo em sua composição o Vedalite (incorporador de ar), dito anteriormente que
aumenta a elasticidade e baixo teor de cimento, acarretando baixa resistência à tração na
flexão e a compressão. Percebe-se que a AA-2 (Ver foto 12), por ser uma argamassa
16
polimérica tem elasticidade semelhante a AA-1, contudo têm maiores resistências do que a
argamassas convencionais.
Nas argamassas AA-3 e AA-4, não foi possível a realização de nenhum dos ensaios.
São argamassas poliméricas, que são desenvolvidas somente para o assentamento de
alvenaria, deste modo é necessário o contato dos blocos para o início da pega devido à
composição com aditivos especiais e restos minerais. Houve um período de 7 dias de cura nos
moldes prismáticos em temperatura ambiente, não podendo ser realizada a desforma uma vez
que os mesmos estavam frescos. Na tentativa que os ensaios pudessem ter sido realizados, os
moldes foram submetidos a uma temperatura de 50°C em estufa durante 7 dias. Contudo, a
argamassa AA-4 (Ver foto 14) sofreu retração térmica e não houve cura completa e do molde
da argamassa AA-4. A argamassa AA-3 (Ver foto 13), não houve cura devido à retração
plástica.
17
Foto 13 - Argamassa AA-3 com retração Foto 14 - Argamassa AA-4 com retração
plástica após uso de estufa. térmica sem uso de estufa.
18
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
De acordo com a análise dos resultados obtidos através dos métodos de ensaios, a
argamassa de encunhamento mais indicada para o uso e que apresentou os resultados mais
satisfatórios foi a argamassa da obra Gamaggiore da Construtora Villela e Carvalho (AE-3),
que possui em seu traço, cal hidratada associado com cola Bianco. Comprovando que as
argamassas com teor de cal, diminuem significativamente o módulo de elasticidade e as
resistências, no entanto, as mesmas ficam susceptíveis a retração por secagem. Como essa
argamassa tem adição de cola Bianco, esse produto auxiliou na aderência, e na diminuição do
módulo de elasticidade, evitando a retração por secagem produzida pela cal.
As argamassas que tiveram adição de Baucryl com Vedalite (AE-1 e AE-2) que foram
propostas pelo orientador, e o traço com cal hidratada e Baucryl Ecofachada da obra
Residencial Figueiras, da Associação Habitacional Ouro Branco (AE-4), não tiveram a
eficiência esperada em relação o valor elevado do módulo de elasticidade e das resistências
mecânicas.
Para as argamassas de assentamento de alvenaria, o traço usual (AA-1), alcançou o
melhor resultado tanto no módulo de elasticidade quanto nas resistências mecânicas, tendo em
vista que a diferença não foi tão divergente da argamassa polimérica (AA-2) em relação ao
módulo. A Alefix (AA-2) teve um valor elevado de suas resistências mecânicas, não sendo
aconselhado por ter uma resistência maior que 3,0 MPa.
Para trabalhos futuros, sugerem-se estudos aprofundados sobre argamassas de
assentamento empregadas para encunhamento que tenha a adição da cal hidratada associada
ao incorporador de ar.
Comparative study of the modulus of elasticity of mortar used for settlement of masonry
and wedge shaping
Abstract: Depending on the climatic variations in Brasilia are several pathological problems
verified in cement mortar masonry nonstructural and wedge shaping, due to the lack of
technical specifications that these materials should possess, almost always the prevailing
experience and common sense. Was analyzed different traits mortar for wedge shaping and
settlement blocks, in the intention of characterizing the mortar used by the market as well as
19
some innovative types of mortars. So, we performed a comparison between the elastic moduli
of mortars by testing with ultrasound (dynamic modulus of elasticity), correlating the results
with the components of the traits and mechanical resistance (traction in flexion and
compression).
Keywords: Dynamic Modulus of Elasticity. The mortar. Mortar wedge shaping. Pathologies
in coatings.
6. REFERÊNCIAS
______NBR NM 46: agregados - determinação do material fino que passa através da peneira
75 um, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003.
SAYEGH, S. Última fiada. Revista Téchne, São Paulo, mar. 2007. Disponível em:
<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/120/artigo287425-1.aspx>. Acesso em: 31 out.
2013.